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Derna Pescuma

Antonio Paulo F. de Castilho

Projeto de Pesquisa
O que é? Como fazer?
um uia ara sua elaboração
Sobre os autores
DERNA PESCUMA. Pedagoga, mestra em
Educação: Supervisão e Currículo pela
PLJC-SP. Atualmente, coordena o
Programa de Avaliação Institucional
(PROAI/CPA) da Universidade
Católica de Santos e os Trabalhos de
Conclusão
Ciências dade Educação
Curso do daCentro de
mesma
Instituição, leciona Metodologia da
Pesquisa e Didática na graduação e na
pós-graduação. É autora dos livros
Referências bibliográficas e Trabalho
acadêmico (Olho d Água, 2003), jun-
tamente com A. P. E de Castilho, e de
diversos artigos sobre educação.

ANTONIO PAULO FERREIRA DE CASTILHO.


Sacerdote, doutor em Ciências da Re-

ligiãoPaulo.Atualmente,coordena
São pela l 'niversidade Metodista de
o Co-
mitê de Ética em Pesquisa envolvendo
Seres Humanos, o Curso de Filosofia e
o Grupo de Estudos sobre Problema do
Homem Contemporâneo da
Universidade Católica de Santos.
Leciona Fili isofia e Lógica,Filosofia
da Educação e Metodologia da
Pesquisa na gradua* ao e na pós-grad
nação. É autor dos livros Referências
bibliográficas e Trabalho acadêmico
(Olho d’Água,20i»í),
Derna juntamente
Pescuma, < de com
artigo sobre
filosofia.

PAULO ANUI lo LORANDI. Bacharel em


Farmácia < Doutor em Educação e
Currículo pela PUC-SP. leciona em
instituiçõe < le ensino superi* ir da
Baixada Santl aa. É membro do <
omite de Pesouisa da Universidade <
alolica de Santos. • < olaborador nesta
obra).
DERNA PESCUMA
ANTONIO PAULO F DE CASTILHO
Lenira.Peral Rengel

PROJETO DE PESQUISA
0 QUE É? COMO FAZER?
Um gu ia pa ra su a elaboração

Colaboração de Paulo Angelo Lorandi

Março/201
3
© Dos autores

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra


pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios
ABI3
sem permissão escrita da Editora. AMOÚAÇÃO MASU*A M
BÍITOS unoottnccs
R

Editor
Jorge Claudio Ribeiro
Capa
Inês Ruivo
Diagramação A.C. Pinheiro
Impressão e acabamento FormaCerta

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) i ______


(Câmara Brasileira d o Livro, SP, Brasil) _______________________________
Pescuma, Derna
Projeto de Pesquisa - o que é? como fazer? : um guia para sua elaboração /
Derna Pescuma, Antonio Paulo Ferreira de Castilho. — São Paulo : Olho
d’Àgua, 2013.
Bibliografia.
ISBN 85-7642-004-X
1. Pesquisa 2. Projeto de Pesquisa 3. Problema 4. Projeto 5. Ética na Pesquisa 6.
Orientador da Pesquisa. I. Castilho, Antonio Paulo Ferreira de. II. Título.

02-3409 CDD-808.066378
índices para catálogo sistemático:
1. Trabalhos acadêmicos : Redação 808.066378

Segue a Reforma Ortográfica

Editora Olho d’Água


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Dr. HomemSãodePaulo,
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1036
(0..11)3673-9633/ 3673-1287
www.olhodagua.com.br
A você, Alfredo, pela confiança e compreensão que sempre
demonstrou em relação a minha existência.
Obrigada, papai.
Dema

A Maria Heloisa, minha mãe, com amor, gratidão e


esperança.
Antonio Paulo
Não percebemos ainda que, na
sociedade de conhecimento,
aprender vai se tornando direito
humano fundamental, quase no
mesmo nível que o direito à vida.
Pedro Demo

Os autores agradecem à professora Dra Anna Rita Simoni, que com


muita solicitude e generosidade revisou novamente este texto.
Sua competente intervenção contribuiu para a melhoria do estilo e
correção.
SUMÁRIO

PREFÁCIO.............................................................................................. 7
INTRODUÇÃO....................................................................................... 9
PARTE I
PESQUISA: CONCEITUAÇÃO E NÍVEIS ......................................... 11
O que é?.................................................................................... 12
Níveis de pesquisa....................................................................... 13
Pesquisa na graduação......................................................... 15
Pesquisa na pós-graduação .................................................. 15
PARTE n
PROJETO DE PESQUISA................................................................... 17
Projeto = problema ...................................................................... 18
Projeto de pesquisa ..................................................................... 19
O problema, cerne do projeto ............................................ 20
ELEMENTOS DE UM PROJETO DE PESQUISA ............................. 21
Tema ............................................................................................ 24
Justificativa .................................................................................. 25
Referencial teórico ....................................................................... 27
Delimitação do problema ............................................................. 29
Formulação das hipóteses ............................................................ 30
Título............................................................................................ 32
Objetivos .................................................................................... 32
Metodologia ................................................................................. 33
Cronograma das atividades .......................................................... 34
Recursos humanos e materiais - orçamento ................................. 36
Referências................................................................................... 36
APRESENTAÇÃO DE UM PROJETO DE PESQUISA ...................... 39
Parte externa .................................................................................39
Parte interna..................................................................................40

5
Elementos pré-textuais ............................................................. 40
Elementos textuais ................................................................... 40
Elementos pós-textuais ............................................................ 41
Folha de rosto do Projeto de Pesquisa .......................................... 42
Exemplos de Projeto de Pesquisa ................................................. 44
PROJETO DE PESQUISA NA ÁRES DE SAÚDE:
ORIENTAÇÕES GERAIS .....................................................................73
PARTE III
O ORIENTADOR E O ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA...77
Orientação da pesquisa ................................................................. 77
Indicação de leituras ..................................................................... 79
Redação do trabalho .....................................................................79
DIMENSÃO ÉTICA DA PESQUISA QUE ENVOLVE
SERES HUMANOS .............................................................................. 82
Aspectos éticos .............................................................................83
Termo de consentimento .............................................................. 83
Protocolo de pesquisa ................................................................... 84
CONCLUSÃO........................................................................................ 85
REFERÊNCIAS .....................................................................................86
ANEXO A - Definições de pesquisa ...................................................... 90
ANEXO B - Resolução do Conselho Nacional de Saúde n2 196/96 .. 94
ANEXO C - Folha de rosto para pesquisa envolvendo
seres humanos .................................................................. 106

6
PREFÁCIO

Tenho o privilégio de apresentar ao público o terceiro volume de


uma série já bem sucedida: Referências bibliográficas e Trabalho
acadêmico. A pesquisa hoje faz parte do cotidiano de todos. É uma
atividade e um processo necessários para todos em todo momento, já que
o dinamismo e a criatividade são condições de existência num mundo em
constante mudança. Além disso, o caráter difuso do conhecimento na
sociedade de informação e comunicação derrubou o monopólio das
instituições especializadas, sobretudo de ensino.
E, portanto, essencial dedicar-se à coleta, triagem e organização das
informações, usando as novas fontes disponíveis, inclusive o material
eletrônico. É fundamental analisá-las e interpretá-las com espírito crítico,
abrindo pistas para a ciência e para a vida cotidiana. É que a verdade não
se identifica mais com certezas prévias, mas com informações e
interpretações confiáveis. Como a educação familiar e social em geral, o
ensino deve promover uma atitude permanente de interrogação e busca
que deve desembocar em alguma forma de pesquisa, não mais na
transmissão bancária de conhecimentos pré- elaborados e pré-
condicionados.
Esse volume incita à atitude, à aprendizagem e ao processo de
pesquisa de modo simples, claro, direto, porém completo. Em
continuidade com a inquietação do dia-a-dia, a investigação científica
dela se distingue pela progressiva complexidade, que levará a uma visão
integradora - não redutora - das diferenças. O livro de Dema Pescuma e
Antonio Paulo F. de Castilho será útil a todos, dos aprendizes aos
orientadores. Fornecerá um rumo a tantos mestrandos e doutorandos
desorientados, na hora de problematizar o seu tema ou de justificar os
seus procedimentos. Ao destilar o suco de um referencial metodológico
complexo - devidamente documentado - o livro torna acessível a um largo
público, não apenas um conjunto de diretrizes precisas, mas também um

7
verdadeiro tratado de epistemologia científica, transmitida por pequenas
doses bem digestivas.
Sobretudo, sua perspectiva é profundamente humanista,
focalizando sempre atitudes autenticamente humanas: colocar o
questionar e o problematizar no centro da perspectiva; sempre buscar
alternativas, evitando todo o dogmatismo; tomar consciência dos limites
próprios do pesquisador, dos seus centros de formação e documentação e
dos recursos disponíveis, antes de lançar-se na pesquisa; viver e sentir-se
inserido numa comunidade de pesquisadores; seguir uma ordem coerente
e progressiva, sem “dar o passo maior que a perna”; atender com cuidado
às novas exigências éticas. Enfim, envolver os orientadores, que
costumam esquecer-se de já terem sido principiantes, num clima de
diálogo e mútuo respeito. A excelente didática manifesta-se, entre outras
coisas, pelo caráter sugestivo dos quadros comparativos e pela tradução
da exposição em perguntas simples de se fazer a si mesmo. No final, dois
complementos preciosos: o texto completo das novas instruções oficiais
em matéria de ética da pesquisa e três modelos de projeto de pesquisa
elaborado.
Eis, então, um trabalho que, como os dois anteriores, merece e
precisa ser lido, recomendado e estar sempre ao alcance da mão para ser
consultado. Desejo aos autores o reconhecimento ao qual têm direito e,
aos seus leitores, pleno sucesso em suas pesquisas.
Etienne A. Higuet
Umesp - SBC.

8
INTRODUÇÃO

A exigência da realização de monografias em todas as etapas da


vida acadêmica incentivou-nos a buscar material adequado à
aprendizagem dos alunos. A análise de diversas obras mostrou o quanto é
necessário um texto capaz de auxiliar os estudantes na realização de seus
trabalhos. Nossa prática docente levou-nos à redação da presente obra.
Projeto de Pesquisa: o que é? Como fazer? Um guia para sua
elaboração é o terceiro volume da Coleção Método e se dedica à
problemática da pesquisa num mundo em que o conhecimento possui um
valor fundamental, especialmente para os educadores. Nossa experiência
mostrou
de a grandededificuldade
seus projetos dos estudantes,
pesquisa. Assim, ao oferecer
procuramos iniciaremsubsídios
a elaboração
para
a realização dessa tarefa. Apresentamos aqui um roteiro de projeto de
pesquisa que propõe perguntas cujas respostas comporão seu arcabouço.
Elaboramos exemplos que ilustram os vários momentos de um projeto de
pesquisa.
Na Parte I, apresentamos o conceito de pesquisa, elaborado a partir
das propostas de vários autores. A seguir mostramos que, para se realizar
uma pesquisa, é necessário que se elabore um projeto. Na Parte II,
apresentamos um roteiro de projeto de pesquisa. Na Parte III, abordamos
a importância da postura do orientador e das questões éticas que afetam a
pesquisa que envolve seres humanos.
O presente
cuja leitura atentatrabalho contouajudaram
e opiniões coma colaboração de colegas
a enriquecê-lo. Umae alunos,
menção
especial ao Prof. Dr. Paulo Angelo Lorandi, que preparou o
tópico sobre a pesquisa em Ciências da Saúde.
*
Atualizamos esta nova edição segundo as últimas normas da

9
ABNT. Aproveitamos também para revisar o texto, aperfeiçoando-o e
corrigindo-o onde nos pareceu necessário. Deixamos nosso
agradecimento aos que acolheram este trabalho e apresentaram valiosas
críticas e sugestões.
Os autores

10
PARTE I

PESQUISA: CONCEITUAÇÃO E NÍVEIS

Nas últimas décadas, ocorreram grandes mudanças, pois o


conhecimento produzido pela humanidade cresceu e foi mais difundido
do que em qualquer outro período da História.
Surgiram variadas agências que incrementam e divulgam informa-
ções e saberes, concorrendo com as instituições tradicionalmente de-
dicadas ao ensino - família, escola e religiões. Dentre as novas agências
que colocam à disposição esse novo saber, destacam-se centros de
pesquisa e laboratórios de altíssimo nível, universidades corporativas
dedicadas à pesquisa e divulgação de temas de interesse dos negócios
geridos pela corporação que as mantêm, meios de comunicação social
(com publicações e programas que popularizam o conhecimento) e meios
eletrônicos, com destaque para a Internet.
A produção de novos conhecimentos gera nas pessoas a
necessidade de uma constante atualização. Somente se cultivarem o
hábito de estudar continuamente, poderão acompanhar as mudanças que
acontecem no mundo em ritmo acelerado, bem como conservar suas
posições em um mercado de trabalho extremamente competitivo e
restrito.
Por outro lado, as agências de informação contribuem para que uma
parte significativa da população tenha acesso a um imenso universo de
dados. Surge, então, um sério problema: essa avalanche de informações
não possibilita a utilização do conhecimento adquirido nem garante a
relevância ou a veracidade da informação1. Daí a

1 Para Sérgio V. Luna (1996, p. 14), “o papel do pesquisador passa a ser o de um


intérprete da realidade pesquisada, segundo os instrumentos conferidos pela sua
postura teórico-epistemológica. Não se espera, hoje, que ele estabeleça a vera-

11
necessidade de se desenvolver uma metodologia capaz de apurar,
selecionar, elaborar, ordenar e sistematizar essa massa de informações e
transformá-la em conhecimento. Esse é o objetivo da pesquisa.
A pesquisa ocupa posição central na vida universitária e fecunda
tanto o ensino quanto a extensão. Por essa importância, é necessário
esclarecer o conceito.

O QUE É?

Ao trabalharmos em sala de aula o conceito de pesquisa,


encontramos certa dificuldade para explicá-la. Cada aluno traz consigo
uma noção, ainda que embrionária, do que ela seja. Para superar essa
dificuldade, uma das primeiras atividades que realizamos é a elaboração
do conceito de pesquisa a partir das definições de vários autores2 3. Esse
trabalho de analisar, relacionar e sintetizar diversos conceitos sempre foi
muito frutífero, srcinando variadas definições que mostram a
criatividade e dedicação dos alunos.
A partir das várias definições de pesquisa, elaboramos a seguinte:
Pesquisa é um conjunto de atividades, tais como buscar informações,
explorar, inquirir, investigar, indagar, argumentar e contra- argumentar.
Seus objetivos são: solucionar e esclarecer dúvidas e problemas;
comprovar hipóteses; elaborar, reconstruir, ampliar conhecimento ou conjunto de
conhecimentos e criar conhecimento novo, fidedigno, relevante teórica e
socialmente, que ultrapasse o entendimento imediato, indo além dos fatos;
fundamentar escolhas e orientar ações.
Utiliza procedimentos próprios, racionais, sistemáticos, intensivos,
científicos que possibilitam o confronto entre o conhecimento teórico acumulado
sobre um assunto e dados e informações coletados sobre ele, ou seja, o confronto
entre teoria e prática.

cidade das suas constatações. Espera-se, sim, que ele seja capaz de demonstrar -
segundo critérios públicos e convincentes - que o conhecimento que ele produz é
fidedigno e relevante teórica e/ou socialmente”. No campo científico, um dos
“critérios públicos e convincentes” é a utilização dos métodos de pesquisa.
3 Consulte o ANEXO A.

12
É realizada em determinada situação histórica por um ou mais membros
de uma comunidade científica os quais recebem influência dessa comunidade e
situação, bem como as influenciam mediante a comunicação dos resultados
atingidos, para serem avaliados.
Esse trabalho é realizado por estudiosos dotados de atitude crítica para:
superar a compreensão superficial e imediata; acolher um conhecimento novo e,
por vezes, surpreendente; delimitar adequadamente o campo do fsuber a ser
estudado; aceitar o julgamento de seu trabalho pela comunidade de
pesquisadores daquela área.

NÍVEIS DE PESQUISA

Acerca dos níveis de pesquisa, adotou-se como linha mestra o


pensamento de Pedro Demo4. Para ele, essa atividade deve ser entendida
como princípio científico e princípio educativo.
Como princípio científico, a pesquisa implica diálogo constante
com a realidade com a finalidade de descobrir e criar conhecimento
fundamentado no confronto entre teoria, método, experiência e prática.
“No plano da teoria, é mister exigircapacidade própria de elaboração, e,
no plano da prática, capacidade de recriar teoria e de unir saber e
mudar” (1991, p. 50, grifo do autor).
Como princípio educativo, a pesquisa promove a transformação,
tanto pessoal quanto social. Ela suscita: o questionamento criativo; a
capacidade de inventar soluções próprias para desafios; a capacidade de
descobrir ou criar relações alternativas entre os dados descobertos; a
motivação emancipatória que leva um sujeito a recusar ser tratado como
objeto (1991, p. 78-94).
Por isso, a pesquisa deve estar presente desde a educação infantil
até o ensino superior. Apesar dessa exigência, não se podem esquecer as
diferenças existentes entre as pesquisas de cada etapa. Demo (1994, p. 40-
52) distingue cinco níveis: interpretação reprodutiva, interpretação
própria, reconstrução, construção e criação/descoberta5.

4 Para maior aprofundamento, pode-se consultar DEMO, 1991; 1994; 2000.


5 As diretrizes para leitura, análise e interpretação de textos propostas por Antônio
Joaquim Severino (2007, p. 49-66) apresentam as seguintes abordagens:
análise textual, análise temática, análise interpretativa c problematização. Essas
ações podem ser relacionadas com os quatro primeiros níveis de Pedro Demo.

13
No primeiro nível, busca-se a “Interpretação Reprodutiva, no
sentido de tomar um texto e sintetizar de modo a reproduzir com
fidedignidade. A reprodução fidedigna contém alguma criatividade,
porque supõe pelo menos alguma forma de interpretação” (DEMO, 1994,
p. 40, grifo do autor).
No segundo, elabora-se uma “Interpretação Própria, no sentido de
tomar um texto e conferir-lhe formato interpretativo pessoal. Busca dizer
com palavras próprias, fazendo interpretação ativa, incluindo já um tipo
de leitura que discute com o texto. É pelo menos uma forma dinâmica de
ler autores, porque no fundo osreescreve” (DEMO, 1994, p. 40, grifo do
autor).
O nível seguinte aparece “como Reconstrução, no sentido de tomar
construção vigente como ponto de partida e refazer sob o signo de uma
proposta própria. Trata-se de movimentar-se com autonomia no meio do
que já existe, ou de questionar o que existe e repor proposta própria”
(DEMO, 1994, p. 41, grifo do autor).
No quarto nível, pretende-se atingir uma “Construção, no sentido
de tomar o que existe como simples referência e abrir caminhos novos.
Trata-se de ocupar espaço científico próprio produtivo no contexto dos
paradigmas. Supõe condições próprias de questionar vigências, lançando
caminhos alternativos” (DEMO, 1994, p. 41, grifo do autor).
Finalmente, “o quinto nível poderia delinear-se como Criação/
Descoberta, no sentido da introdução de novos paradigmas metodoló-
gicos, teóricos ou práticos. Trata-se de negar fases anteriores, questionar
radicalmente, opor-se frontalmente à existência de paradigmas,
perseguindo o novo como tal” (DEMO, 1994, p. 42, grifo do autor).
Todos esses patamares estão relacionados, mas ocorrem numa
escala de complexidade e aperfeiçoamento crescentes. É certo que podem
ocorrer em qualquer momento do ensino, mas, normalmente, na
graduação o aluno consegue atingir o primeiro e segundo níveis e na pós-
graduação os dois seguintes. Demo reserva o último nível para os poucos
pesquisadores que introduzem 6 “novos paradigmas metodológicos,
teóricos ou práticos” (1994, p. 42).

6 Segundo algumas linhas teóricas, somente a pesquisa de ponta teria condições de


ser denominada “pesquisa”. O presente trabalho, porém, acompanha o pen-
sarnento de Pedro Demo, que considera existir pesquisa, mesmo que limitada, em
diversos níveis e com diferentes objetivos.

