INSTITUTO DE PSICOLOGIA
NEUROCIÊNCIAS E COMPORTAMENTO
THELMA KULAIF
São Paulo
2005
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THELMA KULAIF
Área de concentração:
Neurociências e Comportamento
São Paulo
2005
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Catalogação na publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Kulaif, Thelma.
O teste de cores e palavras de Stroop modificado para analfabetos /
Thelma Kulaif; orientador Luiz Eduardo Ribeiro do Valle. --São
Paulo, 2005.
68 p.
Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em
Psicologia. Área de Concentração: Neurociências e Comportamento) –
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
BF176
FOLHA DE APROVAÇÃO
Thelma Kulaif
O teste de cores e palavras de Stroop modificado para analfabetos
Dissertação apresentada ao
Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo para
a obtenção do título de Mestre
em Psicologia
Área de concentração:
Neurociências e
Comportamento
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr.___________________________________________________________________
Instituição:______________________Assinatura:________________________________
Prof. Dr.___________________________________________________________________
Instituição:______________________Assinatura:________________________________
Prof. Dr.___________________________________________________________________
Instituição:______________________Assinatura:________________________________
Prof. Dr.___________________________________________________________________
Instituição:______________________Assinatura:________________________________
Prof. Dr.___________________________________________________________________
Instituição:______________________Assinatura:________________________________
AGRADECIMENTOS
Às minhas irmãs Angela e Yara, pela constante ajuda e apoio nas horas difíceis.
KULAIF, T. The Stroop Color-Word Test Modified for illiterate. 2005. 68f. Thesis
(Master) – Neuroscience and Behavior, University of Sao Paulo, Sao Paulo, 2005.
The Stroop Color-Word Test (SCWT) is an instrument of established reputation and has been
widely used in neuropsychology practice as a measure of selective attention (SPREEN;
STRAUSS, 1998). However, it is not an effective test when applied to subjects with no
reading ability. The Numbers Task, a modification of the SCWT, was used in this study to
evaluate the performance of illiterate volunteers. Thirty illiterate individuals (experimental
group) and thirty proficient readers (control group) were the participants of this research. Both
groups performed the Numbers Task and the SCWT. The control group showed an
interference effect of 14.9 s and 19.1 s in the SCWT and in the Numbers Task, respectively,
while the experimental group showed irrelevant interference in the SCWT (0.2 s) but
increased the execution time up to 18.7 s in the Numbers Task. The experimental group has
spent significantly more time in all conditions. The Numbers Task evidences an interference
effect that does not depend on reading ability of the individual and can be of great value in the
evaluation of selective attention and mental flexibility of the illiterates.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 1
1.1 A Atenção................................................................................................................................................. 1
1.2 O Teste de Cores e Palavras de Stroop (TCPS)....................................................................................... 5
1.3. Considerações gerais sobre o analfabetismo........................................................................................ 10
2. OBJETIVOS .................................................................................................................................................... 12
3. MÉTODO......................................................................................................................................................... 14
3.1 Participantes.......................................................................................................................................... 14
3.2 Material ................................................................................................................................................. 15
3.3 Procedimento ......................................................................................................................................... 16
3.4 Análise dos dados .................................................................................................................................. 17
4. RESULTADOS................................................................................................................................................ 19
4.1 Amostra.................................................................................................................................................. 19
4.2 Tempo de execução ................................................................................................................................ 20
4.2.1 TCPS ................................................................................................................................................... 21
4.2.2 Tarefa de Números.............................................................................................................................. 22
4.2.3 Comparação entre Tarefas, Grupos e Cartões ................................................................................... 24
4.3 Interferência........................................................................................................................................... 26
5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................................................... 28
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................. 31
7. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 33
1. INTRODUÇÃO
Stroop (TCPS) não é eficaz para indivíduos sem a capacidade de leitura. A tarefa de Números,
uma modificação do TCPS, será utilizada neste estudo para avaliar o desempenho atencional
de voluntários analfabetos.
