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CEARÁ
2017
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Objetivo: Fomentar a construção de atividades que possam ser desenvolvidas em sala de aula
com foco nos processos de produção de textos, considerando os diversos ambientes de
circulação dos gêneros.
Sumário
PARTE I
Produção de um gênero escrito.......................................................................................................02
Sequência didática - Crônica
PARTE II
Produção de um gênero oral...........................................................................................................08
Sequência didática - Seminário
PARTE III
Produção de um gênero para circulação em ambientes virtuais.....................................................12
Sequência didática – Microconto de Terror
.
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1. Leia o texto abaixo e, em seguida, realize uma roda de conversa. Foque a discussão no
chocolate, destacando os pontos positivos e negativos. Trabalhe com as estratégias para
antes, durante e depois da leitura.
A praga
Luís Fernando Veríssimo
Ninguém sabe ao certo como se entenderam, mas se entenderam. E a primeira coisa que o
índio deu a Colombo foi um tomate. Era o primeiro encontro, na primeira ilha, no primeiro dia, e o
próprio sol parecia ter chegado mais perto para não perder a cena. Fazia calor e o tomate brilhava
ao sol como uma maçã dourada.
- Um pomo d´oro! - exclamou Colombo.
- Um tomate - explicou o índio. - Para a salada. Para o molho.
- Finalmente algo para por fim à brancura do espaguete - disse Colombo emocionado.
Marco Polo só descobriu a massa. Eu descobri a macarronada.
E Colombo aceitou o tomate e deu em troca uma miçanga.
O índio deu uma batata a Colombo que a olhou com desprezo. Mas o índio descreveu (com
mímica, a linguagem mágica dos encontros místicos) sua importância para história ocidental,
desde a alimentação das massas camponesas da Europa até noisette, ou fritas com um Big Mac.
E Colombo a aceitou e deu em troca um espelhinho.
E o índio deu a Colombo o fruto do cacaueiro e falou no que o chocolate significaria para o
mundo, em especial para a Bahia e a Suíça, e nas delícias do bombom por vir. E Colombo
guardou o cacau na algibeira e deu em troca um vintém.
E o índio deu a Colombo uma folha de tabaco e falou nos prazeres do fumo, e de como ele
afetaria os hábitos civilizados. E se quisessem algo mais forte, tinham uma planta que dava coca,
e um barato muito maior. E tudo isso Colombo aceitou em troca de contas. E mais uma espiga de
milho. E mais um papagaio. Até que, com a algibeira cheia, Colombo disse:
- Chega de miudezas. Agora eu quero ouro.
- O quê?
-Ouro. Isso que você tem no nariz.
- E o que você me dá em troca? - perguntou o índio antevendo algo espetacular como uma
luneta. Mas Colombo apontou uma pistola para a cabeça do índio e disse "Isto". E disparou.
Depois, mandou seus homens recolherem todo o ouro da ilha, nem que precisassem arrancar
narizes.
No chão, antes de morrer, o índio amaldiçoou Colombo e praguejou. Que a batata tornasse
sua raça obesa, que o chocolate enchesse suas artérias de colesterol, que o fumo lhe desse
câncer, a cocaína o corrompesse e o ouro destruísse sua alma. E que o tomate - desejou o índio
em seu último suspiro - se transformasse em ketchup.
E assim aconteceu.
TABELA 1
DICA
1. Grande influência, muita consideração, boa reputação...
2. Ideia que alimentamos + preposição + dança de debutante...
3. Disposição natural, dom...
4. Que produz ruído seco e característico ao ser mordido...
5. Impressão física recebida pelos sentidos...
6. Espanto causado por algo imprevisto e rápido...
7. Texto humorístico crítico sobre fato atual que pode unir linguagem verbal e não-verbal...
8. Metal precioso + cor da clara do ovo cozido...
9. A mais dura pedra preciosa + ébano...
10. Concerto que se dá debaixo da janela de alguém + preposição + fogo que arde sem se ver...
11. Você quer que algo se repita, então pede...
12. Toda bolsa de mulher tem...
5. O grupo que descobrir o nome do chocolate ganha o doce. Podem comê-lo, mas as
embalagens precisam ser guardadas para a próxima etapa da atividade (caso não seja
possível providenciar os chocolates, pode, apenas, imprimir os nomes dos bombons, mas é
interessante distribuir chocolates para os participantes).
