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Centro de Humanidades
Ciências Sociais
Relatório de
Sociologia
Disciplina: Sociologia 1
Prof. Irapuan
1. Introdução
2. Desenvolvimento
Nascido em 1588, na Inglaterra dos Tudor, Thomas Hobbes foi influenciado pela
reforma anglicana que ocorrera cinco décadas antes. A cisão com a Igreja Católica fez
com que a Espanha interviesse nos assuntos ingleses enviando a Invencível Armada
(“Grande y Felicíssima Armada”) fato que mais tarde seria relatado por Hobbes em sua
autobiografia e terá grandes influências sobre sua obra. O século XVII foi de grande
importância para a Inglaterra pois marca o começo do expansionismo colonialista
ultramarino inglês, com a fundação de Jamestown, a primeira colônia inglesa nas
Américas, em 1607. É também no século XVII que são lançadas as bases do capitalismo
industrial na Inglaterra com a Revolução Gloriosa já na década de 80 do século XVII. É
durante esse período que a Marinha Inglesa irá se consolidar como a maior e mais bem
equipada marinha do mundo, só perdendo a posição para os EUA no pós-2a. Guerra
Mundial. A poderosa marinha irá contribuir para o acúmulo de capitais que irá financiar
o expansionismo colonial e, mais tarde, industrial inglês. Batalha de Marston Moor
(1644) marca uma vitória decisiva das forças parlamentares durante a guerra civil
inglesa.O século XVII na Europa continental é o marco do absolutismo monárquico,
tendo seu expoente máximo o Luis XIV, o Rei Sol que ficou famoso pela frase “L’État
c’est moi” (O Estado sou eu). O Barroco também marcou o período e tinha influência
da Contra-reforma (representado na Inglaterra pela revolução anglicana). A filosofia do
barroco se baseava no dualismo existente entre o hedonismo e o medo do pecado ou
fervor religioso – enquanto que a busca pelo essencialmente humano já havia começado
no Renascimento; havia o receio do divino sobrenatural que poderia punir o terreno e
transitório.Quando Hobbes tinha 30 anos e já havia visitado a Europa continental pela
primeira vez, uma revolta na Boêmia daria início à Guerra dos Trinta Anos, fato que irá
reforçar para Hobbes a sua própria visão pessimista acerca da natureza humana
destrutiva. Apenas 12 anos após o início da guerra no continente europeu, disputas
políticas entre o Parlamento e o Rei inglês dão início a uma guerra civil na Inglaterra
que perdurará por 10 anos.
Hobbes foi bastante influenciado por seus comtemporâneos: Francis Bacon, empirista,
e René Descartes, racionalista. Bacon e Descartes marcaram suas épocas com o
antagonismo de suas filosofias. Bacon defendia a idéia de que a única fonte de
conhecimento é a experiência, já Descartes afirmava que o conhecimento só se dá
através da razão. Hobbes elaborou suas teorias utilizando essas duas correntes
antitéticas. Ele buscou investigar as causas e a propriedade das coisas.Outro importante
personagem para Hobbes foi Galileu, o pai da da ciência moderna, aquele que descobriu
a lei dos corpos e defendia o método impírico. Hobbes quis fundar a sua filosofia
política sobre uma construção racional da sociedade, que permitisse explicar o poder
absoluto dos soberanos. Mas as suas teses, publicadas ao longo dos anos, e apresentadas
na sua forma definitiva no Leviatã, de 1651, não foram bem aceitas, nem por aqueles
que, com Jaime I, o primeiro rei Stuart de Inglaterra, defendia que: “O que diz respeito
ao mistério do poder real não devia ser debatido”, nem pelo clero anglicano, que já em
1606 tinha condenado aqueles que defendiam que: “Os homens erravam pelas florestas
e nos campos até que a experiência lhes ensinou a necessidade do governo”. A
justificação de Hobbes para o poder absoluto é estritamente racional e friamente
utilitária, completamente livre de qualquer tipo de religiosidade e sentimentalismo,
negando implicitamente a origem divina do poder. O que Hobbes admite é a existência
do pacto social, esta é a sua originalidade e novidade. Hobbes não se contentou em
rejeitar o direito divino dos soberanos, fez tábua rasa de todo o edifício moral e político
da Idade Média. A soberania era em Hobbes a projeção no plano político de um
individualismo filosófico ligado ao nominalismo, que conferia um valor absoluto à
vontade individual. A conclusão das deduções rigorosas do pensador inglês era o
gigante Leviatã, dominando sem concorrência a infinidade de indivíduos, de que tinha
feito parte inicialmente, e que tinham substituído as suas vontades individuais à dele,
para que, pagando o preço da sua dominação, obtivessem uma proteção eficaz.
