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FACULDADE DE VETERINÁRIA

Departamento de Clínicas

Tema:

Relatório do estágio pré-profissional na empresa K &T Investimentos,


Lda.

Caso de estudo: Hepatotoxicidade com fotossensibilidade em


pequenos ruminantes

Estudante: Diandra de Sousa Nascimento

Supervisor: Prof. Doutor Abel Chilundo

Co-supervisor: Mestre Alberto Dimande

Maputo, Setembro de 2020


DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Diandra de Sousa Nascimento, declaro por minha honra que o presente trabalho, com o
tema “Relatório do estágio pré-profissional na Empresa K & T Investimentos, Lda e caso de
estudo: Hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade em pequenos ruminantes”, é da
minha autoria e resultado do meu empenho e esforço, que nunca foi usado para outro propósito
que não seja para a obtenção do grau de licenciatura em Medicina Veterinária.

Maputo, Setembro de 2020

____________________________________
Diandra de Sousa Nascimento

I
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho

Aos meus pais

Aos meus avôs

Aos meus supervisores

Aos meus amigos

II
AGRADECIMENTOS
Este relatório surge após o culminar de 5 anos de esforço, dedicação e muito trabalho, sendo o
capítulo final de um grande sonho que nunca se teria realizado se não fosse pela bênção
divina, o auxílio e a presença de inúmeras pessoas.

Primeiro agradecer a Deus, pela sua graça, força e esperança em cada momento de
dificuldades e por cada victória conquistada ao longo deste período.

Aos meus supervisores Doutor Abel Chilundo e Mestre Alberto Dimande pela orientação bem
dirigida do princípio ao fim, pela partilha de conhecimento, apoio, compreensão, ajuda e pela
amizade.

Ao casal Rudie e Killa Nel por me terem aceite como estagiária em sua empresa. Obrigada por
todos os ensinamentos, dedicação e apoio durante estes três meses. Este agradecimento
estende-se a Corlia, Mandla, Luísa e August, funcionários com quem trabalhei, por toda
simpatia, paciência, dedicação no ensino da lide agropecuária, bem como na comunicação na
língua local.

A Doutora Otília Bambo pela sua vitalidade em ensinar, pela sua paciência e motivação ao
longo deste percurso.

Ao Doutor Cláudio Laisse pela sua dedicação ao ensino, pela transmissão de vários
conhecimentos relacionados com à patologia animal, acima de tudo agradeço pela
simplicidade.

A técnica de Medicina Interna, Paulinha, pelo apoio e ensinamento. Aos técnicos do laboratório
de Patologia, Cersio e Ngoca, pelo apoio técnico na realização do trabalho e pela motivação.

Aos meus dois pais, Benjamim e Anita Nascimento, João e Amélia Munguambe por terem
sempre participado activamente na minha educação moral, cívica e académica.

Aos meus irmãos, Heimir, Laima, Mauro e Leontina por sempre terem estado ao meu lado e
nos momentos em que queria desistir, motivaram-me incansavelmente.

Aos meus colegas de turma, em especial Lídia Sinalima, Leucina Paulo, Bijorca Nhanala, Elio
Muatareque, Motivo Zano, Ercílio Bila, Paula Xerinda, Puná Banze, Armando Milice e Ângelo
Nhambo. Esta fase foi mais fácil e possível de ultrapassar graças a vossa companhia.

III
Aos meus amigos Marília Namburete, Rodrigo Ramalho Jr., Valter Macie e Florêncio Bahule
por sempre estarem disponíveis quando mais precisei de um ombro amigo e por sempre me
aconselhar a ser e fazer melhor.

Aos meus gatos Snow, Tiga e Pakita pela companhia especialmente nas noites das “directas”.

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS


% Percentagem
® Marca registada
°C Graus celcius
ALT Alanina Aminotrasferase
AST Aspartato Aminotrasferase
CIM Companhia Industrial da Matola
ECC “Score” de condição corporal
et al. e colaboradores
Favet Faculdade de Veterinária
GGT Gama Glutamiltransferase
IM Intramuscular
IV Intravenosa
Kg Quilograma
nm Nanometro
ml Mililitros
ml/kg Miligrama por quilo
mm Milímetro
RAS República da África do Sul
SC Subcutâneo
spp. Espécie

IV
LISTA DE FIGURAS
Figura I. Hemoncose em cabra landim.....................................................................................13

Figura II. Cabrito com lesões crostosas na região perinasal.....................................................15

Figura III. Caprino, cruzamento de Boer e Landim, de um ano e meio de idade com tumefação
na face, pálpebras e orelhas......................................................................................................21

Figura IV. Borrego Landim com icterícia na mucosa da conjuntiva...........................................21

Figura V. Caprino jovem........................................................................................................... 22

Figura VI. Lesões macroscópicas dos caprinos e ovino............................................................25

Figura VII. Lesões microscópicas.............................................................................................25

V
LISTA DE TABELAS
Tabela I. Resumo das actividades realizadas por espécie animal...............................................5

Tabela II. Esquema e sequência de fotos para o auxílio na estimativa da idade dos animais.....9

Tabela III. Plano de vacinação dos pequenos ruminantes da farma.........................................10

Tabela IV. Calendário de desparasitação dos pequenos ruminantes da farma.........................11

Tabela V. Resumo de casos clínicos observados durante o estágio.........................................12

Tabela X. Resultado de exames bioquímicos dos animais doentes..........................................23

Tabela XI. Resultado dos exames bioquímicos dos animais sem sinais clínicos......................23

VI
ÍNDICE

Resumo....................................................................................................................................... X

1 Introdução............................................................................................................................ 1

1.1 Descrição do local de estágio........................................................................................1

1.1.1 Infra-estruturas e efectivo da unidade....................................................................2

2 Objectivos............................................................................................................................. 3

1.1 Objectivo geral:.............................................................................................................3

1.2 Objectivo específicos:....................................................................................................3

3 Metodologia.......................................................................................................................... 4

Parte 1. Descrição das actividades durante o estágio............................................................5

4 Actividades Desenvolvidas...................................................................................................5

4.1 Maneio Alimentar........................................................................................................... 6

4.1.1 Alimentação dos animais jovens............................................................................6

4.2 Maneio Produtivo........................................................................................................... 6

4.2.1 Arrolamento dos animais........................................................................................6

4.2.2 Identificação dos animais.......................................................................................7

4.2.3 Desmame...............................................................................................................7

4.2.4 Descorna em vitelos...............................................................................................8

4.3 Maneio Reprodutivo......................................................................................................8

4.4 Maneio Sanitário..........................................................................................................10

4.4.1 Acções profilácticas..............................................................................................10

4.4.2 Outras medidas profiláticas..................................................................................11

4.5 Casos clínicos............................................................................................................. 12

4.5.1 Oestrose............................................................................................................... 12

VII
4.5.2 Descarga ocular...................................................................................................13

4.5.3 Hemoncose.......................................................................................................... 13

4.5.4 Diarreia................................................................................................................. 13

4.5.5 Timpanismo.......................................................................................................... 14

4.5.6 Ectima contagioso................................................................................................14

4.5.7 Infestação por carraças........................................................................................15

4.5.8 Feridas................................................................................................................. 15

4.5.9 Abcessos.............................................................................................................. 15

4.5.10 Claudicação..........................................................................................................16

4.5.11 Erliquiose............................................................................................................. 16

Parte 2. Caso de estudo.......................................................................................................... 17

5 Hepatotoxicidade com reacções de Fotossensibilidade em pequenos ruminantes............17

5.1 Descrição e caracterização de Hepatotoxicidade........................................................17

5.1.1 Etiologia e Epidemiologia.....................................................................................18

5.1.2 Patogenia............................................................................................................. 18

5.1.3 Sinais clínicos.......................................................................................................18

5.1.4 Diagnóstico........................................................................................................... 19

