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“Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade.” (II Tm 2:15)
“Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e
pelo seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda
longanimidade e ensino.” (II Tm 4:1-2)
I – OBJETIVO GERAL: Levar o aluno a ter uma compreensão das ferramentas oferecidas pela
homilética para ajudar o ministro do Evangelho na preparação e transmissão das “insondáveis riquezas
de Cristo”.
II – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Mostrar aos alunos o grande privilégio e a imensa responsabilidade que temos como
ministros da Palavra de Deus.
- Conhecer os recursos que nos são oferecidos pela homilética no preparo e apresentação do
Sermão.
- Oferecer aos alunos princípios e ferramentas que os ajude a enriquecer seus sermões, no
exercício do ministério.
- Apresentar aos alunos a necessidade atual de expositores das sagradas Escrituras que
transmitam uma mensagem bíblica com fidelidade e poder do Espírito Santo.
- Despertar no aluno o interesse pela pregação bíblica, levando-o a assumir um compromisso
com a exposição das sagradas Escritas como algo essencial e de suma importância na vida
do ministro do Evangelho.
III – PROGRAMA:
HOMILÉTICA I:
Unidade 02 – O Pregador
A – A Origem da Palavra Pregador
B – O Chamado do Pregador
C – A Personalidade do Pregador
D – A Mensagem do Pregador
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Unidade 04 – Estrutura do Sermão I
A – O Título do Sermão
B – O Texto do Sermão
C – A Introdução do Sermão
D – A Elucidação do Sermão
IV - BIBLIOGRAFIA
1. BRAGA, JAMES. “Como Preparar Mensagens Bíblicas”, Ed. Vida.
2. LLOYD-JONES, MARTYN. “Pregação e Pregadores”, Ed. FIEL.
3. LACHLER KARL. “Prega a Palavra”, Ed. Vida Nova.
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Unidade I – A Origem e os Benefícios da Homilética
A – ORIGEM DA PALAVRA
1. Como Expressar a Palavra – no exercício da comunicação, entre outros, a palavra pode ser
expressa dos seguintes modos:
2. A Palavra Falada – é sobre a palavra falada que iremos tratar todo o curso. Esta palavra
falada é um fenômeno Bio-Psíquico-Social, cujas características são assim expressas:
B – ORIGEM DA CONVERSA
O convício social, que levou o homem a inventar a palavra, produziu também a conversa.
C – ORIGEM DO DISCURSO
O discurso surgiu através do mesmo instrumento que gerou a palavra e a conversa, isto é, o
convívio social.
1. Conceituação – o discurso é um diálogo imaginário, onde o que fala imagina a participação
direta dos que ouvem.
2. Como surgiu? Imagina-se que tenha surgido da necessidade de alguém alterar a intensidade
da voz para se comunicar com um grupo de pessoas.
D – A RETÓRICA E A ORATÓRIA
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Mesmo que não possamos ter uma certeza quanto a origem do discurso, quando nasceu, é
possível precisar informações sobre quando ele começou a ser escutado como instrumento de
comunicação social.
1. A Retórica – do ponto de vista do estudo das técnicas do discurso, os gregos foram os
primeiros a estudá-las.
Processo de Surgimento – dado a liberdade dos cidadãos em falar nas praças, participando
das discussões e deliberações dos problemas comuns, todos queriam vencer os debates. Daí
surgiram os cidadãos falantes (vitoriosos das discussões).
Falar em público passou a ser desejo de todos. Todos queriam aprender a falar em público.
Surgiu a retórica. Deriva-se de “Retôs” = Palavra Falada.
As normas do Discurso – foram os gregos que criaram a retórica, isto é, as normas para o
discurso.
O primeiro homem a traçar estas normas foi CORAX (500 a.C.) dividindo em: a) Proêmio
(introdução), b) narração, argumento, observações adicionais e c) peroração (conclusão).
Por volta de 500 a 300 a.C. os gregos Córax, Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram a
retórica, aperfeiçoada pelos romanos na forma de oratória.
O maior orador grego foi Demóstenes.
2. A Oratória – a grande influência cultural sofrida dos gregos, levou os romanos a absorver a
retórica grega com o nome de ORATÓRIA (de Oris, Boca).
O Maior Prático – a história registra que Cícero foi o maior orador romano.
O Maior Teórico – ninguém conseguiu superar Quintiliano. Ele escreveu a mais completa
obra de oratória da antigüidade a “INSTITUIÇÃO ORATÓRIA”.
1. Na antiguidade – neste período o indivíduo era identificado com o grupo pela RAÇA,
RELIGIÃO E POLÍTICA. As religiões faziam parte da vida das pessoas de modo natural
e integral. Não havia comunicação formal da religião. Logo não havia pregação e,
consequentemente, não havia homilética.
Após o exílio babilônico foi desenvolvida a homilia primitiva, em que passagens das
Escrituras Sagradas eram lidas em público ou nas sinagogas – Ex.: Ne 8:1-12,18:
1 Quando chegou o sétimo mês e os israelitas tinham se instalado em suas cidades, todo o povo
juntou-se como se fosse um só homem na praça, em frente da porta das Águas. Pediram ao escriba
Esdras que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o SENHOR dera a Israel. 2 Assim, no primeiro
dia do sétimo mês, o sacerdote Esdras trouxe a Lei diante da assembléia, que era constituída de
homens e mulheres e de todos os que podiam entender. 3 Ele a leu em alta voz desde o raiar da
manhã até o meio-dia, de frente para a praça, em frente da porta das Águas, na presença dos
homens, mulheres e de outros que podiam entender. E todo o povo ouvia com atenção a leitura do
Livro da Lei. 4 O escriba Esdras estava numa plataforma elevada, de madeira, construída para a
ocasião. Ao seu lado, à direita, estavam Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à
esquerda estavam Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. 5 Esdras
abriu o Livro diante de todo o povo, e este podia vê-lo, pois ele estava num lugar mais alto. E, quando
5
abriu o Livro, o povo todo se levantou. 6 Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus, e todo o povo
ergueu as mãos e respondeu: "Amém! Amém!" Então eles adoraram o SENHOR, prostrados, rosto em
terra. 7 Os levitas Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias, Quelita, Azarias,
Jozabade, Hanã e Pelaías, instruíram o povo na Lei, e todos permaneciam ali. 8 Leram o Livro da Lei
de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido. 9
Então Neemias, o governador, Esdras, o sacerdote e escriba, e os levitas que estavam instruindo o
povo disseram a todos: "Este dia é consagrado ao SENHOR, o nosso Deus. Nada de tristeza e de
choro!" Pois todo o povo estava chorando enquanto ouvia as palavras da Lei. 10 E Neemias
acrescentou: "Podem sair, e comam e bebam do melhor que tiverem, e repartam com os que nada têm
preparado. Este dia é consagrado ao nosso Senhor. Não se entristeçam, porque a alegria do SENHOR
os fortalecerá". 11 Os levitas tranqüilizaram todo o povo, dizendo: "Acalmem-se, porque este é um dia
santo. Não fiquem tristes!" 12 Então todo o povo saiu para comer, beber, repartir com os que nada
tinham preparado e para celebrar com grande alegria, pois agora compreendiam as palavras que
lhes foram explicadas. 18 Dia após dia, desde o primeiro até o último dia da festa, Esdras leu o
Livro da Lei de Deus. Eles celebraram a festa durante sete dias, e no oitavo dia, conforme o ritual,
houve uma reunião solene.
