As transformações da sociedade Portuguesa da ditadura à democracia.
Entre 1933 e 1974, Portugal viveu a mais longa ditadura da Europa. Sob o governo de António de Oliveira Salazar criou-se um Estado Novo com o objetivo de retirar o país das graves dificuldades económicas e da instabilidade política herdadas do período da I República (1910-1926). Ao chamar para si a missão de levantar a glória perdida da nação, Salazar manteve durante décadas os portugueses debaixo de um regime ditatorial apertado em que a liberdade de expressão foi proibida e a participação popular limitada. Eram os anos finais da Guerra Colonial e a pressão internacional em acabar com o conflito em África, bem como os ventos democráticos que se faziam sentir na Europa, acabaram por influenciar a Revolução de Abril de 1974. A partir de 1986, o país iniciou a sua marcha rumo ao desenvolvimento económico, com uma estabilidade política a contribuir para o sucesso da jovem democracia e que trouxe para Portugal investimentos capazes de modernizar o país.
A importância dos direitos
Evidentemente, ainda há muito o que se fazer para que os direitos humanos sejam verdadeiramente respeitados e cidadãos do mundo todo tenham assegurado o direito a uma vida mais digna e justa. Mas, na medida em que se configura em um pacto internacional que projeta avanços concretos, os 70 anos da Declaração devem ser celebrados a fim de que os valores e os propósitos contidos no documento possam estar verdadeiramente contemplados na atuação dos governos no mundo todo. O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram – e, lamentavelmente, ainda resultam – em atos bárbaros que até hoje ultrajam a consciência de todos nós que defendemos, atuamos e ansiamos por um mundo amparado por justiça e liberdade. Não podemos aceitar que esses atos se repitam. Não podemos mais conviver com violações de direitos, supressões de liberdades individuais, regimes totalitários, violências de Estado, guerras e retrocessos desse tipo. Nosso desafio, neste momento da História, é reduzir significativamente o fosso entre as normas de direitos humanos e a realidade de sua não aplicação. Precisamos, de forma célere e coletiva, estabelecer e colocar em prática estratégias de promoção e de desenvolvimento dos direitos humanos para a próxima década. E essa estratégia deve, necessariamente, responder prioritária e eficientemente ao desafio da pobreza e da desigualdade posto ao redor do planeta. E liberdades na construção do bem comum O princípio do bem comum é o princípio personalista de justiça política, decorre imediatamente do princípio da dignidade da pessoa humana e é estranho tanto às doutrinas individualistas e liberais quanto às coletivistas e totalitárias. É um princípio que reclama a democracia como condição para sua realização. Sendo a democracia não é apenas o regime mais favorável para sua efetivação, mas o único regime capaz de realizá-lo politicamente. Para compreender a ideia de bem comum primeiro é necessário imergir no conceito de bem, uma categoria fundamental da filosofia prática e da ética clássica.