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APOSTILA 15
Habilidades
Na região governada pelo rei Latino, Eneias casou-se com Lavínia, filha de
Latino, com quem teria tido um segundo filho: Sílvio. Após governar os
latinos por três anos, Eneias abdicou do trono em favor de Ascânio e
retornou à Grécia para reconstruir Tróia. Ascânio teria fundado, então, a
cidade de Alba Longa. Após sua morte, seu meio-irmão Sílvio tornou-se rei
dos latinos.
RÔMULO E REMO
Após diversas gerações de reis, o trono teria sido usurpado por Amúlio. Sua sobrinha, Reia Sílvia, teria
sido seduzida pelo deus da guerra Marte (Ares, na mitologia grega) e dado à luz os gêmeos Rômulo e
Remo.
Temendo ser destituído pelos gêmeos, Amúlio mandou matá-los. No entanto, o súdito encarregado da
tarefa abandonou os recém-nascidos numa cesta às margens do rio Tibre. Atraída pelo choro das crianças,
uma loba encontrou-as e tratou-as como seus filhotes, amamentando-as e protegendo-as. Tempos depois,
as crianças foram encontradas por um pastor de ovelhas que as criou.
Em idade adulta, Remo foi preso, acusado de roubo e levado à presença do rei Amúlio. Rômulo dirigiu-se
a Alba Longa, matou Amúlio e libertou seu irmão.
Os irmãos foram orientados pelos deuses a fundar uma nova cidade, mas se enfrentaram pelo direito de
comandar a fundação. Rômulo estabeleceu o local e o traçado de sua muralha de proteção e definiu o
nome da nova cidade: Roma.
Remo teria ultrapassado a muralha armado com uma lança e desrespeitado a vontade do irmão. O conflito
entre os gêmeos resultou na morte de Remo e na consolidação do poder de Rômulo.
O rapto das sabinas
A nova cidade era habitada por homens oriundos de Alba Longa. Rômulo preparou uma festividade em
homenagem a Netuno e convidou os sabinos. Enquanto transcorriam as festividades, os seguidores de
Rômulo raptaram as mulheres dos sabinos, tomando-as por esposas.
Quando os sabinos descobriram a armadilha dos romanos, armaram-se e dirigiram-se para a cidade. No
entanto, as sabinas teriam se posicionado a favor dos romanos e impedido que a guerra fosse
desencadeada. Com isso, os romanos puderam iniciar o povoamento e a expansão territorial sobre a
região.
Rômulo estabeleceu, então, uma divisão do poder. Teria escolhido os 100 mais importantes líderes entre
os chefes das famílias para servi-lo. Foram chamados de patrícios, os pais de roma. A lenda serviria para
justificar as divisões sociais e o controle do poder político.
Decifrando as lendas
Os estudos arqueológicos apontam que, por volta do século VIII a.C., a região da
Antiga Roma era habitada por comunidades de camponeses. Às margens do rio
Tibre, os latinos pastoreavam seus rebanhos; os sabinos comerciavam o sal da
costa e o transportavam rio acima; os etruscos vinham do norte para vender seus
produtos manufaturados às populações ribeirinhas.
Provavelmente, Roma se originou a partir da fixação dos latinos, que estabeleceram, no século VII a.C.,
um núcleo populacional composto de agricultores e pastores. Ao norte e ao sul, encontravam-se cidades
etruscas e gregas cujas sociedades foram pouco a pouco influenciando os romanos.
A fundação da Roma Antiga foi fixada em 21 de abril de 753 a.C. A tradição aponta sete reis no período
inicial: Rômulo, Numa Pompílio, Túlio Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e
Tarquínio, o Soberbo. Após Rômulo, os três reis seguintes teriam sido sabinos e latinos e os três últimos,
etruscos.
Os etruscos expandiram-se pela Península Itálica nos séculos VII e VI a.C. Habilidosos na arquitetura,
organizaram várias cidades com muralhas e obras públicas. Suas cidades eram governadas por reis. Em
Roma, os etruscos controlaram a Monarquia a partir do século VII a.C. Derrotados por celtas, gregos e,
finalmente, pelos romanos, eles se enfraqueceram e perderam o domínio político da Península Itálica.
A organização da Monarquia romana era composta do poder real, considerado de origem divina. O rei
era a mais alta dignidade do poder político, da justiça e da religião. Havia um Conselho de Anciãos
(chamado Senado) que aconselhava os reis e era constituído pelos chefes das famílias mais poderosas.
Tais famílias formavam a aristocracia romana, detentora da maior parte das terras e que dominava o
Exército. Seus descendentes foram chamados de patrícios. A elite romana era composta de grandes
proprietários de terras que exerciam o poder. Numerosos, mas sem direitos políticos, eram os plebeus.
Muitos deles possuíam pequenas propriedades de terras. Outros, sem posses fixas, eram comerciantes,
artesãos ou indivíduos que viviam da prestação de serviços.
Uma parte dos plebeus eram clientes. Viviam sob a proteção dos patrícios, que lhes garantiam o sustento.
