Você está na página 1de 11

Aplicação da Lei Gauss: Algumas distribuições

simétricas de cargas
G
Como utilizar a lei de Gauss para determinar Ds, se a
distribuição de cargas for conhecida?
G G
Q = ∫ Ds.dS
s

A solução é fácil se conseguirmos obter uma superfície fechada tal


que:
G
1. Ds Seja em qualquer lugar
G Gnormal ou Gtangencial
G à superfície
fechada, o que conduz a que Ds.dS = Ds.dS ou Ds.dS = 0 respectivamente.
G G G
2.Quando Ds.dS não é zero o valor de Ds é constante
Paulo Moisés - 2001
G G
Podemos assim substituir o produto escalar Ds.dS pelo produto dos
escalares Ds e dS, e portanto simplificar a integração.

A integração restante nãoG é mais um integral de superfície sobre a


superfície fechada que Ds atravessa normalmente.

O conhecimento da simetria do problema é aqui muito importante.

Um pequeno exemplo:

Considerando uma carga pontual Q na origem de um sistema de


coordenadas esféricas, determinar o valor da densidade de fluxo
eléctrico provocada pela carga pontual.

Paulo Moisés - 2001


A superfície a utilizar é uma esfera centrada na
origem e com raio qualquer r.
r G
Ds é em qualquer lugar da superfície esférica
normal a esta.
G
O valor de Ds é constante em todos os pontos da referida superfície.
G G
Teremos então que: Q = ∫ D s.d S = ∫ Ds .dS = D s ∫ dS
S esf esf
2π π
= Ds ∫ ∫ r 2 sen θ d θ d φ = 4π r 2 Ds
0 0

E portanto: Q
Ds = Tendo
G em conta que r pode ser qualquer e
4πr 2 Ds é dirigido radialmente teremos que:
G Q G G Q G
Ds = ur e E = ur
4πr 2
4πε 0 r 2

Paulo Moisés - 2001


Outro exemplo:

Considerando uma linha com distribuição


uniforme de cargas, ρL, pertencentes ao eixo Z,
estendendo-se de -∞ a +∞.

Para solucionar este problema é importante conhecer:

G
1. As coordenadas com as quais varia o campo eléctrico
2. Que componentes existem no vector D

Na aplicação da Lei de Gauss é fundamental a consideração da simetria do


problema que pretendemos resolver.

No caso da linha de cargas referidaG é óbvio que somente a componente


radial estará presente no vector D ou seja:

Paulo Moisés - 2001


.

G G
D = Dr ur
A componente Dr é uma função de r, ou seja Dr=f(r)

Uma vez conhecida a simetria do problema vamos escolher G a


superfície fechada para a qual vamos determinar o valor de Ds

A superfície que respeita as condições referidas anteriormente é, sem


dúvida um cilindro, pois é a única na qual Dr será sempre normal.

A figura ao lado mostra uma possível superfície


cilíndrica que se entende de z = 0 até z = L.

Paulo Moisés - 2001


A aplicação da Lei de Gauss conduz a:
G G
Q= ∫cil
D s.d S = Ds ∫ dS + 0 ∫ dS + 0 ∫ dS
lados topo base
L 2π
= Ds ∫ ∫ r d φ d z = 2 Ds π rL
Z =0 φ =0

Q
Ds = Dr =
2 π rL
Tendo em conta que:
Q = ρLL

Vem que: ρL
DP = Reparar que se obteve, de forma
2π r
mais simples, a expressão do
ρL
EP = campo eléctrico criado por uma
2πε 0 r linha de cargas.
Paulo Moisés - 2001
O problema do cabo coaxial

Admitamos dois condutores cilíndricos coaxiais, um interno com raio


a e outro externo com raio b, cada um com comprimento infinito.

Admite-se que o condutor interno tem uma distribuição de cargas


superficial igual a ρS.

É um problema extremamente complicado de ser resolvido utilizando


a Lei de Coulomb.

A simetria do problema mostra que só existe componente Dr e que


esta é função apenas de r .

A superfície gaussiana a considerar é um cilindro de comprimento L e


de raio r tal que a < r < b .

Paulo Moisés - 2001


Considerando a superfície gaussiana
referida teremos:

Q = Ds 2π rL
A carga total de um comprimento L
do condutor interno é:
L 2π
Q= ∫ ∫φ
z =0 =0
ρ S ad φdz = 2π aL ρ s

De onde podemos retirar que:


aρ S G aρ S G
DS = ⇒ DS = ur a<r<b
r r

Paulo Moisés - 2001


Tendo em conta que a densidade superficial de carga do condutor interno
pode ser representado como uma densidade linear através de:
ρL
ρ L = ρ S 2π a ⇒ ρ S =
2π a
E então teremos que:

G ρL G
DS = ur a<r<b
2πr

Ou seja, um resultado idêntico aquele obtido para uma


linha infinita de cargas utilizando a lei de Coulomb.

Paulo Moisés - 2001


Recordando as experiências de Faraday, podemos escrever que a
Carga presente na superfície externa será:

Q cil .ext = − 2π aL ρ S , cil . int


De onde podemos retirar que:

2π bL ρ S ,cil .ext = − 2π aL ρ S ,cil .int

a
ρ S , cil . ext . = − ρ S , cil . int .
b
O que acontece se adoptarmos para a
superfície gaussiana um cilindro com raio
r>b???
Paulo Moisés - 2001
Neste caso, a carga envolvida será nula.

Ao + Q da superfície interna contrapõe-se – Q da superfície externa.

Se a carga envolvida é nula teremos que:

0 = DS 2πrL ⇒ DS = 0
Para r <a teremos um resultado idêntico.

O condutor externo age como uma blindagem


evitando que o campo do condutor interno surja
no exterior do condutor externo

Conclusões ? No interior do condutor central não existe


campo

Paulo Moisés - 2001

Você também pode gostar