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1ª AVALIAÇÃO DIREITO ADMINISTRATIVO

Pergunta 1
0 / 2,5 pts
Assista ao vídeo a seguir sobre Sistemas de Controle da Administração
Pública.
Marque a opção que corresponde a uma alternativa INCORRETA:

O controle da Administração Pública tem dois pilares de sustentação: o


principio da legalidade e o que se poderia chamar de princípio das
políticas administrativas que impõe o planejamento administrativo
financeiro no exercício da função administrativa. Nesse sentido, pode-se
dizer que são elementos básicos do controle: a fiscalização, poder de
verificação da legalidade da atividade dos órgãos e agentes
administrativos e das finalidades públicas que devem cumprir; e a
revisão, ou seja, poder de corrigir condutas administrativas.

O controle político objetiva preservar e manter em equilíbrio as


instituições democráticas. Por isso, é exercido entre os poderes estatais
com fundamento da teoria da separação de poderes. Seu principal
fundamento é o art. 2º da Constituição de 1988 que dispõe: são
poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.
Você respondeu

O controle da Administração Pública é indispensável à execução das


atividades administrativas do Estado. Por tanto, não pode ser recusado
por nenhum órgão administrativo, sendo considerado pelo Decreto-lei
200/1967 um princípio fundamental da Administração Pública ao lado
do planejamentos a coordenação, da descentralização e da
delegação de competência.
Resposta correta

O controle administrativo é direcionado às instituições administrativas.


Logo, refere-se ao exercício da função executiva. Não obstante, é
conhecida a prática de alguns governantes de tentar transferir as
irregularidades de sua responsabilidade para os seus sucessores,
buscando eximir-se de eventual punição. Para esse controle não é lícito
imputar ilegalidades precedentes aos governantes sucessores, pois não
se pode penalizar quem não foi responsável diretamente pelos fatos
(princípio da intranscendência subjetiva de sanções).

Pergunta 2
2,5 / 2,5 pts
Julgue a seguinte situação hipotética;
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: No ano de 2011, o Estado do Espírito Santo firmou
um acordo cujo objeto visava a “construção de escolas técnicas
estaduais nos municípios de Baixo Guandú, Viana e Iúna”. Durante a
execução do convênio, foram realizadas auditorias em que se
constatou “a ausência de designação formal dos fiscais dos contratos,
ausência de segregação de funções, ausência de diários de obras e
boletins de controle tecnológico do concreto". O governo estadual foi
notificado a tomar providências, o que ensejou a abertura de
sindicância para apurar as irregularidades na construção das escolas
profissionalizantes. O processo administrativo incluiu o nome do estado
nos cadastros de inadimplentes. Segundo o governo capixaba, a
atitude traduz-se em “restrição abusiva que contraria iterativa
jurisprudência do STF, que só autoriza a inscrição no SIAFI/CAUC após
decisão final tomada de contas especial tramitada no TCU e, quando
se tratar de convênio firmado pela gestão anterior, quando a atual
gestão restar inerte”.
A manutenção do estado nos cadastros de devedores da União pode,
em tese, inviabilizar qualquer tentativa posterior de solução das
dificuldades financeiras. Com tal entendimento, a Justiça determinou a
exclusão das inscrições do estado do Espírito Santo e da administração
direta vinculada ao Poder Executivo de qualquer sistema de restrição
ao crédito utilizado pela União, no que exclusivamente tenha
vinculação entre a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e o
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Trata-se de caso típico de revisão, um dos elementos básicos do


controle da Administração Pública.

Trata-se de controle de mérito, pois, por seu exercício, afere-se se uma


conduta anterior merece prosseguir ou se deve ser revista.
Correto!

A situação descreve um caso considerado atípico de controle


administrativo, que é exercido pelo Poder Judiciário não para
estabelecer equilíbrio entre poderes, mas para reestabelecer os limites
da legalidade da própria atividade de controle interno da
Administração Pública.

A situação descreve exemplo de controle político exercido pelo


Judiciário sobre ato praticado pelo Poder Executivo no exercício de
poder discricionário, qual seja, a decisão sobre construção de escolas
públicas.
A situação descreve caso em que o controle administrativo confunde-
se com o controle político na medida em que representa tentativa ilícita
de imputar ilegalidades precedentes aos governantes sucessores
exercida no âmbito de processo administrativo sancionatório. Ela
representa ainda controle judicial no âmbito de aplicação do princípio
da instranscendência subjetiva de sanções, consagrado pelo STF, que
inibe a aplicação de severas sanções às administrações por ato de
gestão anterior à assunção dos deveres públicos. Sobre o tema ver
Informativo 791/2015 e ACO 3.234.

Pergunta 3
0 / 2,5 pts
Assista ao vídeo a seguir sobre mandado de segurança.
Marque a opção CORRETA:

Autores administrativistas como José dos Santos Carvalho Filho têm


sustentado o entendimento de que o controle judicial sobre atos da
administração pública seria exclusivamente judicial, sendo vedado ao
Poder Judiciário examinar o chamado mérito administrativo. Todavia,
não se pode desconsiderar que em alguns casos o controle judicial é
exercido sobre o mérito administrativo. Por exemplo, em situações em
que há judicialização de políticas públicas de saúde para garantia do
direito líquido e certo à vida.
Resposta correta

A possibilidade de impetração de mandado de segurança para


garantia de direito líquido e certo por ato praticado pela Administração
Pública, em um sistema de jurisdição una como o brasileiro, pode ser
considerada espécie de controle externo da Administração Pública de
natureza social.
Você respondeu
O mandado de segurança é exemplo de meio específico de controle
judicial decorrente da natureza não contenciosa dos atos praticados
pela Administração Pública brasileira, cujo principal fundamento é o art.
5º, XXXV, da Constituição de 1988: a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

O controle judicial pode ser definido como o poder de fiscalização que


os órgãos do Poder Judiciário exercem sobre os atos administrativos do
Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário. Em regra, é uma
espécie de controle posterior. Segundo o art. 5º, LXXVIII, da Constituição
de 1988 o controle judicial deve sujeitar-se ao princípio da eficiência,
sendo assegurado a todos a duração aceitável e tramitação célere dos
processos, por que somente assim será resguardado o principio do
acesso à justiça contemplado no art. 5º, XXXV, da Constituição 1988.
Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito;

Pergunta 4
2,5 / 2,5 pts
A hierarquia orgânica corresponde ao sistema organizacional da
Administração Púbica que encerra a existência de escalonamento
composto de vário patamares, formando o que se denomina
normalmente de via administrativa. Essa hierarquia é considerada, por
alguns, um dos poderes da administração que permite a disposição de
funções administrativa e distribuição de órgãos públicos. Todavia, há
quem entenda tratara-se de meio de controle pois, por ela, exerce-se o
poder fiscalizatório e revisional sobre os agentes de menor grau.
Correto!

Verdadeiro

Apesar de usualmente ser considerado um poder (o poder hierárquico), a


hierarquia orgânica pode ser vista também como meio de controle, pois
decorre de manifestação da atividade de organização que repercute sobre a
atividade de controle da Administração Pública.
Falso

Pergunta 5
2,5 / 2,5 pts
Julgue a afirmativa a seguir.
A anulação de um ato do Poder Executivo por decisão judicial é um
exemplo de controle externo mesmo quando o ato anulado é
uma sentença judicial
Correto!

Verdadeiro

Falso

Como o Judiciário somente atua se provocado, o controle


administrativo que ele exerce tem natureza externa.

Pergunta 6
2,5 / 2,5 pts
Analise a afirmativa a seguir.
A administração pode __________ seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ________, porque deles não se originam direitos; ou
________, por motivo de _________________________, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Marque a opção que melhor completa as lacunas.

revogar, ilegais, anular, conveniência e oportunidade

Correto!

anular, ilegais, revogar, conveniência e oportunidade

Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
Pergunta 7
0 / 2,5 pts
Assista ao vídeo a seguir sobre o poder de autotutela.
Julgue a seguinte afirmativa:
O controle de mérito administrativo é manifestação do poder de
autotutela da Administração Pública. Ele é exercido por meio de
atos administrativos de confirmação de conduta (aprovação,
confirmação, etc.), quando esta (a conduta) não precisa ser revista.

Resposta correta

Verdadeiro

Você respondeu

Falso

Pergunta 8
2,5 / 2,5 pts
O Min. Joaquim Barbosa, por ocasião do julgamento do MS 24.631,
explicitou que a doutrina francesa classifica os pareceres no que tange
às repercussões de natureza jurídico-administrativa. São três as
categorias possíveis: facultativo, vinculante e obrigatório, litteris:
“CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO. AUDITORIA
PELO TCU. RESPONSABILIDADE DE PROCURADOR DE AUTARQUIA POR
EMISSÃO DE PARECER TÉCNICO-JURÍDICO DE NATUREZA OPINATIVA.
SEGURANÇA DEFERIDA. I. Repercussões da natureza jurídico-
administrativa do parecer jurídico: (i) quando a consulta é facultativa, a
autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder
de decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo; (ii)
quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula
a emitir o ato tal como submetido à consultoria, com parecer favorável
ou contrário, e se pretender praticar ato de forma diversa
da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer; (iii)
quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer
vinculante, essa manifestação de teor jurídica deixa de ser meramente
opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos termos da
conclusão do parecer ou, então, não decidir. (...) III. Controle externo: É
lícito concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista à luz de
uma alargada relação de causalidade entre seu parecer e o ato
administrativo do qual tenha resultado dano ao erário. Salvo
demonstração de culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias
administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a
responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer
de natureza meramente opinativa. Mandado de segurança
deferido.” (MS 24631, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, julgado
em 09.08.2007, DJe 01.02.2008 – grifos nossos)
Julgue a afirmativa a seguir:
Dentre as atribuições da função, o advogado público emite pareceres
jurídicos ao administrador. Trata-se de uma forma de controle interno de
legalidade dos atos administrativos, em que assessora o administrador e
se posiciona sobre a legalidade de determinado ato da Administração
Pública. Todavia, a não responsabilização do parecerista em função de
ser o parecer ato administrativo de natureza opinativa compromete a
efetividade do controle dos atos administrativos. No mesmo sentido,
pode-se afirmar que o disposto no art. 28 da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro alterada pela Lei 13.655/2018: o agente
público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro, tem caráter neutralizador
do controle dos atos administrativos.

Correto!

Verdadeiro

Falso

A afirmativa é verdadeira na medida em que a responsabilização de


agentes administrativos, parecerias, desconsidera a responsabilidade
técnica característica da prática de atos técnicos e que justifica a
própria existência do controle interno.

Pergunta 9
0 / 2,5 pts
Julgue a afirmativa a seguir.
A fiscalização COFOP, ou seja, contábil, financeira, operacional e
patrimonial dos atos da administração pública é considerada
modalidade de controle externo quando exercida pelos tribunais de
contas e interno quando exercida pelo controladoria do órgão em que
houver sido praticado o ato controlado.
Você respondeu

Verdadeiro

Resposta correta

Falso

Pergunta 10
2,5 / 2,5 pts
Julgue a afirmativa a seguir.
O controle legislativo exercido sobre as contas do Poder Executivo tem
natureza técnica, sendo seu principal órgão de atuação o tribunal de
contas.

Verdadeiro

Correto!

Falso

Em 2016, o controle de contas foi considerado pelo STF no julgamento do RE


848826 (Tese de Repercussão Geral Tema 835) um controle de natureza
política, apesar de precedido pela atuação técnica dos tribunais de contas.

Tema 835 - Definição do órgão competente, se o Poder Legislativo ou o


Tribunal de Contas, para julgar as contas de Chefe do Poder Executivo que
age na qualidade de ordenador de despesas.

Tese - Para os fins do art. 1º, inciso I, alínea "g", da Lei Complementar 64, de 18
de maio de 1990, alterado pela Lei Complementar 135, de 4 de junho de 2010,
a apreciação das contas de prefeitos, tanto as de governo quanto as de
gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com o auxílio dos Tribunais de
Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por
decisão de 2/3 dos vereadores.

Pontuação do teste: 15 de 25
2a Prova Direito Administrativo III

Erros – 3, 4, 5, 6, 8, 10

Pergunta 1
Julgue a afirmativa:
O parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza
meramente opinativa, competindo exclusivamente à Câmara de
Vereadores o julgamento das contas anuais do Chefe do Poder
Executivo local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por
decurso de prazo. Por via de consequência, pode-se afirmar que a
fiscalização COFOP (contábil, orçamentária, financeira, operacional e
patrimonial) exercida pelos tribunais de contas pode ser considerada
manifestação de controle político. Falso
Fundamento: A tese sobre a competência exclusiva da Câmara
Municipal para o julgamento das contas de Prefeito foi firmada no
julgamento da repercussão geral sobre o Tema 157 - Competência
exclusiva da Câmara Municipal para o julgamento das contas de
Prefeito. Leading Case: RE 729744. Por esse entendimento, o controle de
contas seria um controle político, apesar do controle reaizado pelos
tribunais de contas ser uma espécie de controle administrativo de
natureza externa.

Pergunta 2
Julgue a afirmativa a seguir:
A ausência de controle sobre o planejamento do exercício da função
administrativa é porta de entrada para a corrupção na medida em que
a reduz a possibilidade de eficiência da Administração Pública a
exercício aleatório da função administrativa ampliador da
discricionariedade administrativa. Verdadeiro
Fundamento: Planejar é atividade típica administrativa. O planejamento
administrativo permite que caminhos sejam traçados para que a
administração pública alcance resultados. Portanto, trata-se de boa
prática administrativa essencial para a boa governança pública, sem a
qual eficiência administrativa torna-se objeto de contingência. Ver
Decreto 9.020/2017. Vale lembrar que a ausência de planejamento
vinculante das ações administrativas executadas pelos agentes público
cria espaço para que discricionariedade administrativa atue propiciando
ambiente fecundo para a prática de atos de corrupção uma vez que
esses atos tendem a não ser objeto de controle externo. Por isso, faz parte
também dos atos de controle objeto da Lei 12.846/2013 (Lei
Anticorrupção) que passa a considerar o planejamento (programas de
integridade) elemento fundamento para o controle da corrupção na
Administração Pública.

Pergunta 3
Julgue a afirmativa a seguir:
O controle de contas é uma forma de controle externo de natureza
técnica exercido pelos tribunais de contas, que se traduz na fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das
unidades federativas e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas. Falso
Fundamento: tem natureza política, uma vez reconhecida pelos tribunais.

Pergunta 4
Julgue a afirmativa a seguir:
A comissão processante de processo administrativo de responsabilização
deve ser composta por servidores públicos estáveis. Falso
Fundamento: há exceções legalmente previstas e, pensando além, as
empresas estatais podem não usar, por exemplo, funcionários estáveis.

Pergunta 5
A competência avocatória da Controladoria Geral da União para
saneamento de processo administrativo de responsabilização de pessoas
jurídicas, que abrange atos praticados por entidades de outras unidades
federativas, pode ser considerada forma de intervenção administrativa
em sentido amplo que fere autonomia administrativa das unidades
administrativas. Verdadeiro

Pergunta 6
Julgue a afirmativa a seguir:
Controle da discricionariedade administrativa é controle de mérito do
ato administrativo. Falso

Pergunta 7
Julgue a afirmativa a seguir:
O processo administrativo de responsabilização de pessoas jurídicas deve
ser concluído em no máximo 30 dias. Falso (180 dias)

Pergunta 8
Julgue a afirmativa a seguir:
A investigação preliminar em processo administrativo de
responsabilização de pessoas jurídicas é obrigatória para defesa do
contraditório e ampla defesa das pessoas investigadas. Falso
Você resp
Pergunta 9
Julgue a afirmativa a seguir:

As sanções administrativas aplicadas no âmbito de processos


administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas são
manifestação de poder vinculado da administração pública. Falso (por
exemplo, modulação de multas).

Pergunta 10
Julgue a afirmativa a seguir:
A ausência de planejamento administrativo pode ser considerada ato
lesivo à Administração Pública. Verdadeiro
Atividade Objetiva 01
Pergunta 1
1 / 1 pts
Uma das novidades sobre o controle da Administração Pública
introduzidas pela Lei 12.846/2013 é a majoração do valor das multas
decorrentes da prática de atos de corrupção por empresas que se
relacionam com a Administração Pública nacional.
Analise o quadro a seguir e responda: se o valor da multa aplicada varia
de acordo com a discricionariedade administrativa de o agente público
que a aplica, é possível que, tendo praticado o mesmo ato de
corrupção, pessoas jurídicas respondam de maneira distinta. Assim,
pode-se concluir que a discricionariedade administrativa tem o poder de
neutralizar os efeitos sancionatórios da lei na medida em que hierarquiza
de forma não vinculada a punição administrativa aplicada pela prática
de atos lesivos à Administração Pública.

