Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I – INICIALMENTE
01. O reclamante é viúvo e toma conta de dois filhos, uma filha de 23 anos
e outro filho de 13 anos não tendo outra renda, amargando anos sem reajuste salarial, tendo
diversas despesas, além de sustentar toda família, vem requerer a este digno juízo, os Benefícios
da Justiça Gratuita, pois não pode arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem
o comprometimento do seu sustento e de sua família, pelo que pede os benefícios da Justiça
Gratuita previsto na Carta Constitucional de 1988 (art. 5º, LXXIV), e mais precisamente, com fulcro
no artigo 4º, caput da Lei nº 1.060/50 (estabelece normas para a concessão da assistência
judiciária aos necessitados), consorciado com o artigo 1º da lei nº 7.115 de 29 de agosto de 1983.
02. Faz-se mister ressaltar Excelência, que o Supremo Tribunal Federal já
firmou entendimento no sentido de que não sendo necessária a comprovação do estado de
miserabilidade para a concessão de assistência judiciária gratuita ao requerente, é suficiente a
declaração pessoal de pobreza da parte, senão vejamos:
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. LEI Nº 1.060/50, ART. 4º,
C.F., ART. 5º, LXXIV. INCOMPATIBILIDADE INOCORRENTE. O art.
4º da Lei nº 1.060/50 não colide com o art. 5º, LXXIV, da
Constituição Federal, bastando à parte, para que obtenha o
benefício da assistência judiciária, a simples afirmação de sua
pobreza, até prova em contrário. Recurso extraordinário não
conhecido.” [RE 204.458/PR, Rel. Min. Ilmar Galvão, Primeira
Turma].
II – DOS FATOS
03. O reclamante é servidor federal ingressando no Ex-Inamps em 11 DE
MARÇO DE 1985 no Cargo de Vigilância onde no período trabalhou no período noturno na antiga
Superintendência do Ex-Inamps (Com Adicional Noturno), na farmácia da CEME (Central de
Medicamentos – Farmácia do Ex-Inamps – Com adicional de Insalubridade) e hoje desviado de
função, na área administrativa na Secretaria de Auditoria do SUS (Seaud-CE). Hoje possui 35
(trinta e cinco) anos, 04 (quatro) meses e 17 (dezessete) dias de contribuição com 56 (anos) de
idade.
04. O reclamante durante o período em que exerceu suas atividades,
mormente, no período 11 de março de 1985 até 10 de dezembro de 1990 era celetista (CLT) e de
11 de dezembro até presente data estatutário regido pelo Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/90).
05. Assim exerceu suas atividades:
5. 1 - De 11 de março de 1985 até ao mês de outubro de 1986 trabalhou
com adicional noturno;
5.2 - de novembro de 1986 até dezembro de 1992 trabalhou percebendo
insalubridade conforme faz fé documentos anexados.
06. Em determinado período o Ministério da Saúde via administrativa
concedeu conversão do tempo insalubre em comum aos servidores, agente de vigilantes, que têm
esse tempo averbado, entretanto, por entendimento da INº 15/2013, Capitulo II da SEGEP
encontram-se suspensos os pedidos administrativos até ulterior decisão administrativa.
06. Ocorre que ao longo dos anos o Governo editou várias orientações
normativas, retirando diversos direitos conquistados pelos servidores, sem, contudo, respeitar o
direito adquirido.
07. Dessa forma, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão –
MPOG, editou a orientação normativa n° 15 de 23 de dezembro de 2013 (anexo), estabelecendo
orientações a administração pública, quanto aos procedimentos a serem adotados para
comprovação e conversão em tempo comum do tempo de serviço público especial insalubre
celetista, o que ensejou a revisão do benefício do requerente.
08. Após a edição da orientação normativa, o Ministério da Saúde mudou
entendimento anterior, informando que o promovente não poderia averbar esse tempo ficto em que
trabalhou como celetista recebendo insalubridade, muito embora, tenha trabalho em ambiente
insalubre e perigoso (Farmácia da CEME, como agente de vigilância).
09. É importante frisar que a orientação normativa data do ano de 2013,
enquanto o período que foi pedido averbação refere-se ao período celetista anterior a 1990 .
10. Outrossim, a administração pública não pode “legislar” através de
orientações normativas, uma vez que os servidores públicos federais são regidos por lei federal.
11. Ademais, é importante salientar que o promovente por mais por mais de
sete anos, tendo sempre recebido os valores da vantagem INSALUBRE.
11. É justamente contra administrativa para concessão de averbação do
tempo ficto, trabalhado com insalubridade, que se propõe a presente Ação Ordinária. São estes os
fatos.
19. Não resta duvida, portanto, que o ato da autoridade pública de diminuir
os proventos da servidora está revestido de indiscutível arbitrariedade, afigura-se indubitavelmente
atentatório à dignidade da pessoa humana, é uma agressão ao próprio Poder Judiciário, na medida
em que de forma abusiva e ilegal procura revisar vantagem incorporada aos proventos há mais de
08 (oito) anos e que com certeza já foram dissipados pela própria necessidade de viver.
