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b) Flagrante impróprio
Obs.: o Renato esqueceu que não tinha dado o resto das espécies de flagrante e voltou ao
tema aos 26’ de aula.
Duas questões são importantes: o que você deve entender por logo após? Quanto tempo
dura a situação de flagrância. Anotar o seguinte:
A perseguição deve ser ininterrupta. Então, não se trata de questão de horas, trata-se da
não interrupção da perseguição. Se você disser que a perseguição durou 36 horas, 48 horas, não
há problema algum. O que não é possível é que a autoridade, o ofendido ou qualquer pessoa
interrompa a perseguição e, no outro dia dê prosseguimento. Aí, não é mais situação de
flagrância. Talvez o melhor exemplo sejam os assaltos a banco no interior. Saqueiam a cidade
inteira e esses marginais se embrenham no matagal. A polícia fica cercando por horas. Já ouve
casos de perseguição por dois ou três dias. Se você prova que a perseguição não foi interrompida
em momento algum, quando eles forem encontrados, poderão ser presos.
“Logo após é o tempo entre o acionamento da polícia (Disque 190), seu comparecimento
ao local do crime para obtenção de informações de obtenção quanto ao agente.”
Logo após, não é um minuto depois do crime. A polícia vem, você passa uma descrição
do agente e a polícia vai sair pelas imediações procurando. Caso ele seja encontrado, você vai
entender que isso seria um flagrante impróprio.
Esse flagrante ficto, presumido ou assimilado, está previsto no art. 302, IV, do CPP:
Qual é a diferença entre o “logo após” do inciso III e o “logo depois” do inciso IV?
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LFG – PROCESSO PENAL – Aula 16 – Prof. Renato Brasileiro – Intensivo I – 13/07/2009
Tem doutrinador que diz que há diferença. Para concurso, o melhor é você dizer que não
há diferença. Há quem diga que logo depois é um lapso um pouco maior. Pelo amor de Deus!
São expressões sinônimas
d) Flagrante preparado
Em relação a esse flagrante, eu chamo a atenção para as expressões sinônimas. Você vai
entender flagrante preparado também como:
o Flagrante provocado
o Delito putativo por obra do agente provocador
o Crime de ensaio
São esses, basicamente, os dois requisitos do flagrante preparado. Você induz o agente à
prática do delito e, ao mesmo, tempo, adote precauções para que não seja consumado.
Além do elemento subjetivo ter sido provocado neste agente, a partir do momento em que
eu adoto todas essas precauções para que o delito não se consume, a consequência é uma só:
temos, no flagrante preparado uma hipótese de CRIME IMPOSSÍVEL. E crime impossível por qual
motivo? Devido à ineficácia absoluta do meio. Exatamente pelo fato de o agente jamais
conseguir consumar o crime, há um crime impossível. Posso prender alguém em flagrante por
um crime impossível? Não. Então o flagrante preparado traz em si, no fundo, no fundo, uma
espécie de prisão ilegal porque eu estou prendendo alguém por um crime impossível. Se é prisão
ilegal, a consequência é uma só: o relaxamento da prisão. Prova de tudo isso é a súmula 145, do
STF:
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Ou seja, toda essa preparação, todas essas precauções tomadas, tornaram impossível a
consumação. Por esse motivo, não há crime. É o que diz a súmula 145.
e) Flagrante esperado
No flagrante esperado, não há agente provocador. No fundo, o que acontece aqui é que a
autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do delito. A autoridade policial,
por conta de investigações anteriores, sabe que um crime será praticado. Você está investigando
uma quadrilha e sabe que ela vai assaltar um banco e você coloca na agência, agentes a paisana.
A diferença entre o flagrante esperado e o preparado é que no preparado há o agente provocador.
Cuidado com alguns doutrinadores, como por exemplo Rogério Greco. Ele cita um
exemplo de um flagrante esperado: a polícia sabe e coloca dentro da agência 100 policiais a
paisana e na hora que a quadrilha dá o bote, todos são presos. Rogério diz que, neste caso,
tamanhas são as precauções que você teria um crime impossível. Cuidado. Isso é mera tese
doutrinária porque a jurisprudência não admite isso. A jurisprudência diz: Houve agente
provocador? Se alguém induziu, é flagrante preparado, crime impossível, a prisão é ilegal. Se
ninguém induziu, é flagrante esperado. A jurisprudência diz que não seria crime impossível, por
mais que precauções tivessem sido adotas porque a ineficácia não era absoluta, e sim, relativa do
meio.
Isso cai demais em provas porque é comum, no dia a dia policial no que toca ao tráfico de
drogas. Você é um investigador da polícia civil e sabe que determinado indivíduo estaria
vendendo droga na praça. Você chega até ele na hora que ele vai entregar a maconha que você
comprava, você efetua a prisão. Nesse exemplo, vai responder pelo crime de tráfico de drogas? É
flagrante esperado ou é flagrante preparado? Sua resposta para esse exemplo:
“Em relação ao verbo vender, trata-se de flagrante preparado. Porém, como o delito de
tráfico de drogas é um crime de ação múltipla, nada impede que o agente responda pelos
demais verbos, desde que a posse da droga seja preexistente.”
Cuidado com esse exemplo pelo seguinte: tudo bem que com relação ao verbo vender,
você visualiza que houve a indução e que você teria um crime impossível, já que a venda seria
impossível devido às precauções. Mas o detalhe é que o crime de tráfico de drogas comporta
outros verbos tais como, trazer consigo e guardar. Então, com relação aos outros verbos, o agente
já vinha praticando. Ele já trazia consigo a droga, ele já guardava essa droga. Então, não há
problema algum que ele responda criminalmente pelo tráfico de drogas, porém, nessas
modalidades. E é esse o cuidado que você deve ter: de não lavrar o APF pelo verbo vender, mas
sim pelos verbos trazer consigo e guardar. Isso sempre cai em prova de concurso (Cespe,
Magitratura, MPF).
