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ESTADO DE SANTA CATARINA

Coordenadoria Regional da Grande Florianópolis


ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA JOSÉ BOITEUX
Rua Marechal Câmara, 182 – Estreito – Florianópolis – SC

PLANO DE AULA QUINZENAL – Atividade 14

1 Identificação:

Professor: Leandro Lopes Costa

Componente Curricular: Turmas: Data da Entrega da Carga Horária:


História 703 Atividade: 4 aulas (180
minutos)
2 Orientações para o aluno
Em novembro de 2018 as autoridades da cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, tomaram uma decisão um tanto
polêmica: retirar do centro da cidade uma grande estátua do explorador Cristóvão Colombo, conhecido como o
“descobridor da América”. A ação dava continuidade a um projeto, aprovado no ano anterior, que substituía o Dia do
Descobrimento pelo Dia dos Povos Indígenas. Já este ano, em junho, estátuas em homenagem a Colombo foram
vandalizadas e destruídas em Boston e Richmond, no contexto das grandes manifestações populares que tomaram os
Estados Unidos.

Estátua de Colombo decapitada em Boston, EUA

Mas o que há de relevante para nós, brasileiros, estas ações ocorridas nos Estados Unidos? Qual a relação destes atos com
a nossa disciplina? Ou melhor: qual o papel da História nessa discussão? Antes de tentar responder estas questões, vamos
fazer uma breve reflexão sobre aquilo que temos estudado até aqui. Nas últimas duas aulas iniciamos uma discussão sobre
Patrimônio Histórico. Aprendemos o conceito de Patrimônio - a ideia de um bem público com importância cultural
(artística, documental, histórica…) para uma determinada sociedade, e vimos também que estes valores são definidos pela
sociedade em que este patrimônio está inserido. Portanto, o Patrimônio Histórico está sempre sujeito aos interesses
humanos e às ações do tempo. Agora que entendemos um pouco melhor algumas destas ideias, fica mais fácil
compreender as ações violentas ocorridas nos EUA contra estátuas de Cristóvão Colombo. Como sabemos, Colombo era
um navegador e explorador italiano, contratado pela Espanha no final do século XV para navegar até a Índia, mas por
motivos diversos chegou à América, no ano de 1492, e aqui se estabeleceu. A chegada de Colombo seria apenas o
primeiro passo, de um grande processo de conquista europeia no continente americano, e mudaria para sempre a História
da América e dos povos que aqui habitavam. Mas por qual motivo a estátua de Colombo, um cidadão tão distante no
tempo, ainda hoje é motivo de polêmica e, até mesmo, ações violentas?
Vale assinar que, até pouco tempo, a história oficial da conquista da América era aquela do branco civilizado, que
apresentava Colombo e os conquistadores europeus como heróis conquistadores, superiores aos povos nativos. Estas
narrativas hoje são motivos de contestação, e há uma série de ações para reler a história da América, apresentando também
a versão dos povos que aqui viviam, conquistados e exterminados pelo europeu.
“Mas professor, e o que isso tem a ver com o Brasil?” Tem tudo a ver, meu caro. Essas ações citadas acima não ocorreram
apenas nos Estados Unidos. No Brasil há muitas estátuas que são até hoje questionadas e, em alguns casos, motivo de ação
pública. Apenas para citar um exemplo, há o Monumento às Bandeiras, em São Paulo, como homenagem aos bandeirantes
que, nos séculos XVII e XVIII empreenderam explorações no interior do Brasil. O problema é que estas explorações
bandeirantes, embora representassem a expansão do território brasileiro, significaram também a escravização e o
extermínio de milhares de indígenas e africanos. Com o objetivo de protestar contra essa homenagem contemporânea aos
bandeirantes e à imagem destes como heróis, um grupo de manifestantes realizou uma intervenção no monumento em
2013, pintando-o com tinta vermelha, de modo a representar o sangue dos povos indígenas e africanos.

Monumento às Bandeiras, em São Paulo, após ação de manifestantes

Ações como estas nunca são motivo de consenso, nem mesmo entre historiadores e estudiosos. Há aqueles que justificam
as ações contra os monumentos na medida em que questionam as histórias “oficiais” e propõem outras visões do passado,
sob o ponto de vista dos “vencidos”. A historiadora Caroline Silveira Bauer, por exemplo, propõe trocar a palavra
“destruição” das estátuas por “ressignificação”: “Se, em determinada época, determinadas pessoas julgaram oportuno
homenagear bandeirantes, “descobridores”, comerciantes de escravizados, devemos nos perguntar se, hoje em dia, essas
homenagens permanecem condizentes com nossos valores”. Bauer propõe, então, revisitar a História e as homenagens
presentes nos espaços públicos, dando voz aos tantos povos ignorados pela história. Já o historiador Caio César Vioto
apresenta um outro ponto de vista. Segundo ele, é preciso evitar os anacronismos (isto é, julgar a História e os eventos
passados a partir dos valores do presente). Caio Vioto propõe, então, olhar as pessoas em seu próprio tempo, evitando
julgamentos de valor: “Os personagens históricos não foram super-heróis nem supervilões. Eram pessoas, movidas por
circunstâncias, que se comportavam conforme as mentalidades de seu tempo (...) Se começarmos a tirar do armário todos
os esqueletos e a cobrar pureza do passado, não sobrará monumento algum para contar a história.”
Como se vê, não há acordo entre historiadores sobre o assunto, e também não há entre as sociedades, e a polêmica sobre as
estátuas deve ir longe. Por enquanto, vamos ficando por aqui. E agora que você conhece um pouco sobre o debate e teve a
oportunidade de conhecer alguns dos principais pontos de vista da questão, é hora de botar a mão na massa e responder às
questões:
1) O que há de relevante para nós, brasileiros, nesta polêmica das estátuas? E qual o papel da História, enquanto disciplina,
nessa discussão?
2) Ao analisar o ponto de vista de dois historiadores, encontramos interpretações muito diferentes sobre a polêmica.
Caroline Bauer, por exemplo, argumenta sobre a necessidade de revisitar o passado e reinterpretar a história, o que
significaria questionar também estátuas e monumentos. Já Caio Vioto propõe evitar o julgamento e o tal do “anacronismo”
na História, e preservar as estátuas como forma de lembrar o passado. E no seu ponto de vista, o que deveríamos fazer com
as estátuas que remetem a figuras polêmicas da História, como é o caso de Cristóvão Colombo ou dos bandeirantes
paulistas? Deixá-las como estão? Realizar algum tipo de intervenção? Destruí-las? Apresente seu ponto de vista, mas não
esqueça de sempre usar bons argumentos.
As respostas devem ser realizadas a caneta, numa folha, e entregues na escola. Cada questão vale 5 pontos. As respostas
são autorais. Não deve haver qualquer tipo de cópia.
Por enquanto é isso, meus caros. Vamos ficando por aqui. Abraço!

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