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René Descartes nasceu no ano de 1596 em La Haye, cidade que hoje se den
La Haye-Descartes em sua homenagem.
Com oito anos, entrou no colégio jesuíta Royal Henry-Le-Grand em La Flèche
permaneceu durante nove anos. Nesta instituição foi aluno do Padre Estev
Noel, que lia Pedro da Fonseca
Dúvida
Segundo Descartes, a verdade e a certeza apenas se inserem na razão. A estr
utilizada por esta última, para apresentar uma forma de validade universal
conhecimento, consistia no recurso à dúvida. Ao nos colocarmos numa posiç
que duvidamos totalmente dos factos, possivelmente vamos poder extrai
ideia que foi capaz de resistir à incerteza mais rígida da nossa atitude,
denominada por dúvida metódica. René inicia sempre a sua desconfianç
dados dos sentidos, na medida em que estes últimos nos iludem para a rea
Mediante do uso excessivo e extremo da dúvida fecha a razão ao mund
sentidos, referindo a primeira como a única forma de se atingir o
conhecimento. Descartes chega até a duvidar da própria matemática, expla
a hipótese do indivíduo da antroposfera ter sido criado por um “génio ma
que nos ilude sempre que pensamos ter atingido um verdade clara e di
Devido a esta última afirmação Descartes interroga-se: “Haverá alguma
acerca da qual podemos ter total certeza?”. É através desta questão qu
norteamos para a primeira certeza: cogito ergo sum – penso logo existo
última declaração está imune ao génio maligno.
Racionalismo inatista
Descartes defende uma determinada posição do racionalismo: o racionalismo
Este tipo de racionalismo defende que existem três tipos de ideias: as inatas,
adventícias e as factícias. As ideias adventícias são aquelas que nos chegam a
dos sentidos, as factícias são provenientes da nossa imaginação, uma combin
imagens fornecidas pelos sentidos e retidas na memória cuja combinação nos
permite representar, imaginar coisas que nunca vimos. A grande questão, por
saber se todas as nossas ideias se podem explicar destes dois modos. Será o
triângulo uma ideia adventícia? Como explicar então a sua perfeição? Será um
factícia? Como explicar nesse caso a sua universalidade? E a ideia de Deus? C
explicar que seres finitos e imperfeitos como os homens, possam ter a ideia d
ser infinito e absolutamente perfeito?
A resposta que Descartes considera correcta diz que, para além das ideias
adventícias e factícias, os homens possuem ideias inatas, ideias que, nascida
connosco, são como que a marca do criador no ser criado à sua imagem e
semelhança. Estas ideias inatas, claras e distintas, não são inventadas por nós
produzidas pelo entendimento sem recurso à experiência. Elas subsistem no n
ser, num lugar profundo da nossa mente, e somos nós que temos a liberdade
pensar ou não. Representam as essências verdadeiras, imutáveis e eternas, ra
pela qual servem de fundamento a todo o saber científico.
“(...) quando começo a descobri-las, não me parece aprender nada de novo, m
recordar o que já sabia. Quero dizer: apercebo-me de coisas que estavam já n
espírito, ainda que não tivesse pensado nelas. E, o que é mais notável, é que
encontro em mim uma infinidade de ideias de certas coisas que não podem se
consideradas um puro nada. Ainda que não tenham talvez existência fora do m
pensamento elas não são inventadas por mim. Embora tenha liberdade de as
ou não, elas têm uma natureza verdadeira e imutável.”Méditations Métaphysiq
“Méditation cinquième”, p. 97-99.
Quais são então as ideias inatas? Fundamentalmente os conceitos matemático
ideia de Deus. Num texto dirigido à princesa Elisabeth, Descartes escreve: “A
primeira e a principal [das ideias inatas] é que há um Deus de quem todas as
dependem, cujas perfeições são infinitas, cujo poder é imenso, cujos decretos
infalíveis...”
Como diz Koyré: “Do desmoronamento das suas primeiras certezas, Des
apenas salvará as que não dependem da filosofia: a crença em Deus
Matemática.”
O Método
Descartes quis estabelecer um método universal, inspirado no rigor matemá
nas suas "longas cadeias de razão".
1. - A primeira regra é a evidência: isto é, não admitir "(…) nenhuma coisa c
verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal". Dito de outra forma,
toda "precipitação" e toda "prevenção", preconceitos, e tomar apenas como
verdadeiro o que for claro e distinto, isto é, o que "(…) eu não tenho a menor
oportunidade de duvidar". Por conseguinte, a evidência é descrita como algo q
se pode duvidar, é o que resiste a todos os assaltos da dúvida, apesar de todo
resíduos, o produto do espírito crítico. Não, como diz bem Jankélévitch, "(…) u
evidência juvenil, mas quadragenária".
2. - A segunda é a regra da análise: "dividir cada uma das dificuldades em ta
parcelas quantas forem possíveis".
3. - A terceira é a regra da síntese: "concluir por ordem meus pensamentos,
começando pelos objectos mais simples e mais fáceis de conhecer para, aos p
ascender, como que por meio de degraus, aos mais complexos".
4. - A última é a dos "desmembramentos tão complexos... a ponto de estar ce
nada ter omitido".
Se este método se tornou muito célebre, foi porque os séculos posteriores vira
uma manifestação do racionalismo.
Descartes procurava estabelecer regras universais para resolver problemas d
natureza. Isto é notado claramente em A Geometria, quando estabele
método que, segundo ele, resolve todos os problemas de geometria. Esse m
é aplicado na resolução do problema de Pappus pela primeira vez. A res
desse problema é considerada a base para o desenvolvimento da Geo
Analítica.
Matemática
Descartes foi um dos mais grandiosos matemáticos de todos os tempos. Teve
importância no desenvolvimento da geometria.
Como já referimos, foi no decorrer do ano de 1637 que concluiu o Discurso do
Método, obra que foi publicada acompanhada por três anexos, o um dos quais
Geometria. Escrita com a intenção de ilustrar matematicamente as consideraç
filosóficas gerais do Discurso do Método relativamente ao método científico, A
Geometria é