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Pedro Lains
Capítulo 7
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9 V., para Portugal, Lains (1991) e, para o caso britânico, Crafts (1985), pp. 125-140.
10 V. Balbi (1822) e Neves (1983).
11 De entre as unidades sob protecção, apenas a produção de chapéus, linhos e sedas
terá guardado as características de produção tradicionais com menores níveis de concen-
tração regional (v. Madureira, 1997, pp. 191-193 e 254-255; v. também Custódio, 1983,
p. 51). De notar que a produção em fábricas e doméstica não era necessariamente concor-
rencial, podendo ter ciclos de evolução paralelos. V., quanto aos lanifícios de Portalegre,
Matos (1998), pp. 310-313; v. também Madureira (1997), pp. 443-444.
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12 A bibliografia sobre este tema é vastíssima e, para um bom guia da mesma, v. a dis-
cussão apresentada em Pedreira (1994), capítulo 1; v. também Lains (1989 e 1991), Ale-
xandre (1993), Madureira (1997), capítulo 8, e Pedreira (2000). Madureira (1997) apresen-
ta uma primeira estimativa para índices de preços do comércio externo até 1830, os quais
são fundamentais para a discussão dos ciclos do comércio externo, que tem sido feita ape-
nas com base na evolução dos valores e algumas suposições sobre a evolução dos preços.
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triais, no conjunto das duas cidades, foi maior depois de 1829-1830 relati-
vamente ao período entre 1814-1815 e 1829-1830. O fraco crescimento do
número de operários recenseados deveu-se ao facto de ter havido uma
contracção em Lisboa nesse período, contrastando com o que sucedeu no
Porto, onde houve um aumento significativo do número de operários e de
unidades industriais. Quem mais perdeu com o fim do monopólio comer-
cial do Brasil foi Lisboa. Quanto ao número de operários recenseados para
todo o país, existe informação referente à década de 1820 e aos anos de
1845 e 1852. Assim, a população recenseada aumentou de um total de
7257 operários laborando em unidades com mais de 10 trabalhadores na
década de 1820 para 12 874 em 1845 e 15 897 em 185227. No quadro
n.º 7.2 apresenta-se a evolução da estrutura da população industrial, po-
dendo ver-se algumas permanências relevantes, como sucede com os
têxteis, que mantêm uma posição dominante ao longo de todo o século.
Rodrigues e
Pedreira
Lains (1995) Mendes Lains (1995)
(1994)
(1999)
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Dados extraídos de Justino (1988-1989), vol. I, p. 84, Lains (1990), p. 36, e Jorge
Pedreira (1993), p. 70; v. também Castro (1978), pp. 27-28, e Custódio (1983), pp. 44 e 52.
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28 A industrialização não era a única via para o progresso económico, como se com-
prova pelo desenvolvimento atingido por economias agrárias, como a da Dinamarca e a
dos Países Baixos. Para uma perspectiva comparada dos níveis de industrialização euro-
peia, v. Pollard (1994) e bibliografia aí citada.
29 V. O’Rourke e Williamson (1999).
30 A bibliografia sobre convergência é vastíssima e pode ser seguida a partir de Maddi-
son (2001).
31 V. Mata (1993) e Esteves (2003).
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1854-1861……………………………………………… 2,49
1861-1873……………………………………………… 2,26
1873-1890……………………………………………… 1,86
1890-1900……………………………………………… 2,66
1900-1911……………………………………………… 2,44
1854-1911……………………………………………… 2,27
1851-1913*…………………………………………….. 2,24
Grã-
França Alemanha Itália Espanha Portugal
-Bretanha
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que havia mais importações, isto é, o sector têxtil. Assim, os têxteis atingi-
ram uma proporção relativamente elevada no conjunto da indústria portu-
guesa, de tal forma que dificilmente se encontra na Europa da segunda
metade do século XIX um país em que a indústria estivesse concentrada
nesse sector em cerca de 40% (v. quadro n.º 7.2). O crescimento deste
sector afectou naturalmente o crescimento de outros sectores industriais
também ligados à produção de bens de consumo mas porventura mais
adaptados à estrutura dos recursos da economia portuguesa. A compara-
ção com outros países maioritariamente agrários e de menor dimensão
económica, no contexto europeu, mostra que em Portugal o desenvolvi-
mento das indústrias de transformação de produtos da agricultura atingiu
menores proporções. A alternativa de especialização nestes sectores indus-
triais trouxe benefícios consideráveis a alguns países europeus, uma vez
que neste período os níveis de produtividade média em sectores como a
transformação de produtos de madeira, lacticínios ou a produção de azeite
e de vinho de qualidade podiam atingir níveis de produtividade que se
comparavam favoravelmente aos níveis de produtividade dos sectores in-
dustriais ligados à primeira revolução industrial, com base no carvão, no
ferro e no aço.
É difícil avaliar os efeitos do proteccionismo no ritmo de crescimento
industrial, uma vez que a medida desses efeitos depende da interpretação
relativamente ao tipo de crescimento que haveria ocorrido em situação de
maior abertura à concorrência externa. Muito provavelmente, todavia, o
sector industrial não teria atingido o nível que atingiu e o país teria segui-
do uma via de maior crescimento do sector agrário38. O resultado final
desse caminho alternativo dependeria da eventualidade de se desenvolve-
rem sectores na agricultura com níveis de produtividade superiores à pro-
dutividade dos sectores industriais que se desenvolveram sob protecção.
É claro que poderiam desenvolver-se sectores industriais que eventual-
mente poderiam canalizar uma parte importante para a exportação. Toda-
via, atendendo ao nível geral de atraso do país, que se traduzia em baixos
níveis relativos de competitividade no exterior, essa alternativa seria pou-
co provável. O exemplo de alguns países balcânicos que mantiveram as
fronteiras abertas no último quartel do século XIX mostra bem isso. Eram
também países atrasados, tanto quanto Portugal, e a abertura à concorrên-
38 Essa era, aliás, a expectativa de alguns historiadores da economia portuguesa que er-
radamente a consideravam plenamente aberta ao exterior e que avançaram com a interpre-
tação de que seguiu uma especialização internacional ligada ao maior desenvolvimento da
agricultura em detrimento da indústria. Ao contrário, a economia portuguesa teve um pro-
cesso de industrialização mais rápido do que aquele que poderia esperar-se da sua dotação
relativa de factores. V., quanto às interpretações anteriores, Sideri (1978) e Pereira (1983).
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Conclusão
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41 V. Lains (2003d).
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