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A questão coloca-se em quatro planos que devem ser objeto de análise e resolução
sucessiva:
ii) Uma vez identificado o local a adoptar como ponto de referência, cumpre em
seguida, identificar o tribunal cujo âmbito de jurisdição abrange o local
em causa. De acordo com o art. 3.º do DL nº 325/2003 de 29 de Dezembro,
existem hoje em Portugal tribunais de primeira instância com sede em;
- Almada, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Funchal, Leiria, Lisboa,
Loulé, Mirandela, Penafiel, Ponta Delgada, Porto, Sintra, e Viseu. A área de jurisdição
de cada um destes tribunais encontra-se estabelecida np mapa anexo ao DL nº
325/2003de 29 de Dezembro – é este o diploma a consultar para o efeito de identificar
concretamente o tribunal competente em razão do território.
✓ Contrapõe-se-lhe como segundo critério com maior índice de aplicação práti ca,
o critério do art. 20º/1 da área da desse da entidade demandada. Este critério vale
para as ações propostas contra as Regiões Autónomas e as autarquias locais,
contra as entidades por ela constituídas e contra as pessoas coletivas de utilidade
pública. – A nova redação de 2015 veio clarificar o âmbito de aplicação deste
critério , apenas compreende as entidades relacionadas com as Administrações
regionais e autárquicas, como empresas e institutos municipais, e não entidades
tuteladas pelo Estado, como as instituições públicas de ensino superior.
✓ Tal como no processo civil, os artigos 17.º, 18.º e 19.º, consagram entretanto
critérios próprios para ações respeitantes a bens imóveis, responsabilidade
civil extracontratual e contratos;
Com efeito olhando para as alíneas do art. 4.º , afigura.se em todos esses casos, mais
não se trata do que aplicar o critério da existência de um litígio sobre uma relação
administrativa ou fiscal.
Caso prático 1:
Hoje tentei votar na secção 22 do Lumiar, mas na altura em que o fiz a mesa de voto alegou
que já não tinha mais boletins; de resto, olhando à minha "pinta de esquerdista
sanguinário", o mais certo era "votar errado", disseram-me. perante isto, pretendo dirigir-
me a um tribunal administrativo e reagir de alguma forma. posso fazê-lo?
- Em primeiro lugar estamos perante a violação do art. 13.º da CRP (Princípio da igualdade),
art. 49.º CRP (Direito de sufrágio), art.4.º da Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais:
Lei Orgânica n.º 1/2001, de 14 de agosto.
- O problema que se coloca é relativo ao âmbito de jurisdição, sendo que como estamos perante
um direito fundamental, poderíamos referir que o particular poderia reagir perante um tribunal
administrativo ao abrigo do art. 4.º/1/a) do ETAF.
- Mas a questão não é assim tão simples: em primeiro lugar, temos de averiguar o que é uma
relação jurídica administrativa: o critério deve ser teleológico: ao invés de estatutário: o
Direito Administrativo é o “direito comum da função administrativa,” o que significa que ele
“não regula apenas a atuação da administração em sentido orgânico” mas regula também “a
atuação de todos os sujeitos jurídicos, ainda que não integrantes daquela, que exerçam a
função administrativa, e ainda a atuação de todo o qualquer que exerçam a função
administrativa, e ainda a atuação de todo e qualquer sujeito jurídico, quando e na medida em
que se interseccione com o exercício da função administrativa”.
- Ora não obstante poder-se falar das mesas de voto pertencerem à administração eleitoral: o que
está aqui em causa é um crime ou contraordenação tipificado no artigo 181.º da Lei Eleitoral
dos órgãos das Autarquias Locais (Admissão ou exclusão abusiva do voto)
Os membros de mesa de assembleia de voto que contribuírem para que seja admitido a votar
quem não tenha direito de sufrágio ou não o possa exercer nessa assembleia, bem como os
que contribuírem para a exclusão de quem o tiver, são punidos com pena de prisão até 2 anos
ou com pena de multa até 240 dias.
Assim sendo nos termos da Constituição, os tribunais judiciais são os tribunais comuns
em matéria cível e criminal, é óbvio que, salvo derrogações pontuais contidas na lei está desde
logo excluída do âmbito da jurisdição administrativa e apreciação de litígios em matéria
criminal.
Sim, esta é uma solução possível, mas a solução correta seria analisar o art. 4.1/m) do
ETAF, sendo que na última parte onde se refere para que não seja competente outro tribunal.
Sendo certo que os tribunais administrativos não seriam competentes para julgar a
ação, haveria recurso direto para o Tribunal Constitucional.
ii) Segundo passo: art. 31.º ETAF quanto à competência dos tribunais centrais
administrativos;
iii) Terceiro passo, que no entanto é o mais comum, é a aplicação do art. 44.º
ETAR que diz respeito à competência dos tribunais administrativos de
círculo.
ii) Uma vez identificado o local a adotar como ponto de referência, cumpre em
seguida, identificar o tribunal cujo âmbito de jurisdição abrange o local em
causa.
REGULAMENTO DE AVALIAÇÃO:
Cumpre, na verdade, recordar que, embora não haja qualquer dúvida de que, ao
qualificar todos os contratos de aquisição e locação de bens móveis e de aquisição de
serviços por contraentes públicos como contratos administrativos, o CCP ampliou muito
o âmbito da figura, tornando assim, ainda mais residual do que já era antes a categoria
dos contratos de direito privado celebrados pela Administração Pública, a verdade é que
ele não deixou de manter a distinção, diferenciando os contratos administrativos dos
demais contratos celebrados pela Administração Pública (nesse sentido, veja-se, aliás
entretanto, o novo nº1 do art. 200º do CPA. E diferenciando em termos que não são
isentos de dúvidas, atenta a ambiguidade de contornos que caracteriza, em particular, a
alínea d) do nº6 do art. 1º do CCP.
São, assim, os seguintes os critérios hoje adotados pela alínea e) do n.1 do artigo
4.º do ETAF em matéria de litígios sobre contratos.
O n.º6 do art. 1º do CCP é constituído por quatro alíneas. São, no entanto, cinco
categorias de situações contratuais a que nele se faz corresponder a qualificação de
contrato administrativo: e em bom rigor pode dizer-se que essas categorias podem ser
reconduzidas a três grandes grupos:
Tal como antes, a alínea e) do n.1 do artigo 4.º ETAF atribui à jurisdição
administrativa a competência para dirimir os litígios emergentes dos contratos que a lei
submeta a regras de contratação pública. A previsão do preceito compreende claramente
litígios respeitantes a quaisquer contratos, que não apenas a contratos administrativos , e
tanto contratos celebrados por pessoas coletivas de direito público~, como contratos
celebrados por entidades privadas, quando sujeitas a regras de direito público em
matéria de procedimentos pré-contratuais (ou seja, quando legalmente qualificadas
como entidades adjudicantes, segundo a terminologia do CCP).
Não há pois, qualquer dúvida de que estes contratos estão abrangidos pelo
âmbito da jurisdição administrativa.
No que respeita ao regime do art. 19.º atinente À competência em matéria relativa aos contratos,
é muito importante começar por sublinhar que esse regime só é aplicável aos processos que têm por
objeto questões de interpretação, validade e execução dos contratos, a que se refere o art. 37./1/l) não
abrangendo assim os processos de impugnação de atos administrativos pré-contratuais, integrados no
procedimento de formação de contratos, que não corresponde a um contencioso de contratos, mas de
impugnação de atos administrativos.
ÂMBITO DA JURISDIÇÃO:
atos, mas ao mesmo tempo, continuou a assumir que as insuficiências de que enferma a
rede dos tribunais administrativos não permite a atribuição, em bloco, àqueles tribunais
de competência genérica na matéria. E nesse sentido consagrou a alínea l) do n.1 do
artigo 4.º , uma solução de meio termo.
1. Âmbito da jurisdição:
§ Art. 4/1/l) ETAF – esta norma diz respeito aos litígios relativos a decisões de
aplicação de coimas por violação de normas em matéria de urbanismo, como vimos esta
norma é uma solução de meio termo, que atribui aos tribunais administrativos a
competência para as impugnações de decisões que apliquem coimas no âmbito do ilícito
de mera ordenação social, mas apenas quando a aplicação dessas coimas se fundar na
violação de normas em matéria de urbanismo, que é exatamente o nosso.
Portanto teremos de atender ao art. 20.º /1 do CPTA : que confere o critério da área
da sede da entidade demandada, sendo que esta ação vale para as ações propostas
1. Âmbito de jurisdição :
Esta regra, como regra geral, é no entanto, derrogada por disposições especiais,
designadamente pelo Código das Expropriações, que de acordo com uma velha tradição,
confere aos tribunais judiciais a competência para atribuir as indemnizações devidas
por expropriações servidões e requisições administrativas, as normas do Código das
Expropriações devem ser considerados normas especiais que derrogam o regime geral.
3 PROF. VASCO PEREIRA DA SILVA: tal como está esta norma ema preço remete tanto para a
jurisdição de onde provem a sentença constestada, o que cria uma indesejável – mesmo se
limitada – dualidade de jurisdições no contencioso da responsabilidade civil pública.
Âmbito de jurisdição: art. 4/1/a e b) ETAF: esta alínea faz referência genérica a
tipos de situações cuja inserção no âmbito da jurisdição administrativa depende da
aplicação do art. 1/1 do ETAF. Como refere o preceito a jurisdição administrativa é
genericamente competente para o reconhecimento de quaisquer direitos ou interesses
legalmente protegidos dos particulares que se fundem em normas de Direito
Administrativo ou decorram de atos jurídicos praticados ao abrigo de disposições de
Direito Administrativo, veja-se a título de exemplo que a atuação da FDUC viola os art.
11.º CPA e art. 17.º CPA (princípio da Administração aberta) , para além de do art. 2.º do
Regime de acesso à informação administrativa /da Lei de Acesso aos Documentos
Administrativos. – Lei 26/2016 de 22/08/2016.
direito público, assim sendo estamos perante uma ação de anulação do contrato de
aquisição de material médico: que é um contrato de aquisição de bens móveis – art.
20.º CCP (Escolha do procedimento de formação de contratos de locação ou de
aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços).
- a alínea b), ao referir-se às normas e demais atos jurídicos emanados por órgãos
da Administração Pública, apela a um conceito orgânico de AP; isto é: apenas estão em
causa atos e normas praticados ou emitidas por entidades públicas que integrem a
(ii) a alínea d) tem em vista atos jurídicos ou normas (as duas coisas) quando
praticados por quaisquer entidades (isto é: públicas ou privadas) no exercício de poderes
de autoridade (leia-se: no exercício da função administrativa). A alínea tem sobretudo
em vista as hipóteses (bastante frequentes) de atos ou normas praticados por entidades
privadas no exercício de funções públicas (pensem, por exemplo, em concessiónários,
aos quais são por vezes atribuídos poderes para a emissão de atos administrativos ou
normas). No entanto, ao referir-se a atos ou normas de quaisquer entidades no exercício
da função administrativa, abrange também as hipóteses de atos ou normas de órgãos
públicos.
administrativos de outros órgãos do Estado (a que se refere a alínea c)). Não quer dizer
que as alíneas b) e c) sejam inúteis. Como já disse, a alínea b) apresenta o caso óbvio; a
alínea c) estende-a e a alínea d) estende-a ainda mais. Mas, ao fazê-lo, utiliza uma
fórmula que acaba por a abranger as duas anteriores.
