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1 INTRODUÇÃO

A motivação para a realização dessa pesquisa surgiu do interesse em entender o


verdadeiro papel da extensão universitária e saber como a mesma está sendo desenvolvida no
nosso curso.
Como aluna do curso de enfermagem não tive muita vivência de extensão
universitária. Sempre senti admiração por aqueles que participam de algum projeto de
extensão. Tive contato através de alguns dos meus amigos que fazem parte de projetos de
extensão e são bolsistas. Dos que estão envolvidos nesse mundo da pesquisa e extensão. Já
participei por um curto período de um deles durante a disciplina de Projetos Especiais no
quinto período. Mas por motivos diversos acabei me afastando.
Sempre quis saber de que forma a extensão contribui para a formação de profissionais
mais competentes. Fazendo um levantamento acerca de extensão universitária acredito que
terei uma visão mais profunda da contribuição da extensão universitária.
Fazendo um levantamento dos projetos e cursos de extensão que estão em andamento
no nosso curso espero que os alunos possam se familiarizar com os projetos da nossa
faculdade. E que esse trabalho sirva de estimulo para alguém ingressar em algum deles.
A universidade tem como finalidade estimular a criação cultural e o desenvolvimento
do espírito científico e reflexivo. Formar profissionais aptos a ingressar no mercado de
trabalho. Conhecer os problemas da sociedade em que está inserida e prestar serviços,
estabelecendo uma troca entre saber científico e popular.
A Constituição Federal de 1988 privilegia a figura universidade por meio de um artigo
próprio: o 207. Ao tratar da definição de universidade, o artigo 207 não pede que o ensino se
isole na graduação ou que a pesquisa seja propriedade privada da pós-graduação. A pesquisa,
o ensino e a extensão são indissociáveis na universidade e, por isso mesmo, as três funções
são institucionais no seu todo e, como funções permanentes, devem estar presentes no
conjunto universitário.
“Universidades são instituições pluridisciplinares de formação de quadros
profissionais de nível superior e caracterizam-se pela indissociabilidade das atividades de
ensino, pesquisa e extensão”. (CAVALCANTE, 2000)
A universidade deve permitir a estudantes e professores acesso aos diversos campos da
cultura e da ciência. Isto não implica necessariamente que mantenha de modo regular e
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contínuo todos os cursos possíveis e imagináveis ou que possua uma grade curricular
impecável. É necessário aliar as práticas da sala de aula com práticas extracurriculares
(eventos culturais, cursos extracurriculares, publicações das pesquisas).
“O conhecimento universitário é construído, dentre outras coisas, através do saber
repassado dos docentes aos discentes em suas respectivas disciplinas de graduação e pós-
graduação” (SILVA, 2000).
O processo de ensino-aprendizagem é composto também dos conhecimentos
repassados pelos docentes. Por meio destes os alunos vão adquirir subsídio teórico para atuar
nas atividades de pesquisa e extensão. Desenvolvendo-se as atividades de pesquisa os
acadêmicos se afastarão das práticas de ensino repetitivas das salas de aula. E através da
extensão os pesquisadores podem observar, refletir e participar das mudanças sociais e
políticas do país. Forma-se então um ciclo onde cada atividade vai dando embasamento para a
efetivação da outra.
Demo (2003) afirma que a universidade poderia confirmar papel imprescindível e
gerador ao desenvolvimento humano, desde que se fizesse o signo exemplar da formação da
competência.
Como competência se entende a construção de um indivíduo com conhecimento
inovador e questionador. Onde o mesmo é capaz de intervir de forma ética tanto na sociedade
quanto na economia. A universidade pode estar formando cidadãos conscientes e profissionais
capacitados. Para isso é necessário aliar o ensino com a pesquisa.
Atualmente o papel da Universidade está sendo discutido pelo Estado, Sociedade e nas
próprias Instituições de ensino. Uma vez que os conhecimentos produzidos não estão sendo
de grande utilidade para os problemas do País. Surge na extensão universitária a saída para
essa crise.
A extensão caracteriza o perfil da Universidade a serviço da coletividade. Uma vez que
consegue repassar a comunidade em forma de prestação de serviços o conhecimento
acumulado nos campi. E, com o contato direto com a população os docentes tomam
conhecimento dos problemas da comunidade, para conciliar, na pesquisa, o rigor
metodológico e a relevância social.
Segundo Rodrigues (1993) é através dos projetos de extensão universitária há
produção de diversas pesquisas, o que demonstra um certo deslocamento da cultura produzida
para o exterior da Universidade.
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Não devemos deixar de analisar esse ideário extensionista. Até quando ele é de fato
algo positivo para a sociedade e não uma imposição cultural. È preciso fazer uma análise
crítica para discutir sua aplicabilidade. De acordo FRAGOSO (1984, p. 31).

O Termo extensão encontra-se em relação significativa com transmissão, entrega,


doação, messianismo, mecanicismo, invasão cultural, manipulação, etc.. Consiste
em persuadir populações a aceitar nossa propaganda como ação educativa. A
extensão educativa só tem sentido se se toma a educação como prática de
domestificação. Educar e educar-se, na prática da liberdade, não é estender algo
para salvar alguém.

A extensão passa a ser entendida como uma prática acadêmica que interliga a
Universidade nas suas atividades de ensino e de pesquisa, com as demandas da maioria da
população, possibilita a formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais, junto
à sociedade como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a
superação das desigualdades sociais existentes. É importante consolidar a prática da extensão,
possibilitando a constante busca do equilíbrio entre as demandas socialmente exigidas e as
inovações que surgem do trabalho acadêmico.
Ao pensar em Universidade sempre temos em mente a tríade Ensino-Pesquisa-
Extensão. Sendo que por extensão compreendemos como o elo que une o ensino e a pesquisa
à sociedade. Servindo de instrumento para discentes e docentes desenvolverem atividades que
não se distancie da realidade em que estão inseridas.
Segundo Hennington (2005) alguns conceitos de extensão podem ser agrupados em
categorias: a extensão como curso; a extensão como prestação de serviços; a extensão como
complemento; a extensão como "remédio" e a extensão como instrumento político-social.
Discuti-se, então, o papel da extensão sob várias perspectivas: como uma simples oferta de
cursos à população; como prestação de serviços sociais; como promoção de qualquer evento
pela universidade; como atividade filantrópica ou como qualquer tipo de relação e
comunicação entre universidade e comunidade; como atividade complementar ao ensino e à
pesquisa; como compensação às falhas do ensino regular, em especial, a alienação da
realidade social e, finalmente, como instrumento institucional utilizado para manter a ordem
vigente ou como reduto de agrupamento de pessoas progressistas dentro das universidades e
instrumento de mudanças sociais.
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Diante de todas as discussões que giram em torno das atividades de extensão


