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Michele Giorgianni
Professor Emérito da Universidade de Roma.
O presente trabalho, traduzido pela Profa. Dra. Maria Cristina de Cicco, Professora
visitante da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, foi
escrito pelo então Catedrático de Direito Civil da Universidade de Nápoles, Prof. Michele
Giorgianni, um dos maiores civilistas italianos vivos, hoje Professor Emérito da
Universidade de Roma. A tradução pretende divulgar mais amplamente, para o público
brasileiro, o texto que, por sua densidade e importância temática, já se constitui em
obra clássica do direito civil. *
1. São cada vez mais freqüentes as menções, na ciência jurídica atual, acerca "das
transformações" que o Direito Privado sofreu, seja em razão das modificações ocorridas
na esfera econômica, provocadas pelo desenvolvimento da Industrialização e do
Capitalismo, seja em virtude da presença cada vez mais atuante dos poderes públicos na
vida econômica dos povos.
Tal obra, todavia, deve ser precedida, nos parece, de um controle acerca do alcance real
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
das "transformações" da segunda espécie, ou seja, daquelas que são resumidas com as
fórmulas da "publicização" e da "socialização", freqüentemente usadas de maneira
promíscua. Estas transformações - que talvez mais do que as outras têm atraído a
curiosidade dos privatistas - tornariam até mesmo problemático o atual conceito do
Direito Privado, que, segundo constatações freqüentes, estaria impregnado por
elementos publicistas a ponto de não mais poder ser facilmente distinto do Direito
2
Público.
Não faltam, ao lado dessas alarmadas expressões, manifestações mais cautelosas, como
as que se limitam a assinalar uma "penetração" do Direito Público no domínio do Direito
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Privado, ou seja, uma "prevalência do primeiro sobre o segundo". Mas mesmo essas
expressões não conseguem dissimular o embaraço em que se encontra a atual doutrina
privatista.
Um outro e talvez mais importante motivo, que induz ao controle da validade daquelas
fórmulas, provém da observação do que ocorre no outro terreno, ou seja, no seio da
doutrina publicista. Aqui os mais conscientes cultores do Direito Administrativo têm
extraído observações interessantes das conseqüências que se verificaram depois do uso
cada vez mais importante dos instrumentos do Direito Privado por parte dos poderes
7
públicos. Deste modo é da doutrina publicista que, freqüentemente, provém a
advertência de que o Direito Privado ampliou as suas fronteiras em direção ao Direito
Administrativo e que a distinção entre Direito Administrativo e Direito Civil mudou de
8
significado. Na França ocorreu, por exemplo, que o grito de alarme, lançado por alguns
9
importantes civilistas sobre a "publicização" do Direito Privado, encontrava céticos
10
justamente os cultores do Direito Administrativo. Tampouco se deve negligenciar o
fato de que a revisão dos critérios de distinção entre Direito Público e Direito Privado foi
obra dos publicistas, enquanto os civilistas freqüentemente demonstram, principalmente
na doutrina dos manuais, estar ainda ancorados aos termos da distinção, ja há longo
tempo superados pela doutrina publicista.
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
O interesse da investigação é, por isso, duplo: de um lado, será possível colher uma
nova perspectiva, idônea - junto com o outro aspecto ligado às modificações na esfera
econômica - a descobrir integralmente a atual fisionomia do Direito Privado; de outro,
serão provavelmente colocados em evidência novos terrenos, até então subtraídos à
atenção dos civilistas, nos quais estes - iniciando uma colaboração, até agora
praticamente ausente, com os cultores do Direito Público - poderão colher frutos de
grande interesse teórico e prático. Pode-se entrever que, afinal, novos territórios serão
incluídos dentro das tradicionais fronteiras do Direito Privado; o que constitui talvez o
aspecto mais atraente da investigação.
Nesse sistema, as relações do Direito Privado com o Direito Público são muito claras. O
Direito Privado coincide com o âmbito dos direitos naturais e inatos dos indivíduos,
enquanto o Direito Público é aquele emanado pelo Estado, voltado para objetivos de
interesse geral. As duas esferas são quase impermeáveis, reconhecendo-se ao Estado o
poder de limitar os direitos dos indivíduos somente para atender a exigências dos
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próprios indivíduos. Estes conceitos são repetidos na conhecida fórmula kantiana, pela
qual os dois ramos se distinguem pela diversidade da fonte; que no Direito Privado
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reside nos princípios da razão, no Direito Público na vontade do legislador.
Este sistema, surgido das mentes dos filósofos ou dos jusfilósofos, foi codificado pelo
Code Napoléon, e baseado nele a pandectística alemã esforçou-se - ou, como foi
observado recentemente, iludiu-se - para construir o edifício destinado a transportar do
plano filosófico-jusnaturalista ao plano jurídico-positivo, a idéia do indivíduo-sujeito de
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direito e aquela do "poder (potestà) da vontade" do indivíduo como único motor do
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Direito Privado.