Ao longo da história de Roma, ter muitos clientes era sinal de poder e distinção para os patrícios.
A escravidão, apesar de ainda não ser dominante, já existia. Havia escravos por dívidas e ainda alguns
prisioneiros de guerra que tinham sido escravizados.
A FUNDAÇÃO DA REPÚBLICA
Roma tornou-se uma República em 509 a.C., quando os patrícios derrubaram o último rei etrusco,
Tarquínio Soberbo.
O nome República vem do latim res publica, que significa “coisa de todos”. Tratava-se de uma
organização política que procurava evitar a concentração do poder nas mãos de uma única pessoa – no
caso da monarquia, do rei, cujo poder era vitalício (para a vida toda) e hereditário (transmitido de pai
para filho).
Na República romana, o poder era exercido pelo Senado. Como os senadores eram todos patrícios, eles
mantinham o poder sob seu controle exclusivo. Os chefes de governo erma dois cônsules de origem
patrícia que comandavam o Exército, serviam como juízes e tinham a iniciativa da criação das leis.
Muitos plebeus corriam risco de se tornarem escravos em razão das dívidas contraídas. O tratamento dado
aos plebeus era diferente daquele reservado aos patrícios. Nos tribunais, os juízes eram patrícios. Se um
plebeu fosse a julgamento, raramente conseguia ser tratado da mesma forma que um patrício. Como as
leis não eram escritas, os patrícios podiam, ainda, manipular as decisões.
No dia a dia, uma proibição deixava clara a diferença entre patrícios e plebeus: estes eram proibidos de se
casar com membros da elite patrícia. Além disso, tinham que pagar impostos.
Entre 494 a.C. e 297 a.C., ocorreram diversos conflitos políticos entre plebeus e patrícios. Os plebeus se
organizaram para lutar por melhores condições de vida. Para pressionar os patrícios, realizaram saídas em
massa da cidade. Recusaram-se a pagar impostos, a trabalhar e a servir ao Exército. Com a cidade de
Roma constantemente envolvida em guerra, os patrícios tinham que ceder.
Em 494 a.C., os plebeus conquistaram o direito de formar suas próprias assembleias e eleger dois
representantes, denominados tribunos da plebe, investidos de poderes para proteger os seus direitos.
Posteriormente, o número de tribunos aumentou, chegando a dez no século III a.C.
Em 450 a.C., os plebeus conquistaram a Lei das Doze Tábuas, que garantia que as leis ficariam escritas
em doze tábuas de madeira, e não só na memória dos patrícios. Mais tarde, os plebeus obtiveram outros
direitos, como o de se casarem com os patrícios, o acesso aos mais altos postos políticos, jurídicos e
religiosos do Estado e a eliminação da escravidão por dívidas.
Em 287 a.C., foi aprovada a Lex Hortensia, que permitia a definição de leis por meio de plebiscitos, ou
seja, das decisões estabelecidas pelas assembleias da plebe. Com isso, o poder romano foi repartido entre
os patrícios e uma elite plebeia, que exercia o controle político dessas assembleias.
Com tantos direitos adquiridos, poderia parecer que os plebeus tinham conquistado a igualdade. Mas o
controle do poder, em toda a história romana, jamais saiu das mãos dos patrícios. Na prática, havia se
formado uma elite governante, em que os plebeus influentes participavam ativamente das decisões. O
Senado se manteve como uma instituição sob o controle patrício.
O NASCIMENTO DO DIREITO ROMANO
À medida que foram escritas, discutidas e reformuladas, as leis se separavam das crenças religiosas. Um
importante passo foi dado quando o estudo e a interpretação das leis passaram das mãos dos sacerdotes
para as dos juristas, que analisavam, classificavam e buscavam soluções para os problemas jurídicos.
O Direito seria a maior herança romana para o mundo contemporâneo, influenciando as leis na maioria
dos países ocidentais, inclusive o Brasil.
A solução do conflito entre patrícios e plebeus criou um sentimento de união que foi fundamental para o
fortalecimento do Exército. Roma se tornou, antes de tudo, uma sociedade de guerreiros, como veremos a
seguir.
AS CONQUISTAS ROMANAS
Entre os séculos V a.C. e III a.C., as tropas romanas obtiveram vitórias sobre os demais povos da
Península Itálica. Por meio de uma bem-sucedida política de alianças, Roma estendia seu poder sobre a
região.
Os romanos não escravizavam completamente os povos submetidos nem confiscavam todas as suas
terras. Algumas comunidades derrotadas mantinham um governo próprio, mas eram obrigadas a
contribuir com soldados para o Exército romano.
Outros povos conquistados recebiam cidadania total ou parcial. Dessa forma, Roma transformava antigos
inimigos em aliados e finalmente em cidadãos. Dando acesso à cidadania romana a boa parte dos
italianos, Roma ampliou seu Exército e se transformou de uma pequena cidade-Estado em uma grande
potência.
Após conquistar a Península Itálica, Roma travou um longo conflito contra Cartago, a outra potência do
Mediterrâneo ocidental. A vitória nas chamadas Guerras Púnicas permitiu-lhe assumir o controle do
Mediterrâneo ocidental.
