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EXCELENTISSÍMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA _____ ª VARA DA

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

AÇÃO ORDINÁRIA C/C TUTELA ANTECIPADA

FRANCISCO NAZARENO AVELINO DE LIMA, brasileiro, viúvo, agente de


vigilância, matricula nº 542581, cédula de identidade nº 90003016264, inscrito no CPF sob o nº
246.99.813-91, residente e domiciliado na Av. José Jatay, nº 1710 – Casa 29, Parque Araxá, CEP
60.450-638, Fortaleza/CE, vem com o mais elevado respeito e acatamento à presença de V. Exa.
por intermédio de seu advogado, in fine assinado (procuração anexa), propor a presente AÇÃO
ORDINÁRIA CUMULADA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face da União Federal
(Ministério da Saúde), o que faz com esteio nos fundamentos de fato e direito a seguir delineados:

I – INICIALMENTE
01. O reclamante é viúvo e toma conta de dois filhos, uma filha de 23 anos
e outro filho de 13 anos não tendo outra renda, amargando anos sem reajuste salarial, tendo
diversas despesas, além de sustentar toda família, vem requerer a este digno juízo, os Benefícios
da Justiça Gratuita, pois não pode arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem
o comprometimento do seu sustento e de sua família, pelo que pede os benefícios da Justiça
Gratuita previsto na Carta Constitucional de 1988 (art. 5º, LXXIV), e mais precisamente, com fulcro
no artigo 4º, caput da Lei nº 1.060/50 (estabelece normas para a concessão da assistência
judiciária aos necessitados), consorciado com o artigo 1º da lei nº 7.115 de 29 de agosto de 1983.
02. Faz-se mister ressaltar Excelência, que o Supremo Tribunal Federal já
firmou entendimento no sentido de que não sendo necessária a comprovação do estado de
miserabilidade para a concessão de assistência judiciária gratuita ao requerente, é suficiente a
declaração pessoal de pobreza da parte, senão vejamos:
“ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. LEI Nº 1.060/50, ART. 4º,
C.F., ART. 5º, LXXIV. INCOMPATIBILIDADE INOCORRENTE. O art.
4º da Lei nº 1.060/50 não colide com o art. 5º, LXXIV, da
Constituição Federal, bastando à parte, para que obtenha o
benefício da assistência judiciária, a simples afirmação de sua
pobreza, até prova em contrário. Recurso extraordinário não
conhecido.” [RE 204.458/PR, Rel. Min. Ilmar Galvão, Primeira
Turma].

II – DOS FATOS
03. O reclamante é servidor federal ingressando no Ex-Inamps em 11 DE
MARÇO DE 1985 no Cargo de Vigilância onde no período trabalhou no período noturno na antiga
Superintendência do Ex-Inamps (Com Adicional Noturno), na farmácia da CEME (Central de
Medicamentos – Farmácia do Ex-Inamps – Com adicional de Insalubridade) e hoje desviado de
função, na área administrativa na Secretaria de Auditoria do SUS (Seaud-CE). Hoje possui 35
(trinta e cinco) anos, 04 (quatro) meses e 17 (dezessete) dias de contribuição com 56 (anos) de
idade.
04. O reclamante durante o período em que exerceu suas atividades,
mormente, no período 11 de março de 1985 até 10 de dezembro de 1990 era celetista (CLT) e de
11 de dezembro até presente data estatutário regido pelo Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/90).
05. Assim exerceu suas atividades:
5. 1 - De 11 de março de 1985 até ao mês de outubro de 1986 trabalhou
com adicional noturno;
5.2 - de novembro de 1986 até dezembro de 1992 trabalhou percebendo
insalubridade conforme faz fé documentos anexados.
06. Em determinado período o Ministério da Saúde via administrativa
concedeu conversão do tempo insalubre em comum aos servidores, agente de vigilantes, que têm
esse tempo averbado, entretanto, por entendimento da INº 15/2013, Capitulo II da SEGEP
encontram-se suspensos os pedidos administrativos até ulterior decisão administrativa.
06. Ocorre que ao longo dos anos o Governo editou várias orientações
normativas, retirando diversos direitos conquistados pelos servidores, sem, contudo, respeitar o
direito adquirido.
07. Dessa forma, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão –
MPOG, editou a orientação normativa n° 15 de 23 de dezembro de 2013 (anexo), estabelecendo
orientações a administração pública, quanto aos procedimentos a serem adotados para
comprovação e conversão em tempo comum do tempo de serviço público especial insalubre
celetista, o que ensejou a revisão do benefício do requerente.
08. Após a edição da orientação normativa, o Ministério da Saúde mudou
entendimento anterior, informando que o promovente não poderia averbar esse tempo ficto em que
trabalhou como celetista recebendo insalubridade, muito embora, tenha trabalho em ambiente
insalubre e perigoso (Farmácia da CEME, como agente de vigilância).
09. É importante frisar que a orientação normativa data do ano de 2013,
enquanto o período que foi pedido averbação refere-se ao período celetista anterior a 1990 .
10. Outrossim, a administração pública não pode “legislar” através de
orientações normativas, uma vez que os servidores públicos federais são regidos por lei federal.
11. Ademais, é importante salientar que o promovente por mais por mais de
sete anos, tendo sempre recebido os valores da vantagem INSALUBRE.
11. É justamente contra administrativa para concessão de averbação do
tempo ficto, trabalhado com insalubridade, que se propõe a presente Ação Ordinária. São estes os
fatos.

