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JEAN PIAGET

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO
Nasceu em 9 de agosto de 1896, na Suíça;
interessou-se pelas ciências muito cedo, realizou
seu primeiro trabalho científico com 10 anos
(sobre um pardal albino).
Inicialmente escreve sobre temas zoológicos,
depois: Teologia, Biologia, Sociologia, Filosofia,
Psicologia, Lógica, Física e Matemática.
Doutorou-se em ciências naturais em 1918.
Preocupou-se em elaborar uma teoria do
conhecimento : como o organismo conhece o
mundo?
Para ele só o conhecimento possibilita um estado
de equilíbrio interno e adaptação ao meio.
Buscava a gênese do conhecimento: quais
processos mentais ajudam uma criança a
resolver um problema?
Os psicólogos do desenvolvimento estavam
mais interessados pelos aspectos quantitativos
da inteligência, ao aplicar testes, Piaget
interessou-se mais pelas respostas incorretas
das crianças e, por isto, concentrou-se nos
aspectos qualitativos.
Passa a estudar os processos cognitivos
observando seus próprios filhos e através do
contato constante com sujeitos de diferentes
idades.
Foi nomeado diretor do instituto J.J. Rousseau
em 1921.
Sua obra sofreu resistência por parte da
psicologia americana que à época era
dominada pelo mecanicismo.
No período pós-guerra, a obra de Piaget
começa a ser aceita na América do Norte; no
Brasil, passa a ser conhecido na década de 60.

ATENÇÃO:
o “método Piaget” não existe!
Sua teoria é nomeada Epistemologia Genética:
associado à idéia de gênese, de evolução.
Entre uma estrutura (ponto de partida) e uma
estrutura mais complexa (ponto de chegada)
temos um processo de construção. A
construção de uma nova estrutura se dá,
necessariamente, pela conservação e
superação da estrutura anterior.
Para ele a função do desenvolvimento não é
produzir cópias internalizadas da realidade
externa mas, produzir estruturas lógicas que
possibilitem uma atuação sobre o mundo mais
flexível e complexa.
EMPIRISMO, RACIONALISMO E PIAGET
Para os racionalistas (Descartes,Spinoza e
Kant) a razão é mais poderosa que a
experiência sensorial porque nos possibilita
saber com certeza muitas verdades que a
experiência sensorial nunca poderia averiguar.
Os racionalistas mostraram que nossos
sentidos muitas vezes nos enganam através de
ilusões perceptivas. A experiência sensorial
não pode nos fornecer o conhecimento
verdadeiro.
O poder da razão tem sua origem em alguns
conhecimentos e conceitos inatos.
Piaget viu elementos verdadeiros e falsos
nos dois campos de saber.
Percebe que a observação e a razão não
podem ocorrer uma sem a outra.
Estrutura, então sua teoria Construtivista –
Interacionista:
O conhecimento não vem diretamente
do ambiente. Vem da interação entre o
objeto do ambiente e o conhecimento
que o sujeito traz para a situação.
 Não é o estímulo que automaticamente
estimula o sujeito, é o sujeito que age
sobre o objeto e o transforma quando o
observa.
 O conhecimento que um sujeito obtém de
um objeto depende daquilo que ele já
sabe e é adquirido através de um
processo construtivo a partir do interior
de cada um.
 O conhecimento é organizado em torno
de duas estruturas: a lógico-aritmética e a
espaço-temporal.
O conhecimento físico refere-se ao
conhecimento dos objetos observáveis
na realidade externa sua fonte está nos
próprios objetos.
A única maneira de a criança descobrir
as propriedades físicas dos objetos é
agindo sobre eles e refletindo sobre o
fato de que os objetos reagem à sua
ação.
O conhecimento físico é parcialmente
empírico.
O conhecimento lógico-matemático tem
sua fonte inteiramente na criança.
Sua origem se dá na ação mental da
criança e não pode ser construído sem
uma estrutura lógico matemática que,
por sua vez, não pode ser construída se
não houver objetos no ambiente para a
criança relacionar com outros.
Princípios que fundamentam sua teoria:
CONSTRUTIVISMO – conhecimento resulta da ação
do sujeito sobre objetos.
INTERACIONISMO – conhecimento resulta de
trocas realizadas pelo sujeito com o meio ou
com os objetos (idéias, sentimentos, valores,
crenças).
ESTRUTURALISMO – construção vai além dos
conteúdos da interação, constrói-se a
capacidade de pensar, de organizar, de
conhecer, ou seja, as próprias estruturas
mentais vão, durante o processo de construção
de conhecimentos, tornando-se cada vez mais
complexas. 11
Principais conceitos:
DESENVOLVIMENTO – relaciona-se a formas, às
estruturas.
APRENDIZAGEM – refere-se a conteúdos. Processo
endógeno.
DESENVOLVIMENTO HUMANO: adaptativo ao meio,
através da interação entre sujeito e mundo.
DESEQUILÍBRIO – interação com o meio ou objetos
de conhecimento.
ADAPTAÇÃO: assimilação e acomodação
AÇÃO – força movida pelo interesse em
recuperar o equilíbrio.
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REALIDADE PSICOLÓGICA - que vem do sujeito,
nossa percepção da realidade relaciona-se
com aspectos internos.
APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO - processos
de desenvolvimento são condição prévia para
a realização de um aprendizado; assim, a
aprendizagem deriva do desenvolvimento e
os processos de ensino ficam subordinados
aos processos de desenvolvimento.