4. Na idade Média – neste período qualquer discurso proferido do púlpito da igreja era
considerado sermão.
A Homilética era quase a única forma de oratória conhecida. Aqui a Homilética era
conhecida como a “ARTE DE FAZER SERMÕES”.
F – O TERMO HOMILÉTICA
Já mencionamos anteriormente que Homilia (deu origem à Homilética) e Sermonis (deu origem
a sermões) significavam apenas conversa. Contudo, com o passar do tempo, estas palavras sofreram
alterações semânticas e vieram a significar DISCURSO.
Foi no século XVII que a retórica sacra e oratória sacra passaram a chamar-se Homilética.
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Definições:
G – BENEFÍCIOS DA HOMILÉTICA
Vimos que a homilética é a arte de pregar o Evangelho. Esta começou a ser desenvolvida no
início do cristianismo, quando os pregadores do Evangelho começaram a organizar seus discursos
utilizando-se da oratória e da retórica.
Que benefícios esta organização das mensagens trouxe para o Evangelho? Em que a homilética
beneficia o pregador e os seus ouvintes?
Ex.: Você pode, com o auxílio da homilética, se utilizar do mesmo texto para fazer um
sermão temático, textual ou expositivo (3 principais qualificações do sermão) .
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Tema central que dá uma linha lógica ao sermão e evita que o pregador saia do
assunto.
As ilustrações que dão luz ou ajudam a esclarecer as verdades que o pregador deseja
apresentar.
As divisões principais que auxiliam ao pregador a se localizar no “tempo e no
espaço” da pregação (do sermão) e sistematiza o conteúdo do sermão.
Obs.: A necessidade de sermões com conteúdo nos púlpitos das igrejas hodiernas.
Cit.: “O pregador não conseguirá a atenção do seu público se falar apenas da plenitude
do seu coração e da vacuidade da sua cabeça.”
Está claro que a homilética traz grandes benefícios ao pregador, a igreja e aos ouvintes da
pregação. São muitos os benefícios para os ouvintes, porém resumiremos naqueles que
consideramos de grande valor.
a) Compreensão da Mensagem – comunicar com eficiência aquilo que passa na sua cabeça
não é fácil. Quando o ouvinte se trata de um grupo grande de pessoas as dificuldades
aumentam. Por isto não são poucas as vezes que os ouvintes são prejudicados na
compreensão da mensagem que lhes é transmitida. Assim, entendemos que se o
pregador procura apresentar a mensagem dentro dos princípios homiléticos, o povo terá
facilidade em compreender aquilo que lhe está sendo pregado.
Ex.: Transmitir uma mensagem para 2 ou 3 pessoas.
Transmitir um sermão numa igreja
Pregar em um culto ao ar livre para uma multidão.
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comunidade aprenderá a valorizar a sua pregação. Daí, podemos ver mais uma vez, o
papel beneficente da homilética ajudando os ouvintes na valorização da mensagem. Um
dos problemas atuais da igreja brasileira é a desvalorização pela pregação no culto. De
quem será a culpa, dos ouvintes somente ou também dos pregadores?
É importante observar que a Homilética, como arte, não está isolada de outras ciências,
especialmente, dentro da enciclopédia teológica. Portanto, apresentaremos aqui duas
ciências que têm uma significativa influência na Homilética: a Hermenêutica e a Exegese.
A Hermenêutica e a Exegese são duas disciplinas fundamentais para a Homilética.
b) Benefícios da Exegese na Homilética – a exegese com arte de expor uma ideia, oferece
para a homilética as técnicas de exposição do texto bíblico para um uso eficaz na
pregação.
A finalidade da exegese é dispor os elementos a serem expostos, de modo claro, lógico,
sequencial, progressivo e estético, de sorte a formar um conjunto convincente de ideais.
A homilética ganha na forma e profundidade quando o pregador procura ser um homem
aplicado à Exegese.
Unidade II – O Pregador
No estudo da homilética, é absolutamente conveniente que se abra o espaço para uma unidade
sobre o Pregador, o qual poderá utilizar das normas e princípios que lhe são oferecidos.
Na presente unidade queremos oferecer a você informações, que consideramos de expressivo
valor, para todos aqueles que estão envolvidos na aprendizagem de pregar o Evangelho. Portanto, a
pessoa será o nosso destaque no estudo que se segue.
O processo de origem da palavra pregador desenvolve-se a partir de um verbo grego que ocorre
mais de 60 vezes no N.T., o verbo “KERYSSO”.
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O Arauto tinha a obrigação de transmitir com fidelidade, exatamente o que o Rei queria
falar ao seu povo, sem acrescentar nem tirar nenhuma palavra.
Nós somos Arautos do Rei Jesus, e temos que ser fiéis em nossa missão.
Logo “PREGADOR” passou a significar “ANUNCIAR COMO ARAUTO”.
Semanticamente o termo “KERYSSO” veio a ter o significado de “ATIVIDADE DA
PREGAÇÃO”.
B – O CHAMADO DO PREGADOR
1. Temos tido conhecimento de que o cristão se encontra envolvido por três tipos de vocação:
Cit.: Dn. Lídia diz que no seminário há os que se enviam a si mesmo, os enviados do diabo,
e os enviados por Deus.
“O Pregador é alguém que toma consciência de um chamamento. Não é ele quem decide
fazer tal coisa.” (Dr. Martyn Lloyd Jones).
a) Vocação – no V.T. o pregador era profeta. O termo grego é “prophetes” que por sua
vez é tradução livre do hebraico “nabhi”, significando alguém que é chamado, alguém
que tem uma vocação.
No N. T. o pregador era um apóstolo, um enviado de Deus. Apóstolo = procurador,
alguém que tem plena autoridade.
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A ordem – a única justificativa para a pregação é a convicção dada por Deus de que
Ele disse: “Eu te envio”.
A mensagem – João Batista é descrito como “meu mensageiro”, aquele que é
portador de uma mensagem do Deus vivo, o criador do universo.