III - ASPECTOS JURÍDICOS


12. Como é cediço, ao promulgar a Carta Magna o legislador originário
contemplou o direito do trabalhador à saúde não só como um direito individual de cunho trabalhista,
mas também como um verdadeiro direito social de caráter sanitário, inserindo, logo no início de seu
texto, a regra protetiva de direitos à saúde, higiene e segurança dos obreiros, conforme se percebe
através da dicção do art. 7º, XXII, CF, verbis.
“Art. 7º- São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
......................................................................................
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança.”

13. Justamente em face da relevância do direito social à saúde, a Carta


Magna estabeleceu garantias aos empregados que laborem em local onde fiquem expostos a
agentes nocivos, químicos, físicos ou biológicos que possam ocasionar danos à saúde ou
integridade física do profissional, sendo uma dessas garantias a da contagem de tempo especial
para concessão de aposentadoria, nos termos do art. 201, §1º da Carta Magna, verbis:
“Art. 201, § 1º, CF. É vedada a adoção de requisitos e critérios
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários
do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de
atividades exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se
tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos
definidos em lei complementar.”

14. Com efeito, no vertente caso, resta sobejamente comprovado através


do cargo da autora (assistente social), que ela sempre laborou em ambiente insalubre e perigoso,
colocando em risco à sua saúde e integridade física durante toda vigência do seu contrato de
trabalho, uma vez que sempre exerceu suas funções em locais insalubres.
15. Nesse sentido, cumpre destacar a vasta jurisprudência dos Egrégios
Tribunais Superiores sedimentaram-se no sentido de reconhecer o direito dos servidores públicos a
contagem do tempo especial insalubre para fins de aposentadoria, tal como ocorre no vertente
caso. È o que se extrai dos arestos adiante:
“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ENFERMEIRA. CONTAGEM
DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL SOB O REGIME CELETISTA E NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 8.112/90. CONVERSÃO E AVERBAÇÃO. (...). 3
- Demonstrado que a apelante prestou serviços em
condições especiais, segundo as provas carreadas aos autos,
no período de 01.11.1975 a 11.12.1990, devem tais períodos
ser contados segundo as regras legais específicas,
aplicando-se o multiplicador pertinente, conforme
determinado na tabela de conversão. 4 - Condenação do INSS
a converter e expedir certidão do tempo de serviço especial de
01.11.1975 a 11.12.1990, e condenar a UNIÃO FEDERAL para
providenciar a averbação do referido tempo laboral nos registros
profissionais da autora, e, em consequência, recalcular o seu
tempo de serviço laboral, para fins de aposentadoria, convertendo-
se, se for o caso, a aposentadoria proporcional em integral,
pagando-se as diferenças daí decorrentes a partir do ajuizamento
da presente lide, ou seja, 15.08.2006. 5 - Apelação provida em
parte. [TRF – 5ª Região, 2ª Turma, AC413506/PB, Rel. Des.
Francisco Wildo, julg.: 13/04/2010].”

“CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.


SERVIDOR PÚBLICO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA E
REMESSA OFICIAL. PROFESSOR. ATIVIDADE INSALUBRE
EXERCIDA SOB A ÉGIDE DO REGIME CELETISTA. TRANSPOSIÇÃO
PARA O REGIME ESTATUTÁRIO. CONVERSÃO DO TEMPO DE
SERVIÇO. POSSIBILIDADE. AVERBAÇÃO NOS ASSENTAMENTOS
FUNCIONAIS. DIREITO ADQUIRIDO. PROVIMENTO DO RECURSO.
1. O servidor público, ex-celetista, tem direito adquirido ao
reconhecimento do tempo de serviço prestado sob condições
de insalubridade, periculosidade e penosidade, para fins de
aposentadoria como servidor estatutário, considerando que
foi compelido à mudança para o Regime Jurídico Único por
meio da Lei nº 8.112/90. (...). 6. Precedentes jurisprudenciais
do STF, do STJ e deste Tribunal Regional. 7. Apelação e remessa
oficial improvidas. (PROCESSO: 00031336020104058201,
APELREEX16862/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL
EMILIANO ZAPATA LEITÃO (CONVOCADO), Primeira Turma,
JULGAMENTO: 16/06/2011, PUBLICAÇÃO: DJE 22/06/2011 -
Página 234).”

