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Excepcionalidade, deficiência
ou pessoas com necessidades
especiais?
Boa aula!
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Educação Especial e Escola Inclusiva
Para Refletir
Qual é a sua opinião? Somos iguais ou diferentes?
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Após discutimos alguns aspectos da educação e Segundo o mesmo autor, o Renascimento
seu processo de ensino-aprendizagem e abordamos foi uma época de perspectivas humanistas para o
as dificuldades em considerar as diferenças, teremos portador de deficiências, pois era visto de maneira
agora um momento para refletirmos acerca das mais natural, no entanto, não mais aceitável.
deficiências, excepcionalidades ou, ainda, pessoas Esse pensamento marcado por preconceitos,
com necessidades educacionais especiais. desvalorização e por incapacidades, durou até o
advento da ciência no século XVIII e permaneceu
Segundo a Organização Mundial de Saúde,
até o século XX.
o termo Deficiência trata-se da ausência ou a
Na atualidade, os acontecimentos apontam para
disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou
uma crescente evolução do conceito de deficiência,
anatómica, inserida na biologia da pessoa. Dessa assim como das condições das pessoas com
forma, o termo pessoa com deficiência refere-se deficiência, tratando-se dos direitos, necessidades
a qualquer pessoa que possua uma deficiência. É de inserção e de integração.
preciso observar, pois em contextos legais o termo
pessoas com deficiências é utilizado de forma mais
restrita, estando sob o amparo da lei.
Olá pessoal, estão acompanhando???
Ao longo dos séculos, a forma concebida de
Parece que as atitudes e pensamentos em relação às
deficiência vem sofrendo alterações estruturais,
deficiências começam a mudar a partir do final do século XX,
assim como a forma de a sociedade lidar com os
entrando no século XXI com atitudes mais positivas e proativas.
portadores de tal deficiência.
Olá, Pessoal! A seguir faremos uma Vizin (1997), em seu histórico sobre deficiência,
retomada desde a antiguidade, para mostra que o termo está carregado de negatividade
percebermos esta transformação e foi construído por meio de práticas sociais de
que vem acontecendo tanto na exclusão. O que se torna evidente é a visão de algo
terminologia aplicada quando aos
incompleto, ineficiente, deficiente, não funcional
preconceitos e atitudes referentes
dentro dos parâmetros legítimos da sociedade.
as pessoas com deficiências.
Dando continuidade, a autora coloca que a
ideologia cristã defendeu que essas pessoas, apesar de
Na Grécia antiga, a perfeição do corpo era deficientes, eram consideradas humanas, impedindo
algo extremamente cultuado. Os portadores de assim a prática de eliminação dos deficientes vivos.
deficiência eram sacrificados ou escondidos. Em
Eram amparadas pela igreja em troca de serviços
Roma, eram levados a participar de purificações,
braçais, ou eram torturadas e condenadas nos tribunais
para livrá-los dos seus maus desígnios. Na idade
média, somente os portadores de deficiência da Santa Inquisição. Um exemplo clássico é retratado
eram considerados loucos, criminosos ou, ainda, na história do “Corcunda de Notre Dame”.
possuídos por demônios. Eram, portanto, excluídos
e afastados do convívio social ou até mesmo
sacrificados em alguns momentos. Santo Agostinho
(354-430 d.C.) atribuía à deficiência mental a culpa,
punição e expiação dos antepassados pelos pecados
cometidos. São Tomás de Aquino, seis séculos mais
tarde, considerou a deficiência como uma espécie de
demência natural e não absolutamente um pecado.
Tanto na antiguidade quanto na idade média, os
portadores de deficiências eram vistos de formas
Figura 12: Corcunda de Notre Dame
distintas, ora eram sacrificados, como um mal a ser Fonte: http://blogs.diariodepernambuco.com.br. 2012.
evitado, perseguidos e evitados como possuídos
pelos demônios, ora privilegiados, como detentores
de poderes, protegidos e isolados como insanos e Na imagem acima podemos observar o menino
indefesos ou ainda lamentados, como reparadores com deficiência e sua autoridade com a feição um
de pecados cometidos contra Deus (VIZIN, 1997). tanto hostil!
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Educação Especial e Escola Inclusiva
Para Refletir
E você, por onde andam seus preconceitos? O que você está
sentindo em relação a toda essa evolução da deficiência?
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belo, forte, produtivo, com profunda repercussão Mais louco é quem me diz
em leis e na educação das pessoas, de uma maneira E não é feliz, não é feliz
geral (FERREIRA, 2003, p. 49)
O contexto vem sendo discutido ao longo da Eu juro que é melhor
história e na atualidade se torna emergente. Não ser um normal
Com a Declaração de Salamanca (1994, Se eu posso pensar
UNESCO), surgiu o termo necessidades educativas Que Deus sou eu
especiais, que veio a substituir o termo criança
especial, anteriormente utilizado em educação para Se eles têm três carros
designar a criança com deficiência. Porém, esse novo Eu posso voar
termo não se refere apenas à pessoa com deficiência, Se eles rezam muito, eu sou santa
pois engloba toda e qualquer necessidade considerada Eu já estou no céu
atípica e que demande algum tipo de abordagem Mais louco é quem me diz
específica por parte das instituições, seja de ordem E não é feliz, não é feliz
comportamental, seja social, física, emocional ou
familiar. Aqui são consideradas também as dificuldades Eu juro que é melhor
de aprendizagem ou, ainda, as crianças chamadas de Não ser um normal
superdotadas, as que apresentam problemas de conduta Se eu posso pensar
e de ordem emocional. (WIKIPÉDIA, 2012 ) Que Deus sou eu
2 – Excepcionalidade e deficiência
Tenha em mente qual é o conceito de deficiência, Vale a pena assistir
e toda a sua trajetória. Para fixar, apresento novamente
o conceito pela OMS. “Deficiência é a ausência ou
• O corcunda de Notre Dame, 300 e Borboletas de
a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou
anatómica, inserida na biologia da pessoa”. Zagorsk. <http://www.youtube.com/watch?v=bA_
Portadores de necessidades especiais segundo a GMtqUGeQ>.
Declaração de Salamanca
A declaração de Salamanca não se remete
exatamente às pessoas com deficiências. Ela
coloca a importância das necessidades educativas
especiais e estas se relacionam também as altas
habilidades, dificuldades de aprendizagem e
déficit de atenção e hiperatividade.
Vale a pena
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