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Grupo de Estudos Virtuais em

Teatro do Oprimido
RESUMO – Capítulo dois do Livro Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Teatrais.
Em prol de fazer deste resumo uma caixa de ferramentas de análise encontraremos diferentes maneiras
de abordar o texto é assim como acharemos: provocações, perguntas na espera de ser respondidas, mapas
conceptuais, comparações entre outros.
Vamos lá......
Até aqui temos analisado o Teatro Clássico da Antiga Grécia, com a Poética de Aristóteles e O sistema Trágico
Coercitivo, Boal passa-nos introduzir a maneira de esquematização às transformações do Teatro Burguês
passando por o Teatro Medieval. É preciso lembrar a chave de leitura que nos guiará como fio condutor ao
longo do livro é: ANALISAR A POTÊNCIA DO TEATRO SOBRE O ESPETADOR.
Este capítulo está divido em 4 partes: I. A Abstração medieval.
II. A concreção burguesa
III. Maquiavel e a Mandrágora
IV. Modernas reduções da virtù
RESUMO
1. A Abstração medieval.
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GUIA DE IDEIAS CHAVES:


Sobre A Arte: Segundo Boal, para Aristóteles, Hegel e Marx constitui-se sempre numa forma sensorial de
transmitir determinados conhecimentos (subjetivos, objetivos, individuais ou sociais, particulares ou gerais,
abstratos ou concretos).
Sobre O Conehcimento: estes conhecimentos são revelados e difundidos de acordo com a perspectiva do
artista e do setor social, no qual está radicado, isto é, ao que o patrocina ou paga e consume sua obra, em
esse sentido o setor com poderio econômico será que dirige maioritariamente a produção e difusão artística
com o propósito de manter-se o conquistar o poder.
Sobre O Poder: Nas palavras do autor: “A arte dominante, será sempre a da classe dominante, eis que esta
é única possuidora dos meios de difundi-la preponderantemente”
Sobre O Teatro Augusto Boal, presenta o teatro como a arte mais severamente determinada pela sociedade,
devido ao contato imediato com a plateia e ao maior poder de convencimento.

Tragédia Grega Teatro Medieval

Função social do Teatro em: Catártica, purificadora das Cumpria uma missão coercitiva e
Harmatias sociais do cidadão autoritária, inculcando no povo só uma
atitude de respeito pela sociedade tal
como era.
Personagens Fazia-se a exaltação do Tipicamente feudais, não eram seres
indivíduo excepcional, distinto humanos, mas abstrações de valores
de todos os demais mortais, morais, religiosos etc. Não existindo no
isto é o aristocrata. mundo real e concreto. (Luxuria,
Pecado, Virtude, Anjo, Diabo etc.) Os
valores abstratos eram personagens
assim: A Bondade era um personagem
chamado Bondade.
Patrocinador Aristocrata, o estado e os Nobreza e Clero.
homens ricos pagavam a A própria Igreja simplesmente tolerava
produção dos espetáculos, e, mais tarde, utilizava a arte como
estas encenações só tinham mero veículo de suas ideias, dogmas,
como tema o que eles julgavam preceitos, mandamentos e decisões.
conveniente.

Aspectos Externo de Democrática Democrático, concessão que o clero


representação fazia às massas ignorantes, incapazes
de ler e de seguir um raciocínio
abstrato.
Conteúdo e ideia Perfeito dispositivo para o Procura vase-se preservar o velho e o
funcionamento social tradicional. Imobilizar a sociedade,
exemplar do teatro. É um perpetuando o sistema vigente.
instrumento eficaz para a Despersonalização, a desvinculação,
correção dos homens capazes abstração. Todo era genérico;
de modificar a sociedade. Homogêneo. O Transcendental tornou-
se muito mais importante que os
fenômenos individuais.
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Autor citado por Boal. Arnold Hauser Arnold Hauser