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO CELETISTA ANTES DO


ADVENTO DA LEI N° 8.112/90. POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO
DE TEMPO DE SERVIÇO. EXERCIDO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS
QUANDO A ATIVIDADE ESTIVER CONTEMPLADA NOS DECRETOS
N° 53.831/64 E 83.080/79. MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS. 1. (...).
2. Servidor que se encontrava sob a égide do regime
celetista quando passou a vigorar a Lei n° 8.112/90 tem o
direito adquirido à averbação do tempo de serviço prestado
em condições especiais, na forma da legislação anterior.
Inteligência do art. 100 da Lei n° 8.112/90. 3. A
jurisprudência dos Tribunais Superiores já fixou orientação no
sentido de que o servidor público federal que se encontrava
amparado por esse antigo regime tem direito adquirido à certidão
de tempo de serviço prestado em condições insalubres, em
conformidade com o estatuído nos Decretos 53.831/64 e
83.080/79, aplicando-se o fator de conversão estipulado nessas
normas previdenciárias, considerando que foi compelido à mudança
para o Regime Jurídico Único com o advento da Lei 8.112/90.
Precedentes: REsp. 441.546, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA
FONSECA, DJU 25.08.03, p. 351 e REsp. 461.008, Rel. Min. FÉLIX
FISCHER, DJU 17.05.04, p. 269. 4. A falta de lei complementar não
pode ser invocada para aplicação de norma administrativa, pois, se
assim fosse entendido haveria ofensa ao direito adquirido expresso
no art. 5º, XXXVI da CF. (...). 8. Apelação do particular provida.
9. Apelações do INSS e da União e remessa oficial improvidas.
(PROCESSO: 200782000019803, APELREEX27415/PB, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO NAVARRO, Terceira Turma,
JULGAMENTO: 12/12/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 17/12/2013 -
Página 322)”.

“PREVIDENCIÁRIO. DUPLO GRAU OBRIGATÓRIO. APOSENTADORIA


POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE ESPECIAL. ENFERMEIRA.
MATERIAIS INFECTO-CONTAGIANTES. CONVERSÃO.
COMPROVAÇÃO. CONTAGEM RECÍPROCA. RECLAMATÓRIA
TRABALHISTA BASEADA EM PROVA DOCUMENTAL. VÍNCULO
EMPREGATÍCIO. RECONHECIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA.
VERBA HONORÁRIA. CUSTAS. 1. (...). 2. Uma vez exercida
atividade enquadrável como especial, sob a égide da
legislação que a ampara, o segurado adquire o direito ao
reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da sua
conversão em comum. (...).” [TRF-4ª Região, 6ª Turma, AC
200171000311142, Rel. Des. Federal Victor Luiz Dos Santos Laus,
DJ 22/11/2006, p. 654]

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTAGEM DO TEMPO


DE SERVIÇO. EX-CELETISTA. ATIVIDADE INSALUBRE.
TRANSPOSIÇÃO PARA O REGIME ESTATUTÁRIO. LEI 8.112/90. . Se
a legislação aplicável à época em que o servidor público
estava vinculado ao regime celetista determinava o cômputo
do tempo de serviço insalubre com a incidência do
multiplicador 1.40 para os homens e 1.20 para as mulheres,
o que reduzia o tempo de serviço necessário à
aposentadoria, por ocasião da conversão para o Regime
Jurídico Único da lei 8.112/90 não perdeu o tempo de
serviço anterior, por já integrado ao patrimônio jurídico, não
podendo ser suprimido ou reduzido, porque o serviço já foi
prestado, as condições de insalubridade efetivamente
existiram e nenhuma lei poderá alterá-las. Direito adquirido à
averbação do tempo de serviço prestado em condições insalubres,
como determinava a lei anterior, a despeito de lei superveniente. .
Reconhecido o tempo de serviço trabalhado em condições
insalubres nos períodos discriminados na inicial, o autor terá tempo
suficiente para a aposentadoria antes da vigência da MP nº
1.522/96, fazendo jus à percepção da vantagem prevista no a rt.
192 da Lei 8.112/90. . Correção monetária fixada na esteira dos
precedentes da Turma. . Juros de mora, a contar da citação,
fixados em 12% ao ano, pois revogado, pelo Código Civil de 2002,
o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, acrescentado pela Medida Provisória
nº 2.180-35/2001 . Precedentes do STJ. Sucumbência mantida,
fixada na esteira dos precedentes da Turma. Prequestionamento
quanto à legislação invocada estabelecido pelas razões de decidir.
Apelação das autoras provida. Apelação do réu e remessa oficial
improvidas. [TRF-4ª Região, 3ª Turma, APELREE nº
2003.71.00.017242-4/RS, Rel. Des. FERNANDO QUADROS DA
SILVA, Julg. 05.09.2006.“

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO EX-CELETISTA.


CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES
PERIGOSAS, PENOSAS E INSALUBRES. ADMISSIBILIDADE.
PRECEDENTES. AGRAVO DESPROVIDO. I - A jurisprudência
desta Corte, por intermédio das duas Turmas que integram a
Eg. Terceira Seção, firmou posicionamento no sentido de
que o servidor público ex-celetista faz jus à contagem do
tempo de serviço celetista prestado em condições perigosas,
penosas e insalubres na forma da legislação vigente, à
época da prestação de serviço, ou seja, com o acréscimo
previsto na legislação previdenciária de regência.
Precedentes. II - Agravo interno desprovido. (AgRg no Ag
802.545/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado
em 07/11/2006, DJ 18/12/2006, p. 493).”

“RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. AVERBAÇÃO DE TEMPO


DE SERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. REGIME
CELETISTA. CONVERSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO PARA FINS DE
APOSENTADORIA NO SERVIÇO PÚBLICO. PRECEDENTES. 1. "1. A
jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou já
entendimento no sentido de que o servidor público ex-
celetista faz jus à contagem do tempo de serviço celetista
prestado em condições perigosas, penosas e insalubres na
forma da legislação vigente à época da prestação de serviço,
ou seja, com o acréscimo previsto na legislação
previdenciária de regência. 2. Precedentes das 5ª e 6ª
Turmas." (REsp nº 441.383/PB, da minha Relatoria, in DJ
19/12/2002). 2. Recurso provido. (REsp 640.083/SC, Rel. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 24/08/2004,
DJ 25/10/2004, p. 416).”

“ADMINISTRATIVO - RECURSO ESPECIAL - SERVIDOR PÚBLICO -


AFRONTA A DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL - NÃO
CONHECIMENTO - FALTA DE PREQUESTIONAMENTO - SÚMULA
356/STF - APOSENTADORIA - EX-CELETISTA - ATIVIDADE
INSALUBRE - AVERBAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO -
POSSIBILIDADE - DISSÍDIO PRETORIANO NÃO COMPROVADO. 1
(...). 4 - O servidor público que, quando ainda celetista,
laborava em condições insalubres, tem o direito de averbar
o tempo de serviço com aposentadoria especial, na forma da
legislação anterior, posto que já foi incorporado ao seu
patrimônio jurídico. 5 - Precedentes (REsp nºs 513.233/RN,
427.637/PR, 307.670/PB e 292.734/RS). 6 - Recurso
conhecido, nos termos acima expostos e, neste aspecto,
desprovido. (REsp 616.229/RN, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI,
QUINTA TURMA, julgado em 28/04/2004, DJ 01/07/2004, p. 275).”

“ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO


FEDERAL. REGIME CELETISTA. CONVERSÃO. TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL. POSSIBILIDADE. ATIVIDADE INSALUBRE.
PRECEDENTES DO STJ E STF. 1. O servidor público, ex-
celetista, que exerceu atividade perigosa, insalubre ou
penosa, assim considerada em lei vigente à época, tem
direito adquirido à contagem de tempo de serviço com o
devido acréscimo legal. Precedentes. 2. O servidor, por
conseguinte, faz jus à expedição de Certidão de Tempo de
Serviço pela Autarquia Previdenciária, da qual conste o
tempo integral, já computada a contagem ficta, e à
averbação deste período no serviço público, para fins de
aposentadoria estatutária. 3. A contagem de tempo de serviço
especial, prestados sob condições penosas, insalubres ou
perigosas, após o advento da Lei n.º 8.112/90, imprescinde da
regulamentação do art. 40, § 4º, da Constituição Federal. 4.
Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 538762 / RS ; Relatora
Ministra LAURITA VAZ, Órgão Julgador - QUINTA TURMA, Data do
Julgamento 06/05/2004).”

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. PROCESSUAL CIVIL. CONVERSÃO


DE TEMPO DE SERVIÇO. EX-CELETISTA. ATIVIDADE INSALUBRE.
DIREITO ADQUIRIDO. JUROS MORATÓRIOS. TAXA. - O servidor
que se encontrava sob a égide do regime celetista quando da
implantação do Regime Jurídico Único, tem direito adquirido a
averbação do tempo de serviço prestado em condições de
insalubridade, na forma da legislação anterior. (...). - Recurso
especial não conhecido.” (REsp 436313 / RS ; Relator Ministro
VICENTE LEAL, Órgão Julgador - SEXTA TURMA, Data do
Julgamento 20/02/2003).”

16. Ademais, a própria Autarquia Federal em momento anterior, já havia


reconhecido o direto da reclamante a averbação do tempo especial insalubre.
17. Como é cediço o e. STF pacificou sua jurisprudência no sentido de
julgar procedente o direito do servidor público a contagem de tempo especial, tudo nos termos a
seguir transcritos:

“SERVIDORA PÚBLICA. ATIVIDADE INSALUBRE. CONTAGEM


ESPECIAL DE TEMPO DE SERVIÇO EM PERÍODO ANTERIOR
ADVENTO LEI 8.112/90. DIREITO ADQUIRIDO. MUDANÇA DE
REGIME. O direito à contagem especial do tempo de serviço
prestado sob condições insalubres pela servidora pública
celetista, à época em que a legislação então vigente
permitia tal benesse, incorporou-se ao seu patrimônio
jurídico. Não obstante, para o período posterior ao advento da Lei
8.112/90, é necessária a regulamentação do art. 40, §4º da Carta
Magna. Precedentes. Recurso extraordinário conhecido e
parcialmente provido. (RE 382352, Relator(a):  Min. ELLEN
GRACIE, Segunda Turma, julgado em 09/12/2003, DJ 06-02-2004
PP-00052 EMENT VOL-02138-08 PP-01478).”