1.1 A Atenção
recebe definições muitas vezes divergentes e pode ser considerada como uma variável da
atividade mental relacionada com a eficiência do processamento cognitivo. Ela não se refere a
uma entidade unitária, mas engloba diversas acepções e mecanismos; não se liga a uma única
estrutura anatômica e nem pode ser avaliada por um único teste ou prova (GARCÍA-
OGUETTA, 2001).
Muito do que sabemos atualmente sobre os mecanismos atencionais têm sua origem
no século XIX, com os trabalhos de Willian James e Herman von Helmoltz. Willian James
(1890 apud STERNBERG, 2000, p.78) definiu atenção como “a tomada de posse da mente,
em uma forma clara e vívida, de um dos diversos objetos ou séries de pensamentos que
atencional e pressupõe uma limitação no sistema para lidar com várias informações ao mesmo
2
tempo. Hermann Von Helmholtz (1894 apud GAZZANIGA et al., 1998), através de seus
foram pouco investigados. Em 1953, E.Colin Cherry destaca o caráter seletivo da atenção
auditiva por meio do que ele chamou de efeito do coquetel, como exemplificado no esforço
que fazemos para prestar atenção em uma conversa que nos interessa quando estamos no meio
de uma festa ou coquetel barulhento. Por meio de pesquisas envolvendo a escuta dicótica
(mensagens diferentes são transmitidas para cada ouvido) o autor demonstrou que a
orientação da atenção para um dos ouvido fazia com que as mensagens do ouvido não
uma espécie de filtro ou portão que só pode ser acessado pela informação atendida. Nessa
identificada. Esta proposta ficou conhecida como a teoria do filtro atencional e implica que
somente quando o estímulo é selecionado, de acordo com suas características físicas, ele pode
porém significativos, também são capazes de serem processados levou Deutsch e Deutsch
(1963) a proporem um modelo que ficou conhecido como a teoria atencional da seleção de
resposta. Segundo esses autores, a seleção atencional ocorre num estágio tardio e, portanto,
filtro atenuador. Nesse caso, o filtro atencional apenas atenua a entrada dos estímulos não
3
atendidos, permitindo, dessa forma, que eles também possam vir a serem processados, sempre
que forem significativos. A seleção da informação depende, assim, da sua importância para o
relacionados ao espaço, aos objetos, às dimensões dos objetos e também aos objetivos e
pleno controle sobre o emprego desses diferentes modos de seleção. Eles podem ocorrer em
algum grau mesmo quando os estímulos não são atendidos, podendo causar interferência no
A atenção pode ser determinada por estímulos externos, de acordo com o seu grau de
com sua necessidade, interesse e objetivo. Em cada um dos casos a atenção pode ser
1979). Os mecanismos automáticos podem ser rapidamente mobilizados, com seu efeito se
mobilizados, surgindo por volta de 200 ms. A dicotomia entre mecanismos automáticos e
voluntários presente na literatura ainda é bastante controversa e embora alguns autores têm
sugerido que se tratam realmente de dois fenômenos distintos (NAHAS; XAVIER, 2004),
vários outros têm considerado a automaticidade como um gradiente que se desenvolve com a
prática, e não mais a um fenômeno “tudo ou nada” (DUNBAR; MACLEOD, 1988; COHEN;
Segundo esse modelo, grande parte das ações rotineiras e superaprendidas são reguladas por
acordo com o contexto, por meio da inibição local dos esquemas competidores, para evitar
determinadas, que exigem respostas novas ou pouco aprendidas, que envolvam ações
dividida e atenção sustentada. A atenção seletiva diz respeito à habilidade para resistir à
mesmo tempo, ou à resposta a múltiplos elementos ou operações dentro de uma mesma tarefa,
(1996), apesar de raramente tal associação ser mencionada pelos autores de ambas as áreas,
não rotineiras ou pouco apreendidas, que exigem a inibição de respostas habituais, que
externo e flexibilidade. As funções executivas têm sido consideradas um das mais importantes
funções da parte anterior do lobo frontal, mais especificamente sua região dorsolateral
atenção tem resultado numa literatura bastante confusa e pobremente integrada. Como
colocam Levitt e Johnstone (2001), este fato torna-se particularmente crítico para o clínico, se
(CALLAHAN, 2001).
para a sua execução, fato já demonstrado no trabalho pioneiro de Cattell (1886 citado por
cores e palavras.
estímulos coloridos. No primeiro cartão a cor de manchas coloridas impressas deve ser
rapidamente nomeada. No segundo cartão, a cor, com a qual nomes de cores estão impressos
(a palavra AZUL impressa na cor rosa, por exemplo) também deve ser nomeada rapidamente.