5.1.5 Diagnóstico diferencial.........................................................................................19

5.1.6 Tratamento........................................................................................................... 19

5.2 Relato de Caso............................................................................................................ 20

5.2.1 História................................................................................................................. 20

5.2.2 Exame geral......................................................................................................... 21

5.2.3 Exame físico.........................................................................................................21

5.2.4 Exame específico.................................................................................................22

5.2.5 Exames complementares.....................................................................................22

5.2.6 Resultados........................................................................................................... 23

VIII
Exames bioquímicos........................................................................................................... 23

Exame de ração................................................................................................................. 24

Exame post-mortem e histopatologia.................................................................................24

6 Discussão........................................................................................................................... 27

7 Conclusão........................................................................................................................... 30

8 Recomendações................................................................................................................. 31

9 Referências bibliográficas...................................................................................................32

IX
RESUMO

Este relatório descreve as actividades realizadas durante o estágio, entre os meses de Outubro
a Dezembro de 2019, na empresa K & T Investimentos, Lda. Pretendeu-se desenvolver e
aperfeiçoar as competências teórico-práticas, de modo a adquirir habilidades técnicas e
operacionais relacionadas as actividades de produção de pequenos e grandes ruminantes. Na
primeira parte será descrita a participação e o acompanhamento das actividades de rotina da
empresa, nomeadamente o arrolamento diário dos animais, alimentação dos animais
estabulados, vacinações, desparasitações e resolução de casos clínicos. Como resultado,
foram observados 365 casos clínicos, dos quais a oestrose e a diarreia ocorreram com maior
frequência. Realizou-se também 134 identificações, 283 desmames, 4 descornas, 4035
desparasitações e 1283 vacinações. Na segunda parte é apresentado o caso de estudo em
que se relata a ocorrência de um surto de Hepatotoxicidade com reacções de
fotossensibilidade em caprinos e ovinos, em que os animais apresentaram edema na face,
pálpebras, orelhas e icterícia. Foram colhidas amostras de sangue, soro e da ração. O
hemograma apresentou alterações inespecíficas, o exame bioquímico apresentou aumento dos
níveis séricos de GGT, AST, ALT e na ração verificou-se a presença de Aspergillus fumigatum.
Foi realizada a necropsia de quatro animais, os quais apresentaram alteração na coloração do
fígado, 3 com coloração escura e 1 amarelada. Microscopicamente, houve tumefação difusa e
vacuolização citoplasmática dos hepatócitos. No rim observou-se nefrose tubular e glomerular
multifocal. Dos 16 animais afectados 2 sobreviveram. O diagnóstico de hepatotoxicidade com
reacção de fotossensibilidade foi baseado nos sinais clínicos, exames bioquímicos e nas lesões
histológicas.

Palavras chaves: hepatotoxicidade, fotossensibilidade, pequenos ruminantes.

X
1 INTRODUÇÃO

Em Moçambique a produção pecuária tem estado a registar crescimento significativo em


bovinos de corte e pequenos ruminantes. Esta actividade é praticada pelo sector familiar que
contribui com mais de 85% de gado bovino e 96% de pequenos ruminantes (caprinos e ovinos)
e o comercial que contribui com cerca de 14% de bovinos e 5% de pequenos ruminantes
(DINAV, 2015).

O sector comercial, ainda pouco expressivo em termos de efectivos, é mais produtivo, uma vez
que usa métodos mais sofisticados, comparado ao sector familiar, como a compra de insumos,
suplementação do gado na época seca, uso de mão-de-obra qualificada e melhoramento
genético das raças (DINAV, 2015).

Para melhorar a produtividade e maximizar o rendimento da produção pecuária torna-se


imprescindível a melhoria no maneio sanitário, reprodutivo e alimentar dos animais e, desta
forma indispensável a intervenção veterinária (DINAV, 2015; FAO, 2010).

Com o objectivo de consolidar os conhecimentos teórico-prático adquirido ao longo do curso na


área de produção animal e desenvolver habilidades veterinárias com situações de campo,
realizou-se um estágio pré-profissional, no âmbito do trabalho de culminação de estudos,
durante 3 meses na empresa K & T Investimentos, Lda, que se dedica a criação de bovinos,
caprinos e ovinos de corte.

De forma a alcançar os objectivos, a estagiária acompanhou e participou das actividades de


rotina da unidade. Acompanhou também, um caso de estudo como rege o regulamento de
redação de trabalhos de culminação de estudos em forma de estágio da Faculdade de
Veterinária (FAVET, 2007)

1.1 Descrição do local de estágio

A empresa K & T Investimentos, Lda, localiza-se a 18 km da Vila de Salamanga, Distrito de


Matutuine, Província de Maputo, nas coordenadas 26º34'23.8''S, 32º35'13.8''E.

O Distrito de Matutuine localiza-se no extremo Sul da Província de Maputo, limitado a Norte


pelo distrito de Boane, Namaacha e Cidade de Maputo, a Sul pela República da África do Sul, a
Este pelo Oceano Índico e a Oeste pelo Reino da Suazilândia (MAE, 2005).

1
O distrito apresenta um clima sub-tropical, com duas estações, a chuvosa (Outubro a Abril) e a
seca (Maio a Setembro). A precipitação média anual situa-se na ordem de 800 mm (MAE,
2005).

A empresa possui 2 trabalhadores pertencentes a secção de administração, 1 técnica em


ciência animal, 2 auxiliares e 16 pastores. Nas épocas festivas, a empresa conta com
trabalhadores sazonais.

1.1.1 Infra-estruturas e efectivo da unidade

Em infra-estrutura possui: 1 edifício principal, que serve de residência para os proprietários e


estagiários, onde também se localiza a farmácia; 15 currais para alojamento de caprinos e
ovinos; 2 currais para bovinos e 1 curral que serve de enfermaria. Nos currais estão
acondicionadas tendas para descanso dos animais, bebedouros e comedouros. Possui
também 2 mangas de tratamentos, uma para bovinos e outra para caprinos e ovinos. A ração
para os animais e o instrumental fica em um edifício próximo a residência dos proprietários.

A farma possui 473 bovinos e 3167 caprinos e ovinos em regime de exploração extensivo
comercial, com o propósito de produção de carne. As raças exploradas eram a Landim,
cruzamentos de Landim com Africander, Dorper e Boer nos bovinos, ovinos e caprinos,
respectivamente.

2
2 OBJECTIVOS

1.1 Objectivo geral:

 Desenvolver e aperfeiçoar as competências teórico-práticas, de modo a permitir a


integração em actividades relacionadas com a produção animal de pequenos e grandes
ruminantes.

1.2 Objectivo específicos:

 Acompanhar actividades de rotina relacionados ao maneio alimentar, produtivo,


reprodutivo e sanitário.

 Acompanhar e desenvolver detalhadamente um caso de estudo.

3
3 METODOLOGIA

O estágio decorreu no período entre 28 de Setembro a 28 de Dezembro de 2019. Para o


melhor acompanhamento das actividades a estagiária permaneceu em acomodação nas
instalações da empresa. As actividades foram desenvolvidas todos os dias (de segunda-feira a
domingo), entre as 6:30-16:00 horas (horário laboral) e por vezes até as 20:00 horas, quando
tivessem crias que necessitassem de atenção especial. Estas consistiram na participação e
acompanhamento de todos os procedimentos de rotina da empresa nas áreas de maneio
alimentar, produtivo, reprodutivo e sanitário.

Em termos organizacionais o relatório está estruturado em duas partes: na primeira parte


descreve-se as actividades realizadas no estágio e na segunda parte descreve-se o caso de
estudo.

A metodologia de cada parte será descrita ao longo do seu desenvolvimento.

4
PARTE 1. DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES DURANTE O ESTÁGIO

4 ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

As actividades realizadas durante o estágio, bem como a sua distribuição por espécie estão
descritas resumidamente na Tabela I.