14
O presente estudo se concentrará na pesquisa acadêmica realizada
mi graduação e na pós-graduação.

PESQUISA NA GRADUAÇÃO

No seuA decorrer,
pesquisa deve ser elemento
o aluno constitutivo
deve aprender a ler, do curso de
entender graduação.
e reproduzir
lielmente o que lê; tomar-se capaz de buscar informações importanteso
coletar dados; relacionar as teorias e os dados empíricos; organizar
informações em vista da resolução de problemas e, fmalmente, elaborar
relatórios e outros trabalhos.
Por ocasião da elaboração do Trabalho de Conclusão do Curso
(TCC), o aluno deve saber delimitar um problema; ter adquirido maior
autonomia de estudo; ser capaz de buscar várias fontes de informação;
relacionar os conteúdos das diversas disciplinas; estabelecer os objetivos
do trabalho, elaborar o referencial teórico e escolher metodologia e
procedimentos de maneira coerente. Deve, também, ter adquirido a
capacidade de redigir o texto corretamente, no tocante à clareza e
coerência da argumentação e à utilização das normas técnicas.
A ênfase, nesta fase de estudos, é a fidelidade às ideias dos autores
estudados e a interpretação pessoal.

PESQUISA NA PÓS-GRADUAÇÃO

A pesquisa é elemento fundamental da pós-graduação, pois esta,


seja em curso de aperfeiçoamento ou especialização, seja no mestrado ou
doutorado, sempre se conclui com a apresentação de uma monografia7. A
realizada nos cursos de aperfeiçoamento e especialização exige um
referencial teórico e, quando for o caso, estudo de campo ou de
laboratório detalhados.
A dissertação de mestrado é um trabalho a ser realizado
individualmente, que sempre parte de um problema em uma determinada
área do conhecimento. Busca uma resposta para esse problema, utilizando
o melhor referencial teórico acessível ao pesquisador e os métodos

7 Confira-se a obra Trabalho acadêmico, da Editora Olho d’Água.

15
próprios dessa área.
A tese de doutorado também é um trabalho individual. Precisa
apresentar um problema srcinal e maior grau de elaboração teórica e
metodológica, profundidade, abrangência e complexidade do objeto a ser
pesquisado.
Todo trabalho monográfico, não importando a área do saber ou grau
acadêmico,
fundamentadadeve apresentar
da resposta parauma
essapergunta
pergunta na
no introdução, a busca
desenvolvimento e a
resposta na conclusão. Para a realização de pesquisas em qualquer nível, é
necessária a elaboração do projeto de pesquisa.

16
riepocle controlar, aquilo que frustra o ser humano, ou que o coloca ein
conflito consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Não é disso que sc
fala ao referir-se ao problema de um projeto de pesquisa. Para que haja
um problema de pesquisa, ele deve estar bem delimitado, utilizar
conceitos bem definidos, permitir experimentos metódicos (dependendo
da área de pesquisa no qual se insere), ser passível de análise e permitir
uma conclusão.

PROJETO DE PESQUISA

“Mais que de viver projetando, trata-se de viver como projeto. O


projeto é, portanto, uma antecipação de si mesmo”. Com essas palavras,
José Ferrater Mora (2001, p. 2.387) mostra que projeto não < tini
planejamento desligado da vida do pesquisador. É sua expressão e retrato
de sua vivência. Assim sendo, as srcens do projeto de pesquisa provêm
da vida do pesquisador: questionamentos, leituras, cursos e debates de
que participou, manifestações culturais e circunstâncias pessoais e
profissionais vividas até o momento.
Há ainda outras maneiras de enfocar o projeto. O Dicionário
llouaiss (2001, p. 2.308) define o termo como “1ideia, desejo, intenção
de fazer ou realizar (algo) no futuro; [...] 2 descrição escrita e detalhada
de um empreendimento a ser realizado” e dá como sinônimos “plano,
delineamento, esquema”. A mesma ideia de “lançar- se” está presente
nessas definições.
Projeto de pesquisa é um texto que, além de determinar o
problema, define e aponta detalhadamente o caminho a ser seguido e a
ordem das atividades a serem realizadas para a construção de um trabalho
de pesquisa científica. Impõe ao pesquisador uma necessária disciplina na
leitura cuidadosa dos textos, na coleta de dados, na argumentação
rigorosa e no cumprimento dos prazos estabelecidos. Serve também para
o professor orientador avaliar o trabalho proposto e acompanhar seu
desenvolvimento.

19
O PROBLEMA, CERNE DO PROJETO

Os elementos iniciais de um projeto de pesquisa (tema,


justificativa, referencial teórico) desembocam na delimitação e
formulação do problema. Do problema decorrem os demais elementos
(levantamento das hipóteses, título, objetivos, metodologia, cronograma
das atividades, recursos e orçamento, referências). Assim, o problema é o
centro do projeto de pesquisa.
O cerne do PROJETO de pesquisa é a determinação do PROBLEMA
a ser estudado

20
ELEMENTOS DE UM
PROJETO DE PESQUISA

Embora não haja uma única maneira para se elaborar um projeto de


pesquisa9, há linhas gerais que devem ser seguidas. Sergio Luna (1996, p.
16-7) apresenta os seguintes elementos:
Qualquer que seja o referencial teórico ou a metodologia
empregada, uma pesquisa implica o preenchimento dos
seguintes requisitos:
1) a formulação de um problema de pesquisa, isto é, de um
conjunto de perguntas que se pretende responder, e cujas
respostas se mostrem novas e relevantes teórica e/ou
socialmente;
2) a determinação das informações necessárias para
encaminhar as respostas às perguntas feitas;
3) a seleção das melhores fontes dessas informações;
4) a definição de um conjunto de ações que produzam essas
informações;
5) a seleção de um sistema para tratamento dessas
informações;
6) o uso de um sistema teórico para interpretação delas;
7) a produção de respostas às perguntas formuladas pelo
problema;
8) a indicação do grau de confiabilidade das respostas
obtidas (ou seja, por que aquelas respostas, nas condições da
pesquisa, são as melhores respostas possíveis?);
9) finalmente, a indicação da generalidade dos resultados,
isto é, a extensão dos resultados obtidos; na medida em que a

9 Algumas instituições possuem um formato próprio para a apresentação de projetos


de pesquisa. Sendo assim, é conveniente utilizar o modelo da instituição.

21
pesquisa foi realizada sob determinadas condições, a
generalidade procura indicar (quanto possível) até que ponto,
sendo alteradas as condições, podem-se esperar resultados
semelhantes.
Pedro Demo (1991, p. 65-6) propõe os seguintes “passos
relevantes” para a elaboração de um projeto:

a) Primeiro,aé ser
interessante mister ter um “tema”,
estudado, fenômeno ou seja, um problema
pertinente que se
deseja analisar, fato novo que se pretende compreender;
b) segundo, projeta-se um caminho, com etapas para a
realização do estudo, o que denota sentido de sistematização e
disciplina de trabalho;
c) o momento inicial é geralmente marcado pela dúvida,
pois somente pesquisa quem não sabe tudo e convive
criticamente com os limites do conhecimento;
d) aí, pergunta-se pelo que já se sabe do tema, para buscar
alguma pista; chegando-se a uma pista preliminar, segue-se
em frente, para averiguar se tem futuro; pode-se descobrir que
é viável avançar, como também que o rumo está equivocado;

e) chega-se
delineie a uma primeira
o “tamanho” do esforçovisão
que geral
temosdode tema,
investirquee
diante do qual medimos o “tamanho” de nossas pernas; diante
de circunstâncias limitantes, como tempo disponível,
recursos, instrumentos empíricos, é possível assumir o tema
em maior ou menor profundidade;
f) importante será sempre “o que ler”, com vistas a
formular o “quadro de referências”, no qual vamos apresentar
nossa proposta explicativa da realidade; é preciso justificar as
relevâncias realçadas, o tipo de ponto de vista e de partida, a
preferência teórica, sempre em termos de elaboração própria;
g) importante é a questão metodológica que coloca o desafio
do como proceder: nas linhas, desenha os passos da análise
(bibliografia básica, dados a serem utilizados ou produzidos,
modo de interpretação, preferência de posicionamento
científico, fases da empreitada), e, nas entrelinhas, aparece a
tonalidade ideológica própria do autor, que é ator.

22
Tomando por base esses elementos do projeto de pesquisa,
apresentamos o seguinte modelo:

Elementos de um projeto de pesquisa


Elemento O que é? Pergunta
Tema
Assunto sobre o qual a pesquisa será 0 que eu quero

Justificativa realizada.
Razões de se realizar a pesquisa. estudar?
Por que considero
importante estudar
esse tema?

Referencial Conteúdo que o pesquisador conhece sobre o0 que sei sobre o


teórico assunto. assunto?
Delimitação do Pergunta que o pesquisador quer responder
problema sobre o assunto. 0 que eu não sei e
quero saber? Qual é
minha pergunta?
Formulação das Respostas antecipadas e provisórias ao0 que o trabalho
hipóteses problema - questões que encaminharão opretende
desenvolvimento da pesquisa. demonstrar?
Título Nome que o trabalho irá receber. Como se chamará?

Objetivos 0 que se pretende atingir com a pesquisa. Para que fazer essa
pesquisa?
Metodologia Orientação filosófica sobre a realidade e Como vou
conjunto de atividades para coleta de dados. desenvolver minha
pesquisa?
Cronograma das Lista, por ordem e prazos, da realização eQuando e em que
atividades conclusão das atividades relacionadas com aordem vou realizar
pesquisa. as ações da
pesquisa?

Recursos huma- De que vou


nos e materiais -Lista de custos de materiais e mão-de- obraprecisar?
orçamento necessários para a realização da pesquisa.
Referências Lista de obras consultadas para a elaboração0 que consultei para
do projeto de pesquisa. fazer o projeto?

TEMA

É o assunto sobre o qual a pesquisa será realizada. Deve ter

23
relevância científica e social, e ser de tal modo abrangente que contenha
aspectos a serem explorados. Deverá ser delimitado para ser estudado
com maior profundidade.
Sempre há riscos na escolha do tema. Eis alguns deles:
1 Escolha de um tema que o pesquisador ainda não estudou ou que nada
tenha a ver com sua atividade profissional.
Ao escolher um tema, é necessário um bom conhecimento a
respeito dele. Para conseguir formar o necessário conjunto de
conhecimentos que lhe permitirão chegar a um problema bem delimitado
(SEVERINO, 2007, p. 130), é importante que o pesquisador tenha feito
diversas leituras, participado de cursos, seminários e atividades
relacionadas com o tema. Isso ocorre normalmente durante os cursos
realizados na vida acadêmica ou na experiência profissional.
2 Escolha de um tema sobre o qual não haja fontes acessíveis de
consulta ou que exija condições fora do alcance do pesquisador.
Antes de decidir-se por um tema, o pesquisador deve fazer uma
verificação do que já existe sobre o assunto e de sua possibilidade de
acesso (AZEVEDO, 1997, p. 42). Deve também verificar se ele pode ser
desenvolvido com metodologia disponível.
3 Escolha de um tema que não possa ser feito no limite de tempo
disponível para a realização da pesquisa.
Antes de optar por um tema, o pesquisador deve calcular
cuidadosamente as exigências que o mesmo comporta frente ao prazo
disponível (AZEVEDO, 1997, p. 42).

24
Perguntas para ajudar a escolher o tema10 O
que eu quero estudar?
O que mais me interessa dentre as coisas que eu estudo?
Quais assuntos me deixam curioso, levantam dúvidas, interrogações?
Além dos livros que o professor indica, quais outros eu gosto de ler? De que
assunto tratam?
Em meu trabalho ou nos estágios que faço, aparecem dúvidas que eu não sei
resolver e que aguçam minha curiosidade?
Que tema despertou meu interesse?
Esse tema está dentro do meu alcance?
Tenho acesso ao material necessário para enfrentar esse tema?
Poderei concluir minha pesquisa dentro do prazo de que disponho para isso?
4 Escolha de um tema que não encante o pesquisador.
E sabido,
nasce da desde
admiração os gregos,
e do fascínioque
poroalgo.
desejo intenso deve-se
Portanto, de buscar a verdade
tomar como
tema de pesquisa algo que apaixone o pesquisador.

JUSTIFICATIVA

A justificativa é a tentativa de responder à pergunta:Por que fazer


essa pesquisa?
E o momento de mostrar a significação e relevância do trabalho que
se pretende realizar. Dentre os diversos tipos de relevância, destacam-se
aquelas de caráter pessoal, acadêmico, profissional e social.

1 Relevância pessoal
Mostra por que o problema é importante para o pesquisador. Este
deve indicar como surgiu o interesse pelo tema de investigação, qual foi a
srcem da curiosidade pelo assunto, que circunstâncias interferiram na sua
escolha e por que foi feita tal opção. É a parte mais pessoal da exposição
do projeto, momento de se apontarem motivações

10 Não é necessário que o pesquisador responda a todas essas perguntas. Seu único
objetivo é auxiliar na elaboração do projeto de pesquisa.

25
e interesses ligados diretamente às circunstâncias da vida do pesquisador.
2 Relevância acadêmica
Todas as pesquisas partem de resultados obtidos pela comunidade
científica e contribuem para o aumento do conhecimento em determinada
área. Há, portanto, um encadeamento do trabalho científico com os
estudos anteriores da comunidade acadêmica. Nessa perspectiva, cada
pesquisa realizada oferece uma contribuição para a Academia. Daí, a
importância de se apontar essa relevância no próprio projeto de pesquisa.
3 Relevância profissional
Uma das características da ciência moderna é ter uma aplicação
prática no processo de dominação e transformação do mundo. Há,
portanto, uma aplicação prática a se buscar para ser utilizada na vida
profissional. Assim sendo, o pesquisador deverá destacar neste item a
importância de sua pesquisa para a profissão.
4 Relevância social
Mesmo os trabalhos mais teóricos e aparentemente desligados de
uma prática deve
pesquisador socialestar
ou política
conscientepossuem essa dimensão.
da contribuição Por estudos
que seus isso, o
11
podem prestar a projetos políticos, ficando alerta sobre isso .

11 Por exemplo, um lógico que pesquise de maneira puramente teórica sua área do
conhecimento deve saber que o resultado de suas pesquisas poderá ser usado,
tanto para a construção de computadores mais potentes, que possibilitarão o
controle mais rígido das populações, como para tomar mais acessível a todos a
utilização da infonnática.

26
Perguntas para ajudar a elaborar a justificativa

Por que considero importante estudar esse tema?


Relevância pessoal
Por que eu tive interesse por este assunto?
Quais fatores de minha vida influenciaram na escolha deste tema?
Por que este assunto pode auxiliar na minha formação pessoal?
Relevância acadêmica
Que contribuições esse assunto pode trazer para o âmbito acadêmico e
cientifico?
Este assunto tem um caráter retrospectivo ou prospectivo?
Como esse tema se relaciona com o conhecimento científico contemporâneo?
Relevância profissional
Esse assunto pode contribuir para resolver os problemas de minha profisssão?
Por quê?
Como esse assunto pode contribuir para o desenvolvimento de minha profissão?
Como esse assunto abre novas perspectivas para os desafios de minha
profissão?
Relevância social
Esse assunto pode contribuir para um melhor conhecimento dos problemas de
minha sociedade? Por quê?

Como essecontemporânea?
sociedade assunto pode contribuir para a solução dos inúmeros problemas da
Como esse assunto contribui para que eu me responsabilize para a construção
de uma sociedade melhor?

REFERENCIAL TEÓRICO

É o quadro conceituai a ser utilizado pelo pesquisador para


1‘undamentar seu trabalho, e não uma simples relação de obras que
tratam do tema. E um estudo que apresenta diversas posições sobre o
assunto, ainda que conflitantes, apresentando os contextos histórico e
atual no qual se inserem. Nele, o pesquisador mostrará seu conhecimento
e posição a respeito do tema. O referencial teórico permitirá ao autor ter
maior clareza na formulação do problema de pesquisa, facilitará a
formulação de hipóteses ou de suposições, possibilitará identificar a
metodologia mais adequada para a coleta e o

27
tratamento dos dados e mostrará como estes são interpretados por
diversos autores.
Os seguintes passos são úteis para a elaboração do referencial
teórico:
»

1 Fazer um levantamento de material impresso (livros, revistas, jornais,


teses, dissertações, documentos) e de material eletrônico (internet,
vídeos e outros) que tratem do tema.
Deve-se buscar tanto as obras clássicas quanto os textos recentes
que tratam do assunto. Essas indicações podem ser encontradas nas
bibliotecas e nas obras principais dessa área. Ao recolher o material, é
importante que se leia o sumário das obras, deixando de lado as que não
forem pertinentes. À medida que tiver maior clareza do tema a ser
estudado, convém organizar criteriosamente as fontes por ordem de
importância. É necessário fazer a referência correta de todas essas obras
para facilitar a realização da pesquisa e a redação do texto final12.
2 Ler metodicamente os textos encontrados.
Com a leitura metódica13, o pesquisador poderá inteirar-se do que já
foi estudado
teórica a respeito
e prática do tema
pertinentes a ele. e tomar ciência das tendências de ordem
3 Iniciar a elaboração do referencial teórico.
Ao elaborá-lo, o pesquisador deve mostrar ligações entre o material
recolhido e o problema que pretende solucionar. É importante mencionar
correntes teóricas, autores, experimentos e fazer citações (transcrições
literais ou paráfrases). É conveniente também apresentar detalhadamente
pelo menos um estudo que tenha relação com o tema a ser desenvolvido e
os conceitos que pretende utilizar na pesquisa.
Deve-se tomar cuidado para não confundir referencial teórico com
carta de intenções, que somente elenca textos a serem lidos durante a

pesquisa.

12 Sobre esse assunto, consulte Referências bibliográficas, da Editora Olho d’Água.


13 Uma boa orientação sobre leitura metódica encontra-se na seção 2.2.1 Diretrizes
para a leitura, análise e interpretação de textos (SEVERINO, 2007, p. 49-66).
28
O que sei sobre o assunto?
Quais autores e textos tratam do assunto?
Tenho acesso a eles?
Como essas obras tratam o assunto em questão?
Há mais de uma posição sobre esse assunto? Quais são as diferenças? Como
esse material se relaciona com minha pesquisa?
Há material sem relação com minha pesquisa?
Falta alguma obra que
Perguntas paraainda nãoa examinei?
ajudar elaborar o referencial teórico
Qual(is) texto(s) devo apresentar detalhadamente no referencial teórico?
Quais conceitos serão necessários para meu estudo?
Faço as referências corretamente?
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Conta-se que
norte-americano, Georgeum
ao buscar Washington Carver
problema para suas(1864-1943), cientista
pesquisas, pensou em
estudar a imensidão do universo. Perguntou a Deus o que pensava disso e
Ele respondeu: “É demais para sua cabeça!” O cientista, então, moderou
suas expectativas e pensou em estudar o poder do Sol. Novamente,
perguntou a opinião de Deus e ouviu a resposta: “Ainda é demais para
sua cabeça!” Mais uma vez, o cientista pôs-se a pensar t' decidiu estudar
a grandeza da Terra. Ao apresentar sua ideia a Deus, ouviu a mesma
resposta. Tudo se repetiu muitas e muitas vezes - a cada proposta do
cientista, a mesma resposta divina. Abatido, o cientista perguntou: “O
que então devo pesquisar?” A voz de Deus: “Estude o mnendoim, pois
tem o tamanho ideal para você”. Humildemente, o cientista começou a

pesquisar essae patenteou


características pequena planta.
diversosCom o tempo,
produtos descobriu
derivados inúmeras
do amendoim.
Essa história mostra que, para o pesquisador, delimitar o problema
c um dos maiores e mais importantes desafios. Sem a realização dessa
etapa, não conseguirá realizar uma pesquisa, pois não terá nenhuma
pergunta definida para responder. Além disso, perderá o foco de seu
trabalho e gastará seu tempo em leituras e coletas de dados

29
desnecessárias. É fundamental, portanto, delimitar, determinar e
Perguntas para ajudar a delimitar o problema
O que eu não sei e quero saber?
Qual é minha pergunta?
Por que o tema escolhido precisa ainda ser pesquisado?
Que tipo de informações permite limitar o tema?
Que tipo de informações permite fazer um recorte mais específico do tema? O que
investigar? Sob quais aspectos investigar?
Qual é o meu problema? É pequeno, restrito, definido e delimitado?
Há coerência entre tema e problema?
Estou seguro de que é esse problema que pretendo estudar?
Meu problema está formulado em forma de pergunta?
Está redigido de maneira clara e concisa? Utiliza conceitos bem determinados?
Conseguirei resolver meu problema?
circunscrever o problema, definindo também o ângulo ou perspectiva em
que será tratado.
Essa história mostra ainda que um problema de pesquisa mal
delimitado estará além das condições do pesquisador; e que um problema
modesto e bem definido poderá ser solucionado com mais profundidade,
precisão e facilidade.
O problema deve ser formulado como pergunta ou questão, de
maneira concisa e clara, utilizando conceitos bem determinados, de tal
forma que sua solução seja possível. Deve orientar todo o
desenvolvimento do trabalho e ser respondido sinteticamente em sua
conclusão.

FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES

Nessa etapa do projeto, o pesquisador deve explicitar a(s)


hipótese(s) que levantou. Definimos “hipótese” como toda resposta
antecipada e provisória ao problema14. O trabalho pode apresentar uma

14 Há inúmeras considerações a respeito da existência e fonnulação de hipóteses, o


que mostra a relação delas com as diversas concepções de ciência existentes.

30
ou mais hipóteses (conjecturas ou suposições) que deverão ser
demonstradas.
Todo o trabalho científico deve ser constituído de uma
argumentação7 que relaciona o problema com os dados coletados
(bibliográficos, de campo e experimentais) e com as hipóteses.
Inicialmente, o pesquisador possui meras hipóteses a respeito do objeto a
ser estudado. A medida que tiver maior domínio do assunto, melhor
aprofundamento do tema e adequada coleta de dados, poderá comprovar
ou refutar as hipóteses, que é o objetivo da pesquisa.
As hipóteses devem ser enunciadas de modo conciso e claro, escritas
de forma afirmativa, formuladas de maneira lógica evidenciando as
lacunas ou as ambiguidades do assunto. Poderão ser modificadas ou
abandonadas durante a pesquisa caso se verifique que são inadequadas ou
falsas.

Perguntas para ajudar a formular as hipóteses


O que o trabalho pretende demonstrar?
Consigo antecipar possíveis respostas para meu problema?
0 que eu acredito inicialmente a respeito do problema escolhido?
Tonho somente uma suposição possível a respeito desse problema? Ou tenho
várias? Quais são elas? São concordantes ou discordantes?
Minhas hipóteses estão concisas e claras? Foram enunciadas de forma nfirmativa?
1 videnciam alguma lacuna ou ambiguidade no assunto? Quais?
lanho consciência de que elas não são absolutas, mas podem ser modificadas ou
abandonadas ao longo do trabalho?15

15 "ise debate está fora do objetivo deste trabalho e por isso não nos deteremos
nele. Pode-se consultar sobre esse assunto: SEVERINO, 2007; LAKATOS, 1095;
LAKATOS, 1996; GIL, 2002; BABBIE, 2001; LAVILLE; DIONNE, 1999;
LAMY, 2011.
\ argumentação é que conduz à solução do problema: “A construção lógica do
Imbalho é o arranjo encadeado dos raciocínios utilizados para a demonstração d i
hipótese formulada no início” (SEVERINO, 2007, p. 148). Consultar também a
seção 2.3 A estrutura lógica do texto (SEVERINO, 2007, p. 74-89).

31
Perguntas para ajudar a escolher o título
Como se chamará?
O título é fiel ao trabalho que pretendo realizar?
O titulo é coerente com o conteúdo do meu trabalho?
Expressa claramente o que pretendo desenvolver com meu trabalho?
Exprime de maneira objetiva o que pretendo estudar?
Comunica diretamente o que pretendo apresentar com meus estudos?
TÍTULO

Ainda que provisório, é necessário que o título da pesquisa conste


no projeto. Deve apresentar de maneira fiel, clara, objetiva, sugestiva e
direta o conteúdo do trabalho, sintetizando o problema ou a hipótese.

OBJETIVOS

Os objetivos mostram aonde se pretende chegar com o trabalho de


pesquisa. Apontam os resultados teóricos e práticos a serem alcançados.
Para serem atingidos devem ser poucos e modestos em suas pretensões.
Precisam ser sempre perseguidos pelo pesquisador, orientando seu

trabalho.
Os objetivos devem ser formulados com a utilização de verbos no
infinitivo, tais como: aplicar, avaliar, buscar, caracterizar, determinar,
enumerar, formular, encontrar, explicar.

Perguntas para ajudar a estabelecer os objetivos


Para que fazer essa pesquisa?
Para que servirá essa pesquisa?
Aonde quero chegar com essa pesquisa?
Que metas pretendo atingir com essa pesquisa?
Que utilidade teórica e prática trará essa pesquisa?

32
METODOLOGIA

Nesta fase, o pesquisador deve explicar como conduzirá o trabalho.


Deve escolher, descrever e justificar uma metodologia adequada ao
projeto de pesquisa. Por metodologia entende-se: (a) uma orientação
filosófica sobre a estrutura da realidade e a produção de conhecimentos
científicos e (b) um conjunto de atividades organizadas para coleta dos
dados para a realização da pesquisa.
Para a coleta de dados, podem ser utilizados diferentes fontes
(bibliográficas, de campo e experimentais) e diversos procedimentos
(instrumentos e técnicas), que devem ser apresentados juntamente com a
justificativa de sua escolha.
O primeiro procedimento, obrigatório para qualquer área da
pesquisa, é a leitura metódica dos textos escolhidos. Servirá para
aprofundamento do referencial teórico.
Dependendo da área do conhecimento e também do projeto de
pesquisa, outros procedimentos de coleta de dados podem ser utilizados,
tais como: experimentação, observação, entrevista, questionário, análise
documental, grupo focal, dentre outros. Além de justificar a escolha do
referido procedimento, é necessário apontar o lialamento e a análise dos
dados coletados e a forma de apresentação dos resultados.

Perguntas para ajudar a eleger a metodologia

Gomo vou desenvolver minha pesquisa?


Qual metodologia escolhi? Por que fiz essa escolha?
Que caminho pretendo percorrer para realizar minha pesquisa?
O caminho escolhido está coerente com os objetivos de meu trabalho?
Qual enfoque escolhi para realizar minhas pesquisa? Por que fiz essa escolha?
Quais instrumentos de coleta de dados pretendo utilizar? Por que os escolhi? Qim
pretendo conseguir com os instrumentos de coleta de dados?
Nlili/arei um instrumento já existente ou precisarei construí-lo?

Os
Rm instrumentos
qtiom, onde, são compreensíveis
quando e como vou para quem vai aplicá-los ou respondê- lo»?
aplicá-los?
Como vou organizar e apresentar esses dados?
Consigo relacioná-los com meu referencial teórico?
Tomei ns providências éticas exigidas para pesquisas com seres humanos?

33
CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

É conveniente que se estabeleça um cronograma para a realização


das atividades. Sua principal função é indicar a sequência e as datas em
que serão executadas as ações relativas à pesquisa. Sem ele, corre-se o
risco de não se realizar a tempo uma ou mais atividades, o que pode até
inviabilizai' a pesquisa.
Na elaboração de um cronograma, o pesquisador deve organizar as
atividades, desenvolvendo-as simultaneamente ou em sequência,
conforme as necessidades que surgem ao longo da pesquisa. Deve iniciar
sua organização levando em consideração a data final de entrega do
trabalho e sempre deixar um prazo para eventuais imprevistos.
Na elaboração do cronograma, sugerimos que se considerem as
seguintes atividades:
• reelaboração do projeto;
• elaboração do sumário provisório;
• seleção bibliográfica por capítulos;
• leitura metódica e fichamento das obras selecionadas;
• planejamento da coleta de dados;
• escolha ou elaboração dos instrumentos de coleta de dados;
• escolha da população-alvo, contatos e autorizações;
• realização do pré-teste do instrumento;
• adequação do instrumento a partir do resultado do pré-teste;
• aplicação dos instrumentos de coleta de dados;
• organização dos dados coletados;
• análise dos dados coletados e sua relação com a teoria estudada;
• verificação da necessidade de dados complementares ou de outra teoria
para análise;
• se necessário, realização de nova coleta de dados ou escolha de outra
teoria;
• nova análise dos dados coletados (anteriores ou novos) e sua relação
com a teoria (anterior ou nova);
• redação de cada capítulo do trabalho;
• entrega de cada capítulo para correção;
• reelaboração de cada capítulo após a correção;
• redação da conclusão, apêndices, anexos e referências do trabalho;

34
• entrega da conclusão, apêndices, anexos e referências do trabalho para
correção;
• reelaboração da conclusão, apêndices, anexos e referências do
trabalho após a correção;
• redação da introdução do trabalho;
• entrega da introdução para correção;
• reelaboração da introdução após a correção;
• elaboração dos demais elementos (capa, folha de rosto...);
• redação final do trabalho;
• impressão, cópias e encadernação do trabalho;
• entrega do trabalho;
• apresentação pública do trabalho, quando for determinada pela
instituição.
Para melhor visualização do cronograma, pode-se construir uma
tabela levando em conta os prazos em dias, semanas ou meses, a critério
do pesquisador.

Prazo (semanas) 1 2 3 39 40
Atividades
reelaboração do projeto X
elaboração do sumário provisório
X

seleção bibliográfica por capítulos


X X X

entrega do trabalho X

apresentação pública X

35
Perguntas para ajudar a definir o cronograma
Quando e em que ordem vou realizar as ações da pesquisa?
Que atividades devo realizar para concluir meu trabalho?
Quais providências devo tomar?
Que atividades e providências dependem de outras anteriores?
Que ordem de atividades devo seguir?
Há atividades ou providências que podem ser realizadas simultaneamente? Quais
são? Como organizá-las?
Quando vou realizar as atividades arroladas no quadro acima?
Qual o prazo final para conclusão e entrega de cada atividade?
Qual o prazo final para conclusão e entrega do trabalho?
Deixo um tempo para possíveis imprevistos?

Perguntas para ajudar a fazer o orçamento


De que vou precisar?
O que vou utilizar para a realização da pesquisa (material e equipamento)? Quanto
custa tudo isso?
Quanto vou gastar com a prestação de serviços (consultoria, viagens, digitação,
revisão, encadernação, e outros)?
Qual o total que vou gastar para realizar a pesquisa?
Tenho alguma fonte de financiamento? Qual é?
RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS - ORÇAMENTO

Na elaboração do orçamento, deve-se prever a atuação de


profissionais a serem contratados (se necessário), os recursos materiais e
equipamentos que serão utilizados e os custos que isso implicar.
Este para
de verbas elemento é necessário
alguma instituição principalmente ao se fazer
de fomento à pesquisa. um caso,
Neste pedidoo
pesquisador deve prestar contas fielmente da verba que recebeu.

REFERÊNCIAS

Devem ser elencadas as obras que foram consultadas para a


elaboração do projeto de pesquisa. Ao fazê-lo, é necessário seguir

36
rigorosamente as normas da ABNT16. É bom salientar que a lista de
referências apresentada inicialmente tende a ser ampliada durante a
pesquisa, já que novos documentos poderão ser levantados no
desenvolvimento do trabalho.

O que consultei Perguntas


para fazer opara ajudar a escolher as referências
projeto?
O que utilizei para redigir o projeto de pesquisa?
Tenho todos os dados necessários de cada documento para fazer sua referência
corretamente?
Conheço outro material que ainda deverei consultar?
Estou ciente de que devo manter atualizada minha pesquisa bibliográfica?
Verifiquei se todos os textos (impressos ou eletrônicos) citados no projeto estão
nas referências finais?

16 Sobre isso, consulte nossa obra Referências bibliográficas, publicada pela Editora
Olho d’Água.

37
PARTE INTERNA

APRESENTAÇÃO DE UM
PROJETO DE PESQUISA

ANBR 15287/2011 tem como escopo especificar os princípios


gerais para a apresentação do projeto de pesquisa. Sua estrutura
compreende os seguintes elementos1:
• parte externa - capa e lombada;
• parte interna - elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais17 18.

PARTE EXTERNA19

Elemento Obrigatoriedade

Capa Opcional
Lombada Opcional
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Os elementos pré-textuais são: folha de rosto, lista de ilustrações,


lista de tabelas, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos e sumário.

17 O detalhamento desses elementos está explicado no livro Trabalho acadêmico, da


Editora Olho d’Água.
18 Os elementos pré e pós-textuais seguem a determinação da NBR 15287/2011,
conforme itens 4.2.1 e 4.2.3. Os elementos textuais são os requeridos pela mesma
norma no item 4.2.2 e são apresentados segundo o modelo por nós desenvolvido.
19 Cf. item 4.1 da NBR 15287/2011.

38
Elementos pré-textuais

Elemento Obrigatoriedade

Folha de rosto Obrigatório


Lista de ilustrações Opcional
Lista de tabelas Opcional
Lista de abreviaturas e siglas Opcional
Lista de símbolos Opcional
Sumário Obrigatório

ELEMENTOS TEXTUAIS

Os elementos
delimitação textuaisformulação
do problema, são: tema, das
justificativa,
hipóteses,referencial teórico,
título, objetivos,
metodologia, cronograma das atividades e recursos humanos e materiais 20.

20 Esses elementos podem variar de acordo com o estabelecido pela Institição ou


órgão de fomento à pesquisa a que o projeto de pesquisa for submetido.

39
Elementos textuais

Elemento Obrigatoriedade
Tema Obrigatório
Justificativa Obrigatório

Referencial teórico Obrigatório


Delimitação do problema Obrigatório
Formulação das hipóteses Obrigatório
Título Obrigatório

Objetivos Obrigatório
Metodologia Obrigatório
Cronograma das atividades Obrigatório

Recursos humanos e materiais - orçamento Obrigatório

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

Os elementos pós-textuais são: referências, glossário, apêndice,


anexo, índice, capa final.
Elementos pós-textuais
Elemento Obrigatoriedade

Referências Obrigatório
Glossário Opcional
Apêndice Opcional
Anexo Opcional

índice Opcional
21
Capa final Recomendada

É importante que o projeto de pesquisa seja apresentado com

21 Apesar da ABNT não fazer alusão, recomendamos que seja colocada, ao final do
trabalho, uma capa final.

40
linguagem clara e demonstre domínio da gramática e dos conceitos.
Quanto à fonnatação do projeto de pesquisa a NBR 15287/2011
recomenda que os elementos pré-textuais iniciem no anverso da folha e
“que os elementos textuais e pós-textuais sejam digitados ou
datilografados no anverso e verso das folhas” (item 5.1). Os mesmos
podem ser apresentados em sequência, sem necessidade de se iniciar uma

nova páginaA4
de tamanho para(21
cada
cm elemento.
x 29,7cm).Pode ser usado papel branco ou reciclado
As margens das páginas ímpares (anverso da folha) devem ter:
• Margem esquerda e superior: 3 cm.
• Margem direita e inferior: 2 cm.
• As margens das páginas pares (verso da folha) devem ter:
• Margem direita e superior: 3 cm.
• Margem esquerda e inferior: 2 cm.
Deve ser datilografado ou digitado em cor preta, com fonte de
tamanho 12, com espaço 1,5 entre as linhas. As citações com mais de três
linhas, notas de rodapé, referências, legendas das ilustrações e das tabelas,
tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade devem ser digitados ou
datilografados
As referências em espaço
devem ser simples e fonte
separadas entre de
si tamanho menor simples
por um espaço e uniforme.
em
branco (itens 5.1 e 5.2 NBR 15287/2011).
Quando o trabalho for digitado ou datilografado em anverso e
verso, a numeração das páginas deve ser colocada no anverso da folha, no
canto superior direito; e no verso, no canto superior esquerdo. A
numeração é contada desde a folha de rosto, mas aparece somente a partir
da folha ou página que contém o primeiro elemento textual do projeto. Se
o trabalho tiver vários volumes, a numeração das páginas deverá estar em
sequência do primeiro ao último volume (item 5.3 NBR 15287/2011).

FOLHA DE ROSTO DO PROJETO DE PESQUISA

A folha de rosto deve conter nome(s) do(s) pesquisador(es), título


do projeto, natureza, objetivo, nomes da instituição à qual é sub- metido e
do orientador, se houver, local e data do depósito. Natureza, objetivo,
nomes da instituição e do orientador devem ser digitados em espaço
simples e fonte menor e “ser alinhados do meio da mancha gráfica para a

41
margem direita” (item 5.2, NBR15287/2011).

Exemplo para Trabalho de Conclusão de Curso:

Projeto de pesquisa apresentado como exigência para


elaboração do Trabalho de Conclusão do Curso de da
Universidade . Orientador: Prof.(a) __ .
Exemplo para ingresso em Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu:
Projeto de pesquisa apresentado como
exigência para ingresso no Mestrado/
Doutorado do Programa de Pós-Gradu-
ação em ___ da Universidade __ .
Orientador: Prof.(a): Dr.(a) __ . (Se o
orientador estiver definido)
Exemplo para apresentação de projetos a órgãos financiadores:

Projeto
sa __ dadeárea
pesquisa na linha de_____
de concentração pesqui-
apresentado a(o) (nome do órgão
financiador).

42
Exemplos de Projeto de Pesquisa - Iniciação Científica5

CAPA

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

TAINÁ DE QUEIROZ E SILVA COUTINHO

O ENSINO A DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO DO


PROFESSOR DE MATEMÁTICA

S O PAULO-2004

6. Projeto de iniciação científica de Tainá de Queiroz e Silva Coutinho, adaptado


conforme os elementos do projeto de pesquisa estudados nesta obra.

43
FOLHA DE ROSTO

TAIN DE QUEIROZ E SILVA COUTINHO

O ENSINO À DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO DO


PROFESSOR DE MATEMÁTICA

Projeto de iniciação científica


apresentado à disciplina Educação
e Produção do Conhecimento I e
II, do Curso de graduação em
Tecnologias e Mídias Digitais, da
Faculdade de Matemática, Física e
Tecnologia, da Pontifícia
Universidade Católica de São
Paulo.
Orientador: a ser determinado.

SÃO PAULO-2004

44
SUM RIO

SUMÁRIO

1 TEMA 3
2 JUSTIFICATIVA 3

3 REFERENCIAL TEÓRICO 3

4 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 3

5 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES 3

6 TÍTULO 3

7 OBJETIVO 4
8 METODOLOGIA 4

9 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS - ORÇAMENTO 4

10

CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES 4

11

REFERÊNCIAS 5

45
1 Tema
Educação à distância e a formação de professores de Mate- Qual é o meu
mática tema?
2 Justificativa
O tema escolhido envolve a Educação a distância e a formação Por que
de professores de Matemática, pois hoje em dia se faz importante fazer?
a necessidade de uma melhor formação e um melhor suporte aos
professores de nossa rede educacional. Para que esta formação
seja realizada, as plataformas de educação a distância
constituem ferramenta importante e eficaz e que hoje em dia são
cada vez mais usadas para a realização deste objetivo de
formação.
Mas os tempos são outros. Os requisitos de um professor nos Relevância
tempos de hoje não são mais os mesmos. Hoje o professor deve social
não apenas transmitir o conhecimento necessário à formação
profissional do sujeito, mas principalmente preocupar- se com a
formação do cidadão, criando nele um senso de análise critica
não só dos conteúdos ensinados, como também de situações da
vida cotidiana.
Outro motivo é o desejo de participar de um projeto de iniciação Relevância
científica. pessoal
3 Referencial teórico
Segundo Tajra (2002), o uso da plataforma de educação a dis- O sobre que seio
tância traz os seguintes ganhos pedagógicos: assunto?
. Acessibilidade a fontes inesgotáveis de assuntos para
pesquisas;
. Páginas educacionais especificas para a pesquisa escolar;
. Comunicação e interação com outras escolas; Como vou
. Estímulo para pesquisar, a partir de temas previamente desenvolver
definidos ou a partir da curiosidade dos próprios alunos; minha
. Desenvolvimento da autonomia. pesquisa?
Segundo Pontes (2003) entende-se por aula investigativa a
prática da docência por meio do estudo de problemas, estimu-
lando a construção do conhecimento e não simplesmente es-
tipulando respostas a exercícios óbvios, que não constituem um
desafio para o aluno.

4 Delimitação do problema
Nesta pesquisa de iniciação científica procuraremos responder à
seguinte questão: “A partir de uma plataforma determinada, quetipos Qual é a
de interações em um curso de educação a distância, formação minha
continuada, podem ser desencadeadas visando instrumentalizar um pergunta?
professor para aula investigativa, modificando assim a prática
docente?”

