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SIMPLIFICADO

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Estatuto da Advocacia e da OAB comentado Artigo por artigo
Estatuto da Advocacia e da OAB comentado, artigo por artigo.

Lei n° 8.906, de 04 de julho de 1996.

CAPÍTULO II

Dos Direitos do Advogado

Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério
Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.

Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem dispensar


ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e
condições adequadas a seu desempenho.

Este artigo estabelece a igualdade de tratamento entre o advogado, o juiz e o promotor, sendo todos
considerados indispensáveis à administração da justiça, cada um desempenhando funções próprias, isto é,
um postula, outro exerce o papel de fiscal da lei e o outro julga decidindo o litígio, por isso, não se
estabelece entre eles relação de hierarquia e subordinação, muito pelo contrário, todos devem tratar-se
com respeito e cordialidade no desempenho de suas respectivas funções, que tem como objeto a aplicação
do Direito, em busca da justiça.

Além da necessidade de ser tratado com respeito e consideração pelo juiz e pelo promotor de justiça, o
parágrafo único assegura, ainda, o direito do advogado em receber tratamento compatível com a
dignidade da advocacia e as condições adequadas ao seu desempenho, por parte das autoridades, dos
servidores públicos e dos serventuários da justiça. Este tratamento é condição necessária para o
desempenho de suas atividades, em respeito ao exercício do direito de defesa. Assim, trata-se de uma
prerrogativa do advogado e quando violada lhe autoriza a representar o ofensor mediante desagravo
público ou qualquer outra medida disciplinar ou judicial cabível. A imunidade profissional não pode ser um
impeditivo a possibilidade de punição disciplinar.

Art. 7º. São direitos do advogado:

Este artigo relaciona, em rol não taxativo, uma série de direitos assegurados aqueles que exercem a
advocacia, são prerrogativas que têm por finalidade evitar a imposição de óbices ao pleno exercício
profissional, são elas:

I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;

O advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB pode exercer livremente suas atividades em todo o
país. Esta atuação ocorre de forma ilimitada na jurisdição do Conselho Seccional em que o advogado
mantém seu domicílio profissional, obtendo sua inscrição principal, e de forma eventual em qualquer outro
Estado, ou seja, a atuação do advogado nestes locais fica limitada a cinco causas por ano (art. 10, §2°),

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sendo que a intervenção judicial que exceder a este limite obriga o advogado a promover sua inscrição
suplementar no respectivo Conselho Seccional.

Assim, desta forma, fica garantido ao profissional da advocacia o livre exercício de suas atividades em todo
o território nacional.

II - a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho,
de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da
advocacia; (Redação dada pela Lei nº 11.767, de 2008)

Este inciso garante ao advogado o direito a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como
de seus instrumentos de trabalho, porém, esta inviolabilidade não é absoluta, pois quando presentes os
requisitos previstos em lei poderá haver a quebra da inviolabilidade. Tais requisitos são: indícios de autoria
e materialidade de crime por parte do advogado; mandado de busca e apreensão, específico e
pormenorizado, bem como a presença de representante da OAB para o cumprimento do mandado de
busca e apreensão (art. 7°, §6°, do EAOAB).

Importante frisar que, em qualquer caso, é vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos
pertencentes a clientes do advogado averiguado, assim como os demais instrumentos de trabalho que
tenham informações referentes a clientes, a não ser que algum cliente também esteja sendo formalmente
investigado como coautor ou partícipe pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da
inviolabilidade (art. 7°, §7°, do EAOAB).

III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes
se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis;

Prerrogativa que assegura a todo o preso ser assistido por advogado, conforme determina o art. 5°, inciso
LXIII, da CF/88.

Assim, em conformidade com a Carta Magma, o Estatuto da OAB, por meio deste inciso, atribui ao
advogado esse direito, ainda que ele não esteja munido de procuração e o seu cliente seja considerado
incomunicável.

Ademais, esta comunicação deve ser entendida de forma ampla, ou seja, não se restringe ao contato físico
e direto com o cliente no estabelecimento em que este se encontre preso, detido ou recolhido, mas abrange
também, por exemplo, a troca de correspondências ou telefonemas, devendo, da mesma forma, ser
resguardado o sigilo profissional.

IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício
da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a
comunicação expressa à seccional da OAB;

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A prisão em flagrante delito do advogado, quando relacionada ao exercício da profissão, garante a este ter
a presença de representante da OAB para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade. Porém, o STF,
no julgamento da ADI nº 1.127-8, decidiu pela constitucionalidade deste inciso, mas destacou que se a OAB
não enviar representante em tempo hábil, não haverá de se falar em invalidade da prisão em flagrante.

O §3° deste artigo garante ao advogado que a prisão em flagrante só pode ocorrer em caso de crime
inafiançável e desde que por motivo ligado ao exercício da profissão, observado o disposto neste inciso.

Quando a prisão em flagrante não estiver relacionada ao exercício da profissão, a autoridade competente
deverá comunicar o fato à seccional da OAB.

V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior,
com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão
domiciliar; (Vide ADIN 1.127-8)

Este inciso também foi objeto da ADI nº 1.127-8, tendo o STF decidido pela inconstitucionalidade da
expressão "assim reconhecidas pela OAB".

É direito do advogado, em caso de sentença condenatória recorrível, não ser recolhido preso senão em sala
de Estado Maior e, na sua ausência, em prisão domiciliar. No mérito da referida ADI, o STF enfatizou
prisão do advogado em sala de Estado Maior é garantia suficiente para que fique provisoriamente detido

V - ingressar livremente:

a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos
magistrados;

b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais
e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e
independentemente da presença de seus titulares;

c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o
advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional,
dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou
empregado;

d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a
qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;

Essas prerrogativas garantem que o advogado não pode ser impedido de ingressar livremente em locais
nos quais deve atuar. Qualquer impedimento a essas garantias dever ser entendido como ilegal, além disso,

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a violação as hipóteses das alíneas "a", "b" e "c" configura crime de abuso de autoridade, previsto no art.
3°, "f", da Lei n 4.898/95. Por fim, para que o advogado possa exercer o direito estabelecido na alínea "d",
precisa estar munido de procuração com poderes especiais.

VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior,


independentemente de licença;

Como não há relação de hierarquia e subordinação entre advogados e magistrados, este inciso assegura ao
profissional da advocacia decidir a melhor maneira de permanecer nos locais onde irá exercer suas
funções, sem qualquer óbice por parte das autoridades judiciárias ou policiais.

VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de
horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada; Justamente por
que não há relação de hierarquia e subordinação, é assegurado ao advogado, desde que "observadas as
regras legais e éticas de convivência profissional harmônica e reciprocamente respeitosa, dirigir-se
diretamente ao magistrado sem horário marcado, nos seus ambientes de trabalho, naturalmente sem
prejuízo da ordem de chegada de outros colegas"1.

IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o
voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo
maior for concedido; (Vide ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7)

X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para
esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no
julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;

Esta prerrogativa garante ao advogado intervir sumariamente nos processos usando a palavra, pela ordem,
para esclarecer equívoco ou dúvida que possam influir no julgamento da causa ou, ainda, como forma de
defesa em relação as acusação ou censura que lhe forem feitas.

XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a
inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;

Trata-se de prerrogativa que tem o advogado para reclamar contra a inobservância de lei, regulamento ou
regimento, impedindo, desta forma, a violação dos direitos de seu representado. Tal prerrogativa é
aplicável perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, ou seja, amplia-se o direito de reclamar a
qualquer órgão do Estado.

1
LÔBO, Paulo, Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, p. 84.

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XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração
Pública ou do Poder Legislativo;

É direito do advogado se manifestar oralmente e da forma que lhe convier, sentado ou em pé, seja no Poder
Judiciário, Executivo ou Legislativo, vedada qualquer norma interna que estabeleça forma diversa da
assegurado por este inciso.

XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública
em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estiverem
sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar
apontamentos; (Redação dada pela Lei nº 13.793, de 2019)

Prerrogativa indispensável para o livre exercício da profissão e que também tem por objetivo salvaguardar
as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, imprescindíveis ao Estado Democrático de
Direito.

Este direito também é assegurado a processos e procedimentos eletrônicos, observado o disposto nos §§
10 e 11 deste artigo, é o que dispõe o §13 também deste artigo.

XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento,
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou
digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)

no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao

acesso às diligências já realizadas, cujos documentos se encontram materializados.

Importante salientar que nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o
exercício dos direitos de que trata este inciso (art. 7°, §10, do EAOAB).

elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos,

Já o §12 também deste artigo prevê que a inobservância aos direitos estabelecidos neste inciso, o
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já
incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de

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autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da
defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.

Da mesma forma que o inciso anterior, o direito previsto neste inciso também é assegurado a processos e
procedimentos eletrônicos, observado o disposto nos §§ 10 e 11 acima mencionados, é o que prevê o §13
também deste artigo.

XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na


repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;

XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;

As prerrogativas trazidas por estes incisos não são absolutas, uma vez que não se aplicam nas hipóteses
previstas no §1° deste artigo, vejamos:

1) aos processos sob regime de segredo de justiça;

2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante
que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade
em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte
interessada;

3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no
prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela;

O desagravo público é tratado nos arts. 18 e 19 do Regulamento Geral e considerado por este Estatuto um
direito do profissional da advocacia. Ocorre quando o advogado, no exercício da sua profissão, é ofendido
em razão da sua atividade, cargo ou função na OAB. Pode ser promovido pelo Conselho competente, de
ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa.

Destaca-se que "o desagravo público, como instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da
advocacia, não depende de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser promovido
a critério do Conselho" (art. 18, §7°, do Regulamento Geral).

XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;

Esses símbolos são os anéis, adornos e outros relacionados à profissão.

De acordo com o art. 54, inciso X desse Estatuto, em razão da necessidade de uniformização da
identificação no país, compete ao Conselho Federal "dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e
sobre os respectivos símbolos privativos".

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XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre
fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado
pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;

É um direito assegurado pelo Estatuto e um dever imposto pelo Código de Ética e Disciplina, devendo o
advogado guardar sigilo profissional dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão.

Importante frisar que, quando notificado, o advogado deve comparecer em juízo e, só então, recusar-se a
depor, sob pena das consequências legais, multa, condução compulsória e, conforme o caso, de processo
por crime de desobediência.

XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do
horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele,
mediante comunicação protocolizada em juízo.

Prerrogativa dos advogados que visa evitar abusos por parte de alguns magistrados. No entanto, este
direito não se aplica quando o juiz já se encontra no local, porém, realizando outro ato processual, assim,
neste caso, não deve o advogado retirar-se do local, sob pena de prejudicar os interesses do seu
representado.

A CLT (art. 815, parágrafo único) estabelece um prazo menor para que o advogado fique no aguardo do
magistrado, o tempo de espera é de 15 minutos após a hora marcada.

Em todo caso, o advogado deve protocolar a comunicação em juízo.

XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,
inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

Também é direito do advogado acompanhar os seus clientes investigados durante a apuração das
infrações e de todos os elementos investigatórios e probatórios, sendo possível apresentar razões e
quesitos no decorrer do procedimento. A presença e a participação do advogado busca evitar que se
cometam abusos contra os investigados e, caso haja violação a essa prerrogativa, haverá nulidade absoluta
de todo o procedimento.

§1º. Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:

1) aos processos sob regime de segredo de justiça;

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2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância
relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida
pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a
requerimento da parte interessada;

3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos
no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

Como visto nos incisos XV e XVI, o advogado tem direito a ter vista dos processos judiciais ou
administrativos ou retirá-los pelos prazos legais, bem como direito de retirar autos de processos findos,
mesmo sem procuração, pelo prazo de 10 dias.

Porém, esta regra não se aplica nas situações previstas neste dispositivo.

A hipótese prevista no ponto 3 ocorre quando o advogado deixa de devolver os autos no prazo legal,
mesmo quando tiver sido intimado pelo cartório. Se o advogado não for intimado, não haverá infração
disciplinar aplicável.

§2º. O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato
puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele,
sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-
8)

O STF, no julgamento da ADI 1.127-


na redação original deste inciso.

Assim, a imunidade do advogado estabelecida neste dispositivo é a imunidade penal em relação aos crimes
de injúria e difamação, não podendo o advogado, no exercício da profissão, em juízo ou fora dele, ser
responsabilizado por suas manifestações, palavras e atos considerados ofensivos por qualquer pessoa ou
autoridade.

Esta imunidade já era prevista no Código Penal, em seu art. 142, I, que diz "não constituem injúria ou
difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador".

No entanto, o EAOAB ampliou a imunidade penal do advogado para a imunidade profissional, assim, esta
pode ser de ordem civil, penal e disciplinar. O referido Estatuto também inovou em seu texto no sentido de
que esta imunidade se dá dentro ou fora do juízo.

Importante salientar que o advogado será responsabilizado pela OAB, caso cometa excessos no exercício
de suas funções.

§3º. O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em
caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.

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Vide comentários ao inciso IV.

§4º. O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais,
delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle
assegurados à OAB. (Vide ADIN 1.127-8)

No julgamento da ADI n° 1.127-8 também foi declarada a inconstitucionalidade da expressão "e controle".
Assim, o advogado tem direito a salas especiais permanentes que devem ser instaladas pelo Poder
Judiciário e pelo Poder Executivo em prédios públicos como juizados, fóruns, tribunais, delegacias de
polícia e presídios para que o mesmo exerça o seu múnus público e possa praticar atos como examinar
processos, elaborar petições, tirar cópias, se reunir em caráter de urgente com o cliente e etc.