A leitura dos nomes deve ser inibida e não há congruência entre a cor a ser nomeada e o nome
da cor impressa. A avaliação do teste é calculada pela diferença do tempo gasto entre os
cartões.
Stroop observou que os sujeitos levam mais tempo para nomear as cores de palavras
designando cores incongruentes do que para nomear as cores de caracteres não diretamente
relacionados com cores. Este marcado fenômeno de interferência, que produz aumento no
Como um todo, suas pesquisas suportam as hipóteses de que as palavras evocam uma
única resposta enquanto as cores evocam múltiplas respostas, e de que a prática conta para o
das cores pela extensiva prática que temos com a leitura, podemos então criar uma situação na
qual o padrão inverso ocorra, ou seja, as cores interferindo na leitura das palavras. Quando
isso ocorre dizemos que há o efeito Stroop inverso ou invertido (MACLEOD, 1991).
do participante, mas diferenças de gênero não estão sempre presentes (CRAMER, 1967;
HOUX; JOLLES; VREELING, 1993; KLEIN et al., 1997; OBONSAWIN et al., 2002;
7
UTTL; GRAF, 1997). Comalli, Wapner e Werner (1962) mostram que o efeito de
interferência é maior por volta de sete anos, quando as crianças desenvolvem a leitura,
decresce com o aumento da idade (até 17-19 anos), permanece constante durante a meia vida
frontal (STUSS et al., 2001). Como salientam Wright et al. (2003), a validade desta tarefa é
processamento dos estímulos irá definir o padrão de interferência. Nessa perspectiva, o efeito
Stroop assemelha-se a uma corrida de cavalos, onde as duas respostas potenciais competem
para ser a resposta produzida. Considerando que os dois atributos são processados em paralelo
e que é mais rápida a leitura de palavras em relação à nomeação de cores, se a palavra for
conflitante com a cor, sua influência precisa ser superada para que a resposta correta possa ser
palavra errada tende a chegar antes, o efeito Stroop estaria relacionado a sua inibição
indicam, porém, que a velocidade relativa de processamento não é a única variável relevante
para o padrão de interferência nessa tarefa. Se assim fosse, deveria haver uma situação na qual
automaticidade propõe que a leitura é mais rápida pois envolve processos automáticos
(BROWN et al., 2002). A ativação automática do significado da palavra, entretanto, tem sido
questionada por estudos que demonstram que o efeito Stroop pode ser manipulado
1979).
conexões existentes entre as vias neuronais envolvidas no processamento dos estímulos para
explicar o efeito Stroop. Segundo este modelo, o gradiente de força é subjacente à rapidez de
rapidez e a acurácia com que uma tarefa é realizada dependem da facilidade com que a
informação flui por entre estas unidades, que, por sua vez, é determinada pela força
estabelecida entre suas conexões, e desenvolvida com a prática. Quanto mais forte for um
processo, mais rápida será a ativação das unidades envolvidas, menores serão seus
Uma habilidade adquirida com alto nível de prática é mais difícil de ser inibida e traz,
além de benefícios, custos ou prejuízo para o desempenho de uma tarefa (BESNER; STOLZ,
1999).
9
para explicar o efeito Stroop. Segundo Magem e Cohen (2002), os mecanismos seletivos
interferir e determinar uma falha atencional. Assim, sendo solicitada no TCPS a nomeação de
cores, outros estímulos relacionados, como os nomes de cores, também serão selecionados, ao
invés de inibidos.
estímulo for sobre o outro, maior será seu poder de interferência. Teoricamente, entretanto, a
forma dos estímulos e o desequilíbrio entre eles não são fixos ou inevitáveis. Diferentes
interferindo na cor, mas não o contrário) e o grande interesse teórico despertado pelo efeito
1992).
