MAURO BUFFONI
São Paulo
2006
Estudo de melhoria do processo de produção do
Mauro Buffoni linear alquil benzeno sulfonato de cálcio
MAURO BUFFONI
São Paulo
Maio/2006
Dedicatória
À minha esposa Rose Meire, por sua compreensão e aos meus três filhos, Júlio César, Pedro
Vinícius e Diogo Henrique, pelas travessuras que deixamos de fazer no período desse
trabalho.
Agradecimentos
Primeiramente a Deus.
Meus sinceros agradecimentos ao Dr. Marco Giulietti e ao Dr. Deovaldo de Moraes Jr. pela
dedicação valiosa que forneceram a este trabalho.
Este trabalho não seria possível sem o auxílio do pesquisador e colega José Antônio Bentine e
de Arnaldo Joaquim Ferreira Jr; gerente da Oxiteno S/A indústria e Comércio, unidade Mauá.
Não poderia deixar de mencionar meus agradecimentos à Oxiteno S/A Indústria e Comércio,
empresa em que trabalho desde 1986, pela oportunidade de crescimento profissional e
pessoal.
Agradeço aos meus pais Gonçalo e Josefina pelos seus esforços que tornaram realizações
como esta possível.
RESUMO
O linear alquil benzeno sulfonato de cálcio (LABSCA) é utilizado para formular emulsões do
tipo óleo em água (O/A). Esse composto orgânico é muito utilizado em formulações com
aplicação nos segmentos agroquímico, na indústria têxtil, em lubrificantes automotivos e em
detergentes.
O presente trabalho teve por objetivos estudar uma nova rota industrial de obtenção do
LABSCA e avaliar o processo via filtração atualmente empregado para a obtenção desse sal
orgânico. O processo proposto como nova rota de obtenção do sal orgânico é a extração
líquido/líquido pois eliminaria a etapa de filtração do processo atual. Hoje, a filtração é
necessária devido à geração do sulfato de cálcio formado pela presença de ácido sulfúrico
residual no ácido linear alquil benzeno sulfônico (LAS) que reage com hidróxido de cálcio. A
presença de sulfato de cálcio no linear alquil benzeno sulfonato de cálcio deixa o produto
turvo o que impossibilita sua comercialização.
Objetivando verificar a eficiência do processo para eliminar ou reduzir o ácido sulfúrico a um
valor aceitável, estudou-se o processo via extração. Devido às propriedades físicas e químicas
do sal formado, foram escolhidos três solventes orgânicos: o éter de petróleo, o éter etílico e o
éter butílico do monoetilenoglicol. Na extração líquido/líquido envolvendo apenas o LAS
com os solventes estudados, não foi verificada separação de fases. A separação de fases
somente foi obtida quando um eletrólito foi inserido ao meio. Porém, devido à adição do
eletrólito, a viscosidade do produto de fundo aumentou dificultando sua drenagem. Além
disso, verificou-se que grande quantidade de LAS saiu com o solvente na fase superior sendo
perdido.
O processo via extração líquido/líquido é viável devido às seguintes desvantagens principais:
• Alto teor de LAS na fase aquosa
• Presença de cloreto de sódio na fase orgânica
• Alta viscosidade (dificuldade para drenar a fase aquosa)
• Elevado tempo para separação das fases
Como a proposta de extrair o ácido sulfúrico por um processo via extração não foi eficiente a
ponto de ser viabilizada industrialmente, o trabalho foi conduzido para o estudo do processo
atualmente empregado de filtração do LABSCA. Os testes realizados visaram identificar os
parâmetros de processo que mais influenciam a etapa de filtração e que diretamente
interferem na qualidade do produto final. Assim, foram realizados 10 testes em escala
industrial. Em todos os testes, a vazão de álcali foi mantida constante.
A temperatura do reator, de acordo com a condição definida para cada teste, foi mantida
abaixo de 55 ºC, acima de 70 ºC ou evoluiu gradativamente conforme a exotermia da reação.
Nos testes em que a temperatura evolui de forma gradativa, o produto atendeu a limpidez
desejada e a etapa de filtração apresentou o melhor desempenho. Para os demais testes, o
produto não atendeu a qualidade de limpidez desejada e a etapa de filtração apresentou maior
perda de carga. Isso comprova que a temperatura é um parâmetro crítico para o processo.
Palavras-chave: Remoção de ácido sulfúrico, Extração líquido/líquido, Filtração de sulfato de
cálcio, Ácido linear alquil benzeno sulfônico, Cristalização de sulfato de cálcio, Linear alquil
benzeno sulfonato de cálcio.
ABSTRACT
Study on improvements of the process for the production of linear alkyl benzene
calcium sulfonate.
Linear alkyl benzene calcium sulfonate (LABSCA) is used to formulate oil in water
emulsions (O/W). This organic salt is largely utilized in the agrochemical segment, textile
industry, automotive lubricants and in detergents.
The scopes of this work are to study a new industrial route for obtaining LABSCA and to
evaluate the process currently used based on a filtration step for the separation of the organic
salt formed. The new process proposed is a liquid/liquid extraction that would eliminate the
filtration step of the current process. Currently, the filtration step is necessary due to the
formation of calcium sulfate generated from the residual sulfuric acid presence in the linear
alkyl benzene sulfonic acid (LAS). Calcium sulfate increases the final product turbidity
making impossible its commercialisation.
In order to verify the process efficiency with respect to the sulfuric acid elimination or
reduction to acceptable levels, the extraction process was studied as an option. Due to the
physical and chemical properties of the system, three organic solvents were tested: light
petroleum ether, ethyl ether and ethylene glycol monobutyl ether. In the liquid/liquid
extraction process, considering just LAS and solvents, no phase separation occurred. Phase
separation was achieved only when an electrolyte was introduced in the system. However, due
to electrolyte addition, the viscosity of the heavy phase (bottom) increased dramatically.
Moreover, it was noticed that a large amount of LAS was lost in the solvent phase (upper
phase ).
The Liquid/Liquid extraction process was not feasible, due to the following main
disadvantages:
• High concentration of LAS in the water phase
• Sodium chloride (electrolyte) presence in the organic phase
• High viscosity of the water phase
• Long time until phase separation
As the sulfuric acid elimination by L/L extraction was not industrially feasible, the work was
oriented to the study of the process currently used which is based on the filtration of
LABSCA. Industrial tests aimed to identify the key process parameters with impact on the
filtration step and the final product quality. Overall, 10 industrial scale trials have been carried
on and are reported in this work. In all the tests, the flow of alkali was kept constant.
The temperature of the reactor, depending on the conditions defined for each test, was kept
below of 55 ºC, above 70 ºC or gradually increased according to the reaction evolution. In the
tests in which the temperature increased gradually, the product showed the desired limpidity
and the filtration step presented optimum performance. For the other tests, the product did not
achieve the required limpidity and the filtration step presented higher pressure drop. This
proves that the temperature is a critical parameter for the process.
Keywords: Sulfuric acid removal, liquid-liquid extraction, calcium sulfate filtration, linear
alkyl benzene sulfonic acid, calcium sulfate crystallization, Linear alkyl benzene calcium
sulfonate.
