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Resumo: Quando se fala de organizações complexas, a literatura possui duas grandes escolas de visões contrárias,
sendo a primeira chamada de "teoria dos acidentes normais" que apresenta um prognóstico mais pessimista. Nela é
dito que acidentes, que utilizam sistemas de tecnologias altamente complexos, são inevitáveis. Já a segunda escola, tem
uma visão mais otimista e é chamada de "teoria da alta confiabilidade", cujos proponentes argumentam que operações
extremamente seguras são possíveis, mesmo com o uso de tecnologias altamente perigosas, desde que técnicas
adequadas de projeto e de gerenciamento organizacional sejam seguidas. As Organizações de Alta Confiabilidade
(OAC), são um tema recente, mesmo à nível internacional, pois começaram a ser estudada na década de 1980 nos EUA
no campus de Berkley na Universidade da Califórnia. Porém, para que uma organização atinja um grau de alta
confiabilidade, é necessário trabalhar a maturidade da sua cultura de segurança. Sem uma cultura bem desenvolvida ,
madura, o caminho na direção de uma OAC se torna mais difícil, uma vez que a cultura tem a capacidade de permear
por toda a organização e sem ela, não se cria a base necessária em termos de mapa mental da organização, para que
um alto grau de confiabilidade seja atingido. Portanto, sem uma sólida cultura de segurança, uma organização não
consegue caminhar quando o seu objetivo é ser percebida como uma OAC.
1 - Situação Problema:
2 - Objetivos geral:
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3 - Objetivos específicos:
4 - Metodologia:
Para este artigo foi realizado uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de compreender como
uma cultura de segurança bem desenvolvida/madura pode ajudar uma organização a ser conduzida ao
conceito de organização de alta confiabilidade e ser gerida como tal.
É utilizada a revisão de literatura como estratégia de pesquisa. O trabalho envolve dois temas
principais em uma mesma pesquisa, que são: cultura de segurança e as organizações de alta
confiabilidade. A pesquisa é descritiva e explicativa.
5 - Resultado:
O termo OAC foi originado nos anos oitenta, especificamente em 1987, por um grupo de
pesquisadores no campus de Berkley na Universidade da Califórnia, liderados por Todd La Porte,
Karlene Roberts e Gene Rochlin. Eles observaram que muita pesquisa tinha sido feita sobre
organizações que já tinham experimentado desastres, mas muito pouca pesquisa sobre organizações
que, apesar de operarem tecnologias altamente perigosas, funcionavam sem contratempos, sem
consequências catastróficas (HOPKINS, 2007). Eles pesquisaram em profundidade três organizações,
que foram as seguintes: o sistema de controle de tráfego americano, as operações de uma usina nuclear
(Pacific Gas and Eletric’s Diablo Canyon reactor) e um porta-aviões nuclear da marinha americana
(USS Carl Vinson). Quase toda a literatura sobre OAC deriva destas três pesquisas.
Hopkins (2007, p. 3-6) faz um resumo sobre as dificuldades para se encontrar a melhor
definição para uma OAC. Nesta fase de definição, apareceu uma nova abordagem para caracterizar
uma OAC, baseada no estudo empírico desenvolvido pelos pesquisadores originais deste assunto,
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através de uma lista de características que descrevia as três organizações estudadas. O conjunto de
características que foi identificado se relacionava com a natureza da tecnologia em uso, ou seja,
complexa, exigente, acoplamento sem folga (no sentido de que as sequências dos eventos são rápidas e
difíceis de serem interrompidas) e altamente perigosa. Porém, a definição que prevaleceu foi a de Karl
Weick, que diz que é necessário examinar como estas organizações empreendem os seus negócios e,
desta forma, ele sai do contexto original e coloca ideias relevantes. Ele reconceitualizou as OAC como
sendo organizações conscientes. Esta é uma mudança sutil da terminologia uma vez que se afasta de
questões do quão segura uma organização tem que ser antes de poder ser considerada uma OAC e
destaca, em vez disso, o que uma organização necessita fazer para alcançar o estado final requerido.