Os dois pilares desta concepção eram constituídos pela propriedade e pelo contrato,
ambos entendidos como esferas sobre as quais se exerce a plena autonomia do
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
Como foi aludido, a codificação continha algumas "impurezas" em relação às idéias sobre
as quais o sistema se assentava. Assim, o Code Civil teve de atenuar a excessiva
reverência que os projetos fizeram à autonomia privada, mantendo alguns institutos
tradicionais como a ação de rescisão, a prisão pessoal por dívidas, as normas repressivas
da usura, dentre outras. As disputas em torno da matéria reacenderam-se durante a
redação do nosso código de 1865, o qual, todavia, manteve aquelas limitações à
autonomia privada. Mas, acima de tudo, o Code Civil teve que introduzir, no art. 6.º do
título preliminar, uma limitação que - pela sua indeterminação - constituiria um
verdadeiro cupim, que, pouco a pouco, viria a corroer, por dentro, o sistema
jusnaturalista e liberal do Code Civil. Trata-se da norma pela qual as convenções dos
particulares não podem derrogar nem as "leis que interessam a ordem pública", nem os
boni mores. Esta norma foi transportada para o nosso Código Civil de 1865 (art. 12 disp.
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prel.) e aparece ainda naquele vigente (art. 31 disp. prel. ). A acentuada
indeterminação do conceito de ordem pública e a sua capacidade de expansão
revelaram-se presentes no curso da história dos códigos civis. Sabe-se que essa extrema
elasticidade permitiu até mesmo construir dois conceitos de ordem pública: interna e
internacional. O absoluto domínio do sujeito no campo contratual revelava, por essa via,
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a sua relatividade.
Não obstante isso, este sistema de Direito Privado, apesar das impurezas decorrentes da
codificação, poderia definir-se com Savigny, como "o conjunto das relações jurídicas no
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qual cada indivíduo exerce a própria vida dando-lhe um especial caráter".
A este propósito, deve-se considerar muito significativa a insistência com a qual foi
advertida, nos últimos tempos, a "historicidade" da distinção entre Direito Público e
Direito Privado, e, portanto, a atração de noções e definições - como aquelas elaboradas
pelos juristas romanos ou intermédios - presas a algumas peculiares concepções do
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direito e, sobretudo, ao sistema das fontes. Por outro lado, um fugaz olhar sobre o
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
Esse significado "constitucional" dos códigos civis do início do século XIX não é, porém,
causado pelas normas que acabamos de assinalar, mas é imanente neles, se se fixar a
idéia de que a propriedade privada e o contrato, que constituíam, como se disse, as
colunas do sistema, vinham, por assim dizer, "constitucionalizar" uma determinada
concepção da vida econômica, ligada, notoriamente, à idéia liberal. E sabe-se muito bem
que a propriedade da qual o código se ocupava era a da terra, que então constituía
quase que a única fonte de riqueza. O Code Civil, regulamentando os modos de
aquisição da propriedade, na realidade, traduzia em normas específicas os princípios das
declarações setecentistas dos direitos do homem, de modo que Cambacérès na sua
exposição de motivos ao projeto do Code Civil podia afirmar que: la legislation civile
25
règle les rapports individuels et assigne à chacun ses droits quant à la proprieté. Nesta
concepção, o contrato - voltado a regular sobretudo a circulação da propriedade -
constitui mesmo o instrumento mais elevado para alcançar a justiça: Qui dit contractuel,
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dit juste proclamava o filósofo.
Ora, esse "individualismo" do Direito Privado tinha como reflexo - muito importante para
compreender o significado e as fronteiras do Direito Privado de então - uma qualificação
acentuadamente subjetivista. Em outros termos, a função do Direito Privado não era
aquela de disciplinar algumas atividades da vida econômica e familiar da sociedade, mas
a vida dos indivíduos (ou dos particuliers) no seio da sociedade. O Direito Privado era
verdadeiramente - como evidenciado pela célebre definição savigniana, supracitada - a
esfera de ação do indivíduo. São conhecidas as tintas tipicamente subjetivistas
assumidas pelos instrumentos dogmáticos construídos pelos juristas, e principalmente
pela pandectística alemã: o direito subjetivo como senhoria da vontade, a propriedade
como senhoria sobre a coisa, o negócio jurídico como declaração de vontade.
Ambas as modificações do Direito Privado acima descritas são fruto de uma evolução
iniciada bem cedo no século XIX, para a qual confluíram numerosos fatores, que aqui
podem ser indicados apenas de forma sumária e desordenada.