Lista de ilustrações
C Constante (equação 1)
T Temperatura (ºC)
∆W Supersaturação
∆Wmax Largura da zona meta estável
Weq Solubilidade (kg/kg)
∆Tmáx sub-resfriamento máximo ou largura da zona metaestável
Teq Temperatura de saturação (ºC)
Smáx Razão de supersaturação máxima
θf Tempo de filtração (minutos)
K1 Constantes para materiais incompressíveis (dina*s/cm8)
K2 Constantes para materiais incompressíveis (dina*s/cm5)
Vf Volume final de filtrado (Litros)
P Pressão de operação (kgf/cm²)
α Resistência especifica da torta (cm/g)
µ Viscosidade do fluído (g/cm*s)
S Fração mássica de sólido (adimensional)
ρ Densidade do líquido (g/cm³)
m Relação entre a massa de torta úmida e torta seca (adimensional)
A Área de filtração (cm²)
Rm Resistência especifica do meio filtrante (cm-1)
s Fator de compressibilidade do bolo
b Constante (equação 6)
α0 Resistência especifica do bolo em pressão nula constante
α’0 Constante empirica com significado equivalente ao de α0 e s (equação 7)
s’ Constante empirica com significado equivalente ao de α0 e s (equação 7)
∆Pc Queda de pressão através do bolo (psi)
Sumário
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Generalidades 1
1.2 Objetivo 2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3
2.1 Introdução 3
2.2 Apresentação do LAS – Ácido linear alquil benzeno sulfônico (C12C6H4SO3H) 3
2.3 Preparação de alquilbenzeno sulfonato de cálcio 4
2.4 Extração líquido/líquido de ácido sulfúrico de alquilbenzeno sulfonatos 5
2.5 Produção do LAS 6
2.6 Processo de obtenção do LABSCA: Processo via Filtração 7
2.6.1 Reação 8
2.6.2 Filtração 9
2.6.3 Evaporação 10
2.7 Tensoativos 10
2.7.1 Introdução 10
2.7.2 Tensoativos aniônicos 10
2.7.3 Solubilidade dos tensoativos 11
2.7.4 Solubilidade em compostos orgânicos 11
2.8 Conceitos básicos da cristalização 12
2.8.1 Nucleação 13
2.8.2 Efeito da pureza física da solução na cristalização 14
2.8.3 Efeito da temperatura na cristalização 14
2.8.4 Efeito da história térmica da solução 15
2.8.5 Efeito dos aditivos e impurezas na cristalização 15
2.9 Potencial químico 16
2.10 Produto iônico e Kps 16
2.11 Filtração 17
2.11.1 Bolos incompressíveis – filtração a pressão constante 18
2.11.2 Bolos compressíveis 19
2.11.3 Operação a pressão e vazão variáveis 21
3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL 23
3.1 Introdução 23
3.2 Processo via extração líquido/líquido 23
3.2.1 Identificação do solvente para o processo proposto 23
3.2.2 Testes exploratórios 24
3.2.2.1 Avaliação da separação de fases: LAS x Éter de Petróleo 24
3.2.2.2 Avaliação da separação de fases: LAS x Éter Etílico 24
3.2.2.3 Avaliação da separação de fases: LAS x EBDEG 24
3.2.2.4 Avaliação da extração líquido/líquido: LAS x Éter Etílico x Eletrólito 25
3.3 Processo via filtração 25
3.3.1 Preparação da suspensão de Ca(OH)2 25
3.3.2 Reação do LABSCA 26
3.3.3 Coleta de amostras durante a etapa de reação 26
3.3.4 Etapa de filtração 26
3.3.4.1 Adição do auxiliar de filtração (STANDARD) para a formação da pré-capa 27
3.3.4.2 Formação de pré-capa no filtro prensa 27
3.3.4.3 Adição do auxiliar de filtração (HYFLO) para a doseificação 28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 29
4.1 Introdução 29
4.2 Testes exploratórios do processo via extração líquido/líquido 29
4.3 Discussão do processo via filtração 31
4.3.1 Dados do reator utilizado no processo via filtração 31
4.3.2 Discussão da etapa de filtração 33
5 CONCLUSÕES 46
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49
Capitulo 1
1 Introdução
1.1 Generalidades
1.2 Objetivo
Visou, o presente trabalho, a estudar a extração líquido/líquido como alternativa para separar
o ácido sulfúrico residual presente no LAS com a finalidade de eliminar a etapa de filtração
na produção do LABSCA.
Os ganhos mais significativos com a eliminação da etapa da filtração são:
1. Menor custo variável, pois a utilização de auxiliares filtrantes seria eliminada.
2. Redução do ciclo de produção, pois a etapa de filtração deixaria de ser necessária.
3. Menor impacto ambiental com a eliminação de resíduos sólidos.
Por outro lado, com relação ao processo via filtração, o estudo teve, também, como objetivo,
identificar, os parâmetros do processo que mais afetam o tamanho do cristal de sulfato de
cálcio, como a temperatura e o tempo de adição de leite de cal, com o intuito de determinar a
condição de processo mais adequada para a filtração
3
Capitulo 2
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Introdução
As preparações dos sulfonatos de cálcio, aqui expostas, são para os tipos overbased, ou seja,
de compostos orgânicos ácidos. São monofásicos, homogêneos e geralmente de sistema
Newtoriano caracterizados por um metal em excesso.
Tais compostos são freqüentemente preparados misturando-se um composto ácido solúvel em
solvente apolar, geralmente com 1 equivalente da base, por exemplo uma base de cálcio, e um
promotor. O promotor inclui haletos inorgânicos, como cloreto de cálcio e tem, por finalidade,
aumentar a solubilidade da base de cálcio (por ex. Ca(OH)2) na reação. Em alguns casos o
overbased é reagido com um gás ácido, por ex. CO2.
Historicamente, sulfonatos de cálcio são preparados reagindo-se um ácido sulfônico com
hidróxido de cálcio e dióxido de carbono. O processo gera grande quantidade de água.
Detalhadamente tem-se:
a) A obtenção de sulfonatos de cálcio podem ser feitas a baixas temperaturas, a partir de
ácidos alquilbenzenosulfônicos pesados. O produto é uma dispersão contendo excesso de
carbonato de cálcio (Orlovic, 1995).
b) A preparação dos sulfonatos de cálcio a partir de sulfonatos de sódio (reação de troca
iônica). A reação de sulfonato de sódio com CaCl2, é mais efetiva quando a mistura é
dissolvida em etanol. A adição de ácido acético, aumenta a concentração de cálcio em um
sulfonato neutro. A purificação do produto por filtração ou tratamento com branqueante
seguido de filtração, não muda a concentração de cálcio. No entanto, a purificação com
carvão ativado, diminui a quantidade de cálcio no produto final (Jordanov et al, 1991).
c) A mistura de álcool alifático em ácido sulfônico com um promotor contendo álcool e sal
de cálcio inorgânico. A mistura é reagida com um gás ácido (SO2, SO3 ou
preferencialmente CO2) a 25 °C (Burke et al, 1993).
d) Sulfonatos de cálcio podem ser obtidos por carbonatação com temperaturas entre 55 a 60
°C, a partir de alquilbenzenos pesados (Naga et al, 1993).
e) A mistura de metanol com Ca(OH)2 e tolueno reage com ácido sulfônico, a temperatura
do reator é reduzida para injetar-se CO2 no meio reacional. Terminada a carbonatação, o
reator é aquecido até 130 ºC e, em seguida, o produto é filtrado (Tanaka e Shimazaki,
1990).
f) sulfonatos de cálcio são produzidos em 3 etapas de carbonização com CO2 em uma
mistura de ácidos C18 a C36 alcaril sulfônicos com Ca(OH)2 e álcoois C1 a C4 em solvente
aromático. Resulta um lubrificante com boa solubilidade em óleo, filtrabilidade e
altamente álcalino (Lenack e Tirtiaux, 1983).
