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RESPONSABILIDADE CIVIL - PROF.

CELSO SUZUKI

AULA 02 – NOÇÕES GERAIS ACERCA DA RESPONSABILIDADE CIVIL - PRESSUPOSTOS DA


RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL

1. IDEIA GERAL DE RESPONSABILIDADE EM DIREITO

“A responsabilidade é resultado da ação pela qual o homem expressa o seu comportamento, em face desse
dever ou obrigação. Se atuar na forma indicada pelos cânones, não há vantagem, porque supérfluo, em
indagar da responsabilidade daí decorrente. Sem, continua o agente responsável pelo procedimento mas a
verificação desse fato não lhe acarreta obrigação nenhuma, isto é, nenhum dever, traduzido em sanção ou
reposição, como substitutivo do dever de obrigação prévia, precisamente porque a cumpriu.”(AGUIAR DIAS)

“Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão,
que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que
lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de
ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da qual se
exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção”.(PLÁCIDO E SILVA)

A responsabilidade surge como um dever jurídico sucessivo após o descumprimento de um dever


jurídico originário.

OBRIGAÇÃO(latu sensu) - DEVER JURÍDICO


ORIGINÁRIO

DESCUMPRIMENTO

RESPONSABILIDADE - DEVER JURÍDICO


SUCESSIVO

2. CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE RESPONSABILIDADE


2.1. De acordo com o caráter da norma que origina o dever jurídico original:
responsabilidade civil e responsabilidade penal
"(...) Certos fatos põem em ação somente o mecanismo recuperatório da responsabilidade civil; outros
movimentam tão-somente o sistema repressivo ou preventivo da responsabilidade civil e a penal, pelo fato de
apresentem, em relação a ambos os campos, incidência equivalente, conforme os diferentes critérios sob que
entram em função dos órgãos encarregados de fazer valer a norma respectiva. Reafirmamos, pois, que é
quase o mesmo fundamento da responsabilidade civil e penal. As condições em que surgem é que são
diferentes, porque uma é mais exigente do que a outra, quanto ao aperfeiçoamento dos requisitos que devem
coincidir par se efetivar. E não pode deixar de ser assim. Tratando-se de pena, atende-se ao princípio nulla
poena sine lege, diante do qual só exurge a responsabilidade penal em sendo violada a norma compendiada
na lei; enquanto a responsabilidade civil emerge do simples fato do prejuízo, que viola também o equilíbrio
social, mas que na exige as mesmas medidas no sentido de restabelece-lo, mesmo porque outra é a forma
de consegui-lo. A reparação civil reintegra, realmente, o prejudicado da situação patrimonial anterior (pelo
menos tanto quanto possível, dada a falibilidade da avaliação; a sanção penal não oferece nenhuma
possibilidade de recuperação ao prejudicado; sua finalidade é resituir a ordem social ao estado anterior à
turbação."(AGUIAR DIAS)
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RESPONSABILIDADE CIVIL x RESPONSABILIDADE PENAL


(o mesmo fato pode gerar simultaneamente ambas as responsabilidades)

Código Civil, art. 935. A responsabilidade civil é Código Penal, art. 91 - São efeitos da
independente da criminal, não se podendo condenação: I - tornar certa a obrigação de
questionar mais sobre a existência do fato, ou indenizar o dano causado pelo crime;
sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal. Código de Processo Penal, art. 63. Transitada em
julgado a sentença condenatória, poderão
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (...) promover-lhe a execução, no juízo cível, para o
II – a sentença penal condenatória transitada em efeito da reparação do dano, o ofendido, seu
julgado; representante legal ou seus herdeiros.

2.2. De acordo com a natureza jurídica do dever jurídico original: responsabilidade


contratual e responsabilidade extracontratual

Caso o dever jurídico descumprido tenha natureza jurídica contratual, fala-se em responsabilidade
civil contratual; por outro lado, se o dever jurídico for originado de um ilícito extracontratual, derivado
do dever legal de não lesar a ninguém, fala-se em responsabilidade extracontratual ou aquiliana. O
Código Civil adota a teoria dualista.

2.3. De acordo com a exigência de culpa para caracterizar-se o descumprimento do dever


jurídico original: responsabilidade subjetiva e responsabilidade objetiva

Na responsabilidade subjetiva, a culpa deve ser demonstrada em juízo para caracterizar o dever de
indenizar, tendo o Código Civil adotado a teoria subjetiva(art.186).