Cuidado com isso. Esse flagrante também é conhecido como ação controlada. Acontece
no caso de drogas. O raio X mostra que o passageiro leva drogas. Eu poso prender, mas a prisão
da mula não teria efeito alguma diferença com relação à organização criminosa. Então, eu deixo
que ela leve a droga, obviamente, sob vigilância, e vou efetuar a prisão no momento mais
oportuno. Isso é ação controlada.
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Você deixa para prender no momento em que essa prisão é melhor a título probatório.
Veja que esta prisão está prevista na Lei 9.034/95 (Lei das Organizações Criminosas) e também
na Lei 11.343/06 (Lei de Drogas).
Na lei de drogas, depende de autorização judicial e na lei das organizações não depende
de autorização judicial. Cuidado com essa diferença que foi cobrada no concurso para delegado
de polícia/MG.
a) Crime Permanente
É aquele crime cuja consumação se prolonga no tempo. É fácil pensar nisso, imaginando
em verbos que dão ideia de permanência, como algumas modalidades do tráfico de drogas (trazer
consigo, guardar, ter em depósito), extorsão mediante sequestro (sequestrar a pessoa). Enquanto
não cessar a permanência, a pessoa pode ser presa em flagrante.
Então, por isso que eu sei que se alguém está sendo mantido em cativeiro, se o crime de
extorsão mediante sequestro está ali sento cometido, mesmo sem autorização judicial porque os
agentes estão em situação de flagrância.
a) Crime Habitual
É aquele delito que exige a reiteração de determinada conduta. Uma conduta isolada não
é o suficiente. No crime habitual, você precisa praticar a conduta de forma reiterada. Casa de
prostituição é um bom exemplo de crime habitual. Para responder por esse delito, deve praticar a
conduta de forma reiterada. Outro exemplo: Exercício ilegal da medicina, lamentavelmente, um
crime muito comum.
“Não é possível a prisão em flagrante pois, num ato isolado não seria possível comprovar
a reiteração da conduta.”
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Essa é a posição da maioria. Você deve concordar para a prova de concurso, mas alguns
doutrinadores têm entendimento contrário, como Mirabete que diz o seguinte: é possível a prisão
em flagrante em crimes habituais, dependendo do caso concreto. Eu costumo dar um exemplo:
Imagine que você, delegado de polícia, chegue num consultório com sete pacientes esperando
para ser atendidos, com uma secretária e o falso médico lá dentro. Alguém tem dúvida dessa
habitualidade? Não! Então, nesse caso, seria possível a prisão em flagrante. Cuidado com isso!
Posição majoritária: não é possível, mas há entendimento em sentido contrário.
Isso costuma cair em prova e os alunos se enrolam por bobagem, à toa. Eu posso prender
em flagrante o autor de um crime de ação penal privada? Será que é possível? A resposta é
tranquila. Basta vocês pensarem em um crime de ação penal privada grave. E qual é? Estupro. E
aí, é óbvio que é possível a prisão em flagrante. Sua resposta:
Na medida em que o delegado não pode instaurar de ofício um inquérito por crime de
ação penal privada, como ele depende da representação da vítima, é a mesma cosia aqui: É óbvio
que pode prender, mas ele só pode levar adiante a lavratura, caso a vítima ou seu representante
manifeste sua concordância.
d) Crimes formais
Crime formal é aquele crime de consumação antecipada, ou seja, é aquele em que existe
um resultado, mas esse resultado não precisa ocorrer para que se verifique a consumação do
delito. Exemplo: Crime de concussão.
Exemplo: O promotor vira para o investigado e fala para ele: Eu ofereço denúncia contra
você, a não ser que você me pague 5 mil. O investigado aceita e o promotor diz para passar por
ele tal dia e tal hora e largar uma sacola com o dinheiro. Esse exemplo é muito comum.
Geralmente, esse promotor corrupto é preso no momento em que pega a sacola com o dinheiro.
E aí a pergunta é: Será que no momento da entrega ele poderia ser preso? Perceba que o crime de
concussão é formal, se consumando na hora da exigência. Leia-se, na hora que estou recebendo,
não estou mais em situação de flagrância. A prisão seria possível quando eu estava exigindo, e
não quando do exaurimento da conduta. Esse é que é o detalhe ao qual você deve ficar atento:
“Prisão em flagrante em crimes formais é possível, mas desde que ocorra enquanto o
agente estiver em situação de flagrância, e não no momento do exaurimento do delito.”
OBS: Qual o prazo máximo da prisão em flagrante (pergunta do final da aula)? Durante
todo o processo. Há quem diga que ele permanece preso em flagrante, mas não concordo. A
prisão em flagrante está ligada àquele momento. A liberdade provisória do art. 310, § único me
diz que o juiz poderá conceder liberdade provisória ao preso quando entender que não há um dos
motivos da preventiva. Se existe essa liberdade provisória, eu sou levado a concluir o quê? Que
você só pode permanecer preso, caso haja um dos motivos da preventiva. Leia-se: Se eu fui
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preso em flagrante, e existe motivo para a minha preventiva, o juiz, ao indeferir a liberdade
provisória, ele está convertendo a minha prisão em flagrante em preventiva. E aí eu fico preso
preventivamente. Caso ele entenda que não há motivo para a preventiva, ele me dá a liberdade
provisória.
Perceba que pela leitura do art. 311, a preventiva pode ser decretada no inquérito e na
instrução. Só que o interessante é o seguinte: pela leitura do art. 311, fala em qualquer fase do
IPL e, logo abaixo, ou da instrução criminal. Cuidado com a interpretação que você deve fazer
desse artigo.
