Resumo - Natureza Crítico-Axiológica do Conhecimento Filosófico
O conhecimento científico é o conhecimento no sentido da generalidade,
enquanto que o conhecimento filosófico é conhecimento do universal. A ciência opera sempre uma generalização e, em certo sentido, só há ciência do geral, ou melhor, do genérico. Quando atingimos explicações tão gerais que não seja possível pensá-las mais gerais ainda, dizemos que atingimos explicações universais. É por isso que podemos dizer que a ciência é conhecimento do genérico, ao passo que a Filosofia é conhecimento do universal. É em razão de seu caráter universal que se aponta a Filosofia como sendo a ciência por excelência, o saber dos primeiros princípios ou das causas primeiras. A Filosofia busca, por conseguinte, atingir respostas de valor universal, não redutíveis a contingências de espaço e de tempo, mas relativas à essência mesma dos problemas. Isto que distingue, de certa forma, o saber científico do saber filosófico. A busca de universalidade não exclui, mas antes exige a consciência da perfectibilidade ou da natureza inacabada e sempre provisória de todas as formas de conhecimento, filosófico ou científico. Criticar é fazer apreciação de algo segundo determinado critério, tão certo como pensar é julgar. Em Filosofia, empregamos a palavra crítica em sentido ainda mais restrito. A crítica filosófica é sempre a apreciação dos pressupostos de algo segundo critérios de valor, tanto assim que se pode afirmar que toda crítica se distingue por sua natureza axiológica. Daí preferirmos a expressão "crítico-axiológica" para pôr em realce o elemento valorativo como componente essencial do conhecimento crítico e como condição de sua objetividade. Quando fazemos crítica filosófica, em suma, o que procuramos conseguir são as condições primeiras, criticar é penetrar na essência de algo, nos seus antecedentes de existência ou então nos seus precedentes lógicos de compreensão. Quem filosofa valora. Valorar é ver as coisas sob prisma de valor. Valorar e avaliar são, portanto, palavras de sentidos distintos, embora complementares. A Filosofia implica valoração. Não é possível fazer crítica filosófica sem subordinar o criticado a um ângulo estimativo, dotado de objetividade. Se o elemento estimativo ou axiológico está no âmago das ciências culturais, a Filosofia é o único saber que "valora os valores", Só ela é, pois, transcendentalmente axiológica, visto como as ciências culturais esquadrinham valores já concretizados historicamente em esferas particulares da realidade.