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CURSO 1: SIGMUND FREUD:

A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE

A sexualidade humana
marcada pelo desejo
Liége Lise
Importância da obra
Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)

Prefácio 3ª edição: “A rigor, meu objetivo


foi sondar o quanto se pode apurar
sobre a biologia da vida sexual humana
com os meios acessíveis à investigação
psicológica; era-me lícito assinalar os
pontos de contato e concordância
resultantes dessa investigação, mas
não havia por que me desconcertar
com o fato de o métodos
psicanalítico, em muitos pontos
importantes, levar a opiniões e
resultados consideravelmente
diversos dos de base meramente
biológica.” (p.125)

Sigmund Freud: Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)


Freud por Freud
Prefácio 4ª edição:

“Mas convém lembrar ainda que parte do conteúdo deste


escrito - a saber, sua insistência na importância da vida
sexual para todas as realizações humanas e a
ampliação aqui ensaiada do conceito de sexualidade -
tem constituído, desde sempre, o mais forte motivo para a
resistência que se opõe à psicanálise.”

E quanto à “ampliação” do conceito de sexualidade, que a


análise das crianças e dos chamados perversos tornou
necessária, todos aqueles que desde seu ponto de vista
superior olham desdenhosamente para a psicanálise
deveriam lembrar-se de quanto essa sexualidade
ampliada da psicanálise se aproxima do Eros do divino
Platão.” (p.126)

Sigmund Freud: Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)


Três ensaios sobre a sexualidade
Carta 121, 1899 a Fliess: “É possível que uma teoria da
sexualidade seja a sucessora imediata do livro dos
sonhos.”

A sexualidade na psicanálise está ligada a uma teoria do


desenvolvimento psíquico que começa com o nascimento
da criança e tem seus desdobramentos na vida adulta.

Assim Freud concebeu um modelo psicossexual que incluía


aspectos eróticos a partir de argumentos teóricos e
observáveis a partir de sua prática clínica.

Indo além do moralismo, provocou reações de reprovação e


criticas severas ao afirmar que existia uma sexualidade
infantil, ideia recebida como indecente.

Sigmund Freud: Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)


Três ensaios sobre a sexualidade

I – As aberrações sexuais

II – A sexualidade infantil

III – As transformações na puberdade

Resumo

Apêndice – escritos de Freud sobre a


sexualidade (33 trabalhos, de 1898 à
1940)

Sigmund Freud: Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)


Três ensaios sobre a sexualidade
Humanizou e ampliou o conceito de sexualidade.

Despatologizou a sexualidade. O sexo oral e anal,


sadomasoquismo, exibicionismo, voyeurismo,
fetichismo práticas ligadas à ela.

A homossexualidade deixou de ser entendida como desvio


de caráter ou perversão. Estaria ligada a fatores
hereditários e do meio. Freud, afirmava haver uma
interação entre a genética e o ambiente.

Conceitos como: zonas erógenas, auto-erotismo, pulsões,


libido, recalque, Complexo de Édipo, foram
fundamentados teoricamente nesse trabalho.
Sexualidade e Libido
Freud , na parte I, fala das aberrações sexuais. As
escolhas humanas são desviadas no seu objeto e no
seu alvo. Nossa sexualidade não tem objeto e
finalidade.

Faz um paralelismo das necessidade animas e


humanas e marca que no tocante a pulsão sexual,
no humano, não haveria uma nomeação precisa
para dizer dessa experiência. Equivale à ela a libido.

Libido = desejo, anseio


energia vital, ligada a sexualidade e as pulsões.

LUST: prazer, desejo.


Sexualidade e Narcisismo

Em 1915, nas notas de rodapé o


narcisismo figura como um
fenômeno presente nas
escolhas amorosas e sexuais.

Temos a tendência a escolher


alguém que nos remeta a nossa
própria imagem. Projetada em
outrem ou, naquele que
gostaríamos de ter sido.
Aberrações sexuais
Freud figura a pedofilia e a relação sexual com
animais.

“Por motivos estéticos, de bom grado se


atribuíram estas e outras aberrações graves
da pulsão sexual à loucura, mas isso não é
possível. A experiência ensina que não se
observam entre os loucos quaisquer
perturbações da pulsão sexual diferentes
das encontradas entre os sadios, bem
como em raças e classes inteiras. “ (p.140)
A sexualidade e as neuroses
A sexualidade desempenha um papel chave nos caminhos
do desejo: a histeria e a obsessão.

“Os sintomas são a atividade sexual dos doentes.” (p.155)

Histeria: vergonha, asco, moralidade e um não querer


saber.

“Enigmática contradição da histeria, registrando a


presença desse par de opostos, uma necessidade
sexual desmedida e uma excessiva renuncia ao
sexual.” (p.156)

“Ensejo apara o adoecimento: solução de compromisso,


transforma as aspirações libidinosas em sintomas.”

“Os neuróticos preservam o estado infantil de sua


sexualidade ou foram retransportados por ele.” (p.162)
A sexualidade infantil
Na vida adulta a infância tem uma influência maior que a
hereditariedade.