46
Novembro Elaboração das considerações conclusivas
Dezembro Formatação final e entrega do trabalho de
iniciação científica

10 Recursos humanos e materiais - Orçamento De que vou


Plataforma Linux, que utiliza a linguagem PHP, pois tem a precisar?
vantagem de possuir código fonte aberto o( pen source).
11 Referências
ALONSO, M. Mudança educacional: transformações necessárias O que
na escola e na formação dos educadores. In: FAZENDA, I. et al. consultei
Interdisciplinarídade e novas tecnologias:formando professores. para fazer o
Campo Grande: EdUFMS, 1999. projeto?
CARVALHO, D. L. de. Metodologia do Ensino da Matemática.
São Paulo: Cortez, 1992.
DAMBROSIO, U. Educação Matemática: da teoria à prática.
Campinas: Papirus, 1996.
DANTE, L. R. Didática da resolução de problemas de
Matemática. São Paulo: Ática, 2000.
GARCIA, C. M. Formação de professores: para uma mudança
educativa. Portugal: Porto, 1998.
HARDGREAVES, A. Os professores em tempos de mudança: o
trabalho e a cultura dos professores na idade pós-moderna.
Portugal: Mc Graw Hill, 1998.
IMBERNÓN, F. Formação docente profissional:formar-se para a
mudança e a incerteza. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
IMENES, L. M. P.; JAKÜBO, J.; LELLIS, M. Novo caminho:
matemática. São Paulo: Scipione, 1998. 4v.
KINCHELOE, J. L. A formação do professor como compromisso
político: mapeando o pós-moderno. Tradução de N. M. C.
Pellanda. Porto Alegre: Art Med, 1997.
MOYSES, L. Aplicações de Vigotsky à educação matemática.
São Paulo: Papirus, 1997.

NÓVOA, A. (ed.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom


Quixote, 1997.
PARRA, C.; Saiz, I. Didática da Matemática. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1996.

48
SUM RIO
SUM RIO

1TEMÀ 3

2 JUSTIFICATIVA 3

3 REFERENCIAL TEÓRICO 3

4 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 3

5 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES 3

6 TÍTULO 4

7 OBJETIVO 4

8 METODOLOGIA 4

9 REFERÊNCIAS 4

52
1 Tema
Os procedimentos narrativos nos contos de Machado de Assis. Qual é o
meu tema?
2 Justificativa
O narrador machadiano tem sido objeto de estudo da crítica
especializada que se concentrou na análise dos romances. No Por que
entanto, a habilidade do autor, na criação de seus narradores nos fazer?
contos, ainda não mereceu a devida atenção. Portanto, faz-se
necessária uma pesquisa que priorize a análise dos
procedimentos narrativos nos contos, para que se possa avaliar a
obra do autor como um todo.
3 Referencial teórico
O interesse pelos contos de Machado de Assis nasceu de nossa
dissertação de mestrado, Marcas teatrais em Machado de Assis, O que sei
em que discutimos o modo dramático da narrativa. Nessa sobre o
pesquisa, já nos chamara a atenção os diversos meios usados assunto?
pelo autor para relatar suas histórias. Hábil manejador de
disfarces, Machado coloca em cena uma diversidade de
narradores, propiciando os mais variados efeitos, com a
finalidade de despertar o interesse do leitor. Suas opiniões,
classe, idade, moral, conhecimento, temperamento, modo de
narrar, diferem, na maioria dos textos. Todos, de um modo geral,
possuem uma maneira singular de se presentificar, de justificar a

narrativa,em
sempre, de maior
dialogar
ou com
menoro leitor, de apresentarA seu
grau, dissimulado. discurso,
dissimulação
pode ser considerada a marca dos narradores machadianos. O
uso desse recurso permite-lhe sublinhar que, apesar de
expressar tal ponto de vista, ele discorda do modo de pensar. Ao
sobrepor os dois pontos de vista numa só enunciação, o do
enunciador no momento presente e o do enunciador cujo ponto
de vista é recusado, põe à mostra o contraste entre a visão
limitada da vitima e a visão dupla do enunciador, rompendo,
assim, os limites da pessoa verbal. Esse constante jogo irônico já
indicia, de certa forma, que, por trás do narrador, há um sagaz
observador, que manipula seus narradores para atingir determi-
nado efeito.
4 Delimitação do problema
Apesar da diversidade de recursos técnico-formais utilizados por

Machado deOu
insistência? Assis
seja,haveria
existemrecursos que comparecem
procedimentos com mais
dominantes? Qual é a
5 Formulação das hipóteses minha
A pesquisa tem como objetivo principal delimitar os meios uti- pergunta?
lizados pelos narradores machadianos em todos os textos do

O que o
trabalho
pretende
demonstrar?

53
autor, publicados em vida, para, em seguida, destacar os pro-
cedimentos dominantes que comparecem nos contos e confrontá-
los com os que se presentificam em seus romances. Cumpre
esclarecer que os tipos de narradores que comparecem em mais
de um texto foram, para efeito de estudo, agrupados da seguinte
maneira:
1. Narradores em terceira pessoa: narrador observador, narrador
que se isenta da responsabilidade do relato, atribuin- do-a a
manuscritos ou documentos, denominado transcritor, como
sugere Oscar Tacca8, narrador intruso, narrador observador e
protagonista num mesmo texto.
2. Narradores em primeira pessoa: narrador protagonista, nar-
rativa epistolar, narrador testemunha, narrador transcritor.
6 Título Como se
Contos de Machado de Assis: para uma gramática do foco nar- chamará?
rativo.
8 Metodologia
Para alcançar os objetivos propostos, faz-se necessária uma Como vou
análise minuciosa de todos os contos publicados por Machado de desenvolver
Assis, concentrando a atenção no estudo não só do narrador, mas minha
de todos os artifícios utilizados por ele, para causar determinados pesquisa?
efeitos,
enunciadocomo análise do espaço,
e enunciação, do tempo,
intertextua- defasagem
lidade com entre
a literatura
nacional e estrangeira.
9 Referências O que
AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel de. Teoria da literatura. São consultei
Paulo: Martins Fontes, 1976. para fazer o
projeto?
ASSIS, Machado de. Crítica teatral. Rio de Janeiro: Jackson,
1938a.
____ . Teatro. Rio de Janeiro: Jackson, 1938b.

8. Para Tacca, “o recurso do autor-transcritor compreende uma variada gama de re-


latos, que se poderíam ordenar em correspondência com uma dupla coordenada:
desde a forma epistolar dos romances, até àqueles em que o autor se apresenta
como mero ‘editoríde uns papéis (encontrados num desvão, numa hospedaria,
numa farmácia); e desde os que (sem participação do intermediário) apenas
foram objeto de cópia fiel e cuidadosa, até aos que (admitindo uma certa par-
ticipação) foram ‘traduzidos’, ‘compostos’ ou ‘reescritos’ pelo transcritor”
(TACCA, 1983, p. 39-40).

54
____ . Contos Avulsos. Prefaciado e organizado por R. Magalhães Júnior.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1956.
____ . Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1998. 3v.
AUERBACH, Erich. Mimesis. Tradução de George B. Sperber, São Pauio:
Perspectiva, 1971.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal.São Paulo: Martins Fontes, 1997.

____ . Questões
HUCITEC, 1998.
de literatura e de estética:a teoria do romance. São Paulo:

____ . A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: contexto


cultural de François Rabelais. São Paulo: Hucitec; Brasília: Universidade de
Brasília, 1999.
BOOTH, Wayne C. Retórica da f/cção.Lisboa: Arcádia, 1980.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira.São Paulo: Cultrix, 1994.
BRAIT, Beth (Org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas:
EDUNICAMP, 1997.
CÂNDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo
Horizonte: Itatiaia, 1993.
CARVALHO, Alfredo Leme Coelho de. Foco narrativo e fluxo da consciência:
questões de teoria literária. São Paulo: Pioneira, 1981.
DALL FARRA, Maria Lúcia. O narrador ensimesmado: o foco narrativo em Virgílio
Ferreira. São Paulo: Ática, 1978.
LEFEBVE, Maurice-Jean. Estrutura do discurso da poesia e da narrativa.Coimbra:
Almedina, 1976.
LEITE, Lígia Chiappini Moraes. Ofoco narrativo. 6. ed. São Paulo: Ática, 1993.
LUBBOCK, Percy. A técnica da ficção. São Paulo: Cultrix, EDUSP, 1976.
POUILLON, Jean. O tempo no romance. Tradução de Heloysa de Lima Dantas.
São Paulo: Cultrix, 1974.
REIS, Carlos Antônio Alves dos. Estatuto e perspectivas do narrador na ficção de
Eça de Queirós. Coimbra: Almedina, 1975.

RONALDO, Costa Fernandes. O narrador do romance: e outras considerações


sobre o romance. Rio de Janeiro: Sete Letras, 1996.

55
FOLHA DE ROSTO

CL UDIA BORIM DA SILVA

A COMPREENSÃO DE MÉDIA E VARIABILIDADE


COMO CONCEITOS ESSENCIAIS PARA A NOÇÃO
INTUITIVA DE INTERVALO DE CONFIANÇA

Projeto de pesquisa apresentado ao


Grupo de Pesquisa 4 - Conceitos:
Formação e Evolução - como
requisito parcial para o Processo
Seletivo para o Programa de
Doutorado em Educação Matemá-
tica da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.

S O PAULO-2003

58
SUM RIO

SUM RIO

1TEMÀ 3

2 JUSTIFICATIVA 4

3 REFERENCIAL TEÓRICO 5

4 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 6
5 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES 7

6 TÍTULO 7

7 OBJETIVO 7

8 METODOLOGIA 8

9 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS-ORÇAMENTO 8

10 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES 8

11 REFERÊNCIAS 9

59
1 Tema Qual é o meu
Estatística e Educação Matemática tema?
2 Justificativa
A motivação inicial para a realização desta pesquisa surgiu com Por que
os resultados obtidos na dissertação de mestrado realizada por fazer?
esta autora (SILVA, 2000). Neste estudo, partiu-se do
pressuposto que os alunos geralmente apresentavam de-
sempenho sofrívelpesquisa,
disciplina. Nessa em Estatística pelo fatoade
perguntou-se nãoalunos
643 gostarem da
de dez
cursos de graduação, após o término da disciplina Estatística
(cuja duração foi de um ano) sobre a ideia que tinham da
disciplina. As respostas dos alunos foram categorizadas e
obteve-se que 34% definiram-na como Matemática e 33% Relevância
conseguiram apresentar alguma ideia realmente pertinente à pessoal
Estatística. Os resultados demonstraram uma realidade ainda
mais cruel: os alunos sequer conseguiam diferenciar Estatística
de Matemática. Ou seja, eles não poderiam gostar de algo que
sequer conheciam. Tal constatação motivou-me a empreender
esta nova pesquisa.
Também foi perguntado aos alunos qual a crítica que tinham da
Estatística e 25% dos alunos apresentaram críticas ao professor.
A partir destes resultados, começou-se a pensar em elaborar
trabalhos com objetivos didáticos. Nestes dez cursos de
graduação em que foram obtidos os dados para a pesquisa do
mestrado, em todos os conteúdos programáticos era reservado
um semestre para trabalhar os conceitos da Estatística
Descritiva. Por este motivo, pensou-se em abordar nesta
pesquisa doutoral os conceitos de Estatística Descritiva,
especificamente, média aritmética, desvio padrão e intervalo de
confiança.
Tanto na vida acadêmica quanto na vida pessoal do aluno,
inúmeras situações apresentarão o conceito de média e isto Relevância
requererá um entendimento correto deste conceito. Como acadêmica
exemplo na vida acadêmica, trabalhos diversas áreas de
graduação utilizam testes estatísticos de comparação de médias,
e se o aluno apresentar um entendimento equivocado de média,
poderá também apresentar uma interpretação errônea do teste.
Em situações cotidianas, inúmeros são os exemplos, tais como o
preço médio da gasolina, a renda per capita etc.
Porém, conhecer a média é insuficiente para que possam ser
tomadas decisões. Segundo Rodrigues (1999), o conhecimento
apenas da média de uma distribuição não nos dá muita in-
formação sobre ela e por isto faz-se necessário conhecer a Relevância
social

60
variabilidade dos dados. Esse conhecimento permite que se faça
estimativas (intervalos de confiança) e que, com estes
conhecimentos, é possível melhorar muito a interpretação da
média.
Meletiou e Lee (2002) argumentam que a deficiência dos alunos
em relação à estatística pode ser conseqüência da deficiência do
ensino dos conceitos de variabilidade. Daí a importância da

elaboração visando
conteúdos de umauma seqüência
melhor didática que trabalhe
compreensão comdestes
e utilização estes
conceitos por parte dos professores. Apesar de existirem
dissertações sobre o conceito de média no Ensino Fundamental e
no Médio, não foi encontrado nenhum trabalho dissertando sobre
o ensino de intervalo de confiança.
Com a inserção dos conteúdos estatísticos na Matemática do
Ensino Fundamental é necessário uma reflexão dos pesqui- Relevância
sadores sobre as adaptações necessárias. Segundo Annie Morin acadêmica
(2002), é surpreendente observar que estão sendo introduzidas
no Ensino Médio as propostas que foram feitas há dez anos para
o nível universitário. Para esta autora, “as coisas não são
exatamente as mesmas: tem-se mais poder tecnológico; os
alunos são diferentes e os conteúdos devem ser adaptados”.
Nos trabalhos publicados sobre Ensino de Estatística tem-se
questionado sobre quais
devem ser abordados emoscada
conteúdos
série doe Ensino
com que profundidade
Fundamental e
Médio. Esta preocupação visa adequar o nível de abstração do
conteúdo com a maturidade intelectual do aluno de maneira a
evitar concepções errôneas sobre determinados conteúdos, como
relatam Watson e Kelly (2002).
Para tanto, é necessário preparar os professores de matemática
para lidar com o conteúdo de estatística. Quase a totalidade dos
professores de matemática do Ensino Fundamental e Médio são
Relevância
formados em matemática e talvez tenham tido em sua formação profissional
apenas uma disciplina de Estatística. Daí a importância de
complementar essa formação e proporcionar ao professor mais
conhecimento sobre as peculiaridades do conteúdo estatístico.
Assim sendo, justifica-se a elaboração desta pesquisa na área de
Educação Estatística, principalmente no tocante ao
aperfeiçoamento dos professores de Matemática do Ensino
Fundamental e Médio.
3 Referencial teórico
A autora deste projeto estabelece relações entre os três conceitos
enunciados acima e sua compreensão e utilização por
O que sei
sobre o
assunto?

61
parte de alunos do Ensino Fundamental, Médio e Superior e tam-
bém de professores de matemática.
Média Aritmética
Para buscar respostas para as questões de pesquisa, faz-se
necessário verificar quais os conteúdos mínimos sugeridos pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais. Para as 5a e 6a séries é
sugerida, entre outros conteúdos, a compreensão do significado
de média aritmética e outras medidas de tendência central. Para
as 7a e 8a séries, é sugerida a obtenção destas medidas
enfatizando seus significados para fazer inferências (BRASIL,
Ministério da Educação, 1998).
No NCTM (1989) foi sugerido para a 5a até a 8a série a organi-
zação e a descrição de dados, dando ênfase em apresentação
gráfica e a exploração dos conceitos de centro e dispersão dos
dados, podendo-se questionar o significado de valores
discrepantes (outliers).
Um dos estudos sobre média aritmética mais citados nos artigos
científicos recentes é de Strauss e Bichler (1988). Os autores
fizeram um estudo com 80 crianças, sendo 20 nas seguintes
idades (8, 10, 12 e 14 anos) para verificar a compreensão das 7
propriedades da média aritmética e avaliar o meio de
apresentação de seus entendimentos (estória, concreto e

numérico).aos
aritmética Em12 Israel,
anos,asmas
crianças aprendem
os autores a calcular
argumentam queaembora
média
seja um conteúdo sempre ensinado, nem sempre a criança tem
uma compreensão correta do conceito. Talvez a simplicidade da
questão técnica (cálculo) faz com que o conceito de média pareça
ser simples. Foram aplicadas 32 tarefas individualmente com
cada criança. A maioria das tarefas foram qualitativas, ou seja,
não era necessário calcular a média para responder às questões.
As atividades consideradas mais fáceis e que tiveram maior
pontuação foram referentes à propriedade que enuncia que a
média está entre os valores extremos, a propriedade que diz que
a média é influenciada por valores extremos e a propriedade que
enuncia que a média não necessariamente é igual a qualquer um
dos dados.
Cortina (2002) realizou entrevistas individuais com 12 alunos de
a

7lizada
série
emdoproblemas
Ensino Fundamental para verificar
de média aritmética. O autora tinha
estratégia uti-
a inten-
ção de refletir sobre a possibilidade da média ser tratada com
uma razão matemática na fase inicial de seu ensino. Ele cita
como exemplo desta estratégia instrucional renda per capita e
quilômetros por litro. Para o autor, esta estratégia pode auxiliar o
aluno a comparar proporções em situações que envolvem grupos
de tamanhos diferentes. Dois pesquisadores realizaram a
experiência. Um pesquisador aplicou 3 problemas para os alu-

62
nos e o outro pesquisador anotava a experiência. Um dos pro-
blemas era comparar as vendas de bolachas de uma loja em dois
anos (1998 e 1999). Foi informado aos alunos que 10 pessoas
venderam 778 caixas de bolachas em 1998 e 15 pessoas
venderam 1002 caixas de bolachas em 1999 e então perguntado
se o grupo de vendedores deveria estar satisfeitos com os
resultados de 1999, com base em 1998. Também foi perguntado

se a metaOs
razoável. para 2000 (vender analisaram
pesquisadores 2000 caixasa com 25 vendedores)
estratégia era
de resolução
de cada aluno. Foram três as estratégias utilizadas:
1o) aproximação pela multiplicação: 778/10 = 77,8 e então mul-
tiplicava por 15 para estimar as vendas de 1999;
2a) parte perdida: 778/2 = 389 e 10/2 = 5, ou seja, 778 caixas
vendidas para 10 vendedores e (778 + 389) caixas vendidas para
(10 + 5) vendedores;
3a) relacionar o resultado final, em que foi calculado o número de
caixas vendidas por pessoa: 778/10 = 77,8 e 1002/15 = 66,8.
Embora o autor concorde com a crítica de Paul Cobb (coordenador
do projeto que incluía esta pesquisa) que a média sendo tratada
como razão deixa de ser um conteúdo estritamente estatístico,
pois o valor de cada dado na soma total é deixado de lado e,
portanto, não lida com variabilidade, considera que o estudo
contribuiu
comparações para proporcionais
a compreensãoem de maneiras
situações intuitivas
em quede alidar com
média
aritmética é pertinente.
O trabalho brasileiro sobre uma experiência em sala de aula com
conteúdo estatístico foi apresentado por Panaino (1998). Este
autor realizou um estudo com duas salas de 7â série e duas salas
de 8a série para verificar como podem ser utilizados os conceitos
estatísticos em aulas de matemática. Foram ensinados os
diferentes tipos de variáveis, tabelas, gráficos e medidas de
tendência central em 8 encontros. Era objetivo ensinar noções e
cálculos de variabilidade, mas não foi possível devido ao término
do período escolar. Embora o autor tenha aplicado uma avaliação
final e esta continha questões de cálculo e interpretação de média,
não foi relatado qual o índice de acerto das questões nem o tipo de
dificuldade encontrada pelos alunos.
Cazorla (2002) que
de graduação realizou um estudo
estavam coma814
cursando alunos Estatística
disciplina de oito cursos
em
1999 em uma universidade estadual da Bahia. Foi aplicado pré-
teste a 757 alunos no inicio das aulas e foi aplicado o pós-teste
para 366 alunos ao término do semestre. A autora não foi a
instrutora. Os testes incluíam questões sobre média, gráficos,
atitudes e habilidades em estatística. Sobre a média

63
aritmética, quando foi perguntado aos alunos o que é média arit-
mética, 41,7% dos alunos (no pré-teste) definiram-na como al-
goritmo, ou seja, apresentaram a fórmula da média. No pós-tes-
te, 54,9% dos alunos apresentaram o algoritmo. Quando foi
perguntado sobre a utilidade da Estatística, 20,6% dos alunos, no
pré-teste, responderam que a média serve para representar um
conjunto de dados (no pós-teste foi 26,2%), mas, apenas 4,9%
dos alunos no pré-teste (e 7,9% no pós-teste) responderam que a
média serve para fazer inferência. Na prova sobre a média, que
continha seis questões, a que obteve menor pontuação foi sobre
a interpretação da média. A questão que obteve maior pontuação
foi a aplicação do algoritmo para o cálculo da média aritmética
simples.
Com o estudo de Cazorla (2002) é possível notar que mesmo os
alunos de graduação, após cursar uma disciplina Estatística,
apresentam dificuldade para interpretar a média.
Cai e Gorowara (2002) estudaram a concepção de professores
de matemática acerca da representação pedagógica para o
ensino da média aritmética. Os autores trabalharam com o
conceito de representação como sendo usado para expressar
algum objeto, conceito ou teorema matemático e a média arit-
mética é entendida como representação de um conjunto de da-

dos e, quando
conjunto. acompanhada
Os autores do que
consideram desvio padrão,
entender resume
a média este
aritmé-
tica requer um conhecimento do algoritmo (cálculo), um enten-
dimento conceituai do algoritmo que possibilite ao aluno aplicar
este algoritmo para diferentes contextos e um entendimento
conceituai da média como uma estatística que possibilita tomar
decisões. Foram sujeitos 12 inexperientes professores e 11
experientes professores de 6a e 7a séries do Ensino Funda-
mental. Foi solicitado a estes professores que elaborassem uma
aula sobre média e que imaginassem como os alunos de 6a e 7 a
séries resolveriam cinco problemas propostos. Os professores
experientes apresentaram mais de uma solução para, pelo
menos, um dos cinco problemas e identificaram possíveis erros
que os alunos cometeriam. Os professores inexperientes usaram
soluções algébricas.