Esta lenta modificação da estrutura do sistema conduziu, a nosso ver, a uma reviravolta
que pode se considerar verdadeiramente decisiva na história do Direito Privado: isto é, a
uma valoração não mais subjetiva, mas objetiva, ou melhor, "conteudista" do Direito
Privado. Passado o período - digamos assim, revolucionário - em que o Direito Privado
protegeu ciosamente a tutela da atividade do indivíduo frente ao Príncipe, ele agora
simplesmente contém (ou talvez volte a conter) uma série de regras destinadas a
disciplinar algumas atividades da vida social, nas quais são adotados alguns
instrumentos jurídicos. Esta diferença pode ser representada quase plasticamente na
evolução do conteúdo do Direito Comercial, o qual, da consideração exclusiva dos
sujeitos - os comerciantes - foi-se paulatinamente colorindo de conteúdo objetivo: os
atos de comércio e, depois, a empresa.
A posição e a defesa dos indivíduos e dos grupos no seio da sociedade estatal são agora
confiadas a instrumentos que escapam do campo do Direito Privado, pertencendo
decididamente ao Direito Público.
confiar de maneira excessiva - era inevitável que a doutrina percebesse que qualquer
norma, mesmo aquela voltada a tutelar os instintos mais egoístas, pode ser considerada
como posta para os fins do Estado ou da comunidade. Por outro lado, mesmo
considerando público somente o que transcende o interesse dos indivíduos, vistos
singularmente - onde se deve enxergar um exasperado reflexo da descrita concepção
iluminista do Direito Privado - se acabaria por considerar pública qualquer zona do
direito na qual são levados em conta os interesses de uma série (mesmo restrita) de
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indivíduos.
Ora, é verdadeiramente singular que a doutrina privatística não tenha oposto qualquer
resistência àquelas tendências que conduziam fatalmente à "publicização" de todo o
direito. Ela não percebia que contribuía para a íntima perda de força do Direito Privado,
no momento em que, aceitando algumas concepções teóricas, conformava docilmente os
seus instrumentos dogmáticos a essa "publicização", sobretudo o direito subjetivo e o
negócio jurídico, que são as mais altas expressões da autonomia dos sujeitos. As
recentes reações à redução de todo o direito ao Estado vieram, ao contrário, dos
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publicistas e dos filósofos. E é do mesmo modo singular a complacência com a qual os
privatistas acolheram a tentativa de abandonar ao Direito Público um inteiro ramo da
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sua disciplina, aquele relativo às relações familiares.
Se assim é, aquelas adjetivações querem indicar a atual fase do Direito Privado, tendo
como termo de comparação o sistema codificado no século XIX. Mas seria certamente
ingênuo pretender a eliminação daquelas adjetivações, observando que elas podiam ter
justificação em uma época de "transição", enquanto a fase iluminista do Direito Privado,
pode-se dizer, já passou há muito tempo. Deve-se, na verdade, constatar que o uso
daqueles adjetivos e, principalmente, do primeiro, quer evidenciar - pelas palavras,
como vimos, dos seus próprios divulgadores - um ofuscamento das fronteiras com o
Direito Público e, sobretudo, uma desconfiança sobre a validade atual do Direito
"Privado". Não se trataria, então, de simples rótulos convencionais, mas da denúncia de
uma verdadeira crise do Direito Privado. Confirma-se, então, a necessidade, já acima
mencionada, de inspecionar o seu território para avaliar o seu atual significado e
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
Não se deve jamais esquecer que o Direito é ciência - se assim se pode chamar - prática
e que por isso as suas partições (incluindo a summa divisio em privado e público) são
legítimas se e enquanto corresponderem a uma diversidade de instrumentos, de normas
e de princípios. Ora, existem alguns instrumentos tradicionalmente predispostos para a
disciplina das relações pessoais e patrimoniais dos sujeitos do mesmo modo que existem
outros instrumentos que servem para as relações que intercedem entre os indivíduos e
os poderes públicos.
Deve-se observar imediatamente que, colocada desse modo, a distinção permite atribuir
sem reservas ao Direito Privado as atividades econômicas dos poderes públicos, quando
eles utilizam os instrumentos do Direito Privado, apesar da "publicidade" do fim
perseguido. Deste aspecto trataremos mais tarde.
A natureza "privada" das aludidas atividades econômicas pode se dizer ofuscada por
causa das limitações cada vez mais numerosas que elas receberam e continuam a
receber por obra dos poderes públicos?
Para avaliar, também no plano jurídico, o sentido destas limitações, é preciso lembrar
que o significado profundo da fase liberal do Direito Privado - que por convenção se pode
identificar com a codificação napoleônica - reside na pretensão (naquela fase econômica
provavelmente legítima) de que o bem-estar social podia ser alcançado através do livre
exercício do jogo econômico e através da libertação da propriedade, ou seja, da terra, de
qualquer dos vínculos que a ela foram impostos nos séculos passados. É comum a
observação - naturalmente sintética e talvez exagerada - de que neste período a
intervenção do Estado se limita à prestação de auxílio ao credor diante do devedor
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inadimplente, ou seja, ao proprietário diante dos ataques do usurpador.