Não foi possível identificar um detentor de tecnologia que se destaque no assunto.
espuma. Alcançada temperatura de 50 °C, é mantido sob agitação constante por 5 horas. A
mistura é submetida à filtração após uma, duas e cinco horas (Vanderlinden e De
Radzitzky, 1972).
b) Em uma mistura de sulfonato de cálcio previamente aquecida a 30 °C, borbulha-se amônia
a uma taxa de 0,0235 moles/minuto. A mistura é homogeneizada por uma hora. A
temperatura é mantida constante em 45 °C. O sulfato de amônio formado é removido por
filtração (Vanderlinden e De Radzitzky, 1972).
c) Em uma mistura de sulfonatos de cálcio em xilol são injetados 0,4 moles de amônia em
uma razão de 0.01 moles/min, a temperatura constante de 45 °C. A mistura é agitada
durante 1h. Ao final do borbulhamento, o sulfato de amônio obtido é filtrado
(Vanderlinden e De Radzitzky, 1972).
d) A remoção do H2SO4 livre dos ácidos alquilarilsulfônicos pode ser obtida misturando uma
solução aquosa de hidróxidos álcalinos (NaOH ou KOH) ou uma mistura dessas bases. A
adição da solução básica é feita com cuidado para promover a neutralização parcial do
ácido sulfônico. Os bisulfatos formados são separados por filtração (Schwarz et al, 1952).
e) Adiciona-se uma solução aquosa de NaOH a 45 % sob agitação e resfriamento,
diretamente no ácido sulfônico. O meio é mantido em homogeneização por 1 hora, a
temperatura é controlada em 60 °C máximo. Então, a fase aquosa de NaHSO4 e de H2SO4
é separada do ácido sulfônico (Schwarz et al, 1952).
f) O ácido dodecilbenzenosulfônico é neutralizado com 5,4 % de NaOH aquosa. A reação
ocorre a 55 °C, com agitação de 6000 rpm. O ácido sulfônico é completamente
saponificado e não há mudança de pH (Moser et al, 1967).
NaOH
Separação
Reação de Estabilização LAS
Líquido/Gás
SO3 Ar
No processo de produção dos tensoativos aniônicos, utiliza-se LAS que reage com Ca(OH)2
para formar o LABSCA. O sal orgânico formado pertence a uma classe de tensoativos que
possui diversas aplicações em vários segmentos. Para citar alguns: agroquímicos, lubrificantes
e detergentes. A figura 2 apresenta o diagrama de blocos do processo via filtração.
8
Solvente recuperado
Base inorgânica
Resíduos sólidos
2.6.1 Reação
Solvente
Reator Evaporador
CaSO4(S)
A seguir são apresentadas as reações que ocorrem no processo via filtração, sendo a reação
(1) a principal, a (2) a secundária; ambas ocorrem simultaneamente. O LABSCA é um sal
orgânico insolúvel em meio aquoso, porém, é solúvel em solventes orgânicos. Por isso, a
reação do LABSCA é realizada em meio orgânico, geralmente, álcool alifático de C1 a C8 ou,
alquil benzeno.
Reação (1): 2 R12 - C6H4 - HSO3 + Ca(OH)2 Æ [R12 - C6H4 SO3]-2 Ca+2 + 2 H2O
Reação (2): H2SO4 + Ca(OH)2 Æ Ca+2 + 2SO4-2 + 2 H2O
2.6.2 Filtração
2.6.3 Evaporação
Nesta etapa do processo, o produto bruto apresenta alta concentração de água que é formada
na própria reação. Porém, o mercado necessita de produtos com baixos teores de água. Para
isso existe a necessidade de evaporar-se a água até atingir uma faixa de especificação
aceitável para o mercado.
O processo de evaporação é feito de forma não continua, ou seja, na camisa do evaporador é
injetado vapor que fornece calor suficiente para a evaporação. Quando a temperatura atinge
aproximadamente 92 ºC inicia-se a evaporação do solvente e da água. O produto destilado é
coletado em um vaso de topo que tem a finalidade de separar as fases orgânica e aquosa. A
fase orgânica retorna para o reator, a fase aquosa é direcionada para a ETE. Quanto maior o
número de átomos de carbono do álcool alifático, maior será a temperatura de destilação. Há
produtos em que a evaporação é feita a vácuo para evitar a degradação térmica do produto.
2.7 Tensoativos
2.7.1 Introdução
A história dos tensoativos como detergentes para limpeza é tão antiga quanto à necessidade e
o desejo do homem por sua higiene pessoal. O sabão foi o primeiro tensoativo usado pelo
homem que utilizava suas propriedades detergentes. Descobertas arqueológicas mostram que
o sabão é tão antigo quanto à própria humanidade; é um dos mais antigos produtos químicos,
apesar de ser reconhecido como tal apenas no fim do século XIX. Em meados do século XIX,
na chamada revolução industrial, floresciam as indústrias têxtil e de couros, as quais já
utilizavam formulações de tensoativos com base nos sabões e em alguns de seus derivados
(Linfield, 1976).
Os tensoativos, agentes de superfície ou surfactantes, são compostos químicos de diversas
famílias. Quando dissolvidos em outros líquidos (solventes), concentram-se preferencialmente
nas superfícies e interfaces alterando, assim, a tensão superficial da solução. A tensão
superficial de um líquido é definida como uma força resultante do desequilíbrio das forças de
atração das moléculas na interface líquido/ar. Esta resultante é voltada para o interior da
solução e é perpendicular à superfície (Linfield, 1976).
Na sua forma estrutural mais comum, são constituídos por duas partes ou regiões de
polaridades distintas: uma polar (hidrofílica) e outra apolar (hidrofóbica), também chamadas,
usualmente, de grupo cabeça e grupo cauda, respectivamente. Utilizando-se de grande
simplicidade, pode-se representar esquematicamente um tensoativo por um bastão ligado a
uma esfera representando a parte hidrofóbica e a parte hidrofílico, respectivamente (Linfield,
1976).
Quando a parte polar (grupo cabeça) for constituída por um ânion, a ação deste tipo de
tensoativo como emulsionante é a criação de uma carga negativa (-) ao redor de cada partícula
11
Nos produtos aniônicos e não - iônicos, a solubilidade em água decresce com o aumento da
cadeia hidrofóbica. As duplas ligações e o fraco grupo hidrofílico, como carboamidas e
grupos ácidos carboxílicos e ésteres em cadeias hidrofóbicas, melhoram a sua solubilidade em
água. A solubilidade dos aniônicos aumenta com aumento da temperatura, e nos não iônicos
derivados de óxido de etileno (EO), ocorre o contrário, com gradativa turvação do meio. A
solubilidade em água, para não-iônicos, melhora com a introdução de cadeia de óxido de
etileno. Para aniônicos de sais álcalinos terrosos, a maioria dos sais pesados não são solúveis
ou são pouco solúveis em água mas são bastante solúveis em óleo (Fejfar, 1990).
O processo de cristalização em solução pode ser definido como uma mudança de fase na qual
um produto cristalino é obtido a partir de uma solução supersaturada. Pode ser visto em
etapas: a primeira etapa é o nascimento de novos cristais, ou seja, a nucleação. A segunda
etapa é o crescimento desses cristais até tamanhos maiores (Biscans, 2004).
Para que ocorra a cristalização, deve-se atingir, de alguma forma, a supersaturação. A
supersaturação de uma solução é relacionada a um de seus componentes, e pode ser definida
como a diferença entre a concentração real do soluto considerado e a concentração de
equilíbrio em condições idênticas (Nývlt; Hostomský; Giulietti, 2001).
Quando uma solução está supersaturada e não há a formação da fase sólida, esta se encontra
na chamada zona metaestável e a curva de equilíbrio. Na figura 4, pode-se observar que esta
região está compreendida entre curva zona metaestável e a curva de equilíbrio. Considere-se a
situação de uma solução saturada abaixo da curva de solubilidade sendo submetida a um
processo de resfriamento com a zona metaestável representada na figura 4. Após ultrapassar a
linha de solubilidade, não há a formação de cristais até o momento em que o limite da
metaestabilidade é atingido. Quando isto acontece, uma massa de soluto é precipitada,
devolvendo a solução para a condição de saturação.
Curva de equilíbrio de
solubilidade
Temperatura (°C)
Figura 4. Indicação da zona metaestável.
A supersaturação de uma solução pode ser criada de diversas formas. Os métodos mais
empregados são o resfriamento, a evaporação, a mudança do meio ou, como no caso deste
trabalho, por reação química.