universitária surgiu o interesse em saber como estão sendo desenvolvidas essas práticas no
curso de Enfermagem.
Fazendo um levantamento dos projetos de extensão do curso de enfermagem da
Universidade Estadual Vale do Acaraú poderemos perceber a real articulação entre ensino,
pesquisa e extensão na universidade.
Servindo como instrumento onde orientadores e alunos poderão utilizar para avaliar os
projetos que participam. Analisando o impacto dos mesmos nos processos de ensino-
aprendizagem. Para Silva (2000) educação é um ato de amor, de coragem. Não pode temer o
debate, a análise da realidade. Não pode fugir a discussão criadora, sob pena de uma farsa.
Logo, através de um apanhado detalhado da extensão no curso de enfermagem
poderemos avaliar o impacto dessas atividades. Seja na sua contribuição com a sociedade
através da prestação de serviços que realmente condizem às necessidades da comunidade.
Como também na formação de enfermeiros sensibilizados com as questões sociais no meio
em que estão inseridos.
A Enfermagem tem na ação educativa, um de seus principais eixos norteadores que se
concretiza nos vários espaços de realização das práticas de Enfermagem em geral e
especialmente no campo da Saúde Pública, sejam elas desenvolvidas em comunidades,
serviços de saúde vinculados à Atenção Básica, escolas, creches, e outros locais.
Isso implica pensar a ação educativa como eixo fundamental para a nossa formação
profissional no que se refere ao cuidado de Enfermagem em Saúde Pública e a necessidade de
identificar ambientes pedagógicos capazes de potencializar essa prática. Ficando dessa forma
clara a necessidade das atividades de extensão universitária.
Nessa perspectiva percebe-se que as experiências de extensão constituem-se em
espaços de construção de conhecimentos. E, torna-se instrumento imprescindível para a
formação de enfermeiros mais capacitados e conscientes de seu papel na sociedade.
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2 OBJETIVOS

2. 1 Objetivo Geral

- Analisar a percepção que os docentes do nono período do curso de enfermagem da


Universidade Estadual Vale do Acaraú tem acerca da contribuição da extensão universitária
na formação dos enfermeiros.

2.2 Objetivos Específicos

- Delinear a forma de desenvolvimento dos projetos e cursos de extensão cadastrados na


coordenação do curso de enfermagem.
- Verificar as percepções que os acadêmicos têm acerca de extensão universitária.
- Fazer um levantamento das atividades de extensão universitária (curso ou projeto) os
docentes se inseriram no decorrer da faculdade.
- Conhecer a opinião dos alunos acerca do desenvolvimento da extensão universitária no
curso de enfermagem.
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3 REVISÃO LITERÁRIA

3.1 Universidade

A universidade é uma instituição social que faz parte de um sistema educacional.


Dotada de uma estrutura física são os prédios, bibliotecas, laboratórios, equipamentos. Tem
como função produzir conhecimentos, habilidades, valores em nível superior requeridos pelo
grupo social em que está inserido.
Muito se discute sobre o real significado da Universidade no desenvolvimento do país.
É consenso que ela deve contribuir para mudanças tecnológicas, econômicas e sociais que
afetem positivamente a riqueza nacional ou regional. (FAVA-DE-MORAES, 2000)
A universidade se configura como um estabelecimento instituído pela sociedade como
entidade promotora do bem comum. Seu objetivo é dominar, ampliar e difundir o saber
humano, procurando treinar o indivíduo com habilidades específicas, levando-o a pensar e
atuar independentemente. A produção científica deve estar voltada para o aproveitamento dos
recursos nacionais e para o estudo de sua realidade social, promovendo a criatividade cultural
autônoma.
Desde seu início na Idade Média a função básica da universidade é a de ser uma escola
de nível superior. Quando foi criada, a expressão latina que a nominava era, Universitas
Magistronum et Scolarium, que significa comunidade de docentes e discentes, ou corporação
de mestres e alunos. Com o passar dos tempos a universidade sofreu modificações mas a
função de docência tem permanecido. Na universidade moderna o ensino passa a exercer
papel secundário, dando destaque à pesquisa.
Até a Idade Média o ensino era baseado num agrupamento de discípulos em volta de
um mestre. Nos séculos XI e XII na Europa, veio revolucionar uma forma tradicional de
educação, mas não seu conteúdo. O estudante passou a estudar numa determinada
universidade, não mais em torno de um mestre.
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A ciência só passa a receber destaque no ensino após a reforma universitária


promovida por Napoleão. Na primeira metade do século XIX já havia a possibilidade de
dedicar-se à pesquisa, para aqueles que possuíam recursos na França e Inglaterra.
Goergen (1998) relata que:
O proceder científico facultaria ao homem desvendar os mistérios das
incontroláveis forças ocultas que lhe impunham tanto medo. A ciência começou a
ser vista, desde então, como o motor do desenvolvimento, símbolo do progresso.
Estabeleceu-se uma relação indestrinçável entre ciência e desenvolvimento humano
e social. A universidade foi paulatinamente incorporando este sentido prático do
saber. Dela se espera, cada vez mais, que produza conhecimentos úteis e também
forme pessoas capazes de atender aos quesitos de um mundo laboral moldado pelas
mesmas ciência e tecnologia.

A entrada da ciência é um fato recente na história mundial. Somente na última fase da


Revolução Industrial houve realmente incentivo à pesquisa aplicada. A ciência passou a ter
profundas relações com a tecnologia. A indústria passou a se beneficiar das descobertas
científicas universitárias. Posteriormente as industrias estabeleceram seus próprios
laboratórios tomando a liderança das pesquisas desenvolvidas nas universidades. Hoje,
mesmo nos países mais desenvolvidos, a universidade não possui mais a hegemonia da
pesquisa.