A Função – a responsabilidade do pregador é “preparar o caminho do Senhor”. A
missão do pregador consiste em entregar a mensagem e retirar-se depois.
C – A PERSONALIDADE DO PREGADOR
1. Perfil Espiritual – o pregador deve ser um homem de fé. Ora, como pode um pregador falar
da vida espiritual se ele não tem fé?
Portanto, se o pregador vai ensinar e pregar a fé, ele deve ter conhecimento dos
fundamentos da fé cristã (o que cremos).
Precisa, especificamente, da fé do novo nascimento (Jo 3:3; 1 Co 2 :14,15).
É importante lembrar que a vida espiritual é uma vida permeada pela fé.
2. Perfil Moral – sabemos que a fé genuína é acompanhada de uma mudança de vida. Logo, o
pregador deve ser um homem exemplo de nova vida (2 Co 5:17).
Cit.: Provérbio brasileiro: “Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. Como
pregadores devemos ter cuidado com esta máxima.
O pregador deve dizer como Paulo:
“Rogo-vos, portanto, que sejais meus imitadores.” (1 Co 4:16)
“Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.” (1 Co 11:1)
“Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para aqueles que andam conforme o exemplo
que tendes em nós;” (Fl 3:1)
Cuidado! Não pregue aos outros o que você não consegue viver.
Lembrar! A vida moral do pregador deve ser um espelho de suas palavras.
É muito expressivo para nós pregadores, lembrar que a mensagem deverá fazer diferença
antes na minha vida, depois aos outros.
Obs.: se pregarmos algo que ainda não vivemos devemos ser sinceros e apresentar como o
“ideal” para nossas vidas (nos incluindo na mensagem) e não como o real em nossas vidas.
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Ilust.: o jovem que falou para o pregador: fala mais alto porque aquilo que você vive não
me deixa ouvir aquilo que você prega.
Ilust.: a história do palhaço do circo que chegou na cidade que acabou com a frequência da
igreja. Procurado pelo pastor o palhaço responde: a diferença é que eu falo a mentira como
se fosse verdade e você fala a verdade como se fosse mentira.
3. Perfil Intelectual – o pregador abraça uma carreira intelectual. Isto porque, todo o seu
trabalho envolverá muito mais o uso do cérebro do que as mãos e braços.
Exigências necessárias ao pregador: seja inteligente; seja amante dos livros; seja criativo;
seja culto.
Não devemos nos esconder atrás do “Pescador” (Pedro). Pois Paulo era culto e foi um
grande instrumento do Senhor, e em muitas ocasiões usou da sua cultura no ministério, para
gloria de Deus.
Não devemos aceitara o Mito do Seminário: de que a intelectualidade é contrária a
espiritualidade. Nem a interpretação erronia de 2 Co 3:6, de que “a letra mata mas o
Espírito vivifica”. Paulo está falando do pacto da Lei = letra. Isto ocorre exatamente por
falta de estudo da hermenêutica, que já vimos que é uma disciplina fundamental para a
homilética.
5. Perfil Físico – o púlpito não é uma passarela. Contudo a expressão física de um pregador
ajudará muito na apresentação do sermão.
O pregador deve apresentar-se de modo atraente (com discrição).
Pessoas com defeitos físicos terão dificuldades. Por isso, lhes serão exigidos maior esforço.
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Devemos Ter cuidado para não chamarmos a atenção do povo para nossa aparência e fazê-
los esquecerem-se da mensagem. As mulheres devem ter um cuidado especial neste aspecto
(não se enfeitar muito, nem usar roupas sensuais), porém os homens não se excluem dessa
regra.
Outra questão são os movimentos, gestos, e postura no púlpito. Ex.: Pregadores que andam
demais de um lado para outro, os ouvintes parecem estar numa partida de tênis; outros
ficam muito estáticos, parecem robôs; outros fazem gestos obscenos; outros têm um tic-
nervoso; etc.
6. Perfil Sonoro – o instrumento de trabalho do pregador é a voz. Logo, entendemos que a voz
é essencial para o sucesso do pregador.
A voz é distinta por dois elementos fundamentais:
b) Dicção – (emissão correta dos sons da voz). Pronúncia correta, firmeza e clareza.
Cuidado com as cacofonias (som desagradável ou palavra obscena proveniente da união
das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte)
É terrível ouvir alguém que fala “muito errado”. Ou pessoas que tem problema de
dicção.
7. Perfil Social – ninguém gosta de fazer “Má Figura” perante a sociedade. Daí, se justifica o
grande medo do vexame público. Este medo gera timidez ou inibição (comum: Pregadores
iniciantes). A causa fundamental é a insegurança:
Emocional (falta de experiência em relacionar-se com o auditório)
Intelectual (decorre de sua insipiência (ignorância) cultural).
O pregador deve dominar a matéria que vai expor, bem como as emoções.
D – A MENSAGEM DO PREGADOR
1. Seu conteúdo – toda verdadeira pregação repousa na afirmação básica: “Assim diz o
Senhor”. Esta afirmação ocorre aproximadamente duas mil vezes nas Sagradas Escrituras.
Com a Palavra de Deus nos é dado o conteúdo da pregação.
No N.T. a pregação era essencialmente a simples proclamação dos fatos do Evangelho que
assumia o seguinte padrão:
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que a Palavra diz a respeito de determinado assunto. Não é algo fácil, pois a verdade
agrada, mas também desagrada e dói em muitos, ela sara mas também fere, ela edifica mas
também destrói (o pecado e o erro) – Gr 1:4-10.
2. Seu Poder – a grande comissão (Mt 28:18-20) diz ao pregador o que fazer; At 2 diz-lhe
como fazê-lo.
No poder de Deus, nosso falar torna-se o falar de Deus – 1 Ts 2:13.
3. Seu Objetivo – toda pregação bíblica tem por objetivo a persuasão para a vida da fé. O
sermão é o lugar de encontro da alma com Deus, procurando canalizar a graça de Deus para
crentes e descrentes.
Após a salvação, a ênfase é às “coisas que acompanham a salvação” (Hb 6:9). A
necessária nutrição e motivação da vida cristã envolve os seguintes objetivos:
a) Consagração – Rm 12:1
b) Doutrinação – Ef 4:11-16 – nossos sermões devem ser doutrinários
c) Inspiração -
d) Fortalecimento – At 4:19-20
A João Batista foi concedido o mais alto tributo que poderia vir a um ministro do
Evangelho, a um pregador: quando ouviram João, “seguiram a Jesus” (Jo 1:37). Hoje
muitos pregadores fazem discípulos de si mesmo, mas não fazem discípulos de Jesus, temos
que ter cuidado para não cairmos no erro de falarmos mais de nós do que do Senhor Jesus
para que as pessoas não nos sigam ao invés de Jesus. Precisamos dizer com João Batista: Jo
3:30 – “É necessário que ele cresça e que eu diminua”.