TABELA 2
NOME DO CHOCOLATE
1. Prestígio 2. Sonho de Valsa
3. Talento 4. Crocante
5. Sensação 6. Surpresa
7. Charge 8. Ouro Branco
9. Diamante Negro 10. Serenata de Amor
11. Bis 12. Baton
Produza textos utilizando os nomes dos chocolates. Veja duas propostas nos pontos 7 e 8:
bis!
Após a produção coletiva, enviar a mensagem por meios digitais ou realizar a entrega em
material impresso ou confeccionado pelos próprios participantes da atividade.
Conteúdo
Gênero textual crônica.
Tempo estimado
Um bimestre.
Material necessário
Chocolates, crônicas, caderno, lápis, pinceis, tarjetas.
Introdução
A crônica é um gênero textual que tem como matéria-prima a realidade, mas não é mera
reprodução do real. O cronista se inspira no cotidiano, porém não apresenta os fatos de
maneira fidedigna, apresenta-os de acordo com a interpretação que faz da realidade,
acentuando o caráter político, humorístico e crítico dos acontecimentos.
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Apresentação da situação - Combine com os alunos que eles produzirão textos (crônicas)
para compor um painel que delineará o perfil da turma. O mural será montado no decorrer
do semestre à medida que os textos forem sendo aperfeiçoados e poderá ser fixado na
biblioteca da escola. Sugira temas como: A CARA DO 6º B - A CARA DO 9º A - ESSES
SOMOS NÓS! ...
Crônica Argumentativa:
Representa uma opinião sobre um assunto cotidiano ou um fato noticioso.
Ajuda o leitor a refletir criticamente sobre a vida e o comportamento humano.
É, geralmente, curta.
Apresenta argumentos para fundamentar as opiniões.
Pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa, a depender do objetivo de ser mais pessoal ou
impessoal.
Apresenta, geralmente, linguagem simples e direta.
Sugestão para leitura e análise: Receita de Viver – Pedro Bloch
Após a leitura e análise das crônicas, se possível, proponha que os alunos realizem os
jogos de aprendizagem – crônica. Disponível em:
https://www.escrevendoofuturo.org.br/caderno_virtual/caderno/cronica/jogo.html
Ao acessar o site, leia as orientações e clique em jogar. Antes de iniciar, acesse o link
ajuda na parte inferior da página para compreender todas as etapas do jogo.
Após a escrita individual, fazer uma retomada do roteiro elaborado com a turma e
encaminhar para que cada aluno possa verificar em seu próprio texto o que está
contemplado e o que precisa ser acrescentado.
O professor recebe os textos, analisa e devolve para reescrita individual em casa.
É o momento de listar no quadro os problemas mais gerais que permeiam a maioria das
produções e realizar as explicações/aulas sobre cada um desses assuntos.
Após as aulas, entregar as produções com observações específicas e realizar o processo
de reescrita coletiva.
Primeiro o professor reescreve uma produção com a turma inteira, para servir de modelo,
em seguida divide a turma em duplas ou grupos para realização da reescrita.
Após a reescrita coletiva, o professor faz as últimas observações e as correções
ortográficas e encaminha, novamente, para que cada aluno possa produzir uma versão
final da crônica.
Para finalizar, marcar uma data para que cada aluno leia seu texto para a turma.
Os textos devem compor um painel homenageando a turma.
Avaliação
A fim de realizar uma avaliação formativa, a aprendizagem dos educandos e o trabalho
pedagógico devem ser mapeados. Os avanços na aprendizagem e as intervenções
pedagógicas precisam ser acompanhados através da análise comparativa das produções,
registro processual dos avanços e dificuldades da turma e das intervenções realizadas pelo
professor. Ao final da sequência, aplique um questionário avaliativo para levantar as
impressões dos educandos em relação às suas aprendizagens e ao desempenho do
professor. Tudo deve ser registrado e organizado em um portfólio.
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Conteúdo
Gênero textual seminário.
Tempo estimado
Pode variar. Em torno de 10 aulas. A velocidade do preparo de um seminário depende da
quantidade de alunos da turma e do ritmo de trabalho do grupo.