3.1.1 Universidade Brasileira: Visão Histórica

O primeiro período histórico da universidade brasileira pode ser compreendido da sua


descoberta até a Inconfidência Mineira. Durante esse período a educação era feita pelos
jesuítas nos seus colégios, principalmente na Escola da Bahia chegou a conseguir autorização
da metrópole para conferir o grau de Mestre em Artes.
Portugal não desenvolveu na sua colônia brasileira um Sistema da Educação. Durante
300 anos, de 1500 a 1800, o Brasil não teve nenhuma universidade. Os poucos habitantes que
almejassem uma formação superior se dirigiam a Europa. Durante todo o século XIX o país
não possuía mais do que catorze instituições de ensino superior.
Segundo Fávero (2000,) a resistência às tentativas de fundação de universidades no
Brasil proveio da Coroa de Portugal e de brasileiros que pensavam que as elites deveriam ir
para a Europa, a fim de realizar ensino superior.
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Com a expulsão dos jesuítas o modelo construído por eles foi desfeito. Somente na
Inconfidência Mineira e na vinda da família Real para o Brasil foi que a idéia de
universidades reapareceu. Contudo o caráter das mesmas era a de instituições
profissionalizantes.
O modelo das universidades brasileiras era a cópia da portuguesa. Sendo que os
mesmos encontravam-se defasados se comparados aos outros modelos europeus. As melhores
escolas européias baseavam-se na pesquisa e no uso do método científico enquanto Portugal
seguia o modelo medieval de ensino focado na dedução filosófica.
Assim nasceu a universidade brasileira tardia, precocemente envelhecida, distanciada
das necessidades e da realidade nacional. (FRAGOSO, 1984).
A instalação da Corte Real no Rio de Janeiro marcou o início da criação de diversas
instituições de ensino superior, tais como a Academia Real Militar (1810), ao curso de
Agricultura (1812), de Química (1817) entre outros. (FÁVERO, 2000)
Dessa época até 1915 foram feitas várias tentativas como projetos de criação,
discursos oficiais, criação de instituições livres. Todas com o intuito de instituir a
universidade brasileira sem que isso acontecesse.
Cavalcante (2000) afirma que o governo foi autorizado a reunir as três faculdades
existentes no Rio de Janeiro numa “universidade” pela Reforma Carlos Maximiliano (Lei n°
2.924, de 5/1/15), o que só veio acontecer em 1920 pelo Decreto n° 14.343 de 7/7//20).
Mesmo com a institucionalização da Universidade no Brasil houve a insatisfação da
população intelectual da época. Uma vez que esse acontecimento não provocou uma mudança
nas estruturas do ensino e só fez crescer o número das universidades no país. Fato esse que
remota a velha questão da quantidade em detrimento da qualidade.
. A Reforma Francisco Campos, concretizada através do Decreto n°19851, de 11 de
abril de 1931, estabeleceu pela primeira vez o Estatuto das Universidades Brasileiras. Neste
documento foi traçado as diretrizes básicas do ensino universitário. (FRAGOSO, 1984).
No período de 1960-1974 aumentou consideravelmente a quantidade de cursos, o
número de instituições de ensino superior e o número de alunos. O que também cresceu foram
as críticas em torno desse acontecimento. Mais uma vez foi questionado: a qualidade do
ensino e o caráter estritamente profissionalizante dessas instituições.
A vinda de cientistas pesquisadores e professores de outros países, num período
imediatamente anterior a II Guerra Mundial, para a Universidade de São Paulo levou a criação
de um grupo de jovens cientistas brasileiros que supervalorizavam a pesquisa. Ao
acontecimento anterior e a pressão de uma parcela maior da população que almejavam uma
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vaga nas universidades criou-se a necessidade de mudanças na estrutura do ensino superior,


sem muito sucesso.
A Lei n° 4.024, de 20 de dezembro de 1961, conhecida simplesmente por LDB, que
transitou pelo Congresso Nacional durante 16 anos, pouco acrescentou à legislação anterior
sobre o ensino superior (FRAGOSO, 1984).
Cavalcante (2000) afirma que a LDB manteve a estrutura anterior das escolas
reunidas, a separação de órgãos que desenvolviam pesquisa e ensino enquanto
contraditoriamente, falava em autonomia, flexibilidade e experimentação.
A Universidade de Brasília foi criada em 1961 cinco dias antes da promulgação da Lei
de Diretrizes e Bases, representando portanto um novo modelo de universidade brasileira. No
entanto entre 1964 e 1968 a Universidade de Brasília sofreu a invasão do campus pelos
militares, prisão e coação física e moral de alunos e docentes, demissão de professores, muitos
dos quais deixaram o país.
A Lei n° 5.540 de 28/11/1968, conhecida como reforma Universitária, foi uma
tentativa de levar a universidade brasileira a reformulação e atualização dos seus objetivos, da
sua estrutura acadêmica, didática e administrativa. Outra intenção inovadora foi a definição
das atividades-fim das universidades: ensino, pesquisa e extensão.
O modelo universitário não garante a associação entre a associação entre ensino e
pesquisa, exigida pelo artigo 207 da Constituição Federal. A fórmula idealizada pela Lei n°
5.540/68, em verdade, mostrou-se irreal na grande maioria das instituições. (RANIERI, 2000).
Essa Reforma provocou na prática algumas distorções. Os docentes passaram a
exercer as funções de magistério e de pesquisador. Onde a grande parte deles não tinha
tradição, fundamentação teórica, condições de infra-estrutura e nem a prática de desenvolver
um projeto de pesquisa.
Em relação a extensão foi muito mais difícil sua efetivação. Se para os professores
desenvolver pesquisas se apresentou como uma tarefa difícil. Transpor os muros das
universidades, trabalhar junto à comunidade e ao setor produtivo foi considerado quase
inexeqüível. Considerando-se a conjuntura da época Cavalcante afirmava (2000, p. 11):

Certamente o “primo pobre” jamais esteve à altura da pesquisa e do ensino, nunca


obteve uma fundamentação teórica satisfatória ou uma prática realmente
convincente. Conservada aos trancos e barrancos e secundada por programas
específicos, como o do Rondon, o do Crutac, permanece relegada ao voluntarismo e
à emergência esporádica.
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O período inicial da década de 1970 onde a implantação da reforma deveria ser


