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Tensão entre mundo do trabalho e educação

Há muito se verifica certa tensão entre a Educação e o Mundo do Trabalho. A


primeira, tida como sendo um instrumento de emancipação do ser humano,
passou a ser tratada como um serviço de preparação de mão de obra para o
segundo. Nessa perspectiva há uma tendência em se creditar à Educação o
sucesso ou o fracasso do sistema econômico.
Venho refletir sobre as relações entre educação e trabalho. Educação
atualmente é pensada diretamente para o mercado de trabalho, neste sentido é
preciso denunciar a industrialização da educação e analisá-la criticamente.

Taylorismo, Fordismo e Toyotismo e seus Reflexos na Educação


Em análise aos processos do fordismo, taylorismo e toyotismo é possível
observar, uma relação entre a formação do trabalhador e o processo educativo
baseado nos processos industriais. Mostrando como o capitalismo exerce um
domínio e influência sobre o governo e sobre a educação. Todo esse processo
formativo e a forma da educação acontecer é influenciada por esses processos.
Ao observarmos a Aprendizagem Cooperativa temos sua base em alguns
elementos norteadores como: a interdependência positiva, a responsabilidade
individual, o desenvolvimento das habilidades, a participação igualitária, a
dinâmica do grupo e a interação entre os seus membros.
Kuenzer, quando afirma que “No âmbito da pedagogia toyotista, as capacidades
mudam e são chamadas de “competências”. (KUENZER, 2002, p. 80).
Baseado nessas competências temos uma industrialização que chega a
educação dominando os quereres levando uma avidez por um saber inclusivo
no mercado especialista, gerando um desprezo a tudo que não é útil para uma
futura profissão e para sua integração social nesse capitalismo.
A objetificação do sujeito como uma peça no processo de produção está cada
vez mais presente, inclusive é possível perceber isso no ensino médio público
quando a maioria dos alunos só quer obter seu diploma para ingressar talvez em
uma faculdade, e de qualquer forma, simplesmente para conseguir um trabalho.
A educação para edificação do ser humano fica reprimida a um processo
escravizante de sobrevivência de conseguir um salário para o “consumo
libertador”.
O estudante só vê o valor em si na medida que se pode colocar no mercado de
trabalho como uma troca, não na medida em que evoluiu como ser. Sua escolha
de profissão é alheio a sua vontade e sim está fadado à vontade de terceiros ou
de uma coletividade de aceitação, em um mundo/área pleiteada. A educação
tornou-se mediadora desse processo.
As políticas educacionais estão cada vez mais direcionando um ensino restritivo
à atividades-fim, um saber especializado. Podendo-se dizer que, tornam-se uma
viseira aquelas que anseiam por uma vida boa.
Conclui-se que a escola não cabe mais formar ou orientar os educandos para
um vir a ser, mas sim para adestrá-los na conformação à ordem social instituída,
prepará-los para a experiência laboratorial da vida.

Referências

ASSIS, Marta Maria et al, Pedagogia da cooperação: a cartilha Toyotista na


educação Disponível em: <
https://ava.cefor.ifes.edu.br/pluginfile.php/917016/mod_resource/content/1/Ped
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%20a%20cartilha%20Toyotista%20na%20educac%CC%A7a%CC%83o.pdf>
Acesso em 06 out 2020
BATISTA, Erika, Fordismo, taylorismo e toyotismo: apontamentos sobre suas
rupturas e continuidades Disponível em:
<https://ava.cefor.ifes.edu.br/pluginfile.php/917014/mod_resource/content/1/For
dismo%2C%20taylorismo%20e%20toyotismo-
%20apontamentos%20sobre%20suas%20rupturas%20e%20continuidades%20
.pdf> Acesso em 06 out 2020
COHON, JOSÉ CALIXTO KAHIL, Ensaio sobre Educação, Tempo Livre e
Trabalho . Disponível em: <https://core.ac.uk/download/pdf/268350576.pdf>
Acesso em 06 out 2020

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