Material necessário
Cartolina para confeccionar cartaz, lápis, borracha, caneta, apagador, papel, cópias de
textos, giz, lousa. Outros materiais decorrentes dos recursos que podem ser utilizados
como auxiliares nas apresentações: vídeos, fotografias, data show, slides etc.
Introdução
O seminário tem por objetivo informar uma determinada audiência sobre um determinado
tema. É uma situação comunicativa que prevê várias exposições de aspectos diferenciados
de um tema comum. Trata-se de uma situação comunicativa em instância pública - a
escolar - que prevê diferentes exposições orais articuladas, mediadas por um professor
que, ao final, pode tentar articular as diferentes exposições, procurando a melhor
compreensão do tema pela audiência.
Essas exposições podem ser sustentadas por recursos materiais diversos (slides, vídeo,
data show, quadros-sinóticos, músicas, fotografias, apresentações musicais e dança, tudo
o que for adequado para esclarecer a audiência sobre o tema), inclusive por esquema
escrito que sintetize as principais ideias que serão focalizadas.
Produção inicial – Lançado o desafio, peça aos alunos para simular como seria um
seminário. Após as breves apresentações, convide a turma a conhecer melhor o gênero
nos próximos módulos.
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A turma pode ser dividida em grupos, de maneira que cada equipe ficará responsável por
observar um ou dois itens dentre os listados anteriormente.
É interessante que alguns trechos do seminário sejam filmados, para que possam ser
utilizados em estudos posteriores, quando se buscará um aprofundamento na análise.
Caso não seja possível, grave em áudio e depois transcreva alguns trechos para estudar
as expressões utilizadas na abertura e fechamento do seminário, a maneira de apresentar
cada participante, os modos de passar a palavra para a audiência, como realizar
intervenção, a organização interna das exposições, assim como suas marcas linguísticas.
Esta etapa é o momento de participar de um seminário para estudá-lo.
Avaliação
A avaliação deve acontecer no processo e no final. Utilize como critérios os mesmos
pontos apresentados como orientadores da produção. Além disso, não se esqueça de
avaliar a participação dos alunos no estudo realizado, sua contribuição, seu interesse e o
trabalho efetivamente realizado. Se a apresentação for filmada poderá ser utilizada nessa
etapa para explicações a respeito das decisões que forem tomadas. Solicite, ainda, uma
autoavaliação dos alunos referente ao trabalho em grupo e individual.
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Conteúdo
Gênero textual microconto de terror.
Tempo estimado
Pode variar. Em torno de 10 aulas.
Material necessário
Internet, microcontos, computador, cópias de textos, lápis, caneta.
Introdução
O microconto é uma espécie de conto muito pequeno. As características desse gênero são
diferentes das de um "conto pequeno", pois no microconto muito mais importante que
mostrar é sugerir, deixando ao leitor a tarefa de "preencher" as elipses narrativas e
entender a história por trás do que foi escrito ou narrado. Trata-se de uma micronarrativa
que prima pela concisão e brevidade. Geralmente, eles possuem entre 140 e 300
caracteres, trata-se de algo minimamente perturbador ou, em alguns casos, bastante
perturbador, materializado em apenas duas linhas, tal feito é possível. No referido gênero
quem constrói os sentidos e detalhes é o próprio leitor, o autor tem o papel de dar “pistas”.
Apresentação da situação
Desafie a turma a conhecer o gênero microconto e proponha que produzam microcontos
para expor em varal literário na escola e/ou publicar em ambientes virtuais – facebook,
twitter, instagram, blog e outros.
Produção inicial
Solicite que os alunos imaginem uma situação macabra, de terror e produzam textos
pequenos que causem muito medo no leitor. Produzam um varal literário com os textos.
1.Leia os dois microcontos acima, analise cada expressão apresentada a seguir e anote no
espaço apropriado a sua interpretação para o que cada uma delas representa no texto.
Realize uma análise comparativa das respostas dos alunos.
Como tarefa para casa, oriente aos alunos que busquem ler mais alguns microcontos nas
redes sociais e em sites. Pode-se desafiá-los a buscar outras formas de experimentações
literárias no ciberespaço como o www.ciberpoesia.com.br e poesiadogoogle.com.