A lei fala também em prisão possível em fase de instrução criminal. E qual é o detalhe? A
instrução criminal é aquela fase do processo para colheita de provas. Então, ela tem início com a
juntada de documentos, oitiva dos peritos, das testemunhas, da vítima e, por ultimo, do
interrogatório. Agora, a pergunta: Será que eu só posso prender alguém durante essa fase? Será
que eu não posso prender alguém quando o recuso estiver tramitando no tribunal regional, no
STJ ou no Supremo? Cuidado: a lei dizia prisão possível ao longo da instrução porque ao tempo
do Código (1940), qual era o sistema? Era: você era preso em flagrante, ficava preso
preventivamente e quando era sentenciado, automaticamente ficava preso. Havia aquela prisão
automática decorrente da sentença. Só que essa prisão já não existe mais. Moral da história: A
preventiva não é só durante a instrução criminal, mas pode ser decretada em qualquer fase do
processo: Ela pode ser decretada, tanto durante as investigações, quanto no curso do processo.
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Obviamente, quem vai decidir é o juiz, mas essas são as pessoas que poderão fazer o
pedido.
O detalhe importante aqui é o seguinte: De acordo com a lei, a preventiva poderia ser
decretada de ofício. Mas isso estaria de acordo com a Constituição? Muito cuidado porque
apesar de a lei admitir, a doutrina vai dizer o seguinte: prisão preventiva de ofício, somente na
fase processual. Quem fala bem sobre isso é Eugenio Pacelli. Prisão preventiva de ofício,
somente na fase processual porque você admitir que na fase investigatória em que ainda nem há
processo, você permitir que o juiz decrete a preventiva de ofício, você estaria violando o sistema
acusatório. Permitir isso, é criar a figura do juiz inquisidor, é você violar a imparcialidade, o
sistema acusatório.
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1ª Corrente sobre garantia da ordem pública: “Não é possível a prisão preventiva com
base na garantia da ordem pública, pois tal prisão não teria natureza cautelar.” Essa primeira
corrente é uma corrente bem pro reo, sustentada entre outros pelo professor Auri Lopes Jr. que
entende que essa prisão, na verdade, não tem natureza cautelar porque você está prendendo, não
para atender às exigências do processo, mas por questões de segurança pública. Então, ao invés
de prender, você deveria adotar mecanismos de segurança pública, mas não prender o agente no
curso do processo. É posição bem minoritária.
Será que o fato de o agente ser primário, ser portador de bons antecedentes, impede a
decretação de sua prisão preventiva? Não! Isso, de modo algum vai afetar a decretação de sua
prisão preventiva.
1ª Corrente – “A prisão preventiva é importante, nesse caso, para que não seja
criado um sentimento de descrédito e de impunidade.” Fernando Capez, Eugenio
Pacelli de Oliveira entendem que se um crime provoca um clamor social, a
permanência dele em liberdade criaria esse sentimento de impunidade e de
descrédito. Não prevalece perante os tribunais. Tanto no Supremo quanto no STJ.
2ª Corrente – “A doutrina vai dizer que o clamor social provocado pelo delito,
por si só, não autoriza a prisão preventiva: Não é possível atribuir à prisão
cautelar finalidades de prevenção geral, as quais são próprias da prisão penal.
(STF HC 80.719 – É o HC do Pimenta Neves)” Recomendo a leitura:
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Isso causa um sentimento ruim, mas paga-se um preço por viver em um Estado de direito.
Ele não ameaçou testemunhas, não praticou novos delitos, não deu indicativo de que pretende
fugir. Então, segundo o Supremo, deve permanecer solto até o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. Gosto sempre de comentar com os alunos essa questão do relacionamento da
mídia porque o clamor social é algo manipulado por ela. É ela que vai dizer o que vai dizer o que
é clamor social, a depender do espaço que vai dispensar a determinado delito. E aí a gente
sempre fala isso: Você amanha como delegado, como juiz, como promotor, cuidado com essa
pressão. Tem uma frase sobre isso de um julgado do Min. Marco Aurélio em uma liminar:
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advertência: ser o que não se é, é errado. Imprensa não é Justiça. Essa relação é um remendo,
desvio institucional. Jornal não é fórum, repórter não é juiz, nem editor é desembargador, e
quando, por acaso, acreditam ser, transformam a dignidade da informação na arrogância da
autoridade que não têm. Não raramente hoje, alguns jornais, ao divulgarem a denúncia alheia,
acusam sem apurar, processam sem ouvir, em fim, colocam o réu, sem defesa, na prisão da
opinião pública, condenam sem julgar.”
Peço licença pela leitura, mas é uma lição irretocável, que o diga, recentemente, o caso do
Paraná, daquele cidadão que foi preso como suposto autor do ataque ao casal de namorados. Foi
preso e agora um outro cidadão foi preso, confessou o delito e a arma do crime foi encontrada
com ele. E aí eu pergunto: quais serão os efeitos dessa prisão para o cidadão inocente? Terríveis.
Daí o cuidado que você deve ter para, jamais atuar de maneira apressada para satisfazer a pressão
da mídia (que trabalha numa velocidade diferente do processo).
“Traduz a mesma idéia que garantia da ordem pública, porém, relacionada à crimes
contra a ordem econômica.”
