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Das doenças obstrutivas as mais prevalentes são a Asma e a DPOC (doença pulmonar
obstrutiva crônica). Estudaremos a Asma pelo Gina (Global Initiative for Asthma) e o DPOC pelo
Gold (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease).
1. Conceito
A Asma é uma doença inflamatória crônica devido a uma hiperresponsividade das vias
aéreas inferiores que causa limitação ao fluxo aéreo, podendo ser reversível espontaneamente ou com
uso de medicamentos.
A DPOC é uma doença evitável e tratável. Caracterizada pela limitação ao fluxo aéreo que
não é totalmente reversível, por isso é considerado mais grave. Esta limitação ao fluxo geralmente é
progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal do pulmão a partículas ou gases nocivos.
As duas são doenças de limitação do fluxo aéreo, ou seja, não permitem que o oxigênio
chegue até a área de troca gasosa, por isso são chamadas de doenças obstrutivas. Porém a DPOC é
considerada mais grave porque não é totalmente reversível e ainda é progressiva, enquanto que a asma
é reversível.
É importante que o médico que irá tratar as doenças obstrutivas procure interrogar onde
paciente trabalha (se tem exposição a gases tóxicos ou partículas), se tem exposição à fumaça do
tabaco (fumante passivo ou ativo), exposição à poeira/ fungos, entre outros.
2. Etiologia
A Asma pode ser de origem:
Alguns pacientes podem nascer com Hiperresponsividade Brôquica (HRB). O fator HRB é
característico da Asma e do DPOC. Isso gerou uma confusão na literatura e atualmente deram outro
nome aos pacientes que têm HRB: Síndrome de acos (Síndrome da sobreposição Asma-DPOC).
O tabaco é o principal causador da DPOC e irritante da via aérea dos asmáticos. Por isso, o
médico deve sempre interrogar, principalmente pacientes asmáticos de difícil controle, se há fumantes
na família (pai, mãe, irmão), para verificar se o tabaco é um fator de agravamento ou de dificuldade na
resposta do tratamento do paciente.
A asma pode ser alergênica ou não, por isso deve-se pedir o IgE (imunoglobulina E). A asma
é considerada alergênica se o IgE vier acima do valor normal.
A asma de origem ocupacional está relacionada a pessoas que trabalham em siderurgias,
esses pacientes irão respirar partículas e gases nocivos causando uma hiperresponsividade na via
aérea. Por isso, na Pneumologia, a 1ª coisa a se saber é o que o paciente está respirando.
Na asma, crianças expostas à poeira, fumaças, etc são as que têm mais pré-disposição a
entrar em crises com frequência. Esses elementos ao entrarem na via aérea vão ativar o HRB, que em
indivíduos que não tem hiperresponsividade brônquica irá no máximo causar uma tosse, e em
indivíduos que tem, irá causar uma crise com limitação ao fluxo aéreo.
3. Fisiopatogenia
3.1. Asma
Grupos alergênicos: poeira, pelos (cachorro, gato), fumaças (tabaco), perfumes, cheiros fortes,
ar frio, ácaros, blomias, mudanças de temperatura.
3.2. DPOC
O tabaco irá causar uma injúria/agressão na via aérea desde o nariz até o bronquíolo
terminal. O organismo vai então tentar recuperar a pequena via aérea agredida emitindo colágeno,
fazendo um remodelamento estrutural. A produção de colágeno vai levar a uma lesão cicatricial. Por
isso a definição do Gold diz que a DPOC é uma limitação ao fluxo aéreo progressivo, porque é a lesão
cicatricial que vai levar a uma obstrução fixa de remodelamento do brônquio.
Por isso, deve-se saber calcular a carga tabágica do indivíduo fumante, pois quanto maior for
a carga, mais injúria vai ocorrer no aparelho respiratório, porque consequentemente irá haver a
dilatação e destruição dos bronquíolos, que por serem canais estreitos (em torno de 2mm) entopem
muito rapidamente com a secreção, não deixando passar o ar.
Cálculo da carga tabágica: número de cigarros fumados por dia foi dividido por 20 (o
número de cigarros em um maço) e o resultado foi multiplicado pelo número de anos de uso de tabaco
(anos-maço). Exemplo: O paciente fumou 30 cigarros por dia durante 15 anos → 30/20 x 15 = 22,5
maço-ano.
4. Resposta Inadequada
A DPOC e a Asma têm como característica responder de forma inadequada ao que entra na via
aérea: ocorre a liberação de marcadores pró-inflamatórios.
4.1 Asma
Mastócitos
Macrófagos
Células dendríticas.
São marcadores inflamatórios que estão dentro da via aérea do paciente asmático que irão liberar
substâncias como histaminas, leucotrienos, prostaglandinas e uma série de citocinas que irão estimular
a IgE, que irá formar uma memória e então quando entrar de novo a mesma substância ou uma
substância semelhante, o organismo reconhece e entra em crise.
4.2 DPOC
Neutrófilos
A diferença de uma doença obstrutiva para outra se encontra também nos marcadores
inflamatórios, enquanto na DPOC é o neutrófilo, na Asma são os macrófagos, mastócitos e células
dendríticas. A estratégia terapêutica irá depender dessa diferença!