Na figura 5, está a representação da alteração de uma solução que se encontrava subsaturada,
abaixo da curva de equilíbrio, para a condição de supersaturação de maneiras distintas.
13
Concentração
Curva de equilíbrio
(g/l)
1
4
Temperatura (°C)
Uma vez que se atinge a condição necessária para que a cristalização ocorra, outros
parâmetros influenciam o surgimento do cristal (nucleação), seu tamanho e quantidade.
2.8.1 Nucleação
A nucleação, formação dos núcleos cristalinos, é um processo que ajuda a definir o tamanho
dos cristais do produto e, portanto, em uma medida importante, suas propriedades físicas e
pureza .
A nucleação primária é caracterizada por mecanismos nos quais o nascimento dos cristais
ocorre na ausência de cristais pré existentes. Se a solução é absolutamente pura, a nucleação
ocorre pelo mecanismo de nucleação homogênea enquanto que, na presença de substancias
sólidas estranhas ao meio (pó, colóides e paredes do cristalizador), a nucleação ocorre de
forma dita heterogênea. Se a cristalização se dá em uma suspensão, como é usual em
equipamentos de cristalização, ela é denominada nucleação secundária (Nývlt; Hostomský;
Giulietti, 2001).
A figura 6, demonstra a dependência da energia de Gibbs (G) com o tamanho do cluster L
(minúsculos grupos de partículas) que passa por um máximo que corresponde ao tamanho do
núcleo crítico L*.
14
G
G superfície
G volume
Tamanho da partícula
L
Figura 6. Relação entre o tamanho das partículas e a energia livre de Gibbs.
sendo:
∆Wmax largura da zona meta estável
Weq solubilidade
T temperatura
C constante
Outro fator que influencia a largura da zona metaestável, a história térmica da solução,
merece destaque. Há muitos anos, estabeleceu-se que soluções mantidas por diversas horas
em temperaturas suficientemente acima de suas temperaturas de equilíbrio apresentam zonas
metaestáveis mais largas, isto é, possuem velocidades de nucleação menores quando
comparadas a soluções cujas temperaturas não excedam significativamente suas temperaturas
de saturação.
No entanto, descrições quantitativas desse efeito só vieram a ser publicadas recentemente,
embora ele seja utilizado no crescimento de monocristais para inibir a formação de centros de
nucleação parasitas.
grandes moléculas são ligadas por seus grupos polares à superfície do cristal e impedem
mecanicamente o acesso do macrocomponente à superfície do cristal, retardando o
crescimento (Nývlt; Hostomský; Giulietti, 2001).
Há diversos sistemas nos quais foi observado aumento da velocidade de crescimento
cristalino pela presença de aditivos. Se ambos os componentes possuírem estruturas similares
ou formarem complexos com estruturas similares àquelas da substância cristalizada,
moléculas do aditivo adsorvidas podem formar novos centros ativos de crescimento na face
do cristal (Nývlt; Hostomský; Giulietti, 2001).
Tais centros ativos de crescimento podem ser vantajosos, do ponto de vista energético, para a
ligação de partículas próximas. No caso da concentração de um aditivo que possui um íon
comum às substancias cristalizadas, o aumento da velocidade de crescimento pode ser
explicado pelo aumento da supersaturação devido à diminuição da solubilidade do
macrocomponente (Nývlt; Hostomský; Giulietti, 2001).
Pode-se dizer que as teorias podem explicar a posteriori o efeito de aditivos individuais na
velocidade de crescimento cristalino e, à exceção de alguns desenvolvimentos recentes, são
incapazes de prever esses efeitos tornando essa área fortemente dependente da realização de
experimentos (Nývlt; Hostomský; Giulietti, 2001).
Em sistemas contendo diferentes sais em elevadas concentrações, deve-se considerar a
mudança da força motriz pelos outros íons. O segundo ion dissolvido altera a força motriz da
cristalização modificando o produto da solubilidade e, além disso, pode mudar severamente o
coeficiente de atividade dentro da solução (Offermann et al, 1995).
Quando o sistema está em equilíbrio entre o líquido e o sólido, o produto iônico é denominado
de produto de solubilidade (Kps).
17
2.11 Filtração
forma o meio filtrante que a taxa de filtração fica seriamente reduzida (Bennett e Myers,
1978).
De acordo com Bennett e Myers (1978), se a suspensão que alimenta o filtro vem de um
tanque de nível constante, a pressão na face anterior do bolo é constante. Desde que a pressão
na face posterior do meio filtrante é normalmente 1 atm, o valor de P nas equações é
constante. O efeito da queda de pressão nos canais através do bolo também pode ser
considerado mas, usualmente, é suficiente incluir esses efeitos em Rm (ou K2).
Na maior parte das filtrações industriais, a pressão é dada muito mais por uma bomba
centrífuga do que por um tanque de nível constante. Entretanto, a filtração a pressão constante
é muito usada em trabalhos de laboratório e pesquisa, com os filtros rotativos contínuos. Para
um bolo incompressível, desde que P, K1, K2 sejam constantes, vale:
sendo:
θf tempo de filtração
K1 e K2 constantes para materiais incompressíveis
Vf volume final de filtrado
P pressão de operação
Os valores de K1 e K2 para uma dada suspensão podem ser determinados a partir de dados de
Vf em função de θf coletados em testes a pressão constante em escala de laboratório (Bennett
e Myers, 1978).
Os coeficientes angular e linear da melhor reta podem ser usados para calcular K1 e K2. Os
valores de K1 e K2 obtidos aplicam-se apenas para a suspensão e filtro usados. Se apenas o
tamanho do filtro, isto é, A é alterado, é simples calcular os novos valores de K1 e K2,
baseados nas equações:
sendo:
α resistência especifica da torta
19
µ viscosidade do fluído
S fração mássica de sólido
ρ densidade do líquido
m relação entre a massa de torta úmida e torta seca
A área de filtração
Rm resistência especifica do meio filtrante
Para converter K1 de [min*kgf/ (L²*cm²)] para dinas*s/cm8 multiplicar por 58,8.
Para converter K2 [min*kgf/ (L*cm²)] para dinas*s/ cm5 multiplicar por 58800.
Para se ter uma idéia, se a área do filtro aumenta 10 vezes, K1 diminui 100 vezes e K2, 10
vezes. Considerações análogas valem para µ, S, e m. Para um bolo incompressível, α é
constante para um dado sólido suspenso e Rm é constante para um dado meio.
A maioria dos precipitados químicos formam bolos compressíveis nos quais as forças
compressivas elevadas deformam as partículas sólidas, fragmentam os agregados e forçam as
partículas umas contra as outras. Empiricamente, para pressões moderadas, vale a seguinte
relação para a maioria dos precipitados (Foust et al,1982).
α = α0 + b(-∆Pc)s (6)
sendo:
α resistência especifica da torta
α0 resistência especifica do bolo em pressão nula; é uma constante
s fator de compressibilidade do bolo, constante em domínios moderados de pressão
b constante
∆Pc queda de pressão através do bolo
Os valores de α0, de b e de s podem ser determinados mediante um conjunto de ensaios de
filtração sob pressão constante. Na prática, utiliza-se uma equação empírica mais simples:
α = α’0(-∆Pc)s’ (7)
onde α’0 e s’ são constantes empíricas com significado equivalente ao de α0 e s. Esta equação
está, como é evidente, errada no valores de -∆Pc, pois em -∆Pc = 0 a equação prevê uma
resistência especifica do bolo igual a 0. A expressão é, no entanto, conveniente pois as
20
constantes determinam-se com facilidade e a equação pode ser adotada sobre domínios
limitados de pressão (Foust et al,1982).