Fonte: CGU, 2020


Correto!

Verdadeiro
Falso

Veja o que diz o Manual Prático para o Cálculo de Multas da CGU edição
2020, página 13:
Percebe-se que o Decreto 8.420/2015, apesar de trazer mais objetividade
aos critérios legais, também deixou uma margem de discricionariedade
para a Administração, quanto aos valores a serem considerados no
cálculo da multa, exceto no que se refere à situação econômica da
pessoa jurídica e à reincidência.
Essa discricionariedade foi estabelecida pelo legislador infralegal para
garantir uma maior autonomia na análise do fato sob apuração (em PAR
ou acordo de leniência), considerando sua gravidade e grau de
reprovabilidade, possibilitando o escalonamento em valores mínimos,
intermediários ou máximos para cada um dos parâmetros identificados.
Nada obstante, se por um lado um grau maior de discricionariedade
favorece o melhor balizamento do caso concreto, por outro lado,
poderá ensejar certo nível indesejado de insegurança jurídica e falta de
uniformidade por parte da Administração Pública quando da aplicação
da mesma norma.
Desse modo, o presente Manual apresenta nos próximos itens diretrizes
gerais que servem de referência para a aplicação de cada um dos
critérios. Assim, sem tirar da autoridade competente a margem de
discricionariedade necessária para melhor análise do caso concreto, as
recomendações deste Manual visam conferir maior objetividade e
segurança jurídica na aplicação dos parâmetros da multa. Vale apenas
destacar que os tópicos seguintes trarão uma sugestão para os
responsáveis pelo cálculo/proposição de multa, não havendo vedação
à utilização de métricas diferenciadas.

Pergunta 2
1 / 1 pts
Usualmente, quando nos referimos ao controle da Administração Pública,
afirma-se que o controle da legalidade do exercício da função
administrativa pode ser externo, quando exercido por outros poderes, e
interno quando exercido por órgãos da própria Administração Pública.
Com base nas considerações acima, julgue a seguinte afirmativa:
O controle exercido pela Controladoria Geral da União quando avoca
processo administrativo de responsabilização instaurado por órgão da
Administração Pública de um estado-membro é uma forma de controle
externo atípico na medida em que é exercido sobre a atuação de órgão
ou pessoa pertencente à Administração Pública de outra unidade
federativa.

Falso

Correto!

Verdadeiro

Apesar da CGU ser órgão da Administração Pública federal e, portanto,


pertencente ao Poder Executivo, considerando a independência e
autonomia administrativa e financeira das unidades federativas da
federação brasileira, quando atua fora do âmbito da Administração
Pública federal exerce controle externo atípico.

Pergunta 3
1 / 1 pts
Assista ao vídeo a seguir:

Marque a opção INCORRETA segundo a jurisprudência do STJ:

O mandado de segurança não pode ser utilizado com o intuito de obter


provimento genérico aplicável a todos os casos futuros de mesma
espécie.
Correto!

É cabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo a


declaração de inconstitucionalidade de norma, por se caracterizar
mandado de segurança contra lei em tese.

É incabível mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a


agravo em execução interposto pelo Ministério Público.

Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento


e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional (Súmula n.
311/STJ) e, por isso, podem ser combatidos pela via mandamental.
É incabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo a
declaração de inconstitucionalidade de norma, por se caracterizar
mandado de segurança contra lei em tese. (Tese julgada sob o rito do
art. 543-C do CPC/73 – TEMA 430)
Tese 12 da Jurisprudência em Tese do STJ sobre Mandado de Segurança
II julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 – TEMA 430.

Pergunta 4
1 / 1 pts
A atividade de controle da Administração Pública é um dos temas mais
relevantes do direito administrativo, pois permite aferir se o exercício da
função administrativa pelos poderes estatais realiza-se de forma efetiva
e eficiente respeitando os limites das competências legais dos agentes
administrativos, bem como verificar se estão abrangidas pelo regime
jurídico de direito público/administrativo.
Nesse sentido, é correto afirmar sobre o controle da Administração
Pública, EXCETO:

O controle interno é feito dentro do próprio Poder, sobre seus próprios


atos e agentes. É exemplo desse tipo de controle a possibilidade de
a administração pública invalidar os atos de seus agentes por
ilegalidade, inconveniência ou inoportunidade, punindo os
responsáveis por esses atos, respeitados os direitos adquiridos dos
cidadãos de boa-fé atingidos pela sua anulação ou revogação.

Correto!

O Poder Legislativo pode suspender atos normativos do Poder Executivo


que exorbitem do poder regulamentar. Para exemplificar, se o prefeito,
ao regulamentar determinada lei aprovada pela Câmara, contrariar as
disposições dessa lei ou restringir seu conteúdo, a Câmara poderá sustar
a eficácia da norma por meio de resolução ou decreto legislativo. Além
disso, o Legislativo pode requisitar informações escritas aos secretários e
a outras autoridades sobre os assuntos que estejam sob a sua
responsabilidade, bem como convocá-los para esclarecer qualquer
desses assuntos pessoalmente. Esse tipo de controle é considerado
finalístico.

O controle direto é aquele exercido pelos cidadãos e por associações


comunitárias, do qual são exemplos o direito de petição e o direito de
representação.
O controle externo é aquele exercido por um dos Poderes sobre o outro,
compreendendo tanto o controle jurisdicional/judicial quanto o
legislativo. Um exemplo desse tipo de controle é o exercido pelo Tribunal
de Contas ao emitir um parecer prévio sobre a regularidades das contas
do Executivo, que deverá ser julgado, do ponto de vista técnico e
político, pelo Legislativo, no máximo, em 120 dias.

O controle finalístico é aquele em que se verifica a adequação do


objetivo do ato ao programa geral do governo. Esse controle não
decorre da relação de subordinação entre os órgãos da administração
pública, mas da obrigatoriedade de todos os atos serem praticados de
acordo com as diretrizes governamentais.

Pergunta 5
0 / 1 pts
Uma tendências do controle da Administração Pública diz respeito à sua
aplicação também a atos considerados de gestão e, portanto,
referentes ao exercício da função governamental abrangida pela
função executiva, anteriormente excluída do objeto do direito
administrativo em razão de sua natureza política (discricionária).
Julgue a afirmativa a seguir:
O conceito de governança pública envolve, entre outros aspectos da
gestão, transparência, prestação de contas (accountability), ética,
integridade, legalidade e participação social nas decisões.
Você respondeu

Falso

Resposta correta

Verdadeiro

Atividade Objetiva 02
Pergunta 1
1 / 1 pts
Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o advogado
somente será civilmente responsável pelos danos causados a seus
clientes ou a terceiros, se decorrentes de erro grave, inescusável, ou de
ato ou omissão praticado com culpa, em sentido largo.

Falso

Correto!

Verdadeiro

Ver MS 24.073-DF (STF).

Pergunta 2
1 / 1 pts
Segundo o Supremo Tribunal Federal, o advogado de empresa estatal
que, chamado a opinar, oferece parecer sugerindo contratação direta,
sem licitação, mediante interpretação da lei das licitações, é responsável
solidariamente com o administrador que decidiu pela contratação
direta.

Verdadeiro

Correto!

Falso

Impossibilidade, dado que o parecer não é ato administrativo, sendo,


quando muito, ato de administração consultiva, que visa a informar,
elucidar, sugerir providências administrativas a serem estabelecidas nos
atos de administração ativa. Ver MS 24073-DF - Supremo Tribunal Federal.

Pergunta 3
1 / 1 pts
Segundo o Supremo Tribunal Federal, são repercussões da natureza
jurídico-administrativa do parecer jurídico, EXCETO:

quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula


a emitir o ato tal como submetido à consultoria, com parecer favorável
ou contrário, e se pretender praticar ato de forma diversa da
apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer;

quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer


proferido, sendo que seu poder de decisão não se altera pela
manifestação do órgão consultivo;

quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer


vinculante, essa manifestação de teor jurídica deixa de ser meramente
opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos termos da
conclusão do parecer;

Correto!

sendo o parecer ato de natureza consultiva, a autoridade


administrativa não se vincula em nenhum caso, pois esta sempre poderá
optar por não decidir segundo o parecer.

Apesar de a autoridade administrativa sempre poder optar por não


decidir de acordo com o parecer em razão da natureza consultiva deste
ato administrativo, sendo o parecer obrigatório por lei, a autoridade está
a ele vinculado. Nesse sentido, o parecer teria natureza obrigatória.
Ver MS 24631-DF Supremo Tribunal Federal.

Pergunta 4
1 / 1 pts
As decisões emanadas do Tribunais de Contas não são dotadas de auto-
executoriedade. Por isso, assegurar-lhes a coercibilidade torna-se tarefa
do Poder Judiciário, que no sistema jurídico brasileiro detêm o monopólio
do exercício estatal da jurisdição.

Falso

Correto!

Verdadeiro
Costuma-se sustentar na doutrina e jurisprudência administrativista que o
mérito do ato administrativo, via de regra, não pode ser objeto de
controle judicial, sob pena de violação do princípio da separação de
poderes, em que pese haver exceções quanto ao seu motivo e objeto.
Sabe-se que no âmbito do controle judicial dos atos administrativos
vigora o princípio da insindicabilidade do mérito administrativo, segundo
o qual o mérito não pode ser alvo de controle judicial, sendo de exclusivo
controle por parte da Administração Pública por via do exercício de seu
poder de autotutela administrativa (v. STF, Súmulas 343 e 473). Nesse
sentido, a atuação dos Tribunais de Contas em certa medida implica em
violação dessa regra, pois transfere para o Legislativo o controle da
legalidade do mérito das contas de governo.
A atuação dos Tribunais de Contas, na condição de instituições
incumbidas constitucionalmente de processar e julgar as contas anuais
dos Chefes do Poder Executivo (art. 71. I da CF/88), não está implícito o
caráter de definitividade, faltando-lhes o poder para sua imposição
coercitiva. Por outro lado, o controle, assim exercido, representa um
exemplo de sindicabilidade do ato administrativo reconhecida pela
jurisprudência brasileira.

Pergunta 5
1 / 1 pts
Julgue as afirmativas a seguir com fundamento no entendimento do
Tribunal de Contas da União:
1. O parecerista jurídico pode ser responsabilizado pela emissão de
parecer obrigatório, nos termos do art. 38, parágrafo único, da Lei
8.666/1993, não devidamente fundamentado, que defenda tese não
aceitável, por se mostrar frontalmente contrário à lei.
2. A decisão tomada com base em parecer deficiente afasta a
responsabilidade do gestor supervisor por atos considerados irregulares.

1. Falso; 2. Verdadeiro

Correto!

1. Verdadeiro; 2.Falso

Ver Acórdão 51/2018-Plenário - Relator: AUGUSTO SHERMAN e Acórdão


2296/2017-Plenário - Relator: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Pontuação do teste: 5 de 5
3ª Atividade Objetiva – Direito Administrativo

VERDADEIRA
Fundamento: súmula 611-A, STJ

FALSA
Fundamento:

Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração,


desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e
sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.
VERDADEIRA
Fundamento: súmula vinculante n. 21, STF

Incompatibilidade da exigência de depósito prévio do valor


correspondente à multa como condição de admissibilidade de recurso
administrativo interposto junto à autoridade trabalhista (§ 1º do art. 636
da Consolidação das Leis do Trabalho) com a CF/1988. Inobservância
das garantias constitucionais do devido processo legal e da ampla
defesa (art. 5º, LIV e LV); do princípio da isonomia (art. 5º, caput); do
direito de petição (art. 5º, XXXIV, a). (...) Súmula Vinculante 21. 2. Ação
julgada procedente para declarar a não recepção do § 1º do art. 636
da Consolidação das Leis do Trabalho pela Constituição da República
de 1988. [ADPF 156, rel. min. Cármen Lúcia, P, j. 18-8-2011, DJE 208 de 28-
10-2011.]

FALSA
Fundamento: súmula vinculante n. 05, STF
VERDADEIRO
5) As situações flagrantemente inconstitucionais não se submetem ao
prazo decadencial de 5 anos previsto no artigo 54 da Lei 9.784/1999, não
havendo que se falar em convalidação pelo mero decurso do tempo.

6) O prazo previsto no artigo 54 da Lei 9.784/1999 para a administração


rever seus atos não pode ser aplicado de forma retroativa, devendo
incidir somente após a vigência do referido diploma legal.
4ª Atividade de Administrativo

Pergunta 1 1 pts
A tributação progressiva como instrumento de política urbana, bem
como a desapropriação para fins de reforma urbana destinam-se ao
cumprimento da função social da propriedade e não representam
confisco de bens.

Falso
Verdadeiro

Pergunta 2 1 pts
O Estado de Aqui Somos Eficientes visando garantir maior
eficiência administrativa edita lei em que é permitida a utilização de
bens apreendidos em serviços de inteligência, a critério da Secretaria de
Defesa Social de carros particulares apreendidos, que se encontrem nos
pátios das delegacias e no Detran, cujos proprietários tenham sido
notificados há mais de 60 dias, sendo a responsabilidade
pela manutenção e conservação dos veículos utilizados durante as
operações é de inteira responsabilidade do Poder Público”.
A referida lei foi editada com base no artigo 328 da Lei N. 9.503/1997
(Código Brasileiro de Trânsito) que estabelece:
Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer título e não
reclamado por seu proprietário dentro do prazo de sessenta dias,
contado da data de recolhimento, será avaliado e levado a leilão, a
ser realizado preferencialmente por meio eletrônico. (Redação
dada pela Lei nº 13.160, de 2015)

Marque a alternativa correta.


Grupo de escolhas da pergunta
A situação descreve caso em que a melhor solução seria a
desapropriação de bens móveis.
A situação descreve caso de requisição administrativa.
Há uma inconstitucionalidade material na lei
Trata-se de situação de ocupação temporária.

Pergunta 3 1 pts
Uma das medidas adotadas pelo Governo Espanhol no combate à
pandemia do COVID-19 foi a estatização temporária de hospitais
particulares.
Considerando as formas de intervenção dos estados na propriedade
privada previstas no sistema jurídico brasileiro, marque a forma que
melhor se adequaria a essa situação, se medida semelhante fosse
adotada pelo Governo Brasileiro.
Ocupação temporária
Requisição administrativa
Servidão administrativa
Desapropriação especial

Pergunta 4 1 pts
A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada poderá
prever a emissão pelo Município de quantidade determinada de
certificados de potencial adicional de construção, que serão alienados
em leilão ou utilizados diretamente no pagamento das obras necessárias
à própria operação. Os certificados de potencial adicional de
construção serão livremente negociados, mas conversíveis em direito de
construir unicamente na área objeto da operação.

Falso
Verdadeiro

Pergunta 5 1 pts
O cultivo de drogas em terras particulares é uma das situações que
autorizam o confisco legal de bens pelo poder público, mas pode ser
afastado caso não seja comprovada culpa do proprietário.
Grupo de escolhas da pergunta
Verdadeiro
Falso
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Faculdade Mineira De Direito
Unidade Coração Eucarístico

2ª PROVA DE Direito Administrativo III CHAVE


DE CORREÇÃO
2º Semestre 2018
PROFESSORA Dra. Marinella Machado Araújo
ESTAGIÁRIA DE DOCÊNCIA Mestranda Lígia de Souza Frias

DATA VALOR TEMPO

05.10.2018 25 pontos 50 minutos

NOME_____________________________________________________________

NOME_____________________________________________________________

NOTA __________

Informações sobre a Prova

A prova deve ser realizada à caneta, individualmente ou em dupla, e no máximo em


50 minutos. Preste bastante atenção ao marcar suas respostas, pois as rasuras
invalidam as questões. É considerado rasura qualquer marcação visível, ainda que leve,
na prova ou nos espaços destinados a respostas. Os pedidos de revisão poderão ser
diretamente endereçados à professora pelo SGA. Lembro que a assinatura na lista de
presença é requisito para que a prova seja corrigida e a nota lançada no SGA.

Um servidor público pratica infração disciplinar tipificada como crime. Diante do


conhecimento do fato pela autoridade administrativa, é instaurado processo
administrativo disciplinar para apurar a infração cometida.

Analise a situação descrita e julgue os itens a seguir.

QUESTÃO 1. F Considerando a independência das esferas administrativa e criminal,


não é permitida que a efetivação da penalidade de demissão imposta em sede
administrativa ocorra anteriormente ao trânsito em julgado da ação penal.
Fundamentação legal: Item 7 do Jogo I do Jurisprudência em Tese do STJ; Art. 22 da
Lei n° 8.112/90.
Conteúdo da aula do dia 14/09/2018 e 24/09/2018 - As instâncias administrativa e
criminal são independentes.