(verticais, colunas, fileiras), tipo de estímulos (figuras, letras, símbolos, estímulos auditivos),
forma de aplicação e escore (tempo, erro, ambos, números de itens nomeados corretamente,
10
índice de interferência), têm sido exploradas (MACLEOD, 1991). Spreen e Strauss (1998)
mencionam várias versões do teste de Stroop, como a de Golden (1976, 1978), Dodrill (1978),
de ler e escrever, tem sido revisto para incluir as pessoas aparentemente alfabetizadas, mas de
forma insuficiente. Assim, a partir de 1978, a UNESCO adotou o uso do termo analfabetismo
funcional para poder englobar aqueles indivíduos que não conseguem utilizar as habilidades
alfabetização como competência funcional tem sido descrito. Assim, alfabetizados funcionais
são indivíduos que, freqüentemente com mais de 10 anos de escolarização formal, conseguem
Departamento de Educação dos Estados Unidos, tem servido de modelo para o levantamento
11
necessárias para conseguir usar informação impressa e escrita - para funcionar em sociedade,
alfabetização funcional, que incluem textos em prosa, textos esquemáticos e textos com
situam nos níveis 1 e 2 e é estimado que mais de 900 milhões de pessoas no mundo façam
uma pesquisa lançada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa no Dia
etária dos 15 aos 64 anos não conseguem ler e escrever plenamente. Deste número, que inclui
Pesquisas Educacionais/ Ministério da Educação) avalia, a cada dois anos, o quanto essa
população consegue ler e entender a partir da leitura. No Relatório Saeb 2001 (Instituto
Portuguesa, os dados revelam que apenas 4% dos alunos de quarta série, 11% dos alunos de
oitava série e 5% dos alunos da terceira série do ensino médio têm desempenho aceitável,
acima do nível mínimo esperado. Na mesma época, segundo dados da avaliação internacional
2. OBJETIVOS
palavras de Stroop que seja aplicável a indivíduos sem a habilidade de leitura. Assim,
introduzimos a tarefa de Números que utiliza como estímulos cores e números. Na condição
crítica, números coloridos são apresentados e a cor da impressão deve ser rapidamente
nomeada, com a solicitação adicional de nomeação dos próprios números sempre que
A importância marcante dos números no nosso dia-a-dia nos leva a supor que o seu
reconhecimento deva estar tão automatizado quanto a leitura de palavras. Como um símbolo
de complexidade menor, é aprendido antes dela, e por isso pode ser um estímulo utilizado
números incompatíveis (MORTON, 1969; SEDO, 2003). Outras manipulações que envolvem
também têm sido utilizadas para o estudo da atenção e do efeito Stroop (ALGOM et al., 1996;
PANSKY; ALGOM, 1999; PANSKY; ALGOM, 2002). Wolitzky et al. (1972) propõem uma
modificação do TCPS com a combinação de cores e dígitos. Nesse caso, as palavras são
substituídas por números e uma fita cassete que reproduz dígitos de forma aleatória é utilizada
prejudicados.
complexos.
3. MÉTODO
3.1 Participantes
Este projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos -
homens), com idade média de 39 anos (20-55 anos). A participação foi voluntária e
A seleção dos voluntários foi baseada na capacidade de leitura correta das palavras
participantes que não conseguiram ler corretamente as mesmas palavras foram considerados
fundamental, na cidade de São Paulo. Apenas duas voluntárias não estavam, no momento da
discriminar as cores.