“SERVIDOR PÚBLICO. PROFESSOR. ATIVIDADE PENOSA E


INSALUBRE. CONTAGEM ESPECIAL DE TEMPO DE SERVIÇO.
DIREITO ADQUIRIDO. MUDANÇA DE REGIME. O direito à
contagem especial do tempo de serviço prestado sob
condições insalubres pelo servidor público celetista, à época
em que a legislação então vigente permitia tal benesse,
incorporou-se ao seu patrimônio jurídico. Precedentes.
Recurso extraordinário conhecido e improvido. (RE 258327,
Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em
09/12/2003, DJ 06-02-2004 PP-00051 EMENT VOL-02138-06 PP-
01075).”

“EMENTA: Agravo regimental em recurso extraordinário. 2.


Servidor público ex-celetista. Professor universitário.
Contagem especial do tempo de serviço prestado sob
condições insalubres, no período anterior à Lei no 8.112/90.
Direito reconhecido. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se
nega provimento. (RE 456480 AgR, Relator(a):  Min. GILMAR
MENDES, Segunda Turma, julgado em 13/12/2005, DJ 24-02-2006
PP-00046 EMENT VOL-02222-06 PP-01082).”
18. A administração pública pleiteia revisão/diminuição de beneficio pagos a
mais de 08 (oito) anos, assim, considerando a data da averbação (2007) e a data da
correspondência informando da revisão (2016), conforme se observa na carta em anexo, logo, a
revisão é ilegal, uma vez que o ato está fulminado pelo instituto da decadência, nos moldes do art.
54 da Lei nº 9.784/99 (regula o processo administrativo no âmbito da administração pública
federal), senão vejamos:

“Lei nº 9.784/99 - Art. 54. O direito da Administração de anular os


atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.”

“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE


SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PERCEPÇÃO DO ÍNDICE DE
47,94%. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO.
EXCLUSÃO DA VANTAGEM E DEVOLUÇÃO DE VALORES AO ERÁRIO.
DECADÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO. ART. 54 DA LEI Nº 9.784/99. I.
Trata-se de remessa oficial e apelação interposta pela FUNASA, em
face de sentença que concedeu a segurança para determinar que a
referida Fundação se abstivesse de excluir dos vencimentos do
impetrante a rubrica "1671 DECISÃO JUDICIAL TRANS. JUG.", bem
como a reposição ao erário dos valores percebidos indevidamente.
II. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé". (art. 54, da Lei
nº 9.784/99). III. Hipótese em que a impetrante recebe as
verbas, sob a rubrica "1671 DECISÃO JUDICIAL TRANS.
JUG."(47,94%), desde 1999, de modo que não cabia à
Administração, em novembro/2013, revisar ditos valores,
percebidos pelo impetrante de boa-fé e ao abrigo de decisão
judicial, uma vez configurada a decadência quanto a tal ato.
IV. Apelação improvida. (PROCESSO: 00048899320134058300,
APELREEX30613/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE
CARVALHO (CONVOCADO), Segunda Turma, JULGAMENTO:
16/06/2015, PUBLICAÇÃO: DJE 01/07/2015 - Página 72).”

19. Não resta duvida, portanto, que o ato da autoridade pública de diminuir
os proventos da servidora está revestido de indiscutível arbitrariedade, afigura-se indubitavelmente
atentatório à dignidade da pessoa humana, é uma agressão ao próprio Poder Judiciário, na medida
em que de forma abusiva e ilegal procura revisar vantagem incorporada aos proventos há mais de
08 (oito) anos e que com certeza já foram dissipados pela própria necessidade de viver.
20. Em casos semelhantes a este, onde os vencimentos foram auferidos de
forma legitima pelos servidores, a doutrina e a jurisprudência têm pacificado o entendimento no
sentido de ser inadmissível a revisão, tal como ocorre no presente caso. É o que se extrai dos
arestos adiante:
“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. REVISÃO DOS ATOS
ADMINISTRATIVOS. DECADÊNCIA DO DIREITO DO INSS REVISAR
O BENEFÍCIO. OCORRÊNCIA. ART. 103-A DA LEI Nº 8.213/91,
ACRESCENTADO PELA MP 183, DE 19/11/2003. I - Trata-se de
remessa oficial apelação cível interposta pelo INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS contra sentença que julgou
procedente o pedido do Autor, objetivando o restabelecimento do
benefício de auxílioacidente, cessado por estar cumulado com o
benefício aposentadoria por tempo de contribuição. II - Nos
termos do art. 54 da Lei nº 9.784/99, o direito da
Administração de anular os seus atos que gerem efeitos
favoráveis para seus administrados é de cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé. Quando editada a Medida Provisória nº
138, de 19.11.2003, posteriormente convertida na Lei nº
10.839/2004, ficou estabelecido um prazo específico de 10
anos para a Previdência Social ter revisto os seus próprios
atos, através da inserção do art. 103-A na Lei nº 8.213/91.
III - No caso em apreço, o ato foi revisto após 10 anos da
acumulação de benefícios. IV - Remessa oficial e apelação
improvidas. (PROCESSO: 08015744220134058100,
APELREEX/CE, DESEMBARGADORA FEDERAL CÍNTIA MENEZES
BRUNETTA (CONVOCADA), Segunda Turma, JULGAMENTO:
17/03/2015, PUBLICAÇÃO:).”