Entendeu o STF que a OAB não detém o controle dessas salas, pois o controle por parte da entidade
exorbitava a sessão do espaço.

§5º. No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da
OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da
responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.

Vide comentários ao inciso XVII.

§6º. Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a
autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II
do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e
pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese,
vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado
averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre
clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

§7º. A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que
estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores pela prática do mesmo
crime que deu causa à quebra da inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

Vide comentários ao inciso II.

§8º. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

§9º. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

§10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos
de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

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§11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado
aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos
autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das
diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

§12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou
o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo
implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir
o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito
subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. (Incluído pela Lei nº 13.245,
de 2016)

Vide comentários ao inciso XIV.

§13. O disposto nos incisos XIII e XIV do caput deste artigo aplica-se integralmente a processos e a
procedimentos eletrônicos, ressalvado o disposto nos §§ 10 e 11 deste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.793, de 2019)

Vide comentários ao inciso XIII e XIV.

Art. 7°-A. São direitos da advogada: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

I - gestante: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X; (Incluído pela
Lei nº 13.363, de 2016)

b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao
atendimento das necessidades do bebê; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das
audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; (Incluído pela Lei nº
13.363, de 2016)

IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa,
desde que haja notificação por escrito ao cliente. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

No ano de 2016, a Lei n° 13.363 acrescentou o art. 7°-A ao Estatuto da OAB, assegurando direitos e garantias
às advogadas gestantes, lactantes, adotante ou que tiver dado à luz.

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O inciso I trata dos direitos da advogada gestante, apenas esta tem o direito de não ser submetida a
detectores de metais e a reserva de vaga em garagens. Os direitos previstos neste inciso aplicam-se
enquanto perdurar o estado gravídico.

O inciso II assegura à advogada lactante, adotante ou que der à luz, acesso à creche, onde houver, ou a
local adequado ao atendimento das necessidades do bebê. Em relação à advogada lactante, o direito de
que trata este inciso aplica-se em enquanto perdurar o período de amamentação. Já em relação à
advogada adotante ou que der à luz, os direitos serão concedidos pelo prazo de 120 dias (art. 392, CLT).

Já o inciso III trata dos direitos concedidos à advogada gestante, lactante, adotante ou que der a luz,
mediante comprovação de sua condição. Quanto à advogada adotante ou que der à luz, os direitos
previstos neste inciso também serão concedidos pelo prazo de 120 dias (art. 392, CLT). Para a advogada
lactante, o direito permanece enquanto perdurar o período de amamentação.

Por fim, o inciso IV relaciona o direito atribuído à advogada adotante ou que der a luz, o qual será
concedido pelo prazo de 30 dias a partir da data da concessão da adoção ou da data do parto, sendo
necessária a comunicação ao cliente (art. 313, §6°, do CPC).

§1º. Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar,


respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação. (Incluído pela Lei nº 13.363, de
2016)

Vide comentários ao inciso I.

§2°. Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante ou que der à luz
serão concedidos pelo prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943
(Consolidação das Leis do Trabalho). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

Vide comentários aos inciso II e III.

§3°. O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada adotante ou que der à luz será
concedido pelo prazo previsto no § 6o do art. 313 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

Vide comentários ao inciso IV.

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários
convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.

O caput do artigo prevê três espécies de honorários. Os convencionais são os ajustados verbalmente ou por
escrito entre as partes. Os honorários fixados por arbitramento judicial, por sua vez, aplicam-se aos casos
em que não houve estipulação contratual ou as partes não chegarem a um acordo a respeito dos valores

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devidos. Já os honorários de sucumbência são os previstos no Código de Processo Civil, pagos pela parte
vencida ao advogado da parte vencedora.

Vale destacar que os honorários convencionais são de livre estipulação entre as partes, entretanto, os
fixados por arbitramento judicial e os de sucumbência devem observar os valores mínimos estipulados na
Tabela de Honorários fixada pelo Conselho Seccional da OAB.

Todos os honorários advocatícios pertencem ao advogado e são cumulativos!

§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de


impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários
fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado.

Para ter direito a esses honorários pagos pelo Estado, alguns requisitos devem restar configurados: a) que a
nomeação do advogado tenha se dado por indicação do magistrado, e não por contratação entre partes; b)
que a parte seja considerada juridicamente necessitada, ou seja, que preencha os requisitos da Lei nº
10.060/1950; c) que a Defensoria Pública não tenha sido instalada no local da prestação de serviço ou, se
instalada, esteja impossibilitada de atender o caso, não interessando para tanto o local da residência do
juridicamente necessitado ou o endereço profissional do advogado.

O artigo deixa evidente que o recebimento de tal verba é um direito do advogado.

O fato de o advogado ter sido indicado para defender os interesses do juridicamente necessitado não quer
dizer que ele perde o direito ao recebimento de honorários de sucumbência previstos no Código de
Processo Civil. Da mesma forma, o fato de receber honorários de sucumbência não resulta na isenção do
Estado ao pagamento dos honorários arbitrados em favor do nomeado procurador.

Importante salientar que, nessa hipótese do §1º, o advogado é obrigado a atuar, a recusa aos serviços da
defensoria pública só é permitida quando expressamente justificado, sob pena de se configurar infração
disciplinar.

§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento judicial, em


remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores
aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.

Ocorre o arbitramento judicial de honorários, quando houver discussão em relação aos valores devidos,
seja em virtude de falta de estipulação ou por falta de acordo entre as partes.

O parágrafo segundo se aplica também às relações entre advogados. Dessa forma, é possível a propositura
de ação de arbitramento judicial quando, por exemplo, o cliente rescindir o contrato de determinado
advogado, constituir novo e, ao final da ação, o advogado anterior e o atual não chegarem a um acordo a
respeito da proporção dos honorários de sucumbência cabíveis a cada um deles.

§ 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é devido no início do serviço, outro terço
até a decisão de primeira instância e o restante no final.

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No início do §3º, o Estatuto ressalta a liberdade contratual das partes de estipularem a forma de
pagamento de modo diferente do consagrado no referido parágrafo. Logo, todas as situações nas quais o
contrato escrito ou verbal de honorários especificamente estipular forma contrária de pagamento estrão
excluídas do disposto no §3º. Entretanto, se houver controvérsia acerca da forma de pagamento no
contrato verbal, e não sendo possível provar ter sido estabelecida forma diversa, prevalecerá a regra
prevista § 3º do art. 22.

§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o mandado
de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por
dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou.

Se o advogado estipulou os honorários contratuais por escrito, ele pode requerer ao magistrado que
deduza da quantia a ser paga ao cliente o valor a ser recebido pelos serviços prestados, desde que faça a
juntada do contrato aos autos antes de ser expedido o mandato de levantamento ou precatório, caso
contrário, o advogado receberá no montante do valor recebido pelo seu cliente.