QUESTÃO 2. V A utilização de prova emprestada no processo administrativo disciplinar


em curso é possível, desde que autorizada pelo juiz criminal e respeitados o
contraditório e a ampla defesa.

Fundamentação legal: Item 3 do Jogo I do Jurisprudência em Tese do STJ


Conteúdo da aula do dia 14/09/2018 – Reposta a pergunta formulada pela aluna Iara
– É possível a utilização de prova emprestada desde que se observe o estabelecido pela
Súmula 591 STJ.
“É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a
ampla defesa”.

QUESTÃO 3. V A absolvição criminal fundada na imaterialidade do fato impede que


seja aplicada pena em sede do procedimento administrativo disciplinar.

Fundamentação legal: Item 2 do Jogo I do Jurisprudência em Tese do STJ; art. 126 da


Lei n° 8.112/90. Vale lembrar que imaterialidade do fato significa inexistência
material do fato, ou seja, a inexistência real do acontecimento. Logo, o fato
efetivamente não ocorreu. Segundo a Teoria Causalista, adotada pela maioria da
doutrina brasileira, a simples constatação da materialidade do fato não é suficiente
para uma condenação criminal, se este fato não for típico , antijurídico, culpável e
punido, se a autoria não está determinada, se não houver provas suficientes para
tanto, se não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal ou existir
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena. O STJ entende que, apesar
de as instâncias administrativa e penal serem independentes entre si, quando há
absolvição do réu em razão da inexistência do fato ou a negativa de autoria na esfera
criminal isso implica na constatação de inexistência de fato lesivo à Administração
Pública ou, no segundo caso, de nexo de causalidade entre o fato e a conduta do agente
público.
Precedentes: MS 19823/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 14/08/2013, DJe 23/08/2013; AgRg no RMS 33949/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2013, DJe 16/08/2013; AgRg no RMS 38072/PE,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe
31/05/2013; REsp 1323123/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 07/05/2013, DJe 16/05/2013; AgRg no AREsp 50432/SP, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/03/2013, DJe 11/03/2013;
EDcl no REsp 1194009/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 17/05/2012, DJe 30/05/2012; RMS 30511/PE (com ressalva), Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 09/11/2010, DJe
22/11/2010.

QUESTÃO 4. F A condenação criminal impõe a aplicação da penalidade administrativa


em sede de procedimento disciplinar, independentemente da regularidade do processo
administrativo instaurado.

Fundamentação legal: Art. 5°, inciso LV da CF/88; arts. 143 e 153 da Lei n° 8.112/90.
Conteúdo da aula do dia 13/08 e 10/09/2018 - O processo administrativo é uma
espécie de procedimento em contraditório, garantindo-se a ampla defesa, facultando-
se a oportunidade para manifestação, defesa e recurso.

QUESTÃO 5. F A fim de serem evitadas decisões contraditórias nas instâncias


administrativa e penal, impõe-se o sobrestamento do procedimento administrativo
disciplinar até o julgamento final da ação penal em tramitação.

Fundamentação legal: Art. 171 da Lei n° 8.112/90


Conteúdo da aula do dia 14/09/2018 - As instâncias administrativa e criminal são
independentes. A autoridade competente não tem competência para aplicar sanção
criminal, o que torna obrigatório o envio do relatório ao MP para ajuizamento do
processo criminal e/ou ação civil pública. A comissão tem competência para aplicar
sanção administrativa e patrimonial.
(...)
Se na sindicância se apurar um dano, deve-se, de forma concomitante, instaurar o PAD
e remeter cópia dos autos ao Ministério Público.

Um empregado público de empresa estatal estadual é pego fraudando a licitude de um


concurso público sobre o qual tinha responsabilidade funcional de auxiliar na
organização.

Analise a situação descrita e julgue os itens a seguir.

QUESTÃO 6. F É necessária a comprovação de enriquecimento ilícito ou da efetiva


ocorrência de dano ao patrimônio público para a tipificação de ato de improbidade
administrativa que atente contra os princípios da administração pública.
Fundamentação legal: Art. 11 da Lei n° 8.429/92. Segundo o STJ, é desnecessária a
ocorrência de dano ao patrimônio público para a configuração do art. 11 da Lei
8.429/1992. “Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que atentam
contra os princípios da administração pública (art. 11 da Lei 8.429/1992), é dispensável
a comprovação de efetivo prejuízo aos cofres públicos. De fato, o art. 21, I, da Lei
8.429/1992 dispensa a ocorrência de efetivo dano ao patrimônio público como
condição de aplicação das sanções por ato de improbidade, salvo quanto à pena de
ressarcimento.” (STJ, REsp 1.192.758-MG, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, Dje 4/9/2014) Vide também AgRg no AResp
712.341/MS, DJe 29/06/2016. A conduta do agente, nos casos dos arts. 9º e 11 da Lei
8.429/1992, há de ser sempre dolosa, por mais complexa que seja a demonstração
desse elemento subjetivo. Nas hipóteses do art. 10 da Lei 8.429/1992, cogita-se que
possa ser culposa. O entendimento do STJ é de que “A configuração dos atos de
improbidade administrativa previstos no art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa
(atos de Improbidade Administrativa que causam prejuízo ao erário), à luz da atual
jurisprudência do STJ, exige a presença do efetivo dano ao erário (critério objetivo)
e, ao menos, culpa, o mesmo não ocorrendo com os tipos previstos nos arts. 9° e 11
da mesma lei (enriquecimento ilícito e atos de Improbidade Administrativa que
atentam contra os princípios da Administração Pública), os quais se prendem ao
volitivo do agente (critério subjetivo) e exige-se o dolo.” (STJ, AgRg no REsp
1225495/PR, Rel. Min. Benedito Goncalves, 1ª Turma, Dje 14/02/2012)
A Lei n° 8.429/92 foi o conteúdo da 2ª aula do dia 13/08/2018.

QUESTÃO 7. F Qualquer pessoa pode representar ao corregedor-geral da


Controladoria Geral da União - CGU contra abuso, erro grosseiro, omissão ou qualquer
outra irregularidade funcional dos membros de empresas públicas.

Fundamentação legal: Art. 116, inciso XII da lei n°8.112/90.


Conteúdo da aula do dia 14/09/2018 – Reposta a pergunta formulada pela aluna
Bruna. Há uma diferença entre representação e denúncia. Quem está fora da
administração pública faz denúncia. Quem tem vínculo com a administração pública
tem que fazer uma representação.

QUESTÃO 8. F A instauração de PAD interrompe a prescrição até a decisão final, a ser


proferida pela autoridade competente; não sendo o PAD concluído em cento e
quarenta dias, o prazo prescricional volta a ser contado em sua integralidade.
Fundamentação legal: Item 4 do Jogo I do Jurisprudência em Tese do STJ; Art. 142, §
3° da Lei n° 8.112/90.
Conteúdo do fluxograma

QUESTÃO 9. V Autorizada a cumulação do pedido condenatório e do de ressarcimento


em ação por improbidade administrativa, a rejeição do pedido condenatório por
prescrição não obsta o prosseguimento da demanda relativa ao pedido de
ressarcimento, que é imprescritível.

Fundamentação legal: RE n° 852.475 (Tema 897)


Conteúdo da 2ª aula do dia 13/08 e da aula do dia 24/08/2018 – São imprescritíveis
as ações de danos ao erário. Os Atos que impliquem improbidade administrativa e que
foram praticados de forma dolosa, são imprescritíveis. O dolo exige a intenção de
causar o dano. O Art. 37, § 5° da CF/88 dispõe sobre a prescrição dos atos que gerem
danos ao erário.

QUESTÃO 10. Analise as afirmativas a seguir e julgue-as:

F Há delegação da competência para aplicação de sanções em sede de poder de polícia


administrativa à pessoa jurídica de direito privado.

Fundamentação legal: Art. 13 da Lei n° 9.784/99; ADI n° 1.717


Conteúdo da 2° aula do dia 13/08/2018 - A Lei n° 9.784/99 dispõe que quem tem
competência pode delegar ou avocar, mas tem que se respeitar as exceções
(art. 13). Atos de competência exclusiva são indelegáveis.

V Há revisão por agente de nível hierárquico superior de ato administrativo ou


processo administrativo que contiver vício de legalidade.

Fundamentação legal: Art. 53 da Lei n° 9.784/99.


Conteúdo da aula do dia 10/09/2018 - O ato viciado pode ser invalidado, sendo que
a nulidade pode ser absoluta ou relativa, no caso dessa última, o ato pode ser
convalidado (viciado, sob o ponto de vista formal ou da competência).

F Há delegação de órgão superior a órgão inferior da atribuição para a edição de atos


administrativos de caráter normativo.

Fundamentação legal: Art. 13, inciso I da Lei n° 9.784/99.


Conteúdo da 2° aula do dia 13/08/2018 - A Lei n° 9.784/99 dispõe que quem tem
competência pode delegar ou avocar, mas tem que se respeitar as exceções
(art. 13). Atos de competência exclusiva são indelegáveis. Atos de decisão sobre
recursos e atos normativos, também.

F Há delegação a órgão diverso da competência para a decisão de recurso


administrativo.

Fundamentação legal: Art. 13, inciso II da Lei n°9.784/99.


Conteúdo da 2° aula do dia 13/08/2018 - A Lei n° 9.784/99 dispõe que quem tem
competência pode delegar ou avocar, mas tem que se respeitar as exceções
(art. 13). Atos de competência exclusiva são indelegáveis.

F Há avocação por órgão superior, em caráter ordinário e por tempo indeterminado,


de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

Fundamentação legal: Art. 15 da Lei n°9.784/99.


Conteúdo da 2° aula do dia 13/08/2018 - Os órgãos da administração pública têm um
organograma com todas as suas competências. A Lei n° 9.784/99 dispõe que quem tem
competência pode delegar ou avocar.

BOA PROVA!
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS
GERAIS Faculdade Mineira De Direito
Unidade Coração Eucarístico

1ª PROVA DE Direito Administrativo III


CHAVE DE CORREÇÃO
2º Semestre 2018
PROFESSORA Dra. Marinella Machado Araujo
ESTAGIÁRIA DE DOCÊNCIA Mestranda Lígia de Souza Frias

DATA VALOR TEMPO

27.08.2018 25 pontos 50 minutos

NOME_____________________________________________________________

NOME_____________________________________________________________

NOTA __________

Informações sobre a Prova

A prova deve ser realizada à caneta, individualmente ou em dupla, e no máximo em


50 minutos. Preste bastante atenção ao marcar suas respostas, pois as rasuras
invalidam as questões. É considerado rasura qualquer marcação visível, ainda que leve,
na prova ou no espaços destinados a respostas. Os pedidos de revisão poderão ser
diretamente endereçados à professora pelo SGA. Lembro que a assinatura na lista de
presença é requisito para que a prova seja corrigida e a nota lançada no SGA.

Acerca do controle administrativo interno e externo, julgue os itens a seguir.

QUESTÃO 1. VERDADEIRA/FALSA As comissões parlamentares de inquérito são


instrumentos de controle externo destinados a investigar fato determinado em prazo
determinado, mas desprovidos de poder condenatório.

Conteúdo da aula do dia 20/08/18. “As Comissões Parlamentares de Inquérito são


instrumentos de controle tanto interno como externo, podendo investigar atos do
próprio Poder Legislativo (Art. 58, § 3° da CF/88)”.
JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA:

A veracidade ou a falsidade da afirmativa depende da justificativa dada à resposta.


Vejamos:

As CPIs são comissões temporárias do PL com poderes investigatórios tipos de


autoridades judiciais. Apesar disso, elas não têm competência para promover a
responsabilidade civil ou criminal de infratores (art. 58, § 2º, da CF/88). Trata-se de
instrumento híbrido de controle que normalmente é classificado como forma de
controle externo à Administração Pública, ou seja, exercido por outros poderes sobre
a Administração Pública face à possibilidade de a CPI investigar autoridades do Poder
Executivo.

Contudo, vale lembrar que, por serem comissões legislativas, elas também podem
investigar autoridades do próprio legislativo. Neste caso, atuam como instrumento
de controle interno do Legislativo.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e


temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo
regimento ou no ato de que resultar sua criação.

§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação


próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em
conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros,
para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se
for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores.

Jurisprudência afim: HC 100.200 (MIN. JOAQUIM BARBOSA, 2010) sobre o direito de


o investigado em CPI manter-se em silêncio sobre as acusações a que responde; MS
30.906 (MIN. CELSO MELO, 2011), MS 35.216 (MIN. LUIS FUX, 2017).

QUESTÃO 2. VERDADEIRA O controle administrativo interno cabe apenas em relação


a atividades de natureza administrativa, mesmo quando exercido no âmbito dos
Poderes Legislativo e Judiciário.

Conteúdo da 1ª aula do dia 13/08/18. “Todos os poderes (executivo, legislativo e


judiciário) exercem a função administrativa. (...) Quando se fala em controle
interno estamos falando no exercício da função administrativa que se materializa
em quatro atividades: planejamento, organização, controle e fomento (estímulo)”.
JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA:

A afirmativa é verdadeira.

Segundo o Princípio da Separação de Poderes, os poderes estatais não exercem funções


exclusivas, mas típicas. Essas funções são controladas reciprocamente por cada poder.
Por se referir ao controle administrativo de natureza interna e não externa, a
afirmativa exclui da atividade de controle as outras funções estatais que não sejam de
natureza administrativa. Assim, ainda que o controle seja exercido por outro poder
estatal, ele preserva a natureza da função controlada. Vale lembrar que o
funcionamento geral de cada poder é atividade administrativa e que, segundo o art.
31 e o art. 74, inciso II, da CF/88, cada poder tem a obrigação de manter sistema de
controle interno de seu funcionamento. Assim, diz-se que o controle administrativo é
interno se exercido pelo próprio poder em relação a seus próprios atos independente
da função típica desse poder.

QUESTÃO 3. VERDADEIRA O controle hierárquico é sempre uma forma de controle


interno.

Conteúdo da 1ª aula do dia 13/08/2018. “No controle da administração pública há a


atuação de dois poderes: hierárquico e disciplinar (poder de punir o agente público.
Agora tem-se admitido a aplicação de multas no âmbito contratual). Poder hierárquico
é o poder que a Administração Pública tem de se auto organizar, de delegação de
competências, de avocar, etc”.

JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA:

A afirmativa é verdadeira.

A única função estatal que é exercida com fundamento no poder hierárquico é a


administrativa. Em outras palavras, não existe hierarquia entre membros dos poderes
Legislativo e Judiciário no exercício de suas funções típicas legislativa e jurisdicional.
Por isso, pode-se afirmar que este tipo de controle é típico do Poder Executivo ou,
melhor, do exercício da função administrativa pela Administração Pública em sentido
amplo, que abrange a estrutura organizacional do Legislativo e do Judiciário.

QUESTÃO 4. São órgãos de controle interno responsáveis por receber, examinar e


encaminhar denúncias, reclamações, elogios, sugestões e pedidos de informação
referentes a procedimentos e ações de agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo
federal, estadual ou municipal:

a) Ouvidorias
b) Corregedorias
c) Controladorias
d) Defensorias

Conteúdo da 2ª aula do dia 13/08/18 – “Exemplos de controle: controladorias


(questões financeiras/orçamentária), corregedorias (controla atos internos, atos de
desvio funcional), ouvidoria (órgãos de escuta popular)”.

A resposta correta é LETRA A.

As ouvidorias são propriamente órgãos de controle interno em sentido amplo sem poder
sancionador (poder disciplinar ou poder de polícia). Elas recebem denúncias, mas
também elogios. Nelas se pode apresentar sugestões, elogios, solicitações,
reclamações e denúncias. Funcionam como uma espécie de “ponte” entre o cidadão e
a Administração Pública. Assim, a ouvidoria recebe as manifestações dos cidadãos,
analisa, orienta e encaminha às áreas responsáveis pelo tratamento ou apuração do
caso. A Ouvidoria-Geral da União (OGU) integra a estrutura da Controladoria-Geral da
União (CGU) e é o órgão responsável por receber, examinar e encaminhar denúncias,
reclamações, sugestões, elogios e solicitações referentes a irregularidades na
utilização de dinheiro público, procedimentos e ações de agentes públicos, órgãos e
entidades do Poder Executivo Federal. Além disso, a partir das informações trazidas
pelos cidadãos, a Ouvidoria pode identificar melhorias, propor mudanças, assim como
apontar situações irregulares no órgão ou entidade.