efetivada foi marcado pela fiscalização rigorosa do Governo para que as leis fossem
cumpridas, principalmente nos setores administrativo e financeiro. Na década seguinte houve
um descaso do governo em relação a fiscalização das instituições. Os estudantes começam a
luta pela democratização do setor administrativo e passam a questionar os modelos da
reforma.
É criada uma nova Lei de Diretrizes e Bases, Lei n° 9.394/96 caracterizada pela
reordenação do ensino superior. De modo que ele se torne menos elitista e mais acessível a
todas as parcelas da sociedade. São adotadas medidas como a criação de cursos com aulas a
noite nas instituições públicas, os cursos superiores seqüenciais.
As universidades vem se tornando cada vez mais distantes em relação modelo
idealizado por Darcy Ribeiro, elaborado na construção da Universidade de Brasília. De
acordo com Chagas (1967) foi o momento criador onde as instituições começaram a perder a
sua tradicional característica de fins em si ao surgirem como simples meio para realizar a
universidade e estrutural do conjunto.
Segundo Raniere (2000) a Lei n° 9.394 é inovadora e modernizadora. Ao romper com
as rígidas prescrições da legislação anterior, insinua a possibilidade de haver revisão das
posições do Estado ante as questões no ensino superior brasileiro.
Na linguagem universitária, a partir da década de 60, apareceu um novo termo: a
extensão universitária. A idéia original surgiu dos Estados Unidos no século passado quando
se introduziu a pesquisa aplicada. O objetivo era fornecer o aparecimento de novas práticas
tecnológicas dentro do sistema de produção, o que seria uma oportunidade de educação
permanente para quem estava fora do sistema universitário. (FRAGOSO, 1984)

3.2 Extensão Universitária: Histórico mundial

No contexto mundial aparecem duas vertentes básicas de extensão universitária. As


Universidades populares da Europa no século XIX que eram baseadas na aproximação com a
população. E, o modelo de extensão norte-americano orientada pela proposta de prestação de
serviços (SOUZA, 2005).
No Brasil surge inicialmente em São Paulo (1911) baseado no modelo da Inglaterra.
Posteriormente a Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa e Escola Agrícola de
Lavras implantam o modelo americano na década de 20 (TAVARES, 2007).
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Segundo Souza (2005) a extensão universitária apareceu com as universidades


populares da Europa no século XIX, tendo assumido uma grande importância na Inglaterra,
Bélgica e Itália. Tendo como objetivo propagar os conhecimentos técnicos, para além da
universidade; iam em busca de um contato direto com as populações. Observa-se, que foi no
século XIX, com a iniciativa das universidades européias que houve a necessidade de criar
uma relação mais ampla da universidade com a população e formar novas visões e
interlocutores que reiniciou a discussão sobre uma nova função social, além do ensino e da
pesquisa, chamada extensão universitária.
Para Souza (2005) a História da extensão nos mostra, que essa foi influenciada pelas
políticas públicas e ligadas às necessidades sociais das populações que estavam excluídas dos
programas estatais. Sendo essas idéias iniciadas por estudantes e professores anarquistas na
França e Inglaterra, a partir do final dos anos de1850, e posteriormente propagada por toda a
Europa.
A extensão universitária veio gradativamente fortalecer a universidade, pela
divulgação da cultura universitária ao povo e pelo envolvimento com os problemas sociais de
cada país, conforme o que preconiza o Manifesto de Córdoba, de 1918. No documento de
Córdoba, a extensão universitária é reconhecida como o viés que fortaleceu a universidade,
pois a mesma possibilitava a integração cultura da universidade com o povo e por possibilitar
maior envolvimento com os problemas nacionais (SOUZA, 2005).
De acordo com Souza (2005) esse movimento ocupou lugar de destaque na história da
extensão universitária pelo seu caráter crítico com relação a universidade, propondo
mudanças nas estruturas, inclusive administrativas, que influenciaram o mundo, e em especial
a América Latina.
Nos Estados Unidos as experiências extensionistas surgem a partir de 1860 baseada
na extensão cooperativa ou rural e extensão universitária ou geral. As Universidades
populares americanas refletiam um desejo de aproximação com as populações com a intenção
de ilustrá-las, caracterizando-se pela idéia da prestação de serviços (SOUZA, 2005).

3.3 Extensão Universitária: realidade brasileira

Segundo Tavares (2007) em 1931 surge o primeiro registro legal de extensão universitária por
meio do Decreto-Lei n° 19.851 de 1931. Que pretendia que o conhecimento gerado nas
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universidades fosse estendido ao restante da sociedade. Todavia, essas ações ficaram restritas
ao meio acadêmico. Essa realidade prevaleceu até 1961. No período entre 1960-1964 o
Movimento Estudantil se desvinculou dos projetos desenvolvidos nas universidades e
desenvolvia atividades assistencialistas voltadas para a população carente. Durante o golpe
militar o Governo cria em 1968 o Projeto Rondon, com o intuito de manter o Movimento
Estudantil sob vigília.
A Lei Básica da Reforma Universitária n° 5.540, de 1968, torna obrigatório a prática
da extensão universitária. Contudo não há mudanças substâncias: a Universidade continua
transmitindo o conhecimento e a comunidade receptora de conhecimento; e, há uma
desarticulação do ensino, pesquisa e extensão. Somente em 1980 surge uma discussão acerca
do papel da extensão universitária onde é lançado o conceito de extensão como articulador do
processo ensino- pesquisa- extensão e como instrumento para viabilizar a troca de
conhecimentos entre universidade e sociedade (TAVARES, 2007).

3.4 Extensão Universitária: conceitos e definições

A extensão é uma prática acadêmica que funciona como um elo unindo pesquisa e ensino com
a sociedade, levando em conta as demandas da população. É uma ferramenta eficiente na
formação do Profissional Cidadão uma vez que o indivíduo se situa historicamente e se
identifica culturalmente com a população. Ao entrar em contato com a população o indivíduo
adquire habilidades que serão imprescindíveis após a graduação. É importante consolidar a
prática da extensão possibilitando a constante busca do equilíbrio entre as demandas
socialmente exigidas e as inovações que surgem do trabalho acadêmico. (BRASIL, 2006).
A extensão significa articulação com a sociedade. Onde a universidade deve socializar
os conhecimentos, aumentando o nível cultural de todos. É preciso restituir à população esse
conhecimento adquirido por uma parte privilegiada de pessoas. Os estudantes e professores
devem conviver com a sociedade para com ela conviver, aprender e ensinar. Vale ressaltar
que as classes sociais menos favorecidas devem ser o destino preferencial das atividades
extensionistas, sem paternalismo ou colonialismo (FRAGOSO, 1984).
Para Georgen (1998) é necessário que a universidade desenvolva a necessária
sensibilidade social para que, reconhecendo seus problemas e suas necessidades, possa
instituir sua nova identidade e desenvolver estratégias de atuação. O debate sobre as funções
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da universidade deve, por conseguinte, ser posto desde uma perspectiva contemporânea,
preservando proximidade com as questões mais relevantes da sociedade, tal como elas se
apresentam na realidade.
Na extensão universitária brasileira, as atividades de extensão são vistas como forma
de dar oportunidades aos estudantes de participar em programas de melhoria das condições de
vida da comunidade e no processo geral de desenvolvimento. (FRAGOSO, 1984)
De acordo com Freire (1975) é necessário fazer uma avaliação da extensão para
entender sua função na universidade. O termo extensão encontra-se em relação significativa
com transmissão, entrega e doação. Consistindo numa maneira de convencer a população a
aceitar nossas ações educativas. Educar e educar-se, na prática da liberdade, não é estender
algo para salvar alguém.
A Universidade Pública tem buscado cumprir o seu papel de manter a
indissociabilidade de suas atividades fins: Ensino, Pesquisa e Extensão. Entretanto, esta
proclamada indissociabilidade se apresenta de forma descompensada. Em geral, as atividades
de ensino na graduação predominam; ao ensino de pós-graduação e a pesquisa vêm
conquistando o seu espaço, a partir do aumento do número de cursos e do incremento na
produção do conhecimento, porém as atividades de extensão ainda buscam o reconhecimento
e a legitimidade acadêmica (PAIVA, 1993).