O gráfico da relação entre o tempo de filtração e o volume de filtrado θf/Vf em função de
filtrado pode ser construído, obtendo-se equações do tipo y = ax + c com coeficiente de ajuste
R². Uma vez que, no caso, y é θf/Vf e x é Vf tem se:
Comparando a equação da reta obtida com a equação para a operação a pressão constante com
tortas incompressíveis (Moraes, 2002), tem-se:
Assim, obtêm-se as constantes K1 e K2 com K1/2P como coeficiente angular e K2/P como
coeficiente linear (Figura 7).
θf / Vf
(min/Litros)
a = tg β = K1/2P
β
c = K2/P
VF (Litros)
Figura 7. Operação a pressão constante.
A resistência especifica do meio filtrante (Rm) pode ser obtida através da equação:
Rm = K2A/µ (10)
α = K1(1-mS)A²/(Sρµ) (11)
21
sendo:
A a área de filtração
µ a viscosidade do fluido
ρ a densidade do fluido
m a relação entre a amassa da torta úmida e torta seca
Rm a resistência especifica do meio filtrante
α a resistência especifica da torta
S a fração mássica de sólido
A operação a pressão e vazão variáveis se inicia com uma taxa de produção constante e
continua desta forma até que a pressão chegue a um nível pré-determinado e depois, mantém-
se constante.
Este método tem a vantagem de agregar o bolo inicial e forçar um mínimo de sólidos nos
poros do meio filtrante. É também um método conveniente de operação, pois o filtro aceitará,
inicialmente, toda a produção da bomba de alimentação a uma pressão de alimentação
relativamente baixa.
À medida que a torta se acumula, a pressão de alimentação também aumenta, mas a taxa de
alimentação do filtro cai apenas ligeiramente, mesmo com uma bomba de alimentação
centrífuga.
Quando se atinge pressão economicamente ótima ou uma pressão máxima de segurança, a
operação continua com o controle da pressão de alimentação neste valor. Se o filtro é
alimentado com uma bomba centrífuga, a pressão e a vazão são relacionadas por uma curva
do tipo mostrado na figura 8 (Bennett e Myers, 1978).
Pressão relativa
P’ pressão de filtração
P’ – p’i
Vazão
Figura 8. Curva de desempenho para uma bomba centrifuga.
22
Capitulo 3
3 Metodologia Experimental
3.1 Introdução
Nesta seção, estão indicados os equipamentos e métodos analíticos utilizados para estudar um
processo via extração líquido/ líquido para obtenção do LABSCA. Ao mesmo tempo, avaliar
o processo via filtração procurando identificar os melhores parâmetros a fim de-se obter
cristais de sulfato de cálcio ideais para a filtração.
Solvente recuperado
E E Recuperação ou destruição
Solvente Álcali do solvente não reciclado
X V
Éter T A
R P
R
A O
E
Ç R
A
à A
LAS Ç
O D
Ã
L/L O
O
R
Os testes iniciais realizados têm como objetivo certificar-se de que o LAS seja realmente
insolúvel em meio éter. Para iniciar os testes, foi proposto utilizar três tipos de éteres que
possuem, em suas estruturas, diferenças que afetam significativamente o ponto de ebulição, a
24
No tanque de preparação de leite de cal, foi adicionado o solvente. O solvente foi submetido à
agitação. Então, foi adicionada, gradativamente, a quantidade de hidróxido de cálcio
necessária para a realização do teste. A suspensão foi mantido sob agitação para
homogeneização completa. O tempo da agitação foi de aproximadamente 15 minutos. Esse
procedimento foi adotado nos testes de 1 a 10.
26
Para os testes 1, 2 e 3, foi adicionado primeiramente, no reator, o solvente. Sob agitação, foi
adicionado o LAS. Concluído o carregamento, o meio foi mantido em homogeneização por 10
minutos. A temperatura do reator foi ajustada em torno de 45 º C. Então, foi iniciada a adição
da suspensão de Ca(OH)2 com vazão constante. Durante a adição da suspensão de hidróxido
de cálcio, procurou-se controlar a temperatura do reator entre 45 a 58 ºC.
Para os testes 4, 5 e 6, foi adicionado ao reator o solvente e, sob agitação, o ácido orgânico foi
adicionado. Concluído o carregamento, foi mantido o meio em homogeneização por 10
minutos. A temperatura do reator foi ajustada para aproximadamente 70 ºC. Com a
temperatura estável, foi iniciada a adição da suspensão de Ca(OH)2 com vazão constante.
Durante a adição, a temperatura do reator foi controlada de forma que evoluísse até 85 ºC
máximo. O aumento deve-se a exotermia da reação.
Para os testes 7, 8, 9 e 10, foi adicionado ao reator o solvente e, sob agitação, foi adicionado o
LAS. Completado o carregamento, o meio foi mantido em homogeneização por 10 minutos.
A temperatura do reator foi ajustada entre 55 e 58 ºC. Com a temperatura estável, foi iniciada
a adição da suspensão de Ca(OH)2 com vazão constante. Durante a adição, deixou-se que a
temperatura do reator evoluísse até 75 ºC. O aumento da temperatura, é decorrente da própria
exotermia da reação.
Completadas as duas horas de reação, inicia-se a retirada de amostra do processo para analisar
pH. Dependendo do resultado da análise, o processo pode ser corrigido para atender o
parâmetro de processo, ou seja, o pH deve estar na faixa de 5 a 7. Este intervalo é a
especificação do produto final.
a) Sob agitação, foi transferido parte do produto do reator, para o tanque de pré-capa. A
quantidade de produto foi suficiente para diluir o auxiliar de filtração STANDARD.
b) A esse produto foi adicionado o auxiliar de filtração STANDARD.
c) A mistura ficou em homogeneização por 10 minutos.
d) A mistura permaneceu em homogeneização por 10 minutos.
a) Nas placas do filtro prensa, foi colocado o papel de filtro; em seguida, os quadros e as
placas foram fechadas e, com auxilio de um sistema hidráulico existente no filtro, o
conjunto foi pressurizado com 200 kgf/cm².
b) Com auxilio da bomba centrífuga existente no conjunto reator e tanque de pré-capa,
conforme figura 3, iniciou-se a recirculação da mistura de produto mais auxiliar de
filtração STANDARD para o filtro prensa. O retorno do filtrado foi direcionado para o
próprio tanque de pré-capa.
c) Manteve-se a recirculação da mistura, via filtro prensa, até que o produto apresentasse
limpidez e ficasse isento de sedimento. O tempo da recirculação foi de aproximadamente
15 minutos.
d) Quando o produto apresentou limpidez e ficou isento de sedimento, foi parada a
recirculação do produto via tanque de pré-capa e, iniciou-se a filtração do produto via
reator.
e) Inicialmente, o produto filtrado foi direcionado para o próprio reator, até que esse
apresentasse a limpidez desejada.
f) Quando o produto atingiu a limpidez desejada, o filtrado foi direcionado para um tanque
de produto filtrado.
28
Em todos os testes, para a etapa de formação de pré-capa, foi adotada a vazão máxima da
bomba (15m³/h ), para a recirculação e formação da pré-capa. Durante a formação da pré-
capa, esse procedimento deve ser seguido de forma criteriosa para evitar trincas e permitir que
o auxiliar filtrante seja distribuído uniformemente em todas as placas.
Sob agitação, foi transferido parte do produto do reator, para o tanque de pré-capa; a
quantidade de produto foi suficiente para diluir o auxiliar de filtração HYFLO.
a) A esse produto foi adicionado o auxiliar de filtração HYFLO.
b) A mistura ficou em homogeneização por 10 minutos.
c) Em seguida, a mistura de produto mais o auxiliar HYFLO foi transferida para o reator.
29
Capitulo 4
4 Resultados e discussão
4.1 Introdução
Nos três testes exploratórios, para as condições estudadas, o meio ficou homogêneo, isto é,
não houve separação de fases. A suspeita para isso ter ocorrido é que, mesmo na forma ácida,
o LAS atuou como um emulsionante. Sendo assim, não foi possível obter a separação de fases
por este processo nas condições experimentais testadas.