Estamos entrando numa fase do curso, onde as informações que estamos oferecendo estão
diretamente vinculadas ao preparo do sermão. O valor que o aluno atribuir a esta unidade, determinará
em muito a qualidade de sua aprendizagem nesta disciplina. Assim, aconselhamos que tenha um sério
interesse por tudo aquilo que procuraremos desenvolver nesta presente unidade.
A – OS PRIMÓRDIOS DO SERMÃO
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B – A MOTIVAÇÃO PARA O SERMÃO
A motivação é absolutamente necessária à vida do ser humano. De modo especial, nós, pastores
e pregadores também precisamos de motivação para o exercício do nosso ministério. Todos nós
sabemos que o chamado é essa motivação maior.
Contudo no que diz respeito ao preparo do Sermão, nós pastores e pregadores também temos a
necessidade de motivação para a elaboração das mensagens.
Assim, o pastor ou pregador encontrará motivação para o preparo do sermão dos seguintes
modos:
1. Fora do Gabinete de Trabalho – quando nas visitas pastorais nos lares ou em hospitais. No
contato geral com as pessoas. Nos acontecimentos do cotidiano.
C – DETERMINAÇÃO DO OBJETIVO
Qualquer que seja a origem do sermão, o pregador terá que decidir sobre o seu objetivo.
Nota triste: frequentemente os ouvintes ficam sem saber o que pensar ou o que fazer diante das
mensagens que ouvem.
O objetivo visa mover a vontade do ouvinte à ação, o que talvez aconteça apenas no íntimo do
coração.
Portanto, logo que o pregador tenha escolhido o seu objetivo, poderá usá-lo para guiar e
controlar tudo o que fizer no sermão.
Entendemos que o pregador deve ter a consciência de que cada sermão deve ser elaborado
debaixo de um sério e cuidadoso preparo. Assim, para que o pregador alcance êxito no seu labor
homilético, este precisa preparar convenientemente.
Assim, na preparação do sermão o pregador envolve-se em duas fases básicas:
1. A Coleta do Material:
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a) O Texto do Sermão – o texto a ser usado no sermão é o texto bíblico. Por isso é que se
diz na homilética, que o texto é a porção bíblica tomada para o sermão.
A observância dos conselhos a seguir certamente ajudará o pregador na sublime e árdua tarefa
de preparar o sermão.
O pregador deve pregar “a Palavra” e confiar em Deus para abençoar a pregação de Sua
Palavra – Is 55:10,11. Quando nossos sermões são bíblicos temos a confiança e a certeza
que Ele será uma bênção, pois é Deus quem derrama a unção sobre a Sua Palavra.
“Unção é algo que não se pode definir com clareza, mas que se pode sentir com facilidade a
sua falta.”
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Unidade IV – A Estrutura do Sermão I
Entre os elementos principais em torno dos quais gira o discurso, “A Forma de Falar” (a
disposição das várias partes que constituem o discurso) tem sido a maior preocupação dos mestres da
retórica e da oratória, igualmente, os mestres da homilética também têm se preocupado com as partes
do Sermão, a sua estrutura, porque acreditam que este aspecto é fundamental para ajudar no melhor
preparo e exposição da mensagem bíblica aos seus ouvintes.
D. Martyn Lloyd-Jones, afirmou a respeito de pregação que o “Sermão é uma mensagem cujo
objetivo é ser ouvida e causar impacto imediato sobre os ouvintes”. Considerando a afirmação de
Lloyd-Jones, somos levados a pensar que o sermão deve ser elaborado de um modo que os ouvintes
venham a entender claramente o ponto principal da mensagem. Assim, para que o sermão venha
alcançar esta característica impactual, ele deve ter as seguintes características:
➢ Ser isento de ambiguidades (impreciso, incerto, com mais de um sentido, difícil de perceber
pelos sentidos).
➢ Não conter material alheio ao tema principal
➢ Obedecer a um padrão distinto
➢ Continuidade de pensamento nas suas ideias
➢ O discurso deve dirigir-se para um alvo definido. Ter início, meio e fim determinados.
Está perfeitamente evidente que não há caminho fácil para a preparação dos sermões. Preparar
sermão exige um estudo sério, laborioso e paciente por parte do pregador. E justamente aqui, entra a
necessidade de um conhecimento e aproveitamento daquilo que a estrutura homilética oferece como
benefício para os pregadores e seus ouvintes.
Alguns autores têm denominado o sermão como uma peça literária que se compõe de várias
partes. Estas partes da estrutura homilética variam de acordo com os autores, contudo, elas sempre se
aproximam do pensamento iniciado por Corax (500 a.C.). Portanto, queremos apresentar aqui a
estrutura homilética com a qual trabalharemos durante o curso:
A – O TÍTULO DO SERMÃO
2. Definição Homilética – é o nome do sermão, posto em destaque, para ser identificado com
uma peça literária.
É uma expressão do aspecto específico a ser apresentado, formulado de um modo que seja
um anúncio adequado ao sermão.
3. Características – na elaboração do sermão o título pode antecipar o texto ou até mesmo ser
a última coisa que o pregador venha a fazer.
A função do título é chamar a atenção, interessar e atrair as pessoas.
É função nitidamente psicológica.
Pode haver ocasiões em que o título e o tema sejam os mesmos, desde que o tema seja
suficientemente interessante.
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4. A Importância do Título – vem se acentuando cada vez mais, em nossos dias, por causa do
desenvolvimento das técnicas de comunicação e de publicidade, a necessidade do uso do
título no sermão.
A maioria dos pregadores não dá importância ao título do sermão.
Como pregadores da nova geração, reconhecendo o valor da comunicação atual que o título
representa, devemos aprender a valorizá-lo em nossa pregação.
5. Qualidades do Título:
a) Deve ser pertinente ao texto ou à mensagem – deve haver uma relação definida do título
com o texto ou com o sermão.
Exemplo: Gn 22:1-8 - Ideia dominante: Obediência / “O Preço da Obediência”
- Ideia dominante: Paternidade / “Um Pai Exemplar”
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O caminho que leva ao céu ou a vida eterna e o caminho que leva ao
inferno ou a morte eterna (longo)
B – O TEXTO DO SERMÃO
1. O que é o texto – na homilética o texto do sermão é aquela porção tomada como base para o
sermão. A base fundamental para o sermão do pregador é a Palavra de Deus, a Bíblia
Sagrada, portanto ela não deve ser desprezada pelo mesmo.
a) Erros a evitar – na utilização do texto bíblico para a elaboração do sermão há dois erros
básicos que todo pregador deve procurar evitar:
Garante a atenção natural dos ouvintes (a Palavra de Deus tem poder em si mesma)
Dá seriedade à pregação
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Dá autoridade ao pregador
Seus temas são os mais atraentes
Ensina o povo a interpretar a Palavra de Deus. O surgimento das controvérsias
doutrinárias, das heresias e das seitas se dá por causa da má interpretação bíblica.