3.2 Material
O teste de Cores e Palavras de Stroop (TCPS), versão Vitória, foi utilizado neste
estudo por requerer um tempo de administração mais curto, sendo de grande valor prático. A
versão Vitória compreende três cartões, 1 (cores), 2 (palavras coloridas) e 3 (nomes de cores),
cada um contendo 24 estímulos dispostos em seis fileiras com quatro itens em cada uma delas
(ANEXO B). O primeiro cartão, 1 (cores), contém retângulos coloridos com as cores rosa,
verde, azul e marrom, que devem ser rapidamente nomeadas. O segundo cartão, 2 (palavras
coloridas), contém as palavras CADA, HOJE, NUNCA e TUDO impressas nessas mesmas
cores, mas somente as cores devem ser nomeadas. No terceiro cartão, 3 (nomes de cores), os
nomes dessas quatro cores estão impressos em cores incongruentes (por exemplo, a palavra
AZUL aparece impressa na cor rosa). Novamente aqui, a leitura dos nomes deve ser evitada e
cartão, mas agora com impressão em tinta preta, para averiguarmos a eficiência da leitura. A
avaliação do teste reflete o tempo gasto pelo indivíduo em cada cartão e o número de erros
diferença entre o tempo gasto no cartão de interferência e no cartão neutro (3-1), apesar de
16
ainda ser controversa a questão sobre qual a forma mais adequada para a determinação desse
A tarefa proposta neste estudo, com números e cores, também é cronometrada e utiliza
(ANEXO A). Selecionamos apenas números pronunciados com duas sílabas (assim como os
nomes das cores utilizadas). O primeiro cartão, 1 (cores), consiste de retângulos coloridos nas
cores azul, verde, rosa e preto, que devem ser rapidamente nomeadas. O segundo cartão, 2
(cores e números, e utilizado neste estudo como o cartão controle), alterna as duas classes de
mesma disposição espacial de seis linhas e quatro colunas. O voluntário deve nomear
números coloridos, enquanto mantém os números pretos. Aqui, o participante deve falar o
número, quando ele for preto, e falar a sua cor, quando for colorido, o mais rápido que puder.
preto, que devem ser rapidamente nomeados. O escore de interferência é calculado como a
3.3 Procedimento
realizado primeiro o TCPS e depois a tarefa de Números e a outra parte do grupo realizado as
17
(cores), 2 (palavras coloridas), 3 (nomes de cores) e 4 (leitura), para evitar qualquer tipo de
tarefa com o cartão mais fácil e de termos garantia que o voluntário conhecia as cores e os
números apresentados. As aplicações ocorreram em apenas uma sessão e sempre em uma sala
cada cartão foi avaliada com um cronômetro manual, conforme utilizado na prática clínica.
Erros autocorrigidos foram considerados acertos. A contagem do tempo só era iniciada depois
Sabemos que a operação manual de um cronômetro não só está longe ser uma situação
ideal, em termos de precisão e acurácia, como também não elimina a possível influência do
comumente utilizado na situação clínica, optamos por sua utilização. Embora os tempos
acreditamos que o padrão dos resultados não será modificado em sua essência. Consideramos
situação de laboratório, como é o caso de grande parte da população incluída neste estudo.
analisadas com o fim de verificar se havia homogeneidade em suas composições. Para essa
Student, no caso das variáveis quantitativas. As médias (e erro padrão) dos tempos de
resposta entre os dois grupos (controle e experimental) foi feita uma análise para cada uma
das duas tarefas (TCPS e Números) separadamente, sendo avaliado o grupo, o cartão e a
interação entre ambos, grupo e cartão. Posteriormente, uma segunda análise com o objetivo de
comparar tanto os grupos quanto as tarefas foi realizada, sendo avaliado o efeito de tarefa,
grupo, cartão e as possíveis interações entre esses efeitos. No caso de significância estatística,
prosseguiu-se a análise por meio da construção de contrastes para a avaliação das diferenças
4. RESULTADOS
4.1 Amostra
De acordo com a Tabela 1 observa-se que a amostra foi constituída por uma maior
porcentagem de mulheres, sendo que essa proporção foi mantida entre os grupos. Assim,
podemos observar que não houve associação estatisticamente significante entre sexo e grupo
(p=0,559). A idade variou de 20 a 55 anos, sendo que no grupo de controle a idade média foi
de 37,8 anos (desvio padrão = 9,9 anos) e no grupo experimental foi de 41,8 anos (desvio
padrão = 7,8 anos). Por meio de um teste t de Student observou-se uma diferença apenas
marginalmente significante (p=0,091) entre ambos os grupos, ou seja, a idade média do grupo
experimental tendeu a ser maior que a do grupo de controle, sem entretanto, tal diferença
Grupos
Sexo Controle Experimental Total
Feminino 23 (76,7%) 21 (70,0%) 44 (73,4%)
Masculino 7 (23,3%) 9 (30,0%) 16 (26,7%)
Total 30 (100,0%) 30 (100,0%) 60 (100,0%)
20
seguida a tarefa de Números, e a outra parte realizou a seqüência inversa, ou seja, primeiro a
segundo a seqüência, de onde se pode observar que não houve associação entre grupo e
seqüência (p=0,121).