Amnésia infantil, conseqüência do recalcamento.

Período da latência, função da educação.

Sublimação: desvio das forças pulsionais sexuais das


metas sexuais e voltadas para outros fins, exemplo,
realizações culturais.

Diques das pulsões sexuais: asco, vergonha, moral,


educação, compaixão.

“A atividade sexual apóia-se primeiramente numa das


funções que servem à preservação da vida, e só
depois torna-se independente delas.” (p.171)

Manifestações da sexualidade infantil. Ex. o chuchar. É


auto erótica - não conhece um objeto sexual e seu alvo
está sob o domínio de uma zona erógena. (p.172)
Zonas erógenas

“Trata-se de uma parte da pele ou mucosa em que certos


tipos de estimulação provocam uma sensação prazerosa
de determinada qualidade.” (p. 172)

Com o conceito de zonas erógenas, subverte a noção de


“perversidade“.

As zonas erógenas, partes do nosso corpo fundamentais a


nossa sobrevivência, são também erotizadas a partir da
nossa relação com o outro. Por meios das experiências
infantis e dos estímulos oriundos do mundo adulto.

Os órgãos dos sentidos compõem nossa matriz erótica:


pele, paladar, olhar, olfato, escuta.

A partir da relação com o outro, cheirar, chupar, tocar, ver,


ouvir, ganham uma dimensão significante e fantasística.
Bissexualidade
Ampliação do conceito de sexualidade. Não é a anatomia que
determina nossa sexualidade.

A partir do conceito de pulsão parcial, ligada a função do órgão,


também construímos nossos modos de gozo.

Para Freud, trazemos uma bissexualidade potencial:


combinações variadas, características físicas e expressões
dos dois gêneros. Ao longo do desenvolvimento essas
expressões se definem.

Masculino e feminino não se definem exclusivamente pela


anatomia, mas pela maneira como cada pessoa se posiciona
frente ao desejo, ao gozo e aos objetos de prazer.
Investigação sexual infantil
A pulsão de saber - curiosidade infantil

O enigma da esfinge de onde vem os bebes?

Complexo de castração e inveja do pênis: fantasia infantil de


que todos os seres humano são dotados de um pênis.

Teorias do nascimento

“... As teorias sexuais infantis são reflexos da própria


constituição sexual da criança, e que, apesar de seus
erros grotescos, testemunham uma maior compreensão
dos processos sexuais do que se pretenderia de seus
criadores.” (p.185)
Características da vida sexual infantil
Auto-erótica – seu objeto encontra-se no próprio
corpo.

As pulsões parciais são desvinculadas e


independentes entre si em seus esforços para
obtenção de prazer.

O desfecho do desenvolvimento constitui a vida


sexual adulta. Alia a obtenção de prazer a
função reprodutora, as pulsões parciais sob o
primado de uma única zona erógena e o alvo
sexual num objeto sexual alheio.
Erotismo e sexualidade
1920 - Nota de rodapé: “Uma conseqüência
inevitável dessas considerações é que devemos
atribuir a cada indivíduo um erotismo oral, anal,
uretral etc., e que a constatação dos complexos
anímicos correspondentes a estes não implica
nenhum julgamento sobre anormalidade ou
neurose.

As diferenças que separam o normal e o anormal só


podem residir na intensidade relativa a cada
componente da pulsão sexual e no uso que lhes
é dado no decorrer do desenvolvimento.” (p. 194)
Sexualidade e etiologia dos sintomas

“Quando um médico trata de um neurótico adulto pela


psicanálise, o processo que ele realiza de pôr a
descoberto as formações psíquicas, camada por
camada, capacita-o, afinal, a construir
determinadas hipóteses quanto à sexualidade
infantil do paciente; e é nos componentes dessa
última que ele acredita haver descoberto as
forças motivadoras de todos os sintomas
neuróticos da vida posterior. Estabeleci essas
hipóteses em meus Três Ensaios sobre a Teoria da
Sexualidade (1905d) e estou ciente de que, a um
leitor leigo, elas parecem tão estranhas quanto
parecem, para um psicanalista, não ser
controvertidas.” (Caso pequeno Hans. 1909)
A dimensão do desejo na Psicanálise

O ser humano é insatisfeito por natureza, porque


não há nada no mundo que consiga
responder integralmente ao que se quer.
Essa é a diferença entre querer e desejar.

Querer, normalmente, é algo que todo mundo


compreende – quero tomar água, quero
dormir, quero me proteger do frio. Querer,
normalmente, veicula uma necessidade.

Desejar, no entanto, é algo que ninguém


compreende; é algo muito particular, singular
de cada um. Jamais temos uma resposta que
nos satisfaça completamente. Essa é a base
da criação, ou a base do sofrimento.

Jorge Forbes, no Programa SAIA JUSTA, do GNT, na noite de 14


de março de 2007. www.jorgeforbes.com.br
Obrigada

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