3.5 Extensão: ações

A Extensão caracteriza-se por vasta gama de ações e grande amplitude de demandas


sociais a que pode atender. Tais ações podem ser definidas como: Programa, Projeto de
Extensão, Curso de Extensão, Evento ou prestação de serviço (FORUM DE PRO-REITORES
DE EXTENSÃO, 2004).
O Programa de extensão consiste conjunto de ações de caráter orgânico-institucional,
de médio a longo prazo, com clareza de diretrizes e orientadas a um objetivo comum,
articulando projetos e outras ações existentes (cursos, eventos, prestação de serviços e
produção acadêmica), inclusive de pesquisa e ensino (Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2008).
Projeto de extensão é um conjunto de ações processuais e contínuas de caráter
educativo, social, cultural, científico ou tecnológico, com objetivo bem definido e prazo
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determinado. E, pode estar vinculado a um Programa (forma preferencial) ou ser registrado


como Projeto sem vínculo (FORUM DE PRO-REITORES DE EXTENSÃO, 2004).
O curso de extensão reúne um conjunto de ações pedagógicas de caráter teórico e/ou
prático, presencial ou a distância, planejada e organizada de modo sistemático, com carga
horária mínima de oito horas e critérios de avaliação definidos. O curso presencial exige a
presença do estudante durante tosa a oferta de carga horária. Curso de extensão a distância é
caracterizado pela não-exigência da presença do aluno durante toda a oferta da carga horária
sendo que as atividades presenciais (sessões de esclarecimento, orientação presencial,
avaliação) não devem ultrapassar 20% da carga horária total (UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO, 2008).
Os cursos de extensão são classificados em: curso de iniciação que objetiva
principalmente oferecer noções introdutórias em uma área específica do conhecimento. De
atualização que objetiva principalmente reciclar e ampliar conhecimentos, habilidades ou
técnicas em uma área do conhecimento. E, de treinamento e qualificação profissional com o
intuito de treinar e capacitar em atividades profissionais específicas (FORUM DE PRO-
REITORES DE EXTENSÃO, 2004).
O evento é uma ação que implica na apresentação e/ou exibição pública, livre ou com
clientela específica, do conhecimento ou produto cultural, artístico, esportivo, científico e
tecnológico desenvolvido, conservado ou reconhecido pela Universidade (UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2008).
As práticas abrangidas pelo evento constituem o Congresso que pode ser de âmbito
nacional ou internacional, com duração de três a sete dias que reúne participantes de uma
comunidade científica ou profissional ampla. Inclui: conferências (tipo formal de
apresentação feita por convidados especiais, geralmente uma figura de destaque na área);
palestras (difere da conferência apenas por permitir o debate do palestrante com a platéia);
mesas redondas, painéis (apresentações para um número restrito de pesquisadores convidados,
de três a cinco, de um tema comum que, ao final, é debatido com a platéia); oficinas; cursos;
sessões de temas livres e outros (FORUM DE PRO-REITORES DE EXTENSÃO, 2004).
Há ainda eventos científicos de âmbito menor que o congresso, tanto em termos de
duração quanto em número de participantes, cobrindo campos de conhecimento mais
especializados: simpósio, jornada, seminário, colóquio, fórum, reunião e encontro. Pode-se
incluir: ciclo de debates (encontros seqüenciais que visam a discussão de um tema específico)
exposição (exibição pública de obras de arte, produtos, serviços) espetáculo (demonstração
pública de eventos cênicos musicais) evento esportivo (campeonato, torneio, olimpíada,
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apresentação esportiva.) festival (série de ações/eventos ou espetáculos artísticos, culturais ou


esportivos realizados concomitantemente, em geral, com edições periódicas) campanha (ações
pontuais que visam um objetivo definido) oficina (conjunto de atividades de caráter prático,
que visa desenvolver determinadas habilidades e conhecimentos em uma área específica)
(FORUM DE PRO-REITORES DE EXTENSÃO, 2004).
Prestação de Serviços é a realização de trabalho oferecido pela Instituição de Ensino
Superior ou contratado por terceiros (comunidade, empresa, órgão público, etc.). A prestação
de serviços se caracteriza por intangibilidade, inseparabilidade processo/produto e não resulta
na posse de um bem (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2008).
A prestação de serviços compreende as atividades de: consultoria, assessoria,
curadoria, assistência hospitalar à saúde, assistência ambulatorial a saúde, assistência
ambulatorial veterinária, exames laboratoriais, perícias, laudos técnicos, assistência jurídica,
pesquisa encomendada, restauração e conservação de bens, visitas monitoradas (FORUM DE
PRO-REITORES DE EXTENSÃO, 2004).
Há também uma categoria que inclui publicações e outros produtos acadêmicos
caracterizados pela produção de publicações e produtos acadêmicos decorrentes das ações de
extensão, para difusão e divulgação cultural, científica ou tecnológica. Como: livro, capítulo
de livro, anais, jornal , revista, relatório, produto, programa de radio, programas produzidos
com caráter de difusão em rádio e televisão, aplicativo para computador, jogo educativo
(FORUM DE PRO-REITORES DE EXTENSÃO, 2004).
Todas as ações de extensão deverão sempre ser classificadas segundo a área temática.
Cuja denominação deve ser uniforme para utilização em caráter nacional. A finalidade da
classificação é a sistematização, de maneira a favorecer os estudos e relatórios sobre a
produção da extensão universitária brasileira, segundo agrupamentos temáticos, bem como a
articulação de indivíduos ou de grupos que atuam na mesma área temática.
A classificação por área deve observar o objeto ou o tema que é enfocado na ação. As áreas
temáticas são as seguintes: comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio
ambiente, saúde, tecnologia e produção, trabalho (FORUM NACIONAL DE PRO-
REITORES, 1999).
Uma forma complementar de classificação das ações de extensão é por linha de extensão. As
linhas especificam e detalham os temas para a nucleação das ações de extensão, não sendo
necessariamente ligadas a uma determinada área temática. A utilização da classificação em
linhas é muito importante como indução ao agrupamento de projetos tematicamente
assemelhados em programa. Foram classificadas cinqüenta e cinco linhas de extensão. Por
19

