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Projeto Araribá

Atividade extra – Geografia

Um percurso tumultuado: tocha olímpica reacende a questão do Tibete


A tocha olímpica, símbolo que evoca a lenda de Prometeu que teria
roubado o fogo a Zeus para entregá-lo aos mortais, desde as olimpíadas de
1936, vem sendo um acontecimento internacional, precedendo sempre a
abertura oficial dos jogos e permanecendo acesa no país anfitrião, até que
estes se encerrem.
No entanto, o atual percurso da tocha, iniciado em Pequim no último dia
31 de março, tem sido marcado por manifestações e protestos, que parecem
distantes do ideal olímpico de confraternização entre os povos. Na verdade o
percurso do fogo olímpico tem servido na prática para reacender a questão do
Tibete, que desde sua incorporação definitiva ao território da República Popular
da China em 1950, luta por sua independência, autonomia e respeito aos
direitos humanos e tradições culturais de sua população.
Atualmente o Tibete é uma região autônoma chinesa, com nome chinês
e governo local nomeado por Pequim. Possui um vasto território,
escassamente povoado por pouco mais de 7 milhões de habitantes e área
aproximadamente do tamanho do nosso estado do Pará. A maior parte do
território dominada pelo Planalto do Tibete (também conhecido como o “teto do
mundo” pelas suas altitudes) e ao sul, pela Cadeia do Himalaia.
Desde o século XVII o Tibete vinha sendo governado pelos Lamas
(líderes políticos e religiosos budistas). O atual governo em Pequim alega que
desde essa época este território já era considerado parte da China e que só em
um curto período, de 1912 a 1950, o Tibete gozou de uma independência
relativa e temporária. Portanto, para o governo de Pequim, não existe questão
tibetana, apenas desordeiros liderados por monges, com o Dalai Lama como
cabeça, desejosos de prejudicar a imagem internacional do país ao reivindicar
uma independência inconseqüente e absurda, às vésperas do mais importante
evento esportivo mundial.
Mas o fato é que no úiltimo dia 10 de março, o governo chinês reprimiu
violentamente manifestações na capital do Tibete, Lhassa, iniciada por
religiosos, mas com adesão popular subseqüente. Líderes proibidos de entrar

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no Tibete e que estabeleceram um governo paralelo como exilados na Índia,
acusaram as tropas chinesas de massacrar dezenas de manifestantes,
acusação que foi negada pelo governo chinês. O dia 10 de março marcava os
49 anos do grande levante tibetano contra a ocupação chinesa.
As posições em relação a essa questão estão muito polarizadas. Boa
parte da opinião pública mundial apóia a causa tibetana, ou seja, o desejo de
maior autonomia política ou independência, liberdade religiosa, respeito aos
direitos humanos e à cultura marcada pelo budismo. A figura do Dalai Lama,
que deveria ser o atual líder político e religioso do Tibete angariou respeito
internacional, em sua pregação contra o genocídio cultural do seu povo, o que
irrita o governo de Pequim. Por outro lado, o governo chinês não pode
demonstrar fraqueza, pois isso despertaria o desejo de independência de
outras regiões e povos, já que a China é um país multiétnico, assim como a
Rússia, a Espanha, a Turquia, a Índia e tantos outros.
O governo chinês desejava aproveitar as olímpíadas para mostrar ao
mundo sua face de tolerância, de respeito aos direitos humanos (às minorias, à
escolha religiosa, às tradições culturais, à liberdade de pensamento, etc),
enfim, de relativa modernidade política associada ao seu inegável progresso
econômico das últimas décadas. Mas esse desejo parece estar mais longe do
que nunca, agora que reacendeu-se o debate internacional sobre o Tibete e de
forma inédita, a tocha olímpica foi apagada em sua tumultuada passagem por
Paris.

Objetivos
• Utilizar o tema das olimpíadas como motivação para o aluno do
ensino fundamental conhecer um pouco mais a China e o complexo tema do
Tibete;
• Despertar a curiosidade do aluno pelo tema do Tibete nas diversas
mídias;
• Trabalhar a Declaração Universal dos Direitos Humanos frente à
soberania dos Estados-Nações: contradições;
• Reconhecer a necessidade do respeito às minorias étnicas, religiosas,
linguísticas, etc, dentro de um território.

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Indicação: 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II.

Desenvolvimento (duas aulas)


• Leitura em classe do texto sobre a questão tibetana, localizando a
região em um mapa da Ásia. Destacar da leitura palavras e termos novos para
os alunos.
• Fazer a leitura dos artigos que seguem contidos na Declaração
Universal dos Direitos Humanos e na Carta das Nações Unidas (ONU).
• Explicar à classe o significado geral desses artigos e seus termos
mais importantes, já grifados abaixo.
• Solicitar aos alunos que tragam para a aula seguinte mais
informações sobre o Budismo, sobre o Tibete e atualidades sobre a China.
• Na aula seguinte, solicitar que os alunos exponham brevemente as
pesquisas que tenham feito, comentá-las e propor que a classe, organizada em
duplas, coloque de forma escrita possíveis soluções para a questão do Tibete.
Não deixe de enfatizar a necessidade das soluções estarem de acordo com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos e com a Carta das Nações Unidas
nos trechos extraídos abaixo.
• Ao final, os alunos deverão expor suas propostas de solução do
conflito, com comentários do professor.

Declaração Universal dos Direitos Humanos


“Artigo 18° - Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e
de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como
a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em
público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.”
“Artigo 21° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos
negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes
livremente escolhidos. 2.Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às
funções públicas do seu país.”

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Carta das Nações Unidas
Capítulo I: OBJETIVOS E PRINCÍPIOS
Artigo 1º
Os objetivos das Nações Unidas são:
Desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio
da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas
apropriadas ao fortalecimento da paz universal; (neste caso nações com sentido de Estado-
Nação e povos como habitantes desse Estado-Nação).

Artigo 2º
A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus
membros;” (A China, como membro das Nações Unidas é independente, com direitos
iguais a qualquer país e tem soberania total sobre seu território, ou seja, nenhum país
pode interferir em suas leis e regras internas)
Nenhuma disposição da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervir em
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, ou
obrigará os membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da
presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas
constantes do capítulo VII.

Sugestões

Filme:
Sete Anos no Tibete

Sites:
http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/pm/Tratados/carta-onu.htm
http://www.un.org/spanish/Depts/dpi/portugues/charter/index.htm
http://www.onu-brasil.org.br/documentos_carta.php
http://www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm
http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php
http://www.embchina.org.br/por/default.htm

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