Sucessivamente, as novas dimensões das empresas, e sobretudo o fato de a atividade
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
Temos a impressão de que disso não se deram conta - talvez por inércia diante das
transformações do ambiente econômico, que constitui um dos aspectos do
"conservadorismo" dos juristas e, principalmente, dos civilistas - aqueles que no plano
jurídico consideram tais limitações impostas à atividade econômica privada como a
expressão de uma ingerência em uma esfera cuidadosamente reservada à iniciativa dos
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indivíduos, chegando assim a falar de crise do Direito Privado.
De uma parte assistimos a uma série de limitações que concernem aquela que se pode
dizer a fase organizadora da atividade econômica, isto é, a chamada "iniciativa"
econômica. Deste primeiro aspecto fazem parte as normas que submetem à autorização
ou à licença o exercício de determinadas atividades; as que limitam de variado modo a
implementação de determinadas indústrias, as que impõem algumas cautelas ao seu
exercício; as que disciplinam as construções nas áreas urbanas; as que introduzem
"programas" e "controles" voltados a dirigir e coordenar a atividade econômica (art. 41,
§ 3, Const.), aquelas, enfim, que reservam ao Estado o uso de determinados bens ou de
determinadas atividades industriais ou comerciais. Limitações desse gênero não eram
desconhecidas para o Estado liberal, mas elas hoje, indubitavelmente,
engrandeceram-se por causa da multiplicação dos interesses dos quais o Estado assume
a tutela (por exemplo, as limitações que derivam da tutela da paisagem e da disciplina
urbanística dos centros habitados) e, sobretudo, por causa da assunção, por parte do
Estado, do papel de regulador da economia, papel que ele desempenha, deve-se
observar, não somente através daquelas limitações, mas também "condicionando" a
atividade privada mediante os potentes instrumentos dos tributos e do crédito.
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
Merecem maior atenção - do ponto de vista que estamos enfocando - as limitações que
pertencem à segunda categoria, as quais incidem mais intimamente sobre a iniciativa
privada. Tratam-se de normas - algumas das quais se encaixam também no elenco
acima indicado - voltadas a limitar a autonomia negocial, ou seja, o gozo dos direitos
subjetivos.
Diante destas limitações seria certamente insuficiente ou ingênua a menção aos velhos
limites à liberdade negocial, como, por exemplo, os relativos à usura, ou à disciplina dos
preços através das "tabelas". Indubitavelmente, estamos aqui diante de um fenômeno
pelo qual - por vezes também com o uso de instrumentos previstos até mesmo no
ordenamento liberal (por exemplo, a "ordem pública" mencionada acima) - se tutelam os
interesses de toda a sociedade, ou melhor, de certas categorias sociais como os
consumidores ou os trabalhadores, no temor de que a liberdade negocial possa
sacrificá-los. Nós, logicamente, não devemos exprimir qualquer juízo de natureza
econômica ou política sobre a legitimidade destas limitações, mas determo-nos quanto
às conseqüências sobre o conceito de Direito Privado.
Que, deste modo, o Direito Privado tenha perdido o caráter de tutela exclusiva do
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indivíduo para "socializar-se", como se costuma dizer, não se poderia colocar em
dúvida. Não se deveria duvidar, por outro lado, seja dito incidentalmente, que a
atividade econômica privada já transcende as fronteiras das relações entre indivíduos, e
penetrou no centro do corpo social através das dilatadas dimensões da empresa
econômica e através da possibilidade de satisfazer um número e uma variedade de
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necessidades antes nem mesmo imagináveis. Esta "socialização" já impregnou
intimamente todos os institutos do Direito Privado, e não somente a propriedade, que
mais freqüentemente chamou a atenção da doutrina.
Pode ser interessante observar que o descrito processo voltado a limitar, pelo exterior, o
direito subjetivo e a autonomia contratual, foi acompanhado e inserido em um diverso
49
processo, voltado a subestimar o papel da vontade individual. Este segundo processo,
que cronologicamente precedeu o primeiro, conduziu por sua vez a um progressivo,
íntimo ofuscar-se da função da autonomia. No próprio corpo do contrato - que deveria
constituir a expressão mais alta da vontade do sujeito - incessantemente abriram-se,
assim, novas brechas, que intimamente contradizem o papel que à vontade individual
era atribuído no sistema jusnaturalista do Direito Privado. É suficiente lembrar aqui a
lenta evolução através da qual se chegou ao princípio da chamada confiança (
affidamento). Em outros campos pode-se assinalar a evolução que se verificou no
terreno da responsabilidade (pré-contratual, contratual e extracontratual), no qual se
assistiu à lenta transformação da figura vetusta - e decididamente egoísta e
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individualista - do bonus pater familias romano.