Tabela I.
Resumo das Espécie
actividades Actividade
Total
realizadas por (sessões)
Caprinos e
espécie Bovinos
ovinos
animalÁrea
Administração de
Maneio 3 17 20
ração
alimentar
Administração de leite 90 76 166
Identificação 1 15 16
Maneio
Desmame 0 3 3
produtivo
Descorna 1 0 1
Maneio Selecção de
0 1 1
reprodutivo reprodutores
Desparasitações 1 15 16
Maneio
Vacinações 0 9 9
sanitário
Outras 0 15 15
Casos clínicos 28 321 349
Total 124 472 596

As actividades eram realizadas, de forma sequencial e contínua começando coma


administração de ração a todos os caprinos e ovinos nos estábulos; administração de leite aos
animais jovens; observação, seleção e tratamento de animais doentes e arrolamento dos
animais na saída para o pasto. Dependendo da agenda realizavam-se outras actividades
relacionadas as acções profilácticas (desparasitações e vacinações), selecção de reprodutores
entre outras.

As actividades realizadas e descritas de forma sumária são abaixo abordadas detalhadamente,


nos subcapítulos 3.1 a 3.5.

5
4.1 Maneio Alimentar

A alimentação era baseada principalmente, em pastagem natural compartilhada com a


comunidade. A suplementação era administrada, exclusivamente aos caprinos e ovinos, duas
vezes ao dia, pela manhã antes de saírem ao pasto e de noite. Uma terceira administração era
feita aos animais que permaneciam estabulados. Os animais eram suplementados com ração
comercial, adquirida da Companhia Industrial da Matola (CIM) e/ou bagaço de cevada húmida.
Para além do suplemento, os animais também recebiam suplemento mineral em forma de
blocos, que eram suspensos em lugares pré-preparados nos currais.

Os animais tinham a água ad libitum nos currais e também nos campos de pastagem, através
de bebedouros feitos pela própria empresa.

Este modelo extensivo de criação é recomendado por Rogério et al. (2016), indicando que o
pasto nativo e/ou cultivado é a base alimentar para os rebanhos, quando os pastos se tornam
escassos e/ou reduzem a sua qualidade nutritiva, a suplementação com forragens e ração
concentrada são estratégias recomendadas.

4.1.1 Alimentação dos animais jovens

A fase de aleitamento dos animais jovens (caprinos e ovinos) foi de 80 a 90 dias para os
machos e 100 dias para as fêmeas. Nesta fase as crias dependiam do leite materno e
alimentavam-se também do pasto presente nos currais.

Em casos de morte da progenitora, crias muito pequenas e/ou fracas, assim como trigemelares
(caprinos e ovinos), recebiam uma mistura a base de leite de vaca liofilizado, gema de ovo,
glucose em pó e óleo através de um biberão improvisado, com uma garrafa plástica de 1/2 a 2
litros, em pequenas porções, 3 a 4 vezes ao dia. À partir de uma semana de idade o leite era
administrado sem nenhum aditivo, duas vezes ao dia até ao desmame.

A alimentação dos animais jovens na farma está em concordância com Borges e Gonçalves
(2002), os quais descrevem que a alimentação dos animais recém-nascidos, até ao quarto mês
de idade, consiste no acesso ao colostro, até primeiras 36 horas de vida ou fornecimento do
mesmo até ao quinto dia de vida.

6
4.2 Maneio Produtivo

4.2.1 Arrolamento dos animais

O efectivo era arrolado 2 vezes ao dia, na saída a pastagem às 7:00 horas e ao regresso às
16:00 horas por meio de contagem física dos animais. O número do efectivo era registado num
caderno para comprar com a contagem seguinte. Registava-se também os nascimentos,
abates e a movimentação dos animais entre os currais.

4.2.2 Identificação dos animais

Identificação com base em tatuagem

Foram identificados 10 cabritos e 108 cordeiros de 2 a 3 dias com tatuagem, na face interna da
orelha direita (tatuagem permanente) com recurso a um alicate de tatuagem, onde se tatuou
com as duas iniciais da empresa “KT”. Para além da tatuagem, a mãe assim como a cria
recebiam número em ordem crescente de nascimentos ou o número do brinco da mãe, caso
esta tenha brincos, escritas com “spray” verde ou cor-de-rosa. A marcação com o spray era
para facilitar a identificação das crias e respectivas matrizes. Os mesmos dados eram
registados num livro.

Identificação a ferro quente

A marcação a ferro foi feita em 16 novilhos, pois este seriam transferidos para uma outra farma
da mesma empresa. Esta actividade consistiu na contenção do animal na manga, seguida de
marcação com ferro quente com as letras iniciais da empresa e o número em ordem crescente,
no ombro esquerdo do animal.

As práticas de maneio produtivo realizadas na farma é recomendada por Oliveira et al. (2011) e
Oliveira Filho (2015) indicando que a identificação deve ocorrer logo após o nascimento, para
não interferir no vínculo materno-filial, podendo ser feita de diferentes formas, sendo as
aplicadas na farma as mais usadas. Os mesmos autores dizem ainda que o arrolamento e a
identificação individual dos animais são extremamente importantes, não só por uma questão de
controlo e conhecimento dos animais, como permite melhor organização e gestão do
empreendimento.

7
4.2.3 Desmame

Foram desmamadas 44 cordeiras, 85 cabritas com média de 100 dias e 34 cordeiros e 120
cabritos com média de 80 dias, através de separação total da mãe. As fêmeas foram colocadas
no mesmo curral, onde ficaram por 15 dias até serem transferidas para uma outra farma onde
ficam as fêmeas jovens e as vazias.

A idade de desmame exercida na farma não vai de acordo com a sugerida por Oliveira et al.
(2011), que diz que na amamentação natural e artificial, o desmame deve ocorrer entre a sexta
e sétima e, sétima e oitava semana de vida, respectivamente, de modo a prevenir o desgaste
da matriz.

Esta actividade ocorreu em simultâneo com a desparasitação e vacinação que serão


detalhadas posteriormente ao longo do trabalho.

4.2.4 Descorna em vitelos

Foi realizada a descorna de 4 vitelos, com o auxílio de um ferro quente de descorna, que
consistiu na contenção do animal na manga, seguida de cauterização da zona do botão
germinativo dos cornos. Esta prática vai de acordo com Stilwell et al. (2007) sugerindo como
um dos métodos de descorna em vitelos, sendo actualmente o método mais utilizado em todo o
mundo (Kling-Eveillard et al., 2009; Gottardo et al., 2011).

4.3 Maneio Reprodutivo

Os bovinos estão divididos em dois currais com cerca de 200 animais cada um, de diferentes
categorias. A cobrição é feita por monta natural, onde os machos permanecem com as fêmeas
durante todo o ano, consequentemente, os partos se distribuem ao longo do ano.

Embora este seja o método mais usado em Moçambique, a ocorrência de nascimentos em


épocas inadequadas pode prejudicar o desenvolvimento dos vitelos em função da incidência de
doenças e de parasitas, e/ou menor disponibilidade de pasto para as matrizes, principalmente
durante o período de lactação. Entretanto, a maior desvantagem é a dificuldade de realizar
controle zootécnico e sanitário do rebanho, prejudicando a seleção dos bovinos de maior
potencial reprodutivo (Larson e White, 2016).

As cobrições nos caprinos e ovinos ocorrem a cada 6 semanas. Esta também é por monta
natural, onde os machos permanecem com as fêmeas durante 21 dias. Depois dos 21 dias,

8
espera-se uma duração de gestação de em média 150 dias. Iniciados os partos, estes devem
ocorrer dentro de 1 mês. Após esse período, todos as fêmeas que não parirem e nem
demonstrarem sinais de prenhez, retornam ao curral das fêmeas jovens e vazias. Nenhum
método de detenção de cio ou teste de prenhez é aplicado na unidade tanto nos pequenos
ruminantes como nos bovinos.