As corregedorias são órgãos de controle interno de atividade funcional com poder


sancionador. Logo, exercem os poderes disciplinar e de polícia em sentido amplo.

As controladorias são órgãos de controle interno financeiro-orçamentário. No âmbito


federal, a Controladoria-Geral da União (CGU), típica agência anticorrupção do país,
é o órgão encarregado de assistir direta e imediatamente ao Presidente da República
no desempenho de suas atribuições quanto aos assuntos que, no âmbito do Poder
Executivo, sejam relativos à defesa do patrimônio público e ao incremento da
transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria
pública, correição, prevenção e combate à corrupção, e ouvidoria. A CGU é ainda
órgão central do Sistema de Controle Interno e do Sistema de Correição, ambos do
Poder Executivo Federal.

As defensorias não são órgãos de controle interno da Administração Pública


propriamente ditos, mas de defesa de direitos individuais e coletivos, de forma integral
e gratuita, aos necessitados, sobretudo de caráter social. Assim como o Ministério
Público, elas fazem parte das funções essenciais à Justiça (arts. 134 e 135, da
Constituição), mas possuem missões e características próprias e independentes dos
tribunais. A Defensoria é uma instituição pública que presta assistência jurídica
gratuita àquelas pessoas que não possam pagar por esse serviço.

QUESTÃO 5. São situações que, quando comprovadas, ensejam reprovação das contas
de administradores e demais responsáveis por irregularidade no julgamento dos
tribunais de contas, EXCETO:

a) omissão no dever de prestar contas;


b) dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico;
c) desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos;
d) evidencias de impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal
de que não resulte dano ao Erário.

Conteúdo da aula do dia 24/08/18 – “Existe uma delimitação no âmbito da


competência dos Tribunais de Contas do que será objeto de controle. Esses
tribunais fazem controle contábil, financeiro e orçamentário, que se restringe ao
âmbito da legalidade, da legitimidade e da economicidade”.

A resposta correta é LETRA D.

O controle de contas é um controle do tipo COFOP: contábil, orçamentário, financeiro,


operacional e patrimonial que deriva do dever de prestação de contas que titulariza
qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União ou
qualquer outra unidade federativa responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária (parágrafo único, art. 70 CF/88).

Todos as situações descritas nas Letras A, B e C são situações que envolvem a


possibilidade de lesão ao erário. Por isso, ensejam reprovação de contas. A Letra D é
a única situação que não caracteriza dano ao erário. Por isso, os atos de improbidade
administrativa que não importem dano ao erário não ensejam reprovação de
contas, mas sim aprovação com ressalvas.

QUESTÃO 6. Ana solicitou ao Município X licença de localização e funcionamento para


exercer determinada atividade empresarial, apresentando todos os documentos
necessários para tanto. Contudo, transcorrido mais de ano do mencionado pedido, não
houve qualquer manifestação por parte da autoridade competente para sua
apreciação.

Considerando a situação descrita, é CORRETO afirmar que:

a) Ana pode denunciar a autoridade competente junto à Controladoria do


Município por abuso de poder;
b) Ana nada poderá fazer, pois não cabe controle social da Administração Pública
nesse caso, uma vez que o princípio da razoável duração do processo não se
aplica à via administrativa.
c) Para que a autoridade competente possa sofrer algum tipo controle
administrativo, Ana deverá acionar o Poder Judiciário e demonstrar que a
demora na expedição da licença lhe causou prejuízo econômico.
d) A autoridade competente poderá ser objeto de controle hierárquico, desde
que seja instaurado processo administrativo disciplinar para apurar sua
conduta, no qual lhe seja garantido contraditório e ampla defesa.

Conteúdo da 1ª aula do dia 13/08/18 – “Nesse exercício da atividade de controle, a


doutrina administrativista passou a adotar uma ideia de procedimentalização. O
procedimento como forma de garantir o contraditório e a ampla defesa. O estado
garante o acesso a informação e a oportunidade de produção de provas (referência
legal art. 5°, inciso LV da CF/88)”.

A resposta correta é LETRA D.


A Letra D é verdadeira uma vez que o comportamento da autoridade competente pode
ser considerado abusivo, estando sujeito a controle interno pela própria Administração
Pública.

As controladorias são órgãos de controle interno especializado de natureza financeira


orçamentária. Logo, em que pese possa ser caracterizada a situação de abuso de
poder, este não é o órgão competente para receber a denúncia uma vez que não houve
lesão ao erário.

O princípio do pas de nullité sans grief aplica-se a situações de nulidade de processo


administrativo. Não é o caso em questão, pois Ana não deseja ver o
processo/procedimento anulado, mas seu pedido de analisado pela Administração
Pública municipal.

Por força do art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/88, o princípio da razoável duração do
processo também se aplica a processos administrativos.

Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a


razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

QUESTÃO 7. João e Gilberto inscreveram-se para participar de um concorrido concurso


público. Como João estava mais preparado, combinaram que ele faria a prova
rapidamente e, logo após, deixaria as respostas na lixeira do banheiro para que
Gilberto pudesse ter acesso a elas. A fraude só veio a ser descoberta três anos após a
aprovação de ambos em estágio probatório, quando Gilberto deixou escapar em uma
conversa com uma colega de trabalho o que havia ocorrido.

Com base na situação descrita, é CORRETO afirmar que:

a) Não há mais possibilidade de controle hierárquico da autoridade administrativa


pois não houve lesão ao erário.
b) Sendo fraude a concurso público ato de improbidade administrativa, poderá
haver controle interno da Administração Pública, desde que realizado processo
administrativo disciplinar com garantia de contraditório e ampla defesa.
c) A colega de Gilberto tem o dever funcional de informar aos seus superiores
hierárquicos o ocorrido sob pena de responsabilidade administrativa.
d) Não cabe controle interno da Administração Pública com fundamento em seu
poder de autotutela porque o seu direito de anular a nomeação de João e
Gilberto prescreveu.

A resposta correta é LETRA C.

O controle hierárquico não se restringe a atos que cause dano ao erário, mas a toda
irregularidade detectada no exercício da função administrativa. Não fosse assim, não
haveria improbidade administrativa por violação de princípio e nem a possiblidade de
instauração de PAD para apurar exercício funcional violador de princípio da
administração pública.

O controle interno decorre dos poderes hierárquico e disciplinar e não está vinculado
à natureza da irregularidade ser ou não considerada ato de improbidade
administrativa.
A aplicação do poder disciplinar prescreve em 5 anos contados do conhecimento do
ato quando a conduta praticada puder ensejar a demissão do servidor público (art. 23,
inciso II, Lei No. 8.429/1992 c/c art. 142, inciso I, §§ 1º e 2º Lei No. 8.112/1990).
Logo, não há prescrição, pois, sendo a conduta praticada por João e Gilberto tipificada
como ato de improbidade administrativa (art. 11, inciso V, Lei No. 8.429/1992), ela
é passível de demissão.

A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a


promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa, segundo o art. 143 da Lei No.
8.112/1990.

Art. 11, inciso V - frustrar a licitude de concurso público;

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:

I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou


de função de confiança;

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares


puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo
efetivo ou emprego.

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:

I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de


aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;

II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;

III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.

§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou


conhecido.

§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações


disciplinares capituladas também como crime.

§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a


prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.

§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em


que cessar a interrupção.

QUESTÃO 8. O Ministério Público Eleitoral questionou judicialmente, com fundamento


na Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar No. 135/2010), decisão do TSE que deferiu
o registro de candidatura de João das Couves para concorrer ao cargo de prefeito, sob
o entendimento de que a desaprovação, pelo Tribunal de Contas do Estado, das contas
relativas ao exercício de 2016 como ordenador de despesas, o tornava inelegível para
qualquer cargo público nas próximas eleições.
Segundo a Lei da Ficha Limpa, são inelegíveis aqueles que “tiverem suas contas
relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade
insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão
irrecorrível do órgão competente, para as eleições que se realizarem nos oito anos
seguintes, contados a partir da data da decisão”.

Considerando a situação descrita, é INCORRETO:

a) Os tribunais de contas não têm competência para julgar contas de prefeitos.


b) Não há inelegibilidade por desaprovação de contas ainda que tenha havido
omissão da Câmara de Vereadores em aprecia-las.
c) João das Couves poderia ter suas contas aprovadas por voto favorável de 2/3
dos membros da Câmara de Vereadores.
d) O parecer prévio dos tribunais de contas tem natureza opinativa.

Conteúdo da aula do dia 17/08/18 – “O parecer prévio do Tribunal de Contas


deixará de prevalecer desde que seja rejeitado por 2/3 dos vereadores. Essa
decisão do STF neutraliza o parecer dos Tribunais de Contas.” - Art. 31, § 2° da
CF/88.

“Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo


Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do
Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o


Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois
terços dos membros da Câmara Municipal.

RE 729.744 – Tese com Repercussão Geral: “Parecer técnico elaborado pelo


Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo
exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe
do Poder Executivo local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por
decurso de prazo”.

RE 848826 – Tese com Repercussão Geral: “Para os fins do artigo 1º, inciso I,
alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das contas de prefeito,
tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais,
com auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio somente
deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores”

A resposta correta é LETRA B.

A LETRA B está correta segundo o entendimento firmado no julgamento do RE 848.826.


Segundo esse entendimento, a inelegibilidade por desaprovação de contas não pode
decorrer de julgamento ficto, ou seja, em razão do decurso de prazo para apreciação
das contas pela Câmara de Vereadores. As demais letras estão incorretas segundo o
entendimento firmado pelo STF no RE 729.744.

QUESTÃO 9. Pode haver delegação da competência para controle interno da


Administração Pública?

a) Não, pois se trata de competência exclusiva.


b) Sim, desde que não seja em instância recursal.
c) Não, apenas avocação para averiguação de irregularidades.
d) Sim, em caso de atos normativos.

Conteúdo da 2ª aula do dia 13/08/18 – “A competência para o exercício do controle


pode ser objeto de delegação. A lei n° 9.784/99 dispõe sobre quem tem
competência pode delegar ou avocar, mas tem que se respeitar as exceções (art.
13). Atos de competência exclusiva são indelegáveis. Atos de decisão sobre
recursos e atos normativos, também.”

A resposta correta é LETRA B.

A afirmativa é verdadeira segundo o art. 13, inciso II, da Lei No. 9.784/1999. Vale
lembrar que o controle interno deriva de dever geral de apurar irregularidades que
todo servidor público titulariza segundo o art. 143 da Lei No. 8.112/1990. Não se trata,
portanto, de competência exclusiva, apesar de esse poder ser exercido muitas vezes
por órgãos especializados. O poder de avocar competências é inerente ao poder de
delega-las.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

QUESTÃO 10. O Tribunal de Contas da União (TCU), na análise de aposentarias e


pensões submetidas à sua apreciação, tem afastado incidência de dispositivos da Lei
13.464/2017, que criou o bônus de eficiência, verba variável paga aos auditores
fiscais e analistas tributários da Receita Federal. Segundo o TCU, o pagamento do
bônus aos inativos é inconstitucional, uma vez que não incide sobre a parcela o
desconto da contribuição previdenciária.

Considerando a situação descrita, é INCORRETO afirmar:

a) Segundo entendimento recente do STF, sendo o TCU órgão sem função


jurisdicional, não lhe compete exercer o controle difuso de constitucionalidade
nos processos sob sua análise.
b) Os tribunais de contas são órgãos de controle externo da Administração Pública,
mas que também exercem controle interno, ou seja, atividade administrativa
de verificação permanente e contínua da legalidade e oportunidade da atuação
de sua própria administração com o objetivo de prevenir ou eliminar defeitos
ou aperfeiçoa-la e de promover as medidas necessárias para tanto.
c) No exercício de suas atribuições, o Tribunal de Contas pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público segundo entendimento
sumulado do STF.
d) O entendimento do TCU é equivocado na medida em que não cabe aos
tribunais de contas investigar o mérito dos atos administrativos.

Conteúdo da aula do dia 24/08/18 - Súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no


exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos
atos do Poder Público”.
A resposta correta é LETRA D.

A LETRA D é incorreta porque o fundamento para o entendimento do TCU não leva em


consideração a apuração da produtividade dos inativos, o que caracterizaria análise de
mérito, mas apenas a ilegalidade do não recolhimento da contribuição previdenciária
que tem previsão legal.

Vale lembrar que recentemente o STF tem mudado o entendimento contido na Súmula
347 do STF, editada em 1963, e que prevê a possibilidade de o Tribunal de Contas, no
exercício de suas atribuições, apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do
Poder Público. Por exemplo, o Min. Alexandre de Moraes concedeu liminar no MS
35.498, impetrado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do trabalho, para
afastar o mesmo entendimento do TCU em relação ao pagamento, aos inativos, do
bônus de eficiência devido à categoria e também previsto na Lei 13.464/2017. Decisão
no mesmo sentido já havia sido proferida no MS 35.410.

BOA PROVA!
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
FACULDADE MINEIRA DE DIREITO
Unidade Coração Eucarístico

1ª PROVA DE Direito Administrativo III


CHAVE DE CORREÇÃO
1º Semestre 2018
Professora Dra. Marinella Araujo

NOME
__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

NOTA __________

Informações sobre a Prova


VALOR TEMPO DE REALIZAÇÃO DATA
25 pontos 50 minutos 09.03.2018

A  prova  deve  ser  realizada  à  caneta,  em  dupla  ou  individualmente.  As  rasuras  invalidam  
as  questões,  sendo  considerado  rasura  qualquer  marcação  visível,  ainda  que  leve,  nos  
espações   destinados   a   respostas.   Após   a   divulgação   dos   resultados   e   da   chave   de  
correção   no   SGA,   pedidos   de   revisão   poderão   ser   diretamente   endereçados   à  
professora.  É  obrigatória  a  assinatura  na  lista  de  presença  para  que  a  nota  seja  lançada  
no  SGA.  

O   Município   “X”   pretende   promover   a   regularização   fundiária   de   área   ocupada  


irregularmente   por   população   de   baixa   renda   localizada   em   seu   perímetro   rural.   Para  
tanto,   o   Prefeito   resolveu   enviar   à   Câmara   de   Vereadores   um   projeto   de   lei   sobre   o  
planejamento   habitacional   de   interesse   social   do   Município.   O   projeto   prevê   a  
desapropriação  da  área  rural  desafetada,  pertencente  à  União,  para  o  assentamento  no  
local  da  população  de  baixa  renda.  
 
QUESTÃO   1.   Considerando   a   situação  apresentada,  analise   as  afirmativas   a   seguir   e  
marque  a  opção  CORRETA:  

Página1
1.   O  projeto  de  lei  é  inconstitucional.    
 
O   projeto   de   lei   não   é   inconstitucional   porque   municípios   podem   legislar   sobre  
assuntos   de   interesse   local   (art.   30,   inciso   I,   CF/88)   e   sobre   política   de  
desenvolvimento  urbano  (art.  182  CF/88)  que  abrange  todo  o  seu  território  (art.  40,  
§   2º,   Lei   n.   10.257/2001),   o   que   inclui   o   planejamento   local   habitacional   de  
interesse  social,  uma  vez  que  habitação  é  uma  das  funções-­chaves  da  cidade.  A  
competência  para  legislar  sobre  desapropriação  é  privativa  da  União  (art.  2º,  inciso  
II,   CF/88).   Todavia,   essa   delimitação   constitucional   de   competência   legislativa  
aplica-­se  a  normas  jurídicas  sobre  o  procedimento  ou  processo  de  desapropriação  
e   não   inclui   a   identificação   das   áreas   a   serem   desapropriadas.   Do   contrário,   a  
competência  legislativa  municipal  para  tratar  de  planejamento  habitacional  seria  
suprimida.   Vale   lembrar   que   o   fato   de   a   área   ser   da   União   não   torna   o   projeto  
inconstitucional,  uma  vez  que  não  há  nenhuma  vedação  constitucional  que  proíba  
a   desapropriação   de   imóveis   públicos   por   municípios,   mas   sim,   ilegal   (art.   37,  
caput,   da   CF/88)   por   violação   ao   disposto   no   artigo   2º,   §   2º,   do   Decreto-­lei  
3.365/1941.   Por   fim,   regularização   fundiária   para   fins   de   assentamento   de  
população   de   baixa   renda   não   se   confunde   necessariamente   com   a  
desapropriação  para  fins  de  reforma  agrária  a  que  se  refere  o  artigo  184  da  CF/88,  
pois   no   caso  de  reforma   agrária  há   a   reutilização   produtiva   do   imóvel   rural  (art.  
185   CF/88).   Para   evitar   questionamentos   quanto   à   natureza   do   processo   de  
regularização  fundiária,  municípios  são  usualmente  orientados  a  firmarem  acordos  
com  o  INCRA  –  Instituto  Nacional  de  Colonização  e  Reforma  Agrária,  autarquia  
federal   criada   pelo   Decreto   1.110/1970   com   a   missão   prioritária   de   executar   a  
reforma  agrária  e  realizar  o  ordenamento  fundiário  nacional.  
 