O Direito Privado, assim "socializado", é com certeza diverso do Direito Privado do Code
Napoléon, que exauria a sua tutela, por um lado, no direito subjetivo (ou seja, sobretudo
na propriedade) ou antes, no seu titular, e, por outro lado, na vontade individual, ou
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
Que a estes instrumentos não se possa confiar - como o sistema jusnaturalista pretendia
- a total defesa do indivíduo, na sociedade, é conseqüência de uma evolução econômica
e social, que não pode incidir sobre a estrutura do Direito Privado, mas, quando muito,
sobre a função que ele assumiu no mundo moderno, no qual o indivíduo já encontra a
tutela da sua personalidade e dos seus interesses econômicos em outros instrumentos:
basta pensar no alargamento da tutela contra os atos ilegítimos da administração pública
51
e na progressiva conquista da chamada seguridade social. Deslocou-se, por isso,
sensivelmente, a relação entre liberdade política e liberdade econômica com a
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conseqüência que nem sempre a diminuição da segunda incide sobre a primeira.
Nem nos parece supérfluo observar que a pretensão - que o Direito Privado já perdeu -
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de disciplinar de maneira exclusiva as atividades dos indivíduos (ou dos particuliers) se
convertia em uma limitação do seu território, de modo que se chegava a considerar
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estranhas até mesmo as sociedades por ações. Podem-se considerar um reflexo da
nova concepção do Direito Privado algumas expressões - que parecem estar em
contradição com a tendência da "publicização" - como, por exemplo, a progressiva
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atração, para sua órbita, da chamada autonomia coletiva, a qualificação privatística de
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alguns entes, como os eclesiásticos, e, por fim, a consciência cada vez mais viva de
que o direito de família pertence, sem reservas, ao Direito Privado, apesar do controle
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atento que a autoridade pública exerce sobre ele.
Bastará aqui indicar os aspectos mais significativos desse fenômeno pelo qual muitos
fatos e situações foram atraídos sem reservas à disciplina do Direito Privado, que antes
era impedida ou limitada pela sua concepção como direito dos particuliers. Esta
expansão progressiva das fronteiras do Direito Privado, que encontrou uma imediata
correspondência na obra da jurisprudência, foi atentamente analisada pela doutrina
publicista mais sagaz. Os privatistas, na verdade, não se mostraram particularmente
conscientes da expansão das fronteiras da própria disciplina.
começar por esta última, é conhecido o caminho pelo qual da quase absoluta
irresponsabilidade chegou-se à responsabilidade da administração pública, com a
aplicação relativamente explícita dos princípios que regulam a responsabilidade dos
particulares, ou seja, daqueles da culpa e do risco e com o abandono, relativamente
explícito, do princípio da insindicabilidade do comportamento da administração pública.
Passando ao primeiro campo, pode-se inicialmente observar como já se utiliza sem freio
algum o instrumento do "contrato" em muitas situações que antes eram enquadradas na
"concessão". Fez-se mais clara, além disso, a consciência de que a especial
regulamentação publicista (lei de contabilidade) não impede a aplicação do Direito
Privado como direito geral, dado que o ente público, entrando em relações contratuais,
abandona a sua posição de supremacia e assume aquela de paridade, própria das
relações privatísticas. São conhecidas as conseqüências dessa evolução no campo da
conclusão dos contratos, no campo da responsabilidade por inadimplemento e no do
enriquecimento indevido, enquanto é possível observar a tendência a restringir a
legitimidade do recurso à autotutela nas relações de Direito Privado. Restam ainda zonas
de resistência entre as quais se podem lembrar a inaplicabilidade do art. 2.932
(execução em forma específica da obrigação de transferir), os arts. 1.341, 1.342
(cláusulas predispostas), do art. 1.337 (responsabilidade pré-contratual), mas pode-se
facilmente prever que algumas delas, se não todas, cairão pouco a pouco.
Também no campo dos bens públicos - no qual o legislador oitocentista não tinha tido
moderação em recorrer aos conceitos do Direito Privado, talvez pelo significado de
"soberania" ínsito à propriedade e aos direitos in re -, assiste-se a algumas extensões
antes não permitidas, como, por exemplo, em tema de usucapião de bens do patrimônio
58
mobiliário indisponível.