Os machos foram selecionados consoante a semelhança do padrão da raça (Dorper e Boer) e


simetria dos testículos. Já nas fêmeas, a selecção era com base em dois critérios: avaliação do
“score” de condição corporal (ECC) verificada através da gordura na região lombar e a idade
verificada através da arcada dentária como mostra na Tabela II.

No início do estágio, um curral de 205 ovelhas estava a entrar no período de parto, das quais
191 pariram em média duas crias. As ovelhas que não pariram retornaram ao curral das
fêmeas vazias.

Foram selecionadas 169 ovelhas e 10 refugadas, pois estas já tinham aproximadamente 5 a 6


anos. As selecionadas foram desparasitadas com Albendazol e Closantel (Prodose® Orange,
Virbac, RAS) na dosagem de 2 ml/kg por via oral e vacinadas contra Clostridioses (Covexin
10®, MSD, África do Sul) no volume de 1 ml/animal, via subcutânea (SC).

Tabela II. Esquema e sequência de fotos para o auxílio na estimativa da idade dos animais.

Animal jovem –
dentição de leite

Animal com duas


pinças (1,5 a 2 anos)

9
Animal com 1º médio
(3 anos)

Animal com “boca


cheia” – todas as
trocas realizadas
(acima de 5 anos)

Fonte: (Oliveira et al., 2011)

4.4 Maneio Sanitário

4.4.1 Acções profilácticas

Actualmente, não existe um documento oficial que rege as desparasitações e vacinações nos
pequenos ruminantes em Moçambique. Deste modo, na unidade as vacinações e
desparasitações dos caprinos e ovinos seguem um calendário proposto pela própria empresa,
conforme estão descritas nas Tabelas III e IV.

Relativamente ao gado bovino, não seguem nenhum calendário tanto de desparasitação como
de vacinação, estando estas acções ao critério dos proprietários. No entanto, não vai de acordo
com o recomendado pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), que
sugere um calendário de vacinações para as doenças de vacinação obrigatória para bovinos
tais como o Carbúnculo Hemático, Carbúnculo Sintomático, Febre Aftosa, Brucelose e
Dermatose Nodular.

O incumprimento do calendário na farma, pode estar relacionado com a deficiente assistência


veterinária estatal.

Tabela III. Plano de vacinação dos pequenos ruminantes da farma.

Categoria Idade/ Período Vacina

10
(semanas)
Enterotoxemia, Edema maligno, Carbúnculo
sintomático, Tétano e Pasteurelose (Multivax-P®,
Cabritos 6ª e 12ª
MSD Animal Health, RSA) ou (Ovi-Clos P®, Ascendis Animal
Health, RAS) - 2 ml, SC

Língua azul (BT ABC Plus Slow-Release, Serotipo 1, 3, 4,


4ª e 8ª
5, 6, 8, 10, 12, 13, 15 e 19, RAS) - 1 ml, SC
Cordeiros
Clostridioses (Covexin 10®, MSD Animal Health, RAS) - 2
6ª e 12ª
ml, SC

6ª antes da Linfadenite caseosa, Enterotoxemia, Tétano


Cabras
cobrição/parto (Glanvanc 3®, Zoetis, RSA) - 1 ml, SC

6ª antes da Clostridioses (Covexin 10®, MSD Animal Health, RAS) - 2


Ovelhas
cobrição/parto ml, SC

Tabela IV. Calendário de desparasitação dos pequenos ruminantes da farma.

Idade/Período
Categoria Desparasitante
(semana)
Levamisol e Praziquantel

Cabrito/Cordeiro 4ª, 6ª e 8ª (Eradiworm®, Afrivet, RAS)

2 ml/10 kg, Oral

Albendazol e Closantel

Cabrito/cordeiro 12ª (Prodose® Orange, Virbac, RAS)

2 ml/10 kg, Oral

Albendazol e Closantel
6ª antes da cobrição/
Cabra/ovelha (Prodose® Orange, Virbac, RAS)
parto
2 ml/10 kg, Oral

Albendazol e Closantel

Bode/carneiro Agosto e Março (Prodose® Orange, Virbac, RAS)

2 ml/10 kg, Oral


Nota: Como forma de evitar resistência dos parasitas ao medicamento, o Prodose® Orange era por
vezes substituído por Triclorfon (Uni-dose®, MSD Animal Health, RAS).

11
Para o controlo de carraças em pequenos ruminantes, semanalmente era aplicado Flumetrina
(Drastic deadline®, Bayer, RAS), em forma de pour on.

Nas acções profilácticas (vacinação e desparasitação) foram intervencionados 5318 pequenos


ruminantes sendo que 1283 em vacinações e 4035 em desparasitações.

4.4.2 Outras medidas profiláticas

Após o parto, as cabras e ovelhas, no momento da marcação das crias, foram administradas 1
ml de Oxitetraciclina (Hi-tet 120®, MSD, RSA) e 1 ml de Doramectina (Dectomax®, Zoetis,
RAS) por via SC e 2 ml de Oxitetraciclina de longa acção (Reverin LA 230®, MSD) por via
intramuscular (IM), por forma a prevenir doenças transmitidas por carraças.

A via usada para a administração da Oxitetraciclina (Hi-tet 120®, MSD, RSA) não foi de acordo
com o fabricante, que recomenda a via IM ou intravenosa (IV).

4.5 Casos clínicos

Os casos clínicos observados encontram-se resumidos na Tabela V. Para a aproximação


destes, era feito o exame clínico que consistia na resenha, anamnese, exame geral e
específico, colheita de amostras para exames complementares (se necessário), diagnóstico e
por fim tratamento.

Tabela V. Resumo de casos clínicos observados durante o estágio.

Casos clínicos Bovino Caprino Ovino Total


Oestrose 0 27 53 80
Descarga ocular 0 30 20 50
Hemoncose 0 6 3 9
Diarreia 5 39 13 57
Timpanismo 0 3 0 3
Ectima contagioso 0 39 1 40
Infestação por
4 16 4 24
carraças
Feridas 13 7 1 21
Abcessos 1 7 5 13

12
Claudicação 2 3 15 20
Rickettsiose 3 20 9 32
Hepatotoxicidade* 0 15 1 16
Total 28 212 125 365

*Caso de estudo

4.5.1 Oestrose

Durante o estágio ocorreram 80 casos de oestrose, 66.3 % em ovinos e 33.7 % em caprinos.


Os animais apresentavam corrimento nasal e espirros com expulsão da larva. O tratamento
consistiu na administração de Doramectina (Dectomax®, Zoetis, RAS) na dosagem de 1 ml/50
kg de peso vivo (PV), via SC. Os animais tratados melhoraram.

A confirmação do diagnóstico pela visualização da larva e o tratamento com uso de uma


Avertemectina foram de acordo com Urquhart et al. (1996) e Climeni et al. (2008).

4.5.2 Descarga ocular

Ocorreram 50 casos de descarga ocular, 60 % em caprinos e 40 % em ovinos. Estes foram


observados em todas categorias e em todos os currais de caprinos e ovinos, os quais
apresentavam as mucosas ligeiramente avermelhadas. A descarga ocular pode estar
associada a poeira, uma vez que nos currais havia áreas com ausência de vegetação e terreno
seco. Para o tratamento aplicou-se Cloxacilina benzatina directamente nos olhos e os animais
melhoraram em 2 a 3 dias.

4.5.3 Hemoncose

Os casos de Hemoncose na unidade foram observados em cabras e ovelhas. Os animais


apresentavam perda de condição corporal, edema submandibular e anemia. O diagnóstico foi
estabelecido com base nos sinais clínicos. O tratamento consistiu na administração de
Levamisole (Prodose® Red, Virbac, RAS) na dosagem de 3 ml/10 kg de PV, via oral, Complexo
B e estrato de fígado (Kyro B plus Liver®, CapeCross, RAS) na dosagem de 0.5-10 ml, via IM.
Todos os animais melhoraram.