Estimula o uso da Bíblia no culto (Há um desprezo da Bíblia por parte de muitos na
igreja hodierna)
b) Anotar tudo que tiver interesse homilético (reportagens, discursos, sermões, etc. -
Canteiro Homilético)
C – A INTRODUÇÃO
1. Definição – é o processo pelo qual o pregador procura preparar a mente dos ouvintes e
prender-lhes o interesse na mensagem que vai proclamar.
3. O Propósito da Introdução:
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a) Conquistar a boa vontade dos ouvintes – a pessoa do pregador é o fator primordial, pois
aquilo que somos determina a aceitação do que dizemos. A introdução deve ser
apresentada de tal modo que consiga a boa vontade dos ouvintes.
b) Despertar interesse pelo tema – aspectos que dificultam a atenção dos ouvintes:
Ambientais (culto ao ar livre), Físicos (acomodação dos ouvintes) e Espirituais
(operação demoníaca).
A introdução deve despertar a atenção e desafiar o pensamento do povo, de tal modo,
que seja levado a interessar-se ativamente pelo assunto.
d) Apresentar-se de modo variado – ter o cuidado para não repetir as palavras de sua
introdução em outros sermões. Use a variedade na sua introdução.
Despertar a curiosidade
Criar interesse pela variedade
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Dar e explicar o título do sermão
Relacionar o sermão com as situações da vida.
D – A ELUCIDAÇÃO
1. O Termo – o temo elucidar significa tornar claro, fazer compreender, esclarecer, explicar.
3. A Importância da Elucidação:
a) Leva os ouvintes a entenderem que as mensagens devem ter base na Palavra de Deus.
b) Ajuda a esclarecer o porquê do uso daquele texto na elaboração do sermão.
c) Leva o pregador a valorizar o texto usado no seu sermão.
4. Tipos de Elucidação:
a) Narrativa – o pregador faz uma narração, com suas próprias palavras, do texto
(Paráfrase).
b) Histórica – quando o pregador esclarece o texto abordando aspectos históricos
geográficos do texto.
c) Explicativa – o pregador seleciona umas poucas palavras do texto, pertinentes ao tema
da mensagem, e explica-as no seu sentido original do texto.
d) Analítica – aqui o pregador trabalha um pouco mais e faz uma maior análise do texto
escolhido para a mensagem.
EXERCÍCIO:
1. Prepare um título apropriado para os seguintes textos: Rm 15:1; 2 Sm 24:24; Sl 84:11; Hb 11:27;
Gr 15:16a.
2. Selecionar 3 textos bíblicos e dar a cada um, o título, a introdução e a elucidação (uma narrativa,
uma histórica e uma explicativa).
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Unidade V – A Estrutura do Sermão II
A Proposição do Sermão
A – DEFINIÇÃO DE PROPOSIÇÃO
É uma declaração simples do assunto que o pregador se propõe apresentar, desenvolver, provar
ou explicar. É uma afirmativa clara da principal lição espiritual ou da verdade eterna e de
aplicação universal do sermão, reduzida a uma sentença declarativa.
B – A IMPORTÂNCIA DA PROPOSIÇÃO
A proposição apresenta-se como sendo o aspecto mais essencial no preparo do sermão. Daí
devemos encarar com seriedade a sua importância:
2. Indica claramente o rumo que o sermão deve tomar – a proposição indica o objetivo da
mensagem, e quando bem elaborada ajuda tanto ao pregador a manter-se dentro do seu
objetivo que deseja alcançar, como aos ouvintes acompanharem com clareza e facilidade o
desenvolvimento até a conclusão da mensagem.
Criar a proposição é uma das tarefas mais difíceis para o principiante. Vezes há em que a
grande ideia vem à mente do pregador logo no início do sermão, mas, via de regra, a descoberta da
verdade principal da passagem e o consequente preparo da proposição resultam dos passos dados na
elaboração da mensagem.
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1. Estudo exegético do texto – uma exegese cuidadosa é pré-requisito para uma exposição
correta do texto.
3. Descobrir a Verdade principal que o texto parece transmitir – a Idéia Exegética, em geral,
difere da Proposição, ou Idéia Homilética:
a) Idéia Exegética – consiste na afirmativa de uma única sentença do que o texto diz.
b) Idéia Homilética ou Proposição – consiste numa verdade espiritual ou princípio eterno,
transmitido pelo texto.
Cit.: Gl 6. 7 Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem
semear, isso também colherá. 8 Quem semeia para a sua carne, da carne colherá
destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.
Contudo, quando a ideia exegética não consiste numa verdade fundamental, podemos
fazer as seguintes perguntas para descobrirmos a ideia homilética: “Que diz o texto em
relação a mim?” ou: “Que verdade vital e eterna a passagem pretende ensinar?”.
Neste ponto entra a nossa dependência do Espírito Santo para saber o que o Senhor quer
ensinar ou falar para a sua Igreja naquela ocasião.
Percebemos que a ideia exegética serve como base para a ideia homilética.
Ex.: Ef 6:10-18
Idéia Exegética: “O crente encontra-se num combate espiritual no qual recebe direção e
provisão para ser um guerreiro bem-sucedido.
Idéia Homilética: “Na guerra espiritual em que se encontra, o cristão pode ter a certeza
de ser um guerreiro bem-sucedido.”
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D – PRINCÍPIOS PARA A PREPARAÇÃO DA PROPOSIÇÃO
Ex.: Afirmativa com duas ideias: “As escrituras nos ensinam a levar vidas santas e a sermos
servos fiéis de cristo.”
Temos aqui duas proposições ou ideias, o que destrói a unidade estrutural do sermão e
impossibilita um sermão com uma única unidade de pensamento.
2. A Proposição deve ser uma sentença declarativa – aqui a sentença do assunto deve ser uma
afirmativa explicativa e positiva. Não é recomendável o uso de sentenças negativas na
proposição. Como por exemplo: “Não honramos o Senhor quando reclamamos de nossas
circunstâncias da vida”. O correto seria: Honramos o Senhor quando aceitamos nossas
circunstâncias da vida.
3. A Proposição deve ser uma verdade eterna, em geral formulada no tempo presente – a
proposição é um princípio ou verdade universal; é um padrão para a vida ou conduta. Daí, a
necessidade imperativa de ser biblicamente sadia. Em geral, deve ser formulada com o
verbo no presente.