Deste fenômeno - que, principalmente nos anos mais recentes, atraiu largamente a
atenção da doutrina - deve aqui ser assinalado exclusivamente o aspecto que diz
respeito ao tema que estamos examinando, ou seja, aquele relativo à pertinência da
descrita atividade ao Direito Privado. A tendência que se pode inferir da jurisprudência e
da doutrina mais respeitáveis é a que distingue a "organização" do ente ou da empresa
pública em relação à sua atividade, digamos assim, externa. Tal distinção é dada, quase
plasticamente, pela conhecidíssima jurisprudência que se formou em tema de relação de
trabalho dos dependentes dos entes públicos econômicos.
No terreno dos bens, foi evidenciado recentemente que o fim para o qual eles são
destinados não constitui critério idôneo para distinguir os bens privados daqueles
públicos, já que o interesse público pode muito bem ser perseguido imediatamente
63
através de bens pertencentes a particulares.
Por fim, avança cada vez mais a idéia, favorecida por algumas normas do Código Civil,
de que a empresa pública, à parte o seu aspecto organizativo ou estatutário que torna
inaplicáveis algumas normas privatísticas, em primeiro lugar as relativas à falência, não
64
é de modo algum diversa da empresa privada. É realmente imenso, a propósito, o
caminho percorrido desde os tempos do art. 7.º do velho Código Comercial e das
perplexidades que acompanharam a sua interpretação.
Não pecamos por presunção afirmando que essa desejada colaboração entre privatistas
e publicistas contribuiria certamente para reforçar as importantes tentativas feitas
recentemente pelos administrativistas de construir - sobre bases vetustas da chamada
"contabilidade de estado" - um mais moderno sistema dos contratos e da empresa
pública. Um outro campo de frutífera colaboração seria o do Direito do Trabalho no qual
a recíproca influência de princípios privatistas e publicistas, respectivamente no trabalho
público e naquele privado, permite o amadurecimento de um direito comum do trabalho.
Deste modo, podem ser colocadas sobre bases adequadas as relações entre Direito
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
A aproximação entre as duas esferas já está madura, não só pelos sinais acima
indicados, mas também pela íntima evolução que se está operando no próprio âmbito do
Direito Administrativo. Também aqui - seja concedido ao privatista notá-lo com alguma
satisfação - fala-se de crise ou até mesmo de "caos" por causa da penetração dos
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elementos privatistas. Na verdade, já existe uma larga zona em que o Direito
Administrativo se comporta exclusivamente como um direito estatutário dos entes
públicos, do qual deriva uma ampla comunhão de conceitos e de princípios com a
correspondente disciplina dos entes privados.
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
(1) Como se sabe, sobre essas necessidades chamou incessantemente a atenção, nos
últimos tempos, ASCARELLI (por último em "Ordinamento giuridico e processo
economico, e Norma giuridica e realtà sociale", Problemi giuridici, I, Milano, 1959, p. 37
et seq., 67 et seq.).
(3) SAVATIER R. Métamorphoses. 2. ed., I série, cit. p. 230 et seq., 286 et seq. O autor
fala também de prolètarisation do Direito Privado (p. 286 et seq.).
(5) MAZEAUD H. L. e I., Leçons de droit civil, Paris, 1955, I, p. 40. MAZEAUD H. ( Dalloz
Chr., 1946, p. 17) tinha comparado jocosamente os civilistas a um bando de avestruzes
que foge ao grito de: "o Direito Público nos afoga"!
(6) Cf. PUGLIATTI, Gli istituti del diritto civile. Milano, 1943, I, p. 29, e também, p. III do
"Prefácio".
(8) V. EISENMANN, Droit public, droit privé", Révue du droit public, 1952, p. 903 et seq.,
espec., p. 958 et seq.
(12) Cf., recentemente, NICOLÒ, verbete "Codice civile", Enciclopedia del diritto, VII,
Milão, 1960, p. 240 e antes em "Riflessione sul tema dell'impresa", Rivista di diritto
commerciale, I, 1956, p. 177.
(13) V. Dölle, "La codificazione civile del tempo presente", Nuova Rivista di diritto
commerciale, 1950, p. 25 et seq.
(15) V. recentemente ORESTANO, "Diritti soggettivi e diritti senza soggetto", Jus, 1960,
p. 149 et seq., espec., p. 150 et seq.
(17) V. SOLARI, op. cit., p. 202 et seq.; BOBBIO, Diritto e Stato nel pensiero di
Emanuele Kant. Turim, s.d. (mas 1957), p. 136 et seq. (N.T.: V. a edição brasileira
Direito e Estado no pensamento de Emmanuel Kant. Trad. de Alfredo Fait, Brasília :
Editora Universidade de Brasília, 2. ed., 1992).