“AGRAVO. REVISÃO. APOSENTADORIA. DECADÊNCIA ART. 54 LEI


9874/99. SEGURANÇA JURÍDICA. "Deve ser aplicado o prazo
decadencial de cinco anos previsto no art. 54 da Lei
9.784/99, que se funda na importância da segurança
jurídica no domínio do Direito Público, aos processos de
contas que tenham por objeto o exame da legalidade dos
atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as hipóteses em que comprovada a má-fé do
destinatário do ato administrativo. (TRF-4 - AC: 5335 PR
2008.70.00.005335-2, Relator: MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA, Data de
Julgamento: 13/07/2010, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação:
D.E. 28/07/2010).”

“ADMNISTRATIVO. PENSÃO POR MORTE. ANULAÇÃO. DECADÊNCIA


DO DIREITO DA ADMINISTRAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. O direito da
Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
fé (art. 54 da Lei n° 9.784/99); 2. Decorridos mais de cinco
anos entre a concessão da pensão à impetrante e o ato da
administração que suspendeu seu pagamento (ao
argumento de que o regime próprio de previdência social
não mais prevê a pensão destinada à pessoa designada
maior de sessenta anos ou inválida - art. 217, I, "e", da Lei
n° 8.112/90), não poderia a Administração ter assim
procedido; 3. (...). 5. Apelação e remessa oficial improvidas.
Agravo retido prejudicado. (PROCESSO: 08009769720134058000,
APELREEX/AL, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE
OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO: 20/01/2015,
PUBLICAÇÃO:).”

“ADMINISTRATIVO. APOSENTADORIA DE SERVIDOR PÚBLICO. ATO


DE CONCESSÃO HOMOLOGADO PELO TRIBUNAL DE CONTAS.
REVISÃO. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.
ILEGALIDADE. - A vedação constante do art. 1º da Lei nº 9.94/97
não alcança os pedidos de tutela antecipada voltados a obter o
restabelecimento de uma situação jurídica anterior, modificada em
decorrência da prática de ato abusivo e ilegal pela Administração.
- Consoante reza o art. 54 da Lei nº 9.784/99, o Poder
Público dispõe de cinco anos para anular ou revisar os atos
administrativos dos quais decorrem efeitos favoráveis ao
particular. Na hipótese, o ato de concessão de aposentadoria
da servidora houvera sido homologado pelo Tribunal de
Contas da União há mais de oito anos, não sendo possível
assim a sua revisão para suprimir dos proventos pagos à
servidora os anuênios referentes ao tempo de serviço já
averbado em seu registro funcional. - Outrossim, mesmo no
curso deste prazo decadencial, a supressão de direitos e vantagens
deve ser precedida do devido processo legal, com a instauração do
contraditório e direito à ampla defesa pelo interessado, o que não
ocorreu no caso concreto. - Agravo de instrumento provido.
(PROCESSO: 200405000414768, AG59634/RN, DESEMBARGADOR
FEDERAL FRANCISCO WILDO, Primeira Turma, JULGAMENTO:
12/05/2005, PUBLICAÇÃO: DJ 16/06/2005 - Página 665).”

“ADMINISTRATIVO. VANTAGEM "OPÇÃO-FUNÇÃO-APOSENTADO"


DE SERVIDOR PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE PERCENTUAL DA
REMUNERAÇÃO DO CARGO EM COMISSÃO. DECADÊNCIA DO ATO
ADMINISTRATIVO. INOCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS. INEXISTÊNCIA. (...) 2. A
Administração Pública tem o prazo de 5 (cinco) anos para
anular ou revisar atos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários, salvo comprovada má-fé, a teor do
art. 54 da Lei nº 9.784/99. (...) 5. Apelação improvida.
(PROCESSO: 00171654820114058100, AC561400/CE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 24/10/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 31/10/2013 -
Página 122).”

“ADMINISTRATIVO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. ANULAÇÃO DE


PORTARIA. ANISTIA. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. 1. Agravo de
instrumento interposto em face de decisão que indeferiu o pleito
antecipatório sob a alegação de inexistência de prova inequívoca.
2. É cediço que o art. 54, caput, da Lei 9.784/99 prevê o
direito de a administração rever seus próprios atos em até
05 (cinco) anos após a sua prática. 3. Ao contrário do que
afirma o agravado, a Portaria nº 594/2004 não anula o ato que
concede a anistia, apenas instaura o processo administrativo que
irá verificar se há necessidade de se anular ou não a Portaria nº
2.369/2002. O exercício do direito de anular se deu, de fato,
somente em 22/12/2008, com a Portaria nº MJ 2.660 (mais de 6
anos após a concessão da anistia), restando configurada a
decadência. 4. Não merece prosperar o argumento de que a
Portaria nº 594/2004 teria interrompido o prazo do art. 54, caput,
da Lei 9.784/99. Cuida-se de prazo decadencial que, conforme o
art. 207 do Código Civil, não admite interrupção ou suspensão. 5.
Agravo de instrumento provido. (PROCESSO:
08030463120134050000, DESEMBARGADOR FEDERAL FREDERICO
KOEHLER (CONVOCADO), Primeira Turma, JULGAMENTO:
30/01/2014, PUBLICAÇÃO:).”