PORQUE  
 
2.   Municípios  não  podem  legislar  sobre  desapropriação.    
 
A  competência  para  legislar  sobre  desapropriação  é  privativa  da  União  segundo  o  
art.  22,  inciso  II,  da  CF/88.  
 
Logo,  a  resposta  correta  é  LETRA  C.  
 
a)   (        )  A  afirmativa  1  é  falsa.  
b)   (        )  Ambas  as  afirmativas  são  verdadeiras.  
c)   (  X  )  A  afirmativa  1  é  falsa,  mas  a  afirmativa  2  é  verdadeira.  
d)   (        )  A  afirmativa  1  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  2  é  falsa.  
 
QUESTÃO   2.   Considerando   a   situação  apresentada,  analise   as  afirmativas   a   seguir   e  
marque  a  opção  CORRETA:  
1.   A desapropriação a ser realizada tem natureza sancionatória, pois destina-se à
regularização fundiária.

A desapropriação para fins de regularização fundiária, considerada de interesse


social, seja em áreas urbanas ou rurais, tem sancionatória quando o imóvel

Página2
descumpre função social da propriedade. A ocupação do imóvel por população
de baixa renda em si caracteriza descumprimento de função social da
propriedade. O fundamento legal para esse tipo de desapropriação em caso de
imóveis urbanos é o artigo 182, § 4º, da CF/88. Contudo, nem todo processo de
regularização fundiária tem natureza sancionatória. É o caso da regularização
fundiária de interesse especial para fins de legalização de condomínios fechados,
por exemplo (Lei n. 13.465/2017). Em síntese, não é a destinação à regularização
fundiária que torna a desapropriação sancionatória, mas o descumprimento da
função social da propriedade.

CONTUDO

2.   A regularização fundiária não poderá ser realizada, pois a competência para


realizar reforma agrária é da União.

Regularização  fundiária  para  fins  de  assentamento  de  população  de  baixa  renda  
não   se   confunde   necessariamente   com   a   desapropriação   para   fins   de   reforma  
agrária  a  que  se  refere  o  artigo  184  da  CF/88,  pois  no  caso  de  reforma  agrária  há  
a   reutilização   produtiva   do   imóvel   rural   (art.   185   CF/88).   Para   evitar  
questionamentos   quanto   à   natureza   do   processo   de   regularização   fundiária,  
municípios   são   usualmente   orientados   a   firmarem   acordos   com   o   INCRA   –  
Instituto  Nacional  de  Colonização  e  Reforma  Agrária,  autarquia  federal  criada  pelo  
Decreto   1.110/1970   com   a   missão   prioritária   de   executar   a   reforma   agrária   e  
realizar  o  ordenamento  fundiário  nacional.  

Logo, a resposta correta é LETRA D.

a)   (        )  A  afirmativa  1  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  2  é  falsa.  


b)   (        )  A  afirmativa  2  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  1  é  falsa.  
c)   (        )  A  afirmativa  1  e  a  afirmativa  2  são  verdadeiras.  
d)   (  X  )  A  afirmativa  1  e  a  afirmativa  2  são  falsas.  

QUESTÃO   3.   Considerando   a   situação  apresentada,  analise   as  afirmativas   a   seguir   e  


marque  a  opção  CORRETA:  
1.   O município pode legislar sobre regularização fundiária apenas em áreas urbanas
e desde que a fundamente em sua competência para tratar de assuntos locais.

Segundo o artigo 40, §   2º,   da Lei n. 10.257/2001, o planejamento diretivo da


política de desenvolvimento urbano abrange todo o território do município, o que
inclui áreas rurais. Vale lembrar que habitação é uma das funções-chaves da
cidade. Assim, nada mais natural que o processo de regularização fundiária esteja
associado a áreas urbanas. Todavia, nada impede, em princípio, que municípios
legislem sobre regularização fundiária em áreas rurais com fundamento em sua
competência para tratar de assuntos locais. Regularização  fundiária  para  fins  de  
assentamento   de   população   de   baixa   renda   não   se   confunde   necessariamente  
com  a  desapropriação  para  fins  de  reforma  agrária  a  que  se  refere  o  artigo  184  da  
CF/88,  pois  no  caso  de  reforma  agrária  há  a  reutilização  produtiva  do  imóvel  rural  

Página3
(art.  185  CF/88).  Para evitar  questionamentos  quanto  à  natureza  do  processo  de  
regularização  fundiária,  municípios  são  usualmente  orientados  a  firmarem  acordos  
com  o  INCRA  –  Instituto  Nacional  de  Colonização  e  Reforma  Agrária,  autarquia  
federal   criada   pelo   Decreto   1.110/1970   com   a   missão   prioritária   de   executar   a  
reforma  agrária  e  realizar  o  ordenamento  fundiário  nacional  (art.  184  da  CF/88).  

MAS

2.   Deve respeitar as exigências de ordenação do solo previstas em seu plano diretor.

As exigências de ordenação do solo previstas no plano diretor aplicam-se a todo


o município segundo o artigo 40, §  2º,  da Lei n. 10.257/2001. Vale lembrar que a
força vinculante dos planos diretores foi reconhecida no julgamento do RE
607.940/DF. Tese com repercussão geral Tema 348 – Plano diretor como
instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana: Os
municípios com mais de vinte mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar
sobre programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por
meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor.

A resposta correta é LETRA A.

a)   (  X  )  A  afirmativa  1  é  falsa.  
b)   (        )  A  afirmativa  2  é  falsa.  
c)   (        )  A  afirmativa  1  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  2  é  falsa.  
d)   (        )  Ambas  as  afirmativas  são  verdadeiras.  

A Lei Federal nº “X”, de iniciativa parlamentar, estabelece regras gerais acerca do


parcelamento do solo urbano. Com fundamento nessa lei federal, a Lei Municipal nº “Y”
fixa área rural que será objeto de parcelamento, em função da subutilização de imóveis,
para fins de cumprimento da função social da propriedade urbana com base no artigo
182 do texto constitucional. Inconformado com a nova regra, que atinge seu imóvel,
Paulo procura seu advogado para que o oriente sobre uma possível irregularidade nas
novas regras.
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
seus habitantes.

QUESTÃO   4.   Considerando   a   situação  apresentada,  analise   as  afirmativas   a   seguir   e  


marque  a  opção  CORRETA:  
1.   Apesar  de  os  municípios  poderem  intervir  sobre  a  propriedade  imobiliária  privada  
localizada  em  seu  território,  a  PEUC  não  se  aplica  a  áreas  rurais.  
 
O  instrumento  de  política  urbana  conhecido  por  PEUC  –  Parcelamento  Edificação  
e   Utilização   Compulsórios,   previsto   no   artigo   182,   §   4º,   inciso   I,   da   CF/88   e  

Página4
regulado  pela  Lei  n.  10.257/2001,  aplica-­se  a  imóveis  urbanos  que  não  cumprem  
sua  função  social.  
   
2.   A  lei  é  formalmente  inconstitucional,  uma  vez  que  é  competência  de  os  municípios  
legislarem  sobre  política  urbana,  mas  não  sobre  parcelamento  do  solo.    
 
A  competência  municipal  para  legislar  sobre  política  urbana  local  abrange  normas  
jurídicas  sobre  parcelamento  do  solo  (loteamento  e  desmembramento  de  imóveis),  
uma  vez  que  o  parcelamento  em  si  é  instrumento  de  ordenação  do  solo  urbano  ou  
de  planejamento  da  política  urbana  (art.  4º,  letra  b,  Lei  n.  10.257/2001).  Ademais,  
a  inconstitucionalidade  formal  de  um  texto  legal  refere-­se  a  problemas  no  ciclo  de  
perfeição  do  ato  legislativo  e  não  a  seu  conteúdo.  
 
A  resposta  correta  é  LETRA  C.    
 
a)   (        )  A  afirmativa  1  é  falsa.  
b)   (        )  Ambas  as  afirmativas  são  falsas.  
c)   (  X  )  A  afirmativa  1  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  2  é  falsa.  
d)   (        )  A  afirmativa  1  é  falsa  ,  mas  a  afirmativa  2  é  verdadeira.  
 
QUESTÃO   5.   Considerando   a   situação  apresentada,  analise   as  afirmativas   a   seguir   e  
marque  a  opção  CORRETA:  
1.   Não  haverá  inconstitucionalidade  desde  que  o  parcelamento  compulsório  atenda  
às  exigências  de  ordenação  do  solo  estabelecidas  pelo  plano  diretor  do  município.    
 
A   obrigatoriedade   de   a   ordenação   do   solo   municipal   atender   às   exigências   do  
plano  diretor  está  prevista  no  artigo  182  da  CF/88  e  foi  reconhecida  pelo  STF  no  
julgamento   do   RE   607.940/DF   com   repercussão   geral   -­   Tema   348.   Contudo,   a  
PEUC  é  um  instrumento  de  política  urbana  (art. 182, § 4º, inciso I, CF/88) e não
se aplica a imóveis rurais.  
 
2.   O   parcelamento   e   edificação   compulsórios   é   considerado   uma   forma  
constitucional   de   intervenção   do   estado   sobre   a   propriedade,   ainda   que   a  
propriedade  de  Paulo  se  localize  em  área  rural,  pois  os  planos  diretores  abrangem  
todo  o  território  do  município.    
 
As   normas   jurídicas   estabelecidas   pelos   planos   diretores   municipais   abrangem  
todo   o   território   do  município   segundo   o   artigo   40,   §   2º,  da Lei n. 10.257/2001.
Todavia, a PEUC é um instrumento de política urbana (art. 182, § 4º, inciso I,
CF/88).
 
Logo,   ambas   afirmativas   são   falsas.   Por   isso,   não   há   resposta   correta  
possível   para   a   questão.   Assim   sendo,   a   questão   foi   anulada   por   erro  
material  na  formulação  da  afirmativa  1.  
 
a)   (  X  )  A  afirmativa  1  é  verdadeira  falsa.  
b)   (        )  A  afirmativa  2  é  verdadeira.  

Página5
c)   (        )  A  afirmativa  1  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  2  é  falsa.  
d)   (        )  A  afirmativa  1  é  falsa  ,  mas  a  afirmativa  2  é  verdadeira.  
 
Joaquim  é  proprietário  de  um  grande  terreno  no  qual  pretende  instalar  um  loteamento,  
ainda  não  aprovado  pelo  Poder  Público.  Contudo,  antes  que  Joaquim  iniciasse  o  projeto,  
sua  propriedade  foi  integralmente  incluída  nos  limites  de  um  Parque  Nacional,  unidade  
de  conservação  que  admite  apenas  o  uso  indireto  de  recursos  naturais,  ou  seja,  que  não  
envolve  consumo,  coleta,  dano  ou  destruição  dos  recursos  naturais.    
 
QUESTÃO 6. Considerando   a   situação   apresentada,   analise   as   afirmativas   a   seguir   e  
marque  a  opção  CORRETA:  
1.   Não  há  intervenção  do  estado  sobre  a  propriedade  de  Joaquim,  uma  vez  que  a  
propriedade  ainda  poderá  ser  utilizada  para  outros  fins  econômicos.  
 
O  estabelecimento  de  limitação  administrativa,  seja  de  natureza  urbanística  ou  não  
(ambiental,   por   exemplo),   sobre   determinado   imóvel   é   considerado   forma   de  
intervenção   do   estado   sobre   a   propriedade   nada   medida   em   que   restringe   as  
faculdades  inerentes  ao  direito  de  propriedades  (art.  1.228  do  Código  Civil)  tendo  
em   vista   a   concretização  de   interesse   público.   Sua   caracterização   (da   limitação  
administrativa)   independe   da   possiblidade   de   o   imóvel   ser   utilizado   para   outros  
fins   de   natureza   econômica,   que   é   mais   uma   decorrência   de   sua   gradação   (da  
limitação   administrativa)   e   não   um   elemento   caracterizado   de   sua   natureza.   A  
possiblidade   de   utilização   do   imóvel   para   outros   fins   de   natureza   econômica   é  
considerada,  entretanto,  para  fins  de  estabelecimento  do  dever  de  indenizar,  uma  
vez  que,  em  regra,  essa  forma  de  intervenção  do  estado  sobre  a  propriedade  não  
gera   dever   de   indenizar.   Vale   lembrar   que,   em   princípio,   a   possiblidade   de  
destinação   econômica   diversa   descaracteriza   a   hipótese   de   aniquilamento   do  
valor  econômico  da  propriedade.  Segundo  a  jurisprudência  dominante,  para  que  
haja   aniquilamento   do   valor   da   propriedade   deve   ser   comprovada   perda  
econômica  entre  50  e  80%  do  valor  do  imóvel.    
 
 
2.   Joaquim   não   tem   direito   à   indenização   pelos   lucros   cessantes   decorrentes   da  
inviabilização  do  empreendimento,  pois  as  restrições  de  uso  do  solo  apresentam  
natureza  geral   uma   vez   que   são   aplicáveis  a   todos   os   imóveis   abrangidos   pelo  
perímetro  do  Parque.    
 
Em   função   de   seu   caráter   geral,   limitações   administrativas   não   são   em   regra  
indenizáveis,  sobretudo  quando  subsiste  possibilidade  de  destinação  econômica  
do  imóvel,  um  dos  requisitos  necessários  para  a  descaracterização  da  hipótese  de  
aniquilamento   do   valor   econômico   da   propriedade.   Segundo   a   jurisprudência  
dominante,   para   que   haja   aniquilamento   do   valor   da   propriedade   deve   ser  
comprovada  perda  econômica  entre  50  e  80%  do  valor  do  imóvel.  Ademais,  vale  
lembrar   que,   segundo   a   jurisprudência   dominante,   não   há   direito   adquirido   de  
construir   em   um   determinado   imóvel,   salvo   se   a   licença   edilícia   houver   sido  
expedida  e  as  fundações  da  obra  iniciadas.  

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Logo,  a  resposta  correta  é  LETRA  D.  A  LETRA  B  é  falsa  porque  está  incompleta  
face  à  abrangência  da  afirmativa  contida  na  LETRA  D.  
 
a)   (        )  A  afirmativa  1  é  verdadeira.  
b)   (        )  A  afirmativa  2  é  verdadeira.  
c)   (        )  A  afirmativa  1  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  2  é  falsa.  
d)   (  X  )  A  afirmativa  1  é  falsa  ,  mas  a  afirmativa  2  é  verdadeira.  
 
QUESTÃO   7.   Considerando   a   situação  apresentada,  analise   as  afirmativas   a   seguir   e  
marque  a  opção  CORRETA:  
1.   Joaquim  poderá  ajuizar  ação  para  reaver  as  perdas  econômicas  sofridas,  caso  a  
constituição   do   parque   suprima   substancialmente   o   valor   econômico   de   sua  
propriedade.    
 
A   supressão   substancial   ou   aniquilamento   do   valor   econômico   do   imóvel   pode  
ensejar   direito   à   indenização   das   perdas   sofridas   a   título   de   lucros   cessantes.  
Todavia,  a  possibilidade  remanescente  de  destinação  econômica  do  imóvel  tende  
a  descaracterizar  o  direito  à  indenização  face  à  natureza  geral  do  interesse  público  
(proteção   do   meio   ambiente)   que   fundamenta   o   estabelecimento   da   limitação  
administrativa.  
   
2.   A  constituição  do  parque  pode  ser  considerada  uma  limitação  urbanística  ao  direito  
de  propriedade  e,  portanto,  deve  ser  indenizada.  
 
Apesar   de   a   constituição   do   parque   implicar   no   estabelecimento   de   limitação  
urbanística   ao   direito   propriedade   sobre   o   imóvel,   em   razão   da   natureza   geral  
dessa  forma  de  intervenção  do  estado  na  propriedade,  o  dever  de  o  Poder  Público  
indenizar   as   eventuais   perdas   econômicas   sofridas,   somente   se   caracteriza   se  
comprovado   aniquilamento   do   valor   da   propriedade   imobiliária.   Segundo   a  
jurisprudência   dominante,   para   que   haja   aniquilamento   do   valor   da   propriedade  
deve  ser  comprovada  perda  econômica  entre  70  e  80%  do  valor  do  imóvel.    
 