13
O diagnóstico e o tratamento aplicado foram de acordo com o sugerido por Climeni et al.
(2008), onde mencionam que o diagnóstico pode ser feito com base nos sinais clínicos e para o
tratamento, um anti-helmíntico eficaz contra todas as formas de desenvolvimento do parasita.

A B
Figura I. Hemoncose em cabra landim. A. Edema submandibular. B. Mucosa da conjuntiva pálida.

4.5.4 Diarreia

Os casos de diarreia na farma foram mais frequentes em animais jovens e ocorreu nas 3
espécies exploradas. Os animais afectados apresentavam sinais de fraqueza, desidratação,
fezes amareladas e esverdeadas. O factor predisponente associados à ocorrência da diarreia
na farma foi a mistura de animais de diferentes idades no mesmo curral, principalmente em
bovinos. Nos caprinos e ovinos o tratamento consistiu na administração de Doramectina
(Dectomax®, Zoetis, RAS) na dosagem de 1 ml/50 kg PV, via SC e de Oxitetraciclina (Hi-tet
120®, Bayer, RAS) na dosagem de 3 ml/30 kg, via IM. Caso a diarreia persistisse por 3 dias,
era administrado Sulfadimidina (Sulfazine 16%®, Bayer). Este último fármaco também foi
administrado em casos de diarreia amarelada. Todos animais tratados recuperaram.

4.5.5 Timpanismo

Três cabras lactantes, cruzamento de Landim e Boer, retornaram do pasto com o abdómen
distendido para o lado esquerdo, dispneia e dificuldades na locomoção. Após o exame clínico,
concluiu-se que se tratava de timpanismo gasoso, pelo som timpânico produzido pelo rúmen
quando percutido. O tratamento consistiu na perfuração do rúmen com uma agulha de tamanho

14
18G, de modo a reduzir a pressão causada pelo gás. De seguida administrou-se uma mistura
de carvão activado e bicarbonato de sódio por via oral. Apenas uma cabra sobreviveu.

O tratamento instituído foi semelhante ao descrito por Pagani (2008), em que menciona o uso
de trocânter ou cânula para perfurar o rúmen e promover a saída do gás e também o uso de
bicarbonato de sódio para promover a salivação.

4.5.6 Ectima contagioso

Os casos de ectima contagioso na farma, foram mais frequentes no curral que alojava cabritos
e cordeiros de 1-4 semanas de idade e suas matrizes. Os animais afectados apresentaram os
seguintes sinais: crostas espessas na comissura labial, região perinasal (Figura II), orelhas,
região inguinal e membros. Algumas matrizes apresentaram lesões crostosas nos tetos. Na
inspecção da cavidade oral alguns animais apresentaram vesículas e pústulas na língua e
gengiva, o que dificultava a toma do alimento, levando a casos de óbito. Tratamentos tópicos
com uma mistura de parafina líquida e povidato de iodo (Povidone®, Swavet, RAS) foram
administrados nos animais.

Para o diagnóstico definito desta condição, além dos sinais clínicos, colheu-se amostra da
língua de um cabrito que morreu, por não conseguir se alimentar devido as lesões na cavidade
oral. A amostra foi processada no Laboratório de Patologia da FAVET, onde se obteve o
resultado de Glossite necrótica compatível com lesões de Ectima Contagioso, o que vai em
concordância com Riet-Correa et al. (2011).

Figura II. Cabrito com lesões crostosas na região perinasal (círculo).

15
4.5.7 Infestação por carraças

Nos casos de infestação por carraças, o tratamento consistiu na remoção manual das carraças
para um frasco contendo sais de espírito. Nas orelhas, as carraças eram removidas com o
auxílio de uma pinça de disseção e fazia-se uma aplicação tópica de Clorfenvinfos (Tick
grease, Swavet, RSA) no pavilhão auricular. No corpo do animal aplicou-se Diazion (Dazzle
NF®, Bayer, RAS) diluída na proporção de 1:300.

Como forma de prevenção de doenças transmitidas por carraças era também administrada
Oxitertraciclina (Hi-tet 120®, Bayer, RAS) na dosagem de 3 ml/30 kg, IM.

4.5.8 Feridas

Foram observados 21 casos de ferida em animais de todas as idades e sexos, porém em


bovinos era frequente em animais jovens. Estas estavam associadas a cornadas, picadas de
carraças e abcessos mal drenados. As regiões afectadas foram: a vulva, glândula mamária,
prepúcio e barbela. O tratamento consistiu na lavagem com Diazinon (Dazzle NF®, Bayer,
RAS) remoção de debris e miíase (caso presentes), desinfecção com uma mistura 1:1 de
povidato de iodo (Povidone®, Swavet, RAS) e parafina líquida e aplicação de um cicatrizante a
base de Oxitetraciclina e Violeta de genciana (Necrospray NF®, Bayer, RAS). O procedimento
era repetido diariamente até a cicatrização da ferida.

4.5.9 Abcessos

Treze casos de abcessos foram observados em animais de diferentes idades, porém com mais
frequência em animais adultos. Estes ocorreram na região dos cascos, mandíbula, úbere e
pescoço. Para seu diagnóstico palpava-se a tumefação de modo a verificar a flutuação do
conteúdo, seguida de desinfecção do local e posterior punção com uma agulha e seringa para
a aspiração do conteúdo.

Após confirmada a presença de pus, fazia-se tricotomia, incisão com lâmina de bisturi e
drenagem do conteúdo, seguida de lavagem com Cetrimida e Clorexidina (Savlon, Johnnson-
Johnnson, RAS) diluída com água. Por fim, aplicava-se um cicatrizante composto por
Oxitetraciclina e Violeta de genciana (Necrospray NF®, Bayer, RAS). A lavagem e desifecção
eram repetidas diariamente até a cicatrização.

16
4.5.10 Claudicação

Foram observados 20 casos de claudicação frequentemente em animais adultos, associadas


as lutas, feridas nos membros e picos nos cascos. Para o tratamento retirava-se a causa ou
tratava-se a ferida como no ponto 3.5.9.

4.5.11 Erliquiose

Foram observados 32 casos de suspeita de Erliquiose nas três espécies. Os animais


apresentavam um quadro inicial caracterizado por isolamento da manada, febre (temperatura
rectal média de 40ºC) e falta de apetite. Estes progrediam para sinais nervosos como
incoordenação motora, hiperexcitabilidade, protusão da língua, opistótono e movimentos de
pedalar, culimando em morte. A suspeita foi com base nos sinais clínicos e presença do vector,
carraça do género Amblyoma. O tratamento consistiu na administração de Oxitetraciclina (Hi-tet
120®, Bayer, RAS) na dosagem de 2 ml/30 kg PV, via IV e de Flunixin meglumina (Finadyne®,
MSD, RAS) na dose de 2.2 mg/kg PV, via IM durante 3 dias. No terceiro dia do tratamento
administrava-se Oxitetraciclina de longa acção (Reverin LA 230®, MSD) na dosagem de 1
ml/10 kg PV, via IM.

Os sinais clínicos observados estão de acordo com os descritos por Rovid-Spicker (2005), o
qual refere que sinais nervosos nem sempre são evidentes, aparecendo geralmente na fase
terminal. O tratamento instituído é o recomendado por Urquhart et al. (1996).

17
PARTE 2. CASO DE ESTUDO

5 HEPATOTOXICIDADE COM REACÇÕES DE FOTOSSENSIBILIDADE EM


PEQUENOS RUMINANTES

5.1 Descrição e caracterização de Hepatotoxicidade

Hepatotoxicidade refere-se à disfunção ou dano hepático associado a uma substância tóxica.