Tabela 2 - Distribuição dos indivíduos segundo grupo e seqüência de aplicação dos testes
Grupos
Seqüência Controle Experimental Total
Número-Stroop 17 (56,7%) 11 (36,7%) 28 (46,7%)
Stroop-Número 13 (43,3%) 19 (63,3%) 32 (53,3%)
Total 30 (100,0%) 30 (100,0%) 60 (100,0%)
A média e erro padrão dos tempos utilizados pelos voluntários em cada cartão e em
TCPS não foram obtidos dos voluntários analfabetos, pois eles não conseguem ler as palavras.
21
Tabela 3 - Média ± erro padrão do tempo de execução (segundos) das tarefas segundo cartão e grupo.
Tarefa
Stroop Números
Controle Experimental Controle Experimental
Cartão
(n=30) (n=30) (n=30) (n=30)
1 18,4 ± 0,6 23,7 ± 1,2 17,8 ± 0,7 22,5 ± 1,4
2 23,5 ± 0,9 24,0 ± 1,2 19,1 ± 0,9 26,7 ± 2,3
3 33,3 ± 1,6 23,9 ± 1,4 36,9 ± 1,4 41,2 ± 1,8
4 16,4 ± 0,6 - 12,6 ± 0,4 17,2 ± 0,7
Nota: TCPS - 1-cores; 2-palavras coloridas; 3-nomes de cores; 4-leitura. Tarefa de Números - 1-cores; 2-cores e
números; 3-números coloridos; 4-números.
4.2.1 TCPS
tempo à medida que foram sendo trocados os cartões, sendo que o cartão 3 (nomes de cores)
50
40
Tempo (s)
30
20
10
0
1 2 3
Cartões
Controle Experimental
Por meio de uma ANOVA com medidas repetidas observou-se que houve efeito
significante da interação entre grupo e cartão (p<0,001), ou seja, os grupos não apresentaram
o mesmo comportamento ao longo dos cartões. Dessa forma, prosseguiu-se a análise através
dos cartões. No cartão 1 (cores) o grupo experimental gastou, em média, 5,3 ± 1,7 s a mais
que o grupo de controle (p=0,002). No cartão 2 (palavras) os dois grupos gastaram, em média,
50
40
Tempo (s)
30
20
10
0
4 1 2 3
Cartões
Controle Experimental
Figura 2. Média (+ erro padrão) do tempo de execução da tarefa Número segundo o grupo
De acordo com uma ANOVA com medidas repetidas não foi observado efeito
grupo (p<0,001), ou seja, o grupo experimental gastou, em média, 5,3 ± 0,9 s a mais que o
acréscimo no tempo de respostas estimado em 5,3 ± 1,3 s (p<0,001). Do cartão 1 (cores) para
2,8 ± 1,3 s (p=0,039). Finalmente, do cartão 2 (cores e números) para o cartão 3 (números
apresentou os maiores tempos de resposta, quando comparado aos demais. Também se pode
notar que o grupo de controle apresentou, no cartão 2, tempos maiores no TCPS do que na
tarefa de Números, mas que, no cartão 3 (números coloridos), há uma inversão desse
50
40
Tempo (s)
30
20
10
0
1 2 3
Cartões
Stroop_Controle Stroop_Experim
Números_Controle Números_Expeim
Através de uma ANOVA com medidas repetidas foram testadas as seguintes variáveis:
possíveis interações entre essas variáveis. Observou-se efeito significante da interação entre
tarefa, grupo e cartão (p<0,001) e, também, de todas as interações duplas (p<0,001). Dessa
encontram as diferenças.
nos três cartões (p<0,001), sendo que do cartão 1 (cores) para o 2 (palavras coloridas) o
aumento médio no tempo de resposta foi de 5,1 ± 0,9 s (p<0,001) e do cartão 2 (palavras
coloridas) para o 3 (nomes de cores) o aumento médio foi de 9,8 ± 1,1 s (p<0,001),
(p=0,944).
significativo no tempo de respostas nos três cartões avaliados (p<0,001), sendo que do cartão
1 (cores) para o 2 (cores e números) houve um acréscimo médio de 4,2 ± 1,5 s (p=0,008) e do
cartão 2 (cores e números) para o 3 (números coloridos) houve um acréscimo médio de 14,4 ±
1,9 s (p<0,001).