Logo,  a  resposta  correta  é  LETRA  C.  A  LETRA  A  é  falsa  porque  está  incompleta  
face  à  abrangência  da  afirmativa  contida  na  LETRA  C.  
 
a)   (        )  A  afirmativa  1  é  verdadeira.  
b)   (        )  A  afirmativa  2  é  verdadeira.  
c)   (  X  )  A  afirmativa  1  é  verdadeira,  mas  a  afirmativa  2  é  falsa.  
d)   (        )  A  afirmativa  1  é  falsa  ,  mas  a  afirmativa  2  é  verdadeira.  
 
O   Município  “X”   pretende  realizar  obra  de   ampliação   de   sua   malha   viária  urbana   para  
garantir  maior  mobilidade  de  pessoas  e  melhorara  a  circulação  de  veículos.  Contudo,  não  
dispõe   de  recursos   para   a   realização   da   obra.   Para   tentar   viabilizar   financeiramente   a  
obra,   o   prefeito,   consulta   a   Procuradoria   Geral   do   Município   sobre   alternativas   para  
financiamento   do   empreendimento.   A   Procuradoria,   então,   emite   parecer   sobre   a  
consulta  realizada  pelo  prefeito  que  considera  os  seguintes  limites  legais.    

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Julgue  as  afirmativas  a  seguir  considerando  os  possíveis  argumentos  apresentados  no  
parecer  da  Procuradoria:  
 
QUESTÃO   8.   VERDADEIRA   -­   Considerando   ser   necessário   desapropriar   os   imóveis  
localizados   na   área   para   a   abertura   de   novas   vias   públicas,   a   realização   do  
empreendimento   somente   poderia   ocorrer   com   o   pagamento   de   prévia   e   justa  
indenização  a  seus  proprietários.  
A  desapropriação  para  realização  de  obras  de  infraestrutura,  abertura  de  vias  públicas,  
por  exemplo,  é  um  dos  casos  de  desapropriação  por  utilidade  pública  previstos  no  artigo  
5º  do  Decreto-­lei  3.365/1941  (alínea  i).  Segundo  o  artigo  5º,  inciso  XXIV,  e  o  artigo  182,  
§  3º,  da  CF/88,  a  desapropriação  por  utilidade  pública  e  a  de  imóveis  urbanos  devem  ser  
realizadas  mediante  o  pagamento  de  prévia  e  justa  indenização  pagas  em  dinheiro.  Vale  
lembrar   que   na   prática,   muitas   vezes,   alegando   urgência,   o   Poder   Público   imite-­se  
provisoriamente   na   posse   do   imóvel   sem   depósito   prévio,   o   que   caracteriza  
desapropriação  indireta  do  imóvel  e  que  recentemente  o  STF  decidiu  no  julgamento  do  
RE  922.144/MG  que  o  pagamento  por  precatório  não  descaracteriza  a  natureza  prévia  
da  indenização  Tema  de  Repercussão  Geral  n.  865:    Compatibilidade  da  garantia  da  justa  
e  prévia  indenização  em  dinheiro  (CF/88,  art.  5º,  XXIV)  com  o  regime  de  precatórios  (art.  
100  da  CF/88).    
A   desapropriação   indireta   decorre   de   um   esbulho   possessório,   denominado  
apossamento  administrativo,  praticado  com  certa  frequência  pela  Administração  Pública,  
que  ocupa  determinado  bem  antes  da  conclusão,  ou  até  mesmo  início,  do  procedimento  
expropriatório,   dando-­lhe   uso   público   que   justificaria   sua   desapropriação,   com   o   que  
conta  a  tolerância  dos  Poderes  Legislativo  e  Judiciário,  diversamente  do  que  se  faz  em  
relação   aos   movimentos   sociais.   Enciclopédia   Jurídica   da   PUCSP,   tomo   II   (recurso  
eletrônico):  direito  administrativo  e  constitucional  /  coord.  Vidal  Serrano  Nunes  Jr.  [et  al.]  
–  São  Paulo:  Pontifícia  Universidade  Católica  de  São  Paulo,  2017.  
 
QUESTÃO   9.   VERDADEIRA   -­   Por   se   tratar   de   obra   de   infraestrutura   urbana   que   se  
destina   à   circulação   viária,   uma   das   funções-­chave   da   cidade,   os   imóveis   vazios  
poderiam  ser  desapropriados  para  fins  de  cumprimento  da  função  social  da  propriedade  
urbana  com  pagamento  de  títulos  da  dívida  pública  municipal  regatáveis  em  dez  anos.  
Segundo  o  artigo  182,  §  4º,  inciso  III,  da  CF/88,  os  imóveis  urbanos  que  não  cumprem  
função  social  da  propriedade  podem  ser  objeto  de  desapropriação  sanção  para  fins  de  
reformar   urbana.   Para   tanto,   a   utilização   da   área   em   questão   para   fins   de   circulação  
(função-­chave   da   cidade)   deve   constar   entre   as   exigências   de   ordenação   do   solo  
previstas  no  plano  diretor  do  município  (art.  182,  §  2º,  da  CF/88).  
 
QUESTÃO   10.   FALSA   -­   A   desapropriação   de   imóveis   urbanos   deve   atender   as  
exigências  de  ordenação  do  solo  previstas  no  plano  diretor  do  município,  que  no  caso  
não   prevê   investimentos   em   ampliação   do   sistema   viário   do   município.   Contudo,   o  
município  não  pode  desapropriar  imóveis  públicos  localizados  na  área.  
Não  há  no  Decreto-­lei  3.365/1941  nenhuma  regra  que  estabeleça  vinculação  ao  plano  
diretor   como   pressuposto   para   realização   de   desapropriação   por   utilidade   pública.  

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Contudo,  segundo  o  artigo  182,  §  2º,  da  CF/88,  os  imóveis  urbanos  que  não  cumprem  
função  social  da  propriedade  podem  ser  objeto  de  desapropriação  sanção  para  fins  de  
reforma  urbana.  Para  tanto,  a  finalidade  a  que  se  destina  a  desapropriação  deve  constar  
entre  as  exigências  de  ordenação  do  solo  previstas  no  plano  diretor  do  município.  Por  
fim,  segundo  o  entendimento  do  STF,  sobre  a  possibilidade  de  desapropriação  de  bens  
públicos   deve   atender   ao   princípio   da   hierarquia   estabelecido   no   artigo   2º,   §   2º,   do  
Decreto-­lei  3.365/1941.    
 
BOA  PROVA!  

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
FACULDADE MINEIRA DE DIREITO
Unidade Coração Eucarístico

1ª PROVA DE Direito Administrativo III


CHAVE DE CORREÇÃO
2º Semestre 2017
PROFESSORA: Dra. Marinella Araujo
ESTAGIÁRIO DE DOCÊNCIA: Mestrando Bruno Lima

NOME
__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

GABARITO: 1-B; 2-D; 3-B; 4-C; 5-B

NOTA __________

Informações sobre a Prova


VALOR TEMPO DE REALIZAÇÃO DATA
25 pontos 50 minutos 01.09.2017

A prova deve ser realizada à caneta, em dupla ou individualmente. As rasuras invalidam as questões,
sendo considerado rasura qualquer marcação visível, ainda que leve, nos espações destinados a respostas.
Após a divulgação dos resultados e da chave de correção no SGA, pedidos de revisão poderão ser
diretamente endereçados à professora. É obrigatória a assinatura na lista de presença para que a nota
seja lançada no SGA.

QUESTÃO 1. O Município “X” pretende promover a regularização fundiária de área ocupada


irregularmente por população de baixa renda localizada em seu perímetro rural. Para tanto, o Prefeito
resolveu enviar à Câmara de Vereadores um projeto de lei sobre o plano habitacional de interesse social
do Município. O projeto prevê a desapropriação da área, que é pública, pertencente à União, e não está
afetada, para o assentamento no local da ocupação da população de baixa renda.
Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) O projeto de lei é inconstitucional porque imóveis públicos não podem ser desapropriados, mas
apenas imóveis privados.

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b) A desapropriação a ser realizada tem natureza especial, porque destina-se à regularização
fundiária.
c) A regularização fundiária não poderá ser realizada, pois a competência para legislar sobre
desapropriação é privativa da União.
d) O município pode legislar sobre regulação fundiária com fundamento em sua competência para
tratar de assuntos locais, desde que respeite as exigências de ordenação do solo previstas em seu
plano diretor.

A resposta correta é LETRA B.


A Letra B é verdadeira por se tratar de desapropriação fins de planejamento habitacional de interesse
social é considerada uma desapropriação especial, extraordinária. Seu fundamento é o cumprimento da
função social da propriedade urbana, uma vez que se destina a promover regularização fundiária de
população de baixa renda para fins de moradia (planejamento habitacional de interesse social). Vale
lembrar que habitação (ao lado do trabalho, da circulação e do lazer) é uma das funções-chaves da cidade
segundo a Carta de Atenas de 1933. E que, apesar de ser realizada em área rural e, por isso, poder ser
confundida com desapropriação para reforma agrária, o fim da desapropriação nesse caso é a promoção
de moradia e não o aumento da utilidade ou produtividade do solo. Dispositivos legais: art. 5º, p, do
Decreto-Lei Federal nº 3.365, de 21 de junho de 1941; art. 2º da Lei Federal nº 4.132, de 10 de setembro
de 1962; arts. 11, 15, 83-90 da Lei Federal nº 13.465/2017. Por fim, observe-se que a não aplicação de o
§2º do art. 2º do Decreto-Lei Federal nº 3.365, de 21 de junho de 1941 justifica-se face à alteração da
disciplina dos imóveis da União promovida pela Lei Federal nº 13.465/2017 que passou a considera-los
passíveis de desapropriação para projetos referentes à regularização fundiária em quaisquer das
modalidades possíveis (REURB-S ou REURB-E), de acordo com os arts. 83 a 90.
A Letra A é falsa porque a desapropriação pode ocorrer em imóveis privados ou públicos, desde que
exista utilidade pública ou interesse social ou destine-se a cumprimento da função social da propriedade
(desapropriação sanção para fins de reforma urbana e de reforma agrária). Observe-se ainda que, apesar
de orientação jurisprudencial favorável, a regra de hierarquia e preferência para desapropriação entre
entes federativos não deve ser aplicada ou considerada em virtude do princípio federativo disposto no
inciso III, art. 19 da CF/88 (JUSTEN FILHO, 2016, item 9.21.11.2), a regra disposta no §2º do art. 2º do
Decreto-Lei Federal nº 3.365, de 21 de junho de 1941. Veja o que diz Justen Filho:
Logo, não tem cabimento afirmar que a União pode desapropriar terrenos municipais para
construir uma rodovia federal, mas que o Município não tem competência para desapropriar bens
federais para construir uma rodovia municipal. Ambos são dotados de competência similar,
assujeitada a severos requisitos destinados a evitar o comprometimento da autonomia federativa.
(2015, p. 627)
A Letra C é falsa porque o fato de a competência para legislar sobre desapropriação ser privativa da
União (art. 22, inciso II, da CF/88) não significa que o município não tenha competência para desapropriar
com fundamento nessas regras, ou seja, executar a desapropriação. Em outras palavras, para realizar a
regularização fundiária o município não terá que criar nova regras sobre desapropriação, mas aplica-las
a situação concreta. Há, todavia, que se observar que a regularização fundiária em áreas rurais pode
confundir-se com a promoção de reforma agrária. Para evitar que isso ocorra, o município deve celebrar
com a União um convênio ou deixar bem caracterizada a natureza urbana do processo de regularização,
pois segundo o STF o município não pode legislar sobre regularização fundiária para fins de reforma
agrária, que é competência da União por força do art. 184 da CF/88. Veja o RE 496.861.
A Letra D é falsa porque apesar de o município ter competência para legislar sobre política urbana (art.
182 da CF/88) e sobre assuntos locais (art. 30, inciso I, da CF/88), o que inclui a regularização fundiária
para fins urbanos em terras do Município, ele não tem competência geral para tratar de regularização
fundiária em áreas rurais sem que haja anuência da União, uma vez que a regularização fundiária em
áreas rurais pode ser facilmente confundida com reforma agrária. Logo, por localizar-se em zona rural a
área deve ser caracterizada como núcleo urbano informal (art. 11, I e II da Lei Federal nº 13.465/2017)
para que seja possível a aplicação da desapropriação como instrumento de regularização fundiária,
conforme o art. 15 Lei Federal nº 13.465/2017. Por fim, para que a desapropriação seja considerada
legal, a área que se localizar em zona rural – logo, submetida à competência da União no âmbito da
Reforma Agrária – deve apresentar características urbanas, para que a competência para a promoção da

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regularização fundiária desloque-se para o município. Assim, sendo considerada núcleo urbano, mesmo
que imóvel seja União, pelas regras de regularização fundiária presentes na Lei Federal nº 13.465/2017,
poderia ser objeto de política municipal. Por isso, a afirmativa não pode ser considerada completamente
verdadeira, nem tampouco útil para fundamentar a competência do município na situação concreta.

QUESTÃO 2. A desapropriação é uma forma de intervenção do estado sobre a propriedade


a) que tem natureza supressiva do direito de propriedade, pois limita o uso do bem expropriado a
uma finalidade de interesse público.
b) que é utilizada para finalidade de interesse social ou utilidade pública quando se destina ao
cumprimento da função social da propriedade ou da cidade.
c) que é considerada instrumento de política urbana quando recaí sobre propriedade improdutiva
ou que não atende a índices da aproveitamento.
d) que apresenta natureza sancionatória quando destinada a cumprimento da função social da
propriedade urbana ou rural.
A resposta correta é LETRA D.
A Letra D é verdadeira porque a desapropriação tem caráter sancionatório quando tem por fim o
cumprimento da função social da propriedade urbana com fundamento no §4º do art. 182 da CF/88; ou o
da função social da propriedade rural com fundamento no art. 186 da CF/88.
A Letra A é falsa porque a natureza supressiva da intervenção do estado sobre a propriedade por
desapropriação justifica-se em face de a desapropriação transferir originariamente a propriedade do bem
para o Estado.
A Letra B é falsa porque para ser considerada instrumento de política urbana a desapropriação deve
destinar-se ao cumprimento das funções sociais da cidade e ter finalidade urbanística (ordenação do
solo), conforme previsto no Estatuto da Cidade, e não apenas atender a interesse público, seja, em razão
de fim de interesse social ou de utilidade pública.
A Letra C é falsa porque a improdutividade da propriedade é requisito para desapropriação para fins de
cumprimento da função social da propriedade rural (art. 186 da CF/88), logo para fins de reforma agrária.

QUESTÃO 3. A Lei Federal nº “X”, de iniciativa parlamentar, estabelece regras gerais acerca do
parcelamento do solo urbano. Com fundamento nessa lei federal, a Lei Municipal nº “Y” fixa área que
será objeto do parcelamento, em função da subutilização de imóveis, para fins de cumprimento da função
social da propriedade urbana com base no artigo 182 do texto constitucional. Inconformado com a nova
regra, que atinge seu imóvel, Paulo procura seu advogado para que o oriente sobre uma possível
irregularidade nas novas regras.
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor,
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios; (...)
Considerando a hipótese, acerca da Lei Federal nº “X”, assinale a afirmativa correta.
a) Apesar de os municípios poderem intervir sobre a propriedade imobiliária privada localizada em
seu território, a lei é formalmente inconstitucional, uma vez que é competência de os municípios
legislar sobre política urbana, mas não sobre parcelamento do solo.
b) Não haverá inconstitucionalidade desde que o parcelamento compulsório atenda às exigências de
ordenação do solo estabelecidas pelo plano diretor do município.

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c) É considerada uma forma constitucional de intervenção do estado sobre a propriedade, ainda que
a propriedade de Paulo se localize em área rural, pois os planos diretores abrangem todo o
território do município.
d) O parcelamento é considerado inconstitucional pois a propriedade presume-se plena e exclusiva,
até que se prove o contrário.
A resposta correta é LETRA B.
A Letra B é verdadeira porque o parcelamento compulsório é instrumento de política urbana, conforme
o art. 182, §4º, da CF/88 e arts. 5º e 6º do Estatuto da Cidade. Sendo, inclusive, parte do conteúdo
mínimo obrigatório do Plano Diretor, de acordo com o art. 42 do Estatuto da Cidade.
A Letra A é falsa porque o parcelamento urbano faz parte da política urbana, que versa, segundo o artigo
182 da CF/88 sobre ordenação do solo, sendo o parcelamento um de seus instrumentos (art. 3º do Estatuto
da Cidade).
A Letra C é falsa porque, segundo o art. 182, §4º, da CF/88, o instrumento somente pode ser utilizado
para fins de cumprimento da função social da propriedade urbana. Logo, em imóveis localizados em áreas
urbanas do município (art. 5º do Estatuto da Cidade).
A Letra D é falsa porque a plenitude e exclusividade da propriedade deve ser relativizada em face de sua
qualificação para fins de cumprimento da função social da propriedade, prevista no inciso XXIII do art. 5º
da CF/88.