Chamo a atenção, já foi objeto de prova do Cespe, para o art. 30, da Lei 7.492/86 (Crimes
contra o Sistema Financeiro Nacional):
A pergunta que vai ser feita a vocês e já foi objeto de prova é a seguinte: Será que a
magnitude da lesão causada nos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, por si só, autoriza
a preventiva? Será que eu posso prender alguém preventivamente por um crime contra o SFN
tão-somente tendo em conta a magnitude da lesão? Ao ler esse artigo, você pode achar que sim,
só que tem que ler a primeira parte: “sem prejuízo” e a jurisprudência interpreta isso no seguinte
sentido: A magnitude, por si só, não é fundamento idôneo, até mesmo porque você não consegue
visualizar um crime contra o SFH que não possua uma certa magnitude. É quase que uma
elementar. Então, tem que conjugar com umas hipóteses do art. 312.
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É o outro pressuposto para a decretação da prisão preventiva. O que vem a ser garantia de
aplicação?
Você não pode presumir a fuga. Por isso eu disse: dados concretos. E aí a dificuldade do
Estado porque é muito difícil, a partir de dados concretos, comprovar isso. Será que eu posso
dizer que ele é rico, então, vai fugir? Não. Não há como presumir isso. Qual é o melhor exemplo
de cidadão que está preso com base na garantia de aplicação da lei penal? Cacciola. Está lá em
Bangu 08. Ele estava preso, recebeu uma liminar do Min. Marco Aurélio. Foi solto e foge.
Marco Aurélio é execrado pela mídia, só que juiz não e dotado de poderes premonitórios, decide
com base nos autos. Ele decide, o cara foge, aí surge a demonstração inequívoca de sua intenção.
Acaba sendo preso em Mônaco e é trazido para o Brasil.
Observações importantes:
Vocês devem ter visto no RJ o caso de uma senhora, acusada de matar o marido numa
briga. Mas ela fugiu. Contrata o advogado que diz que ela vai se apresentar. Demorou um certo
tempo e ela acabou se apresentando. Hoje ela está respondendo ao processo em liberdade. Aí eu
pergunto: Será que essa fuga dela, não seria pressuposto para a preventiva? Cuidado! Os
tribunais têm feito uma leitura benevolente desse pressuposto e você vai anotar essa leitura:
Interessante essa posição. Ou seja, você pratica um delito e foge para não ser preso em
flagrante. Será que essa fuga sua seria garantia de aplicação? Os tribunais têm entendido que
não. Agora, obviamente, você não pode fugir durante um mês, dois meses, porque, aí, você está
foragido. É comum a pessoa contratar um advogado que diz que sabe onde está o cliente e que
ele vai se apresentar. Desde que essa apresentação ocorra, os tribunais têm entendido que não
estaria presente esse pressuposto.
“Jurisprudência mais antiga entendia que, caso o estrangeiro não tivesse residência no
Brasil, poderia ser preso preventivamente com base na garantia de aplicação da lei penal (e
ainda há muitos julgados nesse sentido)”
A idéia era a de que como iria voltar para o país de origem, iria fugir. Por que eu fiz
questão de dizer que essa é uma jurisprudência mais antiga? Porque hoje, o STF tem feita uma
certa releitura desse entendimento. O STF tem dito o seguinte:
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Isso é novidade, sobretudo porque esses acordos são recentes. Qual é o melhor exemplo
disso? Os pilotos do jato Legacy. Eles chegaram a ter seus passaportes retidos. Mas o STF
acabou restituindo o passaporte por entender que pelo fato de o Brasil possuir acordo de
assistência judiciária com os EUA, seria possível preservar a eficácia da sentença condenatória.
“Visa impedir que o acusado traga algum prejuízo à produção das provas.”
“Uma vez encerrada a instrução criminal, a prisão preventiva decretada com base nesse
pressuposto deve ser revogada”
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Se cair em prova prisão preventiva, a probabilidade maior é que seja esse item, que é o
que mais está na moda. Caiu no último concurso de Procurador da República na segunda fase. E
aqui, como a maioria dos manuais não traz essa explicação bem detalhada.
Dica: Se caiu em prova oral um tema que você goste e tem conhecimento, aproveite aí
para demonstrar seu conhecimento. Procure evitar respostas curtas, para você ganhar tempo
porque quanto mais você fala, menos tempo você dá para ele fazer perguntas.
Esse 81 dias eram de acordo com o procedimento antigo. O CPP foi alterado no ano
passado e esse prazo também foi alterado. Eu vou colocar esses novos prazos para você depois,
porque agora é diferente: 10 para o IPL, cinco para denúncia, o juiz tem mais cinco para receber,
etc. Outro dia, na TV Justiça, falaram que o prazo seria de 60 dias. Com todo respeito, pelo amor
de Deus! 60 dias é o prazo para a realização da audiência, só que você não pode perder de vista o
prazo do IPL, o prazo para oferecer a denúncia, o prazo para a resposta à acusação.
Outro detalhe importante: Esse prazo, hoje, na minha opinião, de 95 dias, será que é um
prazo absoluto? Ou ele teria natureza relativa? O preso é automaticamente solto quando atinge o
prazo de 95 dias? Não. Isso caiu na prova do MPF. Os tribunais têm entendido que esse prazo
tem natureza relativa, ou seja, é um prazo que pode ser dilatado a mercê da complexidade do
crime ou da pluralidade de acusados. Eu já tive um caso de 26 acusados. Você instruir um
processo com 26 acusados é bastante diferente de você instruir um processo com três, quatro
acusados. Esse prazo, então, tem natureza relativa.
Quando o excesso for provocado pelo Poder Judiciário – em alguns casos, não por
culpa do juiz, os processos se arrastam por anos e anos. Exemplo comum: Falta de
escolta. Não tem escolta, o cara vai ficando preso.
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Então, vamos sintetizar, aquele que é o ponto mais importante sobre prisão preventiva:
“Inicialmente, esse prazo era contado até a decisão final de primeira instância, sendo
posteriormente encurtado ao encerramento da instrução criminal.”