Indivíduos que estavam completamente entregues a si mesmos nas suas atividades
normais do dia-a-dia. Hobbes se aproxima de Maquiavel e do seu empirismo radical, ao
partir de um método de pensar rigorosamente dedutivo. A humanidade no estado puro
ou natural era uma selva. A humanidade no estado social, constituído por sociedades
civis ou políticas distintas, por estados soberanos, não tinha que recear um regresso à
selva no relacionamento entre indivíduos, a partir do momento em que os benefícios
consentidos do poder absoluto, em princípio ilimitado, permitiam ao homem deixar de
ser um lobo para os outros homens. Aperfeiçoando a tese de Maquiavel, Hobbes
defende que o poder não é um simples fenômeno de força, mas uma força
institucionalizada canalizada para o direito (positivo), construindo assim a primeira
teoria moderna do Estado. Deste Estado, sua criação, os indivíduos não esperam a
felicidade, mas a paz, condição necessária à manutenção da felicidade. Paz que está
subordinada a um aumento considerável da autoridade do Soberano, a da lei que emana
dele. Mas, mesmo parecendo insaciável, esta invenção humana com o nome de um
monstro bíblico, não reclama o homem todo. De fato, em vários aspectos o absolutismo
político de Hobbes aparece como uma espécie de liberalismo moral. Hobbes mostra-se
favorável ao desenvolvimento, sob a autoridade ameaçadora da lei positiva, das
iniciativas individuais guiadas unicamente por um interesse individual bem calculado, e
por um instinto racional aquisitivo.
A concepção que Hobbes tem do estado de natureza contraria a maior parte dos
filósofos políticos, que acreditavam haver no homem uma disposição natural para viver
em sociedade. Aristóteles (384-322 a.C.), por exemplo, acreditava que o homem é um
animal social e já está naturalmente incluído numa ordem ideal. O instinto de
conservação é básico na filosofia de Hobbes, para ele os indivíduos entram em
sociedade só quando a preservação da vida está ameaçada. Entretanto, os homens não
vivem em cooperação natural, como o fazem as abelhas ou as formigas, acordo entre
elas é natural; entre os homens, só pode ser artificial. Guiado pela razão, o instinto de
conservação ensina que é preciso procurar a paz quando se tem a esperança de obtê-la,
pois a vida de cada um estaria sempre ameaçada se cada qual tudo fizesse para exercer
seu poder sobre todas as coisas. Não sendo possível a paz, é preciso procurar em toda
parte os recursos para a guerra, sendo lícito empregá-los. De qualquer modo, a paz é a
dimensão mais compatível com instinto de conservação. Nesse sentido, os homens são
levados a estabelecer contratos entre si. O contrato “é uma transferência mútua de
direito”. O pacto, isto é, a promessa de cumprir o contrato, vale enquanto a conservação
da vida não estiver sendo ameaçada. Para que seja durável a paz obtida com o contrato
social, é necessário que a multidão dos associados seja tão grande que os adversários de
sua segurança não tenham a esperança de que a adesão de um pequeno número baste
para assegurar-lhes a vitória. Para que a vida seja viável, impõe-se, pois, uma sociedade
civil. Assim, a paz imprescindível à conservação da vida que a razão solicita cria o
pacto social e, através deste, o homem é introduzido em uma ordem moral. No nível das
relações morais, é preciso que cada um não faça aos outros, o que não gostaria que
fizessem a si. É preciso evitar a ingratidão, os insultos, o orgulho, enfim, tudo o que
prejudique a concórdia; que o mal seja vingado sem crueldade, que os bens sejam
distribuídos eqüitativamente e que haja uso comum daqueles que não possam ser
divididos; havendo disputas, que se recorra a um árbitro imparcial e desinteressado.
Essas leis não são deduzidas por Hobbes de um instinto natural, nem de um
consentimento universal, mas da razão que procura os meios de conservação do homem;
elas seriam imutáveis por constituírem conclusões tiradas por raciocínio.