Para quebrar a emulsão e proporcionar a separação de fases, foi adicionada uma quantidade
suficiente de eletrólito (solução de NaCl 20 %p) para alterar a força iônica do meio. Porém, os
resultados obtidos em todos os ensaios exploratórios realizados com os solventes em estudo
não foram satisfatórios. Em todos os sistemas avaliados, o tempo para separar as fases foi
superior a 60 minutos, valor extremamente alto para um processo industrial.
Avaliando os resultados obtidos, pode-se prever que, para a área industrial, esse processo não
é adequado pois representa aumento no custo fixo. Outra etapa de grande importância
industrial observada nos experimentos exploratórios, foi a etapa de drenagem das fases
superior e inferior. Devido ao aumento da viscosidade da fase inferior pela presença de
eletrólito, a drenagem é trabalhosa podendo contaminar a fase superior facilmente. Baseado
nas observações feitas durante os experimentos exploratórios, pode-se concluir que a
alternativa de extração líquido/líquido para a área industria não é conveniente pois são vários
os fatores que devem ser controlados com grau de complexidade alta e resultado
insatisfatório.
30
Os dados da tabela 2, reforçam a conclusão de que o processo via extração liquido/liquido não
é conveniente. Com base nestes dados, conclui-se que o produto final obtido pelo processo via
extração conteria um novo sal, o cloreto de sódio, que obrigatoriamente deveria ser extraído
do LABSCA.
Observa-se também que a composição da fase inferior apresenta alto teor de LAS. Nesse caso,
seria necessário recuperar esse ingrediente para tornar o processo economicamente viável.
Essa recuperação demandaria mais operações unitárias, elevando terrivelmente os custos de
produção e impossibilitando sua comercialização de forma competitiva.
31
A seguir, são apresentadas as características mecânicas do reator e do filtro prensa que foram
utilizados nos testes de 1 a 10. São também apresentados os procedimentos e, as condições em
que foram realizados esses.
O reator em estudo neste trabalho é constituído de aço inox 316 com volume de 5,4 m³ com 4
chicanas internas. A agitação do reator é de 33 rpm em sentido anti-horário. O agitador é do
tipo ancora com cintas laterais, conforme figura 11. Esse tipo de agitação é utilizado em
reações onde o meio apresenta viscosidade alta.
Nessas condições, verificou-se que o ponto de amostragem e a sucção da bomba instalada no
fundo reator ficam entupidos freqüentemente. Para manter os cristais de sulfato de cálcio
suspensos, o reator é equipado com uma bomba centrifuga que tem a função de recircular o
produto para o próprio reator. Na etapa de filtração, é essa mesma bomba que alimenta o
produto para o filtro prensa.
2
2
1
1 – Âncora
1 2 – Elemento fixo
4350
4300
4250
4200
4150
4100
4050
4000
3950
Litros
3900
3850
3800
3750
3700
3650
3600
3550
3500
10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)
Como pode ser visto na figura 12, uma vez acertada a vazão da adição do leite, procurava-se
não mais atuar sobre ela. A atuação na válvula somente era feita caso fosse necessário. Pode-
se observar também pela figura 12, que o tempo de adição da suspensão do leite de cal em
solvente, para os testes de 1 a 6, foi praticamente o mesmo, em torno de 60 minutos.
De acordo com a figura 13, podem-se verificar dois grupos de resultados. Os testes de 1 a 3
foram realizados adicionando-se leite de cal no reator, previamente carregado com LAS,
álcool e água. Como a vazão da adição do leite de cal foi controlada, procurou-se durante a
injeção do Ca(OH)2, controlar a temperatura do reator entre 45 a 58 ºC.
Nos testes de 4 a 6, segui-se os mesmos critérios adotados nos testes de 1 a 3. Apenas, foi
alterada a temperatura do reator para a adição da cal; a temperatura inicial para a injeção da
base foi de aproximadamente 70 ºC e a máxima de 85 ºC.
33
85,0
83,0
81,0
79,0
77,0
75,0
73,0
Temperatura (ºC)
71,0
69,0
67,0
65,0
63,0
61,0
59,0
57,0
55,0
53,0
51,0
49,0
47,0
45,0
10 20 30 40 50 60 70
Tempo (minutos)
Na etapa de filtração, para uma batelada de aproximadamente 4000 kg, são adicionados
aproximadamente 45,4 kg de auxiliar filtrante do tipo terra diatomâcea.
Como pode ser observado na figura 15, para os testes realizados de 1 a 3, a pressão do filtro
prensa aumentou de forma gradativa e com baixa perda de carga. Isso deve-se a baixa
resistência apresentada durante toda a filtração.
2,00
1,90
1,80
1,70
1,60
Pressão (kgf/cm² M)
1,50
1,40
1,30
1,20
1,10
1,00
0,90
0,80
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250
Tempo (minutos)
Para os testes de 4 a 6, a perda de carga no filtro foi mais acentuada, conforme mostrado na
figura 15. O filtrado apresentava limpidez melhor com relação aos testes de 1 a 3. Porém, o
35
aumento da pressão no filtro foi muito rápido e isso levou a perda do filtro prematuramente.
Para especificar o produto, cerca de 4 filtrações tiveram que ser feitas para cada batelada.
Esse comportamento é esperado para esse tipo de filtração e processo devido a grande
quantidade de sólidos presentes no reator, que é de aproximadamente 2 % da carga. O
aumento da pressão no filtro ocorre devido a elevação da perda de carga do sistema. Isso
decorre à medida que as partículas vão se sobrepondo uma às outras no quadro do filtro.
4000 60
3500
50
3000
40
Testes 4 a 6 Vf (Litros)
Testes 1 a 3 Vf (Litros)
2500
2000 30
1500
20
1000
10
500
0 0
10 30 50 70 90 110 130 150 170 190 210 230 250
Tempo (minutos)
Nota-se também, pela figura 16, que a vazão do filtrado diminui de forma gradativa e
praticamente linear em todos os testes. Isso ocorre devido ao aumento da perda de carga do
sistema e pelo simples fato do produto ser bombeado por uma bomba centrifuga e, à medida
que a altura manométrica aumenta, a vazão cai e, consequentemente, o filtrado também. Com
essas informações, pode-se dizer que parte das partículas formadas na reação estão sendo
retidas pelo filtro. Porém, as que conseguem escapar no filtrado são suficientes para turvar o
produto.
Na figura 17, apresenta-se a foto do sulfonato de cálcio obtido nos testes de 1 a 3. Observa-se
que o produto está muito turvo. Aparentemente, a cor está dentro do esperado mas, devido a
turvação, essa análise fica prejudicada. Nesses testes, o produto foi filtrado por 5 vezes e
mesmo assim não ficou bom. Percebe-se também, pela figura 17, que há partículas
extremamente pequenas no filtrado, possivelmente formadas na etapa da reação.
36
Figura 17. Amostra de produto filtrado com aparência turva (testes de 1 a 3).
Por serem tão diminutas, o auxiliar filtrante não conseguiu retê-las. Isso evidencia que os
critérios adotados nesses testes, não foram os ideais.
A figura 18 mostra o resultado médio da correlação linear do K1 para os testes de 1 a 3. Nota-
se pela figura 18, uma quantidade suficiente de dados para uma forte correlação linear.
Verifica-se também, que os dados não apresentam uma dispersão significativa e desta forma,
foi possível obter uma boa regressão linear.