O prazo de 81 dias não surge do nada. Ele é o somatório dos prazos do réu preso e era até
o momento da sentença. Só que aí os tribunais foram encurtando. Prova disso, são duas súmulas
do STJ: a 21 e 52.
Essa súmula é, no mínimo engraçada porque diz o seguinte: você só teria excesso, até o
momento da pronúncia. Se ele foi pronunciado, então ele fica preso.
Novamente engraçada. Como se o fato de o cara ficar preso só fosse até o encerramento.
É como se ela dissesse o seguinte: tanto faz se um tribunal demora quatro anos para julgar o
recurso porque já está encerrada a instrução. É um absurdo!
“Essas duas súmulas vêm sendo relativizadas pelos tribunais, ou seja, mesmo após a
pronúncia, ou o encerramento da instrução criminal é possível o excesso de prazo.”
Qual seria o novo prazo, por conta das alterações? Ele foi alterado sensivelmente pela Lei
11.719, sempre lembrando que é o prazo do réu preso. Lembrar que isso é coisa nova do ano
passado. É um tema muito novo e ainda vai ser discutido. Estava lendo alguns manuais que têm
alguma divergência entre si. Resta aguardamos até que isso seja consolidado no Supremo, mas é
mais ou menos assim (sempre réu preso):
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Lembrar da peculiaridade da Justiça Federal onde esse prazo pode chegar a 30 dias – Isso
já foi pergunta de prova oral para juiz. Perguntaram se na Justiça Federal o prazo era o mesmo.
Aí você tem que lembrar que o IPL tem prazo diferenciado.
Depois vem o prazo para o MP oferecer denúncia. Ele tem o prazo de 5 dias. Uma vez
oferecida a peça acusatória, não podemos esquecer que o juiz tem um prazo para recebe-la.
Como é decisão interlocutória, daí o prazo de 5 dias, segundo o CPP. Recebida a peça
acusatória, o acusado será citado para apresentar a chamada resposta à acusação.
Caso o acusado não apresente a resposta, o juiz não pode prosseguir com o processo. Ele
é obrigado a nomear dativo que vai ter 10 dias para apresentar resposta.
O que está grifado de cinza, são os prazos obrigatórios. O que eu deixei fora, são as
possibilidades que podem ocorrer, a depender do caso concreto.
Oferecida a resposta à acusação o juiz vai ter que analisar a possibilidade (porque vai
depender do caso concreto). A gente já viu essa novidade inserida no procedimento e, como se
trata de decisão interlocutória, terá que ser dada no prazo de 5 dias.
Caso o juiz não absolva sumariamente, virá a AIJ. E aí eu lembro o doutrinador que
apareceu na TV Justiça falando que o novo prazo seria de 60 dias. 60 dias é o prazo para a
audiência ocorrer. Você não pode esquecer o que aconteceu antes.
De acordo com a lei e só de acordo com a lei, nessa audiência, o juiz deve instruir e
julgar, mas nem sempre isso acontece porque às vezes o juiz pode dar prazo para as alegações
das partes, por conta da complexidade do caso. E qual é esse prazo? 5 dias e mais 5 dias. Depois
disso, o juiz teria mais 10 dias para sentenciar.
Então vocês têm aí os prazos para a conclusão da ação penal na primeira instância.
Somando todos esses prazos que estão em cinza, chega-se a 95 dias. Denílson Feitosa que tem
um excelente livro de processo penal, traz um prazo. Mas não é igual ao meu porque ele coloca
um prazo para a movimentação cartorária. Só que aquele prazo antigo, de 81 dias, se você olhar
a doutrina, e o professor Tourinho traz isso, jamais considerou a movimentação cartorária. Por
isso eu não coloquei aqui.
São 95 dias que podem chegar a quanto? 145 dias. Então, é um prazo que pode variar de
95 a 145 dias. É só você fazer a somatória, e tudo a depender do caso concreto. Isso está sendo
discutido, resta aguardarmos mais alguns anos, até que seja sedimentado. De todo modo,
continuem anotando aquelas observações que eu vinha fazendo.
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“Esse prazo, para a conclusão do processo, é relativo, podendo ser dilatado em virtude
da complexidade da causa e/ou pluralidade de acusados. Para os tribunais, portanto, haverá
excesso de prazo nas seguintes hipóteses:
Essas são as hipóteses de relaxamento por conta do excesso de prazo. Ainda não conluí.
Esse excesso, relaxando a prisão, cabe em todo e qualquer delito? Cabe em relação ao crime de
tráfico de drogas? Lembrem-se: não dá para confundir a vedação à liberdade provisória com esse
relaxamento da prisão por excesso. Observação importante:
“Esse relaxamento da prisão por excesso de prazo pode ocorrer em relação a todo e
qualquer delito, possua ou não natureza hedionda.”
Cuidado com isso! Por mais que você concorde coma posição do Supremo hoje no
sentido de que não caberia liberdade provisória para o tráfico de drogas, uma coisa é a liberdade
provisória, outra coisa é o excesso de prazo. Porque senão, eu pego um traficante de drogas e
deixo ele quatro anos mofando num presídio, sem julgamento.
“Uma vez relaxada a prisão por excesso de prazo, não pode o juiz decretá-la novamente,
salvo diante de motivo superveniente.”
Esse tema vale a pena prestar atenção porque é um dos mais importantes relacionados à
prisão preventiva.
O primeiro questionamento aqui é o seguinte: Será que a prisão preventiva cabe com
relação a todo e qualquer delito? Não.
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Em regra, em quais crimes dolosos cabe a prisão preventiva? Ler o art. 313:
Essa é a regra e é um raciocínio meio que lógico. A pessoa que é punida com reclusão,
geralmente vai começar cumpria a sua pena em regime aberto, semi-aberto, fechado. A
preocupação é: Se amanhã vai ficar preso, pode ser preso durante o processo.