Sobre o Transcendental: se alude no texto a tudo o que tem que ver com a alma, o espírito, a vida depois
da morte, o significado do paraíso, a felicidade do doce convivo com o pai celestial, eternos prazeres
espirituais ou terríveis castigos post-mortem
Sobre as personagem no Teatro Medieval: Meras abstrações que simbolizavam o bem e o mal, o certo ou
errado, o justo e o injusto, o recomendável e o condenável. Os bons eram recompensados, os maus punidos.
Esta tendência acreditar que existe uma eterna luta entre dos princípios opostos e irredutíveis
coloquialmente es denominada como Maniqueísmo e tem suas origens em referências filosófica e
teológicas.
Sobre as peças as peças desse período podiam ser divididas em: Peças do Pecado e Peças da Virtude. Como
exemplo da primeira categoria tem-se: a “Representação de Abraão e Isaac, seu filho” e da segunda, cita-se
o espetáculo: “Todomundo”.
O teatro Medieval é aristotélico no mesmo sentido que a tragédia grega , pois as duas usam o teatro como
instrumento para a correção dos homens, apresentam maneira correta de purificar a plateia de todas as
ideias ou tendências modificadoras da sociedade, embora o Teatro Medieval no utilizasse dos mesmo
recursos formais sugerido pelo teórico grego.
No teatro Medieval os enredos se apresentava os enredos adotando um estilo narrativo e colocando ação
no passado, evitando- se a dramaticidade e apresentação direita dos personagens em choque.
Podemos encontrar ainda exemplos de obras teatrais, espetáculos, filmes ou peças com características do
Teatro Medieval?
2. Concreção burguesa

Linha do tempo.

Características gerais da sociedade burguesa


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A METÁFORA DO MUNDO, COMO UMA GRANDE EMPRESA MERCANTIL.

✓ Transformação do trabalho em colectividade e comunicade à Invidividualização -trabalho para si


propio-.
✓ Organização metódica da vida e todas atividades humanas em função ao capital.
• Gastar menos do que se ganha.
• Economizar força e dinheiro
• Administrar economicamente tanto o corpo como a mente.
✓ O trabalho como meio para elevar ;se socialmente e prosperar. Forma de mudar o destino o a
fortuna.
✓ O valor e acapacidade do homen se tornaram;se mais importantes do que o estamento do qual
tibvessem nascido. (se comença a esbozar a virtù)
✓ Desenvolvimento da ciência para promover acumulçao do capital.
• Novas técnicas de produção
• Novas maquinas
• Novas técnicas de guerra, Novas conquistas

A METÁFORA DE DEUS COMO JUIZ DOS CÂMBIOS FINANCEIROS, DADOR DA RIQUEZA COMO
DEMONSTRAÇÃO DE SUA GRAÇA DIVINA.
Reforma religiosa o devir do protestantismo. Maiores exponentes Lutero e Calvino.
A Bíblia texto sagrado que passo de ser um manual de comportamento de todos os homens para justificar
(os versículos lidos isoladamente a posterior sobre qualquer atitude do clero, qualquer pensamento o
ato por menos santo que fosse.
Embora compartiam a mesma época e os mesmo preceitos ideológicos, existiam diferencias que ajudaram
a na modificação o transformação da sociedade.
SENHOR FEUDAL SENHOR BURGUÊS.
Tinha a posse da terra, pela graça divina além Alugava as terras e podia aproveitar-se da terra, era um
de um contrato legitimado faz séculos ante a homem empreendedor, tinha seu próprio valor nas
igreja. Seu valor provinha da quantidade de capacidades individuais que possuía.
terra que tinha.

O poder do feudo era sua aliança com o clero O poder do Burguês repousava por tanto no valor
e a graça divina, a boa fortuna. individual do homem vivo e concreto. Seu sucesso
econômico era mostra de sua virtù.

O burguês não devia nada a sua boa fortuna, tão somente


a sua própria virtù, com está afastaria todos obstáculos
que lhe antepunha o nascimento, as leis feudais, a
tradição e a religião.