Os hepatotóxicos são compostos exógenos que podem ser de origem orgânica como plantas,
fungos, bactérias, vírus ou produtos químicos (Blood et al., 1983; Singh et al., 2011).

As doenças hepatotóxicas em animais de produção são divididas em intoxicações associadas e


não associadas a reacções de fotossensibilidade (Kellerman et al., 1988).

Fotossensilidade é uma reacção anormal da pele quando esta é exposta à radiação ultravioleta
(UV), no decurso da presença de um agente fotodinâmico na pele. Os agentes fotodinâmicos
absorvem a luz UV num comprimento de onda de 320 a 400 nm, tornam-se activos e
transmitem a energia para as células adjacentes, resultando em lesão celular. A exposição ao
agente de qualquer tipo pode ser sistémica (quando atinge a pele pela circulação sanguínea)
ou por contacto (Radostits et al., 2006; Smith, 2009).

A fotossensibilidade pode ter origem primária ou secundária (hepática), ou causada pela


síntese pigmentar aberrante (porfiria congénita dos bovinos) (Pacheco, 2014). Na
fotossensibilidade primária, o agente fotodinâmico é absorvido no tracto gastrointestinal e
atinge a circulação periférica através do fígado. Estes agentes podem ser a fagopirina do
Fagopurum esculentum e a hipericina da Hypericum perforatum. A fotossensibilidade
secundária ou hepática ocorre quando há acúmulo de produtos metabólicos normais
(filoeritrina) nos tecidos, devido a uma lesão hepática (Radostits et al., 2006).

A fotossensibilidade primária raramente é reportada, sendo a hepática a de maior importância


económica (Kellerman et al., 1988). O impacto negativo provocado pela hepatotoxicidade com
reacções de fotossensibilidade é relevante aos produtores em todo o mundo, uma vez que
atinge diferentes espécies como os bovinos (Jesse e Ramanoon, 2012), ovinos (Albernaz et
al., 2010; Pacheco, 2014), caprinos (Lemos et al., 1998), equinos (Barbosa et al., 2006) e
bubalinos (Riet-Correia et al., 2011) causando morte de animais, baixo índice reprodutivo
(abortos, malformações e infertilidade), baixa produtividade nos animais sobreviventes e
aumento da susceptibilidade a outras doenças. Esta doença também está associada a altos

18
custos relacionados ao controlo dos agentes tóxicos, diagnóstico, tratamento e substituição dos
animais (Riet-Correa e Medeiros 2001).

5.1.1 Etiologia e Epidemiologia

A ocorrência de hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade tem sido mencionada em


diversos países e atribuída a plantas hepatotóxicas. As toxinas de algas do gênero Microcystis
e a saponinas presentes em plantas como Panicum spp., Tribulus terrestris, Brachiaria spp.
entre outras, que quando ingeridas podem levar à deposição de material cristaloide nos ductos
biliares, células de Kupffer e parênquima hepático (Kellerman et al., 1988; Rowe, 1989; Holland
et al., 1991; Kelly, 1993; Miles et al., 1993; Tapia et al., 1994; Lemos et al., 1998). As
micotoxicoses, causada pela esporidesmina produzida pelo fungo Pithomyces chartarum, e
lupinose, causadas pelas micotoxinas phomopsin A e B, produzidas por Phomopsis
leptostromiformis, que parasita Lupinus spp. são, também outras causas conhecidas de
enfermidade hepática associadas à fotossensibilidade (Kellerman et al., 1988; Rowe, 1989).

As espécies frequentemente afectadas são os ovinos e bovinos e, menos frequente em


caprinos e equinos (Chen et al., 2019), sendo os animais jovens mais susceptíveis que os
adultos (Riet-Correa e Méndez, 2007). A mortalidade e morbilidade variam consoante o agente
etiológico e o nível de exposição ao agente (Chen et al., 2019).

5.1.2 Patogenia

A degradação da clorofila nos pré-estômagos pela acção dos microrganismos resultada na


filoeritrina (pigmento fluorescente). Esta é absorvida pela mucosa intestinal, sofre conjugação
no fígado e eliminada na bile. Quando há lesão hepática, a filoeritrina pode não ser
metabolizada e passa à circulação sanguínea, alcançando a pele (Radostits et al., 2006). Em
contacto com a luz solar, nas partes não pigmentadas do corpo, a filoeritrina reage com os
raios UV e forma radicais livres de oxigénio no citoplasma da célula, os quais causam ruptura
de mitocôndrias e lisossomas, desgranulação de mastócitos cutâneos e degradação dos
fosfolípidos da membrana, proteínas e ácidos nucleicos, resultando em processo inflamatório
(Kellerman et al., 1988; Tokarnia et al, 2000; Santos et al., 2008). O acúmulo de filoeritrina na
corrente sanguínea, pode levar a um quadro de encefalopatia hepática (Santos et al., 2008).

19
5.1.3 Sinais clínicos

Os sinais iniciam-se por eritema, seguido de edema e por fim, ocorre necrose da pele e
gangrena seca (Tokarina et al., 2000). Outros sinais observados incluem: apatia, mucosa
ictérica, hepatomegalia, emaciação, diminuição de apetite e da actividade ruminal, sialorreia e
dificuldades locomotoras (Tokarnia et al., 2000; Barbosa et al., 2006). A taquipneia, cianose,
inquietação e fezes com sangue também foram reportados (Bonel-Raposo et al., 2008). Há
relatos de casos caracterizados por depressão, ausência de icterícia, hiperemia das mucosas,
edema facial e de orelhas, culminando com morte rápida (Santos et al., 2008).

5.1.4 Diagnóstico

O diagnóstico de intoxicação raramente resulta de uma única evidência, devendo ser


considerados um conjunto de elementos como achados históricos, clínicos e patológicos
(Smith, 2009). Para diagnóstico de hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade
informações sobre o maneio geral dos animais é importante, para o rastreamento da exposição
ao possível agente etiológico (Smith, 2009). Os exames complementares para o diagnóstico
incluem análise hematológicas, provas bioquímicas e toxicológicas.

As provas bioquímicas, são importantes pois permitem averiguar o nível de comprometimento


do parênquima hepático, através dos níveis séricos de enzimas como: Gama
Glutamiltrasferase (GGT), Bilirrubina Total (BT), Fosfatase alcalina (FA), Aspartato
Aminotrasferase (AST) e Alanina Aminotrasferase (ALT) (Pereira, 2000; Barrington, 2019).
Podem ser colhidas amostras de sangue, soro, urina, fluídos corporais e conteúdo ruminal.
Deve-se realizar a necropsia e colheita de amostras para exames histopatológicos (Pereira,
2000).

5.1.5 Diagnóstico diferencial

O diagnóstico de hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade depende da distribuição


das lesões. Esta pode ser facilmente confundida por outras dermatites, se não for tomada
atenção nas lesões somente nas áreas despigmentadas e sem pêlos (Radostitis et al., 2006).
Pode-se confundir com outras patologias de origem infecciosa como:
 Edema maligno, diferenciado por apresentar de febre e edema hemorrágico subcutâneo
(Quevedo, 2015).

20
 Língua azul, diferencia-se pela presença de úlceras e erosões na cavidade bocal, além
de ausência de icterícia (Martins et al., 2009).
 Fotossensibilidade primária, diferencia-se pela ausência de lesões no fígado (Kellerman
et al. (1988).