Fundada em 800 a.C. pelos fenícios, Cartago se tornou um poderoso centro cmercial. Sua língua, uma
variação do fenício, era denominada língua púnica.
Além disso, dispunha de uma potente frota militar, muito temida pelos povos vizinhos. Os cartagineses
conquistaram um império que abrangia, entre outras regiões, o norte da África (atual Tunísia), territórios
do litoral da Península Ibérica (atuais Espanha e Portugal) e a região leste da Sicília (grande ilha ao sul da
Itália).
A guerra entre Cartago e Roma teve início pelo domínio da ilha da Sicília. O governo romano temia que
Cartago usasse ailha para atacar as cidades aliadas ou ainda para interferir em seu comércio. Em 264 a.C.,
os romanos realizaram uma intervenção militar na Sicília. Cartago reagiu.
Roma sofreu diversas perdas: a destruição do exército que invadiu a África do Norte e a perda de
centenas de navios em tempestades e batalhas.
Com as tropas de seus aliados, Roma venceu Cartago que, com uma força militar composta
principalmente de mercenários e impossibilitada de se recompor de suas perdas marítimas, propôs a paz
em 241 a.C. Assim, os cartagineses entregaram a Sicília aos romanos.
Com a aquisição de territórios fora da Península Itálica, transformados em províncias, Roma começou a
construir seu império.
Após a derrota na Primeira Guerra Púnica, os cartagineses estenderam seu poder à Península Ibérica, de
onde iniciaram sua expansão territorial, gerando a Segunda Guerra Púnica (218-202 a.C.). Comandado
pelo general Aníbal, o exército cartaginês, com mais de 100 mil homens, avançou para o norte da
Península Itálica. Na batalha de Canas (216 a.C.), destruiu completamente um exército romano de 60 mil
soldados, a maior concentração de forças que Roma já pusera em campanha. Suas tropas contavam com
aproximadamente 40 mil homens e grande número de elefantes.
As técnicas de combate inventadas por Aníbal nas batalhas contra os romanos tornaram-se famosas. O
emprego de armamento pesado móvel e de movimentações surpreendentes faz parte do legado tranmitido
por aquele que muitos consideram um dos maiores generais da Antiguidade.
Como resposta, os romanos invadiram o norte da África, forçando Aníbal a retirar suas tropas da Itália
para defender o território cartaginês. Aníbal, que vencera todas as batalhas na península, foi derrotado em
Zama, em 202 a.C. Essa batalha assinalou o fim da Segunda Guerra Púnica.
Quase cinquenta anos depois, em 149 a.C., eclodiu a Terceira Guerra Púnica: os romanos, ainda
preocupados com o poder econômico cartaginês, invadiram Cartago. Em 146 a.C., a cidade foi
completamente arrasada, teve seu território transformado em província romana e seus habitantes foram
escravizados, inclusive mulheres e crianças. A vitória transformou Roma na única grande potência do
Mediterrâneo ocidental.
A CONQUISTA DA MACEDÔNIA
Durante a Segunda Guerra Púnica, tropas macedônias auxiliaram Aníbal contra os romanos. O
fortalecimento de Roma acabou por provocar confrontos diretos com os macedônios a partir de 200 a.C.
Aproveitando-se da insatisfação de muitas cidades gregas, os romanos estimularam revoltas contra os
macedônios. Por fim, em 148 a.C., no decorrer da Terceira Guerra púnica, a Macedônia foi derrotadao
pelo exército romano. As cidades gregas passavam a fazer parte das possessões romanas.
A partir do século II a.C., Roma se tornou o Estado mais poderoso do Mediterrâneo. A vitória sobre
Cartago permitiu a incorporação de áreas no norte da África e na Península Ibérica. Com a Macedônia, as
possessões romanas estenderam-se até a Ásia Menor. Não se tratava apenas de uma integração territorial.
A expansão era marcada também pela articulação sócio-cultural.
À medida que o território de Roma se expandia, ampliava-se o conceito de cidadania. Aos poucos, os
romanos incluíam outros povos em sua comunidade política.
Fonte bibliográfica: CAMPOS, F., CLARO, R. e DOHLNIKOFF, R. História, escola e democracia: 6º ano. Moderna, São
Paulo, 2018, pp. 140-146. Todas as imagens constam no mesmo livro.
(A) Tiro.
(B) Alexandria.
(C) Cartago.
(D) Atenas.
4- Aponte duas leis que garantiam maior igualdade entre plebeus e patrícios.
5- Qual a importância do direito romano para nós?
6- Qual a principal consequência da vitória romana sobre Cartago?
Gabarito
1- A
2- B
3- C
4- O aluno deve apontar duas dentre as seguintes três: lei dos tribunos da plebe, Lei das Doze
Tábuas, Lei Hortênsia.
5- O Direito foi a maior herança romana para o mundo contemporâneo.
6- Roma se tornou o Estado mais poderoso do Mediterrâneo.