Weick e Sutcliffe (2001) caracterizam as OAC como em constante estado de alerta para
eventos inesperados que podem causar impactos negativos em suas rotinas. São cinco as características
relacionadas por eles:
As OAC entendem que longos períodos de sucesso geram complacência e, por isto, tratam do
sucesso com extremo cuidado. Buscam a falha incessantemente, sempre à procura de lapsos e erros,
onde estes podem funcionar como gatilho de falhas maiores. São atentas em relação aos avisos de
perigo, no sentido de que se estes são identificados e tratados, desastres podem ser evitados. Possuem
também sistemas bem desenvolvidos de reporte de quase acidentes ou de qualquer tipo de falha. Os
avisos antes da quase fusão da usina nuclear de Three Mile Island, em 1979, não foram sinais fracos,
perdidos no ruído de fundo; eles foram cartas e memorandos dos engenheiros prenunciando
exatamente o que aconteceu (HOPKINS, 2001, p. 68). Eles foram ignorados, não porque eles eram
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indistinguíveis do ruído, mas porque a organização em referência não tinha a capacidade de escutar
(foi a experiência de Three Mile Island que transformou as usinas nucleares, pelo menos nos EUA, em
Organizações de Alta Confiabilidade).
Weik e Sutcliffe (2001, p. 3-4) afirmam que a diferença-chave entre as OAC e as outras
organizações em gerenciar o inesperado, frequentemente ocorre nos estágios mais iniciais, quando o
inesperado emite apenas sinais fracos. A tendência é responder aos sinais deficientes com respostas
deficientes. As organizações conscientes conservam a capacidade de entender o significado de sinais
deficientes e de dar uma resposta firme a estes sinais. O trabalho interpretativo é um grande diferencial
nas OAC.
Segundo Hopkins (2007, p. 8) tanto os pesquisadores sobre OAC quanto os pesquisadores
sobre cultura de segurança, convergem sobre a necessidade de se identificar sinais de avisos, analisar
sua significância e atuar sobre a análise. Reason (1997, p.195-197) identifica vários aspectos de uma
cultura de segurança, mas diz que antes de mais nada ela é uma cultura de reporte, onde as pessoas são
preparadas a reportar erros, quase-acidentes, condições inseguras, procedimentos inadequados e
qualquer outra preocupação que possam ter sobre a segurança.
As OAC não descartam informações com facilidade, elas simplificam menos e ampliam o seu
campo de visão. As OAC creditam à redundância um aspecto vital para a coleta e interpretação de
dados visando evitar o desastre. A redundância é absolutamente essencial se for para produzir
segurança e confiabilidade dentro de organizações complexas e defeituosas (SAGAN, 1995, p. 21).
Portanto, as OAC coletam, analisam e priorizam sistematicamente, todos os avisos/sinais de que
alguma coisa pode estar errada. A coleta sistemática e as análises de acidentes e quase-acidentes
acontecem devido a um desejo que vai além da simples explicação das falhas humanas, mas
principalmente identificar potenciais causas básicas sistêmicas.
Uma terceira característica das OAC é que os operadores da linha de frente esforçam-se para
permanecerem tão conscientes/sensíveis quanto possível em relação ao estado atual da operação, além
de observarem como a situação presente pode impactar em uma situação futura. Desta forma, eles
evitam um pensamento do tipo silo, ou seja, quando operam dentro de sua esfera de influência sem
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pensar sobre o mais remoto impacto de sua atividade. Uma cultura de silos tem envolvido muitos
acidentes organizacionais (HOPKINS, 2005, parte B, p. 41).
Weick e Sutcliffe (2001, p. 13) observam que num sistema onde as pessoas se recusam a falar
por medo, isto representa uma perda de oportunidade para saber mais sobre ele mesmo visando
manter-se cada vez mais efetivo. Nas OAC não se consegue visualizar o todo das operações se os
sintomas são omitidos. Torna-se vital então possuir um sistema de reporte bem desenvolvido,
suportado por uma capacidade de aprendizagem organizacional em relação ao que é reportado. Mais
do que outros tipos de organizações, as OAC são atentas à linha de frente, onde o trabalho real está
sendo realizado, sendo menos estratégicas e mais pontuais em relação ao quadro geral.