O planejamento
fessores da aula Ambos
foi semelhante. sobre média dos dois
elaboraram gruposcom
atividades de pro-
si-
tuações cotidianas, embora os professores experientes
apresentassem menos exemplos.
Segundo Batanero (2000), ainda não há um estudo sobre o
desenvolvimento do conceito de média em diferentes idades e
que as medidas de tendência central (onde está incluída a média)
são conceitos que, no caso de serem obtidos fora do âmbito
escolar, podem ser limitados e restritos.

64
Obs.: além de expor o conceito de média aritmética, a autora
deste projeto de pesquisa apresenta em seu texto uma ampla
reflexão sobre os conceitos de variabilidade e intervalo de con-
fiança que, por razões de brevidade de espaço, aqui foram
omitidos.

4 Delimitação do problema
Qual é a
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a
compreensão do significado da média aritmética é um conteúdo pergunta?
minha
proposto para a disciplina Matemática para o terceiro ciclo do
Ensino Fundamental, tendo continuidade no quarto ciclo, quando
é sugerida também a compreensão de outras medidas de
tendência central, como a moda e a mediana (BRASIL, Ministério
da Educação, 1998).
Esta inserção de conceitos estatísticos na disciplina Matemática
exige do professor a ampliação de seus conhecimentos sobre
este assunto, pois, em sua formação, é possível que ele tenha
cursado apenas uma disciplina denominada Probabilidade e
Estatística.
Segundo Batanero (2000), o ensino de Estatística fica sob a
responsabilidade do professor de matemática, que possivelmente
não teve uma formação didática específica para este conteúdo,

até mesmo porque


suficientemente a didática da estatística ainda não está
desenvolvida.
Conhecer a fórmula da média aritmética assim como conhecer os
procedimentos para se encontrar o valor da mediana são tarefas
simples para um professor de matemática, mas é possível que
este professor encontre dificuldade para explicar para seus alunos
a diferença existente entre as duas medidas de tendência central
ou ainda explicar para os alunos quando a mediana é uma
medida mais adequada para representar um conjunto de dados.
Portanto, o problema da pesquisa proposta neste projeto
desdobra-se em alguns questionamentos.
O primeiro destes questionamentos refere-se às concepções e
representações dos professores de Matemática em exercício no
Ensino Fundamental: Quais são estas representações? Que
importância estes professores atribuem a este conteúdo para os
alunos do Ensino Fundamental? Qual o significado dos objetos
estatísticos para estes professores?No ensino de Estatística para
alunos de graduação, é comum ouvi-los dizer que a média
aritmética é o valor que fica no meio do conjunto de dados, e
quando é apresentado o conceito de mediana os alunos
apresentam dificuldade para diferenciar os dois conceitos.
Também é comum ouvi-los dizer que a média

65
não é uma medida confiável. Com esta preocupação, Rodrigues
(1999), escreveu um artigo sobre o conceito de média a partir do
seguinte comentário de um jornalista: “Estatisticamente, eu morri
há cinco anos”. Para Rodrigues (1999), o jornalista não usou o
conceito de média para interpretar a informação, pois não
compreendeu a média como estimativa (como um valor
representativo), em que os dados oscilam acima e abaixo dela.
Desta
vinculadomaneira, o conceito
ao conceito de variabilidade
de média. Para Watsondevee estar
Kelly sempre
(2002),
Como vou
variação é o coração de toda investigação estatística. Se não há
desenvolver
variação nos dados, a Estatística torna-se desnecessária. O
minha
ensino de média aritmético desvinculado do ensino de va-
pesquisa?
riabilidade pode contribuir para desenvolvimento de equívocos
acerca do próprio conceito de média.
Daí segue-se o segundo questionamento deste projeto:A uti-
lização de novas tecnologias, mais especificamente, de si-
mulação em ambiente informatizado, pode auxiliar o professor na
demonstração da diferença entre os conceitos de média e
mediana, através da intervenção dos conceitos de variabilidade?
É comum o ensino do desvio padrão como medida de
variabilidade da média, mas é pouco comum o ensino da
amplitude interquartílica como medida de variabilidade da
mediana. Lehrer e Schauble (2002) argumentam que ainda é
dada pouca atenção ao ensino de variabilidade e, quando isto é
feito, limita-se ao cálculo de média e desvio padrão.
A literatura sobre ensino de estatística tem reforçado a
importância de ensinar os conceitos iniciais de estatística o mais
cedo possível. Segundo Batanero (2000), é necessário adaptar o
conhecimento estatístico à capacidade cognitiva do aluno e
desenvolver situações didáticas que propiciem uma
aprendizagem significativa.
Segundo Gras apud Morin (2002), uma das funções essenciais
para o ensino de estatística é sua função epistemológi- ca,
enfatizando a diferença entre uma maneira determinística de
raciocínio e uma não-determinística. O professor de matemática,
em sua formação, teve desenvolvido o raciocino determinístico e,
ao ensinar estatística, deve lidar com o raciocínio probabilístico.
Este se faz necessário na compreensão do conceito de intervalo
de confiança. No momento de se construir um intervalo de
confiança para a média aritmética, são necessários os conceitos
de média aritmética, desvio padrão, distribuição amostrai da
média (média das médias) e distribuição normal de probabilidade.

66
Geralmente, estes conceitos são apresentados na disciplina
Estatística, na graduação.Considera-se precipitado ensinar esses
conceitos ainda no Ensino Fundamental, porém questiona-se a
possibilidade de desenvolver estes conceitos de forma intuitiva.
O último questionamento, o problema principal, é, mediante o
conhecimento de média aritmética e de uma medida de varia-
bilidade (desvio padrão), determinar:Quais as contribuições que
um trabalho de formação continuada sobre conceitos elementares
de estatística, com enfoque particular sobre questões de ensino e
de aprendizagem dos conceitos de média e variabilidade, junto a
professores do Ensino Fundamental, pode trazer para a prática
docente destes profissionais?

5 Formulação das hipóteses


Os professores de matemática do Ensino Fundamental
apresentam deficiência no seu conhecimento sobre conceitos
elementares de estatística (média, desvio padrão e intervalo de O que o
confiança) que prejudica seu trabalho docente. Por isso, trabalho
necessitam de formação continuada sobre o assunto. Tal trabalho pretende
de formação melhorará também a prática docente desses demonstrar?
profissionais.
6 Título
A compreensão de média e variabilidade como conceitos
essenciais para a noção intuitiva de intervalo de confiança:sua
aplicabilidade no Ensino Fundamental.
Como se
7 Objetivos
chamará?
O objetivo geral deste projeto é propor um estudo diagnóstico das
concepções e representações dos professores sobre o conceito
de média, de variabilidade e de intervalo de confiança para, em
seguida, trabalhar na formação continuada desses professores,
através de uma sequência didática que contemple estes três Para que
conceitos elementares da Estatística. Como objetivos específicos, fazer?
tem-se:
• desenvolver uma sequência didática para a média aritmética
que possibilite ao professor compreender seu conceito e perceber
a necessidade de medidas de variabilidade;
• desenvolver uma sequência didática para a variabilidade dos
dados (desvio padrão) de maneira a possibilitar ao professor
compreender que a variabilidade é um indicativo importante sobre
a homogeneidade da amostra;
•apresentar uma sequência didática para desenvolver uma
representação pseudoconcreta do intervalo de confiança para
a média;

67
• desenvolver ou adaptar rotinas em um software (a ser definido)
para que seja utilizado durante todas as sequências didáticas;
. avaliar o uso de tecnologias como ferramentas facilitadoras na
compreensão de conceitos;
. analisar a apresentação didática de média aritmética e desvio
padrão em livros didáticos do Ensino Fundamental e Médio.
8 Metodologia
Para coletar em
experimento ossala
dados necessários,
de aula envolvendopretende-se
o ensino derealizar
média eum
de Como vou
desvio padrão para conceituar o intervalo de confiança para a desenvolver
média. Utilizar-se-á para isso a Engenharia Didática que, minha
segundo Artigue apud Coutinho (1994), é uma metodologia de pesquisa?
pesquisa que se caracteriza em primeiro lugar por um esquema
experimental, baseado em realizações didáticas em classe.
Na realização do experimento, utilizar-se-á como recurso
didático a definição de Domínio Pseudoconcreto que foi
apresentada em Coutinho (2002). Nesse domínio, os alunos
identificam o modelo teórico utilizando elementos de linguagem
tirados da experiência concreta (experiência de referência) ou de
seu cotidiano, pois, segundo Cumming (2002), alguns aspectos
de intervalo de confiança são difíceis de entender e de ensinar e,
portanto, é importante a utilização de recursos visuais, que, no

entenderdo desta
alunos Ensinoautora, podem graças
Fundamental ser bastante explorados
à utilização com
do Domínio
Pseudoconcreto, que não exige destes alunos ferramentas
matemáticas complexas e formais.
Além do experimento, pretende-se realizar uma análise de livros
didáticos do Ensino Fundamental utilizados pelos professores de
Matemática, para verificar como as medidas de tendência central
e dispersão estão sendo desenvolvidas. Pretende-se verificar se
estão sendo abordados somente os procedimentos e os
algoritmos, ou se também estão sendo abordados aspectos
conceituais.
Os sujeitos do experimento serão os professores do Ensino
Fundamental de uma escola pública de São Paulo. Portanto, a
amostragem será intencional.
Pretende-se realizar esta pesquisa numa perspectiva da didática
francesa, possivelmente utilizando a Teoria das Situações de G.
Brousseau, com as quais pôde-se ter um primeiro contato neste
ano, na participação (na condição de aluna ouvinte) do grupo de
pesquisa G4 do Programa de Pós- Graduação em Educação
Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

68
Trabalhar-se-á com situações-problema, construídas à luz deste
quadro teórico, de maneira a fazer com que o professor possa
refletir sobre como trabalhar os conceitos estatísticos com o
aluno.
Pretende-se analisar inicialmente o conhecimento dos profes-
sores sobre as medidas de tendência central e dispersão. Esta
análise será quantitativa, obtendo-se a média das notas, bem
como qualitativa, fazendo uma categorização dos tipos de erros
desenvolvidos pelos professores.
Para analisar as seqüências didáticas, far-se-á uma análise
qualitativa, buscando identificar as dificuldades e/ou possíveis
obstáculos epistemológicos e didáticos encontrados pelos
professores no desenvolvimento das estratégias utilizadas para
a resolução dos problemas.
Obs: a autora deste projeto detalha muito mais a metodologia a
ser adotada durante a pesquisa. Novamente, seu texto foi
condensado por razões de brevidade de espaço.
Quando e
9 Cronograma das atividades em que
O quadro abaixo apresenta o cronograma previsto para a ordem vou
elaboração da pesquisa. realizá-la?
Atividades Ano 2003 Ano 2004 A no 2005

0E 09 1 o:
<
(V 05 0 o 09 1 1 1 o: 04 0 0 0£
Revisão do 0 11 12 X É 0 1 2 02 06 7 08
referencial teórico

Revisão
bibliográfica
Desenvolvimento
do software
Desenvolvimento
das sequências
didáticas
Aplicação das
sequências
didáticas
Análise do
experimento
Redação dos
resultados
Redação do texto
final
Entrega da
pesquisa

69
10 Recursos humanos e materiais - Orçamento De que vou
Gastos com material para a elaboração dos questionários e para precisar?
a impressão da tese. Aquisição de softwares (ESCI -Exploratory
software for confidence intervals e o FATHOM) além de outros
recursos computacionais necessários para a realização da
simulação para o intervalo de confiança.
Será necessário estudar a viabilidade financeira para a
aquisição dos mesmos.
11 Referências O que
ALMOULOUD, Saddo Ag. Fundamentos da Didática da Ma- consultei
temática. São Paulo, 2000. 2 v. (Material didático-pedagógico para fazer o
não publicado). projeto?
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anual da Associação Nacional de Pós-Graduação

70
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estudo com alunos de graduação. 2000. (Dissertação Mestrado em
Educação Matemática) UNICAMP, Campinas.

71
PROJETO DE PESQUISA NA
ÁREA DE SAÚDE: ORIENTAÇÕES
GERAIS
Prof. Dr. Paulo Angelo Lorandi23

O importante em uma pesquisa científica é o critério na escolha do


método, o rigor do estudo, a consistência dos dados e a coerência dos
resultados alcançados. Estes parâmetros devem estar presentes em
qualquer pesquisa séria, independentemente do tipo de ciência. As

Ciências Naturais
científico, calcadodiferem das Ciências Humanas
no experimentalismo pelo próprio Não
e objetividade. estatutoé
preocupação desta obra discutir a questão da objetividade científica, pois
disto se ocupa a filosofia das ciências. De qualquer modo, o método
científico aplicado às Ciências Naturais (Física, Química, Biologia e todas
as outras delas derivadas) caracteriza-se pela possibilidade de reprodução
e de controle das variáveis.
Assim sendo, ao propor um projeto de pesquisa para as Ciências da
Saúde, à parte das considerações gerais deste livro, serão apontadas suas
particularidades.
A pesquisa em saúde pode apresentar diversas facetas: ensaios
laboratoriais pré-clínicos utilizando animais, ensaios clínicos em seres

humanos edosestudos
magnitude epidemiológicos,
problemas descrevendo
da saúde humana, bem como a distribuição
identificar ose
fatores de risco para estes distúrbios, com fins de facilitar e propor ações
de saúde coletiva.
Todo e qualquer projeto é constituído de elemento pré-textuais,

23 Texto elaborado pelo Prof. Dr. Paulo Angelo Lorandi, Bacharel em Farmácia e
Doutor em Educação - Currículo, professor de instituições de ensino superior.

72
textuais e pós-textuais. Será dada ênfase aos elementos textuais: os
elementos introdutórios, objetivos, metodologia e recursos.

ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS

Esta parte não precisa ser muito aprofundada, mas há que se deixar
claro o grau de conhecimento sobre o assunto. Faz-se a revisão da
literatura apresentando-se o tema de pesquisa (é obrigatório respeitarem-se
as normas de citações e referências). O tema deve ser delimitado de
acordo com a capacidade do pesquisador. Essa delimitação deve ser em
relação ao período a ser estudado, local, amostra (tamanho, características,
composição). Deve-se finalizar com a justificativa para a realização da
pesquisa. Esta justificativa pode incluir o caminho pessoal que o levou a
essa pesquisa específica, inclusive apontando as leituras mais motivadoras
para essa elaboração.
Antes de começar a pesquisa, o pesquisador deve ler trabalhos de
conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses de doutoramento e
artigos de periódicos com o objetivo de favorecer a escolha de um tema
atraente, bem como qual o grau de abrangência possível. De um modo
geral, todo pesquisador inexperiente busca resolver mais do que é capaz, o
que exigirá do orientador uma adequação à sua capacidade. Do tema
apresentado nascerá o problema que a pesquisa tentará responder e que
deverá ser bem formulado no projeto.

OBJETIVO

O objetivo da pesquisa deve ser expresso de forma clara, através de


um enunciado
fórmula direto: O
semelhante. “Oobjetivo
objetivo não
do presente
deve sertrabalho é...” ou
apresentado de qual
quer
maneira
muito extensa. O objetivo encaminha para o problema, a pergunta que
deverá ser respondida pela execução e análise do trabalho. Encaminha
também para a hipótese, a qual será validada ou não pela pesquisa.
Quando conveniente, os objetivos poderão ser separados em gerais
(um, ou no máximo dois) e específicos. Estes, que podem ser numerados

73
ou separados por itens, representam um fracionamento do objetivo geral.
O atendimento dos objetivos específicos leva à resposta do geral.

METODOLOGIA E RECURSOS

Neste item, é necessário pormenorizar o projeto. Deve-se:


• fazer referência ao tipo de pesquisa que está sendo conduzida
(qualitativa ou quantitativa; exploratória, descritiva, explicativa;
pesquisa de campo, de laboratório, documental, participante);
• descrever o local da pesquisa nas várias etapas do trabalho. Apresentar
qual é a infraestrutura necessária e se há concordância da instituição
para o desenvolvimento da mesma;
• definir as responsabilidades do pesquisador, do orientador e da
instituição e quais os critérios para a suspensão ou encerramento do
trabalho;
• detalhar a população ou amostra a ser estudada (tamanho, idade, peso,
sexo, escolaridade e outros elementos que sejam significativos) e os
critérios de inclusão e exclusão;
• descrever minuciosamente todos os métodos utilizados (de coleta, de
análise laboratorial, de análise dos resultados). Não deixar de apensar
todos os questionários e instrumentos usados na pesquisa (dando
preferência a questionários e instrumentos já aceitos pelo meio
acadêmico, estes devem ser citados corretamente). Apresentar
claramente as fontes dos dados;
• seguir as exigências da Resolução CNS 196/96, sobre a ética em
pesquisa envolvendo seres humanos24.

24 Cf. abaixo o capítulo: Dimensão Ética da Pesquisa que Envolve Seres Humanos.

74
PARTE III

O ORIENTADOR E O
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA

“O processo de orientação consiste em uma relação


essencialmente educativa, em que o orientador e o orientando interagem
no sentido do preparo e desenvolvimento do aluno para a elaboração de
um trabalho científico.” (UNISANTOS, 2004, p. 50)
Nessa relação, a atuação do orientador é fundamental, pois sua
experiência pode contribuir para que o orientando realize um trabalho
científico de melhor qualidade, economizando tempo e esforço. A
relação entre orientador e orientando deve ter caráter profissional,
mantendo-se, porém, uma atitude de amizade e colaboração em um
clima de confiança e otimismo. Isso acarreta um crescimento mútuo,
tanto no âmbito acadêmico, como no pessoal, favorecendo o
envolvimento do aluno na pesquisa.
O orientador deve manter com o aluno um diálogo franco e aberto,
apontando-lhe, se necessário, os defeitos do trabalho e propondo-lhe
sugestões para correção e aprimoramento. Por outro lado, deve elogiar
seu desempenho quando merecido.

ORIENTAÇÃO DA PESQUISA

A tarefa de orientação25 exige do orientador várias horas de


dedicação, comportando leituras, discussão com o orientando e

25 Essas reflexões foram tomadas de nossa experiência e de diversas obras. Para


maior aprofundamento, consulte-se MARQUES, 2002, p. 231-3; HAGUETTE,
77
consultas a bibliotecas e sites da internet. É importante também que ele
seja uma figura presente, atendendo o aluno nos horários combinados
para a orientação.
O orientador deve seguir o regulamento determinado pela
instituição, dando especial atenção aos prazos e procedimentos
estabelecidos, e manter atualizado o controle de frequência e o

aproveitamento dos alunos.


Não se aprende a partir do nada e, por isso, ao iniciar o processo
de orientação, o professor deve verificar qual a situação real do aluno
(seus limites e suas possibilidades, sua experiência, sua história de vida
e seus conhecimentos acumulados) e colaborar com ele na elaboração e
aperfeiçoamento do projeto de pesquisa. Deve respeitá-lo, fazendo- lhe
exigências de acordo com suas potencialidades.
Não deve impor um tema de seu interesse ao aluno, pois é este que
deve escolher o assunto de seu agrado.
E preciso que discuta com o orientando a viabilidade e
consistência de sua proposta, auxiliando-o a descobrir o que investigar:
os objetivos, a delimitação do problema e as hipóteses do trabalho. Deve

“exigir nível
maior que [ode
orientando]
clareza: se
na expresse por escrito;e assim
problematização ele atingirá um
contextualização do
problema, explicitação da relevância do tema e do que pretende e
definição dos seus objetivos (poucos, precisos, claros e viáveis)”
(IIAGUETTE, 2002, p. 378).
Após a aprovação do projeto, o orientador deve auxiliar o aluno a
fazer o sumário do trabalho2, pois sua elaboração contribui para definir,
ainda que provisoriamente, o roteiro da pesquisa sinalizando os rumos
que ela pode tomar.