5.1.6 Tratamento

É importante retirar os animais da exposição aos raios solares (Stannard,1994). O tratamento


sintomático consiste aplicação de protectores hepáticos, anti-histamínicos e anti-inflamatórios
não esteroidais e corticosteroides, nas lesões de pele podem ser usadas pomadas
antissépticas e cicatrizantes. De forma a prevenir uma septicémia, o tratamento profilático com
administração de antibióticos pode ajudar em alguns casos. Estes tratamentos são eficientes
na recuperação dos animais doentes, desde que o diagnóstico seja precoce (Blood e Radostits,
1991; Radostitis et al., 2006)

5.2 Relato de Caso

No decurso do estágio, verificou-se num dos currais de caprinos e ovinos, animais com
sintomatologia, que por meio de exclusão, levaram a suspeita de Hepatotoxicidade com
reacções de fotossensibilidade. Embora tenham ocorrido mortes de animais com sintomas
similares na farma, nunca havia sido realizada alguma pesquisa clínica para o diagnóstico
definitivo, daí o interesse em descrever as alterações clínicas e anatomopatológicas com vista
a determinar a causa da morte dos animais.

5.2.1 História

Na farma, no período chuvoso (Outubro a Dezembro) de 2019, 16 animais, caprinos,


cruzamento de Boer e Landim e ovino Landim, de um lote de 487 animais (caprinos e ovinos)
machos inteiros, idade entre 4-24 meses, boa condição corporal, coloração castanha e branca
típica da raça Boer e preto e branco para o ovino, destinados ao abate, apresentavam
tumefação da face, orelhas e pálpebras. Os primeiros casos surgiram antes da primeira queda
de precipitação da época (Outubro). Os caprinos morreram 3-5 dias e o ovino aos 9 dias após a
observação dos sinais. Dois caprinos sobreviveram e apresentaram crostas nas orelhas,
pescoço, membros anteriores e região anal (Figura VI [B]). Os animais doentes foram tratados
paliativamente, com Oxitetracilina, Flunixin meglumina, complexo B e estrato de fígado,

21
maleato de clorfeniramina e carvão activado, com execepção dos 2 casos de sobrevivência,
onde o Flunixin meglumina foi substituído pela Dexametasona.

Os animais do lote em causa tinham sido vacinados com Multivax P (toxóides de formol
purificados de Clostridium perfringens tipo D, Clostridium septicum, Clostridium tetani, cultura
mortas, purificadas, em formalina de Clostridium chauvoei e solução salina tampão dos
serotipos A e T de Mannheimia (Pasteurella) haemolytica, MSD, RAS) para os caprinos e
Língua azul (BT ABC Plus Slow-Release, Serotipo 1, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13, 15 e 19, RAS)
para os ovinos. Os animais, haviam também recebidos desparasitante com uma suspensão de
Albendazole e Closantel (Prodose® Orange, Virbac, RAS), Levamisole e Praziquantel
(Eradiworm®, Afrivet, RAS) e aplicados Fumetrina (Drastic deadline®, Bayer, RAS), em forma
de pour on semanalmente para o controlo de carraças.

5.2.2 Exame geral

No início da doença os animais afectados afastavam-se do rebanho, mostravam-se apáticos,


apresentavam tumefação nas orelhas, pálpebras, face (Figura III) e dificuldade na apreensão
dos alimentos. Os sinais evoluíram para sonolência, fotofobia e inquetação.

Figura III. Caprino, cruzamento de Boer e Landim, de um ano e meio de idade com tumefação na face,
pálpebras e orelhas.

Conduziu-se também uma investigação ao local de pastagem dos animais daquele lote, sob
suspeita de possível presença de planta tóxica.

5.2.3 Exame físico

Ao exame físico, os animais afectados apresentavam valores de temperatura rectal que variou
de 38,8-39,5ºC, com excepção de um caso de um caprino com 41ºC. As mucosas da

22
conjuntiva e oral estavam ictéricas (Figura IV), e alguns animais apresentavam linfonodos pré-
escapular e pré-crural ligeiramente aumentados de tamanho.

Figura IV. Borrego Landim com icterícia na mucosa da conjuntiva.

5.2.4 Exame específico

Ao se examinar a pele dos animais, verificou-se um aumento de sensibilidade ao toque na face


e através do sinal de Godet positivo, evidenciou-se o edema na face, pálpebras e orelhas. Este
edema estendeu-se para a região do peito, membros e em alguns casos até ao prepúcio. Em
um caprino verificou-se também língua edematosa e timpanismo e, outro língua necrótica
(Figura V).

A B

Figura V. Caprino jovem. A. Necrose na face dorsal da língua (seta branca). B. Lesões crostosas e
espessamento da nele na cauda e região perianal.

23
5.2.5 Exames complementares

Foram colhidas amostras de sangue inteiro e de soro de 7 dos animais afectados (6 caprinos e
1 ovino) e 6 caprinos sem sinais clínicos, do mesmo lote. As amostras de sangue inteiro foram
enviadas para o laboratório de Medicina Interna da FAVET, para análises hematológicas. As
amostras de soro, foram enviadas para o Laboratório de Análises Clínicas (LAC), onde
verificou-se os níveis séricos de AST, ALT e GGT.

Colheu-se uma amostra da ração e esta foi enviada para o Laboratório de Microbiologia da
FAVET, sob suspeita de contaminação por Aspergilus, onde fez-se a cultura em Agar Sangue.

Foram realizadas 4 necropsias pela técnica de Ghon descrita por Feitosa (2004), em 3 caprinos
e 1 ovino, onde colheu-se amostras dos órgãos afectados e fixou-se em formalina a 10%. As
amostras foram processadas no laboratório de Patologia da FAVET, embebidas em parafina,
seccionadas na espessura de 5 μm e coradas com Hematoxilina e Eosina (HE) (Michalany,
1990).

24
5.2.6 Resultados

Inspecção ao local de pastagem

O local de pastagem apresentou escassez de pasto e áreas vastas com resíduo de queimadas.
Nenhuma planta com potencial hepatotóxico foi identificada.

Exame hematológico

Não foi possível realizar os exames hematológicos, pois a máquina não estava operacional.

Exames bioquímicos

Os animais doentes apresentaram aumento dos níveis séricos das enzimas AST, ALT e GGT,
com execepção do caprino 2, que apresentou AST abaixo dos valores de referência (Tabela
X).

Tabela VI. Resultado de exames bioquímicos dos animais doentes.

AST ALT GGT


Caprino
(58-196 U/L) (6-19 U/L) (34-65 U/L)*

1 121 120 260


2 40 115 105
3 438 50 656
4 536 53 400
5 254 34 509
*Fonte: Coles, (1986).

Nos animais sem sinais clínicos, os exames bioquímicos demonstraram aumento dos níveis
séricos de ALT e GGT. Os caprinos 2 e 4 apresentaram níveis de AST normais e os restantes
estavam abaixo dos valores de referência (Tabela XI).

25
Tabela VII. Resultado dos exames bioquímicos dos animais sem sinais clínicos.

AST ALT GGT


Caprino
(58-196 U/L) (6-19 U/L) (34-65 U/L)*

1 30 141 68
2 131 41 64
3 34 103 117
4 126 51 84
5 30 98 90
6 55 149 68
*Fonte: Coles, 1986.

Exame de ração

No exame da ração foi detectado Aspergillus fumigatum.

Exame post-mortem e histopatologia

As lesões macroscópicas (Figura VI) caracterizaram-se por: edema na face, orelhas e


membros anteriores; icterícia generalizada; fígado com coloração escura ou alaranjado,
aumentado de tamanho, de consistência firme ao corte e bordas arredondadas. A vesícula
biliar estava aumentada de tamanho e apresentava conteúdo espesso e escuro. Os intestinos
apresentavam coloração avermelhada (congestão) e baço aumentado de tamanho. Os rins
estavam congestionas e com pélvis renal amarelada. Havia líquido amarelado gelatinoso no
tecido subcutâneo e saco pericárdico. Em 2 caprinos observou-se ainda pulmão edemaciado e
congestionado.

26
A B

C D E
Figura VI. Lesões macroscópicas dos caprinos e ovino. A. Icterícia generalizada. B. Fígado de coloração
alaranjado, bordas arredondadas e vesícula biliar aumentada de tamanho. C. Rim congestionado com
pélvis renal de cor amarelada. D. Líquido amarelado gelatinoso no tecido subcutâneo. E. Pulmão
edemaciado e congestionado.