Perante isto, e perante o caso das normas regimentais (que são normas
regulamentares, não atos administrativos) aprovadas pelo Presidente da AR, da nossa
alínea k) do exercício, das duas uma:
Pontos chave:
Factos:
das associações” (art. 1.º, n.º 2), e que contam-se, entre os seus “fins e atribuições”, os
de “n) Intervir, também política e civilmente, contra a alienação total ou maioritária
das Empresas estratégicas do Setor empresarial do Estado”; e (…) “r) Dinamizar a
realização de petições, ações populares, referendos e iniciativas legislativas de
cidadãos, instaurou no Supremo Tribunal Administrativo a presente providência
cautelar contra a Presidência do Conselho de Ministros (PCM), o Conselho de
Ministros (CM) e as contra-interessadas F………….., SGPS, SA (F…………….) e
G……………, SGPS SA.
O CM, nos termos e para os efeitos do n.º 1 do artigo 128.º do CPTA, proferiu
resolução fundamentada (cfr. fls. 162-172), na qual sustenta, em síntese, que a
suspensão da eficácia de comandos constantes do Decreto-Lei n.º 181-A/2014, de 24 de
Dezembro, acarretará graves prejuízos para o interesse público.
Assim, através desta resolução reconhece-se que existe grave prejuízo para o
interesse público na suspensão de eficácia de comandos constantes do Decreto-lei n.º
§ De direito:
E dúvidas houvesse que o referido artigo 8.º – tal como os demais actos
mencionados a título de exemplo – embora sob a forma de acto legislativo, fossem
um acto materialmente administrativo, sempre estariam tais dúvidas dissipadas”.
Cumpre, antes de mais, atentar no teor dos preceitos postos em crise. Vejamos:
§ Passando à análise das várias pretensões dos Requerentes, cabe dizer, em primeiro
lugar, que o carácter decisório não é atributo exclusivo dos actos administrativos.
Mais recentemente, reiterou esta tese no Acórdão do Pleno de 19.03.15, Proc. n.º
949/14, que, citando em parte M. Aroso de Almeida, afirma: “«a materialidade do ato
legislativo não se confunde com o carácter geral e abstracto das determinações nele
contidas», sendo que, se pese embora e por regra, a «intencionalidade própria da função
legislativa se tenda a exprimir na emissão de regras de conduta, de carácter geral e
abstracto» também «é verdade que é frequente o fenómeno da aprovação de actos
legislativos, que embora exprimam uma opção política primária, inovadora, introduzem
uma ou mais determinações de conteúdo concreto», pelo que «o exercício da função
legislativa só tendencialmente se concretiza na emanação de normas gerais e
abstractas», já que «decisiva é a intencionalidade do acto, o facto de introduzir opções
políticas primárias» e «quando isso suceda, temos um acto materialmente legislativo,
ainda que as opções nele contidas tenham conteúdo concreto», na certeza de que só
estaremos em presença de ato administrativo quando, praticado o ato sob a forma de
diploma legislativo, o comando em causa exprima o exercício de competências
administrativas, situação essa que terá então enquadramento nos citados arts. 268.º, n.º
4, da CRP, e 52.º, n.º 1, do CPTA (…)”.
Num plano mais concreto, e atendendo ao teor prescritivo e inovador dos actos
atacados pelos Requerentes, tais actos devem ser vistos como possuindo natureza
legislativa, e isto não apenas pela circunstância de ser essa a forma exigida pela Lei-
Quadro das Privatizações (LQP – Lei n.º 11/90, de 05.04, com a última redacção dada
pela Lei n.º 50/2011, de 13.09), a qual, no seu artigo 13.º estipula que “O decreto-lei
referido no n.º 1 do artigo 4.º aprovará o processo, as modalidades de cada operação de
reprivatização, designadamente os fundamentos da adopção das modalidades de
negociação previstas nos n.os 3 e 4 do artigo 6.º, as condições especiais de aquisição de
acções e o período de indisponibilidade a que se referem os artigos 11.º, n.º 1, e 12.º, n.º
2 em termos de competência objetiva e subjetiva, diretamente”.
Na verdade, todos eles se situam ainda num plano normativo, se bem que menos
genérico, materializando uma opção política conformadora de uma nova estratégica
Num outro plano se situa a LQP, a qual abriu as portas, tornando possível, esta
nova etapa, em que, dando corpo a nova opção política especificamente referida ao
sector público empresarial no domínio dos transportes (em particular, às empresas
públicas de transportes deficitárias), se determina a reprivatização de uma certa empresa
e se define o quadro normativo em que esta reprivatização se vai mover. Na lei-quadro
em apreço está cristalizada a opção política primária de possibilitar a abertura do capital
de empresas do sector empresarial do Estado à iniciativa privada. No diploma
legislativo do actual Governo, de onde se extraem os comandos suspendendos, está
cristalizada a opção política primária de reprivatizar a G……….. –, sem que se possa
afirmar, portanto, que apenas a LQP corporiza com total exclusividade a opção política
primária.
Em suma, os actos contidos nos preceitos suspendendos não são apenas actos de
natureza legislativa por ter sido essa a forma escolhida para a sua exteriorização.
Efectivamente, e como se viu, os preceitos visados pela presente providência cautelar de
suspensão de eficácia (e pelo posterior pedido de decretamento provisório) não foram
produzidos “no exercício da competência administrativa do Governo, previamente
tipificada em lei anterior, traduzindo uma escolha sobre um aspecto secundário ou
instrumental das opções já contidas nessa lei”. Eles “não se reconduz[e]m a uma mera
expressão ou um mero exercício da função administrativa enquanto simples realização
de opções circunscritas a aspetos secundários, menores ou instrumentais quanto a
opções já contidas em lei anterior que encerre e tenha assumido todas as opções
políticas primárias” (Acórdãos do STA de 05.07.14 e de 19.03.15, Procs n.os 1026/13 e
949/14, respectivamente), antes contêm previsões jurídicas com um conteúdo inovador,
que exprimem uma opção política primária definida em função do que se assume ser o
interesse geral da comunidade nacional. Por não estarmos perante o exercício da função
administrativa, pode de igual modo concluir-se que não estamos perante ‘normas
administrativas’.
III – Decisão
O direito fundamental a uma tutela plena e efetiva dos direitos dos particulares,
consagrado no art. 268/4.º CRP , é a pedra angular do Processo Administrativo. Trata-se
de um direito fundamental dos particulares e de um princípio fundamental de
organização do Contencioso Administrativo, que tem vindo a ser progressivamente
explicitado a aperfeiçoado em sucessivas revisões constitucionais e que, na sua última
formulação, decorrente da revisão constitucional de 1997, representou uma verdadeira
«revolução corpeniciana» no modo se encontra formulada a garantia constitucional de
acesso à Justiça Administrativa, uma vez que agora passam a ser os diferentes meios
processuais que “giram” à volta do princípio da tutela plena e efetiva dos direitos dos
particulares e não o contrário.
✓ Os processos urgentes:
De aqui resultando que, no interior do género meio processual ou, dentro de cada
um dos meios processuais referidos, podem existir tantas espécies de efeitos das
sentenças quanto os pedidos suscetíveis de ser formulador. Cada meio processual é pois,
uma espécie de “ação-quadro”, na qual cabem as mais distintas “sub-ações”,
qualificadas em razão do respetivo pedido, e que podem dar origem a qualquer das
modalidades de sentenças. Tão ou mais importante do que a enumeração dos meios
processuais, é a identificação dos pedidos possíveis – isolados ou em cumulação, pelo
que para a averiguação dos poderes de pronúncia do juiz administrativo não basta saber
qual o meio processual utilizado, mas também quais os pedidos suscetíveis de ser
formulados, ou quais os efeitos das sentenças correspondentes a tais pedidos.
O CPTA, começa por consagrar, no .art 2.º o princípio da tutela judicial efetiva,
estabelecendo na lógica ampla da formulação constitucional, que ele corresponde ao
direito a obter, atempadamente, uma decisão judicial favorável, tanto no que respeita à
tutela declarativa , como à cautelar ou à executiva (n.º1). E o art. 7.º explicita ainda que
o conteúdo do princpio da tutela efetiva implica o diteito a uma justiça materal, que se
pronuncie sobre o mérito das pretensões formuladas, não se limitando a uma mera
apreciação formal do litígio.
✓ Alíneas e), f), g), i), j), l), são configuráveis como sentenças de
condenação.
devem ser reconduzidos a tipos diferenciados, sendo que a tramitação dos processos
correspondentes a cada tipo deve obedecer a uma sequência específica de atos e
formalidades. O campo de aplicação de cada forma de processo estabelecido pela lei por
referência aos tipos de pretensões que devem ser deduzidos em juízo de acordo com o
correspondente modelo de tramitação.
Até à revisão de 2015, o enquadramento que o CPTA dava aos diferentes tipos
de pretensões que podiam ser deduzidos perante a jurisdição administrativa, ao nível
da estruturação das formas do processo declarativo – tal como ele resultava do Código,
e portanto, sem prejuízo de outras formas especiais, consagradas em legislação avulsa,
consubstanciava-se na previsão de 4 formas de processo no âmbito de aplicação
circunscrito, que o Código qualificava como urgentes e de duas formas de processo
que, por contraposição, se podiam qualificar como não-urgentes , e de duas formas de
processo que, por contraposição , se podiam qualificar como não urgentes e de amplo
espectro de aplicação, que o Código designava como ação administrativa comum e
como ação administrativa especial.
Hoje deixou de ser assim: com a revisão de 2015, foi afastada a estrutura
dualista anterior, pelo que todos os processos que correspondiam às duas formas
referidas de processo passaram a ser submetidos a uma única nova forma de processo,
chamada de ação administrativa; - art. 37.º CPTA.
Segundo MÁRIO AROSO DE ALMEIDA: nem por isso deixou , no entanto, de ter
relevância, não só no plano substantivo, mas também no plano processual, distinguir as
pretensões relativos a atos administrativos e regulamentos, na medida em que mesmo,
após a revisão de 2015, o CPTA não deixou, como é natural, de fazer depender a
dedução dessas pretensões de pressupostos processuais específicos, ou em todo o caso,
com um regime próprio que não se aplica aos demais tipos de pretensões. Continua por
isso a revestir-se de grande importância identificar a caracterizar estes tipos de
pretensões, para efeito de determinar o conteúdo do regime processual próprio que lhes
corresponde.
Como refere o art. 35.º a ação administrativa rege-se pelas disposições previstas
no Título II, portanto observa, como determina o art 37.º/1 a tramitação regulada no
Capítulo III desse título, que consta dos artigos 78.º e ss, e as cinco formas de processos
declarativos urgentes seguem a tramitação que para elas é fixada no Título III.
Estas solução era incoerente com diversos elementos. Com efeito, embora do
ponto de vista da estrutura das formas de processo, tenha de facto consagrado o referido
modelo dualista, a verdade é que, por outro lado, o CPTA, fez outras opções que
introduziram uma evidente incoerência no modelo efetivamente adotado.
Com efeito, embora se possa dizer que a tramitação que, nos artigos 78.º ss, o
Código estabeleceu para a ação administrativa especial era, de algum modo, a sucessora
daquela que, no regime que o precedeu, correspondia ao recurso contencioso de
impugnação de atos administrativos, a verdade é que poucos eram os traços em que ela
se aproximava desse modelo. A matriz da tramitação da ação administrativa especial
residia, na verdade, em aspetos fundamentais, no processo declarativo comum do CPC,
podendo mesmo, dizer-se que já correspondia a uma adaptação deste modelo a
certas especificidades próprias do processo administrativo.