2002, p. 378-82; CIRIBELLI, 2003, p. 90-2 e da Portaria Pró-Ac. n° 03/03 da


Universidade Católica de Santos.
2. Para maiores detalhes na organização do sumário, consulte nossa obra Trabalho
acadêmico, da Editora Olho d’Água.

78
INDICAÇÃO DE LEITURAS

Cabe ao orientador indicar a literatura necessária (tanto das obras


clássicas quanto das atuais sobre o tema) para o desenvolvimento do
trabalho e a ampliação do referencial teórico do aluno. Não deve exigir
dele leituras de seus autores favoritos, a não ser que sejam realmente
necessárias para a elaboração da pesquisa. Ao professor cabe acolher e
analisar os textos trazidos pelo aluno, lendo-os atentamente e
verificando sua pertinência ou não para a pesquisa, valorizando sempre
sua atitude de busca. Para auxiliar ainda mais, poderá indicar onde e
como se encontram os textos necessários (bibliotecas, arquivos, internet
e outros).
Muitas vezes, os alunos tendem a fazer uma leitura apressada e
superficial, não compreendendo fielmente o texto e opinando
indevidamente sobre ele. Para evitar esse problema, o orientador deve
auxiliá-lo a ler o texto cuidadosa e atentamente a fim de captar os
significados apresentados pelo autor, evitando misturar aos sentidos do
texto os seus. Somente após a compreensão do texto, o orientando
poderá posicionar-se frente a ele e relacioná-lo com outros textos e
autores. Auxiliá-lo nessa tarefa é uma das funções mais importantes do
orientador.
Por outro lado, segundo Haguette (2002, p. 380), se o objetivo é a
fidelidade aos textos lidos, o orientador não deverá fazer catequese,
doutrinação, militância política ou patrulhamento ideológico; assim, o
orientando poderá desenvolver seu pensamento com autonomia.

REDAÇÃO DO TRABALHO

Cabe ao orientador ler com atenção o que o orientando vem


escrevendo, auxiliando-o menos com sugestões do que com
perguntas que o levem a produzir seus próprios saberes,
com autonomia e competência, saberes corporificados em
texto pertinente, bem urdido e consequente. (MARQUES,
2002, p. 231-2)
O orientador deve ser um leitor. Deve ler atentamente o texto,
verificando se é dotado de concatenação lógica entre objetivos,
metodologia, referencial teórico e resultados obtidos. Deve estai- atento

79
também para a unidade, a continuidade e a consistência do texto.
Alertará o autor no tocante às ambiguidades e imprecisões que devem
ser superadas. Não pode em hipótese alguma escrever em lugar do
orientando, contribuindo assim para o amadurecimento intelectual do
aluno.
Cabe ao orientador iniciar o orientando nos métodos e técnicas de
coleta de dados próprios de cada ciência, transmitir “os pequenos
segredos que só a prática compartilhada aponta” (MARQUES, 2002, p.
233). Deve também acompanhar a elaboração e a aplicação rigorosa da
metodologia a ser utilizada, assim como avaliar se os dados coletados
são suficientes para o desenvolvimento da pesquisa.
O orientador não deve seivir-se do orientando para suas pesquisas
particulares.
É interessante que o orientador combine com o orientando prazos e
datas (estabelecendo um cronograma, pois isso contribui para que o
aluno adquira uma disciplina de trabalho) e cobre esses prazos, “pois as
tramas da pesquisa se desencadeiam e tomam corpo diante da urgência
de prazos estabelecidos” (MARQUES, 2002, p. 233).
O orientador deve também deixar claros os critérios de avaliação
para o aluno. Esses critérios deverão ser seguidos, tanto ao longo do
trabalho, quanto na apresentação final. Dentre eles, salientamos os
seguintes:
• clareza - facilidade de compreensão das ideias desenvolvidas e dos
fatos expostos;
• coerência das partes - existência de uma adequada relação entre
ideias, fatos, partes (capítulos ou seções primárias, seções
secundárias, seções terciárias...) e títulos;
• coerência de pensamento - estruturação do trabalho de acordo com a
linha teórica anunciada implícita ou explicitamente na introdução;
relação
resoluçãoentredoproblema,
problemaobjetivos, referencial
enunciado; teórico edos
explicitação metodologia;
aspectos
importantes;
• solidez da argumentação - encadeamento lógico da argumentação;
• criatividade - escolha de autores, teorias e métodos novos; busca de
um tema inovador;

80
• aspectos metodológicos - texto padronizado de acordo com as normas
de um trabalho científico.
Finalmente, deve orientar o aluno para a apresentação pública da
pesquisa perante a uma banca, se for previsto pelo regimento da
instituição26. Na apresentação oral, é preciso que o aluno tenha domínio
do assunto, clareza na exposição das ideias e linguagem correta e
pertinente.
DIMENSÃO ÉTICA DA PESQUISA
QUE ENVOLVE SERES HUMANOS

Pode acontecer de a pesquisa envolver seres humanos. Nesse caso,


deve-se tomar uma série de precauções que permitam salvaguardar a
dignidade e a integridade dos seres humanos em questão. Uma das
medidas, que compete às Instituições de Ensino Superior (IES) ou de
pesquisa, é a criação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e a
implementação de suas atividades.
Os CEPs são
colegiados interdisciplinares e independentes, com “múnus
público”, de caráter consultivo, deliberativo e educativo,
criados para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa
em sua integridade e dignidade e para contribuir no
desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos (item
14, inciso II, Res. CNS n2 196/96).
É recomendável que cada IES crie também um Comitê de Pesquisa
que avalie a qualificação científica e metodológica dos projetos de
pesquisa. Atendendo as normas metodológicas e científicas, o Comitê de
Pesquisa encaminhará o projeto ao CEP para análise de sua dimensão
ética. Se houver problemas, o projeto será devolvido ao pesquisador para
que o refaça.
Outra medida é o conhecimento pelo pesquisador e orientador da
Resolução do Conselho Nacional de Saúde ne 196, de 10 de outubro de

26 Para maiores detalhes, consulte Trabalho acadêmico, da Editora Olho d’Água.

81
1996 (ANEXO B), que regulamenta as pesquisas envolvendo seres
humanos. Esse documento deve ser consultado e seguido pelo
pesquisador e orientador. Em cada pesquisa, ambos devem tomar
especial cuidado nos aspectos éticos, na elaboração do Termo de

82
Consentimento e do Protocolo de Pesquisa a ser apresentado ao CEP da
instituição, elemento contemplado na Resolução.

ASPECTOS ÉTICOS

Para que uma pesquisa com seres humanos seja ética, é necessário
respeitar os seguintes princípios (item 1, inciso III, Res. CNS ne
196/96):
a) que os indivíduos envolvidos na pesquisa deem, por si ou por seus
responsáveis, seu consentimento livre e esclarecido em participar da
pesquisa;
b) que os benefícios esperados superem possíveis riscos e danos à
dignidade e à integridade da pessoa;
c) que se evitem os prejuízos previsíveis;
d) que, da pesquisa, resultem benefícios tanto para os sujeitos
envolvidos quanto para a sociedade.
Outros aspectos são apresentados na Res. CNS n° 196/96.

TERMO DE CONSENTIMENTO

Exprime a anuência livre e esclarecida de participação de alguém


como sujeito da pesquisa. Deve ser escrito pelo pesquisador em
linguagem simples e clara para facilitar o entendimento do participante
e conter os seguintes aspectos (item 1, inciso IV, Res. CNS n2 196/96):
a) a justificativa, os objetivos e os procedimentos que
serão utilizados na pesquisa;
b) os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios
esperados;
c) os métodos alternativos existentes;
d) a forma de acompanhamento e assistência, assim como
seus responsáveis;
e) a garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso
da pesquisa, sobre a metodologia, informando a
possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo;
f) a liberdade do sujeito de se recusar a participar ou retirar

83
seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem
penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado;
g) a garantia de sigilo que assegure a privacidade dos
sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na
pesquisa;
h) as formas de ressarcimento das despesas decorrentes da
participação na pesquisa; e
i) as formas de indenização diante de eventuais danos
decorrentes da pesquisa.
Outros esclarecimentos, de ordem prática ou em relação aos riscos
e benefícios que poderão eventualmente afetar os seres humanos
envolvidos na pesquisa, encontram-se na referida resolução.

PROTOCOLO DE PESQUISA

Nas pesquisas que envolvem seres humanos, o pesquisador deverá


adequar seu projeto ao formato de protocolo de pesquisa e, então,

apresentá-lo
os seguintes àelementos:
instituição folha
para avaliação
de rosto pelo
para CEP. Nele,envolvendo
pesquisa deverão constar
seres
humanos proposta pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP) do Ministério da Saúde (ANEXO C); descrição da pesquisa;
informações relativas ao sujeito da pesquisa; qualificação (curriculum
vitae) do(s) pesquisador(es) e do orientador; termo de compromisso do
pesquisador e da Instituição e modelo do termo de consentimento livre e
esclarecido. Esses elementos estão detalhados nos itens 1 a 5 do inciso
VI da Resolução CNS nfl 196/96.

84
CONCLUSÃO

Para se enfrentarem os desafios do conhecimento na atualidade, é


necessário, como já vimos, uma atitude constante de pesquisador. Uma
pesquisa inicia-se por um projeto que salienta o problema e é, a partir
deles, que o estudioso deve nortear seu trabalho. O esquema aqui
proposto tem a pretensão de auxiliar o pesquisador a elaborar seu
projeto de pesquisa e, por meio dele, a criar conhecimento novo,
qualquer que seja o nível de inovação e profundidade conseguidos. Nós
nos sentiremos recompensados se esta obra alcançar tal objetivo: assim,
contribuiríamos, mesmo que modestamente, para a melhoria da
educação e - por que não? - para a transformação de nosso País.

85
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MACHADO, José Pedro. Dicionário etimológico da língua portuguesa.


V. IV: M-P. 3. cd. Lisboa: Florizonte, 1977. 5v.
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MARQUES, Mário Osório. A orientação da pesquisa nos programas de pós-
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Florianópolis: UFSC; São Paulo: Cortez, 2002. p. 227-34.
NASCENTE, Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1955.
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____ . Trabalho acadêmico. O que é? Como fazer?: um guia para suas apre-

88
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WAYNE C. BOOTH et al. The craft of research. Chicago: The University of
Chicago Press, 1995.

89
ANEXO A — D E F I NI ÇÕE S DE PE SQUI SA

Aidil de Jesus Paes de Barros e Neide Aparecida de Souza Lehfeld (1999, p. 14):
[Pesquisa] é a exploração, é a inquisição, é o procedimento sistemático e
intensivo, que tem por objetivo descobrir e interpretar os fatos que estão
inseridos em uma determinada realidade.
A pesquisa é definida como uma forma de estudo de um objeto. Esse estudo
é sistemático e realizado com a finalidade de incorporar os resultados obtidos
em expressões comunicáveis e comprovadas aos níveis do conhecimento
obtido.
A pesquisa científica é o produto de uma investigação, cujo objetivo é re-
solver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedi-
mentos científicos. A investigação é a composição do ato de estudar,
observar e experimentar os fenômenos, colocando de lado a sua com-
preensão a partir de apreensões superficiais, subjetivas e imediatas.
Wayne C. Booth et al. (1995, p. 8):
Pesquisa é simplesmente recolher a informação que você precisa para
responder uma questão e assim ajudá-lo a resolver um problema.
Bernadete A. Gatti (2002, p. 9 -10):
A palavra "pesquisa” passou a ser utilizada no cotidiano das pessoas e nas
escolas com sentidos os mais diferentes.
Pesquisa é o ato pelo qual procuramos obter conhecimento sobre alguma
coisa. Com essa definição assim tão ampla, podemos dizer que estamos
sempre pesquisando em nossa vida de todo dia, toda vez que buscamos
alguma
colhendoinformação
para isso ouosnos debruçamos
elementos que na solução de importantes
consideramos algum problema,
para
esclarecer nossas dúvidas, aumentar nosso conhecimento ou fazer uma
escolha. Assim, podemos falar em pesquisar o sentido exato de uma palavra
no dicionário; ou em pesquisar a melhor maneira de temperar uma comida;
ou em pesquisar o preço de certo produto em várias lojas.

90
Contudo, num sentido mais estrito, visando à criação de um corpo de co-
nhecimentos sobre certo assunto, o ato de pesquisar deve apresentar certas
características específicas. Não buscamos, com ele, qualquer conhecimento,
mas um conhecimento que ultrapasse nosso entendimento imediato na
explicação ou na compreensão da realidade que observamos. Um
conhecimento que pode até mesmo contrariar esse entendimento primeiro e
negar as explicações óbvias a que chegamos com nossas observações
superficiais e não sistemáticas. Um conhecimento que obtemos indo além
dos fatos, desvelando processos, explicando consistentemente fenômenos
segundo algum referencial.

João Baptista de Almeida Júnior (1995, p. 99-100):


Pesquisar, num sentido amplo, é procurar uma informação que não se sabe
e que precisa saber. Consultar livros e revistas, examinar documentos,
conversar com pessoas, fazendo perguntas para obter resposta, são formas
de pesquisa.
O termo pesquisa é aplicado aqui genericamente, como sinônimo de busca,
de investigação. Não se entende ainda a pesquisa como tratamento de
investigação cientifica que tem por objetivo comprovar uma hipótese
levantada, através do emprego de processos científicos.

Elisabete M. Marchesini de Pádua (1997, p. 30):


Tomada num sentido amplo, pesquisa é toda atividade voltada para a so-
lução de problemas; como atividade de busca, indagação, investigação,
inquirição da realidade, é a atividade que vai nos permitir, no âmbito da ciên-
cia, elaborar um conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que nos
auxilie na compreensão desta realidade e nos oriente em nossas ações.
Neste sentido, o conhecimento vai se elaborando historicamente, através do
“exercício” desta atividade, da reflexão sobre o que se conseguiu apreender
através dela, dos resultados a que se chegou e das ações que foram
desencadeadas a partir destes resultados.
Assim, toda pesquisa tem um intencionalidade, que é a de elaborar conhe-
cimentos que possibilitem compreender e transformar a realidade; como
atividade, está inserida em determinado contexto histórico-sociológico,
estando, portanto, ligada a todo um conjunto de valores, ideologia, con-
cepções de homem e de mundo que constituem este contexto e que fazem
parte também daquele que exerce esta atividade, ou seja, o pesquisador.

Menga Lüdke e Marli E. D. André (1989, p. 1-2):


Para realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados,
as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o
conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Em geral isso se faz a partir
do estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta interesse do
pesquisador e limita sua atividade de pesquisa a uma deter-

91
minada porção do saber, a qual ele se compromete a construir naquele mo-
mento.
Antonio Carlos Gil (2002, p. 17):
Pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é
requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao
problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal
estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada com o
problema.
A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos dis-
poníveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedi-
mentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um
processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do
problema até a satisfatória apresentação dos resultados.

Sérgio Vasconcelos de Luna (1989, p. 26; 1996, p. 15. 23-4):


(Pesquisa é uma) atividade de investigação capaz de oferecer (e, portanto,
produzir) um conhecimento “novo” a respeito de uma área ou de um
fenômeno, sistematizando-o em relação ao que já se sabe a respeito dela(e).
Essencialmente, pesquisa visa a produção de conhecimento novo, relevante
teórica e socialmente e fidedigno. [...] Por enquanto, é suficiente esclarecer
que ele subentende um conhecimento que preenche uma lacuna importante
no conhecimento disponível em uma determinada área do conhecimento. O
julgamento
feito pela último da novidade
comunidade e da importância
de pesquisadores do conhecimento
que estudam aquelaproduzido
área éde
conhecimento.
A distinção pode ser caracterizada retomando-se um dos critérios para definir
a pesquisa: a produção de conhecimento novo. Ao se realizar uma pesquisa,
espera-se que o ponto de partida identifique um problema cuja resposta não
se encontre explicitamente na literatura; consequentemente, a resposta
obtida ao final da pesquisa - constatada a correção metodológica - deve ser
relevante para a comunidade científica, não apenas por se tratar de uma
resposta, mas, principalmente, por se tratar de uma resposta importante de
ser obtida. Desta forma, pesquisa é sempre um elo de ligação entre o
pesquisador e a comunidade científica, razão pela qual sua publicidade é
elemento indispensável do processo de produção de conhecimento.

Pedro Demo (2000, p. 82-3):

Pesquisa
passando significa [...]patamar
para outro reconstruir
comconhecimento, partindo
maior ou menor do quemas
srcinalidade, já existe
sempree
com um passo a frente. Implica habilidade metodológica mínima em termos
de saber montar propostas dotadas de alguma cientificidade, em particular a
capacidade de argumentar. Geralmente, supomos manipulação de dados ou
de informação, denotando inserção clara no real. Toda pes-

92
quisa procede pela via do questionamento, porque tem como ponto de par-
tida questões não respondidas e que procuramos responder de alguma
forma. Por isso, desconstrói o que imagina não estar adequadamente mon-
tado, e reconstrói de modo alternativo, dentro da expectativa de que, nesse
processo, ganhamos conhecimento anterior. [...] A pesquisa é procedimento
que induz ao pensamento crítico, inclui sempre a autocrítica de quem
pesquisa porque não sabe tudo, realça a presença do sujeito capaz de
proposta própria, e, não por último, planta a cidadania que sabe usar uma
das energias
Pesquisar nãomais decisivas
é apenas de intervenção
oferecer que éé também,
argumentos, o conhecimento.
no mesmo[...]
processo, provocar contra-argumentos.