2.5. O Estado Civil
O estado civil surge como a solução para os problemas do estado natural. Hobbes fala
que o homem que vive no estado natural vive em guerras e para que possa haver a paz é
necessário eleger um soberano aquele que esta acima das leis, pois já que ele foi eleito
pelo povo, o pecado do soberano e o pecado do povo, o povo não tem o direito de tirar o
soberano, pois é um cargo passado de pai para filho, pois Tomas Hobbes fala que se o
posto de soberano não fosse escolhido pelo próprio soberano poderia haver guerras e
tudo voltar a estaca zero no caso ao Estado Natural. A propriedade é também dividida
pelo soberano, ou seja, o soberano é o detentor de todo o poder com isso ele é
responsável por dividir as terras de acordo com o que ele acha certo, e ninguém pode
questionar o rei, pois ele é a representação do povo. Ele também é responsável por ditar
as leis, mas as leis são apenas palavras por isso é necessário do uso da espada para que
elas possam ser cumpridas, pois o respeito é imposto pelo estado através da força. O
soberano para Hobbes é: “Uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante
pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a
ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente,
para assegurar a paz e a defesa comum.”
Hobbes fala que o homem precisa viver no estado civil devido a sua enorme crença no
coração, ou seja, o homem liga mais para os sentimentos de tomar ou mesmo a inveja
com isso torna-se necessário instaurar o Estado Civil. As questões sobre justiça ou
injustiça não cabe ao soberano, pois ele esta acima da lei. A lei é desrespeitada pelos
súditos quando eles descumprem o pacto. Podemos ver que para Hobbes a Monarquia
absolutista é responsável pela garantia de país, pois ela traduz o real poder de soberania,
pois para Hobbes o rei é a figura responsável por todos os acordos e desacordos, ele é o
responsável por punir ou agradar, por fazer com que suas leis saiam do papel. Com isso
podemos ver que o papel do soberano é totalmente focado no poder dado a ele, ou seja,
as leis criadas por ele só diz conta a aqueles que são seus súditos, ninguém tem o direito
de tirar ele do poder a não ser a morte e quando isso acontece o filho do rei é
responsável pelo cargo. Hobbes fala que: “Entende-se que a obrigação dos súditos para
com o soberano dura enquanto, e apenas enquanto, dura também o poder mediante o
qual ele é capaz de protegê-los. Porque o direito que por natureza os homens têm de
defender-se a si mesmos não pode ser abandonado através de pacto algum.” (Hobbes.
1983)
Nesse aspecto Hobbes afirma que grande parte dos dogmas dizia respeito não à entrada
no reino dos céus, mas a disputas pela “soberania humana”, ao “ganho e ao lucro” e à
“glória de espíritos engenhosos”.
Sobre a pretensão papal a respeito da infalibilidade, Hobbes afirma que alguém que não
errasse teria “assegurado um domínio pelo sobre o gênero humano nos planos tanto
temporal quanto espiritual”. Portanto, esse dogma era de caráter político. Na mesma
linha, argumentando a respeito do privilégio da Igreja de interpretar as Escrituras,
Hobbes afirma que dele decorreria “autoridade simples e absoluta para por termo a toda
espécie de controvérsia”. E, por conseguinte, quem tivesse esse privilégio teria não só o
poder sobre todos que a reconhecessem como Palavra de Deus, mas também poder para
perdoar, reter pecados e excomungar, para instituir sociedades religiosas, às quais os
monges obedeceriam, mesmo estando num Estado inimigo, o que levaria ao conceito de
um Estado dentro do Estado, poder de julgar sobre a validade de um matrimônio e, por
conseqüência, sobre a “herança e sucessão de todos os bens e direitos”, tanto de
particulares quanto de príncipes e soberanos.
Em relação ao celibato, também era uma forma de controle, pois, por um lado, “os
solteiros são menos compatíveis com a vida civil do que os casados”, e por outro lado,
como o sacerdócio exige o celibato, os príncipes deveriam abrir mão, por causa dele, ou
do sacerdócio, ou do principado hereditário.
Quanto à canonização dos santos também era uma forma de controle, e herdada do
paganismo, pois no império romano costumavam-se considerar deuses os ex-
imperadores, o que depois passou a ser feito em sua própria vida, numa forma de honra
e prestígio político, e a igreja fez o mesmo, porém de forma ainda mais perjura, pois
tomou o nome de Deus em vão, por questões meramente humanas, e assim, o humano
foi divinizado.