Esse direito do advogado alcançou ainda mais importância dado o caráter alimentar dos honorários
advocatícios, sendo crédito que goza de preferência. Nesse sentido o STF editou a súmula vinculante nº 47:

credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de
precatório ou requisição de pequeno valor, obs

§ 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato outorgado por advogado para
defesa em processo oriundo de ato ou omissão praticada no exercício da profissão.

Este dispositivo se refere ao caso específico dos advogados que atuam em processos junto aos Tribunais de
Ética e Disciplina da OAB, dada as suas particularidades. A atuação dos advogados dativos em processos
éticos ou disciplinares da OAB ocorre voluntariamente e, por isso, não há o que se falar, neste caso, de
arbitramento de honorários em seu favor.

§6º O disposto neste artigo aplica-se aos honorários assistenciais, compreendidos como os fixados em
ações coletivas propostas por entidades de classe em substituição processual, sem prejuízo aos
honorários convencionais. (Incluído pela Lei 13.725, de 2018)

A nova Lei disciplinou o recebimento de honorários assistenciais, que são devidos quando o advogado da
parte vencedora estiver credenciado e atuando em nome do sindicato da categoria profissional. A partir
dessa alteração, os advogados inscritos nos Quadros da OAB têm o direito a percepção de honorários
assistenciais nas ações coletivas ajuizadas por entidades de classe cumulada com a percepção dos
honorários convencionais, podendo ainda, indicar os beneficiários para seu recebimento.

A alteração legislativa também sedimentou o entendimento que estabelece a possibilidade de acumulação


de honorários sucumbenciais e contratuais. Essa ideia já era a regra geral (no próprio artigo 22), mas ainda
encontrava resistência, sobretudo na seara trabalhista. Agora, com a alteração, a regra foi concretizada,

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sendo assim, também se aplica aos honorários sucumbenciais oriundos de atuação na Justiça Laboral.
Sendo assim, os honorários contratuais pactuados com a entidade são acumuláveis com os honorários de
sucumbência fixados no processo.

§7º Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação em substituição processual
poderão prever a faculdade de indicar os beneficiários que, ao optarem por adquirir os direitos,
assumirão as obrigações decorrentes do contrato originário a partir do momento em que este foi
celebrado, sem a necessidade de mais formalidades. (Incluído pela Lei 13.725, de 2018)

Outro ponto a ser destacado com a mudança foi a validade do contrato de honorários firmado diretamente
com a entidade sindical, em relação aos beneficiários da ação. Essa mudança se coaduna com a garantia de
liberdade sindical, que tem como consequência a liberdade contratual no que se refere aos honorários de
advogados nas ações de substituição processual, basta que o advogado cumpra as regras estabelecidas no
Estatuto.

O novo §7º definiu a situação, isto é, optando o integrante da categoria por ser beneficiário do resultado da
demanda ingressada por seu sindicato ou associação, estará obrigado à verba honorária contratada pela
entidade, sem a necessidade de mais formalidades. Isso significa que é suficiente que o contrato tenha sido
celebrado entre o sindicato ou associação para ser eficaz em relação aos beneficiários da demanda. Não é
necessário que cada substituído autorize por escrito para isso.

Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao


advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que
o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.

Aqui se trata de honorários de sucumbência arbitrados judicialmente em atenção aos critérios do CPC.
Além dos honorários de sucumbência, os advogados são (cumulativamente ou não) remunerados por
honorários contratuais. Os honorários de sucumbência são de responsabilidade da parte contrária,
enquanto que os próprios clientes respondem pelos honorários contratuais. A remuneração dos
advogados, portanto, está na soma dos honorários sucumbenciais e contratuais.

sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do

honorários da sucumbência é remunerar o advogado.

Se o advogado é o credor dos honorários, ele tem legitimidade ativa ordinária para a execução, isto é, atua
em nome próprio; não a representar o constituinte.

Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são
títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores,
insolvência civil e liquidação extrajudicial.

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Ao fixar honorários, o juiz reconhece a exigibilidade de uma obrigação da parte de pagar quantia ao
advogado, então a decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários é título executivo judicial, por força do
artigo 515, I, do CPC. Já o contrato escrito não está no rol dos títulos executivos extrajudiciais, mas tem essa
natureza por conta de expressa disposição do Estatuto, e o CPC reconhece que leis esparsas possam
atribuir força executiva a um título (art. 784, XII), é o que faz o art. 24 do EAOAB.

O privilégio aqui estabelecido decore do caráter alimentar dos honorários.

§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha atuado o
advogado, se assim lhe convier.

§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários de sucumbência,


proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus sucessores ou representantes legais.
(Vide ADIN 1.194-4)

Os sucessores receberão os honorários sucumbenciais de maneira proporcional ao trabalho realizado pelo


advogado até o momento do falecimento ou incapacidade.

O recebimento dos honorários poderá ser proporcional ou integral, a depender do caso.

§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional,
não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença.

Conforme já exposto, os honorários pertencem ao advogado, sendo assim, é evidente que o cliente não
pode dispor do que não lhe pertence. Dessa forma, qualquer acordo firmado pelo cliente não pode incluir
honorários, salvo se houver concordância do próprio advogado.

Art. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advogado, contado o prazo:

I - do vencimento do contrato, se houver;

II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar;

III - da ultimação do serviço extrajudicial;

IV - da desistência ou transação;

V - da renúncia ou revogação do mandato.

Como se pode observar nos incisos acima, o tipo de ruptura da relação entre cliente e advogado vai
estabelecer a contagem da prescrição.

O prazo de cinco anos é contado a partir do primeiro dia útil seguinte ao encerramento da relação jurídica
contratual, seja pela ocorrência de seu termo final pactuado, renúncia ou revogação de mandato, ou pela
conclusão do trabalho. Ou, ainda, a partir do trânsito em julgado de decisão que houver instituído os

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honorários, sejam de sucumbência ou por arbitramento, ou que houver homologado acordo judicial ou
desistência da ação, decretando a extinção do processo.

Art. 25-A. Prescreve em cinco anos a ação de prestação de contas pelas quantias recebidas pelo
advogado de seu cliente, ou de terceiros por conta dele (art. 34, XXI).

Faz parte de uma conduta ética por parte do advogado a prestação de contas aos seus clientes.

É importante destacar que o advogado que não presta conta dos seus atos, pode responder civil e
administrativamente. O prazo para a representação ou abertura de procedimento junto à OAB em face do
advogado que se recusa a prestar as contas, como em todo processo administrativo disciplinar, é de cinco
anos, nos termos do artigo 43 e tem início na data da ciência da infração pela OAB. A prescrição em sede de
processo disciplinar não se confunde com a prescrição da pretensão de ação judicial, contida no artigo 25-
A, ora em análise. Dessa forma, se o advogado tiver instaurado contra ele processo administrativo
disciplinar, com fundamento no artigo 34, XXI, isso não suspende ou interrompe o prazo prescricional do
artigo 25-A, que trata da pretensão judicial.