exemplo, ações relativas à linha de extensão “Inovação Tecnológica” podem ser registrada na
Área Temática saúde, ou educação, ou trabalho, ou mesmo tecnologia, dependendo do tema
em questão (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2008).

3.6 Universidade Estadual Vale do Acaraú e o curso de Enfermagem

A história da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA está muito ligada à


Diocese de Sobral uma vez que sua sede passou a funcionar nos antigos prédios do Seminário
da Betânia e do Colégio Sobralense. Era inicialmente a Faculdade de Filosofia, autorizada a
funcionar pelo Decreto n° 49.978, de 11 de janeiro de 1961, até a criação da Fundação
Municipal Universidade Estadual Vale do Acaraú pela lei n°214, de 23 de outubro de 1968.
Nesse período foram reconhecidos os cursos de Letra, História e Estudos Sociais da
Faculdade de Filosofia. Posteriormente foram criadas as faculdades de Ciências Contábeis,
Engenharia de Operações, Enfermagem e Obstetrícia e Educação (SOARES, 1997).
Através da Lei n°10.933 de outubro de 1984 a UVA passa para esfera estadual como
autarquia. Somente pelo Decreto n°20.686, de 20 de abril de 1990, foi-lhe dada a
possibilidade de ser organizada como universidade com seus órgãos de deliberação e Direção
Superior, de Coordenação e Execução Programática e de Execução Instrumental. (SOARES,
1997).
Atualmente a faculdade encontra-se dividida em várias Pró-Reitorias. Dentre elas será
ressaltada a de Extensão e Desenvolvimento Municipal que tem como Pró-Reitor o Professor
Francisco Leunam Gomes.
São desenvolvidas várias ações extensionistas dentro da Universidade Estadual Vale
do Acaraú. Como: Programa de Alfabetização Solidária; Programa de Educação Digital;
Programa Brasil Alfabetizado; Projeto Alfabetização é Cidadania; Curso Pré-UVA; Projeto
RONDON; Curso Socorrista; Núcleo de Línguas Estrangeiras, Projeto Cachoeiro; Curso de
Extensão em Obstetrícia; Projeto Alimentação e Saúde; Projeto em Enfermagem no Controle
da Hipertensão e Diabetes; Projeto Saúde da Mulher: Uma Ação Transformadora; Folha da
UVA; Sistema Universitário de Radiodifusão; projeto Trekking Ecoturismo; Projeto
Educação Física Escolar; Projeto Saúde e Longevidade; Projeto Viva a Vida.
Alem das mencionadas anteriormente podemos citar ainda: Projeto Esporte
Terapêutico- deficientes físicos; NUNPRA, Curso de Oratória; Curso de Administração de
20

Vendas; Projeto Vestibular em Pauta; Laboratório para o tratamento de Fontes para a História
e a Memória Social da Educação e Cultura na Região Norte do Ceará: Identificação,
Catalogação e Publicação- LAB FONTES; Captação de apoio financeiro para a instalação da
Incubadora Universitária de Empreendimentos Econômicos Solidários- IEES-UVA.
Segundo Ponte (2007) o início da Faculdade de Enfermagem deu-se através da ação de
seus dois idealizadores: o Cônego Francisco Sadoc de Araújo e o médico ginecologista
Raimundo Nonato Silveira, que trabalhava na Santa Casa de Misericórdia de Sobral. A idéia
para a criação da faculdade de enfermagem surgiu durante um estudo desenvolvido pelo padre
Sadoc, o mesmo realizava a genealogia das famílias sobralenses e observou que uma
quantidade significativa de homens casava mais de uma vez em decorrência da morte
prematura de suas esposas ocasionada de complicações proveniente do parto.
Logo seria fundada a Faculdade de Obstetriz de Sobral, posteriormente surgiu uma
reação por parte da corporação médica que se sentiu ameaçada e dizia que o curso era ilegal.
Em 03 de junho de1971 houve a extinção da função de obstetriz e a criação da Faculdade de
Enfermagem Obstétrica em Sobral. O primeiro vestibular ocorreu no ano seguinte. Foi
autorizado a funcionar no dia 23 de janeiro de 1975 pelo decreto n°75.269 como Curso de
Enfermagem com habilitação em obstetrícia. Porém, somente em 1979 foi reconhecida pelo
Conselho Federal de Educação, através da portaria n° 1226 do Ministério da Educação e
Cultura – MEC (PONTE, 2007).
21

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de pesquisa e Abordagem

A pesquisa baseia-se num estudo exploratório descritivo documental com abordagem


quali-quantitativa. A pesquisa descritiva colhe os dados sem que haja manipulação ou
interferência por parte do pesquisador. Procurando assim classificar, explicar e interpretar os
fenômenos que ocorrem, trabalhando sobre os dados colhidos da própria realidade
(BARBOSA, 2001).
De acordo com Barbosa (2001) o estudo exploratório busca a familiarização com o
fenômeno, percepção e a descoberta de novas idéias sobre o assunto visado. Descreve
detalhadamente a situação e procura descobrir as relações existentes entre os elementos da
mesma, considerando os mais diversos aspectos envolvidos.
Segundo Barbosa (2001) a pesquisa documental é a descrição e comparação de usos,
costumes e tendências, através da investigação de documentos, buscando a realidade presente
e não o passado, como ocorre com a histórica. Sendo que utiliza-se documentos de órgãos
públicos e privados de qualquer natureza: registros, atas, anais, regulamentos, circulares.
Segundo Minayo e Sanches (2003) a pesquisa quantitativa tem como campo de
práticas e objetivos trazer à luz dados, indicadores e tendências observáveis. Devendo ser
utilizada para abarcar, do ponto de vista social, grandes aglomerados de dados, de conjuntos
demográficos, por exemplo, classificando-os e tornando-os inteligíveis através de variáveis. A
pesquisa qualitativa tende a aprofundar na complexidade de fenômenos, fatos e processos
particulares e específicos de grupos mais ou menos delimitados em extensão e capazes de
serem abrangidos intensamente.
Do ponto de vista epistemológico, nenhuma das duas abordagens é mais científica do
que a outra. A pesquisa quantitativa não se torna “melhor” ainda que prenda à manipulação
sofisticada de instrumentos de análise. Da mesma forma, uma abordagem qualitativa em si
não garante a compreensão em profundidade. (MINAYO;SANCHES, 2003)
22