A MANEIRA DE CONCLUSÃO AS CARCATERISTICAS PRINCIPALES FUNDAMENTAIS DA SOCIEDADE


BURGUESA SÃO A VIRTÙ E A PRÁXIS.
1ra. Lei da Burguesia a Virtù
2da. Lei da Burguesia a Práxis.
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III. Mandrágora:
O CONCEITO DE VIRTÙ EM MAQUIAVELO.
Vocês sabem o que é mandrágora?
Nicolau Maquiavel nasceu o 3 de maio de 1469, Florência Uma planta, com frutos amarelos,
Itália e morreu o 21 de junho de 1527, filosofo da escola carnosos, afrodisíacos e... tóxicos!!
empirista - o fundo o conhecimento de cunho
experimental- Por volta do ano 1518, final da Idade
É a história que comporta a experiencia dos Homens, seus Média, Maquiavel escreveu uma
acertos e erros por tanto a lógica (a “verdade”) da ação comédia denominada A mandrágora,
política deve ser aprendida da experiência (histórica) e não em que um jovem de Florença, ao ter
mais da tradição do pensamento (Filosofia, ética, conhecimento acerca de uma mulher
principalmente). muito bonita, virtuosa e casada, se
Os pensamentos clássicos se caracterizam por ancorar-se no sente apaixonado - mesmo sem vê-la -
“dever ser” do indivíduo não no que é. e assume o firme propósito de
A práxis em Maquiavel: se confronta com a noção de conquistá-la.
fortuna, isto é, as ações que desafiam o destino. A fortuna
demostra sua força onde não encontra a virtù. Um plano para se aproximar da mulher,
A ideia de virtù em Maquiavel: és a qualidade do grande leva o florentino a indicar, ao marido
líder político, que implica uma ação eficaz. A virtù expressa desta, um chá de mandrágora para
uma práxis vitoriosa. curá-la de um mal que os perturbava, a
VIRTÚ: infertilidade!
É não depender exclusivamente da fortuna, quando ela se
voltar contra a gente, vai encontra-lo desarmado e Esta peça, considerada por críticos a
desamparado. obra mais importante do teatro
Armar-se com virtù e saber agir de acordo com as italiano, tem ironia, humor, desengano,
circunstancias, “creio ainda que é feliz aquele que combina crítica social, e tem muito da arte de
seu modo de proceder com as exigências de seu tempo.” (as manipular - sem quaisquer escrúpulos -
circunstâncias peculiares para cada ação) para conseguir um objetivo!
Convite a impetuosidade, é melhor ser impetuoso que
modesto. Link > https://youtu.be/PwwG-Px-rwA
A virtù é o uso da racionalidade instrumental é dizer
adequar os meios para a consecução dos fines propostos
( a dedicação ao bem público, conjugado com ausência de PENSAR NO ROL DA MULHER, DOS
ambição material) ESCLAVOS, O QUE ACONTECIA NO
Fonte: Resumo do texto publicado na Revista Crítica Histórica OURTO LADO DO MUNDO, A LEITURA
Ano VI, nº 11, julho/2015 ISSN 2177-9961.128. -O conceito de ES COCCIDENTAL
virtù em Maquiavel, Virtù concept in Machiavelli-Dagmar
Manieri.
IV. Modernas reduções da virtù
O homem é multidimensional, mas nas poética politicas teatrais é reduzido em abstrações de vertentes
psicológicas, morais, o metafisicas e físicas
• Teatro romântico “Pobre mas honrado”, “faminto porém livre de espírito.”
• Teatro realista de corte naturalista, psicológico, exemplar. A realidade se apresenta de maneira
objetiva, até crua, sem dinâmica. Como uma foto. No caso do teatro com peças exemplares se
referem as modelos de vida a seguir que foram sucedidos dentro das leis do capitalismo.
• Teatro Subjetivo (Impressionismo, Expressionismo, Surrealismo) , reivindicação da subjetividade ,
apresenta as dores, os medos, o terror da alma, procura o restabelecimento da liberdade
subjetiva; Individual.
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Tragédia Grega

Teatro comtemporâneo.
Bertolt Brecht, Adorno,
Teatro Medieval - Feudal
Meyerhold,
Stanislasky.......

Teatro Moderno Os ismos Teatro Burgues


e o Teatro do absurdo Maqueavel - Hegel

• Teatro do absurdo O homem que não pode se comunicar e expressar as dores da alma.

