Você está na página 1de 2

2a prova de Introdução à Análise – PUC-Rio – 27/05/13

SOLUÇÕES
P
1. (a) [2 pt] P
Prove que se an é absolutamente convergente e (bn ) é uma sequência limitada
então an bn converge.

P c > 0 tal que para todo n vale |bn | ≤ c, e em particular,


Solução: Existe P |an bn | ≤
c|an |. Como c|an | é convergente,
P pelo Critério de Comparação |a b |
n n também
é convergente. Ou seja, an bn é absolutamente convergente, e em particular,
convergente.
P
(b) [1 pt] Exiba um contra-exemplo que mostre que item (a) pode falhar se an for con-
dicionalmente convergente.

Solução: an = (−1)n+1 /n, bn = (−1)n+1 (onde n = 1, 2, . . . ).

2. Defina a distância de um ponto a ∈ R a um conjunto não-vazio X ⊂ R como

d(a, X) = inf{|a − x|; x ∈ X}.

Prove:
(a) [1 1/2 pt] d(a, X) = 0 se e somente se a ∈ X.

Solução: Primeiro observe que a definição faz sentido pois o conjunto {|a−x|; x ∈
X} é limitado inferiormente (por 0). Cada duas sentenças consecutivas na lista
abaixo são equivalentes:

• d(a, X) = 0.

• inf{|a − x|; x ∈ X} = 0.

• Nenhum ε > 0 é cota inferior do conjunto {|a − x|; x ∈ X}.

• ∀ε > 0, ∃x ∈ X tal que |a − x| < ε.

• a ∈ X ou a é ponto de acumulação de X.

• a ∈ X.

(b) [2 1/2 pt] Se o conjunto X é fechado então para todo a ∈ R existe x∗ ∈ X tal que
d(a, X) = |a − x∗ |.

Solução: Seja d = d(a, X). Por definição de ínfimo, para todo n ∈ N, o número
d + 1/n não é cota inferior do conjunto {|a − x|; x ∈ X}, i.e., existe xn ∈ X tal
que |a − xn | < d + 1/n. Note que (novamente pela definição de ínfimo) |a − xn | ≥ d
para todo n, donde segue (pelo Teorema do Sanduíche) que limn→∞ |a − xn | = d.
A sequência (xn ) é limitada, pois

|xn | ≤ |a| + |a − xn | ≤ |a| + d + 1/n ≤ |a| + d + 1.


Pelo Teorema de Bolzano–Weierstrass, existe subsequênicia convergente (xni ). Como
X é fechado, o limite x∗ desta subsequência pertence a X. Além disso,

|a − x∗ | = lim |a − xni | = d.
i→∞

Logo x∗ tem as propriedades desejadas.

3. Seja X ⊂ R conjunto não-vazio e f : X → R uma função.


Dizemos que f é limitada se o conjunto imagem f (X) = {f (x); x ∈ X} é limitado.
Dizemos que f é localmente limitada se para todo x ∈ X existe ε > 0 tal que a restrição
f | X ∩ Vε (x) é uma função limitada.
(a) [2 pt] Mostre que se X não é compacto, então existe uma função f : X → R localmente
limitada mas não limitada.

Solução: Se X não é compacto então (1) X não é limitado ou (2) X não é fechado.
No caso (1), tomamos a função f (x) = x.
No caso (2), tome a ∈ X \ X e considere a função f (x) = 1/|x − a|. Então:

• A função f não é limitada: dado qualquer C > 0, existe x ∈ X tal que


|x − a| < C −1 e portanto f (x) > C.

• A função f é localmente limitada: dado x ∈ X, tomamos ε = |x − a|/2 > 0;


então a restrição f | X ∩ Vε (x) assume valores no intervalo [0, ε−1 ] e em
particular é limitada.

(b) [2 pt] Mostre a recíproca: Se X é compacto então toda função f : X → R localmente


limitada é limitada.

Solução: Para cada x ∈ X, seja ε(x) > 0 e C(x) > 0 tais que

y ∈ Vε(x) ∩ X ⇒ |f (y)| ≤ C(x) .


S
Temos uma cobertura por abertos: X ⊂ x∈X Vε(x) (x). Como X é compacto,
existe uma subcobertura finita:

X ⊂ Vε(x1 ) (x1 ) ∪ · · · ∪ Vε(xn ) (xn ) .

Em particular, para todo y ∈ X temos |f (y)| ≤ C := max{C(x1 ), . . . , C(xn )}.


mostrando que f é limitada.

Você também pode gostar