4.2 Cenário da investigação

A Universidade Estadual Vale do Acaraú está situada no município de Sobral que está
situado na zona Centro-Oeste do Estado do Ceará, tendo área de 2.119 km² e população de
158.563 habitantes (SOBRAL, 2001). Dentre os cursos ofertados na Universidade está o curso
de Enfermagem, local onde será desenvolvido o estudo, localizado no Centro de Ciências da
Saúde no Campus do Derby.

4.3 Sujeitos da pesquisa

Serão abordados todos os alunos do nono período do curso de enfermagem da


Universidade Estadual Vale do Acaraú que aceitarem participar da pesquisa. A escolha para
desenvolver o estudo com alunos do nono período será pelo fato dos mesmos possuírem
supostamente um conhecimento maior acerca de extensão universitária.

4.4 Período do Estudo

A pesquisa será desenvolvida nos meses de junho e julho de 2008. Foi escolhido esse
período tendo em vista a necessidade de buscar os dados com discentes que estão cursando o
nono período. Além dos dados a serem coletados nos documentos.

4.5 Caminho metodológico

As informações necessárias para o desenvolvimento da pesquisa serão obtidas através


de informações colhidas com docentes e dos dados obtidos através de documentos. Será
utilizado um questionário semi-estruturado para coletar informações com os alunos
(APÊNDICE-A). Para Barbosa (2001) semi-estruturado é quando a técnica, no caso
23

formulário, que será aplicado com um pequeno número de perguntas abertas. Segundo Silva e
Menezes (2001) questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas
por escrito pelo informante onde o instrumento deve ser objetivo, limitado em extensão.
Testaremos a aplicabilidade e coerência dos instrumentos de coleta de dados
(questionário) através de um pré-teste. Com os resultados dessa avaliação deverão ser
reformulados os pontos que se mostrarem vulneráveis.
Haverá ainda um levantamento documental dos projetos e cursos de extensão. Como
os relatórios das atividades e as propostas dos projetos e um levantamento do histórico de
cada um deles. Além de um apanhado dos projetos que já existiram na Faculdade de
Enfermagem.

4.6 Princípios Éticos do Estudo

Inicialmente o projeto será encaminhado ao Curso de Enfermagem e posteriormente


ao comitê de ética da Universidade Estadual Vale do Acaraú. Após receber a aprovação será
dado prosseguimento a pesquisa.
Para atender as exigências e a validade ética da pesquisa foi criado termos de
consentimento, com o objetivo de esclarecer os participantes acerca da pesquisa (APÊNDICE
B). Só depois de conversar com todos os participantes é que será perguntado se os mesmos
concordarão ou não fazer parte da pesquisa.
Será dada a possibilidade de desistir do estudo em qualquer etapa deste processo, sem
risco de sofrer qualquer penalidade, assim como será garantido o sigilo das identidades,
assegurando a confidencialidade e a privacidade.
As exigências estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde no Brasil a Resolução
196/96, que trata da realidade de pesquisas em seres humanos, serão rigorosamente
obedecidas. Visando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade
científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.
A pesquisa tratará todos os sujeitos envolvidos em sua dignidade, respeitando-os em
sua autonomia e defendendo as vulnerabilidades (autonomia). Haverá ponderação entre
riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se
com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos (beneficência). Será dada a
garantia de que danos previsíveis serão evitados (não maleficência). Respeitando-se a
24

relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e


minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos
interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária (justiça e
eqüidade).

4.7 Organização e análise das informações

Os dados serão organizados de acordo com o método de coleta utilizado. Para as


informações colhidas por meio dos documentos será elaborado um texto descritivo contendo
os dados colhidos.
As informações obtidas com os questionários serão organizadas em tabelas e gráficos,
o principal objetivo da coleta de informações dos questionários é traçar um perfil dos alunos
saber quantos participam dos projetos e cursos de extensão universitária, a quanto tempo
participam da atividade de extensão entre outros pontos.
Em relação aos materiais de cunho qualitativo será feita uma leitura de forma a
compreender e apreender o sentido das informações. Onde cada resposta irá construir um
tópico onde as informações adquiridas serão analisadas.
25

5 CRONOGRAMA

DURAÇÃO
EM MESES
FASES DO ESTUDO
Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho

Levantamento de Literatura X X X X X X X
Enviar comitê de ética X
Coleta de dados X X
Análise dos dados X
Considerações finais X
Correção final X
Entrega do Trabalho X

6 ORÇAMENTO
26

Material Quantidade Valor (R$)


Papel A4 500 14,00
Tinta para impressão 01 60,00
Encadernação 04 8,00
Transporte (Gasolina) 10 litros 26,80
Internet 10 horas 20,00
Total 122,80

7 REFERÊNCIAS

BARBOSA, A. P. L. Metodologia da Pesquisa científica. Fortaleza: Editora FUNECE,


2001, 454p.
27

CAVALCANTE, Joseneide Franklin. Educação Superior: conceitos, definições e


classificações. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2000.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000095.pdf>. Acesso
em: 19 de jul. de 2007.

CHAGAS, Valnir. A luta pela universidade no Brasil. Rio de Janeiro: MEC/ UFRS/
Comissão de Planejamento/ Serviço de Divulgação, 1967. p. 25.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 6. ed. São Paulo: Autores Associados, 2003. p.55

FAVA-DE-MORAES, Flávio. Universidade, Inovação e Impacto Socioeconômico. São


Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, n. 3, jul./set. 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S010288392000000300003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 de jul.
de 2007.

FÁVERO, Maria de Lourdes de A. Universidade do Brasil: das origens a construção. Rio de


Janeiro: Editora UFRJ/ Comped/ Inep, 2000. p. 9.