As razões enunciadas justificavam que fosse dado o passo que, com a revisão de
2015, foi dado, de se submeterem todos os processos administrativos não urgentes a
uma única forma de processo. E que a partir do modelo da anterior ação administrativa
especial, mas com muito relevante influência do mais recente e inovador regime do
processo civil essa forma de processo fosse objeto de regulação própria, que a
estruturasse nos seus aspetos essenciais, em função das suas necessidades próprias, sem
prejuízo da aplicabilidade supletiva do CPC.
Nos tipos de situações que o Código faz corresponder a cada uma das cinco
formas de processo, que, em substituição da forma não-urgente da ação administrativa,
são instituídas em função do reconhecimento pelo legislador da existência de situações
de urgência que exijam a obtenção, de modo mais célere, de uma pronúncia sobre o
mérito da causa.
Sistematizando:
3. Os processos que como refere o art. 37.º/1 tenham como objeto litígio de
cuja apreciação se inscreva no âmbito da jurisdição administrativa e que,
nem no CPTA, nem legislação avulsa, seja, objeto de regulação especial;
4. Como resulta dos artigos 35.º em 37./1, seguem, portanto a forma da ação
administrativa todos os processos em que não seja deduzida nenhuma das
pretensões para as quais o CPTA estabelece um modelo especial da
tramitação e que, hoje, são aquelas que o Código especificamente prevê nos
artigos 98.º, 99.º, 100.º, 104.º e 109.º - pretensões a que cada um destes
cinco artigos fazem corresponder uma forma especial de processo urgente.
Em 2002-2003, com a adoção do CPTA, deu-se a forma a uma matriz bipolar para
as ações administrativa com natureza de processo declarativo não urgente (art. 37.º
a 96.º). O sistema anterior, versado na lei de Processo nos Tribunais Administrativos,
contrapunha meios processuais principais e acessórios e arrumava os primeiros em
“recursos contenciosos”, “contencioso eleitoral”, “impugnação de normas”, e “ações”.
Estas últimas eram por seu turno subclassificadas em “ações para reconhecimento de
direito ou interesse legítimo”, e “outras ações”.
Relativamente ao período que mediou entre 1985 e 2003, aquele que releva é já
a perspetiva histórica. E sobre esta interesse sublinhar que, a par do recurso do
contencioso ou ação de impugnação , tendo por referente a figura do ato
administrativo como cláusula geral delimitadora de garantia pelo art. 268/4.º
CRP.se foi firmando uma ação de plena jurisdição , formalmente compósita mas
assente sobre uma outra cláusula geral: a dos litígios emergentes das relações jurídico
administrativas.
Ainda que num plano sublimar, e não obstante a diversificação formal dos meios
processuais, continuava a perfilar-se a matriz dualista, enraizada entre nós ao longo do
período decorrido entre 1933 e 1974: a tramitação das ações seguia os termos do
processo civil de declaração, ao passo que a do recurso contencioso de ato
administrativo se regia primariamente por um complexo de normas processuais
administrativas extensivas ao processo de impugnação de normas. Abria-se, é certo, já
uma brecha, quando o art. 70.º n.1, remetia a tramitação das ações para o
reconhecimento de direito ou interesse legítimo para os termos dos recursos de atos
administrativos dos órgãos da administração local.
primeira fase dos trabalhos de preparação do CPTA, era esta ainda a visão que
prevalecia. Com efeito o Anteprojeto inicialmente posto à discussão pública
sistematizava uma série de ações principais, muito embora procurasse estabelecer entre
elas um certo grau de porosidade através da admissibilidade da cumulações de pedidos.
Segundo o SÉRVULO CORREIA , que teve o cuidado de então elucidar, que com a
subsistência do meio processual designado “recurso contencioso”, ainda do que a
salvaguarda de um noment iuris aquilo que interessava preservar era a ação de
impugnação tendo por objeto imediato o ato administrativo desta forma jurídica nuclear
pela qual se mantinha o poder público de definir unilateral e imperativamente situações
jurídico administrativas concretas.
Não seria a simples aplicação supletiva de tais normas que permitiria adequar o
processo à extrema diversidade de estrutura e conteúdo das relações jurídicas
administrativas contemporâneas.
Da matriz bipolar adotada, pode no entanto diz-se que ela corresponde a uma
bipolaridade imperfeita. É certo que com a ação administrativa comum se reservou
lugar alargado ao emprego de normas do processo civil no domínio da justiça
administrativa. Mas em contrapartida, os dois blocos normativos dinamizados pela
ação comum e pela ação especial articulam-se através de um sistema de vasos
comunicantes, que vão desde a aplicação supletiva do processo civil à ação
A nova ação administrativa configura uma solução unipolar, visto que passa a
ser ela o único meio processual principal não urgente para dirimir quaisquer litígios
administrativos.
Não se trata porém, apenas da estruturação face ao título II, mas também da
própria tessitura de requesitos, atos e formalidade que varia consoante os quatro
tipos de pedidos correspondentes às respetivas causas de pedir.
Em vez do objeto da ação administrativa comum, o art. 37.º versa agora sobre o
objeto da ação administrativa.
Houve assim que lhe aditar a referência aos objetos das anteriores ações
administrativas especiais. Vários aperfeiçoamentos foram também introduzidos como
referência à condenação da Administração à adoção das condutas necessárias ao
restabelecimento de direitos ou interesses em situações de via de facto desprovidas de
título que as legitime, a condenação ao pagamento de indeminzações decorrentes da
afetação do conteúdo essencial de direitos ou às pretensões de repetição do indevido ( a
par das situações de enriquecimento sem causa).
Porém, nos dias de hoje, dúvidas não restam sobre o papel do contrato
administrativo como forma principal de conduta administrativa, vigorando
inclusivamente o princípio geral da discricionariedade procedimental de opção entre ele
e o ato administrativo para efeito do exercício das competências dos órgão
administrativo.
Dada até a correspondência dos números dos artigos o atual CPTA e o Projeto de
Revisão, é fácil verificar que, não obstante uma elevada introdução de aperfeiçoamento
e aditamentos de pormenor, se mantém intacta a estrutura da ação administrativa de
especial de impugnação de atos administrativos.
Pontos importantes:
- Art. 94.º CPTA: aproxima-se mais do n.º1 do art. 607.º CPC; , sendo que o n.º3 sobre
a exposição de fundamentos aproxima-se do n-4 do art. 607º do CPC, mas afota uma
formulação ais contida.
§ Conclusões:
No Capítulo III , sobre “Marcha do Processo do Título II” a redução à unidade das
regras sobre tramitação do processo principal não urgente, do contencioso
administrativo, agora denominado por ação administrativa, traz consigo a inequívoca
Estas unificações de regimes até aí plurais dispensam os operadores que atuam na área
em causa da necessidade de dominar com idêntica segunraça dois padrões de conduta
rpcoessual, e«que ora divergem substancialmente oera se copiam mutuamente, ora se
assemelham, mas mantendo ainda assim diferenças que é preciso ter em conta:
Assim sendo, pdoer-seá perguntar porque motivo se não criou desde logo uma ação
única com a entrad em vigor do CPTA. Durante o debate académico que acompanhou a
preparação do Código o Prof. Sérvulo Correia pronunciou-se a favor da matriz bipolar
atenuada que veio a prevalecer. E não vê contradição entre essa posição então assumida
e a participação não discrepatante nos trablahdos da Comissão de onde surgiu na altura
um Projeto de molelo unipolar igualmente atenuado ou relativo. As sucessivas
alterações introduzidas no direito processual adminsitivo no quadro da CRP de 1976
não podem ser bem entendidas quando desligadas umas das outras.
A estruturação das ações principais no Código de 2002-2003 não constituiu uma tarefa
fácil. Unificava-se, por um lado, a tramitação até aí dualista do processo de impugnação
dos atos administrativos. Essa passo envolvia também o processo de impugnaçãlo de
normas, até então submetido à tramitação dos recursos contenciosos dos atos da
administração local. Instituía-se por um lado, o processo de condenação à prática de ato
devido, também ele enquadrado por um conjunto de disposições particulares próprias,
que teriam de ser conjugadas com a aplicação dinâmica das nromas sobre a atramitação
comuns às várias modalidades da nova ação especial. A aplicação a estas distintas “açõe
Não era pois desde logo, a altura de impulsivamente e sem medir as consequências
sujeitas à tramitação processual administrativa as ações sobre contratos e sobre
responsabilidade que desde que em 1936 – o elgilador as acolhera no contencioso
administrativo sempre se haviam regido pelo processo civil, sendo que se reconheceu no
âmbito da ação especual sobre pedidos indemnizatórios ou de apreciação d«a validade
de contatos -. Art. 5/1/ e 4/2/a)b) e d) do CPTA.
De igual modo ao rt. 10.º/6 estabelece que, nos processos respeitantes a litígios entre
órgãos da mesma pessoa coletiva (em geral o art. 55/1/d) e ainda a primeira parte da
al+inea e), nos termos da qual os presidentes dos órgãos colegiais têm legitimidade para
impugnar os atos praticados por esses órgãos , a ação é proposta contra órgão cuja
conduta deu origem ao litígio. Esta solução também implica a atribuição de
personalidade e capacidade judiciária aos órgãos públicos, pese embora eles não tenham
personalidade nem capacidade judiciária.
Por estas duas razões, estabelece o n.3 do novo art. 8.ºA do CPTA, que para além
dos demais casos de extensão da personalidade judiciária estabelecidos no CPC, para
efeitos do CPTA, os ministérios e os órgãos da administração pública tèm personalidade
judiciária. Significa isto que o Código reconhece personalidade judiciária (e capacidade
judiciária) aos ministérios e órgãos da AP, mas apenas no âmbito dos processos em que
eles tenham legitimidade. Mas também que, quando um ministérios ou um órgão sejam
parte ilegítima numa ação, não existe apenas ilegitimidade, mas também falta de
personalidade judiciária (e de capacidade judiciária).
Por isso acrescenta o n.4 do art. 8.ºA do CPTA, - aqui o problema da sanação pelo
Estado não será de ilegitimidade, mas falta de personalidade judiciária da figura
organizatória indevidamente demandada.
Já o n.º 5 faz referência ao regime do n.4 do artigo 10.º de acordo com o qual se
considera regularmente proposta a ação que, devendo ser intentada contra uma pessoa
coletiva ou ministério, seja intentada contra um órgão dessa pessoa coletiva, ou desse
ministério, nesse caso o referido preceito sana ele próprio, diretamente, a irregularidade
ocorrida, sem necessidade de sanação pela parte legítima e dotada de personalidade e
capacidade judiciárias.
Possui assim, legitimidade ativa quem alegue a titularidade de uma aituação suja
conexão com o objeto da ação proposta o apresente como em condições de nela figurar
como autor e possui legitimidade passiva quem deva ser demandado na ação com o
objeto configurado pelo autor.
Desde logo num dos domínios em que precisamente, ele assume maior relevo, a
que faz referência expressa no n.1 e que diz respeito às ações meramente declarativas
ou de simples apreciação, que viam acorrer a lesões efetivas, resultantes da
existência de situações graves de incerteza objetiva. Ou ameaças de lesão resultantes do
fundado receio da verificação de condutas lesivas num futuro próximo, determinadas
por uma incorreta avaliação da situação existente.
O CPTA dedica , na sua Parte Geral dois arigos à matéria da legitimidade, ativa e
passiva: s art. 9.º e 10.º respetivamente. A solução é inovadora e deve ser
encarada como um fenómeno eminentemente processual de âmbito geral ,
respeitante à situação das partes do rpcoesso, sem que anda jusitifque que, a
respeito da natureza do instituto, se adote no âmbito do contencioso
adminsitraitvo, uma pespetiva sensivelmente diferente daquela que resulta da
teoria geral do processo.
