Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CIÊNCIAS SOCIAIS

As palavras e as coisas; Michel Foucault; As ciências humanas.


Ian Flávio Costa; Epistemologia das Ciências Sociais IV semestre.

Resumo:
Michel Foucault, em As ciências humanas, texto de As palavras e as coisas, explica a
origem do ser humano como objeto de estudo. As ciências já haviam vindo se desenvolvendo há
séculos até que se pretendesse tomar o observador como objeto. Há muito já se pensava em
explicar o universo e tudo que há nele, sem perceber que a essência do entendimento dessa
Mathesis universalis é pensada pelo ser humano, portanto, é necessário entender as categorias
humanas para que se compreenda o que ele busca enquanto verdade. As matemáticas vinham
quantificando o universo, mas as humanidades chagaram, séculos depois, no fim do renascimento
até o fim do séc. XIX para qualifica-lo. Tendo como objeto aquele mesmo que quantificava. A
subjetividade desse ser transcendia a mera quantificação da matemática e ainda a qualificação que
sua própria ciência o tentava classificar. Biologia, Economia e Filologia serviram de base para
categorizar as várias esferas de atuação desse objeto e compreender sobre ele algum
conhecimento. O ser humano (como objeto) é tão recente quanto a ciência que criou para entender
a si mesmo.

Citações:
“[..] o objeto das ciências humanas não é esse homem que , desde a aurora do mundo, ou o
primeiro grito de sua idade de ouro, está destinado ao trabalho; é esse ser que, do interior da
produção pelas quais toda a sua existência é comandada, forma a representação dessas
necessidades, da sociedade pela qual, com a qual ou contra a qual se satisfaz, a partir daí, pode
ele finalmente se dar a representação da própria economia.” Pág. 488.
“Vê-se que as ciências humanas não são uma analise do que o homem é por natureza, são antes
uma análise que se estende entre o que o homem é em sua positividade (ser que vive, trabalha,
fala) e o que permite a esse mesmo ser saber (ou buscar saber) o que é a vida, em que consistem
a essência do trabalho e suas leis, e de que modo ele pode falar.” Pág. 488.
“Elas reconduzem sub-repticiamente as ciências da vida, do trabalho e da linguagem, para o lado
dessa analítica da finitude que mostra como pode o homem haver-se, no seu ser, com essas coisas
que ele conhece e conhecer essas coisas que determinam, na positividade, seu modo de ser.” Pág.
489.
“Assim, esses três pares, função e norma, conflito e regra, significação e sistema, cobrem por
completo, o domínio inteiro do conhecimento do homem,” Pág. 494.
“Pela fragmentação do espaço onde se estendia continuamente o saber clássico, pelo enredamento
de cada domínio assim liberado sobre seu próprio devir, o homem que aparece no começo do
século XIX é “desistoricizado”. Pág. 510.

Comentário crítico:

É curioso ver a necessidade que os grandes filósofos, sociólogos, tem de explicar


a humanidade. Foucault retoma essa discussão traçando as origens e as funções dessas
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CIÊNCIAS SOCIAIS
ciências que pretendem explicar a humanidade. No entanto a tentativa cai em contradição,
pois assim como seu objeto ela se tornará subjetiva demais para ser um conceito geral
(Mathesis universalis). A necessidade, também, de compreender o universo no qual esse
ser está inserido entra em paradoxo pois passa depender a priori da compreensão desse
ser. Pois é ele quem entende o que está posto, ele que dá significado as coisas. Após
séculos de estagnação e distanciação de si a ciência finalmente encontra a sua frente o
mesmo problema de todo o conhecimento, gravado no templo de Delfos: “Conhece-te a
ti mesmo, e conhecerás os deuses e o universo”.

Você também pode gostar