FRAGOSO, Carlos. Universidade e Sociedade. Campina Grande: Grafset, 1984. p. 31-59.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e terra, 1975.

GOERGEN, Pedro. Ciência, sociedade e universidade. Educação & Sociedade, Campinas,


v. 19, n. 63, ago. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?scri
pt=sciarttext&pid=S010173301998000200005&lng=pt&nrm=isso>. Acesso em 28 de jul. de
2007.

HENNINGT, Elida Azevedo. Acolhimento como prática interdisciplinar num programa


de extensão universitária. Caderno de Saúde Pública v. 21, n 1. Rio de Janeiro, jan/fev,2005.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n1/28.pdf>. Acesso em 09 de maio de
2008.

MINAYOU, Maria Cecília de S.; SANCHES, Odécio. Quantitativo-Qualitativo: oposição


ou complementaridade? Caderno de Saúde Pública, v. 9, n. 3, jul/set, 1993. Disponível em:
<http:///www.scielo.br/pdf/csf/v9n3/02.pdf>. Acesso em 08 de maio de 2008.
PAIVA, Miriam Santos; NOVAES, Valda Lúcia Rocha de. As perspectivas da cultura e
extensão no curso de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. Ribeirão Preto, Na.
Latinino-am. Enfermagem, v.1, n. especial, p. 111-120, 1993. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ v1nspe/v1nspea12.pdf>. Acesso em 12 de fev. de 2008.
28

RODRIGUES, Rosalina Aparecida Partezani; OLIVEIRA, Maria Helena Pessini de;


ROBAZZI, Maria Lúcia do Carmo Cruz. As perspectivas da cultura e extensão nas Escolas
de Enfermagem no Brasil. Na. Latino Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto,v. 1, n
spe, 1993. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciartttext&pid=S0104-
11691993000300011&lng=pt&nrm=na>. Acesso em 19 de jul. de 2007.

RANIERI, N. B. Educação Superior, Direito e Estado: na Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº


9.394/96). São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo/ Fapesp, 2000. p. 25-184.

SILVA, Raimunda Magalhães da; BARROSO, Maria Grasiela Teixeira; VARELA, Zulene
Maria de. Ensino na Universidade: Integrando graduação e pós-graduação. Fortaleza: FCPC,
2000. p. 149-150

SOARES, José Teodoro. Realização e Compromisso: Desempenho de uma Academia


Fértil. Sobral: Edições UVA, 1997. 208p.

SOBRAL: Divisão político- administrativa, 2001.

PONTE, Hermínia Maria Sousa da. História do movimento estudantil de enfermagem da


universidade vale do acaraú-uva: em foco a oralidade dos autores sociais. 2007.
Monografia- Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual Vale do Acaraú, [2007].    

Universidade federal do rio de janeiro


http://www.sr5.ufrj.br/cadastre.htm
acesso em 20/05/2008
SiexBrasil - Sistema de Dados e Informações da Extensão Universitária

Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras


REVISÃO DAS ÁREAS TEMÁTICAS, LINHAS E
AÇÕES DE EXTENSÃO
Comissão Especial de Revisão /UFMG:
Marilia Barcellos Guimarães
Edite da Penha Cunha
Fátima Regina Teixeira de Salles Dias
Maria das Dores Pimentel Nogueira
Eleonora Schetini Cunha
MAIO
http://www.uern.br/pdf/Documentos/DOCPROEXAREASTEMATICASLINHASDEACAO.
pdf
29

APÊNDICE A – Questionário

1. Você participa ou já participou de algum projeto de extensão?


30

( )sim ( )não
Caso a resposta seja sim especificar qual ou quais projetos.

2.Você já participou de algum curso de extensão? Especificar.


( ) Não ( ) Sim. Especificar

3. Você possui ou já teve bolsa de estudos financiada por alguma instituição de pesquisa?
( ) Sim ( ) Não
Se, sim, Qual instituição?

5. O quê você entende por extensão universitária?

6. Qual a contribuição da extensão universitária na sua formação como enfermeiro (a)?


Não seria melhor na formação do acadêmico de enfermagem?

7. Qual a sua opinião acerca da extensão universitária no curso de enfermagem?

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE

Prezado Senhor (a):


31

Sou aluna do curso de enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).


Estou desenvolvendo um estudo para descrever os projetos de extensão da universidade. Cujo
tema é: Universidade e Sociedade: contribuição da extensão universitária para o curso de
enfermagem da UVA.
Neste questionário serão abordados assuntos pertinentes sobre extensão universitária e
alguns dados de identificação. Gostaria de deixar claro que essas informações são sigilosas,
não falarei para ninguém e, principalmente, seu nome, não será em nenhum momento
divulgado.
Os dados obtidos neste questionário serão somados com os dados que outras pessoas.
E, farão parte do meu trabalho de conclusão do curso de enfermagem, sempre respeitando o
caráter confidencial de seu nome. Pretendemos com essa pesquisa, obter informações sobre o
papel da extensão universitária na formação dos enfermeiros.
Informo ainda, que: Mesmo tendo aceitado participar, se por qualquer motivo, durante
o andamento da pesquisa, resolver desistir, tem toda liberdade para retirar o seu
consentimento; Responder a esta entrevista não trará nenhum risco para você. Entretanto, caso
se sinta constrangido em responder alguma pergunta, interromperemos a mesma; Estarei
disponível para qualquer outro esclarecimento no Endereço: Rua Paulo Aragão, n° 999,
Centro, telefone: 88013016
Caso queira reclamar sobre esse trabalho, poderá dirigi-se pessoalmente a
Coordenação do Curso de Enfermagem, ou faze-lo por escrito e entregar na sala da
Coordenação. Em fase a estes motivos, gostaria muito de poder contar com sua colaboração.

Consentimento pós – informado

Declaro que tomei conhecimento do estudo que pretende descrever os Projetos de


Extensão da Universidade Estadual Vale do Acaraú e, cujo titulo é: Universidade e sociedade:
contribuição da extensão universitária para o curso de enfermagem da UVA, realizado pela
pesquisadora Hellen Keller Ávila Vasconcelos, compreendi seus propósitos e, concordo em
participar da pesquisa e também que em qualquer momento posso retirar meu consentimento
em participar da mesma.

Sobral , _____ de ___________________ de 2008.

____________________________________________________________________
Assinatura do Sujeito da Pesquisa

_____________________________________________________________________

Assinatura da Pesquisadora

1° via pesquisadora 2° via sujeito da pesquisa

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