Ao contrário do que é comum, e por exemplo no que sucede no art. 30.º do CPC,
o CPTA regula separadamente as questões da legitimidade ativa e da
legitimidade passiva. É assim que na Parte Geral do Código, encontramos o art.
9,º dedicado à legitimidade ativa e ao rt. 10.º dedicado à legitimidade passiva.
No que toca à legitimidade ativa cumpre, com efeito advertir para o facto de que
não se esgota no art. 9.º o regime que o CPTA estabelece a seu respeito. Como
claramente resulta do próprio terio do seu n.1, estabelece que o critério, é em
grande medida derrogado por um amplo conjunto de soluções especiais que
noturos artigos o próprio CPTA estebelce em função de diversos tipos especiais
de pretensões: art. 55.º, 57.º, 68.º , 73.º e 77.º A CPTA.
Daqui resulta que o critério do art. 9/1.º podendo dizer-se que o critério
comum, é de aplicabilidade residual, circunscrita aos tipos de litígios cuja
estrutura se aproxima do modelo do processo civil e que, estatisticamente, não
Tónica comum aos regimes especiais é o alargamento da legitimidade ativa para além
dos limites, resposrtados à alegada titularidade da relação material controvertida, em
que ela é, à partida, definida no art. 9/.º CPTA – alargamento necessário nos múltiplos
tipos de situações em que em processo administrativo , o litígo não pressupõe a pré-
existência DE UMA RELAÇÃO JUR´DICIA ENTRE AS PARTES: Pense-se desde
logo, de modo paradigmático, no interessado em impugnar um ato administrativo que o
afeta , sem que em momento anterior ao da prática do ato, intercorresse qualquer
relação juríca entre ele e a entidade pública que praticou o ato. (ex. vizinho que reage
contra licença de construção que foi atribuída ao seu vizinho).
É o que sucede no regime especial de legitimidade ativa, previsto noa rt. 77.ºA
CPTA para as ações de impugnação e execução de contratos. Como na verdade, se
escreveu na Exposição de Motivos do CPTA, tratou-se, nesta sede, de dar resposta “ à
necessidade, de há muito sentida, de alargar o âmbito da legitimidade ativa nas ações
sobre contratos, para além das partes na relação contratual. Como os contratos em causa
se inserem, designadamente no que diz respeito ao procedimento pré-contrautal , num
contexto regido por disposições e princípios de direito administrativo, imosotos no
interesse público e de terceiros, e o respeito por tais normas é sindicável pelo MP e
pelos eventuais interessados, justifica-se que estes possam fazer valer as invalidades de
que o contrato possa enfermar por força da violação de tais normas. Por outro lado,
ta,bém a execução dos contratos pode ser do interesse público ou de terceiros.
O regime do art. 9/1.º CPTA, corresponde ao que estabelece o art. 30/3.º CPC,
ao assumir que (salvo disposição legal em contrário), a regra é a de que a legitimidade
para discutir qualquer relação jurídica controvertida em juízo corresponde a quem
alegue ser parte nessa relação jurídica: por conseguinte, o “autor é considerado parte
legítima quando alegue ser parte da relação material controvertida”.
exercício, no âmbito do contencioso administrativo, por parte dos cidadãos no gozo dos
seus direitos civis e políticos (art. 2.º/1 da Lei n.83/95), do direito de ação popular para
a defesa de “valores e bens constitucionalmente protegidos como a saúde pública, o
amniente, o urbanismo, o ordenamento do território, a qualidade de vida, o património
cultural e os bens do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais”, direito
que a CRP lhes reconhece como um direito fundamental de participação política no art.
52.º/3.
Esta é uma das formas de ação popular (e não a única) que é admitida no
contencioso administrativo, uma forma de ação popular que se define pela defesa
daqueles valores, constitucionalmente protegidos.
Verifica-se assim que a Lei n.º83/95 estabelece um regime próprio para estes
casos.
Para que não se gerem equívocos, imposta , porém , deixar claro que a ação
popular não é em si mesma, forma de processo 5. Na verdade qualquer das pessoas e
entidades legitimadas pelo art. 9/2.º pode dirigir-se aos tribunais administrativos para
5 Ao contrário do que defende VIERA DE ANDRADE, que inclui “ações populares” no elenco das
formas de processo principal.
deduzir pretensões correspondentes a qualquer das formas de processo previstas pela lei
processual administrativa.
É pois nesta perspetiva que deve ser lida a remissão do art. 9.º/2 para os “termos
previsto na lei”. Essa remissão significa que os poderes de propositura e intervenção
processual aí previstos serão exercidos nos casos e observando, para além das regras
gerais específicas de tramitação e sobre a decisão judicial que resultam da Lei n.º 83/95
(art. 2.º , 3.º e artigos 13.º e ss).
§ REGIMES ESPECIAIS:
Segundo MÁRIO AROSO DE ALMEIDA: deve ser estabelecida uma clara distinção entre os
requisitos do carácter “direto” e “pessoal”. Na verdade, só o caracter “pessoal” do
interesse diz verdadeiramente respeito ao pressuposto processual da legitimidade, na
medida em que se trata de exigir que a utilidade que o interessado pretende obter com a
anulação ou a declaração de nulidade do ato impugnado seja uma utilidade pessoal, que
ele reivindique para si próprio de modo a poder afirmar-se que o impugnante é
considerado parte legítima porque alega ser, ele próprio, o titular do interesse em nome
do qual se move no processo.
EXEMPLOS:
ato, uma vez que a utilidade que eles prendem obter com a sua anulação
ou declaração de nulidade é uma utilidade pessoal, que ele reivindicam
para si próprios uma vez que eles se apresentam como os titulares do
interesse em nome do qual atuam processualmente, mas a jurisprudência
maioritária (veja-se o Ac. do STA DE 27 DE Janeiro de 2004) entende
que eles não são titulares de um interesse direito em impugnar, porque
não s encontram, perante esse ato, numa situação efetiva de elsão que
fundamente uma necessidade efetiva de lesão que fundamente uma
necessidade efetiva de recorrer à tutela judiciária através da utilização do
meio impugnatório. Com efeito entende-se que a mera admissão de um
concorrente, que não lhe assegura qualquer posição na graduação final
do concurso, não é direta ou imediatamente lesiva dos outros
concorrentes, que podem não vir a ser por ela prejudicados: por
conseguintes, embora lhes assista um interesse especial e por isso
tenham legitimidade, não se lhes reconhece um interesse direito ou seja,
interesse processual ou interesse em agir.
diretamente se projete na respetiva esfera jurídica, pelo que eles não são titulares de um
interesse direto na sua impugnação.
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Neste regime vem escrito que “O interesse fundamental a ter em vista e a proteger
será a lealdade, a correção da competição e do seu resultado e o respeito pela ética na
atividade desportiva. É um interesse público que se revela e manifesta na supra-
individualidade dos interesses de todos quantos (adeptos, simpatizantes e espectadores)
esperam que a prática desportiva pública e os resultados das competições desportivas
não sejam afetados e falseados por comportamentos fraudulentos dos respetivos
agentes, visando precisamente alterar a verdade desportiva.”.
✓ Sendo que podemos argumentar que a verdade desportiva está claramente ligada
a estes bens constitucionalmente protegidos, quer numa vertente negativa quer
numa vertente positiva, pois não havendo verdade desportiva parece-me difícil o
incentivo à prática de desporto, não só a nível escolar e de formação dos
clubes, associações e coletividades, como também a nível profissional e ao nível
do interesse geral das pessoas por futebol e pelo desporto em geral.
entre uns e outros. ( a coligação é admitida em termos gerais pelo art. 12.º,
aplicável a todo âmbito do processo administrativo.
Quid iuris?
✓ Portanto neste caso concreto como o autor é uma empresa privada , nos
termos do art. 55/1/alínea c) ( B. SA), CPTA, tem legitimidade ativa para
intentar a ação;
✓ O CPTA tem no art. 57.º como noa rt. 68/2.º o cuidado de densificar o
conceito de contrainteressado, e em particular de o circunscrever às pessoas
que “possam ser identificadas em função da relação material em causa ou
dos documentos contido no processo administrativo”
R: Estamos mais uma vez, sobre a matéria da legitimidade ativa, desta vez nas
ações sobre contratos, nos termos do regime do art. 77.ºA CPTA;
✓ Como resulta da ressalva contida na primeira parte do artigo 9.º/1, o art. 77-
A, reúne um conjunto de disposições que afastam o regime consagrado
naquele preceito no que toca á legitimidade para a propositura de alguns dos
tipos de ações relativas a contratos, prevendo, nesse domínio, um conjunto
de situações de extensão da legitimidade processual a quem não alegue ser
parte da relação processual em causa. Essas ações são as ações relativas á
validade e execução dos contratos, já que, no que respeita às ações de
interpretação, vale o regime geral do artigo 9.º.
✓ Penso que a única solução neste caso prático, seria atribuir legitimidade ativa
à empresa G, que é um terceiro na relação contratual enunciada, por via do
art. 77-A/1/f) do CPTA: pois estamos perante uma alegação nos termos do
qual o requerente refere que o clausulado do contrato não corresponde aos
termos que tinham sido inicialmente estabelecidos e que justificadamente o
tinham levado a não participar no procedimento pré-contratual, embora
preenchesse os requisitos necessários para o efeito (art. 77.º/1/f)).
outros órgãos pertencentes a essa mesma entidade, no âmbito do que sido qualificado
como relações inter-orgânicas.
- O CPTA tem duas normas que regulam aspetos particulares da legitimidade processual
nesse no contexto dos litígios inter-orgânicos, quanto à legitimidade passiva temos de
ter em conta o art. 10/8.º CPTA, que estipula que, nos processos respeitantes a tais
litígios a ação é proposta contra o órgão cuja conduta deu origem ao litígio. E depois
temos a regra que estabelece a legitimidade ativa, nos termos já analisados, o art. 55/1/
d) CPTA;
Atenção: O prof. Pedro Gonçalves refere que a disposição doa rt. 55/1/d) do CPTA
admite a impugnação de quaisquer atos individuais e concretos, que podem ser portanto
externos ou internos: na medida em que admite a impugnação de atos que devem
continuar a ser considerados internos, aquela norma estabelece um desvio em relação ao
princípio geral fixado no art. 51/1 do CPTA.
Quanto ao fundamento:
§ Sumário:
✓ Não ocorre ilegitimidade ativa dos requerentes com o fundamento de que era
o Município quem detinha os poderes de concessão e por isso o único ente
legítimo para sindicar judicialmente a titularidade das concessões outorgadas ao
ML e à Carris quando essa matéria é controvertida nos autos.
§ SUSPENSÃO DE EFICÁCIA
§ FUNDAMENTAÇÃO
DE FACTO
Com interesse para a decisão a proferir, considera-se como assente o seguinte quadro
factual:
Quid iuris?
Pode dar-se o caso de o autor, sendo embora parte legítima, não ter necessidade
de recorrer à tutela do tribunal para satisfação do seu direito, quer porque não foi
violado, quer porque não se encontra sequer ameaçado.