21. Conforme restou demonstrado perfeitamente acima, é pacífico o


entendimento dos Tribunais pátrios de que à administração pública tem um prazo decadencial de
05 (cinco) anos para rever seus atos. Assim, A beneficiária não pode ser penalizada, com a revisão
de sua aposentadoria, em virtude de estar recebendo a vantagem a mais de 08 (oito) anos e, ante
a inexistência de má-fé na incorporação do beneficio ao seu patrimônio, até porque esses valores
têm natureza alimentar.
22. Como é cediço o e. STJ pacificou sua jurisprudência nesse sentido,
senão vejamos:
“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE DE SERVIDOR PÚBLICO.
REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA.
AGRAVO REGIMENTAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE
GOIÁS DESPROVIDO. 1. Esta Corte possuía o entendimento de
que a Administração poderia anular seus próprios atos a qualquer
tempo, desde que eivados de vícios que os tornassem ilegais, nos
termos das Súmulas 346 e 473/STF. 2. Entretanto, sobreveio a
Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, publicada em 1o. de
fevereiro de 1999, que, em seu art. 54, assim dispôs: O
direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários
decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé. 3. Na hipótese dos
autos, cuidando-se de revisão de pensão por morte, o termo
inicial do prazo decadencial, do art. 54 da Lei 9.784/1999, é
a data do primeiro pagamento errôneo, o que ocorreu em
janeiro de 1998, assim, não há dúvidas de que já havia
decaído o direito da Administração Pública de rever o ato
administrativo em junho de 2010. 4. (...). 6. Agravo
Regimental do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
desprovido. (AgRg no AREsp 150.977/GO, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/06/2015,
DJe 18/06/2015).”

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. DECADÊNCIA PARA A


ADMINISTRAÇÃO REVER SEUS ATOS. O direito da
Administração Pública de anular os atos administrativos de
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai
em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé (Lei nº 9.784/99, art. 54, caput).
Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 423.967/RN, Rel.
Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/05/2014, DJe 16/05/2014).”

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.


OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. PODER DE
AUTOTUTELA ADMINISTRATIVA. ART. 54 DA LEI 9.74/1999. MÁ-
FÉ. NÃO COMPROVAÇÃO. DECADÊNCIA. TRANSCURSO DE LAPSO
TEMPORAL SUPERIOR AO QUINQUÍDIO LEGAL. 1. A solução
integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não
caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 2. Conforme pacífica
jurisprudência desta Corte, ultrapassado o prazo quinquenal para
anulação do ato administrativo, a decadência somente poderá ser
afastada se demonstrada a má-fé do administrado (art. 54, caput,
in fine, da Lei 9.784/1999), o que não se verifica no caso dos
autos. 3. In casu, ocorreu a decadência para a
Administração, uma vez que o ato de reimplantação da
verba denominada "Complemento Salário Normativo" se deu
em janeiro de 2006, sendo a referida verba suprimida em
julho de 2013, tendo sido ultrapassados os cinco anos
previstos na Lei 9.784/1999. 4. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no AREsp 646.687/MS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 01/07/2015).”

23. Ademais a diminuição dos proventos da recorrente, fere o principio da


irredutibilidade de vencimento, consagrado em nossa Constituição Federal, senão vejamos:
“Art. 37, XV, CF/88 - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto
nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153,
III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998).”

24. Por fim, além de boa-fé do requerente, que percebeu as verbas


remuneratórias em virtude de ato exclusivo da própria administração, urge destacar que os valores
ora pleiteados, por serem de natureza alimentar, foram utilizados para suprir as necessidades vitais
do autor e de seus familiares, não havendo o que se falar em enriquecimento ilícito, tudo a reforçar
ainda mais a impossibilidade da revisão.