Nas OAC, quando as operações são realizadas por longo tempo por um profissional, as
decisões migram para estas pessoas que possuem um maior nível de especialização ou conhecimento
sobre algum evento em questão. Estas pessoas podem estar em posições relativamente inferiores na
hierarquia organizacional, mas em algumas situações os gerentes de maior senioridade acatarão seus
conhecimentos. Quando a situação retorna ao normal, as decisões seguem a hierarquia do dia a dia.
O princípio do respeito e consideração em relação à profissionais altamente qualificados, pelo
contrário, encontra mais substância em tempos de situações não críticas. A decisão de lançar o ônibus
espacial Challenger, ocorrido em 28 de Janeiro de 1986, foi feita contra o conselho de engenheiros
especialistas. Este foi um caso onde a tomada de decisão não migrou para os especialistas. Se isto
tivesse sido feito, sete vidas não teriam sido perdidas. A Challenger foi a vigésima quinta missão dos
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ônibus espaciais da NASA desde o primeiro lançamento em 12/04/1981 com a nave Columbia
(LLORY, 2001, p. 169). Outro exemplo, foi o incêndio seguido de explosão da plataforma de petróleo
Piper Alpha ocorrido em 06/07/1988 no Mar do Norte que provocou a morte de 165 pessoas das 226
que encontravam-se à bordo, que foi alimentado por combustível, a partir de duas plataformas vizinhas
(Claymore e Tartan). Os gerentes destas plataformas estavam cientes do que estava acontecendo, mas
não fecharam a válvula porque eles estavam relutantes em fechar a sua própria produção de óleo, pois
não tinham sido autorizados a fazê-lo (plataformas podem levar vários dias para retornar à produção
normal depois de um desligamento). Estes exemplos deixam claro que o princípio de transferir o poder
de tomada de decisão tem muito a evoluir.
Não está claro o quão generalizável este princípio é. Existem evidências de que acidentes
podem ser o resultado de decisões feitas em muitas partes de uma organização por pessoas que não
estão conscientes da total implicação de suas decisões.
Weick (1987, p. 112) assevera que os acidentes acontecem devido aos seres humanos, que
operam e gerenciam sistemas complexos, não serem totalmente preparados para perceber e antecipar
problemas gerados por estes sistemas. Este é um problema de “variação de requisito”, ou seja, a
variação que existe no sistema a ser gerenciado é superior à variação das pessoas que devem
administrá-lo. Quando isto acontece, as pessoas perdem informações importantes, seus diagnósticos
são incompletos, suas ações são míopes, além de aumentarem ao invés de reduzirem o tamanho do
problema. Sobre este assunto ele faz três comentários importantes:
1º) Sobre a variação de requisitos Weick (1987, p. 117) afirma que a riqueza da informação aumenta
quando as pessoas trabalham face a face e diminui à medida que sai do contato pessoal para interações
por telefone, comunicações escritas, etc. Diz também que uma equipe composta por pessoas
heterogêneas possui uma maior variação do que uma outra equipe composta por pessoas mais
homogêneas;
2º) Sobre a confiabilidade ser dinâmica e invisível, Weick (1987, p. 118) ressalta que ela é dinâmica
no sentido de que é uma condição que está em andamento, onde os problemas estão sob controle
devido às mudanças compensatórias nos componentes do sistema. Ela é invisível pelo menos de duas
formas: quando as pessoas não sabem quantos erros elas poderiam ter cometido (e não cometeram),
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onde na melhor das hipóteses as pessoas possuem uma ideia bruta do que produz confiabilidade e quão
confiável elas são; e quando os resultados confiáveis são constantes, o que pode significar que não
existe nada para se prestar atenção. Isto pode induzir a uma forma de operação passiva, reativa, ao
invés de uma forma mais ativa e estratégica, ou seja, alguém sempre espera que algum erro esteja por
acontecer.