Por outro lado, e tal como já foi referido, também no artigo 55º nº1 alínea a),
embora misturada com a questão da legitimidade, surge uma manifestação do mesmo
requisito na exigência de um carácter “ directo” ao interesse individual para impugnar
actos administrativos. Com efeito, quando se exige que o interesse do impugnante seja
directo, no sentido, tradicionalmente construído neste domínio, em que ele deve ser
actual, está a fazer-se apelo à ideia de que o impugnante deve estar constituído numa
situação e efectiva necessidade de tutela judiciária. (…)
A questão que, a partir de aí, se há-de colocar é, pois, a de apurar, em cada caso
concreto, se quem se propõe impugnar esse acto se apresenta como parte legítima e, por
outro lado, como estando colocado em situação que, do ponto de vista do interesse em
agir, fundamente a necessidade de recorrer à via judicial.”
Pelo que, não podemos dizer que, atendendo aos pedidos formulados e causa de
pedir, independentemente de os factos por si alegados serem ou não suficientes para
conduzir à concessão da providência, o deferimento do pedido de suspensão da
deliberação e demais pedidos formulados seja inútil para os interesses que se visam
proteger.
Pelo que, não se pode concluir pela inexistência de interesse em agir nesta parte.
Improcede, pois, a questão prévia suscitada.
✓ Para tanto referem que nem a Lei Fundamental, nem a Lei da Ação Popular,
nem o CPTA, qualificam a “garantia constitucional da autonomia local”
como um interesse susceptível de ser tutelado em sede de ação popular nem está
invocado de que forma as projetadas subconcessões pode afetar a qualidade de
vida dos habitantes de Lisboa concluindo que não se encontram reunidos os
requisitos para lançar mão de uma ação popular.
Quid juris?
✓ A ação popular é um meio previsto no art. 52º, n.º 3 da CRP, arts. 1º, nºs 1 e 2 e
12º, n.º 1 da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto (“Lei da Ação Popular”) e, no art. 9º,
n.º 2 do CPTA.
“1- Sem prejuízo do disposto no número seguinte e do que no artigo 40º e no âmbito da acção
administrativa especial se estabelece neste código, o autor é considerado parte legítima quando
alegue ser parte na relação material controvertida;
b) O Ministério Público;
c) Pessoas colectivas públicas e privadas, quanto aos direitos e interesses que lhes cumpra defender;
d) Órgãos administrativos, relativamente a actos praticados por outros órgãos da mesma pessoa
colectiva;
e) Presidentes de órgãos colegiais, em relação a actos praticados pelo respectivo órgão, bem como
outras autoridades, em defesa da legalidade administrativa, nos casos previstos na lei;
✓ E, nos termos do art. 68º nº1 al. d) do CPTA têm também legitimidade para
pedir a condenação à prática de um ato administrativo legalmente devido, as
demais pessoas e entidades mencionadas no nº2 do artigo 9º.
E, continua “ No que se refere ao elenco de bens ou valores cuja defesa poderá ser
objecto de acção popular, note-se que a enumeração constante deste artigo 9º, nº2, é
meramente exemplificativa, tal como se depreende também do próprio enunciado verbal
do artigo 52º, nº3, da CRP, que dá cobertura constitucional ao direito de petição e de
acção popular. Para além da individualização feita no art. 1º, nº2, da Lei nº 83/95, este
artigo 9º, nº2, adita uma referência ao urbanismo e ordenamento do território, por ser
matéria específica da área do contencioso administrativo …”
E, não se diga que não está aqui em causa a defesa do património do Município,
já que as concessões aqui em causa foram “nacionalizadas” desde 1975.
Pelo que, tal como resulta do artº 26º nº 3 do CPC, a legitimidade processual
afere-se pela relação jurídica controvertida tal como é apresentada pelo autor.
v.g., para o de Lisboa, a posição do concedente do serviço público explorado pela Carris
e pelo Metropolitano de Lisboa.
Quid juris?
Ora, quer no Decreto-Lei n.º 174/2014, relativo ao serviço público de transporte público
coletivo de superfície de passageiros na cidade de Lisboa, quer no Decreto-Lei n.º
175/2014, que respeita ao serviço público de transporte por metropolitano nesta cidade,
determina-se que aquelas empresas públicas podem subconcessionar a atividade objeto
das concessões de que são titulares, com autorização prévia do concedente Estado.
Na verdade, quer o artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 174/2014 quer o artigo 13.º do Decreto-
Lei n.º 175/2014 permitem que para a formação dos contratos de subconcessão, ambas
as concessionárias, enquanto entidades adjudicantes, possam, em certas circunstâncias,
“agrupar-se com outra entidade adjudicante do setor dos transportes públicos”.
E, é certo que resulta dos artsº 5º a 10º da referida Lei 1/2009 várias atribuições
devidamente clarificadas nas áreas referidas no art. 4º da mesma nomeadamente ao
nível do planeamento, organização, financiamento, fiscalização e divulgação do
transporte público de passageiros no âmbito dos sistemas de transportes urbanos e locais
de Lisboa e Porto.
Resulta do art. 10º nº1 do CPTA que devem intervir como contrainteressados “as
pessoas ou entidades titulares de interesses contrapostos aos do autor”.
Por outro lado resulta do artigo 114.º, n.º 3, alínea d) do mesmo diploma que serão
contra-interessados em tais processos apenas aqueles sujeitos jurídicos “a quem a
adoção da providência possa diretamente prejudicar”.
Ora, a relação material tal como configurada pelos requerentes consiste na intervenção
do Conselho de Ministros (enquanto órgão autor da Resolução suspendenda) e os
conselhos de administração do METROPOLITANO DE LISBOA, E.P.E. e da CARRIS,
S.A (enquanto órgãos responsáveis pela preparação e condução do procedimento
concursal desencadeado por essa Resolução) para além das entidades a quem cumpre a
execução da mesma.
Pelo que, de acordo com os termos da petição não se vê de onde resulta a legitimidade
processual como contra-interessada da AMT no processo cautelar.
nos termos do disposto no artigos 576.º, n.º 2 e 577.º, alínea d) do Código do Processo
Civil, aplicável ex vi do artigo 1.º do CPTA.
✓ Invocam os requerentes que deve ser concedida a providência nos termos do art.
112º nº2 do CPTA por estarem preenchidos os requisitos do periculum in mora
e do fumus boni iuris.
Pelo que, vejamos se estão preenchidos os respetivos pressupostos do art. 120º nº1
al.b).
i) O requisito do fumus boni iuris a que alude a al. b) do art. 120º do CPTA tem
a ver com a aparência do direito da aqui requerente.
➢ Assim, para que o tribunal possa dar como verificado este requisito, torna-se
necessário que inexistam circunstâncias que impeçam o conhecimento de mérito
do pedido formulado ou a formular no processo principal, e que exista aparência
do direito quanto ao mérito da pretensão.
➢ Ora, basta atentar nas posições veiculadas por ambas as partes relativamente a
cada um dos vícios invocados para ser patente que as questões não são de
imediata e evidente resolução e que ocorre a aparência do direito.
➢ Verifica-se o pressuposto do fumus boni iure pelo que cumpre aferir se estão
preenchidos os restantes pressupostos para o deferimento da providência
cautelar.
plano dos factos, da situação conforme à legalidade. É este o único sentido a atribuir à
expressão “facto consumado.”
A questão da existência de periculum in mora terá, assim, que ver com a maior ou
menor dificuldade no restabelecimento da situação que deveria existir se a conduta
ilegal não tivesse tido lugar, devendo o juiz ponderar as circunstâncias concretas do
caso em função da utilidade da sentença e não decidir com base em critérios abstractos.
Quid juris?
Na situação sub judice, no caso de a ação principal vir a ser julgada procedente em
momento em que o Concurso já estivesse concluído e, portanto, os contratos de
subconcessão já tivessem sido celebrados, não haveria uma situação de facto
consumado, por tal implicar a anulabilidade dos contratos de subconcessão entretanto
celebrados. (cfr. o art. 283º do Código dos Contratos Públicos).
Contudo, apesar de a situação dos autos não poder integrar uma situação de facto
consumado, como esta deve ser considerada, e resulta do acórdão supra transcrito, não
se pode deixar de considerar, num juízo de prognose, que antevendo-se demorada a
resolução da ação principal a interpor nestes autos, com provável recurso para o
Tribunal Constitucional, ocorre grande probabilidade da conclusão do procedimento
aqui em causa antes da decisão transitada em julgado.
Ora, face aos interesses públicos aqui em causa e que resulta da argumentação e
factos trazidos aos autos por ambas as partes assim como da própria natureza e
dimensão dos contratos em causa, em caso de procedência da ação principal gerar-se-ão
prejuízos para o erário público face às indemnizações a suportar em caso de anulação
dos contratos de subconcessão que atenta a atual situação económica do país merecem a
relevância de “ prejuízos de difícil reparação”.
Não há, pois, prevalência do interesse público face aos demais interesses em
conflito, tanto mais que, como é defendido por este Professor “ (...) não se trata aqui de
ponderar o interesse público com o interesse privado, mesmo que muitas vezes o
interesse do requerido seja o interesse público e o interesse do requerente seja o
interesse privado: o que está aqui em conflito são os resultados ou os prejuízos que
podem resultar para os interesses, da concessão ou a recusa da concessão, para todos os
interesses envolvidos, sejam públicos, sejam privados. (...) o que está em causa não é
ponderar valores ou interesses entre si, mas danos ou prejuízos e, portanto, os
prejuízos reais, que numa prognose relativa ao tempo previsível de duração da medida,
Por outro lado não podemos esquecer que o tribunal tem de ter presente na
ponderação de interesses, principalmente quando estão em causa apenas interesses
públicos, e principalmente os interesses públicos que aqui importa ponderar, as
escolhas e critérios políticos feitas pelos órgãos da Administração no âmbito dos
poderes discricionários de que os mesmos dispõem como a melhor forma de prosseguir
o interesse público e a oportunidade da decisão.
Em suma, atendendo a tudo o que ficou dito os danos para o interesse público que
resultariam da suspensão do ato são superiores aos que podem resultar da sua
recusa.
3. Falta de legitimidade ativa dos Sindicatos: têm legitimidade ativa nos termos
do art. 55/1/c) CPTA: sendo que é uma associação privada que segue o interesse
coletivo dos trabalhadores;
✓ Como resulta do art. 51/1.º CPTA, as pretensões impugnatórias por regra, têm
como objeto um ato administrativo. Nessa medida, o processo de impugnação
tem portanto, de reportar-se ao conceito de ato administrativo, para efeito de
pressupor a existência de um ato jurídico que reúna os atributos que permitem
qualifica-lo como ato administrativo.
7
Artigo 327.º (art.º 336.º CPC 1961)
Intervenção e exclusão do assistente
1 - O assistente pode intervir a todo o tempo, mas tem de aceitar o processo no estado
em que se encontrar.
2 - O pedido de assistência pode ser deduzido em requerimento especial ou em articulado
ou alegação que o assistido estivesse a tempo de oferecer.
3 - Não havendo motivo para indeferir liminarmente o pedido de intervenção, ordena-se a
notificação da parte contrária à que o assistente se propõe auxiliar; haja ou não oposição
do notificado, decide-se imediatamente, ou logo que seja possível, se a assistência é
legítima.
✓ É pois, por referência aos elementos constitutivos deste conceito que haverá de
ser em primeira linha, identificado o ato impugnável, independentemente da
natureza da entidade que o pratique e da forma sob a qual seja praticado.
ii) Cumpre na verdade, ter presente que um ato (formalmente) legislativo pode
conter, uma ou mais determinações de natureza administrativa, passíveis de
serem qualificadas como atos administrativos. A doutrina distingue,
portanto, dentro do universo dos atos jurídicos que são adotados sob forma
legislativa, aqueles que ser qualificados como legislativo, não apenas o
ponto de vista formal, mas também do ponto de vista material, daqueles que
são apenas formalmente legislativos, mas, na realidade, contêm decisões
materialmente administrativas;
vii) Resolução deste ponto em concreto no caso prático: Há que fazer uma
distinção entre normas e entre atos administrativos, sendo certo que a pedra
de toque para uma distinção eficaz, prende-se com a análise do art. 51.º
CPTA, quando nos refere na segunda parte do número 1 que: são
impugnáveis todas as decisões que, no exercício de poderes jurídico-
administrativos, visem produzir efeitos jurídicos externos numa situação
individual e concreta, incluindo as proferidas por autoridades não
integradas na Administração Pública (…).