No Cap. XII do De Cive, intitulado “Das causas internas que tendem à dissolução dos
governos”, Hobbes argumenta, com base no princípio de que antes de haver o poder
soberano não havia ordens a obedecer e que, portanto, não havia justiça ou injustiça,
que os particulares não podem julgar sobre o que é justo ou injusto, pois ao
reivindicarem o conhecimento do bem e do mal, “desejam igualar-se aos reis, o que não
é compatível com a segurança da república”. (De Cive, Cap. XII, p. 204). Para justificar
seu argumento com base nas Escrituras, cita o texto de I Reis que fala da oração de
Salomão, no qual o jovem rei assim pede a Deus: “... um coração entendido para julgar
o teu povo, para que prudentemente possa discernir ente o bem e o mal”.
No Cap. XII do Leviatã Hobbes afirma que a religião é uma característica natural do
homem, das religiões dos gentios, baseadas no medo, e de seu uso na política de forma
oportunista, como se a vontade das autoridades civis fosse a vontade de Deus, bem
como da religião daqueles que buscam as causas das coisas, chegando à concepção de
uma causa não causada, à qual “os homens dão o nome de Deus”, o que foi reconhecido
mesmo entre os pagãos, afirma o filósofo, mas nestes não havia necessariamente a
adoração do Deus único, a qual, apesar de presente antes de Abraão, como em Abel e
Noé, foi revelada a Abraão e aos seus descendentes, e selada através de um pacto, sob
Moisés, que tanto era um líder político quanto sacerdotal, a respeito do que o filósofo
tratará mais pormenorizadamente no Leviatã (Parte III), mostrando como, com a
instauração da monarquia em Israel, o povo rejeitou o pacto com Deus e fez um pacto
de obediência ao poder civil, comandado por Saul, que tinha um poder absoluto, dato
pelo próprio Deus, donde o filósofo corroborará sua tese da obediência em primeiro
lugar ao poder civil, o que já trabalhara antes em sua obra Do Cidadão.
Sobre natureza religiosa do homem, Hobbes afirma:
Para Hobbes, porém, a rigor, Deus, devido à sua natureza, não é um objeto de estudo da
Filosofia. Ele definira isso bem antes, Em Os Elementos da Lei Natural e Política
(1640), ao afirmar:
“Assim como Deus Todo-Poderoso é incompreensível, segue-se que nós não podemos
ter uma concepção ou imagem da Divindade, e conseqüentemente todos os seus
atributos significam a nossa inabilidade e impotência para conceber qualquer coisa
concernente à sua natureza, e não alguma concepção sua, excetuando-se apenas esta,
que existe Deus. Afinal, os efeitos que naturalmente reconhecemos envolvem uma
potência que os produziu antes que eles tivessem sido produzidos; e essa potência
pressupõe alguma coisa existente que a tenha enquanto potência. E a coisa que assim
existe como potência para produzir, se não fosse eterna, deveria ter sido produzida por
alguma outra anterior a ela, e esta novamente por outra anterior a ela, até que
chegássemos a uma eterna, ou seja, à potência primeira de todas as potências, e causa
primeira de todas as causas. E esta é aquela que todos os homens concebem pelo nome
de Deus, envolvendo eternidade, incompreensibilidade e onipotência. E então todos que
o considerarem poderão saber que Deus existe, mas não o que ele é. Mesmo num
homem que tenha nascido cego, embora não seja capaz de ter qualquer imaginação
acerca de que tipo de coisa é o fogo, ainda assim ele não pode deixar de saber que existe
alguma coisa a que os homens dão o nome de fogo, porque ela o esquenta”.
Também na obra Sobre o Corpo Hobbes afirma que Deus é “eterno, não-gerado,
incompreensível”. E na obra Do Cidadão explica que “eterno” significa fora do tempo.
Ora, isso só pode ser entendido como uma forma de demonstrar a veneração de Deus,
pois se tudo o que existe está no tempo, logo não existiria Deus, porém ao chamá-lo de
eterno, certamente o homem está querendo dizer que Ele, apesar de estar no tempo, não
tem uma existência limitada. Porém, explicar a sua natureza não é possível.