QUESTÃO 4. Joaquim é proprietário de um grande terreno no qual pretende instalar um loteamento,


ainda não aprovado pelo Poder Público. Contudo, antes que Joaquim iniciasse o projeto, sua propriedade
foi integralmente incluída nos limites de um parque nacional.
Considerando as normas que limitam o poder do Estado intervir sobre a propriedade, é correto afirmar
que
a) Não há que se falar em intervenção do estado sobre a propriedade de Joaquim, uma vez que a
propriedade ainda poderá ser utilizada para outros fins econômicos.
b) Joaquim poderá ajuizar ação com o objetivo de ser indenizado pelo lucro cessante decorrente da
inviabilidade do empreendimento.
c) Joaquim poderá ajuizar ação para reaver as perdas econômicas sofridas, caso a constituição do
parque suprima substancialmente o valor econômico de sua propriedade.
d) A constituição do parque pode ser considerada uma limitação urbanística ao direito de
propriedade e, portanto, deve ser indenizada.
A resposta correta é LETRA C.
A Letra C é verdadeira porque a instituição do Parque Nacional exige a desapropriação dos proprietários
privados. Tendo em vista a impossibilidade de realizar as faculdades inerentes da propriedade (uso, gozo
e disposição), poderá exigir a indenização justa, conforme prevê a CF/88, o SNUC e o Decreto-Lei Federal
nº 3.365, de 21 de junho de 1941. Observe-se ainda que o parque nacional é uma espécie de unidade de
conservação e faz parte do Sistema Nacional das Unidades de Conservação – SNUC – sendo considerado
uma espécie de unidade de conservação de proteção integral (art. 8º, inciso III, Lei Federal nº 9.985, de
18 de julho de 2000 – SNUC), ou seja, que somente admite uso indireto do bem. O SNUC estabelece que
o Parque Nacional é obrigatoriamente de domínio público, sendo fundamental a desapropriação da
propriedade privada nas áreas em que foi instituído, conforme sustenta o §1º do art. 11 da Lei Federal nº
9.985, de 18 de julho de 2000 – SNUC.
A Letra A é falsa porque a constituição de parque pelo poder público é uma forma intervenção sobre a
propriedade, que pode caracterizar desapropriação indireta da propriedade de Joaquim se seu valor
econômico for reduzido substancialmente ou aniquilado em razão de sua instituição (§1º do art. 11 da Lei
Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000 – SNUC).
A Letra B é falsa porque não tendo sido aprovado o loteamento não há que se falar em lucro cessante
com fundamento em expectativa de comercialização dos lotes, mas em possível dano patrimonial. O lucro
cessante, apesar de sua intenção em explorar economicamente por meio de loteamento, não pode ser
caracterizado, uma vez que o empreendimento ainda não havia sido submetido o projeto à aprovação por

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órgão competente. Igualmente é importe lembrar que, em regra, limitações administrativas, urbanísticas
ou ambientais, estabelecidas pela lei, em razão de seu caráter geral, não geram dever de indenizar.
A Letra D é falsa porque apesar de a criação do parque nacional ser considerada limitação urbanística,
em regra, as limitações urbanísticas não são indenizáveis.

QUESTÃO 5. O Município “X” pretende realizar obra de ampliação de sua malha viária urbana para
garantir maior mobilidade de pessoas e melhorara a circulação de veículos. Contudo, não dispõe de
recursos para a realização da obra. Para tentar viabilizar financeiramente a obra, o prefeito, após
consulta a Procuradoria Geral do Município sobre alternativas para financiamento do empreendimento. A
Procuradoria, então, emite parecer sobre a consulta realizada pelo prefeito que considera os seguintes
limites legais.
Marque a alternativa correta:
a) Considerando ser necessário desapropriar os imóveis localizados na área para a abertura de novas
vias públicas, a realização do empreendimento somente poderia ocorrer com o pagamento de
prévia e justa indenização a seus proprietários.
b) Por se tratar de obra de infraestrutura urbana que se destina à circulação viária, uma das funções-
chave da cidade, os imóveis vazios poderiam ser desapropriados para fins de cumprimento da
função social da propriedade urbana com pagamento de títulos da dívida pública municipal
regatáveis em dez anos.
c) A desapropriação de imóveis urbanos deve atender as exigências de ordenação do solo previstas
no plano diretor do município, que no caso não prevê investimentos em ampliação do sistema
viário do município.
d) O município não poderia desapropriar imóveis públicos localizados na área.
A resposta correta é LETRA B.
A Letra B é verdadeira porque os imóveis vazios podem ser desapropriados com o pagamento de títulos
da dívida pública municipal com base no cumprimento da função social da propriedade desde que siga os
termos do art. 182, §4º da CF/88. Ademais, esta opção é coerente com a consulta demandada pelo
Prefeitura à Procuradoria.
A Letra A é falsa apesar de, sob o ponto de vista jurídico estritamente, a afirmativa poder ser considerada
parcialmente correta, uma vez que se trata de transcrição literal do art. 5º, inciso XXIV, da CF/88.
Contudo, a afirmativa não considera que pode haver desapropriação sem indenização (art. 243 CF/88) no
caso de a área ser utilizada para plantio de substância psicotrópica, nem tampouco a possibilidade de o
pagamento da indenização ser realizado com título da dívida pública resgatáveis em 10 anos (art. 182,
§4º da CF/88) e em 20 anos (art. 184 da CF/88)
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
A Letra C é falsa porque, a priori todo ato administrativo municipal que verse sobre ordenação do solo
urbano deve considerar as diretrizes e regras de ordenação do solo previstas no plano diretor. Contudo,
o fato de o plano diretor do município não prever investimentos em ampliação do sistema viário não
significa que esses não se tornem necessários caso novas condições urbanas justifiquem a ampliação.
Além disso, usualmente o Decreto-lei n. 3.365/41 que é utilizado para embasar desapropriação de
utilidade pública, modalidade na qual se enquadra a desapropriação para realização de obras de
infraestrutura, tem sido aplicado de forma independente a partir de demandas específicas por serviços
públicos sem considerar as diretrizes de ordenação do solo contidas no plano diretor.
A Letra D é falsa porque, conforme o princípio federativo, é possível a desapropriação de imóveis públicos
por entes da federação desde que para cumprir finalidade de interesse público ou sua função social. Ver
Justen Filho, 2015, p. 627.
BOA PROVA!

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
FACULDADE MINEIRA DE DIREITO
Unidade Coração Eucarístico

2ª PROVA DE Direito Administrativo III


CHAVE DE CORREÇÃO
1º Semestre 2018
PROFESSORA: Dra. Marinella Araujo

NOME __________________________________________________________________
__________________________________________________________________

NOTA __________

Informações sobre a Prova


VALOR TEMPO DE REALIZAÇÃO DATA
25 pontos 50 minutos 07.05.2018
A prova deve ser realizada à caneta, em dupla ou individualmente. As rasuras invalidam as questões, sendo considerado
rasura qualquer marcação visível, ainda que leve, nos espações destinados a respostas. Após a divulgação dos
resultados e da chave de correção no SGA, pedidos de revisão poderão ser diretamente endereçados à professora. É
obrigatória a assinatura na lista de presença para que a nota seja lançada no SGA.

Julgue  os  itens  seguintes.    


 
QUESTÃO   1.   FALSA   O   controle   interno   da   execução   orçamentária   é   exercido   pelos  
Poderes  Legislativo,  Executivo  e  Judiciário,  com  o  auxílio  do  tribunal  de  contas.    
Justificativa:  ao  tratar  da  fiscalização  contábil,  financeira  e  orçamentária,  o  artigo  71  da  
Constituição   de   1988   atribui   o   controle   externo,   em   âmbito   federal,   ao   Congresso  
Nacional   com   o   auxílio   do   Tribunal   de   Contas   da   União.   O   controle   interno,  
entretanto,  é  exercido  pela  própria  Administração  Pública  das  unidades  federativas  com  
fundamento   no   poder   de   autotutela.   No   caso   do   orçamento   público   esse   controle   é  
realizado  internamente  pelos  órgãos  de  controle  do  Poder  estatal  a  que  o  orçamento  se  
aplica.  
 
QUESTÃO  2.  FALSA    No  município  em  que  Ana  mora  o  prefeito  tem  por  hábito  beneficiar  
os   amigos   contratando   diretamente   os   serviços   de   suas   empresas   sem   processo  
licitatório.   Como   cidadã,   Ana   é   parte   legítima   para   denunciar   as   irregularidades   ou  
ilegalidades  do  praticadas  pelo  prefeito  perante  o  Tribunal  de  Contas  da  União.  

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Justificativa:   todos   os   tribunais   de   contas   mantem   órgãos   de   controle   externo   que  
podem   ser   utilizados   pelos   cidadãos.   São   eles   as   chamadas   Ouvidorias.   Qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar
ilegalidades perante os tribunais de contas. Contudo,   por   se   tratar   de   contratos  
administrativos   que   versam   sobre   interesse   público   municipal,   o   controle   de   contas  
municipais   é   exercido   por   tribunais   de   contas   estaduais   ou   municipais,   no   caso   dos  
municípios  do  Rio  de  Janeiro  e  de  São  Paulo.  Veja  artigo  70  e  ss.  da  CG/88.  Vale lembrar
que, em geral, compete à Ouvidoria realizar triagem das manifestações e encaminhá-las
às unidades competentes de seu respectivo tribunal de contas, para averiguação e
eventuais providências.

No caso do Tribunal de Contas da União – TCU funciona da seguinte maneira: é


fornecido ao cidadão número de registro da manifestação para acompanhamento e ser-
lhe-ão prestadas informações quanto às ações/tramitações ocorridas, bem como sobre
a deliberação de mérito do TCU. Não há senha para acompanhamento da manifestação
e todas as manifestações recebem idêntico tratamento. Veja o que diz o artigo 53 do
Regimento Interno do TCU, Lei nº 8.443/92). A denúncia deve ser protocolizada,
pelo protocolo eletrônico do TCU, pessoalmente ou por via postal, no Edifício Sede, em
Brasília, ou nas Secretarias Regionais do TCU, localizadas nos Estados.
 
QUESTÃO   3.   FALSO Qualquer   pessoa   pode   representar   à   Corregedoria-­Geral   do  
Estado  contra  abuso,  erro  grosseiro,  omissão  ou  qualquer  outra  irregularidade  funcional  
dos  membros  da  Advocacia  Geral  do  Estado.  
Justificativa:   as   Corregedorias   são   órgãos   de   controle   interno   da   Administração  
Pública.   A   Corregedoria   Geral   do   Estado   ou   da   Administração   é   um   órgão   de  
controle  interno  e  de  apuração  e  correição  de  irregularidades  administrativas,  sem  
prejuízo   das   competências   dos   demais   órgãos   dessa   natureza   e   também   do   controle  
interno  realizado  de  modo  difuso,  por  todas  as  unidades  da  estrutura  organizacional  do  
Estado.   Em   síntese,   as   corregedorias   gerais   são   órgãos   de   controle   interno   e   de  
apuração   e   correição   de   irregularidades   administrativas.   Seu   trabalho   tem   como  
objetivo  preservar  e  promover  os  princípios  da  legalidade,  impessoalidade,  moralidade,  
economicidade  e  publicidade  dos  atos  de  gestão,  bem  como  da  probidade  dos  agentes  
públicos  da   unidade   federativa.   No   plano   federal,   segundo   a   Lei   Orgânica   da  
Advocacia-­Geral   da   União,   Lei   Complementar   N.   73,   de   10   de   fevereiro   de   1993,  
qualquer  pessoa  pode  representar  ao  Corregedor-­Geral  da  Advocacia  da  União  –  AGU  
contra  qualquer  forma  de  irregularidade  funcional  dos  membros  da  Advocacia-­Geral  da  
União.   No   plano   local,   cada   estado   tem   poder   para   estabelecer   as   competências   de  
seus   órgãos   corregedores.   Em   Minas   Gerais,   por   exemplo,   a   Controladoria   Geral  do  
Estado-­  CGE  tem  essa  competência  nos  termos  do  artigo  48,  §  1º,  incisos  I  e  II,  da  Lei  
N.  22.257,  de  27  de  julho  de  2016.  
 
De  um  modo  geral,  por  fim,  vale  lembrar  que  a  Ouvidoria  Geral  integra  a  estrutura  da  
Controladoria   Geral   e   é   o   órgão   responsável   por   receber,   examinar   e   encaminhar  
denúncias,   reclamações,   sugestões,   elogios   e   solicitações   referentes   a  
irregularidades   na   utilização   de   dinheiro   público,   procedimentos   e   ações   de  
agentes   públicos,   órgãos   e   entidades   do  Poder   Executivo.   Ela   tem   como   função  

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acompanhar  o  trabalho  das  demais  Ouvidorias  do  Poder  Executivo  com  o  objetivo  de  
integrar   o   tratamento   das   manifestações.   Em   Minas   gerais,   a   Ouvidoria   Geral   do  
Estado  é  órgão  autônomo  subordinado  ao  Governador  do  Estado.  As  competências  da  
Controladoria  Geral  do  Estão  previstas  na  Lei  N.  22.257,  de  27  de  julho  de  2016.  
 
LEI  N.  22.257,  DE  27  DE  JULHO  DE  2016  
 
Estabelece  a  estrutura  orgânica  da  administração  pública  do  Poder  Executivo  do  
Estado  e  dá  outras  providências.  
 
Art.  48.  A  Controladoria-­Geral  do  Estado  -­  CGE,  órgão  central  do  controle  interno  
do   Poder   Executivo,   tem   como   competência   assistir   diretamente   o   Governador   no  
desempenho   de   suas   atribuições   quanto   aos   assuntos   e   providências   atinentes,   no  
âmbito   do   Poder   Executivo,   à   defesa   do   patrimônio   público,   ao   controle   interno,   à  
auditoria   pública,   à   correição,   ao   aperfeiçoamento   de   serviços   e   utilidades   públicos,   à  
prevenção  e  ao  combate  à  corrupção,  ao  incremento  da  transparência  da  gestão  e  ao  
acesso  à  informação  no  âmbito  da  administração  pública  estadual.  
 
§   1º   A   CGE,   enquanto   órgão   central   do   controle   interno   do   Poder   Executivo,   será  
responsável  por:  
 
I   -­   receber   e   adotar   as   providências   necessárias   para   o   integral   tratamento   de  
denúncias,  representações,  reclamações  e  sugestões  que  tenham  por  objeto:  
 
a)  correção  de  erro,  omissão  ou  abuso  de  agente  público  estadual;;  
b)   prevenção   e   correção   de   ato   ou   procedimento   incompatível   com   os   princípios   da  
legalidade,   impessoalidade,   moralidade,   publicidade   e   eficiência   da   administração  
pública  estadual;;  
c)  (VETADO);;  
d)  proteção  ao  patrimônio  público;;  
 
II   -­   instaurar   ou   requisitar   a   instauração   de   sindicância,   processo   administrativo  
disciplinar  e  outros  processos  administrativos  em  desfavor  de  qualquer  servidor  
público  estadual,  inclusive  de  detentores  de  emprego  público,  e  avocar  aqueles  já  em  
curso  em  órgão  ou  entidade  da  administração  pública  estadual,  inclusive  promovendo  a  
aplicação  da  penalidade  administrativa  cabível,  observado  o  disposto  no  §  5º  do  art.  9º  
desta  Lei;;  
 
LEI  COMPLEMENTAR  Nº  73,  DE  10  DE  FEVEREIRO  DE  1993  
 
Institui  a  Lei  Orgânica  da  Advocacia-­Geral  da  União  e  dá  outras  providências.  
 
Art.   34.   Qualquer   pessoa   pode   representar   ao   Corregedor-­Geral   da   Advocacia   da  
União   contra   abuso,   erro   grosseiro,   omissão   ou   qualquer   outra   irregularidade  
funcional  dos  membros  da  Advocacia-­Geral  da  União.  
 