As lesões histológicas (Figura VII) observadas no fígado caracterizaram-se por


desorganização e congestão difusa dos sinusoides, degenerescência hepatocelular,
hepatócitos tumefeitos e vacuolizados distribuídos de forma multifocal, focos de áreas de
necrose e infiltrado inflamatório, principalmente mononuclear. No ovino, além das alterações
hepáticas descritas, observou-se área multifocais com bilirrubina. O baço apresentou
congestão difusa e nos rins observou-se glomérulos com espaço de Bowman aumentado,
degenerescência e necrose do epitélio tubular e tufo glomerular. O pulmão apresentou espaços
alveolares com substância eosinofílica (edema) e infiltrado inflamatório polimorfonuclear
(neutrófilos) nos bronquíolos. Na orelha observou-se espaçamento entre as fibras do tecido
subcutâneo (edema).

27
A B

C D
Figura VII. Lesões microscópicas. A. Fígado. Vacuolização citoplasmática multifocal dos hepatócitos,
degenerescência e necrose hepatocelular e presença de bilirrubina (seta). HE. 20x. B. Rins.
Degenerescência e necrose tubular e do tufo glomerular (setas). HE. 20x. C. Orelhas. Espaçamento
entre as fibras do tecido subcutâneo (edema) HE. 4x. D. Pulmão. Substância eosinofílica nos espaços
alveolares (setas). HE. 10x.

28
6 DISCUSSÃO

A empresa K & T Investimentos, Lda possui 473 bovinos e 3167 pequenos ruminantes. No
período de Outubro a Dezembro de 2019, 16 animais de um lote de 487 caprinos e ovinos,
manifestaram sinais clínicos caracterizados por edema na face, pálpebras e orelhas. Embora
estes sinais também estejam presentes no Edema maligno, Língua azul e Fotossensibilidade,
estabeleceu-se um diagnóstico presuntivo de Hepatotoxicidade com reacções de
fotossensibilidade pela presença de icterícia.

O surto ocorreu na época chuvosa, antes da primeira queda de precipitação, após um longo
período de seca, escassez de pasto, além de ocorrência anterior de queimadas. Estes factores
também foram descritos por Riet-Correa et al. (2007), como estando associados a ocorrência
de casos de intoxicação por plantas hepatotóxicas.

A idade dos animais afectados corrobora com o descrito por Riet-Correa e Méndez (2007), que
mencionam os animais jovens como os mais suceptíveis que os adultos.

Nem todos os ruminantes do rebanho são igualmente afectados, quando expostos a um agente
hepatotóxico, uma vez que a manifestação clínica depende da resistência ou susceptibilidade
das espécies e indivíduos dentro do rebanho (Gracindo et al., 2014; Hussain et al., 2018; Chen
et al., 2019). considerações poderiam explicar por que nem todos os animais do lote terem sido
afectados.

Os sinais clínicos observados neste estudo foram semelhantes aos descritos Radostits et al.
(2006); Kim et al. (2009), Albernaz et al. (2010), Underwood et al. (2015) em ruminantes com
Hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade. No entanto não foram observadas
alterações oculares, como corrimento ocular e cegueira como descritos por Motta et al. (2000)
em surtos de hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade em bovinos de etiologia não
determinada. Este reportou ainda a ocorrência de lesões ulcerativas na face ventral da língua,
contrariamente ao presente caso em que 2 animais apresentaram necrose na face dorsal da
língua e língua edematosa.

A distribuição das lesões cutâneas dos animais observados estão de acordo com as descritas
por Kellerman et al. (1988), Radostits et al. (2006) e Riet-Correa et al. (2007) os quais referem
que a dermatite é observada em áreas mais claras ou com poucos pêlos.

A evolução do edema subcutâneo para crostas (dermatite ulcerativa), após 4 a 5 dias, como
observado nos 2 casos de caprinos sobreviventes são consistentes com as alterações de

29
Hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade descritas por Radostitis et al. (2006),
Smith (2009) e Shergold (2015).

O aumento dos níveis séricos de GGT e AST dos animais do estudo, também descritos por
Albernaz et al. (2010) e Montoya-Ménez et al. (2019) em casos de Hepatotoxicidade com
reacções de fotossensibilidade, apoiam o diagnóstico presuntivo, uma vez que o aumento
dessas enzimas na circulação sanguínea é indicador de lesão hepática e biliar. Embora a ALT
tenha pouco valor diagnóstico em lesões hepáticas nos ruminantes, é um bom indicador de
lesões nos rins (Scheffer e González, 2006).

As alterações observadas na necropsia corroboram com as relatadas por Motta et al. (2000),
Albernaz et al. (2010), Cordeiro (2013), Moreira et al. (2018), Montoya-Ménez et al. (2019). No
entanto, a coloração verde amarelada e verde acastanhada nos rins descrita pelos dois últimos
autores não foram observadas. Embora a coloração alaranjada do fígado do ovino no presente
caso também tenha sido descrita pelos autores, anteriormente mencionados, nos caprinos do
presente estudo o fígado apresentou uma coloração escura, facto este que pode ser justificado
pela congestão observada nos sinusoides.

As lesões histológicas no fígado e nos rins foram semelhantes as descritas por Kellerman et al.
(1988) e Blood e Radostitis, (1991), caracterizadas por tumefação e vacuolização dos
hepatócitos, degenerescência e necrose hepatocelular e nos rins ligeiro infiltrado inflamatório
polimorfonuclear, degenerescência e necrose do epitélio tubular. No entanto, Motta et al. (2000)
e Moreira et al. (2018) para além das lesões acima mencionadas, também observaram
colestase, alteração esta observada somente no ovino do presente estudo. A não observância
da colestase nos outros casos provavelmente deveu-se ao facto de os caprinos avaliados
terem apresentado um curso agudo, não havendo tempo suficiente para se evidenciar a lesão,
associado ao facto de não se ter usado coloração específica para a visualização da bilirrubina.

O pulmão apresentou espaços alveolares com substância eosinofílica (edema) e infiltrado


inflamatório polimorfonuclear (neutrófilos) nos bronquíolos. Estas lesões provavelmente estão
associadas a infecções secundárias.

Em seus estudos Albernaz et al. (2010) e Moreira et al. (2018) associaram a hepatotoxicidade à
ingestão de Brachiaria brizantha e B. decumbens, respectivamente; do mesmo modo, Shergold
(2015), associou a presença de esporos de Pithomyces chartarum. Embora a investigação ao
pasto não tenha evidenciado nenhuma planta com potencial hepatotóxico e não se tenha
colhido amostra do pasto para o isolamento de fungos, os sinais clínicos, os achados

30
bioquímicos, bem como os macroscópicos e microscópicos no fígado, rins e pele foram a base
para o diagnóstico presuntivo de Hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade.

31
7 CONCLUSÃO

O estágio permitiu não só aplicar os conhecimentos aprendidos durante o curso como


desenvolver novas competências técnicas relacionadas ao maneio de bovinos, caprinos e
ovinos, especialmente as duas últimas espécies.

Ao desenvolver o caso de estudo, contribui-se com mais dados para entendimento da


patogenia e impactos da Hepatotoxicidade com reacções de fotossensibilidade na produção de
pequenos ruminantes.

32
8 RECOMENDAÇÕES

Para K & T Investimentos, Lda:

 Desenhar um plano de desparasitação para bovinos;

 Implementar o plano de vacinação obrigatória para bovinos vigente em Moçambique;

Para os investigadores

 Desenvolver um estudo detalhado da composição botânica das áreas de pastagem.

 Investigar a ocorrência de fungos nas pastagens.

 Realizar o estudo de forma mais detalhada.

33
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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