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
(20) N.T. Esta norma foi recentemente ab-rogada pela Lei 218 de 31.05.1995, que
dispõe sobre a reforma do Direito Internacional Privado e corresponde ao atual art. 16
da mesma lei, do seguinte teor: "1. A lei estrangeira não é aplicada se os seus efeitos
forem contrários à ordem pública. 2. Nesse caso, aplica-se a lei indicada mediante outros
critérios de conexão eventualmente previstos para a mesma hipótese normativa. À sua
falta, aplica-se a lei italiana".
(21) É muito instrutivo ler as páginas dedicadas à nulidade dos contratos por
contrariedade às leis de interesse geral em um dos primeiros sistemadores do Direito
Civil francês depois da codificação, LAURENT, Principii di diritto civile. Trad. it., Nápoles,
1879, I, p. 68 et seq.
(22) SAVIGNY, Sistema del dirito romano attuale. Trad. it., Turim, 1886, I, p. 49.
(23) CALASSO, " Ius publicum e ius privatum nel diritto comune classico", Studi in
memoria di Francesco Ferrara, Milano, 1943, v. I, p. 55 et seq.; CHÉVRIER, "Remarques
sur l'introduction et les vicissitudes de la distinction du ius privatum et du ius publicum
dans les oeuvres des anciens juristes français", Arch. de phil. du droit, Paris, 1952, p. 5
et seq.; LOMBARDI, verbete Diritto pubblico (dir. romano), Novissimo Digesto italiano.
Turim, 1960, p. 1.020 et seq.; CERRONI U., Sulla storicità della distinzione tra diritto
privato e diritto pubblico, Atti del IV congresso naz. di filosofia del diritto. Milão, 1969, p.
355; GUARINO A., L'ordinamento giuridico romano, 3. ed. Napoli, 1959. p. 38 et seq.,
115 et seq., 124 et seq., 132 et seq., 232 et seq.
(24) É interessante observar que, quando o ordenamento fascista quis inserir a "Carta
do trabalho" entre as fontes normativas, a coligou-se às "disposições preliminares" do
Código Civil (Lei 14 de 30.01.1941), antecedendo-a depois ao texto do novo Código Civil
(art. 1 do regio Decreto (N.T. Real Decreto) 262 de 16.03.1941, depois ab-rogado com
Decreto-lei 287 de 14.09.1944).
(26) FOUILLÉE, citado por RIPERT, Les forces créatrices du droit. Paris, 1955, p. 416.
(28) Cf. em propósito ORESTANO, op. cit., p. 162 et seq., ivi citações.
(29) Cf. em propósito, por último, ORESTANO, op. cit., p. 167 et seq., Ed. ivi citações.
(32) Como se sabe, a tentativa mais respeitável é aquela de KELSEN, por último em
Teoriagen. del dir. e dello Stato. Trad. it., Milão, 1952. p. 205 et seq. e já Zur Lehre von
öffentlichen Rechtsgeschäft, Arch. des öff. Rechts, XXXII, (1913), p. 59 et seq.
distinzione fra diritto pubblico e diritto privato", Rivista italiana di scienza giuridica,
1915. p. 111 et seq.
(35) CICU, Il diritto di famiglia, Roma, 1914, espec. p. 157 et seq. Também aqui as
perplexidades sobre a pertinência ao Direito Público vieram dos publicistas (BRACCI,
Ordine pubblico e diritto pubblico nei rapporti di famiglia. Siena, 1927).
(36) Cf. VASSALLI, "Della legislazione di guerra e dei nuovi confini del diritto privato",
Studi giuridici, Milano, 1950, II, p. 337 et seq.
(40) Sobre essa posição do jusnaturalismo v. DUGUIT, Les transformations etc., cit., p.
16. É famosa a frase colocada por Kant ao mercador, o qual à pergunta do Príncipe "o
que podia fazer por ele" respondia: "Sir, procure-nos boa moeda e a segurança das
estradas e o resto deixe por nossa conta", Cf. em propósito HIPPEL, F. Von. Zum Aufbau
und Sinnwandel unseres Privatrechts. Tübingen, 1957. p. 21.
(42) Para uma síntese desse sistema v. CAFFÉ, verbete Benessere (economia del),
Novissimo Digesto italiano, Turim, 1958, II, p. 34.
(43) Contra essa tendência v. DELITALIA, "La crisi del diritto nella società
contemporanea", La crisi del diritto (conferenze), Pádua, 1953. p. 79.
(44) ASCARELLI, Ordinamento giuridico e processo economico, cit., p. 59; Cf., também,
SAVATIER, Les métamorphoses, 2. série, cit., p. 5 et seq.
(45) Sobre a iniciativa econômica privada no Direito Público, cf. SPAGNUOLO VIGORITA,
L'iniziativa economica nel diritto pubblico. Nápoles, 1959.
(46) Até que ponto as limitações podem incidir sobre a iniciativa econômica sem lesar a
sua natureza privada não é nossa tarefa indicar. Segundo uma respeitável doutrina, o
art. 41 (N.T.: da Constituição italiana) permite que possa ser disciplinado com normas
cogentes somente o "modo de exercício" de cada iniciativa, mas não pode ser imposto o
exercício de alguma atividade econômica; e que programas e disposições das
autoridades podem somente dirigir a atividade econômica privada para determinados
fins, mas devem deixar aos particulares a liberdade de decisão e de atuação das próprias
iniciativas dentro do quadro geral e abstrato do modo de exercício das iniciativas fixado
pelas leis (ESPOSITO, La costituzione italiana. Saggi, Pádua, 1954. p. 184).
(47) Esta "socialização" como foi precisamente advertido, não implica qualquer recepção
das idéias expressas pelo socialismo econômico e político (v. DUGUIT, op. cit., p. 8).
Todavia, a influência daquelas idéias é inegável.
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O DIREITO PRIVADO E AS SUAS ATUAIS FRONTEIRAS
(48) Desde 1891, na sua aula magistral napolitana, GIANTURCO sustentava "que o
princípio da livre vontade das partes fosse temperado pela idéia social do Estado" (
Opere, Roma, 1947, II, p. 262 et seq.).
(49) Sobre esse processo Cf., por ex., WALINE, L'individualisme et le droit. 2. ed., Paris,
1949, espec. p. 115 et seq.
(50) V. o nosso verbete "Buon padre di famiglia", Novissimo Digesto italiano, Turim,
1958, II, p. 596.
(52) Cf. JEMOLO, I problemi pratici della libertà, Milão, 1961, p. 165 et seq.
(53) V. já GABBA, "Intorno al concetto e all'orbita del diritto civile" ( Questioni di diritto
civile, I2., Turim, 1909, p. 3 et seq.), p. 4. Sobre aquela concepção iluminista do Direito
Privado v. Savatier, Du droit civil au droit public, cit., p. 3 et seq.
(56) JEMOLO, Lezioni di diritto ecclesiastico. 3. ed. Milão, 1959. p. 255 et seq.
(58) Cf. SANDULLI, nota sem título Foro italiano, 1950, I, coluna 623.
(59) V., recentemente, FALZONE, Le obbligazioni dello Stato. Milão 1960, p. 54 et seq.,
Ed. ivi, citações.
(60) ASCARELLI, Lezioni di diritto commerciali, Introduzione, 2. ed., Milão, 1955, p. 128
et seq. e 140 et seq.
(61) Cf. AMORTH, "Osservazioni sui limiti all'attività amministrativa di diritto privato",
Arch. dir. pubbl., 1938, p. 455 et seq. e, recentemente, TREVES, "La direzione delle
imprese con capitale statale", Diritto e economia, 1959, p. 674; MIELE, G. Brevi
osservazioni tema di enti pubblici economici, Ed. ivi, 1959, p. 1.371 et seq.
(63) V., a propósito, SANDULLI, verbete Beni pubblici, Enciclopedia del diritto, Milão,
1959, V, p. 279 et seq.
(64) ASCARELLI, "Il dialogo dell'impresa e delle società nella dottrina italiana dopo la
nuova codificazione", Riv. soc., 1959, p. 418; NICOLÒ, "Riflessioni sul tema
dell'impresa", Rivista di diritto commerciale, 1956, I, p. 195.
(65) É interessante observar, nos países de common law, uma progressiva adequação
dos procedimentos contratuais "privados" às necessidades da ação administrativa (v.
Langrod, "Le contract instrument d'action des Administrations publiques", Annales
Universitatis Saraviensis, 1955, I, p. 9.).
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(66) GIANNINI, M. S. "Sull'azione dei pubblici poderi nel campo dell'economia", Rivista di
diritto commerciale, 1959, I, p. 317.
(67) V., a propósito, SANDULLI, "Spunti sul regime dei contratti di diritto privato della
pubblica amministrazione", Foro italiano, 1953, I, c. 1585.
(68) MIELE G., "In tema di liberalità degli enti pubblici", Foro amministrativo, 1958, II,
1, c. 500 et seq.
(69) Cf. G. TREVES, Le imprese pubbliche, Turim, s.d. (mas 1950); na França v. HOUIN,
"La gestion des entreprises publiques et les méthodes de droit commercial", Arch. phil.
du droit, Paris, 1952, p. 79 et seq.
(73) É interessante notar que a apropriação dos instrumentos do Direito Privado por
parte da atividade econômica pública se deu também nos países de economia coletiva.
Cf. G. ROSSI, "L'impresa di Stato nel diritto sovietico", Riv. soc., 1960, p. 871 et seq.;
KNAPP, "La nuova legge sui rapporti economici tra gli organismi socialisti", Rivista di
diritto commerciale, 1960, I, p. 241 et seq.
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