Lembre-se a proposição deve ser uma sentença completa (com sujeito e predicado). Evite
sentenças fragmentadas. Ex.: “A necessidade do povo de Deus em tempos de tribulação”.
Isto não é uma sentença completa que contém uma verdade universal. Se o pregador tentar
usá-la como proposição seu sermão ficaria ambíguo e vazio. Porém se o pregador dissesse:
“O povo de Deus sempre pode ir a ele em tempos de tribulação”, teria uma afirmativa
válida, ou uma verdade universal para todas as épocas.
Também não se deve usar uma “ordem” na proposição. Ex.: “Seja diligente em sua obra”
Também devemos evitar referências geográficas ou históricas e nomes próprios (a não ser
da Divindade). Ex.: “Assim como o Senhor chamou a Amós de Tecoa, na terra de Judá, a
fim de pregar no reino do Norte, da mesma forma ele chama alguns hoje para irem a outras
terras a fim de servi-lo.” O correto seria: “O Senhor, em sua soberania, chama crentes para
servi-lo onde Ele quiser”.
4. A Proposição deve ser formulada com simplicidade e clareza – não deve haver
ambiguidade ou imprecisão. Nem se usar linguagem rebuscada e difícil. A redação da
proposição deve ser simples e clara, para ser imediatamente inteligível.
5. A Proposição deve ser a afirmação de uma verdade vital – ao apresentar uma mensagem
bíblica o pregador lida com reações humanas básicas, como culpa, frustração, amor, perdão
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paz, etc. Assim a proposição, que é o âmago do sermão, deve ser expressa em termos que
tenham importância para a vida dos indivíduos.
Ex.: “Os peixes nadam rio acima” ou “Gosto não se discute”. Embora sejam verdades
universais, não têm significado especial, não influem nos assuntos mais importantes da
vida.
Ex.: “Os crentes podem ser gloriosamente triunfantes em Cristo”. Esta verdade é universal
e de significado importante para os ouvintes.
Ex.: “Há grande valor na oração”. “Devemos estudar a Palavra de Deus.”(muito gerais e
sem vigor)
Ex.: “O crente que ora exerce poderosa influência”.
“O estudo da Palavra de Deus produz grandes benefícios para a vida.” (específicas e
com vigor)
7. A Proposição deve ser apresentada tão concisamente quanto possível, sem perder a clareza
– a proposição eficaz é resumida e clara. Por isto o pregador deve evitar afirmativas longas
e vagas. Uma boa regara é limitar a oração a dezessete palavras ou menos.
É importante lembra que a proposição não é uma afirmativa formal das divisões principais.
O objetivo da proposição não é revelar o plano do sermão (isto tira o “poder da surpresa”),
mas apresentar, em termos simples, a ideia principal em forma de verdade eterna. Cada
divisão do sermão deve originar-se da proposição e desenvolver um aspecto pertinente a
ela.
Como Relacionar a Proposição às Divisões Principais? Para isto utilizamos três elementos, que
juntos compõe o que denominamos de Sentença de Transição:
1. Oração Interrogativa - em geral, a proposição vem ligada ao sermão por uma pergunta,
seguida de uma oração de transição. Usa-se qualquer um dos cinco advérbios interrogativos
para ligar a proposição aos pontos principais do sermão. Estes advérbios são: por que,
como, o que, quando e onde.
2. Oração de Transição - A oração interrogativa leva à de transição, que por sua vez une a
proposição aos pontos principais e fornece uma mudança suave da proposição para as
divisões principais e para conclusão.
3. Palavra Chave - A sentença de transição deve sempre conter uma palavra-chave, que
classifica ou delineia o caráter das divisões principais do sermão. A palavra-chave é um útil
instrumento homilético que possibilita caracterizar ou classificar, na sentença de transição
as divisões principais do sermão. O esboço, é claro, deve possuir unidade estrutural. Sem
essa unidade, não pode haver uma palavra-chave que ligue a oração de transição a cada
divisão principal, e as divisões principais entre si. Portanto, um bom teste da unidade
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estrutural do esboço é ver se podemos aplicar a mesma palavra a cada uma das divisões
principais. (Ver lista de palavras chaves na pg. 113 do livro).
Obs.: às vezes não se faz necessário haver uma oração interrogativa e mais uma oração de
transição. Note que neste exemplo podemos tirar a oração de transição e o elo seria feito. O
sermão não ficaria incompleto.
4. Formas alternativas de Proposição – para evitar a monotonia, pode-se usar em lugar de uma
verdade eterna uma forma interrogativa, exortativa ou exclamativa de proposição.
Exs.: Interrogativa: Pg. 114 – Título: “A vida de dependência” – Prop.: Porque a vida
cristã é uma vida de constante dependência?”
Obs.: notemos que a oração interrogativa toma o lugar da proposição.
Exortativa: Pg. 114 – “O Estudante Mais Sábio conhece a Deus mais de perto”.
É justamente na argumentação que está a área do maior trabalho na elaboração do sermão. Isto
porque, é aqui a oportunidade que o pregador tem para provar o tema (a proposição) escolhido para o
seu sermão, e o faz desenvolvendo as divisões principais através de uma discussão equilibrada do
assunto, usando quando possível boas citações, ilustrações, e aplicações, o que certamente acarretará,
dependendo do seu sério trabalho e da orientação do Espírito Santo, numa significativa argumentação
do sermão e edificação espiritual dos ouvintes.
A – AS DIVISÕES DO SERMÃO
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a) Promove a clareza de ideias:
O sermão deve ser edificado sobre ideias definidas.
A estrutura de pensamento do sermão deve ser distinta e precisa.
A disposição do material de modo organizado oferece ao pregador condições de
apresentar suas ideias distinta e claramente, tornando a mensagem clara na sua
mente.
b) Devem ser totalmente distintas umas das outras – embora se originem da proposição, as
divisões não devem sobrepor-se. Quando o pregador comete o erro de sobrepor às
divisões principais ele estará se repetindo. (Ver ex. Pg. 124 – “O ideal do Cristão).
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Quando usar itens negativos e positivos, os negativos devem ser colocados antes dos
positivos.
e) Cada divisão principal deve conter apenas uma ideia básica – é possível tratar cada
divisão principal como uma unidade em si mesma, desde que nos preocupemos em
limitar uma ideia básica a cada uma delas.
f) Devem expressar uma ideia completa – cada divisão deverá ser trabalhada de tal modo
que seu significado seja clara e imediatamente compreendido pelo ouvinte. Cada uma
delas precisa relacionar-se com a sentença de transição de modo a expressar uma idéia
completa. ( Ver Ex. pg. 128 – Josué 1:1-9).
g) O número de divisões principais deve ser o menor possível. Cuidado! Não introduza
divisões desnecessárias ao sermão, procure limitá-las ao menor número possível, sem
perder a inteireza da proposição. Em geral, três divisões principais bastam para
desenvolver a proposição. Porém, dependendo do assunto, é possível usar duas, quatro,
e, até mesmo cinco, mas não mais que isso.