3º) Sobre culturas de confiabilidade Weick (1987, p. 123) comenta que o truque dos sistemas de alta
confiabilidade é trabalhar a centralização e descentralização de forma simultânea. Porém, alerta que
isto é difícil de ser desenhado. É aqui que se abre uma porta para a cultura. Tanto a cultura quanto os
procedimentos operacionais podem impor ordem e servir como substitutos para a centralização. Ele
também aborda a questão da dupla investida em direção à centralização e descentralização, evidentes
nos sistemas de alta confiabilidade. Weick (1987, p.124)) argumenta que antes que uma organização
de alta confiabilidade possa descentralizar-se com êxito, ela primeiro deve passar pelo processo de
centralização. Ele explica da seguinte forma:
Segundo Sagan (1995, p. 27), os teoristas da alta confiabilidade acreditam que tecnologias
perigosas podem ser controladas de forma segura por organizações complexas, desde que as técnicas
de projeto e de gerenciamento sejam seguidas. Esta conclusão otimista é baseada no argumento de que
a organização atende às quatro condições específicas abaixo, criadas para manter uma segurança
adequada:
1º) A elite política e os líderes da organização colocam uma alta prioridade sobre a segurança e
a confiabilidade.
2º) Existe significativo nível de redundância, permitindo backup ou unidades de sobreposição
para compensar as falhas.
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3º) Taxas de erros são reduzidas através da descentralização da autoridade, forte cultura
organizacional, operação e treinamento contínuos.
4º) O aprendizado organizacional acontece através de um processo de tentativa-erro,
suplementado por antecipação e simulação.
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indicadores de feedback devem ser escolhidos baseados na identificação de sinais críticos do aumento
de risco, assim como eventos não desejados. Os indicadores de tendência devem ser selecionados para
refletir os fatores-chave de preocupação e áreas de prioridade da organização. Vários indicadores de
tendências podem ser priorizados de acordo com as necessidades atuais da organização. Anualmente,
os indicadores de tendência podem sofrer ajustes dependendo das questões a serem abordadas, assim
como devido às descobertas feitas pelos indicadores de monitoramento (REIMAN; PIETIKÄINEN,
2010, p. 31).
O papel dos indicadores de desempenho de segurança é fornecer informação sobre segurança,
motivar as pessoas para trabalhar sobre a segurança e contribuir para mudar na direção do aumento da
segurança.
O mais importante em um indicador é o que ele indica sobre o desempenho de segurança.
Hopkins (2009, p. 464) assevera que deve-se tomar muito cuidado quando se decide incluir, nos
pagamentos de bônus, os indicadores de atividades, pois existe o risco de haver um incentivo ao
gerenciamento do indicador, ao invés de se gerenciar o fenômeno em si. Quando os indicadores de
segurança dizem respeito às atividades, pode haver uma variação em relação à sua qualidade assim
como à sua quantidade, podendo até aumentar a quantidade em detrimento da qualidade. Nestes casos,
ele diz que o foco é voltado para gerenciar as métricas, em vez de gerenciar a segurança, e aí os
indicadores passam a não indicar mais o que supostamente deveriam indicar. O perigo do que foi
escrito é produzir o efeito de esconder os fenômenos.
O objetivo maior dos indicadores de desempenho de segurança é o de fornecer informações
pró-ativas e reativas sobre se os requisitos do sistema de segurança estão sendo atendidos ou não, para
que medidas de correção de rumo possam ser tomadas, visando tornar o sistema mais maduro e,
consequentemente, fazer com que a organização tenha uma visão precisa dos requisitos. Além deste
objetivo, eles motivam as pessoas a trabalharem com mais segurança.
Não existe diferença entre indicadores de desempenho de segurança e indicadores da cultura
de segurança, uma vez que eles medem o mesmo fenômeno.