O termo inicial da contagem do prazo descrito no presente artigo, considera-se a data do conhecimento
inequívoco da recusa tanto em prestar como em aceitar as contas prestadas.

Art. 26. O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários sem a
intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento.

Em relação ao tema substabelecimento, é importante observar o que dispõe o Código de Ética e Disciplina,
em seu artigo 24, pois é um assunto bastante recorrente em provas. No substabelecimento, com reserva de
poderes, o outorgado estende os poderes que lhe foram conferidos a outro, mantendo-se responsável pelo
serviço e detentor dos direitos sobre eles.

O substabelecimento com reserva é ato pessoal do advogado que substabelece e cria uma relação com o
substabelecido. O cliente não tem vínculo obrigacional com o substabelecido, assim a divisão de
honorários deve ser tratada entre advogados. Dessa forma, quando o advogado substabelece com reserva
de poderes, ele não precisa comunicar ao cliente. Já o substabelecimento sem reserva de poderes, não é
ato privativo do advogado, logo, ele precisa informar previamente e de maneira inequívoca ao cliente.

Substabelecer sem reserva, quer dizer que o advogado está saindo do processo e passando a
responsabilidade para outro profissional, por isso que o cliente deve ser avisado.

CAPÍTULO VII DAS IMCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS

Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a proibição parcial do


exercício da advocacia.

As hipóteses de incompatibilidade e de impedimento são taxativas e decorrem de condição pessoal do


bacharel, mas são situações perfeitamente distintas entre si, não apenas em relação ao enquadramento,
como também aos respectivos efeitos.

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O exercício de qualquer das atividades consideradas incompatíveis pelo EAOAB é impeditivo da advocacia,
ou seja, impede a inscrição do bacharel como advogado. Se superveniente à inscrição, a situação de
incompatibilidade gera efeitos automáticos prejudiciais à continuidade da mesma.

Se a atividade incompatível tiver caráter efetivo ou definitivo (nomeação em cargo de juiz de direito, por
exemplo), opera-se o cancelamento da inscrição, entretanto, se a atividade incompatível tiver caráter
temporário (nomeação para um cargo comissionado de Secretário municipal, por exemplo), opera-se o
licenciamento da inscrição, o que implica numa espécie de suspensão temporária da inscrição.

Incompatibilidades

Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:

I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais; Durante
todo o cumprimento do mandato eletivo, Presidente da República, Governadores e Prefeitos, que forem
bacharéis em Direito, não podem exercer a advocacia, devendo requerer o licenciamento junto à OAB por
todo o tempo do mandato eletivo.

Em relação ao Legislativo, o Estatuto veda a advocacia tão somente àqueles que compõem as Mesas do
Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras municipais. Não existe a mesma vedação para
todos os Senadores, Deputados Federais, Distritais, Estaduais e Vereadores, mas tão somente àqueles que
são membros de Mesa e seus substitutos. Aos demais, aplica-se apenas o impedimento do art. 30, II.

II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas,
dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função
de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta; (Vide ADIN
1127-8)

No julgamento da ADIN 1127-8, o STF entendeu que aos Juízes Eleitorais não se aplica a vedação
totalmente, mas apenas aos juízes eleitorais de carreira, isto é, aos oriundos de concurso público. No mais,
todos os membros do Poder Judiciário são incompatíveis, inclusive, os cargos indiretos ao poder decisório.

III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta,
em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público;
Ainda que o exercício da direção na administração pública exija designação específica por lei ou decreto, o
que exerce a competência e o poder típicos do
cargo ou da função, como titular ou substituto, pouco importando a natureza do vínculo jurídico, que pode
ser estatutário, trabalhista, efetivo ou comissionado.
IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder
Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;

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Não apenas os membros do Poder Judiciário têm incompatibilidade com a advocacia, mas todos os
bacharéis que ocupem cargos ou funções a ele vinculados, direta ou indiretamente. Portanto, aos bacharéis
que sejam serventuários da Justiça, analistas, auxiliares e técnicos judiciários, oficiais de justiça, escrivães
junto ao Judiciário é vedado o exercício da advocacia. Não importa a nomenclatura do cargo nem a
natureza do vínculo, basta que exista vinculação jurídica direta ou indireta, de qualquer natureza, com o
Poder Judiciário.

V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer


natureza;

Não importa a natureza da atividade policial, nem a hierarquia, desde que esteja na ativa.

Dessa forma, não podem advogar delegados, investigadores, peritos, agentes e quaisquer outros servidores
como técnicos administrativos, secretários, motoristas e outros que ocupem cargos ou funções vinculadas
à polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e
corpos de bombeiros, ainda que por disponibilidade e mesmo em desvio de função.

VI - militares de qualquer natureza, na ativa;

São militares aqueles que compõem as forças armadas, sejam do Exército, da Marinha e da Aeronáutica,
sendo a todos vedada a advocacia. Essa proibição só termina com a reforma, demissão ou exoneração.

VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou


fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;

Para a incidência da incompatibilidade não importa o nome do cargo ou função, mas sim as funções
efetivamente exercidas, de lançamento, fiscalização ou arrecadação de tributos.

VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas.

Nem todo empregado de instituição financeira tem acesso e pode manusear documentos, livros e registros
de pessoas físicas e jurídicas, dentre outras atividades, que lhes confiram significativo poder sobre
interesses e patrimônios de terceiros, a justificar a vedação. Daí a lei ter limitado a incompatibilidade com a
advocacia tão somente àqueles que exercem funções de efetiva gerência e direção, a ser constatada em
cada caso concreto.

§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo


temporariamente.

A incompatibilidade é consequência de uma condição pessoal do bacharel, que o acompanha mesmo


quando ele se afasta temporariamente do cargo ou função incompatível, por exemplo, quando em férias ou
licença.

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§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão relevante sobre
interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica
diretamente relacionada ao magistério jurídico.

O inciso III fala dos ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da administração pública direta
ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público, que
detenham efetivo poder de decisão sobre interesses de terceiros, a critério da OAB.

Impedimentos

Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos
da Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente legitimados para o
exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura.

O Estatuto proíbe que esses advogados exerçam qualquer outro ato de advocacia em razão da importância
de suas funções de direção dos serviços jurídicos do ente público, pela centralização de mando, pela
intimidade que tais advogados mantêm com o centro de poder do respectivo ente. Eles não podem, nem
mesmo, advogar em causa própria, estando legitimados ao exercício da advocacia tão somente nos
contornos estritos do cargo a que estejam vinculados, durante o período da investidura.

Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:

O presente artigo estabelece as únicas situações em que certos advogados não podem exercer advocacia.
Embora não retirem a liberdade de advogar, os impedimentos implicam em diminuição do âmbito de
atuação profissional. São restrições impostas a bacharéis inscritos na OAB, em razão de cargos ou funções
públicas que exerçam ou do exercício de mandato eletivo.

I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os


remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;

Tais impedimentos vão incidir independentemente do vínculo jurídico existente entre o advogado e a
Fazenda Pública, podendo ser de natureza estatutária, trabalhista, em função ou cargo efetivo ou
comissionado. Isso acontece porque esses agentes devem agir sempre em prol do interesse da
administração pública a que estão vinculados. Sendo assim, foi estabelecida a impossibilidade de
patrocinarem causas contra o seu próprio empregador direto ou indireto. O impedimento é restrito à
Fazenda Pública que remunere o advogado.

II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas
de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades
paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.

Não confundir essa hipótese de impedimento com o artigo 28, I (os membros de Mesa do Poder Legislativo
e seus substitutos legais não podem advogar, pois exercem atividade incompatível). Aqui se trata dos

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demais integrantes do Poder Legislativo, que podem advogar, exceto contra a administração pública, em
qualquer esfera.

Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos.

Aos professores de cursos jurídicos vinculados a universidades, públicas ou privadas, não se aplica o
impedimento do inciso I. A exceção faz sentido uma vez que o magistério de Direito sequer se insere entre
as atividades privativas de advocacia. Sendo assim, um professor de Universidade pode advogar contra a
própria Instituição, pois não há vedação e nem impedimento.

CAPÍTULO IX

Das Infrações e Sanções Disciplinares Art.

Art. 34. Constitui infração disciplinar:

I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos
não inscritos, proibidos ou impedidos;

Esse inciso dispõe sobre o exercício irregular da advocacia. Não confundir com o exercício ilegal. O primeiro
é infração disciplinar, enquanto o segundo é infração penal.

O impedimento é a vedação parcial ao exercício da advocacia é, portanto, causa superveniente que alcança
aqueles já inscritos nos quadros da OAB e que, por algum motivo, passam a ficar impedidos de exercer a
profissão em sua plenitude.

II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;

É um dispositivo amplo, que pretende abarcar toda e qualquer irregularidade relacionada com as

e demais regras dele derivadas. Todavia, o artigo não diz quando uma sociedade estará infringindo tais
regras, isso se verá em cada caso concreto.

III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;

O agenciador é aquele que encaminha uma causa para outro profissional, no intuito de ser remunerado
com um percentual do negócio. Ao rechaçar essa figura, o Estatuto busca zelar pela dignidade da
advocacia, bem como demonstrar a incompatibilidade da profissão com a mercantilização. Dessa forma,
não se admite o agenciamento de causas ou que o advogado receba algum tipo de remuneração pela
indicação de causas.

O Estatuto veda expressamente a captação de clientes, bem como a publicidade sem moderação.

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Circunstâncias atenuantes: se a falta for cometida na defesa de uma prerrogativa funcional; prestação de
relevantes serviços à advocacia ou à causa pública; quando o agente não tiver punição disciplinar anterior e
exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB. Essas circunstâncias não
isentam o agente de punição, mas podem ensejar sua diminuição.

IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;

A principal diferença desse inciso para o anterior, e que nesse a infração se configura independentemente
da atuação de terceiro, sendo inclusive mais abrangente, pois proíbe ao profissional da advocacia angariar
e/ou captar causas, isto é, pedir para si ou atrair, conquistar. O entendimento sedimentado tanto nesse
dispositivo quanto no anterior é o de que o advogado deve ser procurado pelo cliente e não o contrário.
Isso não quer dizer que o advogado não pode divulgar o seu trabalho, ou seja, informar ao público sobre a
sua existência. Ele pode fazer isso, conforme disciplinam os artigos 28 a 34 do Código de Ética, mas desde
que o faça de maneira moderada e dentro dos padrões disciplinados no estatuto.

V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha
feito, ou em que não tenha colaborado;

O inciso trata dos casos de falsa autoria. Nesses casos, o advogado demonstra falta de honestidade e
veracidade no que diz respeito ao vínculo autoral entre ele, na qualidade de subscritor, e o conteúdo do
escrito.

VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na


inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;

O objetivo dessa hipótese é reprimir condutas temerárias por parte do advogado quando postula em juízo,
estabelecendo punição para aqueles que advogam contra literal dispositivo de lei. Todavia, é importante
salientar que, diante da complexidade do ordenamento jurídico brasileiro, exige-se a comprovação de má-
fé por parte do advogado. Além disso, o dispositivo deixa claro que se presume a boa-fé do advogado
quando sua tese, embora combatendo texto expresso de lei, tenha por fundamento a
inconstitucionalidade, a injustiça da lei ou a existência de precedente jurisprudencial sólido que justifique
sua atuação.

VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;

A regra geral é que o sigilo profissional é inviolável, podendo ser quebrado em duas hipóteses: nos casos de
legítima defesa e quando houver grave ameaça ao direito a avida ou honra de outra pessoa. Se houver
autorização do cliente, resta configurada circunstância atenuante que também permite a quebra do sigilo.

Todas as hipóteses excludentes do sigilo profissional dependem exclusivamente do advogado, ou seja, o


advogado pode ou não quebrar o sigilo, mas não há obrigatoriedade.

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VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do
advogado contrário;

A conciliação pode e deve ser estimulada em todas as instâncias e fases do processo, entretanto, o
advogado não pode promover essa conciliação com a parte contrária sem a autorização do cliente, nem
tampouco diretamente com a parte adversa, sem a ciência do advogado desta. Esse artigo busca
resguardar tanto o cliente do advogado quanto o profissional, patrono da parte contrária.

IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;

O advogado responde por dolo ou culpa, trata-se de responsabilidade ilimitada. É importante destacar que,
não basta haver prejuízo ao cliente, mas que este decorra de culpa grave do advogado, ou seja, que esta
ultrapasse a tomada das medidas mínimas necessárias para o bom andamento do patrocínio.

X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione;

Fica evidente pela narrativa do texto, que se exige um dolo específico do advogado para a configuração da
infração disciplinar. O advogado age voltado à prática do ato prejudicial ao bom deslinde do processo, bem
como utiliza artifícios processuais que demonstram a contribuição decisiva dele para a ocorrência da
nulidade.

XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da renúncia;

O advogado não é obrigado a continuar representando interesses de quem ele não deseja mais, podendo
renunciar aos poderes recebidos, desde que respeitados os misteres do mandato pelos dez dias que
sucederem a renúncia, cessando após esse prazo sua responsabilidade profissional pelo acompanhamento
da causa.

XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de
impossibilidade da Defensoria Pública;

O advogado tem o direito de recusar motivadamente, quem faz a avaliação quanto a pertinência ou não da
recusa, bem como em relação aos motivos apresentados é exclusivamente a Ordem dos Advogados do
Brasil.

XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a


causas pendentes;

Nesse caso, o advogado publica na imprensa, fatos relacionados a causas sob seu patrocínio e pendentes
de julgamento, de forma habitual, por ato de vontade dele, cujo conteúdo não há interesse público. A
publicidade deve ter por finalidade ilustrar, educar e informar, não podendo ser meio de autopromoção do
advogado.

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XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de
depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz
da causa;

O advogado não pode expor os fatos em Juízo ou na via administrativa falseando deliberadamente a
verdade e utilizando de má-fé, isso inclusive está previsto no artigo 6º do Código de Ética e Disciplina.

XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de fato
definido como crime;

Note que o Estatuto não exige que o fato seja falso como exige o artigo 138 do CP (crime de calúnia),
restando configurada a infração ainda que o fato imputado seja verdadeiro.

XVI- deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de autoridade da


Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;

A ordem precisa ser lícita e legítima, bem como a autoridade a que se refere o inciso são aquelas pessoas
que detém competência para emitir a determinação, são as Diretorias, os Conselheiros devidamente eleitos
e nomeados para funções que autorizem a expedição de determinações e os órgãos próprios da OAB.

O tipo do inciso XVI é o de uma conduta omissiva: deixar de cumprir.

XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou destinado a
fraudá-la;

Prestar concurso é ajudar de alguma forma aquele que, em tese, será o beneficiado pela realização do ato
contrário à lei ou com a fraude. Aqui, o advogado ou estagiário podem ser coautores ou partícipes de uma
terceira pessoa, que é o autor do ato de burlar ou fraudar à lei, não apenas em processo judicial, mas
também no âmbito da OAB, em procedimento administrativo.

Vale destacar que é uma infração formal, de maneira que não se exige que tenha havido um benefício ou
vantagem para o cliente ou terceiros.

XVII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou desonesta;

Basta que o advogado peça para que reste consumada a infração, mesmo que ele de fato não receba.
Também está configurada quando ele não pede, mas recebe com a finalidade espúria.

Atenção para de quem advém a importância. Só haverá infração se o sujeito a quem se pede ou de quem se
recebe seja constituinte, ou seja, cliente, do Advogado e não terceiro.

XVIII - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados como objeto do mandato, sem
expressa autorização do constituinte;

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O comportamento previsto no referido inciso disciplina forma agravada da conduta prevista no inciso VIII
do mesmo artigo 34: estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência
do advogado contrário. Isso acontece porque, em regra, o recebimento de valores da parte contrária
pressupõe o entendimento prévio proibido pelo Estatuto da Advocacia e da OAB. Isso é, o entendimento
prévio faz parte do itinerário da infração, sendo assim, a infração do inciso XIX, absorve a do inciso VIII.

XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta
pessoa;

Aqui, o estatuto está punindo o enriquecimento ilícito do advogado às custas do cliente, no âmbito da
prestação dos serviços. Por certo, trata-se de indevido enriquecimento, incompatível com a natureza da
prestação de serviços profissionais contratada.

XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de


terceiros por conta dele;

O advogado deve prestar contas não apenas sobre o andamento processual, mas também sobre todos os
valores recebidos relacionados direta ou indiretamente com a prestação de serviços de advocacia
contratada, sejam esses valores repassados pelo cliente ou por terceiros.

XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;

O advogado tem a prerrogativa de ter acesso e retirar os autos em carga, mas tem também o dever de os
devolver ao final do prazo estipulado. A retenção abusiva por má-fé não é presumida, deve ser
demonstrada, uma vez que a abusividade envolve a intenção de tirar proveito indevido ou de prejudicar e
isso não se presume.

XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de
regularmente notificado a fazê-lo;

É importante destacar que a norma em questão possui caráter disciplinar e não patrimonial. Esse caráter
disciplinar, fundamenta-se no fato de que a inadimplência repercute diretamente na receita da OAB, que
não participa dos recursos orçamentários públicos e depende das contribuições de seus inscritos.

XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;

A inépcia profissional caracteriza-se pela falta de conhecimento técnico no exercício da atividade


profissional, erros linguísticos e pela reiteração da falha.

XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;

A disciplina contida no inciso XXV parece ter sido idealizada para ser aplicada nos casos do parágrafo único
e também em situações que, embora contundentemente reprováveis, não tenham sido tipificadas com
exatidão nos demais incisos, tampouco no Código de Ética.

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XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;

Os requisitos necessários para a inscrição como advogado nos quadros da OAB estão dispostos no art. 8º do
Estatuto da Advocacia e da OAB.

Nos casos expressos em lei e na hipótese de crime, a sanção a ser aplicada será a de exclusão.

Se no momento da inscrição, o requerente não preenchia integralmente os requisitos necessários e por isso
utilizou-se de prova falsa, mas depois passou a preencher integralmente os requisitos, incidirá a regra do
art. 34, XXVI do Estatuto. No entanto, se o requisito objeto da prova falsa continua a não existir, há
invalidade do ato de inscrição em face da falta dos requisitos previstos no art. 8º do EAOAB. Nesse caso,
pela invalidade do ato de inscrição, não há que se falar em aplicação de sanção, pois o bacharel nunca
preencheu os requisitos para tornar-se advogado.

XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;

Permite a exclusão dos quadros da OAB e está intimamente ligada à hipótese de cometimento de crime
pelo profissional. É diferente da conduta incompatível pela gravidade da conduta praticada e não se limita
a atos praticados no exercício da atividade de advogado.

Depende de condenação transitada em julgado.

XXVIII - praticar crime infamante;

Trata-se de regra de conceito indeterminado. Na prática é difícil distinguir a regra desse inciso com a do
inciso anterior, geralmente a doutrina difere pelo maior grau de gravidade do delito cometido. De todo
modo os conselhos seccionais possuem competência para decidir se crimes cometidos por seus inscritos se
caracterizam ou não como infamantes.

XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.

Os atos que podem ser praticados por estagiários estão no artigo 29 do Regulamento Geral.

Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:

a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;

b) incontinência pública e escandalosa;

c) embriaguez ou toxicomania habituais.

Trata-se de um rol exemplificativo, sendo assim, outros comportamentos também poderão ser
considerados incompatíveis, dependendo da interpretação do julgador.

Resumo das infrações e suas punições correspondentes:

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Dispositivo Legal Bizu Sanção

Art. 34, I a XVI e XXIX Censura

Envolve
Art. 34, XVII a XXV Suspensão

Art. XXVI a XXVIII Exclusão

Art. 39 Multa

Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:

A OAB compete, exclusivamente, punir os seus inscritos por meio da aplicação das sanções previstas no
presente artigo.