Conclusão: a norma a ser aplicável seria então a prevista no art. 72.º CPTA: que
diz respeito à impugnação de normas e condenação à emissão de normas;
2. E os atos anuláveis (nos termos do art. 163.º CPA), têm dois prazos:
- Temos de atender ao art. 279.º CC: nomeadamente à alínea d), sendo que o ato
administrativo (que já vimos que é norma, mas isto é uma subhipótese) , é publicado a
11 de setembro de 2015, e a petição inicial deu entrada no Tribunal a 17 de Dezembro
de 2015, ora se o prazo era de 3 meses (ex vi art. 58/1/b) CPTA), a questão é: então mas
começa-se a contar de dia 11 de setembro, à data da publicação? Temos de ter em atenção o art.
59/1 e 2,º do CPTA: sendo que o art. 59/2.º CPTA diz-nos que o prazo para a impugnação pelos
destinatários a quem o ato administrativo DEVA SER NOTIFICADO (e aqui o notificado,
temos de atender ao art. 112/1/e) CPA – ou seja as notificações podem ser efetuadas por
anúncio quando os notificados forem em número superior a 50 e art. 112/4.º diz-nos que o
anúncio é publicado, salvo lei especial, no Diário da República, ora e foi o nosso caso!
Problema: Voltamos ao art. 59/1.º do CPTA OUTRA VEZ: que pressupõe que o ato já seja
eficaz: o problema é que o caso nada nos diz quando é que o DL começou efetivamente a
produzir efeitos: ou seja como é que apuramos o período da vacatio legis ?
- Portanto – Lei Formularia mais recente ( Lei n.º 43/2014, de 11/07)- art. 2/2.º - 2 - Na falta de
fixação do dia, os diplomas referidos no número anterior entram em vigor, em todo o
território nacional e no estrangeiro, no quinto dia após a publicação. Portanto: era. 279/1/
d) CC: começa a produzir efeitos o DL dia 16 de setembro e a ação é intentada dia 17 de
dezembro: passados 3 meses, e passa um dia do prazo estipulado.
ix) Quanto a contestação: temos de atender ao art. 82/1.º do CPTA: ora analisando o caso:
regra geral o prazo estipulado para contestar são 30 dias, mas temos de ter em conta o problema
da legitimidade passiva que se colocou logo no inicio do caso prático: porque a ação foi
intentada contra o Primeiro Ministro e deveria ter sido para o Conselho de Ministros, não
obstante haver uma sanação automática do sistema, temos de atender ao prazo do art. 82/2.º do
CPTA: ou seja a entidade demandada tem um prazo suplementar de 15 dias nestes casos,
para apresentar a contestação e enviar o processo administrativo quando exista, portanto
dispunha de um prazo de 45 dias, sendo que contestou em 40 dias após a contestação, está
dentro o prazo estipulado por lei.
Como resulta do art. 51/1.º CPTA, as pretensões impugnatórias por regra, têm
como objeto um ato administrativo. Nessa medida, o processo de impugnação
tem portanto, de reportar-se ao conceito de ato administrativo, para efeito de
pressupor a existência de um ato jurídico que reúna os atributos que permitem
qualifica-lo como ato administrativo.
É assim que antes da revisão de 2015 o art. 51/2.º equiparava a atos administrativos,
para efeitos impugnatórios, as “as decisões materialmente administrativas proferidas por
autoridades não integradas na AP.”
Atualmente o art. 148.º CPA, adota um conceito mais amplo de ato administrativo
que abrange todas estas manifestações. Daí resulta que sempre que um sujeito,
independentemente da sua natureza pública pu privada, pratique atos jurídicos concretos
ao abrigo de normas de Direito Administrativo, que permitam que esses atos projetem
unilateralmente os seus efeitos no ordenamento jurídico geral, esses atos são atos
administrativos, o que implica que a sua legalidade está submetida à apreciação dos
tribunais administrativos segundo o regime processual da impugnação de atos
administrativos , nos termos do art. 51/1.º.
Note-se no entanto, que não têm só conteúdo decisório ao atos finais dos
procedimentos administrativos, mas também os atos praticados ao longo dos
procedimentos, que ainda que parcialmente, definam situações jurídicas dos
interessados, determinando o direito aplicável a determinada questão ou a determinado
aspeto de uma questão, em termos que já não possam ser objeto de reapreciação em
momento ulterior do procedimento – podendo, nesse sentido, dizer-se que se trata de
decisões interlocutórias que formam o caso decidido formal – no âmbito do
procedimento;
Resulta entretanto da definição introduzida pelo novo art. 148.º CPA: que os atos
administrativos visam produzir efeitos externos, sendo assim, de molde a afetar direitos
ou interesses de entidades exteriores aquela que os pratica, com exclusão de todos os
demais atos jurídicos concretos.
Os atos internos podem ser de dois tipos, consoante sejam praticados fora do âmbito
de procedimentos administrativos com relevância externa , como paradigmaticamente
sucede com a emissão de ordens de serviço, oi no âmbito de procedimentos
administrativos com relevância externa – sendo que, neste último, apenas são internos
os atos que certos órgãos pratiquem em relação a outros órgãos da própria entidade no
ÂMBITO da qual o procedimento corre os seu termos. Por conseghuinte, não são,
naturalmente internos os atos decisórios praticados ao longo dos procedimentos, que
ainda que parcialmente, definem situações jurídicas dos interessados, comoa queles que,
em procedimentos escalonados ou faseados, contêm pré-decisões, sejam elas decisões
prévias ou decisões parcelares.
Mas já o são a ordem que o órgão supoerior dirige aos serviços para que instaurem
um processo disciplinar a um funcionário , o ato de iniciativa oficiosa de um
procedimento administrativo e o ato mediante o qual um órgão ordena a outra que
demita um funcionário. Sendo que de acordo com o art. 51/2.º CPTA, não são só
impugnáveis aotos administrativos com eficácia externa.
Cumpre na verdade, ter presente que um ato (formalmente) legislativo pode conter,
uma ou mais determinações de natureza administrativa, passíveis de serem qualificadas
como atos administrativos. A doutrina distingue, portanto, dentro do universo dos atos
jurídicos que são adotados sob forma legislativa, aqueles que ser qualificados como
legislativo, não apenas o ponto de vista formal, mas também do ponto de vista material,
daqueles que são apenas formalmente legislativos, mas, na realidade, contêm decisões
materialmente administrativas;
Quando isto suceda, temos um ato materialmente legislativo, ainda que as opções
nele contidas tenham conteúdo concreto. Estamos, pelo contrário, perante um mero ato
administrativo praticado sob forma de diploma legislativo quando o comando é
impugnável perante os tribunais administrativos, nos termos do art. 268/4.º CRP + art.
52/1.º CPTA
A regra vale, em primeira linha, para os atos que se limitem a reconhecer que sobre
determinada questão já anteriormente foi tomada uma decisão e que, portanto, não
envolvam o reexercício do poder de decidir. E isto porque não estamos perante decisões
e , portanto, perante atos administrativos (art. 148.º CPA) mas perante meras
declarações enunciativas ou representativas da realidade, mediante as quais a
administração se limita a reconhecer que já anteriormente foi tomada uma decisão sobre
a matéria e porventura se recusa a reexercer o poder de decidir.
O acto meramente confirmativo não pode ser aproveitado para reabrir um litígio.
Por isso, ele não pode ser impugnado, como determinada o art. 53.º por quem, tendo
sido constituído no ónus de impugnar o ato anterior dentro dos prazos legais, não o
tenha feito, na medida em que, de outro modo, se estaria a permitir que o litígio fosse
suscitado sem observância dos prazos legais. Neste sentido, resulta da remissão do n.2
do art. 53.º que ato meramente confirmativo não pode ser impugnado se o acto anterior
tiver sido notificado ao interessado, ou em alternativa, se o ato anterior tiver sido
publicado, nos casos em que o interessado não tivesse de ser notificado, e por isso
bastasse a publicação para que ele se lhe tornasse automaticamente oponível (artigo
59.º).
Pag. 274.
§ TEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO
i) PRAZOS;
- É a solução que decorre, no plano substantivo, do artigo 162/2.º CPA, não é contudo
assim nos domínios específicos do contencioso eleitoral e pré-contratual urgente, em
que a lei estabelece um prazo único de propositura da ação.
O art. 58.º/4 CPTA, admite, entretanto, que qualquer das pessoas ou entidades
legitimadas a impugnar o possa fazer, mesmo que já passado, o prazo de três meses
dentro do qual, em princípio, o deveria ter feito, desde que o tribunal, uma vez ouvida a
outra parte no processo, considere demonstrada a ocorrência de uma das três
circunstâncias, taxativamente previstas, em que, no entender da lei “ a tempestiva
apresentação da petição não era exigível a um cidadão normalmente diligente”. Essas
circunstâncias são as seguintes, enunciadas nas alíneas a), b), c) do art. 58/4.º:
Também no exercício dos poderes de apreciação que a interpretação das três alíneas
do art. 58.º/4.º, lhe confere, o juiz administrativo não deve, pois esquecer-se que está
vinculado pelo imperativo do art. 7.º do CPTA: ( Promoção do acesso à justiça) – que
impede o juiz de proceder a uma interpretação restritiva daqueles preceitos e pelo
contrário, exige que ele os interprete num sentido que deles permita extrair todas as
virtualidades que eles comportam.
É importante notar que a revisão de 2015 afastou a regra do anterior art. 58/3.º
segundo o qual o prazo de impugnação de três meses se contava de acordo com o
disposto no art. 144.º CPC, suspendendo-se durante as férias judiciais. Na verdade,
ao estabelecer que os prazos estabelecidos no n.º1 se contam nos termos do art.
279.º do CC, o novo n.2 do art. 58.º assume que eles se contam de modo contínuo,
sem suspensão durante as férias judiciais. O prazo que termine em dia em que os
tribunais estejam encerrados ou haja tolerância de ponto é entretanto , prolongado
para o primeiro dia útil seguinte.
Resulta do art. 59/2.º que a notificação garantida no art. 268/3.º CRP, é condição
absoluta da oponibilidade dos atos administrativos aos destinatários que deles
têm o direito de ser notificados (art. 66º CPA),independentemente da eventual
sujeição do ato a publicação obrigatória.
De acordo com o art. 60/4.º CPTA: não são também oponíveis ao interessado
“eventuais erros contidos na notificação ou na publicação, no que se refere à
indicação do autor, da data, do sentido ou dos fundamentos da decisão, bem como
eventual erro ou omissão quanto à existência de delegação ou subdelegação de
poderes”:
Significa isto que o interessado não pode perder o prazo de impugnação e deve
ser, portanto , admitido a suprir as falhas de que possa enfermar a petição
apresentada, sempre que essa falhas sejam imputáveis a erros ou omissões
cometidos na notificação ou na publicação do ato.
O suprimento das falhas pode ter de passar apenas pela correção ou substituição
da petição – art. 87.º CPTA.
