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Michael Kalecki
I
Uma maioria consolidada dos economistas já é da opinião de que, mesmo em
um sistema capitalista, o pleno emprego pode ser assegurado por um programa
de gastos do governo, desde que haja um plano adequado para empregar toda a
força de trabalho existente, e desde que a oferta de matérias-primas
estrangeiras necessárias possa ser obtida em troca de exportações.
II
A descrição acima é uma definição muito simples e incompleta da doutrina
econômica de pleno emprego. Mas é, penso eu, suficiente para familiarizar o
leitor com a essência da doutrina e assim permitir-lhe acompanhar a discussão
posterior dos problemas políticos envolvidos na realização do pleno emprego.
Há, no entanto, indicações ainda mais diretas de que uma questão política de
primeira categoria está em jogo aqui. Na grande depressão na década de 1930,
as grandes empresas sempre se opuseram aos experimentos de aumento do
emprego pelos gastos do governo em todos os países, exceto a Alemanha
nazista. Isto pôde ser visto claramente nos EUA (oposição ao New Deal), na
França (o experimento Blum), e na Alemanha antes de Hitler. A atitude não é
fácil de explicar. Claramente, uma maior produção e emprego beneficia não só
os trabalhadores, mas também os empresários porque seus lucros aumentarão.
E a política de pleno emprego descrita acima não colide com os lucros, porque
não envolve nenhuma tributação adicional. Os empresários diante de uma
recessão anseiam por uma retomada; porque é que eles não aceitam de bom
grado a retomada sintética que o governo é capaz de oferecer-lhes? É esta
questão difícil e fascinante que pretendemos tratar neste artigo.
III
Uma das funções importantes do fascismo, como tipificado pelo sistema
nazista, foi remover as objeções capitalistas ao pleno emprego.
IV
Qual será o resultado prático da oposição a uma política de pleno emprego
pelos gastos do governo em uma democracia capitalista? Vamos tentar
responder a esta questão com base na análise das razões para essa oposição
dadas na seção II. Nós discutimos lá que podemos esperar a oposição dos
líderes do setor em três planos: (i) a oposição por princípio aos gastos do
governo com base em um déficit orçamentário; (ii) a oposição ao
direcionamento deste dispêndio tanto para o investimento público – o que pode
prenunciar a intromissão do Estado em novas esferas da atividade econômica –
ou no sentido de subsidiar o consumo de massa; (iii) a oposição a manutenção
do pleno emprego e não apenas a prevenção de depressões profundas e
prolongadas.
V
Deveria um progressista ficar satisfeito com o ciclo de negócios político da
forma como descrito na seção anterior? Acho que a isto deveríamos nos opor
em dois níveis: (i) que isto não assegura um pleno emprego duradouro; (ii) que
esta intervenção governamental está associada ao investimento público que não
abarca o subsídio ao consumo. O que as massas demandam agora não é a
mitigação da recessão, mas sua abolição total. Nem deveria a consequente
utilização mais completa dos recursos ser feita em investimentos públicos não
desejados apenas para gerar emprego. O programa de gastos governamentais
deveria estar dedicado apenas ao investimento público de fato necessário. O
resto do gasto público necessário para manter o pleno emprego deveria ser
usado para subsidiar o consumo (através de transferências às famílias, pensões
e aposentadorias, redução dos impostos indiretos e subsídios aos bens de
primeira necessidade). Os opositores deste tipo de gasto governamental alegam
que o governo não terá, então, nenhuma contrapartida ao seu dinheiro. A
resposta é que a contrapartida deste dispêndio é o maior padrão de vida das
massas. Este não é propósito de toda a atividade econômica?
Notas:
(iii) Deve-se notar aqui que o investimento em uma indústria nacionalizada pode
contribuir para a solução do problema do desemprego apenas se for realizada
em princípios de retorno diferentes daqueles da iniciativa privada, ou deve
deliberadamente temporizar o seu investimento de modo a mitigar aqueles da
iniciativa privada. O governo deve estar satisfeito com uma menor taxa líquida
de falências.
III
Uma das funções do fascismo é eliminar as objeções capitalistas ao pleno
emprego. Porque neste caso o estado tem controle direto das parcerias com
grandes empresas.
IV
A autor analisa qual como os empresários reagiriam numa política de pleno
emprego propsta pelo governo numa democracia capitalista durante uma
recessão
A necessidade de que algo deve ser feito durante a recessão é consensual, mais
tem debates sobre o que deve ser feito e se deveria ser feito somente na
depressão (Ou se deveria se garantir pleno emprego permanentemente)
Isso é atrativo pro mercado, porque o empresário continua sendo o meio pelo
qual a intervenção acontece, pq se ele não sentir confiança no governo ele não
vai investir.
Só que o investimento privado não oferece um método mto bom para evitar
desemprego em massa. Ai o autor dá um exemplo com duas situações: