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ROTATIVIDADE DE TRABALHADORES E

CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE POSTOS DE


TRABALHO: ASPECTOS CONCEITUAIS

apresentar uma revisão dos conceitos relacionados a


dinâmica de trabalhadores e dinâmica de postos de trabalho numa economia,
destacando as similaridades, diferenças e inter-relações dos diferentes conceitos
empregados na literatura. Destaca-se a diferença entre rotatividade de
trabalhadores e a medida conhecida como realocação líquida de postos de
trabalho. Indicam-se os conceitos mais apropriados para as diferentes bases de
dados no Brasil e, por fim, uma revisão dos principais resultados empíricos na
literatura mundial, concentrada na última década.

fluxos de trabalhadores entre os estados no mercado de trabalho e


entre empregadores é indispensável para a compreensão desse mercado, com
implicações macro e microeconômicas.1 Um mercado de trabalho muito flexível pode
sugerir maior eficiência alocativa,
mas pode gerar grande insegurança para os trabalhadores, pela redução do tempo
de permanência em um emprego.

Uma excessiva heterogeneidade no comportamento


do emprego de empresas similares, descoladas da dinâmica agregada, pode sugerir
que políticas macroeconômicas de estabilização teriam efeitos limitados. E, por
fim, taxas crescentes de desemprego determinadas por aumento de demissões
exigem políticas públicas diferenciadas daquelas em que o aumento do
desemprego caracteriza-se pela redução das admissões.

Em suma, as características dos fluxos de trabalhadores e os padrões de criação e


destruição de empregos têm implicações importantes para o funcionamento da
economia em termos de eficiência e produção, para o bem-estar dos trabalhadores
e o desenho de políticas públicas.

As informações do lado das firmas também permitem comparações entre fluxos


de trabalhadores e fluxos de empregos (worker and job flows), sugerindo sobre
quanto da rotatividade pode ser devido a fatores do lado da demanda por trabalho
e a fatores do lado da oferta de trabalho. A identificação de qual o tipo de firma
que demite e/ou contrata ao longo do ciclo econômico permite o melhor desenho
de políticas públicas de proteção ao emprego. P-1
criação e destruição de emprego/postos de trabalho recebeu grande atenção a partir dos
anos 90, com o desenvolvimento de bases de dados sobre empresas, nos Estados Unidos
e Europa, que permitiram o estudo da criação e destruição de empregos em firmas e/ou
estabelecimentos. A referência básica é Davis e Haltiwanger (1992).

O objetivo principal deste artigo é apresentar uma sistematização e discussão dos


conceitos relacionados com a criação e destruição de postos de trabalho e com a
rotatividade de trabalhadores

Todavia, o uso de conceitos como “criação de empregos” (job creation) ou


“realocação de empregos” (job reallocation) e rotatividade de trabalhadores tem
gerado confusão, um pouco por abusos de linguagem, um pouco por falta de
clareza do conteúdo informacional dos dados empregados para sua construção.
Antes de seguir, é necessário diferenciar conceitos como ocupação, postos de
trabalho e emprego. O primeiro diz respeito a um estado no mercado de trabalho,
ou seja, o fato de uma pessoa ter atividade remunerada no mercado de trabalho,
seja como empregado, empregador, conta-própria ou outro. O segundo diz
respeito ao número de trabalhadores que podem ser empregados em uma empresa,
sua capacidade.

O uso corrente dos conceitos é confuso na literatura nacional. Por exemplo,


quando um relatório de análise do mercado de trabalho como o do IPEA ou MTE
afirma, baseado em pesquisas domiciliares (PME) ou dados administrativos (como
o Caged), que tantos postos de trabalho foram criados ou destruídos, de modo
líquido, na verdade tal aumento deve-se a mudanças líquidas no número de
ocupados. Implicitamente, a suposição é feita de que não existem vagas
desocupadas em nenhum momento e de que empregadores e conta-própria são
contabilizados como ocupantes de postos de trabalho. P-2

No caso do Brasil, o Cadastro Geral de Empresas (Cempre) do IBGE parece ser a


melhor base de dados sobre estoques de empregados. Sua cobertura é maior do
que a Pesquisa Industrial Anual (PIA), que é limitada ao setor manufatureiro e tem
um limite inferior muito alto para que uma empresa seja amostrada. Ao contrário
da Rais, é feito um trabalho de melhora da qualidade dos dados e o IBGE
apresenta a possibilidade de controle de não-resposta.9 A base não é
necessariamente uma subamostra anual da Rais, pois alguma empresa que
respondeu à Rais em t–1 mas não em t pode ser empregada para as pesquisas
econômicas do IBGE em t e aparecer com dados no Cempre. P – 15

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RELAÇÕES ENTRE AS


ESTATÍSTICAS

O objetivo deste artigo é discutir as diferenças e características das estatísticas


relacionadas à dinâmica de trabalhadores e empregos ao longo do tempo,
destacando as possibilidades e limitações delas, suas inter-relações e a importância
das bases de dados para a análise.
Em geral, bases de dados de trabalhadores e suas dinâmicas são limitadas no
sentido de que a compreensão do tipo de empresa que demite ou contrata é
limitada. Ao mesmo tempo, é impossível fazer qualquer inferência de que parte da
rotatividade dos trabalhadores pode ser motivada pelo lado da demanda, ou seja,
pela realocação das oportunidades de emprego.

O fenômeno da rotatividade torna-se,


portanto, cada vez mais relevante e complexo. Por um lado, ele é produto das
dinâmicas internas da organização e, por outro, também é fruto de dinâmicas de
emprego e do mercado de trabalho brasileiro.

tida como emprego passageiro, sem vínculos de amizade e sem


perspectivas de ascensão profissional

DIEESE
D419 Rotatividade no mercado de trabalho brasileiro: 2002 a 2014./
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos. São Paulo, SP: DIEESE, 2016.
140 p.
ISBN 978-85-87326-80-5

o volume de admitidos e desligados em um determinado período, é considerado como um


indicador proxy da rotatividade.

O tempo médio de duração de um vínculo de trabalho no segmento


formal no Brasil era de 5,0 anos em 201414. É um dos países com menor tempo
médio de emprego, como pode ser visto no Gráfco 8. O resultado verifcado
para o Brasil é superior somente ao dos Estados Unidos, onde é de apenas 4,6
anos. O mercado de trabalho estadunidense é, reconhecidamente, na literatura
especializada, um dos mais flexíveis do mundo

No Brasil, falta trabalho atualmente para 27,6 milhões de brasileiros. É o que mostra a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) trimestral divulgada nesta
quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de
subutilização da força de trabalho ficou em 24,6 % no 2º trimestre de 2018.
"O resultado ficou estatisticamente estável em relação ao primeiro trimestre de 2018 (24,7%)
e subiu na comparação com o segundo trimestre de 2017 (23,8%)", destacou o IBGE.

O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão


subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (que desistiram de
procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos
diversos.

Piauí (40,6%), Maranhão (39,7%) e Bahia (39,7%) apresentaram as maiores taxas de


subutilização. Já as menores foram registradas em Santa Catarina (10,9%), Rio Grande do Sul
(15,2%) e Rondônia (15,5%).

A taxa de desemprego recuou para 12,4% no 2º trimestre, ante 13,1% no 1º trimestre,


segundo já havia sido divulgado anteriormente pelo IBGE. A queda da taxa de desemprego,
entretanto, tem sido puxada pela geração de postos informais e pelo grande número de
brasileiros fora do mercado de trabalho. O número de brasileiros fora da força de trabalho
(que não trabalham nem procuram), entretanto atingiu o recorde de 65,6 milhões, um
aumento de 1,2% em 3 meses ou de 774 mil pessoas. Já o número de trabalhadores com
carteira é o menor já registrado pelo IBGE.

Dados do mercado de trabalho divulgados na quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre os trabalhadores entre 18 e 24 anos, a taxa
de desemprego é mais que o dobro da taxa da população em geral. Enquanto a taxa geral ficou
em 12,4% no segundo trimestre, entre os jovens esse percentual salta para 26,6%.

De acordo com o levantamento, a maior taxa de desemprego, no entanto, é da população


com idade entre 14 e 17 anos – ela chegou a 42,7%, mais que o triplo da taxa geral.
Todavia, a legislação brasileira restringe a atuação profissional nesta faixa etária, que
deve ser exercida sob condições específicas, como menor aprendiz, por exemplo.
 
Nos demais grupos etários, a taxa de desemprego ficou menor que a geral, sendo a
menor para as pessoas com 60 anos ou mais, que ficou em 4,4%. Segundo Azeredo,
historicamente a taxa de desemprego entre os jovens sempre superou à da população
adulta.

Os números apresentados pelo instituto revelam ainda que, do total de 13 milhões de


desempregados no país, 32% têm entre 18 e 24 anos, o que corresponde a um
contingente de 4,1 milhões de jovens nesta faixa etária em busca de emprego. Este
número é superado apenas pelos trabalhadores com idade entre 25 e 39 anos, que
correspondem a 34,6% do total de desempregados – cerca de 4,5 milhões.
 
Juntos, estes dois grupos etários respondem por 67% dos desempregados no país. Já os
trabalhadores entre 40 e 59 anos representam 22,7% do total de desempregados,
somando 2,9 milhões de pessoas.
O IBGE destacou que a taxa de desemprego para pessoas que se autodeclaram pretas ou
pardas também superou a taxa nacional. Para a população preta, ela ficou em 15% e
para a parda em 14,4%. Já a taxa para a população branca foi de 9,9%.
Dentre todo o contingente de desempregados do país, 52,3% são pardos, 35% são
brancos e 11,8%, pretos.

Dos 13 milhões de desempregados no país, 51% são mulheres e 49% são homens. A taxa de
desemprego na análise por sexo também mostra que elas são as mais afetadas pelo
desemprego. A taxa para os homens foi de 11%, abaixo da taxa geral, enquanto a das mulheres
ficou em 14,2%.

verificando de que modo estas práticas se


constituem, enquanto trabalho e enquanto consumo, que condicionam as
maneiras
desses trabalhadores garantirem a própria sobrevivência material e simbólica,
seja
através do labor que garante o sustento de cada dia, ou através das lutas para
conseguir um lugar para morar.

A discussão proposta também visa problematizar de que forma e até que


ponto é possível delimitar o processo de construção de identidades e
interações
sociais dos Sem Emprego na condição de Sem Teto a partir do consumo.

Já a análise dos vínculos de emprego desligados ao longo do ano mostra uma prevalência dos
contratos de trabalho de curta duração, fato já antecipado anteriormente na medida em que foi
visto que um montante considerável
dos vínculos rompidos em cada ano havia sido também celebrado no mesmo
ano. Assim, entre 2002 e 2014, cerca de 45% dos desligamentos aconteceram
com menos de seis meses de vigência do contrato de trabalho e cerca de 65%
sequer atingiram um ano completo (Gráfco 9). O aspecto mais marcante a
respeito disso é a prevalência de desligamentos do emprego com menos de três
meses completos, com 30,2% dos desligamentos em 2013, que compreende o
período de experiência no emprego.
A mundialização capitalista, segundo Chesnais, significa a
(...) capacidade estratégica de todo grande grupo oligopolista, voltado para
a produção manufatureira ou para as principais atividades de serviços, de adotar, por conta própria, um enfoque e conduta “globais”.
O mesmo vale, na
esfera financeira, para as chamadas operações de arbitragem. A integração internacional dos mercados financeiros resulta, sim, da
liberalização e desregulamentação que levaram à abertura dos mercados nacionais e permitiram sua
interligação em tempo real.

Investigaram-se estratégias objetivas de sobrevivência e de reinserção profssional, e subjetivas, relacionadas com o enfrentamento
da situação (coping). Participaram 400 trabalhadores desempregados que iam ao Sistema
Nacional de Emprego (SiNE) de uma cidade do nordeste do Brasil.

TRABALHADORES DESEMPREGADOS E LUTA COLETIVA:


dificuldades e possibilidades
Giuliana Franco Leal*
INTRODUÇÃO
O desemprego, em qualquer grau que se
apresente,. Embora as
taxas de desemprego e de trabalho informal tenham
diminuído desde meados da década de 2000, ainda existe um grupo de desempregados e de trabalhadores
informais que não pode ser considerado
residual,1 o que faz com que a discussão sobre o
desemprego permaneça atual.
Pensar o desemprego – e o seu combate –
envolve refletir sobre as possibilidades de reação
coletiva dos próprios trabalhadores desempregados em relação a esse fenômeno. Este artigo propõe a
discussão dessa questão. Procuramos esclaEste artigo propõe uma discussão sobre as possibilidades de reação
coletiva ao desemprego por
parte dos trabalhadores desempregados. Realiza-se uma revisão bibliográfica e uma pesquisa
de campo de caráter qualitativo, baseada em entrevistas semiestruturadas com trabalhadores
que não fazem parte de movimentos sociais envolvidos com a questão do desemprego, no
município de Campinas (SP),

O desemprego, em qualquer grau que se


apresente, compõe uma questão social e sociologicamente relevante porque evidencia a fragilidade
dos trabalhadores e coloca em questão as possibilidades de a sociedade capitalista realizar o mínimo de
bem-estar para seus membros.

Políticas de combate ao desemprego ou de atenuação dos seus efeitos também foram tardias no país: o
seguro-desemprego, por exemplo, embora previsto já na Constituição de 1946, só foi regulamentado por
decreto
em 1986, e apenas em 1990 se criou, de fato, um
Programa Seguro-Desemprego (Jardim, 2009).
Retomando a questão do mascaramento do
desemprego pelo subemprego, em países com alto
grau de informalidade, levantamos a hipótese de
que não é só na definição das categorias de
mensuração que o desemprego se confunde com o
subemprego. No contexto descrito, trabalhadores
com empregos intermitentes e precários podem
tender a não se reconhecer como desempregados,
acostumados que estão a esse tipo de situação como
o padrão de normalidade.
Como sugere o trabalho de Jardim (2009), a
falta de institucionalização da categoria desemprego e a pouca identificação dos trabalhadores sem
trabalho assalariado ou com trabalho precário com
essa categoria, no Brasil, formam um ciclo vicioso:
se as pessoas não se identificam com a categoria,
não pressionam os órgãos competentes pela sua
institucionalização e, se ela não ocorre, paralisamse ou retardam-se as pesquisas e as políticas pú-
blicas relativas ao desemprego, e essa ausência de evidência e institucionalização da categoria a tornam
menos significativa para a população.
Se existe uma tendência a haver um estigma sobre o desemprego em todas as sociedades
nas quais o trabalho assalariado é a norma, é possível, no caso de países em que a norma é “se virar” em
trabalhos eventuais e informais, que, para
o trabalhador, admitir-se como desempregado
possa ser ainda mais estigmatizante.
Em entrevistas com trabalhadores à procura de emprego, surgem afirmações que confirmam
essa ideia:
Trabalho tem, o que não pode é a pessoa querer
ficar esperando um [emprego] ótimo, com o ordenado que quer, onde quer, assinado, tudo bonitinho. Se o nego quer
trabalhar, tem que aceitar o
que tem, correr atrás, até vender coisa no semá-
foro a gente vende, se precisar, e consegue. E é
trabalho, não é?
(Auxiliar de pedreiro desempregado, 53 anos,
ensino fundamental incompleto, sem vinculação
com movimentos sociais).
Aceitar qualquer tipo de trabalho é uma
maneira não apenas de conseguir o sustento necessário, mas também de fugir à humilhação de
estar “parado”.
Pesquisadores, em um país com um mercado assalariado formal muito forte entre as décadas
de 1930 e 1970, os franceses Demazière (1995b) e
Schnapper (1994), afirmam que o desemprego é
recorrentemente vivido como uma experiência de
humilhação e inferioridade social, seja em classes
médias ou baixas.
Ao comparar os dados obtidos em sua pró-
pria pesquisa empírica6 com um balanço dos estudos sobre o tema, Schnapper (1994) constata que
os sentimentos de perturbação e inferioridade devem-se ao afastamento dos trabalhadores desempregados
em relação à norma dominante nas sociedades de que fazem parte. Nas sociedades con- Supomos que a
vivência do desemprego
como inferioridade social, além de constituir uma
experiência individual de grande intensidade de
sofrimento, também aparece como um fator desfavorável para a mobilização. Como vimos, o sentimento
de vergonha atrapalha e impede que se assuma a privação de emprego e se reconheça dentro de
uma identidade coletiva de representação política.