Como estabelece ao rtigo 59/3 CPTA o prazo para impugnação por parte de
quem não tem direito a ser notificado começa a correr da publicação, se esta for
obrigatória, já que na ausência de publicação, nesse caso, o ato é ineficaz, pelo que,
não só não existe o ónus da sua impugnação, como o ato nem sequer pode ser
impugnado, a menos que seja objeto de execução ilegal, como dispõe o art. 54/2/a).
Por regra é esta ultima circunstância que ocorre, o que pode diferir de modo
significativo o início da contagem do prazo de impugnação do ato por parte daqueles
que dele não têm de ser notificados: pense-se no exemplo do vizinho, em relação a uma
licença de construção que alegadamente o afecte.
É hoje clarificado pelo n.1 do art. 59.º CPTA nesta pespetiva deve ser por isso,
entendido o regime dos n.º2 do art. 59.º, quando determinam o momento em que se
inicia a contagem dos prazos de impugnação. Com efeito, a notificação, a publicação ou
o conhecimento ou do ato da sua execução só fazem correr o prazo de impugnação se
implicarem a constituição do ónus de impugnar. Mas se, mesmo depois da notificação
ou da publicação, o ato continuar a não produzir efeitos porque por exemplo: está
sujeito a condição suspensiva ou a termo inicial, só se e quando o ato vier a produzir
efeitos se constitui o ónus de impugnar, e portanto começarem a correr os prazos de
impugnação.
Note-se que no entanto o art. 59/4.º CPTA não estabelece que a ultização de
qualquer meio de impugnação administrativa suspende os efeitos do ato impugnado,
mas apenas que ela suspende o prazo de impugnação contenciosa. Por este motivo se
garante ao interessado, no n.5, a faculdade de, a todo o momento prescindir desse efeito
suspensivo e proceder à impugnação contenciosa do ato na própria pendência da
impugnação administrativa, assim como se lhe assegura a possibilidade lançar mão na
tutela cautelar, designadamente para o efeito de obter do tribunal administrativo, a
suspensão da eficácia do ato, que não resultou da sua impugnação administrativa.
A MARCHA DO PROCESSO.
Como resulta dos art. 35.º e 37.º/1 seguem portanto aforma de ação
administrativa todos os processos em que não seja deduzida nenhuma das pretensões
para s quais o CPTA estabelece um modelo especial de tramitação e que, hoje, são
aqueles em que o Código especificamente prevê nos artigos 98. 99, 100.º, 104.º e 109.º -
pretensões a que cada um destes cinco artigos fazem corresponder uma forma especial
de processo urgente.
Tal como sucede em processo civil, a secretaria recebe a petição, devendo recusá-la
nos casos previstos no art. 80.º CPTA. Como estabelece o n.2 do art. 80.ºm a recusa da
petição pela secretaria tem os efeitos e consequências que lhe correspondem no CPC,
podendo ser objeto de reclamação e recurso nos termos ali previstos.
O juiz pode no entanto, ser chamado a intervir, nos termos do CPC, para decidir os
conflitos a que a recusa da petição pela secretária possam dar origem. E quando esteja
em causa um pedido de declaração com força obrigatória geral da ilegalidade de uma
norma, ou nos demais tipos de processos, quando os contra-interessados sejam em
número superior a dez, o juiz intervém para o efeito de determinar a publicação de um
O art. 78.º CPTA estabelece requisitos da petição inicial e o art. 79.º refere-se aos
documentos que devem instruir a petição, estabelecendo o n.4 do art 79.º, que mediante
alegação de motivo justificado, pode ser fixado prazo ao autor para a junção de
documentos que não tenha podido obter a tempo.
§ CONTRAINTERESSADOS:
O novo regime do art. 78.º-A visa a dar entretanto resposta às dificuldades com
que o autor se pode deparar para identificar os contrainteressados, que nos termos da
alínea b) do n.2 do art. 78. Devem ser indicados na petição inicial, quando a
Administração pública não lhe faculte a informação necessária para o efeito.
Toda a defesa dos demandados deve ser deduzida nas respetivas contestações,
devendo nelas ser tomada posição em relação aos factos que constituem a causa de
pedir invocada pelo autor. Por regra no processo administrativo, impõe-se, assim aos
demandantes o ónus de contestarem e de, na contestação procederem à impugnação
Regra especial do art. 83/4.º: que refere que nos antes da revisão de 2015,
correspondiam à forma de ação especial, a falta de impugnação especificada não
importa confissão dos factos articulados pelo autor.
É reconhecido que, nos processos cujo objeto diga respeito ao exercício de poderes
de autoridade por parte da Administração, o acesso ao processo administrativo, a que a
tradição significadamente deu o norma de processo instrutor, no qual estão contidos os
“documentos em que se traduzem os atos e formalidade que integram o procedimento
administrativo” (art.1 /2 do CPA), é da maior importância para que o tribunal possa ter
acesso a dados probatórios essenciais, que, de outro modo, não poderiam ser acedidos.
§ T RÂMITES SUBSEQUENTES;
Por esse motivo, o art. 84.º impõe à entidade demandada o dever de, com a
contestação ou dentro do respetivo prazo: remeter ao tribunal o processo administrativo,
quando exista e todos os demais documentos respeitantes à matéria do processo de que
seja detentora.
A intervenção do Ministério Público nos processos em que não configure parte , nos
termos do art. 85.º CPTA: em defesa de direitos fundamentais dos cidadãos, de
Nos termos do art. 85.º CPTA sempre que num processo se diga a forma da ação
administrativa não seja intentado pelo MP no exercício da ação pública, logo que a
petição é inicial é recebida, e desse modo se considera constituída a instância (art.
78/1) , desse facto deve ser dado de imediato conhecimento ao MP atrvés de remessa,
pela secretaria de cópia da petição, bem como os documentos que a instruem.
A partir desse momento, o MP fica ciente, ainda que em termos genéricos, do que
está em causa em cada processo, e desse modo, em condições de avaliar, em termos
perfunctórios, da relevância dos interesses nele alegadamente envolvidos, para oe feito
de formular um primeiro, juízo sobre a atenção que o processo parece merecer.
§ DESPACHO PRÉ-SANEADOR.
Nesse contexto prevê o art. 87.º a eventualidade de ser necessário proferir despacho
pré-saneador: destinado a providenciar pelo suprimento de exceções dilatórias ou pelo
aperfeiçoamento dos articulador, ou a determinar a junção dos documentos com vista a
permitir a apreciação de exceções dilatórias , no todo ou em parte, do mérito da causa
no despacho saneador.
Caso o autor não proceda ao suprimento ou correção dentro do rpazo que lhe foi
fixado para o efeito há lugar à absolvição da instância nos termos do art. 87/7.º CPTA.
Ter em atenção ao rt. 87/8.º CPTA: admite o autor a apresentar nova petição na qual
observe as prescrições em falta, dispondo, para o efeito, o prazo de 15 dias.
Não resulta no entanto, daí que a realização de audiência prévia seja sempre
necessária.
Como estabelece o artigo 87.º-B ela não se realiza, desde logo “quando seja claro
que o processo deve findar no despacho saneador pela procedência de exceção
dilatória”. Com efeito, como, na ação administrativa é admitida a apresentação de
réplica para resposta a exceções deduzidas nas contestações (art. 85-A), por regra as
exceções dilatórias já terão sido debatidas nos articulado quando o juiz compete decidi-
las no saneador. Se no entanto, não tiver sido o caso, por exceção não ter sido invocada
pelos demandantes e ser de conhecimento oficioso afigura-se que o contraditório deverá
ser assegurado em audiência prévia para os efeitos do disposto na alínea d) do n.1 do
art. 87-A.
O art. 88.º refere-se ao despacho saneador, estabelecendo que ele é proferido quando
haja que conhecer das exceções dilatórias e nulidades processuais que hajam sido
suscitadas pelas partes ou que, em face dos elementos constantes dos autos, o juiz deva
apreciar oficiosamente, ou que conhecer, total ou parcialmente, do mérito da cuasa,
quando a questão seja apenas de direito ou quando, sendo também de facto, o estado do
processo permita, sem necessidade de mais indagações, a apreciação dos pedidos ou de
algum dos pedidos deduzidos, ou de alguma exceção perentória.
São duas hipóteses que o art. 88/1.º prevê para a prolação de despacho
saneador:
1. A primeira dessas hipóteses, prevista na alínea a), é aquela em que haja que
conhecer das exceções dilatórias e nulidades processuais que hajam sido
suscitadas pelas partes, ou que, em face dos elementos constantes nos autos, o
juiz deva apreciar oficiosamente.
§ Caso Prático 2.
3. Legitimidade ativa: sim nos termos do art. 9.º e art. 55/1/a) CPTA: interesse
direito e pessoal de A.
✓ Para que uma determinada declaração possa portanto, ser qualificada como ato
administrativo, é necessário que apresente um conjunto de características que
correspondam às exigências que, no referido preceito, o ordenamento jurídico
coloca para a existência de um ato administrativo. De outro modo, não teremos
um ato administrativo, mas estaremos perante uma situação de inexistência de
ato administrativo.
✓ Com efeito, a inexistência, não é uma forma de invalidade que possa afectar um
ato administrativo, pela simples razão de que o primeiro e indispensável requisito
para que se possa falar da invalidade de um ato administrativo é que estejamos
perante um ato administrativo, e portanto que ele exista, ou seja , que estejamos
perante uma manifestação que possa ser qualificada como ato administrativo.
✓ É pois a esta luz, que devem ser enquadradas as situações em que, por razões de
segurança jurídica, um interessado se dirige a um tribunal administrativo para
pedir que este declare que determinada pronúncia que, pelo menos
aparentemente, foi emitida por um órgão da Administração Pública não é um ato
administrativo porque não preenche os requisitos necessários para se poder ser
qualificada como um ato administrativo.
Aplicação prática:
✓ Mas será que não foi praticado nenhum ato administrativo? Sendo certo que
a recorrente invoca o desconhecimento da violação por não ter tido
conhecimento de qualquer procedimento disciplinar que pudesse ter conduzido
à prática de tal ato, ora, este desconhecimento da violação, não tem em conta o
✓ Sendo certo que este procedimento disciplinar existe nos termos do art. 180 e ss
da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, ex vi violação do art. 73/2/f)
(dever de obediência),desta mesma lei, concretizando em concreto a previsão do
art. 183.º da LGTFP.8
Resulta entretanto da definição introduzida pelo novo art. 148.º CPA: que os atos
administrativos visam produzir efeitos externos, sendo assim, de molde a afetar direitos
ou interesses de entidades exteriores aquela que os pratica, com exclusão de todos os
demais atos jurídicos concretos.
Os atos internos podem ser de dois tipos, consoante sejam praticados fora do âmbito
de procedimentos administrativos com relevância externa , como paradigmaticamente
sucede com a emissão de ordens de serviço, oi no âmbito de procedimentos
administrativos com relevância externa – sendo que, neste último, apenas são internos
os atos que certos órgãos pratiquem em relação a outros órgãos da própria entidade no
ÂMBITO da qual o procedimento corre os seu termos.
Mas já o são a ordem que o órgão superior dirige aos serviços para que instaurem
um processo disciplinar a um funcionário , o ato de iniciativa oficiosa de um
procedimento administrativo e o ato mediante o qual um órgão ordena a outra que
demita um funcionário. Sendo que de acordo com o art. 51/2.º CPTA, não são só
impugnáveis aotos administrativos com eficácia externa.
✓ Sendo que, nos termos do n.1 do aert. 85.º CPTA, refere que no momento da
citação dos demandados, é fornecida cópia da petição inicial e dos documentos
que a instruem ao MP.