Este conceito teve origem na década de 1980 no Software Engineering Institute (SEI) dos
EUA, para atender a uma necessidade do Governo federal americano de avaliar a capacidade das
empresas contratadas para desenvolver sistemas de informática. O modelo era composto de cinco
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estágios de maturidade: inicial, repetível, definido, gerenciado e otimizável. Westrum (1993, p. 402),
baseado no fluxo de como as informações são tratadas na organização, criou três estágios de cultura:
patológico, burocrático e o construtivo. Fleming (2001, p. 2), a partir do conceito de maturidade do
SEI, criou um modelo de maturidade da cultura de segurança, com o objetivo de ajudar as empresas de
petróleo do Reino Unido a identificar a maturidade da sua cultura e quais seriam as ações necessárias
para melhorá-la. O modelo dele é composto de cinco estágios também: emergindo, gerenciando,
envolvendo, cooperando e melhoramento contínuo. Porém, Hudson (2001), a partir do modelo criado
por Westrum (1993), propôs um outro modelo de maturidade da cultura de segurança composto
também por cinco estágios: patológico, reativo, calculativo, pró-ativo e construtivo. Vide figura 02
abaixo:
Figura 02 – Modelo de Maturidade da Cultura de Segurança
Segundo o grupo de trabalho da UK Oil and Gas Industry (STEP CHANGE IN SAFETY,
2001b, p. 6), os indicadores pró-ativos de desempenho podem ser usados tanto como parte do controle
do processo quanto melhoramento contínuo. Eles desenvolveram um processo de melhoramento
contínuo para a cultura de segurança em cima do modelo de cinco estágios, desenvolvido por Fleming
(2001) reduzindo para três níveis apenas. A cada nível de maturidade, as questões que são as mais
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importantes, para a melhoria do desempenho e para as ações que ajudarão a subir para o próximo nível
de maturidade, são diferentes.
Grüninger (2009, p. 78-79) diz que um sistema de gerenciamento de segurança sozinho, não
leva uma empresa a um melhor desempenho em segurança. É consenso que, além de possuir um
sistema, é necessário ter o desejo de colocá-lo em prática. É preciso que seja estabelecida uma cultura
de segurança madura. O sistema de gerenciamento de segurança estabelece a estrutura organizacional,
as políticas, procedimentos e os processos que proporcionam a organização a competência necessária
para assegurar operações seguras. A cultura de segurança, fomenta as atitudes positivas necessárias na
direção do sistema de gerenciamento, de forma que os processos possam ser eficazes. A figura 03
abaixo mostra isto:
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de consciência. Nosso interesse em cultura de segurança origina-se (em parte) da sua preocupação com
a consciência.”
Hopkins (2005, p. 22) conclui, ressaltando que é obvio que os conceitos de cultura de
segurança, consciência e consciência do risco são intercambiáveis. A escolha de um ou outro destes
conceitos é uma questão de estilo linguístico. Todos se referem aos aspectos da cultura organizacional
que conduzem à segurança. Um ponto importante é que todos operam tanto no nível individual quanto
no organizacional.
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Em seu guia prático para mudança comportamental, chamado Changing Minds (STEP
CHANGE IN SAFETY, 2001a, p. 6), o grupo de trabalho da UK Oil&Gas Industry Step-Change in
Safety, afirma que não é suficiente para uma organização ter bons sistemas, porque o desempenho é
determinado em função de como as organizações de fato “sobrevivem” ou como representam seus
sistemas. A cultura de segurança tem sido descrita como valores e atitudes coletivos das pessoas na
organização, ou seja, “é a maneira como fazemos as coisas aqui”. Isto também pode ser considerado
como o resultado das interações entre a “pessoa”, a “tarefa” e os fatores organizacionais. O clima de
segurança são os aspectos superficiais da cultura de segurança refletida nas atitudes e percepções dos
empregados, Estes elementos são combinados conforme a figura 04 abaixo:
Uma implicação importante das interações apresentadas na figura 04 acima é que enquanto o
comportamento inseguro de um indivíduo é frequentemente o ato final da sequência de um acidente, o
seu comportamento já terá sido influenciados pela tarefa, pelo ambiente e pela organização onde
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trabalha. Portanto, a visão de que a segurança pode ser melhorada, focando somente no
comportamento dos trabalhadores da linha de frente, está equivocada. A mudança comportamental é
improvável de obter sucesso a menos que o ambiente da tarefa e os fatores organizacionais sejam
considerados também. Isto demanda mudanças comportamentais em todos os níveis da organização,
não somente no nível dos trabalhadores.