5.2 DPOC
Brônquios: causando bronquite crônica
Bronquíolo: causando bronquiolite constrictiva
Parênquima: causando enfisema
Vasculatura: causando hipertensão pulmonar
O enfisema: dilatação dos alvéolos → ruptura dos alvéolos → formação dos sacos alveolares
→ evoluem para bolhas → pode evoluir para um Pneumotórax, caso essas bolhas se romperem.
6. Diagnóstico Clínico
6.1. Asma
Tosse
Dispneia
Sibilos
Aperto no peito
6.2. DPOC
Tosse produtiva mucoide ou mucopurulenta
Dispneia (MRC)
Paciente com DPOC começa seus sintomas com a tosse e pigarro, enquanto que o asmático
pode começar com os 4 sintomas de uma vez só.
IgE total
IgE específicos
Hemograma
Eosinófilos no escarro
8.2. DPOC
Hemograma- Importante para saber se o pct está “agonizando” por causa da bronquite.
PCR- Identificar a gravidade da infecção (22mg de PCR é grave).
Genexpert- Exame para saber se o pct tem ou teve contato com o bacilo da tuberculose.
IgE total- Pesquisa para saber se o pct é alérgico.
Glicemia- Procurar saber se o pct tem outras comorbidades que diminuem a imunidade,
como é o caso da diabetes.
Lipidograma
Observar que o Gina analisa os dados na prova pré-broncodilatadora e o Gold analisa os dados
na prova pós-broncodilatadora.
As imagens mostram a curva de fluxo-volume em que a alça inferior corresponde a
inspiratória (negativa) e a alça superior a expiratória (positiva).
A curva expiratória deveria descer de forma reta (em linha reta), se descer escavando,
fazendo uma concavidade, como é o caso das imagens a cima, é sinal de obstrução.
As vezes a Espirometria do asmático está normal (VEF1/CVF normal, VEF1 isolado normal),
mas tem um dado que mostra alteração que é o ganho significativo. Não tem no Gold!
• Leve: 80 – 60
• Moderada: 60 – 40
• Grave: < 40
➢ Estágios:
Professor: Pacientes em estágio III já não temos muito o que fazer a não ser pensar na
possibilidade de transplante. A fase é bem irreversível. Paciente já entra em insuficiência
respiratória.
10.1Asma
Raio X de tórax: observar aprisionamento aéreo (por ser uma doença obstrutiva).
Podemos inferir então que o volume residual-VR vai estar aumentado (espirometria NÃO
mede VR, o exame que mede e afirma é chamado Pletismografia, porém não temos aqui). Não sei o
que ele quis dizer com “aqui”, se é aqui em Manaus ou no Brasil.
Diferença entre inferir e afirmar: Pelo raio X e exames de sangue (glóbulos brancos)
podemos inferir que o paciente tem uma Pneumonia, porque se formos esperar os exames específicos
que demoram muito tempo para afirmar, o paciente até lá pode não estar mais vivo. Por isso, o
diagnóstico da Pneumonia é por inferência, observando o quadro sindrômico; não é um diagnóstico
etiológico.
10.2 DPOC
11. Tratamento
1. Primeiramente deve-se fazer uma educação continuada:
a) Entender a doença- é uma doença crônica que o tratamento será para a vida toda.
c) Importância do tratamento
É a liberação da secreção dos seios paranasais, descendo pela parede posterior do ??, caindo
nos receptores de tosse que tem na região supraglótica.
2.1. B2 agonistas – CD
Fenoterol
Salbutamol
2.2. B2 agonistas – LA
Formoterol
Salmeterol
Existem outros broncodilatadores, esses acima são os encontrados na rede pública de saúde.
3. Antimuscarínicos
4. Anti-inflamatórios
5. Outros tratamentos
✓ Válvulas
Para paciente com enfisema (que tem muito aprisionamento aéreo), criaram válvulas
unidirecionais colocadas pelo broncoscópio, dentro do bolsão de ar. Não entra mais ar dentro daquele
espaço, vai apenas sair, então o pulmão vai secar, a bolha vai sumir, e a aérea que estava adjacente a
bolha vai ficar atelectasiada.
✓ CRVP
Cirurgia redutora de volume pulmonar na tentativa de retirar as bolhas. O parênquima que está
do lado da bolha está bom, só não está conseguindo expandir, então quando se faz a cirurgia redutora,
consegue-se expandir essa área atelectasiada, e assim melhora a função pulmonar do paciente.
✓ Oxigenoterapia domiciliar
Pacientes com hipóxia.
✓ Fisioterapia
Para ensinar o paciente a economizar ar.
✓ Transplante
Quando o médico faz a manobra de expansibilidade, a caixa torácica quase não expande.
Tomografia: A parte que tem “pontinhos” brancos são os vasos (vasculatura). O sangue
nesses capilares que foram destruídos retorna para o tronco da artéria pulmonar, causando hipertensão
pulmonar. Os vultos brancos na periferia são as áreas oligoêmicas.
Diagnóstico: Enfisema
Paciente bem mais grave: Quase não tem mais vasculatura. A hipertensão é grave e o
paciente está próximo do óbito.