✓ Ora penso que não cumpre a exigência do art. 85/2.º CPTA: porque o MP só se
pode pronunciar sobre o mérito da causa, quando estejam em causa, a defesa
dos direitos do cidadãos, de interesses públicos especialmente relevantes, ou de
algum dos valores elencados no art. 9/2.º CPTA, sendo que neste caso, não está
em causa a defesa destes direitos/interesses públicos ou interesses difusos.
✓ Agora quanto ao MP referir que ação sempre deveria improceder, por não ter
sido precedida do necessário recurso hierárquico, previsto no n.o 4 do
artigo 225.o da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, temos de ter
em conta o art. 85/3,º CPTA; - art. 224.º refere que os atos proferidos em
processo disciplinar podem ser impugnados hierárquica ou tutelarmente,
nos termos do Código do Procedimento Administrativo, ou
jurisdicionalmente, acho que não cabe na previsão do art. 82/2.º CPTA.
✓ Nos termos do art. 85.º CPTA sempre que num processo se diga a forma da
ação administrativa não seja intentado pelo MP no exercício da ação
pública, logo que a petição é inicial é recebida, e desse modo se considera
constituída a instância (art. 78/1) , desse facto deve ser dado de imediato
conhecimento ao MP atrvés de remessa, pela secretaria de cópia da petição,
bem como os documentos que a instruem.
3ª PARTE DO CASO:
O que aqui acontece é que há uma falta de contestação absoluta quanto às razões
de direito e de facto que se opõem à pretensão do autor: sendo assim importa a
confissão dos factos articulados pelo autor.
para efeitos probatórios: assinalando também este ponto: Prof. Sérvulo Correia e
Vieira de Andrade.
§ Despacho Saneador:
Neste caso prático, o juiz não deveria ter emitido o despacho saneador, de
imediato, deveria ter-se socorrido ao mecanismo processual do despacho pré-saneador:
nos termos do art. 87.º CPTA: porque como vimos houveram factos que foram
admitidos por confissão, devido à preterição do ónus de contestação: ora diz-nos o art.
87.º CPTA que existe a possibilidade de proferir despacho pré-saneador, destinado a
providenciar pelo suprimento de exceções dilatórias ou pelo aperfeiçoamento dos
articulador.
§ Caso 3
Por outro lado, a modificação objetiva da instância é possível ainda que para o
efeito se torne necessário alterar os fundamentos do pedido. Por regra o requerimento da
modificação do objeto do processo deve ser apresentado no prazo de impugnação do ato
anulatório e antes do trânsito em julgado da decisão que julgue extinta a instância por
impossibilidade superveniente da lide (art. 164/2.º CPTA).
Esta solução deve ter por contrapartida o reforço da efetividade da tutela dos
interessados nas situações em que de modo capcioso a Administração apenas anule o ato
impugnado para o efeito de esvaziar o objeto do ato impugnatório, provocando a
extinção da instância , mas no propósito de manter a regulação ilegal da situação através
da subsequente emissão de ato renovatório do ato anulado com reincidência nos
mesmos vícios. Ora estando em causa a arguição dos mesmos vícios contra o novo
ato, pode ser útil, de um ponto de vista de celeridade processual, que o processo seja
retomado, perante o mesmo juiz, no ponto em que tinha sido declarada extinta a
instância, com aproveitamento da prova produzida.
No art. 64.º do n.5 estende a aplicação do disposto nos números anteriores aos
casos de revogação de ato impugnado com efeitos retroativos, quando a esta haja lugar
ao abrigo do disposto do art. 171.º CPA.
prossegue em relação aos efeitos produzidos, posto que, em princípio, a revogação não
produziu efeitos retroativos. Se, no entanto a revogação for excecionalmente decretada
com efeitos retroativos, nos termos previsto no n.1 do art. 171.º CPA, já não é
aplicável o art. 65.º mas o art. 64.º como determina o n.5 deste artigo.
O n.2 declara entretanto, extensivo o regime do n.1 a todos os casos em que, por
motivo diverso de uma revogação, cesse ou se esgote a produção de efeitos do ato
impugnado, designadamente pela sua integral execução no plano dos factos.
RESOLUÇÃO:
Aqui temos de ter em conta a figura da aceitação do ato prevista do art. 56.º CPTA: ora
a questão que se prende neste caso é que não houve sequer aceitação tácita nem
expressa por parte de A, e aqui tínhamos de ter especial atenção ao art. 56/3.º CPTA:
que refere que a execução ou acatamento por funcionário ou agente não se considera
aceitação tácita do ato executado ou acatado.
A Autora tinha de facto ainda possibilidade de impugnar nos termos gerais sob o art.
58:º/1/b) CPTA: tinha 3 meses, logo o seu amigo ilustre jurista não tinha razão quando
lhe disse que por não ter impugnado logo no dia a seguir, então a sua impugnação
naquele momento já não tinha qualquer efeito.
Sendo certo que a contagem para o prazo de impugnação só conta a partir da sua
notificação, nos termos do art. 59/1 e 2 do CPTA.
Caso 4:
✓ Questão dos atos confirmativos previstos no art. 53.º CPTA: estes atos
não são impugnáveis: porque não são atos administrativos: efetivamente
concretizar o seu sonho: construir uma marquise, ao estilo barroco, em pleno Bairro
Alto.
frontalmente se opunham àquela que julgavam ser uma pirosice da pior espécie. Mais
de
agora reagir, tendo sido aconselhado por um seu amigo, famoso jurista, a (i) propor uma
Câmara Municipal de Lisboa, (iii) sendo certo que o deveria fazer no prazo de 3 meses
c) A figura do indeferimento tácito prevista no art. 109.º do CPA era uma ficção
legal – criada porque, no modelo tradicional do processo administrativo era
necessário ficcionar a existência de um ato administrativo de indeferimento
para que o interessado de um ato administrativo de indeferimento para que o
interessado pudesse lançar mão no seu único meio de tutela contenciosa que
era a ação de impugnação de atos administrativos ou o recurso.
e) A revisão de 2015 revogou o art. 109.º passando a analisar o art. 128.º e art.
129.º CPA:
✓ Quando o amigo da interessada lhe diz que só tem 90 dias para propor a ação,
temos de ter em conta o art. 99/1.º CPTA: que nos diz que o prazo geral é de
um ano.
Atenção que no caso prático: estávamos perante um requerimento para uma licença de
construção, portanto temos de atender aos seguintes artigos do RJUE:
Artigo 111.º
Silêncio da Administração
a) Tratando-se de ato que devesse ser praticado por qualquer órgão municipal no âmbito
do procedimento de licenciamento, o interessado pode recorrer ao processo regulado no
artigo 112.º;
b) [Revogada];
Artigo 112.º
1 - No caso previsto na alínea a) do artigo anterior, o interessado pode deduzir junto dos
tribunais administrativos um pedido de intimação dirigido à interpelação da entidade
competente para o cumprimento do dever de decisão.
4 - A intimação pode ser rejeitada por falta de preenchimento dos pressupostos para a
constituição do dever de decisão, por violação de disposições legais ou regulamentares.
9 - Decorrido o prazo fixado pelo tribunal sem que se mostre praticado o ato devido, o
interessado pode prevalecer-se do disposto no artigo 113.º, com exceção do disposto no
número seguinte.
a) Imagine que, tendo já sido proposta a ação, a Câmara Municipal viria a finalmente
responder à pretensão de A., indeferindo-a com fundamento na falta de previsão daquele
tipo de marquises no plano especial de conservação do Bairro Alto.
- Aqui temos de ter em conta o art. 70/1.º do CPTA ex vi art. 68/1/b) do CPTA;
b) Imagine que, sabendo da situação de A., é o Ministério Público que pretende propor
uma ação tendente a resolver a situação. E se fosse a Assembleia Municipal?
- Aqui nem o Ministério Público nem a Assembleia Municipal podiam propor a ação,
não estavam preenchidos os trâmites do art. 67/4/a) , nem o art. 68/b) do CPTA, nem
quanto à Assembleia Municipal do art. 68/d) do CPTA, portanto nenhuma destas
entidades tinha legitimidade ativa;
9 Diferentemente da versão de 2002, onde não era exigida a imediata operatividade, desde
que verificados três casos de desaplicação.
Exemplos de normas imediatamente operativas: normas que proíbem ou impõem condutas
específicas a cidadãos, que se encontrem em condições determinadas ou que modifiquem o
estatuto jurídico de uma categoria de pessoas, a norma que fixa o preço de determinado bem
ou serviço e a que priva um órgão de determinada competência que lhe pertencia.
✓ Em primeiro lugar, importa dizer que a matéria aqui tratada diz respeito à
impugnação de normas, regulada nos arts. 72º a 77º do CPTA.
c) Por outro lado o art. 73/2.º do CPTA: reconhece legitimidade para pedir a
declaração de ilegalidade com efeitos circunscritos ao seu caso a quem seja
diretamente lesado ou possa vir previsivelmente a sê-lo em momento
próximo pela aplicação de norma cujos efeitos se produzam imediatamente,
sem dependência de atos concretos de aplicação, desde que a ação seja
proposta com algum dos fundamentos previstos no art. 281.º CRP:
f) Desta forma, da leitura conjunta dos artigos 9º e 73º podem levantar-se duas
possíveis soluções. Uma é a de identificar no artigo 73º uma norma especial
em relação à legitimidade para impugnar normas com força obrigatória
geral, afastando a aplicação da regra geral. Outra hipótese passa pela
abordagem das disposições relativas à declaração de ilegalidade como meros
corolários da regra geral, a interpretar nos termos balizados pelo artigo 9º.
art. 281.º CRP, admitindo-se, por isso, sem qualquer ressalva, a declaração
de ilegalidade qualificada e de inconstitucionalidade, desde que com efeitos
restritos ao próprio processo.
b) Esta declaração pode ser pedida, nos termos do art.º 73/1 por quem tenha sido
prejudicado pela aplicação de norma ou possa no futuro vir a sê-lo, só podendo
requerer este pedido, quando essa norma já tenha sido julgada ilegal em três casos
concretos.
c) Existe uma diferença entre a ressalva do caso julgado para efeitos do art.º 282/3
CRP e a extensão desta ressalva no art.º 76/4 do CPTA para os atos
“inimpugnáveis”. Para VASCO PEREIRA DA SILVA, discordando da redação
deste preceito, entende que a ressalva dos efeitos da declaração de ilegalidade da
norma administrativa, aos atos inimpugnáveis “ não se afigura correta”, o autor
afirma que existindo no art.º 76/4 in fine, uma "exceção a própria exceção", de iure
condendo, deve ser estendida a outros casos.
Quid iuris?
O artigo 73º do CPTA consagra uma dualidade de regimes quanto ao âmbito de eficácia
das pronúncias judiciais no domínio do contencioso de impugnação de normas
regulamentares resultantes do exercício da função administrativa: - a «declaração de
ilegalidade com força obrigatória geral»; - e a «declaração de ilegalidade com efeitos
circunscritos ao caso concreto»;
III - A segunda pode ser pedida a tribunal pelo «lesado» ou «qualquer das entidades
referidas no nº2 do artigo 9º» do CPTA, quando os efeitos da norma se produzam
imediatamente, sem dependência de um acto administrativo ou jurisdicional de
aplicação;
IV- A expressão «caso concreto» não pode, pois, deixar de ter, neste domínio, uma
relação conatural com a esfera jurídica do «lesado» ou da «entidade» em causa que vê
prejudicados os valores ou interesses que prossegue e promove;