20. Em casos semelhantes a este, onde os vencimentos foram auferidos de
forma legitima pelos servidores, a doutrina e a jurisprudência têm pacificado o entendimento no
sentido de ser inadmissível a revisão, tal como ocorre no presente caso. É o que se extrai dos
arestos adiante:
“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. REVISÃO DOS ATOS
ADMINISTRATIVOS. DECADÊNCIA DO DIREITO DO INSS REVISAR
O BENEFÍCIO. OCORRÊNCIA. ART. 103-A DA LEI Nº 8.213/91,
ACRESCENTADO PELA MP 183, DE 19/11/2003. I - Trata-se de
remessa oficial apelação cível interposta pelo INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS contra sentença que julgou
procedente o pedido do Autor, objetivando o restabelecimento do
benefício de auxílioacidente, cessado por estar cumulado com o
benefício aposentadoria por tempo de contribuição. II - Nos
termos do art. 54 da Lei nº 9.784/99, o direito da
Administração de anular os seus atos que gerem efeitos
favoráveis para seus administrados é de cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé. Quando editada a Medida Provisória nº
138, de 19.11.2003, posteriormente convertida na Lei nº
10.839/2004, ficou estabelecido um prazo específico de 10
anos para a Previdência Social ter revisto os seus próprios
atos, através da inserção do art. 103-A na Lei nº 8.213/91.
III - No caso em apreço, o ato foi revisto após 10 anos da
acumulação de benefícios. IV - Remessa oficial e apelação
improvidas. (PROCESSO: 08015744220134058100,
APELREEX/CE, DESEMBARGADORA FEDERAL CÍNTIA MENEZES
BRUNETTA (CONVOCADA), Segunda Turma, JULGAMENTO:
17/03/2015, PUBLICAÇÃO:).”
IV – DA MEDIDA LIMINAR
25. A medida liminar é provimento cautelar admitido pela própria legislação,
quando ensejam relevantes os fundamentos da ação e quando o ato impugnado puder resultar
perigo de dano irreparável ou de difícil reparação aos substituídos, como está ocorrendo no caso
apreço.
26. Isso porque o ato impugnado irá produzir seus efeitos, uma vez que a
administração pública informou que será revisado/diminuído os proventos da aposentadoria da
autora, o que irá acarretar uma substancial redução remuneratória nos seus diminutos proventos,
que, por se referir às parcelas de natureza alimentícia, afeta de forma inquestionável todos os
membros da família, tudo a tipificar o periculum in mora para a concessão da liminar, além do que
o ato afronta expressamente o direito constitucional dos servidores (fumus boni juris) quanto a
irredutibilidade dos vencimentos prevista no art. 37, XV da CF/88, no art. 41, § 3º da Lei n.º
8.112/90 e art. 147 da Lei n.º 11.355/2006, conforme jurisprudência do e. STF e c. STJ.
27. A necessidade da concessão da medida liminar fica mais evidente eis
que o objeto da presente lide não se refere à reclassificação ou equiparação de servidores públicos
e nem à concessão de aumento ou extensão de vantagens ou pagamentos de qualquer natureza,
prestando-se apenas para suspender o processo de revisão de vantagem. EVITANDO UMA
REDUÇÃO VENCIMENTAL, o que é permitido conforme jurisprudência do c. STJ:
“RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
SERVIDOR. MANDADO DE SEGURANÇA. CENCESSÃO DE LIMINAR.
MANUTENÇÃO DE UM STATUS QUO. POSSIBILIDADE. Medida
liminar concedida em autos de mandado de segurança que visa à
manutenção de uma determinada situação, no caso, pagamento
integral dos vencimentos do impetrante, não fere o disposto na
legislação mandamental aplicada a espécie, no que diz respeito à
vedação de liminar em se tratando de concessão de vantagens
pecuniárias. Recurso desprovido.” [STJ – 5ª T., RESP – 546245/RJ,
rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 14/02/05]”
28. E mais do que isso, a requerente é aposentada, as verbas suprimidas
dos seus respectivos proventos são de caráter manifestamente previdenciário, razão da
necessidade urgente do deferimento do pedido liminar, em virtude de se tratar de verba alimentícia,
devida a pessoa de mais idade.
29. Assim, o caráter alimentar torna patente o perigo da demora até o
julgamento definitivo desta ação, quando os prejuízos decorrentes da prática do ato ilegal pela
autoridade pública já não mais poderá ser reparado por mera indenização pecuniária.
V - DO PEDIDO
30. Ante o exposto, REQUER a V. Exa. que se digne em:
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), para efeitos fiscais.
Espera deferimento.
XXXXXXXXXX
OAB/CE nº. XXXXXX