Esse dispositivo está bom para cair em prova. Ele foi incluído pela Lei 11.340/06. E que
lei é essa? A Lei Maria da Penha.
Exemplo: Eu começo a brigar com minha esposa e a ameaçá-la. O juiz me mandou sair
de casa (medida protetiva de urgência). Um belo dia, eu apareço em casa. Eu descumpri a
medida protetiva de urgência. O juiz pode me mandar prender? A pergunta que será feita a vocês
com relação a isso é uma só: “O mero descumprimento de uma medida protetiva de urgência
autoriza minha prisão preventiva?” NÃO. Você deve juntar ao descumprimento, um dos
pressupostos: garantia da ordem pública, econômica, aplicação e conveniência da instrução.
“Renato descumpriu a ordem judicial e vem demonstrando intenção de agredir sua mulher, por
isso, decreto a preventiva.” Esse é o raciocínio que você tem que ter.
A prisão preventiva decretada pelo juiz demanda uma fundamentação. É um ponto que
alguns juízes continuam cometendo graves equívocos. Será que eu posso decretar a prisão
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preventiva de alguém dizendo: “Decreto a prisão preventiva de Tício com base na garantia da
ordem pública?” Expressões lacônicas não dizem nada.
“A decisão deve ser fundamentada sob pena de nulidade. Deve o juiz apontar com base
em dados concretos os pressupostos que entende presentes, não podendo se limitar a repetir
expressões genéricas da lei.”
Rir para não chorar: O juiz de primeira instância decretou a preventiva do cara mau, mas
fez isso bem porcamente (decreto, garantia de ordem pública). O acusado entra com habeas
corpus com pedido de medida liminar. Quem analisa é o TJ/TRF. O relator pode complementar
ou suprir a ausência de fundamentação do juiz? Por incrível que pareça isso estava acontecendo!
Você entra com o HC para tutelar a sua liberdade de locomoção e aí o relator fala assim: “Deixa
eu ajudar meu colega de primeira instância” e complementa a fundamentação. Peraí! Quem tem
que fundamentar é o juiz de primeira instância.
O que também acontecia e era ridículo. Você tem aquela hora para fundamentar, não o
fez, não adianta querer fundamentar depois.
Juiz adora: Adoto como razões de decidir as bem lançadas palavras ministeriais e aquilo é
a fundamentação dele, é a fundamentação per relationem. Será que isso é admitido? Não são
muitos doutrinadores que abordam o tema.
Doutrinadores como o professor Antônio Magalhães Gomes Filhos não admitem porque
quem tem que fundamentar é o juiz. Cuidado porque no âmbito do STJ, há julgados nesse
sentido, ou seja, admitindo a fundamentação per relationem, mas desde que o MP tenha
fundamentado.
Isso caiu na penúltima prova do MPF. O cuidado aqui é com o seguinte: Imagine que eu,
promotor de justiça, tenha pedido que o juiz decretasse a prisão de alguém porque o acusado
estava ameaçando testemunhas e o juiz negou porque não achou que estivesse. Essa decisão é
definitiva, imutável, ou será que amanhã o juiz pode me dar uma nova decisão? Pode! A decisão
aí está sujeita à cláusula da imprevisão, ou seja, o juiz hoje pode entender que não há motivo,
mas que amanhã tem. E vice-versa e quando é assim, ele revoga a prisão preventiva.
“A decisão que decreta a prisão preventiva é baseada na cláusula rebus sic stantibus, ou
seja, caso alterados os pressupostos fáticos, nada impede que o juiz modifique sua decisão.”
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*O RESE não é dotado de efeito suspensivo. A solução, qual é? Você, como promotor de
Justiça pode impetrar um mandado de segurança buscando exatamente esse efeito suspensivo.
17.1. Origem
Qual é a origem da prisão temporária? Sabemos que está prevista na Lei 7.960/89. O
detalhe importante é que essa lei tem origem, e isso não são todos os doutrinadores que abordam
o tema, em uma medida provisória, a MP 111/89. Hoje, todos nós sabemos que não cabe MP em
relação ao processo penal. Mas e em 1989, seria possível? Duas correntes:
A primeira pergunta que pode ser feita é a seguinte: Para a decretação da prisão
temporária eu preciso do inciso I, do inciso II E do inciso III, basta um deles ou eu preciso de 2?
“Para a decretação da prisão temporária, o inciso III deverá estar sempre presente, seja
combinado com o inciso I, seja combinado com o inciso II.”
Caso verídico: Um pitboy no Rio sai na balada para brigar. Lesão corporal é pouca coisa
e ele sai da delegacia mandando beijinho pela TV. Imagina você, delegado, vendo isso. Eu
poderia pedir a prisão temporária por lesão corporal? Lesão corporal não está entre os crimes que
admitem? Não! Mas o que o delegado, de forma hábil, faz? Ele demonstra que ele não estava
sozinho, mas que ele tinha um grupo e que eles, de forma regular, saíam para criar confusão em
boate, ou seja, quadrilha ou bando. Aí, dois dias depois, o delegado representa e ele é preso
temporariamente. Perceba: não pelo crime de lesão corporal, mas pelo de quadrilha.
Analisando os crimes de que trata a lei no inciso III, vê-se que o crime de falsificação de
remédios não está ali listado. Aí o aluno diz que não cabe e erra! E erra bonito porque quando eu
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pergunto se cabe prisão temporária, ele se limita a ler a lei da prisão temporária e se esquece de
que a falsificação de remédio é crime hediondo.