 

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QUESTÃO   4.   VERDADEIRO   João   teve   seu   imóvel   compulsoriamente   tombado   pela  
União.   Caso,   após   notificar   o   Instituto   do   Patrimônio   Histórico   e   Artístico   Nacional   da  
impossibilidade   financeira   de   proceder   às   obras   de   conservação   e   reparação  
necessárias,  o  poder  público  não  adotar  nenhuma  providência  dentro  do  prazo  de  seis  
meses,  João  poderá  requerer  o  cancelamento  do  tombamento.    
Justificativa:   Apesar   de   a   obrigação   de   conservação   do   imóvel   tombado   ser   de  
proprietário,  uma  vez  que  o  tombamento  é  uma  forma  de  intervenção  do  estado  sobre  a  
propriedade  meramente  restritiva  e  não  supressiva  do  direito  de  propriedade,  caso  este  
não   tenha   recurso   para   suporta-­la,  essa   responsabilidade   se   transfere   para   a   unidade  
federativa   que   tombou   o   imóvel.   É   o   que   prescreve   o   artigo   19,   parágrafo   2º,   do  
Decreto-­lei  N.  25,  de  30  de  novembro  de  1937,  sendo  a  ausência  de  providencias  por  
parte  do  Estado  um  dos  casos  de  cancelamento  do  tombamento.  
 
Art.  19.  O  proprietário  de  coisa  tombada,  que  não  dispuzer  de  recursos  para  proceder  
às   obras   de   conservação   e   reparação   que   a   mesma   requerer,   levará   ao  
conhecimento   do   Serviço   do   Patrimônio   Histórico   e   Artístico   Nacional   a  
necessidade   das   mencionadas   obras,   sob   pena   de   multa   correspondente   ao   dobro  da  
importância  em  que  fôr  avaliado  o  dano  sofrido  pela  mesma  coisa.  
§   1º   Recebida   a   comunicação,   e   consideradas   necessárias   as   obras,   o   diretor   do  
Serviço  do  Patrimônio  Histórico  e  Artistico  Nacional  mandará  executá-­las,  a  expensas  da  
União,   devendo   as   mesmas   ser   iniciadas   dentro   do   prazo   de   seis   mezes,   ou  
providenciará  para  que  seja  feita  a  desapropriação  da  coisa.  
§  2º  À  falta  de  qualquer  das  providências  previstas  no  parágrafo  anterior,  poderá  o  
proprietário  requerer  que  seja  cancelado  o  tombamento  da  coisa.          
 
QUESTÃO   5.   VERDADEIRO   A   norma   que   limitou   a  quinze  o   número   de   andares   dos  
prédios  a  serem  construídos  na  localidade  constitui  limitação  administrativa  que,  dotada  
de  caráter  geral,  se  distingue  das  demais  formas  de  intervenção  estatal  na  propriedade,  
não  caracterizando,  via  de  regra,  situação  passível  de  indenização.  
Justificativa:  as  normas  urbanísticas  de  uso  e  ocupação  do  solo  são  formas  restritivas  
do  direito  de  propriedade.  Caracterizam,  por  isso,  formas  de  intervenção  do  estado  sobre  
a   propriedade.   Contudo,   em   razão   de   sua   generalidade   e   abrangência,   não   ensejam  
direito   à   indenização,   salvo   se   caracterizada   supressão   do   direito   de   propriedade  
desigual   em   relação   aos   demais   proprietários   que   se   encontrem   na   mesma   situação  
dentro  da  zona  urbanística  ou  área  a  que  se  apliquem.  
 
QUESTÃO   6.   FALSO Nos   termos   da   jurisprudência   do   STF,   caso   um   particular  
interponha  recurso  administrativo  contra  uma  multa  de  trânsito,  por  se  tratar  do  exercício  
do   poder   de   polícia   pela   administração,   a   admissibilidade   do   recurso   administrativo  
dependerá  de  depósito  prévio  a  ser  efetuado  pelo  administrado  

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Justificativa:  Em  razão  da  garantia  constitucional  ao  direito  ao  contraditório  e  à  ampla  
defesa   prevista   no   artigo   5º,   LV   da   CF/88,   entende   o   STF   que   não   cabe   preparo   de  
recurso  administrativo  por  considerar  que  sua  exigibilidade  implica  em  cerceamento  de  
defesa.   Esse   entendimento   está   sumulado   na   Súmula   Vinculante   21.   Há,   todavia,  
alguns  entendimentos  no  sentido  de  que  essa  garantia  se  limitaria  à  segunda  instância  
administrativa  recursal  e  não  à  terceira.  Vale  lembrar  que  o  direito  ao  recurso  deixa  de  
existir  quando  o  processo  transcorrer  mediante  hierarquia  administrativa.  Mesmo  nessa  
hipótese,  contudo,  é  comum  que  se  assegure  o  direito  a  pedir  reconsideração.  Observe-­
se  ainda  que,  segundo  o  artigo  56,  parágrafo  2º,  da  Lei  N.  9.784/1999,  salvo  exigência  
legal,  o  recurso  administrativo  independe  de  caução.  
 
Súmula  Vinculante    
21.  É  inconstitucional  a  exigência  de  depósito  ou  arrolamento  prévios  de  dinheiro  ou  bens  
para  admissibilidade  de  recurso  administrativo.
 
QUESTÃO   7.   FALSO   Caso   o   referido   servidor   seja  demitido   por   decisão   de  processo  
administrativo  disciplinar,  poderá  o  Poder  Judiciário  revogar  esse  ato  administrativo  se  
ficar   comprovado   o   cerceamento   de   defesa,   ainda   que   exista   recurso   administrativo  
pendente  de  decisão.  
Justificativa:  Cerceamento  de  defesa  gera  anulação  do  ato  administrativo  de  demissão  
por   vício   de   legalidade   e   não   revogação   (artigo   53   da   Lei   N.   9.784/1999).   Essa   regra  
encontra-­se   igualmente   positivada   na   Súmula   473   STF   e   Súmula   346   STF.   Ademais,  
segundo   o  artigo  61   da  Lei   N.   9.784/1999,   os   recursos  administrativos   têm,   em  regra,  
caráter   devolutivo.   Por   isso,   não   impedem   que   os   indivíduos   prejudicados   por   atos  
praticados  pela  Administração  Pública  recorram  diretamente  ao  Judiciário.  Vale  lembrar  
que   há   quem   considere   que   a   atribuição   de   efeito   apenas   devolutivo   aos   recursos  
administrativos  representa  uma  violação  a  condição  inerente  ao  direito  de  recorrer.  
 
QUESTÃO  8.  Para  preservar  área  de  proteção  ambiental  permanente,  uma  lei  municipal  
determinou  recuo  obrigatório  de  construção  em  propriedades  situadas  em  localidade  de  
certo   município.   Nessa   situação   hipotética,   ocorre   restrição   ao   direito   de   propriedade  
denominada:  
a)   servidão  administrativa.    
b)   tombamento.  
c)   desapropriação  por  utilidade  pública.  
d)   limitação  administrativa.  
 
A  resposta  correta  é  LETRA  D.    
 

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As  limitações  administrativas  são  formas  de  intervenção  do  estado  sobre  a  propriedade  
que   se   caracterizam   pelo   estabelecimento   de   regras   gerais   sobre   o   direito   de  
propriedade,   usualmente   instituídas   por   lei,   mas   que   também   podem   ocorrer   por   atos  
administrativos,   desde   que   infralegais.   Não   se   confundem   com   as   servidões  
administrativas   porque   as   servidões   impõem   obrigações   de   não   fazer   que   devem   ser  
suportadas   pelo   proprietário   do   imóvel,   ou   seja,   um   pace   se   vincula   ao   imóvel,  
independentemente   de   quem   seja   o   seu   proprietário.   Além   disso,   são   específicas.   O  
tombamento  somente  se  aplica  quando  o  imóvel  apresenta  valor  cultural  ou  paisagístico.  
A  desapropriação  por  utilidade  pública  é  estabelecida  por  decreto  de  utilidade  pública,  
não  tem  caráter  geral,  e  se  destinam  a  realização  de  alguma  obra  ou  serviço  público.    
 
QUESTÃO  9.  Dado  o  poder  de  autotutela,  compete  à  administração  pública  anular  seus  
próprios  atos,  quando  eles  estiverem  eivados  de  vício  de  legalidade.  De  acordo  com  a  
Lei  de  Processo  Administrativo,  o  prazo  para  anular  atos  administrativos  de  que  decorram  
efeitos  favoráveis  para  os  destinatários  e  efeitos  danosos  ao  estado  deve  ser  contado  da  
data  em  que  tais  atos  forem  praticados  e  decai  em:  
a)   cinco  anos,  salvo  comprovada  má-­fé.    
b)   dez  anos,  salvo  comprovada  má-­fé.    
c)   vinte  anos,  salvo  comprovada  má-­fé.    
d)   quinze  anos,  em  todos  os  casos.  
 
A  resposta  correta  é  LETRA  A.  
 
Segundo  o  artigo  54  da  Lei  N.  9.784/1999,  o  prazo  para  Administração  anular  os  atos  
administrativos   de   que   decorram   efeitos   favoráveis   para   os   destinatários   decai   em  
cinco   anos,   contados   da   data   em   que  foram   praticados,   salvo  comprovada   má-­fé.  
Quanto   ao   prazo   para   a   Administração   anular   atos   administração   dos   quais   decorram  
efeitos   danosos   ao   estado,   lembre-­se   que   o   STF   decidiu,   a   partir   de   discussão   que  
envolvia  a  aplicação  do  §  5º  do  art.  37  da  Constituição  de  1988,  que  há  prescrição  em  
danos   à   Fazenda   Pública   decorrentes   de   ilícito   civil,   tendo   firmado   a   tese   de  
repercussão  geral  (Tema  666)  no  sentido  de  que  “é  prescritível  a  ação  de  reparação  
de  danos  à  Fazenda   Pública  decorrente   de   ilícito   civil”.   Essa   tese   foi  elaborada  no  
julgamento  do  RE  669.069/MG  em  que  se  discute  o  prazo  de  prescrição  das  ações  de  
ressarcimento   por   danos   causados   ao   erário,   entretanto   essa   tese   não   alcança  
prejuízos  que  decorram  de  ato  de  improbidade  administrativa,  esta  última  questão  
objeto  de  discussão  no  RE  852475/RJ.  Prazos  prescricionais  e  decadenciais  quinquenais  
aplicáveis  a  pretensões  da  própria  Fazenda  Pública  estão  previstos  na    Lei  9.873/99  e  
no  Decreto  20.910/32.  
 
Artigo  37,  §  5º.  A  lei  estabelecerá  os  prazos  de  prescrição  para  ilícitos  praticados  por  
qualquer   agente,   servidor   ou   não,   que   causem   prejuízos   ao   erário,   ressalvadas   as  
respectivas  ações  de  ressarcimento.  
 

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Vale  lembrar  que  STF  vai  discutir  anulação  de  ato  administrativo  após  término  do  prazo  
decadencial.   O   Supremo   Tribunal   Federal   (STF)  vai   decidir   se   é   facultado   à  
Administração   Pública   o   direito   de   anular   um   ato   administrativo   mesmo   depois   de  
decorrido   o   prazo   decadencial   previsto   na   Lei   9.784/1999,   caso   seja   constatada  
manifesta  inconstitucionalidade.  A  matéria  é  objeto  do  RE  817.338,  que  teve  repercussão  
geral   reconhecida   pelo   Plenário   Virtual   da   Corte.   No   recurso   se   discute   ainda   se   uma  
portaria   que   disciplina   o   tempo   máximo   de   permanência   no   serviço   militar   atende   aos  
requisitos  do  artigo  8º  do  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias  (ADCT),  que  
concede  anistia  aos  servidores  atingidos  por  atos  de  motivação  exclusivamente  política.  
 
Tema  839  -­  a)  Possibilidade  de  um  ato  administrativo,  caso  evidenciada  a  violação  
direta   ao   texto   constitucional,   ser   anulado   pela   Administração   Pública   quando  
decorrido  o  prazo  decadencial  previsto  na  Lei  nº  9.784/1999.  b)  Saber  se  portaria  
que  disciplina  tempo  máximo  de  serviço  de  militar  atende  aos  requisitos  do  art.  8º  
do  ADCT.  
 
Recursos  extraordinários  em  que  se  discute,  à  luz  dos  arts.  2º,  5º,  II,  XXXVI  e  LXIX,  e  
37,   caput,   da   Constituição   Federal   e   do   art.   8º   do   Ato   das   Disposições  
Constitucionais   Transitórias,   a   possibilidade   de   um   ato   administrativo,   caso  
evidenciada   a   violação   direta   do   texto   constitucional,   ser   anulado   pela  
Administração   Pública   quando   decorrido   o   prazo   decadencial   previsto   na   Lei   nº  
9.784/1999.  Discute-­se,  ainda,  se  uma  portaria  que  disciplina  tempo  máximo  de  serviço  
de  militar  atende  aos  requisitos  do  art.  8º  do  ADCT.  
 
QUESTÃO   10.   Pedro   interpôs   recurso   administrativo   visando   reverter   decisão  
administrativa  que  havia  determinado  a  interdição  de  estabelecimento  comercial  de  sua  
propriedade,   com   aplicação   de   multa.   Nessa   situação   hipotética,   com   base   nas  
disposições  legais  concernentes  aos  processos  administrativos,  
a)   se  do  julgamento  do  recurso  administrativo  puder  decorrer  gravame  à  situação  de  
Pedro,  este  deverá  ser  cientificado  para  apresentar  nova  manifestação  antes  da  
decisão.    
b)   salvo   disposição   legal   em   sentido   contrário,  o   recurso   interposto   por   Pedro   terá  
efeito  devolutivo  e  suspensivo.    
c)   interposto   o   recurso   administrativo,   o   acesso   de   Pedro   ao   Poder   Judiciário  
somente  poderá  ocorrer  após  o  julgamento  definitivo  na  esfera  administrativa.    
d)   o   recolhimento   do   valor   da   multa   aplicada   é   condição   de   admissibilidade   do  
recurso   administrativo.   E   julgado   improcedente   o   recurso   administrativo   e  
mantidas   as  penalidades   administrativas  aplicadas,   não  haverá  necessidade   de  
motivação  da  decisão  da  instância  superior.  
 
A  resposta  correta  é  LETRA  A.    

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O  recurso  administrativo,  em  regra  não  ter  efeito  suspensivo,  segundo  o  artigo  61  da  
Lei   N.   9.784/1999.   Todavia,   em   havendo   justo   receio   de   prejuízo   de   difícil   ou   incerta  
reparação,  a  autoridade  recorrida  ou  a  imediatamente  superior  a  ela  poderá,  de  oficio  ou  
a  requerimento,  dar  ao  recurso  efeito  suspensivo.  É  o  que  estabelece  o  parágrafo  único  
do   artigo   61   da   Lei   N.   9.784/1999.   Observe-­se   ainda   que   as   sanções   civis,   penais   e  
administrativas   são   independentes   entre   si.   Há   quem   entenda,   todavia,   essa  
independência   é   relativa   uma   vez   que    a   própria   legislação   e   a   jurisprudência   têm  
conferido  efeitos  cada  vez  mais  relevantes  a  atos  praticados  no  âmbito  administrativo,  
em   especial   em   relação   ao   processo   penal.   Exemplo:   Súmula   24   do   STF,   que   faz  
depender  a  “materialidade  típica  do  crime  fiscal  da  constituição  administrativa  do  crédito  
tributário”,  e   a   Lei   12.259/11,   que   determina   a  extinção   da   punibilidade  dos   crimes   de  
cartel  quando  cumprido  do  acordo  de  leniência,  firmado  no  âmbito  do  Cade.  Por  fim,  vale  
lembrar  que  a  Súmula  Vinculante  21  do  STF  desobriga  o  preparo  no  caso  de  recursos  
administrativos.  
 
Lei  8.112/90  
 
Art.   125.   As   sanções   civis,   penais   e   administrativas   poderão   cumular-­se,   sendo  
independentes  entre  si.  
 
Art.   126.   A   responsabilidade   administrativa   do   servidor   será   afastada   no   caso   de  
absolvição  criminal  que  negue  a  existência  do  fato  ou  sua  autoria.    
 
Código  Civil  
 
Art.   935.   A   responsabilidade   civil   é   independente   da   criminal,   não   se   podendo  
questionar  mais  sobre  a  existência  do  fato,  ou  sobre  quem  seja  o  seu  autor,  quando  
estas  questões  se  acharem  decididas  no  juízo  criminal  .  
 
Art.  66.  Não  obstante  a  sentença  absolutória  no  juízo  criminal  ,  a  ação  civil  poderá  
ser   proposta   quando   não   tiver   sido,   categoricamente,   reconhecida   a   inexistência  
material  do  fato  
 
Súmula  429  STF  
A  existência  de  recurso  administrativo  com  efeito  suspensivo  não  impede  o  uso  
do  mandado  de  segurança  contra  omissão  da  autoridade.  
 
Súmula  21  do  STF  
É  inconstitucional  a  exigência  de  depósito  ou  arrolamento  prévios  de  dinheiro  ou  bens  
para  admissibilidade  de  recurso  administrativo.  
 
BOA  PROVA!  

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