I - censura;

Vide artigo 36 do Estatuto.

É a sanção mais branda, cujo objetivo maior é a perda da primariedade do agente. Após o trânsito em
julgado da decisão condenatória, é feita anotação da punição nos assentamentos do advogado, sem se
sujeitar a publicidade.

A censura poderá ser convertida em advertência, a juízo da OAB, desde que presente circunstância
atenuante. É usada geralmente quando o agente fere preceitos éticos da OAB.

II - suspensão;

Vide artigo 37 do Estatuto.

É a proibição do exercício da advocacia em todo o território nacional pelo prazo mínimo de trinta dias e
máximo de doze meses, a depender da infração praticada e antecedentes do advogado infrator. Em alguns
casos, esse prazo máximo pode ser prorrogado até o cumprimento de condição futura pelo representado.

Nos termos do art. 37, II, a suspensão é aplicável, ainda, quando o representado for reincidente em infração
disciplinar. Importante destacar, que a suspensão não retira a condição de advogado, sendo assim, ele
permanece obrigado a todos os deveres da classe. Devido ao interesse público envolvido, à suspensão deve
ser dada publicidade.

II - exclusão;

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Vide artigo 38 Estatuto.

Essa sanção veda completamente ao exercício da advocacia pelo punido, pois retira dele a condição de
advogado. Se opera por decisão de 2/3 de todos os membros do Conselho Seccional competente, quando
preenchida uma das hipóteses dispostas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34, EAOAB, ou quando aplicadas
três suspensões.

É possível a reabilitação do advogado, se forem cumpridos os requisitos do artigo 8º, I, V, VI e VII, EAOAB.
Isso não quer dizer que a exclusão não é definitiva pois, ainda que seja reintegrado, o advogado não
recupera o seu número de inscrição originário.

IV- multa.

Vide artigo 39 do Estatuto.

É uma sanção complementar à censura e suspensão quando caracterizada circunstância agravante. Não
pode ser aplicada de forma autônoma e terá o valor de no mínimo uma e no máximo de dez anuidades,
valor esse que será direcionado ao Conselho Seccional.

Parágrafo único. As sanções devem constar dos assentamentos do inscrito, após o trânsito em julgado
da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de censura.

Fora a de censura, às demais sanções deve ser dada publicidade.

Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:

I - infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;


II - violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
III - violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais
grave.
Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro nos
assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante.

Se a conversão for feita, ela constará apenas nos cadastros internos para fins de antecedentes, não será
anotada nos assentamentos do advogado, assim como ocorre com a censura, a qual não é dada
publicidade.

Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:

I - infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34; II -

reincidência em infração disciplinar.

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§ 1º A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o território
nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses, de acordo com os critérios de individualização
previstos neste capítulo.

§ 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura até que satisfaça
integralmente a dívida, inclusive com correção monetária.

XXI (recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros
por conta dele), XXIII (deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois
de regularmente notificado a fazê-lo).

§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste novas provas de
habilitação.

XXIV: incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional.

Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:

I - aplicação, por três vezes, de suspensão;

II - infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.

XXVI (fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB), XXVII (tornar-se moralmente
inidôneo para o exercício da advocacia) e XXVIII (praticar crime infamante).

Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a manifestação


favorável de dois terços dos membros do Conselho Seccional competente.

Art. 39. A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo de
seu décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura ou suspensão, em havendo circunstâncias
agravantes.

Não se aplica a multa cumulada com a exclusão, somente com a censura ou suspensão.

Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenuação, as
seguintes circunstâncias, entre outras:

I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;

Não há falta se o advogado estava defendendo uma prerrogativa profissional, que é um direito/dever que
excede o âmbito individual de cada profissional, uma vez que o advogado presta um serviço público e
exerce uma função que interessa a toda sociedade. Sendo assim, as prerrogativas previstas no
Regulamento Geral e no Código de ética devem ser garantidas e respeitadas, não devendo ser punido o
advogado que lutar por elas, desde que respeitada a razoabilidade.

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II - ausência de punição disciplinar anterior;

O entendimento majoritário é o de que não há necessidade de haver o trânsito em julgado da decisão


condenatória para efeito de antecedentes.

III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;

Deve haver cumulação: ter assiduidade e ser proficiente, não basta apenas exercer as funções por um longo
tempo, isso deve vir acompanhado de capacidade para exercer as funções de maneira eficiente, ativa e
preparada.

III - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.

serviços de fato foram prestados à advocacia e à causa pública ou não. Exige-se uma fundamentação
pormenorizada na decisão, para que o advogado possa se defender.

Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa por ele
revelada, as circunstâncias e as consequências da infração são considerados para o fim de decidir:

a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar;

b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.

O tempo que o profissional estará impedido de advogar, bem como o valor da multa aplicada deverão ser
compatíveis com a gravidade da conduta praticada. Para a suspensão, o Estatuto estabelece o máximo de
12 meses e o mínimo de 30 dias. Já para a multa, o mínimo é o valor de uma anuidade e o máximo é dez
vezes esse valor.

Art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano após seu
cumprimento, a reabilitação, em face de provas efetivas de bom comportamento.

Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação
depende também da correspondente reabilitação criminal.

A reabilitação no procedimento ético-disciplinar depende de dois requisitos: o lapso de tempo de um ano


após o cumprimento da sanção disciplinar e provas efetivas de bom comportamento.

Na hipótese da sanção disciplinar resultar da prática de crime, a concessão da reabilitação estará


subordinada a três requisitos: o lapso de tempo de um ano após o cumprimento da sanção disciplinar,
provas efetivas de bom comportamento e a reabilitação criminal.

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Art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem aplicadas as sanções
disciplinares de suspensão ou exclusão.

De acordo com o artigo 34, do EOAB, são quatro as sanções disciplinares que podem ser aplicadas pela
OAB: censura; suspensão; exclusão e multa.

Se caso a sanção disciplinar aplicada for suspensão ou exclusão, o advogado fica impedido de exercer seu
mandato. Na hipótese de exercer sua função, os atos serão considerados nulos, conforme dispõe o artigo
4º, EOAB.

Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos, contados da
data da constatação oficial do fato.

§ 1º Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos, pendente de
despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada,
sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.

§ 2º A prescrição interrompe-se:

I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao


representado;

II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

Quanto à prescrição da pretensão punitiva das infrações disciplinares, esta prescreve em cinco anos,
contados da constatação oficial dos fatos pela OAB, que tem como marco temporal o despacho que
instaura o procedimento ético.

No que se refere à prescrição intercorrente, esta pressupõe um processo ético-disciplinar instaurado e


paralisado durante três anos sem despacho ou julgamento. Poderá ser arquivado o processo de ofício ou a
requerimento da parte interessada.

São causas de interrupção da prescrição: instauração do processo disciplinar; notificação válida feita
diretamente ao representado; decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

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