Conforme você deve saber, os contos possuem cinco categorias narrativas: o narrador, as
personagens, o enredo, o tempo e o espaço. Nesta atividade iremos ver que algumas
dessas categorias são textualmente reduzidas no microconto, mas isso não atrapalha a
leitura e interação do leitor com o texto. Vamos tomar o microconto a seguir para esta
atividade:
Você chega em casa cansado depois de um longo dia de trabalho, querendo relaxar um
pouco sozinho. Você vai ligar a luz, mas quando se aproxima do interruptor, já tem
outra mão sobre ele.
Escolha outro microconto e realize uma análise das categorias narrativas utilizando as
mesmas questões trabalhadas anteriormente.
Amor de Carnaval
Certa vez, um rapaz foi brincar carnaval no interior e se apaixonou por uma linda morena
chamada Helena. Os dois viveram uma louca história de amor nas três primeiras noites.
Foi quando, debaixo de uma grande chuva, jurararam amor eterno. Ele a protegeu com sua
capa preta e a levou até em casa. Porém, ela desapareceu na última noite sem se despedir.
E então, ele a procurou em sua casa e foi informado que a moça morrera há mais de 20 anos.
Desesperado, foi correndo até o cemitério e, sobre a cruz, encontrou sua capa preta de chuva.
Para saber mais: A história utilizada como referência para o exercício acima foi recolhida entre os meses
de abril e julho de 2017 pela arte-educadora Tâmara Bezerra, com professores e formadores do Eixo de
Literatura e Formação do Leitor – Mais Paic. Trata-se de uma lenda urbana cearense, que povoa a memória
de moradores de algumas regiões do nosso Estado. A pesquisadora ouviu partilhas feitas por seus alunos e
alunas de várias cidades, anotou e organizou detalhes de personagens e acontecimentos. Por fim, ela
reescreveu essa história de medo, que hoje faz parte do seu repertório de contação de histórias.
Ao final de uma atividade de escrita, é muito importante revisar o seu texto. Sobre cada um
dos microcontos produzidos, responda sim ou não:
1. É possível perceber alguma personagem no microconto?
( ) Sim ( ) Não
2. É possível identificar a jornada do herói (apresentação, conflito e resolução)?
( ) Sim ( ) Não
3. O texto possui elementos que criam uma atmosfera de terror?
( ) Sim ( ) Não
4. Existe alguma palavra ou expressão que possa ser substituida por outra mais expressiva?
( ) Sim ( ) Não
Após refletir sobre os microcontos produzidos, faça a correção e escreva a versão final.
Observação: É preciso ficar claro que as atividades desta sequência pressupõem uma distinção entre conto,
miniconto e microconto.
Conto: narrativa breve, escrita em prosa, mais curto que o romance e a novela, envolvendo narrador, enredo,
personagens, tempo e espaço.
Miniconto: é um tipo de conto muito pequeno, possui no máximo uma página, ou um parágrafo.
Microconto: Trata-se de uma micronarrativa que prima pela concisão e brevidade. Geralmente, eles
possuem entre 140 e 300 caracteres.
Avaliação
A avaliação deve acontecer no processo e ao final. Utilize como critério os mesmos pontos
apresentados para a produção textual/criativa. Além disso, não se esqueça de avaliar a
participação dos alunos em todas as etapas, desde a leitura e produção até a publicação
dos microcontos em ambientes virtuais.
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BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
DIAS, Laice Raquel. Gêneros Textuais para a Produção de Textos Escritos no Livro Didático.
Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
SOUZA, Carlos Henrique Lima de. Terror em Microcontos. Círculo Fluminense de Estudos
Filológicos e Linguísticos. Revista Philologus, Ano 22, Nº 66 Supl.: Anais da XI JNLFLP. Rio de
Janeiro: CiFEFilL, set./dez. 2016.
SITES CONSULTADOS
http://notaterapia.com.br/2016/06/30/os-incriveis-micro-contos-de-terror-em-duas-frases-da-pra-
assustar-com-tao-pouco/
http://www.pratibemfeito.com/blog/2010/06/06/carta-de-chocolate/
http://internas.netname.com.br/arquivos/telesala/165.pdf
http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/como-preparar-e-apresentar-seminarios
https://www.escrevendoofuturo.org.br/caderno_virtual/caderno/cronica/jogo.html
http://notaterapia.com.br/2016/06/30/os-incriveis-micro-contos-de-terror-em-duas-frases-da-pra-
assustar-com-tao-pouco/