IV – DA MEDIDA LIMINAR
25. A medida liminar é provimento cautelar admitido pela própria legislação,
quando ensejam relevantes os fundamentos da ação e quando o ato impugnado puder resultar
perigo de dano irreparável ou de difícil reparação aos substituídos, como está ocorrendo no caso
apreço.
26. Isso porque o ato impugnado irá produzir seus efeitos, uma vez que a
administração pública informou que será revisado/diminuído os proventos da aposentadoria da
autora, o que irá acarretar uma substancial redução remuneratória nos seus diminutos proventos,
que, por se referir às parcelas de natureza alimentícia, afeta de forma inquestionável todos os
membros da família, tudo a tipificar o periculum in mora para a concessão da liminar, além do que
o ato afronta expressamente o direito constitucional dos servidores (fumus boni juris) quanto a
irredutibilidade dos vencimentos prevista no art. 37, XV da CF/88, no art. 41, § 3º da Lei n.º
8.112/90 e art. 147 da Lei n.º 11.355/2006, conforme jurisprudência do e. STF e c. STJ.
27. A necessidade da concessão da medida liminar fica mais evidente eis
que o objeto da presente lide não se refere à reclassificação ou equiparação de servidores públicos
e nem à concessão de aumento ou extensão de vantagens ou pagamentos de qualquer natureza,
prestando-se apenas para suspender o processo de revisão de vantagem. EVITANDO UMA
REDUÇÃO VENCIMENTAL, o que é permitido conforme jurisprudência do c. STJ:
“RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
SERVIDOR. MANDADO DE SEGURANÇA. CENCESSÃO DE LIMINAR.
MANUTENÇÃO DE UM STATUS QUO. POSSIBILIDADE. Medida
liminar concedida em autos de mandado de segurança que visa à
manutenção de uma determinada situação, no caso, pagamento
integral dos vencimentos do impetrante, não fere o disposto na
legislação mandamental aplicada a espécie, no que diz respeito à
vedação de liminar em se tratando de concessão de vantagens
pecuniárias. Recurso desprovido.” [STJ – 5ª T., RESP – 546245/RJ,
rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 14/02/05]”
28. E mais do que isso, a requerente é aposentada, as verbas suprimidas
dos seus respectivos proventos são de caráter manifestamente previdenciário, razão da
necessidade urgente do deferimento do pedido liminar, em virtude de se tratar de verba alimentícia,
devida a pessoa de mais idade.
29. Assim, o caráter alimentar torna patente o perigo da demora até o
julgamento definitivo desta ação, quando os prejuízos decorrentes da prática do ato ilegal pela
autoridade pública já não mais poderá ser reparado por mera indenização pecuniária.

V - DO PEDIDO
30. Ante o exposto, REQUER a V. Exa. que se digne em:

a) Uma vez que trata de revisão/diminuição nos proventos de pessoa com


poucos recursos financeiros, comprometendo a renda mensal de sua família, REQUER DESSE
JUÍZO QUE SEJA DEFERIDO LIMINARMENTE e inaudita altera parte o pedido liminar acima
requestado, no sentido de determinar que a União Federal (Ministério da Saúde), SUSPENDA
IMEDIATAMENTE a revisão dos proventos de aposentadoria da requerente, contida no processo
administrativo nº 25016.006090/2016-70 (Carta n° 889/2016-SEGAD/NE/MS/CE);

b) Após a concessão da medida acautelatória, que seja intimada a União


Federal, no endereço constante no preâmbulo da inicial, para que cumpra a respeitável decisão,
fiel, integral e imediatamente, estabelecendo um prazo de 05 (cinco) dias para implantação da
medida, sob pena de multa diária a ser fixado por este Juízo;

c) A citação da suplicada, no endereço constante desta inicial para,


querendo, no prazo legal, contestar a presente ação, sob pena de se assim não fazendo, sofrer os
efeitos da revelia;

d) Suspender os descontos, tendo em vista a decadência ao direito de


revisão do Ministério da Saúde e, determinar restituição dos valores eventualmente descontados;

e) Que na ocasião do julgamento de mérito SEJA CONCEDIDA A


SEGURANÇA PLEITEADA e confirmada a decisão liminar em todos os seus termos no sentido de
SUSPENDER IMEDIATAMENTE os descontos nos proventos da autora, tornando definitiva a
impossibilidade do Ministério da Saúde diminuir os valores dos proventos de aposentadoria, bem
como reincorporar e restituir as parcelas que porventura foram descontadas, acrescidas de juros e
correção monetária;

f) A condenação da parte promovida ao pagamento das custas processuais,


bem como em honorários de sucumbências no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor
da causa, tudo devidamente corrigido e acrescido de juros de mora;

g) Requer a concessão do benefício da Justiça Gratuita, nos termos do


inciso LXXIV, do art. 5º, da CF/88, Parágrafo Único do artigo 2º e Art. 4º da Lei nº 1060/50 por
tratar-se de pessoa pobre, na acepção jurídica da palavra, sem condições de arcar com as
despesas do processo e honorários advocatícios, sem que isto lhe venha a causar sérios prejuízos
ao sustento de sua família;

h) Proceder ao julgamento antecipado da lide. Caso assim não entenda


esse d. juízo, protesta desde logo por todas as provas admitidas no direito, especialmente pela
juntada de novos documentos, provas testemunhais e periciais e por tudo mais que se fizer
necessário à cabal demonstração dos fatos articulados na presente inicial;

I) Por fim, declara a reclamante estar ciente de que os valores postulados


perante o Juizado Especial Federal não poderão exceder 60 (sessenta) salários mínimos, razão
pela qual renuncia expressamente, até a presente data, ao excedente

Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), para efeitos fiscais.

Espera deferimento.

Fortaleza (CE), 07 de julho de 2016.

XXXXXXXXXX
OAB/CE nº. XXXXXX

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