Então, além desses crimes, também cabe prisão temporária em relação aos crimes
hediondos e equiparados. E é exatamente o caso da falsificação de remédio, que é crime
hediondo. Art. 2º, § 4º, da Lei 8.072/90:
Muita atenção para não confundir com a prisão preventiva porque a prisão temporária não
pode ser decretada de ofício. A Lei 9.760, mais coerente com a CF, já previu isso: O juiz para
preservar sua imparcialidade, deve ser provocado e, aí sim, decidirá.
Perceba que ficou faltando alguém quando você compara com a preventiva. O art. 2.º não
menciona o querelante. Ele fala da autoridade policial e fala do MP, mas não diz nada sobre o
querelante. Aí surge um problema: Cabe prisão temporária em crime de ação penal privada?
Perceba que alguns doutrinadores por conta do art. 2º não mencionarem o querelante dizem que
não caberia prisão temporária em crime de ação penal privada. Dá para concordar com isso? Não
porque dentre os crimes que autorizam a prisão temporária estão dois de ação penal privada:
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estupro e atentado violento ao pudor. Então, a melhor posição é você dizer que cabe prisão
temporária em crime de ação penal privada, porém, mediante representação da autoridade
policial. O delegado não vai deixar um serial estuprador em liberdade. Ele pode representar ao
juiz pleiteando a decretação de sua prisão temporária.
Por quanto tempo a pessoa fica presa no caso de prisão temporária? Cuidado com isso. O
prazo da prisão temporária é preestabelecido:
30 dias – E 30 dias é o prazo limite! Nada impede que o juiz decrete por um
período inferior. Se ele entender que 10 dias já são suficientes, decreta por dez
dais.
Prova de Delegado de Polícia/RJ: Se a sua prisão temporária tiver sido decretada, a que
horas você gostaria de ser preso? Que horas você se apresenta para ser preso? 11:59 eu não
arriscaria porque o delegado fecha a porta da delegacia, mas o ideal é que você seja preso às 11
horas da noite porque dia de prisão não é contado em horas. É contado em dias. Então, se eu fui
preso às 11 horas da noite, esse dia já contou. O que acontece no quinto dia de prisão, à zero
hora? Eu preciso de alvará para ser solto? Não!
Por isso, quando você vê essas operações da Polícia Federal, geralmente prisões
temporárias, você vê à meia-noite o pessoal sendo solto, porque expirou o prazo.
Quero falar agora sobre duas prisões que não existem mais, mas existiam, só que vocês
vão ser questionados sobre isso.
Isso foi revogado. Hoje faz parte do passado. Mas você vai ser questionado sobre isso nos
próximos concursos, sem dúvida alguma. Por mais que não haja previsão legal hoje, existia até o
ano passado. Você tem que lembrar o seguinte:
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Essa prisão era quase que como um efeito automático. Você, mesmo tendo permanecido
solto, foi condenado, o legislador presumia que se você foi pronunciado, vai a júri, você vai
fugir. Então, se você não tivesse bons antecedentes e não fosse primário, seria automaticamente
preso.
Então, estava solto, fica solto. Estava preso, fica preso, o juiz fundamenta a necessidade
da manutenção da prisão. Vejam que essas prisões, desde a Constituição já eram questionadas.
Agora já não existe mais uma prisão que decorra da pronúncia. O que pode haver é uma
prisão preventiva no momento da pronúncia.
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Isso fala do júri. O juiz pode até mandar prender, desde que aponte os pressupostos da
preventiva.
Esse recolhimento estava previsto, até o ano passado no revogado art. 594, artigo esse
que durante muitos anos esteve em vigor e muitas pessoas foram prejudicadas por conta disso.
Ele dizia o seguinte: que se o juiz entendesse que se você não era primário e não tinha bons
antecedentes, você deveria recolher-se à prisão para recorrer. O art. 594 trazia um pedágio: Meu
filho, você gosta de recursos? Então, se quiser recorrer, recolha-se à prisão. Prova disso, é uma
súmula do STJ:
Vocês não têm noção quantas vezes essa súmula foi invocada.
Exemplo do Belo: Foi condenado. Você diz pra ele: “Belo, você foi condenado e o juiz
fundamentou que pelo fato de você ser cantor de pagode, não tem bons antecedentes. Por esse
motivo, se quiser recorrer, recolha-se à prisão.” Era o que existia antes.
Muita atenção para isso porque, no ano de 2006, veio um HC histórico, que deve ser
lembrado por todos: No HC 88.420, relatado pelo Min. Ricardo Lewandowski, o Supremo
entendeu que a Convenção Americana de Direitos Humanos assegura a todos os acusados, o
direito ao duplo grau de jurisdição, independentemente, do recolhimento à prisão. Esse julgado é
histórico porque rompe com o paradigma em vigor até então e acabou com isso. O Supremo
disse: Não existe mais essa situação de estabelecer um pedágio para que alguém recorra. Vejam
que o próprio STJ, depois, edita uma súmula nesse sentido:
Posso mandar prender, mas no posso é pedir que ele seja preso para mandar recorrer.
Vejam a nova redação do art. 387, § único, que fala textualmente, que o recurso será conhecido:
Acabei o tema prisão cautelar. Vamos falar agora sobre liberdade provisória.
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Pelo amor de Deus! Outro dia teve um advogado que entrou com pedido de livramento
condicional. Livramento condicional é um incidente da execução da pena. Dá vontade de chorar.
Liberdade provisória é uma coisa. Livramento condicional é outra coisa. Não são expressões
sinônimas.
A liberdade provisória está prevista no art. 5º, LXVI, que vai dizer que:
19.1. Conceito
Pelo que você anotou e eu gostaria que você prestasse muita atenção nisso, porque quem
não atua muito na área criminal acaba cometendo esse erro: liberdade provisória é como se fosse
a outra face da moeda da prisão em flagrante. É muito comum o cidadão estar preso
preventivamente e o advogado pedir a liberdade provisória. Está errado. Você tem que pedir a
liberdade provisória para quem foi preso em flagrante. Se você está preso preventivamente, tem
que pedir ao juiz a revogação e não a liberdade provisória.