0,0700
0,0600
0,0500
θf/Vf (min/Litros)
y = 8E-06x + 0,0337
0,0400
R2 = 0,9845
0,0300
0,0200
0,0100
0,0000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Vf (Litros)
4,5000
4,0000
y = 0,0332x + 2,4421
R2 = 0,9549
3,5000
3,0000
θf/Vf (min/Litros)
2,5000
2,0000
1,5000
1,0000
0,5000
0,0000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Vf (Litros)
O processo foi acompanhado com amostragens conforme procedimento adotado pela Oxiteno,
ou seja, amostragem durante toda a etapa de filtração. Na tabela 3, é apresentado, como
exemplo, o acompanhamento analítico do processo durante a etapa da filtração quando é feita
a amostragem de sedimentação e limpidez.
38
Quando o produto atinge a qualidade desejada, o filtrado é direcionado para outro tanque, que
recebe produto filtrado final. Análises de limpidez e sedimentação são feitas durante toda a
etapa de filtração.
Com relação aos testes 7 a 10, pode-se notar, pela figura 20, que a vazão do leite de cal
injetado no reator foi controlada no mesmo nível, o mesmo critério adotado nos experimentos
de 1 a 6. Porém, a adição do hidróxido de cálcio suspenso em solvente, foi iniciada quando a
temperatura do reator estava próxima a 58 ºC. Durante a etapa da adição da base, permitiu-se
que a temperatura do reator evoluísse de forma gradativa até o valor máximo de 75 ºC.
Pode-se verificar, pela figura 20, que a vazão da base adicionada ao reator foi mantida
constante durante toda a etapa, o mesmo critério adotado nos testes de 1 a 6.
39
4450
4400
4350
4300
4250
4200
4150
4100
4050
Litros
4000
3950
3900
3850
3800
3750
3700
3650
3600
3550
10 20 30 40 50
Tempo (minutos)
Nos testes de 7 a 10, esperava-se confirmar que a adição de hidróxido de cálcio no reator é
importante. Na realização desses testes, deixou-se que a temperatura do meio reacional
evoluísse de forma gradativa, isso foi obtido pela própria exotermia da reação. Essa condição
de processo, garante que o produto final, apresente limpidez adequada e baixa perda de carga
do filtro, permitindo que uma batelada seja filtrada uma única vez.
Nota-se, pela figura 21, que o perfil de temperatura, durante a injeção da base nos testes de 7 a
10, manteve-se sob controle durante todo o tempo da adição. Durante a realização dos ensaios
de 7 a 10, não foi observada nenhuma dificuldade para controlar a temperatura do reator.
40
74,0
73,0
72,0
71,0
70,0
69,0
68,0
67,0
Temperatura (ºC)
66,0
65,0
64,0
63,0
62,0
61,0
60,0
59,0
58,0
57,0
56,0
55,0
10 20 30 40 50
Tempo (minutos)
Comparando-se as figuras 22 e 16, observa-se que o tempo de filtração obtido nesses testes é
praticamente o mesmo. Porém, o grande diferencial desses ensaios é o produto final límpido
com apenas uma única filtração.
41
1,20
1,15
1,10
Pressão (kgf/cm² M)
1,05
1,00
0,95
0,90
0,85
0,80
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
Tempo (minutos)
Na figura 23, é apresentada uma amostra do filtrado obtido nos testes de 7 a 10. O sulfonato
de cálcio está límpido, translúcido. Observa-se também que a cor do produto é clara, com
valor abaixo de 6 na escala Gardner.
Pode-se verificar, pela figura 24, que a filtração dos testes 7 a 10 apresentou uma vazão média
de filtrado de 233,6 Litros/minuto durante toda a etapa de filtração. Para os testes de 1 a 3 a
vazão média do filtrado foi de 210 Litros/minuto e, já para os testes de 4 a 6, a vazão média
do filtrado foi de 2,5 Litros/minuto.
4500
4000
3500
3000
Testes 7 a 10 V f (Litros)
2500
2000
1500
1000
500
0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
Tempo (minutos)
0,0430
0,0425
θf/Vf (min/Litros)
0,0420
0,0415
0,0410
0,0405
0,0400
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Vf (Litros)
Os resultados obtidos nos testes de 1 a 10 para o processo via filtração são consistentes, e
fornecem indicações importantes sobre as variáveis críticas do processo industrial de
produção do LABSCA. Porém, para a consolidação dos resultados seria fundamental a
caracterização dos cristais formados na etapa da reação.
Nesse sentido, é fundamental conhecer a distribuição granulométrica dos cristais obtidos na
etapa de reação, pois isso permitiria um melhor entendimento dos fenômenos envolvidos no
processo e a possibilidade de prever e antecipar efeitos observados no processo, tanto do lado
da reação quanto, principalmente, do lado da filtração. Portanto, o conhecimento da dispersão
dos tamanhos dos cristais daria mais consistência aos resultados obtidos e permitiria a
definição de ações preventivas com mais critério e maior efetividade.
Os métodos mais indicados para a caracterização da fase sólida obtida na filtração são a
difração por raios X (para identificar a natureza química do bolo obtido) e a microscopia
óptica (para identificar a forma dos cristais obtidos). Com a análise por difração de raios X
seria possível analisar o grau de hidratação do sulfato de cálcio e, também, verificar a possível
presença de outros produtos como, por exemplo, o hidróxido de cálcio não reagido.
Com a microscopia óptica, seria possível analisar o hábito cristalino do produto obtido,
conseqüência da natureza química dos cristais e das condições de processo, e assim, prever e
antecipar problemas e limitações da etapa de filtração bem como respectivas ações de
melhoria. Ou seja, com mais detalhes sobre a forma dos cristais e com os resultados obtidos
45
nos testes 1 a 10, seria possível entender melhor como essas características impactam na
filtração. No entanto, não foi possível ter acesso aos recursos analíticos necessários para
realizar essas caracterizações descritas acima. Como se trata de técnicas sofisticadas e
direcionadas, normalmente, a desenvolvimentos específicos, esses equipamentos não são
utilizados no dia-a-dia das fábricas que produzem LABSCA. Esse tipo de caracterização
exigiria um investimento importante que ultrapassaria o escopo do presente trabalho e, por
isso, não foi realizada.
Para os testes de 1 a 6, nos quais a limpidez desejada não foi obtida, o produto foi filtrado em
filtro de superfície, com elementos filtrantes de algodão, com grau de retenção de 1 mm
absoluta. Nesse caso, mesmo após a filtração do produto em filtro absoluto, havia ainda a
presença de cristais com tamanhos inferiores a 1 mm no filtrado. Ou seja, seria impossível o
filtro prensa reter estes cristais.
46
Capitulo 5
5 Conclusões
Embora seja uma reação de neutralização simples entre uma base álcalina terrosa e um ácido
orgânico, atender a limpidez do produto final conforme exigência do mercado não é uma
tarefa fácil.
O processo via extração Líquido/Líquido não foi viável pois apresentou:
• Perda excessiva de LAS na fase aquosa.
• Presença de cloreto de sódio nas duas fases, o que provoca a necessidade de uma nova
etapa para remoção desse componente.
• Maior concentração de cloreto de sódio na fase inferior acarretando aumento da
viscosidade o que dificultou a separação das fases e, consequentemente provocou
contaminação.
• Elevado tempo para separar as fases, acarretando aumento de ciclo no extrator.
• Devido a essas desvantagens, a extração Líquido/Líquido não é viável para o processo de
produção do LABSCA no momento.
Nos testes de 1 a 3, a adição da base foi feita em temperatura entre 45 a 58 ºC. A temperatura
foi controlada dentro desse intervalo mas, mesmo assim, a etapa da filtração não apresentou
resultados satisfatórios. Para se ter uma idéia da distribuição granulométrica obtida nesses
testes, o produto filtrado no filtro prensa, foi submetido a outra filtração. O produto foi
filtrado em um filtro de superfície dotado de 6 cartuchos na carcaça de 1µm absoluto e,
mesmo assim, o filtrado obtido, não apresentou a limpidez desejada. Baseado nisso, pode-se
afirmar que a distribuição granulométrica obtida nesses testes estava abaixo de 1µ absoluto.