Na responsabilidade objetiva, a culpa é presumida, isto é, não há necessidade de se provar a culpa,


mas apenas de demonstrar a causalidade entre o dano e a conduto do sujeito. O Código Civil adotou a
teoria do risco(art.927, pár. único)

2. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS - ACIDENTE DE TRÂNSITO - ÔNUS DA PROVA- ART.
333, I, DO CPC - CULPA DO RÉU NA COLISÃO -NÃO COMPROVAÇÃO - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA - DEVER DE INDENIZAR NÃO CONFIGURADO - A teor do
disposto no art. 333,1, do CPC, incumbe ao autor fazer prova dos fatos constitutivos do seu direito. Assim,
para que surja o dever de indenizar, necessário é que o autor demonstre a existências dos requisitos
indispensáveis à configuração da responsabilidade civil, a saber, a conduta do agente, o dano, a culpa e o
nexo de causalidade.(TJ-SP - -....: 13413020078260030 SP , Relator: Mendes Gomes, Data de Julgamento:
31/01/2011, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 02/02/2011)
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INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE TRABALHO - INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS E MATERIAIS -


SENTENÇA - REQUISITOS - LIVRE CONVENCIMENTO - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA - ART. 159
ATUAL 186 CÓDIGO CIVIL - CULPA - AUSÊNCIA DE PROVA - ÔNUS DA PROVA. Se a sentença
vergastada apresenta relatório, fundamentação e dispositivo, atende aos requisitos da norma processual. O
juiz, para a formação de seu livre convencimento, deve analisar se a prova produzida foi suficiente para
esclarecer as questões alegadas pelas partes. Para configuração dos danos materiais e morais é necessário
que se verifique a presença simultânea de três elementos essenciais, quais sejam: a ocorrência induvidosa
do dano; a culpa, o dolo ou má-fé do ofensor; e o nexo causal entre a conduta ofensiva e o prejuízo da vítima.
Não estando configurados tais elementos, conclui-se pela improcedência do pleito indenizatório. Não sendo
modificado o julgamento, resta prejudicada a análise da apelação adesiva. Preliminar rejeitada, recurso
principal não provido e recurso adesivo julgado prejudicado.(TJ-MG 200000047669140001 MG
2.0000.00.476691-4/000(1), Relator: EVANGELINA CASTILHO DUARTE, Data de Julgamento: 17/02/2009,
Data de Publicação: 13/03/2009)

RESPONSABILIDADE CIVIL. REQUISITOS ESSENCIAIS. "A responsabilidade civil define-se como


obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou de
pessoas ou coisas que dela dependam (...). É claro, porém, que a obrigação de indenizar está submetida a
alguns requisitos, cuja falta pode causar a inexistência de tal dever, quais sejam: ação ou omissão do agente,
culpa do agente, relação de causalidade, dano causado pela vítima"(TJ/RJ, 1a Câm. Ap 6448/97, rel. Des.
Amaury Arruda de Souza, m.v., j. 7.7.97).

PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

AÇÃO OU OMISSÃO RELAÇÃO/NEXO DE CAUSALIDADE

CULPA DO AGENTE DANO À VITIMA

CASO PRÁTICO N.ͦ 1 - “O cidadão A guia seu veículo de maneira imprudente pela via pública, acima da
velocidade permitida e sob o efeito de bebida alcoólica, vindo a perder o controle sobre o veiculo conduzido
que capota e invade a calçada, onde o cidadão B é atingido, ficando gravemente ferido. Durante a internação
de B no hospital C para o tratamento das lesões sofridas, bandidos invadem o local para praticar um assalto,
disparando tiros, sendo B atingido por um desses disparos, vindo a falecer em função do ferimento a bala.
Durante a autopsia, verifica-se que B tinha um câncer em estado avançado, possuindo poucos meses de
vida, o que fica provado medicamente.”

 Há responsabilidade civil de A sobre a morte de B? Explique.

 Há responsabilidade civil de A sobre as lesões de B? Explique.

 Há responsabilidade civil do hospital C sobre a morte de B? Explique.

 Se B tivesse morrido do câncer, e não em função do acidente ou dos disparos, haveria


responsabilidade de A ou C?

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