Na pesquisa realizada por Silva (2009), a


maior parte dos homens entrevistados declara que
o sofrimento em situação de desemprego é maior
para quem é chefe de família, seja homem ou mulher, e as mulheres chefes de família dizem que o
sofrimento delas é maior. É mais comum que as
mulheres se virem em bicos e empregos de estatutos diversos, mas os homens chefes de família também
acabam aceitando trabalhos bem precários para
sustentar os seus – como confirmam os trabalhos
de Jardim (2009) e Segnini (2006).
Também variam as percepções segundo o
recorte geracional, segundo Silva (2009). Os mais
velhos repetem muito sobre a mudança do mercado de trabalho, que tornou mais difícil, entre o período
do seu ingresso e o momento atual, encontrar
emprego, especialmente de tipo protegido e estável.
Já os mais jovens agem como se sempre tivesse sido
assim, pois não conheceram outra situação.
Em geral, entre os jovens, predomina uma
crença na qualificação como modo de conseguir
um posto de trabalho. A diferença maior entre os
jovens está entre morar com os pais ou ser chefe
de família. Entre os jovens que moram com os pais,
sair de um emprego que não consideram adequado é, às vezes, uma estratégia para tentar um futuro
melhor. Para esses jovens que não são provedores, é comum que o desemprego represente principalmente
uma privação das possibilidades de consumo, mas não uma ameaça à sobrevivência. Já para
os jovens chefes de família, o sustento da família é
a primeira coisa a ser ameaçada pelo desemprego e,
portanto, a estabilidade é privilegiada em detrimento do progresso na carreira (Silva, 2009)

Outro fator importante para as variações das


percepções do desemprego, segundo a pesquisa
de Silva (2009), está no recorte da qualificação e
escolaridade. Para os mais qualificados, o desemprego é vivido como uma “vergonha”, enquanto,
entre os menos qualificados, com trajetória de trabalhos precários, o desemprego é só mais um desafio de
sobrevivência. Esses últimos, “diante do ntendimento de que nada poderia melhorar, já
que esse é o histórico de suas vidas pessoais e
familiares, possuem uma descrença em relação ao
trabalho e uma percepção de que a vida de quem é
pobre será sempre trabalhar arduamente. Por conseguinte, a experiência do desemprego não é vista
como um episódio marcante, mas como um elemento intrínseco da vida dos pobres” (p.191).

Dowbor (2004) já afirmava que, para um desempregado voltar o mercado de trabalho, as op-
ções são subjetivamente diferentes, dependendo
de onde se venha: para os trabalhadores nãoespecializados, acostumados à insegurança no trabalho, é
mais fácil recorrer ao ingresso no mercado
informal; já para os especializados, a situação de
desemprego prolongado é percebida como mais
constrangedora, havendo mais vontade de voltar a
uma ocupação de mesmo tipo da anterior e mais
resistência a ir para o mercado informal.
Esse
livro mostra o quanto o desemprego é tão mais
constrangedor quanto maior é a identificação do
sujeito com sua profissão.9

razões mais comuns atribuídas ao desemprego:


substituição da mão de obra empregada por novos
recursos tecnológicos e dificuldade de qualificação
dos trabalhadores, além de exigência de juventude
ou de experiência, preconceitos contra negros e contra pessoas julgadas pelos selecionadores como de
“má aparência” e (ou) que moram em bairros estigmatizados, restrições a mulheres com filhos e políticas
públicas e privadas de enxugamento de
postos de trabalho (Jardim, 2009; Santos, 2000;
Silva, 2009)

razões mais comuns atribuídas ao desemprego:


substituição da mão de obra empregada por novos
recursos tecnológicos e dificuldade de qualificação
dos trabalhadores, além de exigência de juventude
ou de experiência, preconceitos contra negros e contra pessoas julgadas pelos selecionadores como de
“má aparência” e (ou) que moram em bairros estigmatizados, restrições a mulheres com filhos e políticas
públicas e privadas de enxugamento de
postos de trabalho (Jardim, 2009; Santos, 2000;
Silva, 2009)

sentimento de culpa

medo

sofrimento subjetivo

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