93
ANEXO B — R E SOLUÇÃO DO C ONSELHO
N ACI ONAL DE SAÚDE N ° 196, DE
10 DE OUTUBRO DE 1996

O Plenário do Conselho Nacional de Saúde em sua Quinquagésima Nona Reunião


Ordinária, realizada nos dias 9 e 10 de outubro de 1996, no uso de suas
competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei 2n 8.080, de 19 de
setembro de 1990, e pela Lei n2 8.142, de 28 de dezembro de 1990, RESOLVE:
Aprovar as seguintes diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo
seres humanos:
I-PREÂMBULO
A presente Resolução fundamenta-se nos principais documentos internacionais que
emanaram declarações e diretrizes sobre pesquisas que envolvem seres humanos: o
Código de Nuremberg (1947), a Declaração dos Direitos do Homem (1948), a
Declaração de Helsinque (1964 e suas versões posteriores de 1975, 1983 e 1989), o
Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966, aprovado pelo
Congresso Nacional Brasileiro em 1992), as Propostas de Diretrizes Éticas
Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres Humanos (CIOMS/OMS
1982 e 1993) e as Diretrizes Internacionais para Revisão Ética de Estudos
Epidemiológicos (CIOMS, 1991). Cumpre as disposições da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 e da legislação brasileira correlata: Código de
Direitos do Consumidor, Código Civil e Código Penal, Estatuto da Criança e do
Adolescente, Lei Orgânica da Saúde 8.080, de 19/9/90 (dispõe sobre as condições de
atenção à saúde, à organização e ao funcionamento dos serviços correspondentes),
Lei 8.142, de 28/12/90 (participação da comunidade na gestão do Sistema Único de
Saúde), Decreto 99.438, de 7/8/90 (organização e atribuições do Conselho Nacional
de Saúde), Decreto 98.830, de 15/1/90 (coleta por estrangeiros de dados e materiais
científicos no Brasil), Lei 8.489, de 18/11/ 92, e Decreto 879, de 22/7/93 (dispõem
sobre retirada de tecidos, órgãos e outras partes do corpo humano com fins
humanitários e científicos), Lei 8.501, de 30/ 11/92 (utilização de cadáver), Lei 8.974,
de 5/1/95 (uso das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de
organismos geneticamente modificados), Lei 9.279, de 14/5/96 (regula direitos e
obrigações relativos à propriedade industrial), e outras.
Esta Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro
referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça,
entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade
cientifica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.
O caráter contextual das considerações aqui desenvolvidas implica revisões

94
periódicas desta Resolução, conforme necessidades nas áreas tecnocientífica e
ética.
Ressalta-se, ainda, que cada área temática de investigação e cada modalidade de
pesquisa, além de respeitar os princípios emanados deste texto, deve cumprir as
exigências setoriais e regulamentações específicas.
II - TERMOS E DEFINIÇÕES
A presente Resolução adota no seu âmbito as seguintes definições:
II. 1 - Pesquisa - classe de atividades cujo objetivo é desenvolver ou contribuir para
o conhecimento generalizável. O conhecimento generalizável consiste em teorias,
relações ou princípios ou no acúmulo de informações sobre as quais estão baseados,
que possam ser corroborados por métodos científicos aceitos de observação e
inferência.
11.2 - Pesquisa en volvendo seres humanos - pesquisa que, individual ou
coletivamente, envolva o ser humano, de forma direta ou indireta, em sua totalidade
ou partes dele, incluindo o manejo de informações ou materiais.
11.3 - Protocolo de Pesquisa - Documento contemplando a descrição da pesquisa
em seus aspectos fundamentais, informações relativas ao sujeito da pesquisa, à
qualificação dos pesquisadores e a todas as instâncias responsáveis.
11.4 - Pesquisador responsável - pessoa responsável pela coordenação e
realização da pesquisa e pela integridade e bem-estar dos sujeitos da pesquisa.
11.5 - Instituição de pesquisa - organização, pública ou privada, legitimamente
constituída e habilitada, na qual são realizadas investigações científicas.
11.6 - Promotor - indivíduo ou instituição responsável pela promoção da pesquisa.
11.7 - Patrocinador - pessoa física ou jurídica que apoia financeiramente a
pesquisa.
11.8 - Risco da pesquisa - possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral,
intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer fase de uma
pesquisa e dela decorrente.
11.9 - Dano associado ou decorrente da pesquisa - agravo imediato ou tardio, ao
indivíduo ou à coletividade, com nexo causal comprovado, direto ou indireto,
decorrente do estudo científico.
11.10 - Sujeito da pesquisa - é o(a) participante pesquisado(a), individual ou
coletivamente, de caráter voluntário, vedada qualquer forma de remuneração.
11.11 - Consentimento livre e esclarecido - anuência do sujeito da pesquisa e/ou
de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência,
subordinação ou intimidação, após explicação completa e pormenorizada sobre a
natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais
riscos e o incômodo que esta possa acarretar, formulada em um termo de
consentimento, autorizando sua participação voluntária na pesquisa.
11.12 - Indenização - cobertura material, em reparação a dano imediato ou tardio,
causado pela pesquisa ao ser humano a ela submetida.
11.13 - Ressarcimento - cobertura, em compensação, exclusiva de despesas
decorrentes da participação
11.14 - Comitês de Ética doemsujeito na pesquisa.- colegiados interdisciplinares e
Pesquisa-CEP
independentes, com "munus público", de caráter consultivo, deliberativo e educativo,
criados para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua integridade e
dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões
éticos.
11.15 - Vulnerabilidade - refere-se a estado de pessoas ou grupos que, por
quaisquer razões ou motivos, tenham a sua capacidade de autodeterminação

95
reduzida, sobretudo no que se refere ao consentimento livre e esclarecido.
II. 16 - Incapacidade - Refere-se ao possível sujeito da pesquisa que não tenha
capacidade civil para dar o seu consentimento livre e esclarecido, devendo ser
assistido ou representado, de acordo com a legislação brasileira vigente.
III - ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS
As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender às exigências éticas e
científicas fundamentais.
III. 1 - A eticidade da pesquisa implica:
a) consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção a grupos
vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia). Neste sentido, a pesquisa
envolvendo seres humanos deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá- los
em sua autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade:
b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou
coletivos (beneficência), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo
de danos e riscos;
c) garantia de que danos previsíveis serão evitados(não maieficência)\
d) relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da
pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual
consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação
socio-humanitária (Justiça e equidade).
111.2 - Todo procedimento de qualquer natureza envolvendo o ser humano, cuja
aceitação não esteja ainda consagrada na literatura científica, será considerado como
pesquisa e, portanto, deverá obedecer às diretrizes da presente Resolução. Os
procedimentos referidos incluem entre outros, os de natureza instrumental, ambiental,
nutricional, educacional, sociológica, econômica, física, psíquica ou biológica, sejam
eles farmacológicos, clínicos ou cirúrgicos e de finalidade preventiva, diagnóstica ou
terapêutica.
111.3 - A pesquisa em qualquer área do conhecimento, envolvendo seres humanos
deverá observar as seguintes exigências:
a) ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e com possibilidades
concretas de responder a incertezas;
b) estar fundamentada na experimentação prévia realizada em laboratórios, animais
ou em outros fatos científicos;
c) ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa
ser obtido por outro meio;
d) prevalecer sempre as probabilidades dos benefícios esperados sobre os riscos
previsíveis;
e) obedecer a metodologia adequada. Se houver necessidade de distribuição
aleatória dos sujeitos da pesquisa em grupos experimentais e de controle, assegurar
que, a priori, não seja possível estabelecer as vantagens de um procedimento sobre
outro através de revisão de literatura, métodos observacionais ou métodos que não
envolvam seres humanos;
f) ter plenamente
de não maleficênciajustificada, quando for
e de necessidade o caso, a utilização de placebo, em termos
metodológica;
g) contar com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa e/ou seu
representante legal;
h) contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o bem-
estar do sujeito da pesquisa, devendo ainda haver adequação entre a competência do
pesquisador e o projeto proposto;
i) prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a
proteção da imagem e a não estigmatização, garantindo a não utilização das

96
informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de
autoestima, de prestígio e/ou económico-financeiro;
j) ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos com autonomia plena.
Indivíduos ou grupos vulneráveis não devem ser sujeitos de pesquisa quando a
informação desejada possa ser obtida através de sujeitos com plena autonomia, a
menos que a investigação possa trazer benefícios diretos aos vulneráveis. Nestes
casos, o direito dos indivíduos ou grupos que queiram participar da pesquisa deve
ser assegurado, desde que seja garantida a proteção à sua vulnerabilidade e
incapacidade legalmente definida;
l) respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem
como os hábitos e costumes quando as pesquisas envolverem comunidades;
m) garantir que as pesquisas em comunidades, sempre que possível, se traduzirão
em benefícios cujos efeitos continuem a se fazer sentir após sua conclusão. O
projeto deve analisar as necessidades de cada um dos membros da comunidade e
analisar as diferenças presentes entre eles, explicitando como será assegurado o
respeito às mesmas;
n) garantir o retorno dos benefícios obtidos através das pesquisas para as pessoas
e as comunidades onde as mesmas forem realizadas. Quando, no interesse da
comunidade, houver benefício real em incentivar ou estimular mudanças de
costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir, sempre que
possível, disposições para comunicar tal benefício às pessoas e/ou comunidades;
o) comunicar às autoridades sanitárias os resultados da pesquisa, sempre que os
mesmos puderem contribuir para a melhoria das condições de saúde da coletividade,
preservando, porém, a imagem e assegurando que os sujeitos da pesquisa não
sejam estigmatizados ou percam a autoestima;
p) assegurar aos sujeitos da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja em
termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da
pesquisa;
q) assegurar aos sujeitos da pesquisa as condições de acompanhamento,
tratamento ou de orientação, conforme o caso, nas pesquisas de rastreamento;
demonstrar a preponderância de benefícios sobre riscos e custos;
r) assegurar a inexistência de conflito de interesses entre o pesquisador e os
sujeitos da pesquisa ou patrocinador do projeto;
s) comprovar, nas pesquisas conduzidas do exterior ou com cooperação
estrangeira, os compromissos e as vantagens, para os sujeitos das pesquisas e para
o Brasil, decorrentes de sua realização. Nestes casos, deve ser identificado o
pesquisador e a instituição nacionais co-responsáveis pela pesquisa. O protocolo
deverá observar as exigências da Declaração de Helsinque e incluir documento de
aprovação, no país de srcem, entre os apresentados para avaliação do Comitê de
Ética em Pesquisa da instituição brasileira, que exigirá o cumprimento de seus
próprios referenciais éticos. Os estudos patrocinados do exterior também devem
responder às necessidades de treinamento de pessoal no Brasil, para que o país
possa desenvolver projetos similares de forma independente;
t) utilizar oprevista
a finalidade materialnobiológico e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para
seu protocolo;
u) levar em conta, nas pesquisas realizadas em mulheres em idade fértil ou em
mulheres grávidas, a avaliação de riscos e benefícios e as eventuais interferências
sobre a fertilidade, a gravidez, o embrião ou o feto, o trabalho de parto, o puerpério, a
lactação e o recém-nascido;
v) considerar que as pesquisas em mulheres grávidas devem ser precedidas de

97
pesquisas em mulheres fora do período gestacional, exceto quando a gravidez for o
objetivo fundamental da pesquisa;
x) propiciar, nos estudos multicêntricos, a participação dos pesquisadores que
desenvolverão a pesquisa na elaboração do delineamento geral do projeto; e z)
descontinuar o estudo somente após análise das razões da descontinuidade pelo
CEP que a aprovou.
IV-CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após
consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou
por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na
pesquisa.
IV. 1 - Exige-se que o esclarecimento dos sujeitos se faça em linguagem acessível
e que inclua necessariamente os seguintes aspectos:
a) a justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na pesquisa;
b) os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados;
c) os métodos alternativos existentes;
d) a forma de acompanhamento e assistência, assim como seus responsáveis;
e) a garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a
metodologia, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo;
f) a liberdade do sujeito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado;
g) a garantia do sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados
confidenciais envolvidos na pesquisa;
h) as formas de ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa; e
i) as formas de indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa.
IV. ser2 elaborado
a) - O termo de consentimento
pelo pesquisador livre e esclarecido
responsável, obedecerá
expressando aos seguintesde
o cumprimento requisitos:
cada uma das exigências acima;
b) ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa que referenda a investigação;
c) ser assinado ou identificado por impressão dactiloscópica, por todos e cada um
dos sujeitos da pesquisa ou por seus representantes legais; e
d) ser elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por
seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador.
IV. 3 - Nos casos em que haja qualquer restrição à liberdade ou ao esclarecimento
necessários para o adequado consentimento, deve-se ainda observar:
a) em pesquisas envolvendo crianças e adolescentes, portadores de perturbação ou
doença mental e sujeitos em situação de substancial diminuição em suas
capacidades de consentimento, deverá haver justificação clara da escolha dos
sujeitos da pesquisa, especificada no protocolo, aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, e cumprir as exigências do consentimento livre e esclarecido, através dos
representantes legais dos referidos sujeitos, sem suspensão do direito de informação
do indivíduo, no limite de sua capacidade;
b) a liberdade
sujeitos do consentimento
que, embora adultos e deverá
capazes,serestejam
particularmente
expostosgarantida para aqueles
a condicionamentos
específicos ou à influência de autoridade, especialmente estudantes, militares,
empregados, presidiários, internos em centros de
readaptação, casas-abrigo, asilos, associações religiosas e semelhantes,
assegurando-lhes a inteira liberdade de participar ou não da pesquisa, sem quaisquer
represálias;
c) nos casos em que seja impossível registrar o consentimento livre e esclarecido,
tal fato deve ser devidamente documentado, com explicação das causas da
impossibilidade, e parecer do Comitê de Ética em Pesquisa;

98
d) as pesquisas em pessoas com o diagnóstico de morte encefálica só podem ser
realizadas desde que estejam preenchidas as seguintes condições:
- documento comprobatório da morte encefálica (atestado de óbito);
- consentimento explícito dos familiares e/ou do responsável legal, ou manifestação
prévia da vontade da pessoa;
- respeito total à dignidade do ser humano sem mutilação ou violação do corpo;
- sem ônus econômico financeiro adicional à família;
- sem prejuízo para outros pacientes aguardando internação ou tratamento;
- possibilidade de obter conhecimento científico relevante, novo e que não possa ser

e)obtido de outra maneira;


em comunidades culturalmente diferenciadas, inclusive indígenas, deve-se
contar com a anuência antecipada da comunidade através dos seus próprios líderes,
não se dispensando, porém, esforços no sentido de obtenção do consentimento
individual;
f) quando o mérito da pesquisa depender de alguma restrição de informações aos
sujeitos, tal fato deve ser devidamente explicitado e justificado pelo pesquisador e
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa. Os dados obtidos a partir dos sujeitos da
pesquisa não poderão ser usados para outros fins que os não previstos no protocolo
e/ou no consentimento.
V- RISCOS E BENEFÍCIOS
Considera-se que toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve risco. O dano
eventual poderá ser imediato ou tardio, comprometendo o indivíduo ou a coletividade.
V. 1 - Não obstante os riscos potenciais, as pesquisas envolvendo seres humanos
serão admissíveis quando:
a) oferecerem elevada possibilidade de gerar conhecimento para entender, prevenir
ou aliviar um problema que afete o bem-estar dos sujeitos da pesquisa e de outros
indivíduos;
b) o risco se justifique pela importância do benefício esperado;
c) o benefício seja maior, ou no mínimo igual, a outras alternativas já estabelecidas
para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento.
V. 2 - As pesquisas sem benefício direto ao indivíduo devem prever condições de
serem bem suportadas pelos sujeitos da pesquisa, considerando sua situação física,
psicológica, social e educacional.
V. 3 - O pesquisador responsável é obrigado a suspender a pesquisa
imediatamente ao perceber algum risco ou dano à saúde do sujeito participante da
pesquisa, consequente à mesma, não previsto no termo de consentimento. Do
mesmo modo, tão logo constatada a superioridade de um método em estudo sobre
outro, o projeto deverá ser suspenso, oferecendo-se a todos os sujeitos os benefícios
do melhor regime.
V. 4 - O Comitê de Ética em Pesquisa da instituição deverá ser informado de todos
os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso normal do estudo. V.5 -
O pesquisador, o patrocinador e a instituição devem assumir a responsabilidade de
dar assistência integral às complicações e danos decorrentes dos riscos previstos.

99
V.6 - Os sujeitos da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano previsto ou
não no termo de consentimento e resultante de sua participação, além do direito à
assistência integral, têm direito à indenização.
V. 7 - Jamais poderá ser exigido do sujeito da pesquisa, sob qualquer argumento,
renúncia ao direito à indenização por dano. O formulário do consentimento livre e
esclarecido não deve conter nenhuma ressalva que afaste essa responsabilidade ou
que implique ao sujeito da pesquisa abrir mão de seus direitos legais, incluindo o
direito de procurar obter indenização por danos eventuais.
VI - PROTOCOLO DE PESQUISA
O protocolo a ser submetido à revisão ética somente poderá ser apreciado se estiver
instruído com os seguintes documentos, em português:
VI. 1 - folha de rosto: título do projeto, nome, número da carteira de identidade, CPF,
telefone e endereço para correspondência do pesquisador responsável e do
patrocinador, nome e assinaturas dos dirigentes da instituição e/ou organização;
VI. 2 - descrição da pesquisa, compreendendo os seguintes itens:
a) descrição dos propósitos e das hipóteses a serem testadas;
b) antecedentes científicos e dados que justifiquem a pesquisa. Se o propósito for
testar um novo produto ou dispositivo para a saúde, de procedência estrangeira ou
não, deverá ser indicada a situação atual de registro junto a agências regulatórias do
pais de srcem;
c) descrição detalhada e ordenada do projeto de pesquisa (material e métodos,
casuística, resultados esperados e bibliografia);
d) análise crítica de riscos e benefícios;
e) duração total da pesquisa, a partir da aprovação;
f) explicitação das responsabilidades do pesquisador, da instituição, do promotor e
do patrocinador;
g) explicitação de critérios para suspender ou encerrar a pesquisa;
h) local da pesquisa: detalhar as instalações dos serviços, centros, comunidades e
instituições nas quais se processarão as várias etapas da pesquisa;
i) demonstrativo da existência de infraestrutura necessária ao desenvolvimento da
pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes, com a concordância
documentada da instituição;
j) orçamento financeiro detalhado da pesquisa: recursos, fontes e destinação, bem
como a forma e o valor da remuneração do pesquisador;
l) explicitação de acordo preexistente quanto à propriedade das informações
geradas, demonstrando a inexistência de qualquer cláusula restritiva quanto à
divulgação pública dos resultados, a menos que se trate de caso de obtenção de
patenteamento; neste caso, os resultados devem se tornar públicos, tão logo se
encerre a etapa de patenteamento;
m) declaração de que os resultados da pesquisa serão tornados públicos, sejam eles
favoráveis ou não; e
n) declaração sobre o uso e destinação do material e/ou dados coletados.
VI. 3 - informações
a) descrever relativas aodasujeito
as características da pesquisa:
população a estudar: tamanho, faixa etária, sexo,
cor (classificação do IBGE), estado geral de saúde, classes e grupos sociais etc.
Expor as razões para a utilização de grupos vulneráveis;
b) descrever os métodos que afetem diretamente os sujeitos da pesquisa;
c) identificar as fontes de material de pesquisa, tais como espécimens, registros e
dados a serem obtidos de seres humanos. Indicar se esse material será obtido

100
especificamente para os propósitos da pesquisa ou se será usado para outros fins;
d) descrever os planos para o recrutamento de indivíduos e os procedimentos a
serem seguidos. Fornecer critérios de inclusão e exclusão;
e) apresentar o formulário ou termo de consentimento, específico para a pesquisa,
para a apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa, incluindo informações sobre as
circunstâncias sob as quais o consentimento será obtido, quem irá tratar de obtê-lo e
a natureza da informação a ser fornecida aos sujeitos da pesquisa;
f) descrever qualquer risco, avaliando sua possibilidade e gravidade;
g) descrever as medidas para proteção ou minimização de qualquer risco eventual.
Quando apropriado, descrever as medidas para assegurar os necessários cuidados à
saúde, no caso de danos aos indivíduos. Descrever também os procedimentos para
monitoramento da coleta de dados para prover a segurança dos indivíduos, incluindo
as medidas de proteção à confidencialidade; e
h) apresentar previsão de ressarcimento de gastos aos sujeitos da pesquisa. A
importância referente não poderá ser de tal monta que possa interferir na autonomia
da decisão do indivíduo ou responsável de participar ou não da pesquisa.
VI, 4 - qualificação dos pesquisadores: “Curriculum vitae” do pesquisador responsável
e dos demais participantes.
VI. 5 - termo de compromisso do pesquisador responsável e da instituição de
cumprir os termos desta Resolução.
VII - COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA-CEP
Toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um
Comitê de Ética em Pesquisa.
VII. 1 - As instituições nas quais se realizem pesquisas envolvendo seres humanos
deverão constituir um ou mais de um Comitê de Ética em Pesquisa - CEP, conforme
suas necessidades.
VII. 2 - Na impossibilidade de se constituir CEP, a instituição ou o
pesquisador responsável deverá submeter o projeto à apreciação do CEP de outra
instituição, preferencialmente dentre os indicados pela Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (CONEP/MS).
VII. 3 - Organização - A organização e criação do CEP será da competência
da instituição, respeitadas as normas desta Resolução, assim como o provimento de
condições adequadas para o seu funcionamento.
VII. 4 - Composição - O CEP deverá ser constituído por colegiado com
número não inferior a 7 (sete) membros. Sua constituição deverá incluir a
participação de profissionais da área de saúde, das ciências exatas, sociais e
humanas, incluindo, por exemplo, juristas, teólogos, sociólogos, filósofos, bioeticistas
e, pelo menos, um membro da sociedade representando os usuários da instituição.
Poderá variar na sua composição, dependendo das especificidades da instituição e
das linhas de pesquisa a serem analisadas.
VII. 5 - Terá sempre caráter multi e transdisciplinar, não devendo haver mais
que metade de seus membros pertencentes à mesma categoria profissional,
participando pessoas dos
pessoas pertencentes ou dois
não sexos. Poderácom
à instituição, ainda
a contar comde
finalidade consultores “ad hoc”,
fornecer subsídios
técnicos.
VII.6 - No caso de pesquisas em grupos vulneráveis, comunidades e coletividades,
deverá ser convidado um representante, como membro “ad hoc” do CEP, pa ra
participar da análise do projeto específico.