Evite usar os temos “primeiro ponto”, “segundo ponto”, etc. e também “coisas”.
Não anuncie o número de divisões principais antecipadamente.
As expressões numéricas podem ser usadas, mas não abusemos delas.
Procure usar as expressões como: para começar, além do mais, continuando,
finalmente, e outras que você aprenderá a desenvolver.
A referência da proposição (ou pelo menos a S.T. com a “palavra chave”) antes de
cada divisão principal é muito importante.
A recapitulação das divisões principais anteriores, antes de introduzir a seguinte,
pode tornar as divisões distintas na mente das pessoas.
5. A Transição das divisões principais – para que o ouvinte tenha melhores condições de
acompanhar a sequência de pensamento do pregador, se faz necessário que a transição
(passagem) de uma divisão principal para outra seja cuidadosamente construída. A
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transição deve ser feita de modo a permitir a passagem suave e fácil de idéias de uma para
outra parte do sermão.
Uma transição eficaz pode: relacionar a divisão com a proposição ou com a sentença de
transição; revisar uma ou mais divisões principais; despertar interesse na próxima unidade
de pensamento; ou, referir-se à divisão principal anterior e indicar a mudança da unidade
anterior de pensamento para a próxima.
A transição deve também unir a última divisão principal à conclusão. Um dos meios mais
úteis de fazer transições é a palavra-chave contida na sentença de transição (a palavra-chave
deve ser aplicável a cada ponto).(Ver Ex. pg. 133)
A transição pode também ser feita repetindo-se a proposição e/ou a S.T. antes de cada
divisão principal. Esta repetição pode ser literal (se as mesmas forem breves) ou resumida.
Isto é muito bom, pois contribui para que a proposição fique gravada na mente e no coração
dos ouvintes.
6. Princípios para a Preparação das Subdivisões – a construção das subdivisões segue de perto
os mesmos princípios das divisões principais, há porém algumas diferenças na aplicação
desses princípios.
b) As subdivisões devem possuir estrutura paralela – como no caso das divisões principais,
as subdivisões devem ser simétricas e equilibradas.
c) O número de subdivisões deve ser limitado – não devemos usar mais de três ou quatro
subdivisões para cada divisão principal.
B – A DISCUSSÃO DO SERMÃO
2. Qualidades da Discussão
a) Unidade – cada divisão principal é uma unidade em si mesmo. Não permita discussão
nem introdução de assuntos alheios ao tema principal.
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c) Progressão – as ideias do sermão devem indicar um movimento definido de
pensamento, isto porque estas ideias deverão obedecer a uma progressão ordenada. O
relacionamento progressivo das divisões principais ajudará a causar maior impacto na
mente do ouvinte.
a) Bíblia – é da Palavra de Deus que extraímos nosso material principal para a elaboração
e para a discussão do sermão. É fundamental descobrir o que o texto realmente diz.
Perguntas como: “quem, o que, onde, quando, porque, como”, ajudarão o pregador a
descobrir o que a passagem contém, para a seguir, anotar suas descobertas mais
importantes. (ver Ex. pg. 149)
c) Experiência do pregador – este é também um meio importante que o pregador pode usar
para expandir suas divisões no sermão. Não abuse das referências às suas experiências
pessoais, e tenha cuidado para não chamar a atenção para si mesmo. Tenha cuidado ao
relatar nomes e referências de outras pessoas, para não expô-las de forma a desfazer sua
imagem.
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e) A imaginação do pregador – já dissemos antes que uma das características necessárias
ao pregador é a criatividade. Criar imagens mentais ajudam bastante o pregador na
eficácia da discussão do sermão. Conselhos necessários:
Ao preparar as notas para o sermão, o pregador deve fazê-lo de forma a ver, de relance, o
que vai dizer. Cada afirmativa da expansão da mensagem deve ser tão concisa quanto o
permitir a legibilidade. Sempre que possível, em vez de sentenças completas o ministro
deve usar frases curtas. As palavras mais longas também podem ser abreviadas.
Por amor à clareza e para que as notas de cada seção do esboço sejam lidas de relance,
deve-se formular cada ideia numa linha separada, e o material de cada divisão principal ou
subdivisão deve vir em forma de parágrafo. (ver Ex. pg. 136 – Lc 19:1-10 – “Conquistado
Pelo Amor”).
Exercício: Escolher um texto e fazer um esboço de um sermão com os alunos.
5. O Uso das Citações na Discussão – Pv 25:11 nos diz: “Como maçãs de ouro em salvas de
prata, assim é a palavra dita a seu tempo”. Isto é uma verdade significativa, também para o
pregador. Precisamos buscar ou cultivar a habilidade de colocar as palavras certas na hora
certa.
Aqui, ressaltamos o valor das citações de um sermão. As quais, se bem empregadas,
poderão causar e acrescentar maior interesse à mensagem apresentada. O pregador deve
guardar-se para não empregar citações em demasia.
a) Textos Bíblicos – a citação oportuna de uma expressão bíblica dá muito mais autoridade
ao conteúdo do sermão. Certifique-se de que os textos citados são apropriados e
pertinentes.
b) Ditos Breves – o uso de provérbios populares, bem como provérbio de outros povos,
também oferece vantagens à mensagem quando bem utilizados. É igualmente vantagem
usar citações de verdades espirituais, apresentadas em poucas palavras. Devemos
colecionar e organizar muitos ditos breves de modo que estejam ao nosso alcance
quando necessário.
d) Poesia – a citação de poesia também tem o seu lugar apropriado no sermão. É útil a
citação de hinos tradicionais ou cânticos evangélicos. Ao usar a poesia secular, esteja
atento que seja corretamente citada. Cuidado para não citar poesias longas demais e não
exagerar na quantidade de poesias.
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C – AS ILUSTRAÇÕES DO SERMÃO
1. Definição – tem-se dito com frequência que a ilustração é para o sermão o que a janela é
para a casa. Assim como a janela permite a entrada da luz, a boa ilustração possibilita o
esclarecimento da mensagem.
O próprio significado da palavra “ilustrar” é: tornar claro mediante um exemplo ou
exemplos. Portanto, ilustração é o meio pelo qual se lança luz sobre um sermão através de
um exemplo.