Maquiavel propunha a libertação do homens de todos os valores morais, isto é, o bom é o que funciona para
atingir o fim (o bem coletivo), o mau é o que não funciona.
Shakespeare seguia à risca essa instruções, embora sempre se arrependesse no 5to ato e restaurasse a
legalidade e a moral. embora jamais depois de Shakespeare o homem foi mostrado multidimensional
mente no palco.
Hegel teorizo uma formula que lhe preservasse a liberdade formal, embora fazendo sempre prevalecer a
verdade dogmática preestabelecida. A arte, o Teatro
como Instrumento
O conceito de Liberdade do personagem em Hegel explicado por BOAL: O personagem é livre, é dizer,
de dominação do
“os movimentos interiores da sua alma devem sempre poder ser exteriorizados, sem peias, nem freios”,
poder regente.
porém ser libre não significava que o personagem possa ser caprichoso, “a liberdade é a consciência da
necessidade ética”. Em outras palavras, o personagem devia concretizar e traduzir o princípio ético na vida
real, no mundo exterior. É assim que os valores abstratos, adquirem porta-vozes concreto e reais.
Bondade tem um nome é concreto, incorporam iminentemente um valor "eterno" uma verdade "moral",
ou sua antíteses.
O comportamento do personagem é sempre ético, não deve exercer sua liberdade no puramente acidental
ou episódico, mas apenas em situações e valores comuns a toda a humanidade ou á nacionalidade.
A arte para Hegel é: “o luzir da verdade através dos meios sensoriais de que dispõe o artista”
Segundo Hegel a ação deve ser conduzida a um determinado ponto onde possa ser restaurado equilíbrio
O drama deve terminar em repouso, em harmonia. É necessário que o sistema de forças tese- antítese
seja levado a um ponto de sínteses. Morte dos personagens irreconciliável -tragédia ou arrependimento -
drama romântico. O erro deve ser punido pode ser morrendo o se arrependendo .
Morte herói para elevar e dar brilho á a verdade que o herói concretizava.
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O romantismo lutava contra os valores burgueses. O retorno dos valores medievais, O amor, A honra a
Lealdade em troca a o dinheiro , o valor material. em um teatro com maior precisão teórica e
complexidade.
O homem mesmo pobre e miserável , pode e deve possuir a verdadeira dignidade aristocrática, que é
essencialmente espiritual. As condições materiais da vida um pouco importam - os valores são os mesmo
para todos os homens.- Se resolvem no campo do espírito os problemas que os homens enfrentavam no
campo social. Novamente o importante o transcendental ser (salvar o espírito), o importante é aceitar as
problemáticas sociais, aceita a realidade como é, só se deve lutar para ter uma boa alma, um bom espírito.
Apaziguar a necessidade de revolução. Todos indistintamente podiam aspirar a perfeição espiritual.
Pobre, mas honrado.
Famintos porem livre de espírito.
Sobre o Realismo constatar uma realidade que já é conhecida.
Do ponto de vista naturalista, a obra de arte será tão melhor na exata medida em que melhor logre
reproduzir a realidade.
O teatro objetivo, representando como si fosse a realidade uma fotografia, quando cessou o movimento
objetivo apareceram os movimentos e ou estilos subjetivos ( impressionismo, Expressionismo, surrealismo)
.
O objetivo da arte subjetiva era restaurar a liberdade , porém meramente subjetiva. Tudo na cabeça do
personagem que projetava exteriormente o seu mundo fantasmagórico ( terror, angustia).
O teatro influencia os espetadores não apenas no que se refere à indumentaria como nos valores espirituais
que lhes pode incutir, a traves do exemplo. Surge então o filme “exemplar” reiterar alguns valores
consagrado nas sociedade capitalista > a faculdade de subir na vida, como ter sucesso. Só respeitando as leis
do jogo, ou seja o jogo capitalista.
O teatro do absurdo, o homem se torna incomunicável no sentido em que lhe impossível transmitir as
emoções mais intimas ou as nuanças de seu pensamento.

Conclusão:
Esta foi a trajetória desenvolvida pelo teatro desde o surgimento da modema burguesia. Contra esse teatro
deverá surgir um outro, determinado por uma nova classe, e que dele divirja não apenas em caracteres
estilísticos, mas de forma muito mais profundamente radical. Esse novo teatro, materialista dialético, será
forçosamente também um teatro de abstrações, pelo menos, em sua fase inicial. Não mais apenas
abstrações superestruturais, mas também infra-estruturais. Seus personagens ainda revelam, em algumas
peças de Brecht, sua condição de simples objetos. Objetos de funções sociais determinadas que, entrando
em contradição, desenvolvem um sistema de forças que determina o movimento da ação dramática. Trata-
se de um teatro que mal acaba de nascer e que, embora rompendo com todas as formas tradicionais, ainda
não teve os seus fundamentos teóricos suficientemente bem
formulados. Só a prática constante fará surgir a nova teoria.
Grupo de Estudos Virtuais em Teatro do Oprimido / Mar-Abr2020 8

Referencias Dramatúrgicas:
• Shakespeare
• Sheridan
• Feo Belcari - Representação e Festa de Abraão e Isaac seu
Filho.
• Autor anónimo – Todomundo.
• Onde fica o Teatro de Druly Lane?
• Dale Cornegie – Autor Americano
• Napoleón Hill - Autor Americano
• Voltaire – Filosofo e escritor Frances.
• Tennesse Williams
• Syned Kingsley
• Eugenio O´nell Outras Referências:
• Ionesco
• Arnold Hauser – A história Social da
Arte.
• Karl Vossler – Formas Poéticas dos
Povos Românticos.
• Alfred Von Martim – Sociología do
Renacimiento.

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