Devido a isso, era impossível o filtro prensa reter estas partículas e obter um produto de
limpidez desejada pois os auxiliares de filtração utilizados retêm partículas superiores a 3 µm.
Porém, os resultados mostram que o volume de filtrado e a baixa perda de carga obtidos nos
testes de 1 a 3 forneceriam as melhores condições para o processo industrial. No entanto,
quando se considera a qualidade do produto, pode-se afirmar que esses parâmetros não são
ideais.
Nos experimentos de 4 a 6, durante a adição da base, a temperatura do reator ficou entre 70 e
85 ºC. Na etapa de filtração para os testes de 4 a 6, notou-se excessiva perda de carga do filtro
quando comparado com os outros testes. A evolução da pressão era extremamente rápida,
quase que instantânea. Devido a isso, vários filtros foram perdidos e isso ocorria logo após o
alinhamento do reator para o filtro prensa. O produto filtrado porém, apresentava-se
ligeiramente melhor com relação aos testes de 1 a 3 mas, inferior aos testes de 7 a 10.
Baseado nisso, realizou-se também a filtração do produto no filtro Cuno, conforme procedido
nos testes de 1 a 3. O filtrado obtido após a filtração no Cuno, também não apresentou a
limpidez desejada. A pressão do filtro também evoluiu rapidamente levando ao entupimento,
mas em menor proporção quando comparado com os testes de 1 a 3. Baseado nisso, pode-se
afirmar que a distribuição granulométrica obtida nesses testes, estava também abaixo de 1µm.
Mas deve ser um pouco maior do que a obtida nos testes 1 a 3.
47
Pode-se concluir que o sólido formado nos testes de 1 a 6 exerceu forte pressão no meio
filtrante e elevada resistência na torta de filtração. Isso pode ser evidenciado também pelas
figuras 15 e 16. Apesar de fornecer um filtrado com limpidez relativamente boa, os testes de 4
a 6 não fornecem parâmetros de processo eficientes, pois para cada teste realizado, houve a
necessidade de substituir o filtro várias vezes. Essa troca foi decorrente da alta perda de carga
durante a filtração, da baixa quantidade do filtrado e do entupimento prematuro do filtro.
Nos testes de 7 a 10, realizados com adição do álcali constante e, o perfil da temperatura do
reator evoluindo gradativamente de 58 a 75 ºC, o filtrado obtido apresentou limpidez e o
tempo de filtração foi o menor com relação aos outros testes. A temperatura e a adição
constante da base permitiu que o tamanho e o formato dos cristais fossem adequados para
permitir uma filtração constante e produto límpido. Os parâmetros adotados nos testes de 7 a
10 permitiram que as partículas formadas na etapa da reação apresentassem distribuição
granulométrica ideal, ou seja, acima de 3 µm que é a porosidade do auxiliar filtrante utilizado.
Assim, os cristais formados foram retidos pelo auxiliar filtrante no filtro prensa em maior
quantidade com relação aos outros experimentos.
Comparando-se os resultados obtidos nos testes de 7 a 10, pode-se concluir que a resistência
específica do meio filtrante assim como a resistência específica da torta é menor nos ensaios
de 7 a 10. Isso indica que os filtros utilizados nesses testes poderiam filtrar mais de uma
bateladas em um único filtro, ou seja, a área de filtração poderia ser reduzida. Baseado nos
valores obtidos para K1 e K2, conclui-se que os testes de 7 a 10 necessitaram de menos tempo
de filtração. Por isso, os parâmetros adotados nesses testes são os mais indicados. Com esses
parâmetros, é possível reduzir os custos de produção do sulfonato de cálcio, aumentar a
produtividade e minimizar os impactos ambientais oriundos da produção decorrentes da perda
excessiva de filtro e lavagem do equipamento.
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Capitulo 6
Com base nos resultados obtidos, pode-se tecer as seguintes recomendações para o estudo
relativo à unidade industrial:
Influência do pH: pode-se verificar nos testes que, quando o pH situava-se próximo da faixa
inferior, os resultados da filtração eram melhores. Com o objetivo de aprofundar os estudos,
aconselha-se que seja estudado o impacto do pH de reação na qualidade do produto final.
Influência da água: esse parâmetro também merece destaque para estudo futuro pois altera
muito a viscosidade no reator, mesmo em meio ácido.
Grau de hidratação do sulfato de cálcio: realizar análise de DRX para identificar o grau de
hidratação do sulfato de cálcio produzido no processo e estudar quanto isso pode influenciar a
etapa de filtração em função da forma e da distribuição granulométrica dos cristais obtidos.
Capitulo 7
7 Referências bibliográficas
ANEXOS
COMPOSTOS ORGÂNICOS
Acetais Éteres
Ácidos (nota 1) Haletos
Álcoois Haletos de Acila
Aldeídos estáveis (nota 2) Hidrocarbonetos (saturados ou não)
Amidas Nitrilas
Aminas fracas (nota 3) Ortoésteres
Anidridos Peróxidos (Hidro, Diaquil)
Cetonas estáveis (nota 4) Sulfetos
Dissulfetos Tiocianatos
Ésteres Tioésteres
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COMPOSTOS INORGÂNICOS
Ácidos (nota 5) Óxido de Alumínio
Anidridos Óxido de Bário
Carbonato de Cálcio Óxido Cúprico
Dessecantes Sais de Ácidos orgânicos e inorgânicos (6)
Oxi-Ácidos (nota 6) Sulfato de Hidrazina
1.2 - Compostos nos quais a água não pode ser determinada diretamente, porém as
interferências podem ser eliminadas por reações químicas convenientes ou por modificações
dos procedimentos.
Nota 1 - Alguns ácidos, tais como, Fórmico, Acético e Adípico são esterificados lentamente.
Para melhor precisão, recomenda-se solução 30 – 50 % de Piridina em Metanol, como
solvente.
Nota 2 - Exemplos de Aldeídos estáveis são: Formaldeído, açúcares, Tricloroacetaldeído
(cloral), etc. Polímeros do Formaldeído possuem água como grupos metilóis, que não é
titulada. A adição de um excesso de Metóxido de sódio em Metanol permite a liberação dessa
água combinada e sua titulação, após uma neutralização aproximada do excesso de base, com
ácido Acético.
Nota 3 - Considera-se aminas fracas, aquelas que possuem o valor Kb < 2 . 4 x 10-5
Nota 4 - Exemplos de cetonas estáveis são, Diisopropil cetona, cânfora, Benzofenona,
Dibenzalacetona, etc.
Nota 5 - Ácido Sulfúrico com concentração até 92 % pode ser titulado diretamente; para
concentrações mais altas, ver nota 7.
Nota 6 - Compostos sujeitos a reações de oxi-redução em sistemas iodo-iodeto, interferem.
Princípio do Método: A amostra é dissolvida ou dispersada em solvente apropriado e titulada
com reagente Karl Fischer. A água presente reduz o Iodo a Ácido Iodídrico, incolor. O ponto
final, determinado visualmente ou eletrometricamente se dá pelo aparecimento de Iodo livre
de coloração marrom. Em alguns casos, pode ser necessária a adição de excesso de reagente
Karl Fischer e titulação, por retorno, com Metanol contendo uma concentração conhecida de
água.
Resumo do Método: A amostra é dissolvida em um solvente (normalmente o Metanol Anidro)
e a água presente é titulada com o reagente Karl Fischer. Logo que toda a água tiver sido
consumida, a presença de Iodo livre na solução, provocará uma mudança na resistência,
devido ao efeito de despolarização do eletrodo. O aparelho, então detectará o ponto final. O
reagente KF é padronizado utilizando-se a água como Padrão Primário.
Nas tabelas de A 2.1 a A 2.10 são apresentados os dados do processo via filtração. As
Nas tabelas de A 3.1 a A 3.3 são apresentados os dados do processo via filtração. O volume