2. O Valor das Ilustrações – é preciso esclarecer o fato de que o componente mais importante
do sermão não é a ilustração, mas a explanação do texto. A parte mais importante da
mensagem é a interpretação, que deve levar o peso do sermão. Vejamos alguns valores das
boas ilustrações:
a) Dão clareza ao sermão – a verdade bíblica é, às vezes, tão profunda, que o pregador, por
mais que se esforce em explicá-la, seu povo não conseguirá compreendê-la até que a
coloque em forma de retrato falado (ou seja, ilustração).
b) Tornam o sermão interessante – a falha de muitos sermões não está no seu conteúdo
doutrinário, mas no peso ou monotonia com que a verdade é apresentada. A mensagem
pode ser árida e sem interesse ao ponto de o ouvinte ter dificuldade em prestar-lhe a
devida atenção. As boas ilustrações relaxam a mente, despertam a atenção, dão vida à
mensagem e preparam o ouvinte para o que se há de seguir. Ex.: pg. 173.
c) Dão viveza à verdade – a única parte da mensagem que algumas pessoas guardam na
lembrança é a ilustração, pois esta impressiona a mente pela força dos quadros que
retrata, nos quais coisas complexas ficam claras, e fatos monótonos e abstratos são
transformados em verdades vivas, fazendo as pessoas verem mediante a imagem verbal,
o que doutra forma não compreenderiam com clareza.
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c) Usar ilustrações críveis – ilustrações exageradas só trarão descrédito ao ministério e
levarão o povo a acreditar que o pregador tem tendências ao exagero e é crédulo o
suficiente para acreditar no que não é digno de fé.
d) Usar ilustrações exatas – a ilustração que vale a pena ser apresentada, vale a pena ser
bem apresentada. Em regra geral, não deve ser lida. Como o sermão, a ilustração lida
perde sua força. Portanto, ao usar uma ilustração, o pregador deve conhecer muito bem
os detalhes, ao ponto de relatá-los de memória com exatidão. Se ele se esquecer de um
detalhe ou omitir uma ou duas partes essenciais, pode arruinar a ilustração.
e) Em regra geral, usar ilustrações breves – a ilustração não deve ter tanta proeminência
quer roube o poder da mensagem. Afinal de contas, a finalidade principal da ilustração é
esclarecer. Portanto, em regara geral, elas não devem ser longas. Com efeito, alguns
quadros mentais são mais eficazes quando apresentados concisamente. Mas se for
necessário usar uma ilustração longa em certa parte do sermão, seria aconselhável
relegar ao mínimo outras ilustrações na mesma mensagem.
D – A APLICAÇÃO DO SERMÃO
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Ocasiões há, porém, em que é bom fazer a aplicação no final de cada subdivisão ou no fim
de cada divisão principal. Por outro lado, há momentos em que a aplicação pode vir antes
dos outros processos retóricos, a saber: antes da argumentação, da citação e da ilustração,
mas raramente deve preceder a explanação.
Em alguns casos é melhor omitir o apelo do corpo do sermão e deixar o impacto pessoal
para o fim da apresentação. Isso é especialmente válido com referência ao argumento
lógico, onde cada parte está incompleta até sua total apresentação. Inserir algum tipo de
aplicação muito cedo prejudicará a discussão e enfraquecerá o clímax do argumento. Os
sermões evangelísticos, em geral, pertencem a essa categoria.
Outro fator o qual devemos estar atentos é o tempo dedicado à aplicação. O pregador não
deve dedicar tempo demasiado a aplicação, pois ele deve lembrar que sua responsabilidade
maior é interpretar a Palavra de Deus de modo tão claro que todos a compreendam. Por isto
o pregador deve alcançar um equilíbrio, e um tempo adequado para a aplicação. Contudo,
sempre que for necessária a aplicação prática ele não deve deixar de fazê-la.
c) Empregue ilustrações que mostrem como a verdade pode ser aplicada à vida do povo
nas lides diárias – o ministro prega a homens e mulheres, rapazes e moças que
enfrentam as realidades da vida dia a dia. Encaram pressões, frustrações, tentações,
problemas e dores de coração, e precisam ver como a Bíblia exerce influência prática
sobre seus afazeres mediante ilustrações tiradas não só do texto bíblico, mas também
das situações da vida.
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f) Em geral, a aplicação deve ser específica ou definida – muitas vezes os apelos são feitos
em termos tão gerais, ou de maneira tão vaga ou indireta, que não conseguem transmitir
à congregação a importância que têm. Isso, em geral, se deve à falta de objetividade do
próprio sermão, ou, talvez, a um medo doentio que o pregador tem de ser acusado de
fanatismo, radicalismo ou estreiteza mental.
E – A CONCLUSÃO DO SERMÃO
1. Definição – é o clímax do sermão, onde o objetivo constante do pregador atinge seu alvo
em forma de uma impressão vigorosa.
2. Considerações Gerais – é a parte final, na qual tudo aquilo que foi dito anteriormente se
concentra com força, a fim de causar impacto nos ouvintes.
Este não é o lugar para se introduzir novas ideias ou argumentos.
A conclusão é parte integral da mensagem.
3. Propósito da Conclusão – através da conclusão tudo aquilo que já foi dito será ressaltado,
reafirmado, estabelecido ou terminado, isto com o propósito de colocar na mente dos
ouvintes o objetivo principal da mensagem.
A conclusão tem sido considerada como o elemento mais poderoso de todo o sermão, tendo
o poder de enfraquecer ou fortalecer as partes anteriores da mensagem quando mal ou bem
executadas respectivamente.
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b) Ilustração – é possível levar uma mensagem ao seu clímax por meio de uma ilustração,
especialmente quando esta ilustração é uma síntese da verdade principal da mensagem
apresentada.
Neste caso não há necessidade de apresentar mais nada à mensagem.
c) Aplicação ou Apelo – é a pergunta que surge: O que essa verdade tem que ver comigo?
Aqui o pregador deverá concluir o sermão com um chamado a uma resposta do ouvinte
às verdades da mensagem.
Às vezes a simples repetição da proposição consiste numa aplicação eficaz.
a) A conclusão deve ser breve – mesmo sendo considerada uma parte vital do sermão, a
conclusão não precisa ser longa.
Não nos é possível precisar a quantidade do tempo para a conclusão do sermão, mas
devemos aprender a sermos concisos em nossa conclusão, respeitando a expectativa dos
nossos ouvintes. Há pessoas que têm dificuldade de concluir.
Cuidado! Nunca diga: “para concluir”, e comece tudo de novo. Isto cansa ou ouvintes.
d) Deve ser expressa no esboço com poucas palavras – procure memorizar o conteúdo da
conclusão para evitar a leitura da mesma, o que poderá acarretar em perda de
comunicação com o ouvinte.
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