Também foram feitas comparações entre as tarefas (TCPS e Números) dentro de cada
um dos grupos (controle e experimental). No grupo de controle observou-se que não houve
números) observou-se que na primeira foram gastos 4,4 ± 1,7 s a mais do que na segunda. No
respostas gasto no cartão 1 (cores) de ambas as tarefas (p=0,119), o mesmo ocorrendo com o
cartão 3, entretanto, esse grupo gastou, em média, 17,2 ± 1,5 s a mais na tarefa de Números
5,0 ± 1,6 s a mais do que os indivíduos controle no TCPS (p=0,002). Também não houve
sendo que o grupo experimental gastou em média 5,5 ± 1,7 s a mais do que o grupo de
controle (p=0,002).
4.3 Interferência
A interferência no TCPS foi calculada pela diferença no tempo gasto entre os cartões
3, nomes de cores, e 1, cores. Na tarefa Números, a interferência foi calculada pela diferença
25
20
Interferência (s)
15
10
5
0
-5 Stroop Número
Grupo
Controle Experimental
interação entre grupo e tarefa (p<0,001), ou seja, os grupos não apresentaram o mesmo
encontram as possíveis diferenças foram construídos contrastes. Para o TCPS observa-se que
o grupo experimental apresentou uma interferência menor do que a apresentada pelo grupo de
controle (p<0,001), sendo essa diferença estimada em 14,7 ± 1,8 s. Para a tarefa Números não
e o experimental (p=0,815).
interferência entre o TCPS e a tarefa Números (p=0,027), sendo a diferença de 4,2 ± 1,8 s.
Também no grupo experimental observou-se que a interferência no TCPS foi menor do que
5. DISCUSSÃO
todas as condições.
significativamente mais tempo para a nomeação das cores de nomes de cores (14,9±1,4 s),
ao longo dos cartões, gastando em cada um deles praticamente o mesmo tempo utilizado para
s (grupo experimental), respectivamente. Embora seja provável que os números, assim como
as palavras, tenham seu processamento facilitado em relação às cores, pela extensiva prática
que temos com eles, acreditamos que a falta de relação entre essas dimensões, cores e
números, não seria capaz, por si só, de produzir uma interferência tão significativa quanto a
encontrada. Acreditamos, portanto, que esse efeito representa em grande parte a conseqüência
atencional.
significativamente mais tempo (p=0,02) do que na condição crítica (terceiro cartão) do TCPS.
Acreditamos que este comportamento pode estar sendo determinado pela maior demanda
exigida dos participantes com o requerimento de alternar a nomeação dos números com a
nomeação das cores no terceiro cartão - enquanto no TCPS apenas a solicitação de nomeação
das cores é exigida na condição crítica -, de modo a tornar a tarefa de Números mais sensível
introduzida pela tarefa de Números, solicitando, em um quarto cartão, a leitura dos nomes de
cores alternadamente à nomeação das cores de sua impressão, com o objetivo de detectar
déficits atencionais em indivíduos com traumatismos cranianos leves, não detectados pelo
significativamente mais tempo que o grupo de controle. Este fato parece estar de acordo com
com as habilidades de leitura (BOWERS; SWANSON, 1991). Ainda, conforme citado por
praticamente o mesmo tempo que foi gasto para a nomeação isolada de cores. O grupo
estudo não tenham tido dificuldade para a leitura de palavras simples, todos eles cursaram
apenas até a 4ª série do ensino fundamental. a escolarização formal não seja a única variável
influente no analfabetismo funcional, há uma idéia bastante generalizada de que esta condição
Portanto, não se pode excluir a hipótese de que boa parcela desses indivíduos sejam
analfabetos funcionais.