101
VII.7 - Nas pesquisas em população indígena deverá participar um consultor
familiarizado com os costumes e tradições da comunidade.
VII.8 - Os membros do CEP deverão se isentar de tomada de decisão, quando
diretamente envolvidos na pesquisa em análise.
VII.9 - Mandato e escolha dos membros - A composição de cada CEP deverá ser
definida a critério da instituição, sendo pelo menos metade dos membros com
experiência em pesquisa, eleitos pelos seus pares. A escolha da coordenação de
cada Comitê deverá ser feita pelos membros que compõem o colegiado, durante a
primeira reunião de trabalho. Será de três anos a duração do mandato, sendo
permitida
VII.10 recondução. - Os membros do CEP não poderão ser remunerados no
- Remuneração
desempenho desta tarefa, sendo recomendável, porém, que sejam dispensados nos
horários de trabalho do Comitê das outras obrigações nas instituições às quais
prestam serviço, podendo receber ressarcimento de despesas efetuadas com
transporte, hospedagem e alimentação.
VII.11 - Arquivo - O CEP deverá manter em arquivo o projeto, o protocolo e os
relatórios correspondentes, por 5 (cinco) anos após o encerramento do estudo.VII.12
- Liberdade de trabalho - Os membros dos CEPs deverão ter total independência na
tomada das decisões no exercício das suas funções, mantendo sob caráter
confidencial as informações recebidas. Deste modo, não podem sofrer qualquer tipo
de pressão por parte de superiores hierárquicos ou pelos interessados em
determinada pesquisa, devem isentar-se de envolvimento financeiro e não devem
estar submetidos a conflito de interesse.
VII.13 - Atribuições do CEP:
a) revisar todos os protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, inclusive os
multicêntricos, cabendo-lhe a responsabilidade primária pelas decisões sobre a ética
da pesquisae aosser
integridade desenvolvida
direitos na instituição,
dos voluntários de modo
participantes a garantir
nas referidas e resguardar a
pesquisas;
b) emitir parecer consubstanciado por escrito, no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
identificando com clareza o ensaio, documentos estudados e data de revisão. A
revisão de cada protocolo culminará com seu enquadramento em uma das seguintes
categorias:
• aprovado;
•com pendência: quando o Comitê considera o protocolo como aceitável, porém
identifica determinados problemas no protocolo, no formulário do consentimento ou
em ambos, e recomenda uma revisão específica ou solicita uma modificação ou
informação relevante, que deverá ser atendida em 60 (sessenta) dias pelos
pesquisadores;
• retirado: quando, transcorrido o prazo, o protocolo permanece pendente;
• não aprovado; e
• aprovado e encaminhado, com o devido parecer, para apreciação pela Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa-CONEP/MS, nos casos previstos no capítulo VIII,
item 4.c.
c) manter a guarda confidencial de todos os dados obtidos na execução de sua
tarefa e arquivamento do protocolo completo, que ficaráà disposição das autoridades
sanitárias;
d) acompanhar o desenvolvimento dos projetos através de relatórios anuais dos
pesquisadores;
e) desempenhar papel consultivo e educativo, fomentando a reflexão em torno da
ética na ciência;
f) receber dos sujeitos da pesquisa ou de qualquer outra parte denúncias de

102
abusos ou notificação sobre fatos adversos que possam alterar o curso normal do
estudo, decidindo pela continuidade, modificação ou suspensão da pesquisa,
devendo, se necessário, adequar o termo de consentimento. Considera-se como
antiética a pesquisa descontinuada sem justificativa aceita pelo CEP que a aprovou;
g) requerer instauração de sindicância à direção da instituição em caso de
denúncias de irregularidades de natureza ética nas pesquisas e, em havendo
comprovação, comunicar à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa-CONEP/MS e,
no que couber, a outras instâncias; e
h) manter comunicação regular e permanente com a CONEP/MS.
VII. A14revisão
a) - Atuação
éticadode
CEP:
toda e qualquer proposta de pesquisa envolvendo seres
humanos não poderá ser dissociada da sua análise científica. Pesquisa que não se
faça acompanhar do respectivo protocolo não deve ser analisada pelo Comitê.
b) Cada CEP deverá elaborar suas normas de funcionamento, contendo
metodologia de trabalho, a exemplo de: elaboração das atas; planejamento anual de
suas atividades; periodicidade de reuniões; número mínimo de presentes para início
das reuniões; prazos para emissão de pareceres; critérios para solicitação de
consultas de experts na área em que se desejam informações técnicas; modelo de
tomada de decisão, etc.
VIII - COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA (CONEP/MS)
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP/MS é uma instância colegiada,
de natureza consultiva, deliberativa, normativa, educativa, independente, vinculada
ao Conselho Nacional de Saúde.
0 Ministério da Saúde adotará as medidas necessárias para o funcionamento pleno
da Comissão e de sua Secretaria Executiva.
VIII. 1 - Composição: A CONEP terá composição multi e transdiciplinar, com
pessoas de ambos os sexos e deverá ser composta por 13 (treze) membros titulares
e seus respectivos suplentes, sendo 05 (cinco) deles personalidades destacadas no
campo da ética na pesquisa e na saúde e 08 (oito) personalidades com destacada
atuação nos campos teológico, jurídico e outros, assegurando- se que pelo menos
um seja da área de gestão da saúde. Os membros serão selecionados, a partir de
listas indicativas elaboradas pelas instituições que possuem CEP registrados na
CONEP, sendo que 07 (sete) serão escolhidos pelo Conselho Nacional de Saúde e
06 (seis) serão definidos por sorteio. Poderá contar também com consultores e
membros “ad hoc”, assegurada a representação dos usuários.
VIII. 2 - Cada CEP poderá indicar duas personalidades.
VIII. 3 - O mandato dos membros da CONEP será de quatro anos com
renovação alternada a cada dois anos, de sete ou seis de seus membros.
VIII. 4 - Atribuições da CONEP - Compete à CONEP o exame dos aspectos
éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, bem como a adequação e
atualização das normas atinentes. A CONEP consultará a sociedade sempre que
julgar necessário, cabendo-lhe, entre outras, as seguintes atribuições:
a)
b) estimular a criação
registrar os de CEPs institucionais
CEPs institucionais e de outraseinstâncias;
de outras instâncias;
c) aprovar, no prazo de 60 dias, e acompanhar os protocolos de pesquisa em áreas
temáticas especiais tais como:
1 - genética humana;
2 - reprodução humana;
3 - farmácos, medicamentos, vacinas etestes diagnósticos novos(fases I, II e

103
III) ou não registrados no país (ainda que fase IV), ou quando a pesquisa for
referente a seu uso com modalidades, indicações, doses ou vias de
administração diferentes daquelas estabelecidas, incluindo seu emprego em
combinações;
4 - equipamentos, insumos e dispositivos para a saúde novos, ou não registrados
no país;
5 - novos procedimentos ainda não consagrados na literatura;
6 - populações indígenas;
7 - projetos que envolvam aspectos de biossegurança;
8 - pesquisas que
coordenadas
envolvamdoremessa
exterior de
oumaterial
com participação
biológico estrangeira e e
para o exterior;
9 - projetos que, a critério do CEP, devidamente justificado, sejamjulgados
merecedores de análise pela CONEP;
d) prover normas específicas no campo da ética em pesquisa, inclusive nas áreas
temáticas especiais, bem como recomendações para aplicação das mesmas;
e) funcionar como instância final de recursos, a partir de informações fornecidas
sistematicamente, em caráter ex-ofício ou a partir de denúncias ou de solicitação de
partes interessadas, devendo manifestar-se em um prazo não superior a 60
(sessenta) dias;
f) rever responsabilidades, proibir ou interromper pesquisas, definitiva ou
temporariamente, podendo requisitar protocolos para revisão ética inclusive, os já
aprovados pelo CEP;
g) constituir um sistema de informação e acompanhamento dos aspectos éticos das
pesquisas envolvendo seres humanos em todo o território nacional, mantendo
atualizados os bancos de dados;
h) informar e assessorar o MS, o CNS e outras instâncias do SUS, bem como do
governo
humanos;e da sociedade, sobre questões éticas relativas à pesquisa em seres
i) divulgar esta e outras normas relativas à ética em pesquisa envolvendo seres
humanos;
j) a CONEP, juntamente com outros setores do Ministério da Saúde, estabelecerá
normas e critérios para o credenciamento de Centros de Pesquisa. Este
credenciamento deverá ser proposto pelos setores do Ministério da Saúde, de acordo
com suas necessidades, e aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde; e I)
estabelecer suas próprias normas de funcionamento.
VIII. 5 - A CONEP submeterá ao CNS para sua deliberação:
a) propostas de normas gerais a serem aplicadas às pesquisas envolvendo seres
humanos, inclusive modificações desta norma;
b) plano de trabalho anual;
c) relatório anual de suas atividades, incluindo sumário dos CEP estabelecidos e
dos projetos analisados.27

27 - OPERACIONALIZAÇÃO
IX. 1 - Todo e qualquer projeto de pesquisa envolvendo seres humanos deverá
obedecer às recomendações desta Resolução e dos documentos endossados em seu
preâmbulo. A responsabilidade do pesquisador é indelegável, indeclinável e
compreende os aspectos éticos e legais,
IX. 2 - Ao pesquisador cabe:
a) apresentar o protocolo, devidamente instruído ao CEP, aguardando o
pronunciamento deste, antes de iniciar a pesquisa;
b) desenvolver o projeto conforme delineado;
104
c) elaborar e apresentar os relatórios parciais e final;
d) apresentar dados solicitados pelo CEP, a qualquer momento;
e) manter em arquivo, sob sua guarda, por 5 anos, os dados da pesquisa, contendo
fichas individuais e todos os demais documentos recomendados pelo CEP;
f) encaminhar os resultados para publicação, com os devidos créditos aos
pesquisadores associados e ao pessoal técnico participante do projeto;
g) justificar, perante o CEP, interrupção do projeto ou a não publicação dos
resultados.
IX. 3 - O Comitê de Ética em Pesquisa institucional deverá estar registrado junto à
CONEP/MS.
IX. 4 - Uma vez aprovado o projeto, o CEP passa a ser co-responsável no que se
refere aos aspectos éticos da pesquisa.
IX. 5 - Consideram-se autorizados para execução, os projetos aprovados pelo CEP,
exceto os que se enquadrarem nas áreas temáticas especiais, os quais, após
aprovação pelo CEP institucional deverão ser enviados à CONEP/MS, que dará o
devido encaminhamento.
IX.6 - Pesquisas com novos medicamentos, vacinas, testes diagnósticos,
equipamentos e dispositivos para a saúde deverão ser encaminhados do CEP à
CONEP/MS e desta, após parecer, à Secretaria de Vigilância Sanitária.
IX.7 - As agências de fomento à pesquisa e o corpo editorial das revistas científicas
deverão exigir documentação comprobatória de aprovação do projeto pelo CEP e/ou
CONEP, quando for o caso.
IX. 8 - Os CEP institucionais deverão encaminhar trimestralmente à CONEP/MS a
relação dos projetos de pesquisa analisados, aprovados e concluídos, bem como dos
projetos em andamento e, imediatamente, aqueles suspensos.
X - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
X. 1 - O Grupo Executivo de Trabalho-GET, constituído através da Resolução CNS
170/95, assumirá as atribuições da CONEP até a sua constituição,
responsabilizando-se por:
a) tomar as medidas necessárias ao processo de criação da CONEP/MS;
b) estabelecer normas para registro dos CEP institucionais;
X. 2 - O GET terá 180 dias para finalizar as suas tarefas.
X. 3 - Os CEP das instituições devem proceder, no prazo de 90 (noventa) dias, ao
levantamento e análise, se for o caso, dos projetos de pesquisa em seres humanos já
em andamento, devendo encaminhar à CONEP/MS, a relação dos mesmos.
X. 4 - Fica revogada a Resolução 01/88.
ADIB D. JATENE
Presidente do Conselho Nacional de Saúde

105
NEXO C F OLHA DE R OSTO PAR A PE SQUI SA

E NVO LVE NDO SE RE S HUMANO S


MINISTÉRIO DA SAÚDE - Conselho Nacional de Saúde - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP FOLHA DE ROSTO
PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS (versão outubro/1999) Para preencher o documento, use as
indicações da página 2.

í. Projeto de Pesquisa:

2. rea do Conhecimento (Ver relação no verso) 3. Código; 4. Nível: (Só áreas do conhecimento 4

5. Área(s) Temática(s) Especial (s) (Ver fluxograma no verso) 6. Código (s):


) _____________
7. Fase: (Só área temática 3) I ( )
II ( )
III ( )
(J _________________
8. Unitcrmos: ( 3 opções )

9. Número de 10. Grupos Especiais : <18 anos ( ) Portador de Deficiência Mental ( ) Embrião/Feto ( ) Relação de Dependência
sujeitos No (Estudantes. Militares, Presidiários, etc ) ( ) Outros ( ) Nüo se aplica ( )
Centro : Total:

11. Nome:

12. Identidade: 13. CPF.t 19.Endereço (Rua, n.° ):

14. Nacionalidade: 15. Profissão: 20. CEP: 21. Cidade: 22. U.F.

16. Maior 17. Cargo 23. Fone: 24. Fax


Titulação:
18. Instituição a que pertence: 25. Email:

Termo de Compromisso: Declaro que conheço C cumprirei os requisitos da Rcs. CNS 196/96 e suas complementares Comprometo-me a utilizar os
materiais e dados coletados exclusivamente para os fins previstos no protocolo e a publica os resultados sejam eles favoráveis ou não. Aceito as
responsabilidades pela condução científica do projeto acima.
Data: ________ / _______ / ______

Assinatura

26. Nome: 29. Endereço (Rua, n°):

27. Unidade/ rgão: 30. CEP: 31. Cidade: 32. U.F.

28. Participação Estrangeira: Sim ( ) Não ( ) I 33. Fone: 34. Fax.:


35. Projeto Multicêntrico: Sim ( ) Não ( ) Nacional ( ) Internacional ( ) Participantes no Brasil) (Anexar a lista de todos os Centros
_______________________________________________________________
Termo de Compromisso ( do responsável pela instituição ) :Deciaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNÍ 196/96 e suas
Complementares c como esta instituição tem condições para o desenvolvimento deste projeto, autorizo su; execução
Nome: ______________________ _ ___________________ _______ _____________ Cargo __________________ ______________ _ .
Data: ________ / _______ / _______

MBigi
36. Nome: 39. Endereço

106
37. Responsável: 40. CEP: 41. Cidade: 42. UF

38. Cargo/Função: 43. Fone: 44. Fax:

ílíFf^íiiilí I iíIF fl
45. Data de Entrada: 46. Registro no CEP: 47. Conclusão: Aprovado ( ) 48. Não Aprovado ( ) Data: / /
Data: / /

49. Relatório(s) do
Pesquisador responsável
previsto(s) para:
53. Coordenador/Nome
Anexar o parecer
Encaminho a CONEP: consubstanciado
50. Os dados acima pura
registro ( ) 51.0 projeto para apreciação ( )
52. Data: _______ / __

—ms
56.Data Recebimento : 57. Registro na CONEP:
mm
54. N»
Expediente :
55. Processo :
58. Observações:

FLUXOC.RAMA PARA PESQUISAS ENVOLVENDO SERKS HUMANOS (JAN/99)


CÓDIGO-ÁREAS DO CONIIIÍCIMP.NTO ( Folha de Rosto Campos 2 tJ )

r
CEP AprovaçSo

GRUPO I
Código • Arcas Temáticas Especial* GRUPO
Código- II
ÁreaTemátlc* Especial
II. 3. Noves Fármaccs, Vacinas e
Todos os outros que náo se enquadrem
em áreas temáticas especiais
1.1, Genética Humana
1.2. Reproduçfio Humano Testes Diagnósticosn
Io 4. Novos Equip, insumos e dispositivo»28*’ I.
5. Novos procedimentos 1. 6. Populações
Indígenas 1» 7. Oiosscgurança
1. 8. Pesquisas com cooperação cutíAügelrA I. 9.
A critério do CEP

Enviar:
Enviar: - Folha de Rosto
* Protocolo completo - Parecer Consubstanciado
- Folha de Rosto
- Parcccr Consubstanciado
(para
| toara ooreclncflo) acompanhamento) (para banco do dados)<

28 CIÊNCIAS EXATAS EDA TERRA


1.1 - MATEMÁTICA
102 - P ROBABILIDADE E ESTATÍSTICA
1.3 • CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
1.4 • ASTRONOMIA
1.5 • FÍSICA
1.6 - QUÍMICA
1.7 • OEOC1ÊNCIAS

107
3-ENGENHARIAS
2 - CI- BIOLOGIA
2.1 NCIAS BIOL GICAS (*)
GERAL 3.0) • ENGENHARIA CIVIL
2.2 - OENÊTICA 3.2 • ENGENHARIA DE MINAS
2.3 - BOTANTCA 3.3 - ENGENHARIA DB MATERIAIS E
2.4- ZOOLOGIA METALÚRGICA
2.5- ECOLOGIA 2.06 3.4 - ENGENHARIA ELÉTRICA
• MORFOLOGIA 2.07- 3.5 - ENGENHARIA MECÂNICA
FISIOLOGIA 3.6 • ENGENHARIA QUÍMICA

108
l.OS • OCEANOGRAFIA 2.8- BIOQUÍMICA 3.7 - ENOENHARIA SANIT RIA
2.9- BIOFÍSICA 3.8 - ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
2.10- FARMACOLOGIA 3.9 - ENGENHARIA NUCLEAR
2.11 - IMUNOLOGIA 3.10 - ENGENHARIA BE TRANSPORTES
2.12- MICROBIOLOGIA 3.11 - ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA
2.13- PARASTOLOGIA 3.12 - ENGENHARIA AEROESPACIAL
2.14 - TOXICOLOGIA
5 - CIÊNCIAS AGRÁRIAS
4 • CIÊNCIAS DA SAÚDE (*) 5.1 - AORONOMIA 6 • CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
4.01 - MEDICINA 5.2 - RECURSOS FLORESTAIS E •6.01 - DIRETO 6.02 -
4.2- ODONTOLOGIA ADMINISTRAÇÃO 6.03-ECONOMIA
4.3- FARMÁCIA ENGENHARIA FLORESTAL
5.3 - ENGENHARIA AGRÍCOLA 6.4 - ARQUITETURA E URBANISMO
4.4- ENFERMAGEM 6.5 - PLANEJAMENTO URBANO E
5.4 - 2O0TECNIA
4.05 - NUTRIÇÃO REGIONAL
5.5 - MEDICINA VETERINÁRIA
4.6- SAÚDE COLETIVA 6.06-DEMOGRAFIA
5.6 - RECURSOS PESQUEIROS E
4.7- FONOAUDIOLOGIA 6.7 - CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
ENGENHARIA DE PESCA
4.08 - FISIOTERAPIA E TER APIA 6.8 - MUSEOLOGIA
5.7 - CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
OCUPACIONAL 6.9 - COMUNICAÇÃO 6.10-SERVIÇO
ALIMENTOS
4.09-EDUCAÇÃO FÍSICA SOCIAL
6.11 • ECONOMIA DOMÉSTICA
6.12 - DESENHO IDUSTRIAL 6.13-
TURISMO

(*) NÍVEL: (Folha d« Rosto Campo 4)


7 • CIÊNCIAS HUMANAS 8 - LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES (P) Prevenção
7.01 -FILOSOFIA 8.1 - UNOÜÍSTICA (D) Diagnostico
7.2- SOCIOLOGIA 8.2 • LETRAS (T) Terapêutico
7.3- ANTROPOLOGIA 8.3 • ARTES (E) Epidemiológico
7.04 - ARQUEOLOGIA (N) Nâo se aplica
7.5- HISTÓRIA
7.6- GEOGRAFIA
7.7- PSICOLOGIA
7.8- EDUCAÇÃO
7.9- CIÊNCIA POLÍTICA

7.10- TEOLOGIA
(*) OBS: - As pesquisas das éreas temáticas 3 e 4 (novos fámnacos e novos equipamentos) qae dependem de licença de importação da
ANVS/MS, devem obedecei ao seguinte fluxo- Os projetos da área 3 que se enquadrarem simultaneamente em outras áreas que dependam
da aprovaçáo da CONEP, e os da área 4 devem ser enviados á CONEP, c esta os enviaiá à ANVS/MS com seu parecer.
• Os projetos exclusivos da área 3 aprovados no CEP ( Res. CNS 251/97- itera V.2 ) deveráo ser enviados à ANVS pelo
patrocinador ou pesquisador

109
Hcfcftw sa»

VENENOS
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*1 *?
A-A
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SOBBt1
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^nsirvar
o prr^^er
Este livro...
... será útil a todos, desde aprendizes até orientadores.
... fornecerá um rumo a tantos mestrandos e doutorandos desorientados, na hora
de problematizar o seu tema ou de justificar os seus procedimentos. Ao destilar o
suco
largo de um referencial
público, não apenasmetodológico
um conjuntocomplexo, o livro
de diretrizes tornamas
precisas, acessível
tambéma um
um
verdadeiro tratado de epistemologia científica, transmitida por pequenas doses
bem digestivas.
Sua excelente didática manifesta-se pelo caráter sugestivo dos quadros
comparativos e por perguntas simples de se fazer a si mesmo na elaboração do
projeto de pesquisa.
ETIENNE A. HIGIJET

www.olhodagua.com.br
ISBN 85-7642-004-

97 8 8 5 7 6 " 2 0 0 0 " |

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