Em seu guia prático para mudança comportamental, chamado Changing Minds (STEP
CHANGE IN SAFETY, 2001a, p. 11-12), o grupo de trabalho da UK Oil&Gas Industry Step-Change
in Safety, ressalta duas coisas importantes: 1ª) que uma revisão nos programas de mudança
comportamental mostra que bons programas, que dão certo em um local, podem falhar em outro; 2º)
quando se elabora um modelo de maturidade da cultura de segurança, este se refere à maturidade
comportamental da organização como um todo e não da maturidade dos sistema de gerenciamento da
segurança.
A maturidade da cultura de segurança de uma organização afeta a maneira pela qual os
sistemas da organização são usados de forma efetiva para melhorar o desempenho ou para
simplesmente estar em conformidade. O nível de maturidade da cultura de segurança da organização
influencia na seleção de quais programas de mudança comportamental são mais apropriados e mais
prováveis de se ter sucesso em sua aplicação. Vale ressaltar que um programa, que é adequado para
uma organização ou site, pode não ser adequado para outro que está em um nível de maturidade mais
alto ou mais baixo.
6 – Conclusão:
De um modo geral, a operação de potenciais tecnologias perigosas está num nível cada vez
mais crescente. Existem áreas, cujo trabalho envolve este tipo de tecnologia e que lida com questões
extremamente complexas, tais como a energia nuclear, controle de tráfico aéreo, trabalho offshore das
empresas de petróleo etc. É imperativo saber, nestes casos, se as estratégias de gerenciamento são bem
desenvolvidas o suficiente para tratar destas questões extremamente desafiadoras. Os três exemplos de
organizações perigosas apresentados neste artigo devido às características da sua complexidade
(Pacific Gas and Eletric Company, o centro de controle do tráfego aéreo dos EUA e o porta-aviões
Carl Vinson da marinha americana), são organizações que se encaixam perfeitamente dentro do
conceito de uma OAC, organizações que operam quase livre de erros por longos períodos de tempo.
Deve-se atentar se as tecnologias complexas podem causar algum problema para a organização e no
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caso da existência desta possibilidade, que os seus operadores sejam preparados para que tenham
responsabilidade suficiente para lidar com este tipo de situação. Então, o que as OAC fazem de
diferente em relação às outras organizações que já experimentaram grandes catástrofes apelidadas de
acidentes organizacionais?
É a partir deste ponto que se inicia as conclusões deste artigo. Elas sugerem o que uma
organização pode desenvolver para praticar esta forma de gerenciamento, desde que sua estratégia seja
no sentido de se tornar uma OAC. Portanto, as seguintes conclusões podem ser tiradas a partir do texto
deste artigo:
1ª) Que uma organização sem uma cultura de segurança bem madura terá grandes dificuldades para
atingir o patamar de uma organização de alta confiabilidade. A cultura, neste caso, serve para
estabelecer o alicerce necessário para que a construção de um ambiente de alta confiabilidade possa ser
implementado. Apenas para citar como exemplo, as OAC possuem cinco grandes características,
porém uma delas baseia-se no processo de centralização e descentralização, que para ser praticado,
exige uma cultura de segurança bem madura, além de uma grande confiança entre os membros do
grupo. Aliás, vale ressaltar que a relação de confiança é um ingrediente importantíssimo no
desenvolvimento da cultura de segurança que é construída lentamente, ao longo do tempo, com
comprovadas ações de fidedignidade. Afinal, confiança não se conquista do dia para a noite, mas sim
através de atitudes.