Sua prisão foi legal, mas você não precisava estar preso, então, vai ser agraciado com a
liberdade provisória.
Cabível em qualquer hipótese de prisão cautelar – aqui o aluno se equivoca porque acha
que o relaxamento da prisão é só do flagrante. A CF não fala “o flagrante ilegal será relaxado”.
Hoje falamos que o excesso na preventiva terá como consequência, o relaxamento.
Na hora do relaxamento, se a minha prisão foi ilegal e ela está sendo relaxada, qual é a
consequência: não fica sujeito a qualquer hipótese de vinculação, afinal de contas a prisão era
ilegal. A liberdade que eu ali recupero, é uma liberdade plena. Já na liberdade provisória, é
preciso lembrar que o acusado pode ficar vinculado ao cumprimento de certas condições.
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Por que “pode” ficar vinculado ao cumprimento de certas decisões? Porque a liberdade
provisória pode ser vinculada ou não vinculada. Há espécies em que o agente não fica sujeito a
determinadas condições. Em outras, sim. Por isso, você vê exatamente a situação.
a) Quanto à fiança
Fiança – “É uma garantia prestada pelo acusado ou por terceiro (seu pai pode, o
interessado pode) para assegurar o cumprimento de uma obrigação.”
A fiança pode ser concedida desde a prisão em flagrante até o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória
Quem concede fiança? Cuidado com isso! Em regra, quem concede liberdade provisória
com fiança é o juiz. Porém, a autoridade policial pode conceder fiança nos crimes punidos com
prisão simples. Art. 322:
A fiança precisa de uma reforma para incrementar e atualizar. Os valores hoje são
ridículos e não tem nenhum efeito. A fiança no ordenamento norteamericano tem valores altos,
representando uma garantia efetiva.
Infrações inafiançáveis – É uma perguntinha que pode ser feita a vocês numa prova
objetiva: Quais crimes não admitem fiança? Arts. 323 e 324 dos crimes que não admitem fiança:
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Inciso I – Quer ver um exemplo? Roubo. Roubo tem pena mínima de 4 anos.
Sobre isso, a única pergunta que pode ser feita: E se praticados crimes em concurso? Ou
seja, a pena de cada um não passa de dois anos, mas se você somar a pena mínima de ambos,
passa de dois anos. Cabe fiança nesse caso? NÃO. Súmula 81, do STJ:
Basta somar as penas mínimas. Passou de dois anos, não vai caber fiança.
Além desses dos arts. 323 e 324, quais outros crimes não comportam fiança?
Você é posto em liberdade, mas não tem que recolher a garantia. Isso vai acontecer em
algumas hipóteses. Algumas delas:
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Imagina que você prendeu alguém e o juiz verifica que foi caso de legítima defesa, que
você praticou o crime em estado de necessidade. Nesse caso, o juiz dá liberdade provisória sem
fiança.
Então, se o juiz verificar que você praticou um crime em estado de necessidade, ganha
liberdade provisória sem fiança depois de ouvir o MP. E a única obrigação a que você fica
sujeito é ao comparecimento aos atos do processo, sob pena de revogação.
Essa liberdade provisória sem fiança é importantíssima! O juiz olha para você que foi
preso em flagrante e se pergunta: “Será que tem algum motivo para que a sua prisão preventiva
seja decretada (garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, aplicação da lei penal,,
conveniência)?” Se o juiz disser que sim, ele vai estar convertendo a sua prisão em flagrante em
preventiva. Caso o juiz entenda que não há motivo, ele vai te dar a liberdade provisória sem
fiança.
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Eu vou enumerá-los porque se você for procurar, vai ter uma certa dificuldade de
encontrar todos. Em alguns, veda a liberdade provisória com fiança. Em outros, veda tudo: com e
sem fiança.
Art. 31, da Lei 7.492/86 (Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro)
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena
de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de
ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes,
se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
Art. 2º, II, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) – Importantíssima! –
Com as alterações trazidas pela Lei 11.464/07, crimes hediondos admitem, em tese, a
liberdade provisória sem fiança do art. 310, § único.
Cuidado. Quando essa lei trouxe isso, muitos julgados já admitiam isso. Essa lei foi
criticada duramente pela mídia (“absurdo crime hediondo admitir liberdade provisória”). Gente,
a lei admitir, não significa que a pessoa será imediatamente colocada em liberdade. O juiz vai
analisar o caso concreto. Se o juiz entender que há motivo para a sua prisão preventiva, você fica
preso. Caso ele entenda que não, você recebe essa liberdade provisória.
Arts. 14, § único, 15, § único e 21, da Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento)
– Esse artigos foram declarados inconstitucionais pelo Supremo (ADI 3.112).
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Art. 44, da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) – E aí vem o problema que o Supremo
tem enfrentado e, a meu ver, de maneira equivocada: Acontece que o autor de um
crime hediondo (v.g. homicídio qualificado) pode ser beneficiado, pelo menos em
tese, com a liberdade provisória sem fiança. E o traficante? O Supremo tem entendido
que não.
Eu disse: tem prevalecido! Porque tem julgado do Celso de Melo admitindo liberdade
provisória mesmo para o traficante. Mas você vedar de forma absoluta a liberdade provisória é
criar uma prisão obrigatória. E a prisão cautelar não pode ser obrigatória. Ela tem que depender
da necessidade. Então, se você entender que há necessidade, fica preso. Se não há necessidade,
não fica preso.
FIM
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