Em sua obra ― Leviatã, Thomas Hobbes reflete sobre a impossibilidade do retorno dos
homens ao estado de natureza, quando, entre outras coisas, afirma que os homens foram
feitos iguais. Argumenta que sua natureza leva à discórdia (competição, desconfiança e
desejo de glória). Sem um poder comum, os homens estarão sempre nesse estado de
natureza, ou seja, em constante estado de guerra uns contra os outros, havendo, assim, a
necessidade de um poder comum que os ordene, pois não existe um equilíbrio entre
atritos e a estabilidade sempre que não houver a paz, necessariamente se travará a
guerra. Nessa guerra de todos contra todos, nada pode ser injusto. Não existe distinção
entre bem e mal, justiça e injustiça. Onde não há bem comum, não há lei, e onde esta
não existe, certamente não haverá justiça. No estado de guerra, força e fraude são
consideradas virtudes. É de fundamental importância, também, destacar-se que nesse
estado não há definição de propriedade. Conseqüentemente, será de cada um o que seus
próprios esforços conceder adquirir e só clamará direitos sobre isso enquanto puder
mantê-lo. O medo constante leva os homens a entrar em guerra. Por isso, é também em
virtude do desejo de confronto e esperança de uma boa vida através do trabalho, o
homem tende à paz. Assim, surgiram às leis, as normas estabelecidas para chegar-se a
esse fim. Os homens renunciam aos seus direitos em troca de estabilidade e boas
condições de vida e, uma vez feita essa troca, em forma de pacto, encontram-se diante
da impossibilidade de voltar ao estado em que primeiramente se encontravam. Em uma
sociedade, não se disporá a renunciar a todas as suas regalias e voltar a um estado
primitivo de vida repleto de inseguranças.
Sob a visão de Thomas Hobbes, o homem é uma máquina natural submetida a estrito
encadeamento de causas e efeitos, o qual envolve apetites e aversões. Seus desejos têm
objetos distintos, variam de intensidade, e são sujeitos a mudanças (podem perder sua
importância). Nesse contexto, subjetivizam-se os conceitos de bem e mal, afirmando-se
ser o bem o que satisfaz os apetites de glória, dinheiro e poder, e o mal, o que conteria
os apetites e geraria aversões. Faz parte da natureza humana agir deliberadamente, visar
sempre a satisfação de seus desejos, e a ganância. Devido à possibilidade de variação na
intensidade dos seus desejos, uns almeja porções maiores que os outros, o que não
interfere no propósito comum a todos: a busca do poder.
Por ser externo ao pacto, o soberano possui poder ilimitado e não contrai, portanto,
obrigações. Concentra todas as forças a que renunciaram os homens. Sua função é fazer
valerem as leis da natureza. Mediante isso, podem ser destacar os direitos do soberano:
1: feito um pacto, qualquer fato ou contrato anterior que o contrarie deve ser suprimido;
2: nenhum súdito pode libertar-se da sujeição ao soberano o soberano representará a
vontade geral do início ao fim e renunciar a ele seria uma contradição;
3: se a maioria, por voto de consentimento, escolher um soberano, os que tiverem
discordado devem passar a consentir juntamente com os restantes;
4: nada que o soberano faça pode ser considerado injúria contra qualquer um de seus
súditos;
5: aquele que detém o poder do soberano não pode ser punido por seus súditos.
3. Conclusão
Dentro do estado natural não são aplicáveis as noções de justiça e injustiça, pois
não há critérios que definam o que é e o que não é justo. Também não há propriedade,
só é de alguém aquilo do qual, por sua própria força e astúcia, conseguir se apoderar e
enquanto puder manter sob seu poder. Em tais condições, em que se apresenta uma
liberdade ilimitada dos indivíduos, não há, no entanto, nem paz nem segurança e o
homem deseja sair dessa condição, submetendo-se, para isso, a um poder soberano que
limita suas liberdades e dá regras do que pode ou não fazer. Tal poder é o Estado.
O Estado civil, com poder comum, soberano, dotado de espada e de leis civis,
capaz de obrigar os súditos a cumprirem tais leis, sob pena de punição para aqueles que
as descumprirem, é necessário para que os homens vivam socialmente. Dentro de tal
Estado, o qual foi formado por um ato voluntário dos indivíduos, a partir de uma
necessidade causada pelos desejos de paz e segurança, há um soberano, ao qual foram
transferidas as liberdades dos súditos. Este soberano é dotado de liberdade ilimitada,
ditador das leis, organizador da propriedade e detentor do poder de julgar tudo o que é
ou não justo dentro do Estado, com a finalidade de estabelecer a paz e manter a
segurança dentro da nação. Os súditos devem total obediência ao soberano e têm sua
liberdade restrita, no entanto, é preferível viver no Estado civil do que voltar à condição
natural, em que não há paz nem segurança e paira uma constante desconfiança e medo
da morte violenta.
4. Referências Bibliográficas