Caso uma organização decida, de forma estratégica, se tornar uma organização de alta
confiabilidade, é preciso que o seu corpo executivo demonstre, de forma visível, para toda a força de
trabalho, que a liderança exercida por eles coloca a segurança no mesmo patamar de importância das
outras disciplinas (produção, operação, financeiro etc), ou seja, as decisões são tomadas levando em
consideração as questões de segurança principalmente. Caso seja necessário decidir por uma parada na
produção devido às questões ligadas à segurança, que não haja hesitações e que a produção seja
interrompida até que todas as ações, para tornar o processo seguro, novamente tenham sido tomadas e,
a partir deste momento, a produção seja retomada. O mesmo exemplo se aplica às demais áreas, tais
como operações e financeiro. Quando demonstrações como esta passam a ser visíveis por toda a força
de trabalho, o corpo executivo da organização, através de suas gerências, passa uma mensagem nas
entrelinhas, de que qualquer decisão que venha ser tomada pela organização incluirá a segurança no
balanço das decisões. Dessa forma, transmite-se maior confiança para que toda a força de trabalho faça
os reportes necessários, no sentido de tornar a organização mais segura, uma vez que o ambiente fica
mais confiável, aumentando o nível de maturidade da organização como um todo.
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2ª) Em relação aos indicadores pró-ativos, a importância estratégica em se adotar estes indicadores no
gerenciamento do desempenho da segurança, para que seja facilitado o entendimento da dinâmica da
segurança dentro da organização. Neste artigo foram apresentados dois tipos básicos de indicadores (os
pró-ativos e os reativos), sendo que os pró-ativos são de dois tipos: os de tendência e os de
monitoramento.
Em linha com a primeira conclusão, torna-se fundamental colocar a própria cultura de
segurança como uma dos indicadores pró-ativos para medir o desempenho da segurança. Agindo desta
forma, a organização passa a ter uma quantidade de informações suficientes que lhe dará plenas
condições de saber em que direção está indo a sua cultura de segurança. Baseado nestes dados, o corpo
executivo da organização, por meio de suas gerências, pode tomar as ações necessárias ou até mesmo
rever suas estratégias para tornar a sua cultura de segurança mais madura.
Os indicadores pró-ativos certamente tornam mais fácil o trabalho da organização no sentido
de administrar melhor os aspectos da cultura de segurança, funcionando como um balizador no sentido
de acusar se as ações implementadas estão ou não surtindo o efeito desejado. Porém, para que eles
funcionem adequadamente, é preciso que os indicadores de tendência sejam bem selecionados para
que possam mudar, manter, reforçar ou reduzir alguma coisa no sistema sóciotécnico.
Desta forma, pode-se concluir que não se deve apenas inserir, na estratégia de gerenciamento
do desempenho da segurança, os indicadores reativos tradicionais, tais como os famosos TFCA e
TFSA, mas também e principalmente os indicadores pró-ativos que ajudarão a antecipar o potencial de
algumas funções ou processos organizacionais chave, no sentido de tornar o sistema sóciotécnico mais
seguro e confiável. É preciso fazer periodicamente uma reavaliação dos indicadores, ou seja, ter a
certeza de que os indicadores selecionados são os mais adequados para o problema a ser medido e para
a fase de maturidade de segurança que a organização está vivendo. Desta forma, a organização poderá
chegar à conclusão se está ou não concentrando seus esforços na direção correta e a partir daí,
estabelecer um plano de ação corretivo, caso perceba que o rumo não estava na direção desejada.
3ª) Em relação à maturidade da cultura de segurança foi possível perceber através da revisão da
literatura, que não se consegue chegar num alto nível de cultura de segurança do dia para noite. É
preciso ter no plano estratégico da organização a real intenção de se atingir um alto grau de maturidade
de forma gradativa. Mudar a cultura de segurança de uma organização é um trabalho de médio/longo
prazo (5 anos seria um prazo mínimo) e, além disso, requer um dispêndio de energia muito grande por
parte do CEO e do seu corpo de executivos. É preciso ter em mente que, quando se desenvolve um
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