31
6. CONCLUSÃO
leitura desenvolvida produziu resultados diferentes nos dois grupos, com os analfabetos
todas as condições apresentadas. A tarefa de Números mostrou ser sensível para a detecção de
A análise qualitativa dos erros na tarefa de Números pode auxiliar na discussão das
estrangeiros, pode ajudar a determinar o valor clínico da tarefa nos casos em que a ausência
7. REFERÊNCIAS
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39
Cartão 1 - cores
40
5 4
9 8
8 5
4 9
5 4
8 9
41
8 4 5 9
4 9 8 5
5 4 9 8
4 5 8 9
5 8 9 4
9 5 4 8
42
Cartão 4 - números
4 9 8 5
8 4 5 9
5 9 4 8
8 5 4 9
9 4 5 8
5 8 9 4
43
ANEXO B - TCPS
Cartão 1 - cores
44
Cartão 4 - leitura
Você está sendo convidado para participar de uma pesquisa sobre a validação de um
teste de nomeação de cores que está sendo desenvolvido pela mestranda Thelma Kulaif, do
Departamento de Neurociências e Comportamento do Instituto de Psicologia da Universidade
de São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Eduardo Ribeiro do Valle. O experimento
será realizado em um único encontro na própria escola.
A pesquisa envolve a aplicação de dois testes de nomeação de cores que irão requerer
basicamente que você diga em voz alta as cores que serão apresentadas em alguns cartões.
Esses dois testes irão requerer juntos, aproximadamente 10 minutos para a sua execução.
Os resultados desta pesquisa serão anônimos, ou seja, a publicação dos resultados não
vai incluir os nomes ou quaisquer outros dados que possam identificá-lo.
Nome:______________________________________________________________
Assinatura:__________________________________________________________
Data:_______________________________________________________________
Pesquisador:_________________________________________________________
48
Teste de Números -
Experimental
Analfabetos
RESUMO
MÉTODO
Participantes
55
Material
Procedimento
RESULTADOS
57
Amostra
Foi avaliada a homogeneidade dos grupos da amostra com relação ao sexo e idade. A
amostra foi constituída por uma maior porcentagem de mulheres, sendo que essa proporção
foi mantida entre os grupos(p=0,559). A idade variou de 20 a 55 anos, sendo que no grupo de
controle a idade média foi de 37,8 anos (desvio padrão = 9,9 anos) e no grupo experimental
foi de 41,8 anos (desvio padrão = 7,8 anos). Por meio de um teste t de Student observou-se
uma diferença apenas marginalmente significante (p=0,091) entre ambos os grupos, ou seja, a
idade média do grupo experimental tendeu a ser maior que a do grupo de controle, sem
entretanto, tal diferença alcançar significância estatística.
A partir de um sorteio aleatório, parte da amostra realizou inicialmente o TCPS e em
seguida a tarefa de Números, e a outra parte realizou a seqüência inversa. Não houve
associação entre grupo e seqüência (p=0,121).
Tempo de execução
A média e erro padrão dos tempos utilizados pelos voluntários em cada cartão e em
ambas as tarefas, estão apresentados na Tabela 3. Os tempos relativos ao cartão 4 (leitura) do
TCPS não foram obtidos dos voluntários analfabetos, pois eles não conseguem ler as palavras.
Tabela 3 - Média ± erro padrão do tempo de execução (segundos) das tarefas segundo cartão e grupo.
Tarefa
Stroop Números
Nota: TCPS - 1-cores; 2-palavras coloridas; 3-nomes de cores; 4-leitura. Tarefa de Números - 1-cores; 2-cores e
números; 3-números coloridos; 4-números.
Através de uma ANOVA com medidas repetidas foram testadas as seguintes variáveis:
tarefa (TCPS e Números), grupo (controle e experimental), cartões (1, 2 e 3) e todas as
possíveis interações entre essas variáveis. Observou-se efeito significante da interação entre
tarefa, grupo e cartão (p<0,001) e, também, de todas as interações duplas (p<0,001). Dessa
forma, prosseguiu-se a análise através da construção de contrastes para avaliar onde se
encontram as diferenças.
58
Interferência
DISCUSSÃO
59
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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