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ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO
Desenvolvimento humano segue etapas
sucessivas e universais.
Sensório-motor: nascimento até 18/24 meses.
Presença da inteligência, mas não do
pensamento.
 Inteligência – solução de um problema novo
(coordenação de um meio para atingir um
fim),
 Pensamento – inteligência interiorizada,
apoiada sobre o simbolismo.
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Pré-Operatório: 2 anos até 7/8 anos.
 Função Simbólica – representar uma coisa
por meio de outra
 Realiza no plano da representação o que foi
construído anteriormente.
Operações Concretas: 7/8 anos até 12/15
anos
 Lógica dirigida a objetos manipuláveis.
Capacidade de conservar um objeto no
decurso das transformações que são
reversíveis..
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 Operações Formais: 12 anos...
Lógica do discurso - raciocínio sobre
enunciados verbais, raciocinar sob o ponto
de vista do outro. Raciocínio hipotético-
dedutivo.
A construção do conhecimento ocorre
quando acontecem ações físicas ou mentais
sobre objetos que provocam o desequilíbrio.

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LEV VYGOTSKY
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO PELA ABORDAGEM
SÓCIO HISTÓRICA
• Lev Semenovich Vygotsky nasceu a 17 de novembro de
1896 em Orsha, uma pequena cidade na Bielo-Rússia. Era
de origem judaica e cresceu em um bom ambiente
intelectual e estável financeiramente.
• Estudou Direito e Literatura, História e fez cursos na
faculdade de Medicina, sendo assim, seu percurso
acadêmico foi marcado pela interdisciplinaridade já que
transitou por diversos assuntos, desde artes, literatura,
lingüística, antropologia, cultura, ciências sociais,
psicologia, filosofia e, posteriormente, até medicina. O
mesmo aconteceu em sua atuação profissional, que foi
eclética e intensa e esteve sempre associada ao trabalho
intelectual; apesar de seu interesse central ser o estudo
da gênese dos processos psicológicos tipicamente
humanos, em seu contexto histórico cultural.
• Faleceu em Moscou, em 11 de junho de 1934, vítima de
tuberculose, doença com que conviveu durante 14 anos.
Inspirado nos princípios do materialismo
dialético ele considera o desenvolvimento da
complexidade da estrutura humana como um
processo de apropriação pelo homem da
experiência histórica e cultural; segundo ele,
organismo e meio exercem influência
recíproca, portanto, o biológico e o social não
estão dissociados. É por isto que seu
pensamento costuma ser chamado de sócio
interacionista. É necessário ressaltar que na
abordagem vygotskyana o que ocorre é uma
interação dialética que se dá, desde o
nascimento, entre o ser humano e o meio
social e cultural que se insere.
Rejeita a noção de funções mentais fixas e
imutáveis, adotando a idéia do cérebro
como um sistema muito plástico, cuja
estrutura e modo de funcionamento são
modelados no decorrer da história da
espécie e do desenvolvimento individual.
Isto acontece através da mediação que é
feita pela representação mental através do
uso dos símbolos (linguagem), dispensando
os referenciais concretos.
Assim, as funções psicológicas superiores,
através da operação com os sistemas
simbólicos, são construídas de fora para
dentro do indivíduo.
Embora não trate o desenvolvimento como a aquisição
de etapas, Vygotsky afirma que o pensamento passa por
estágios diferenciados, não lineares, onde as novas
aquisições são mediadas pela linguagem.

Elaboração
do
pensamento
pro
complexos

Formação
de
conjuntos
sincréticos
Formação dos
conceitos
propriamente
ditos.
CONSIDERAÇÕES VYGOTSKYNIANAS

• É uma abordagem holística, sistêmica, oposta


a estudos de elementos isolados do todo;
• A compreensão completa do pensamento
humano só é possível quando é entendida sua
base afetivo volitiva.
• A consciência não se constitui uma cópia da
realidade externa, mas o seu desenvolvimento
interpessoal.
• A cultura não é considerada como um sistema
estático, mas um instrumento pessoal de
pensamento e ação.
Desenvolvimento
potencial

Desenvolvimento
real

Relação entre desenvolvimento e


aprendizagem para Vygotsky.
HENRI WALLON
TEORIA PSICOGENÉTICA DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO
• Henri Wallon nasceu na França em
1879; viveu toda sua vida em Paris,
onde morreu em 1962. Teve uma vida
marcada por intensa produção
intelectual e ativa participação nos
acontecimento que marcaram sua
época.
• Antes de chegar à psicologia passou
pela filosofia e medicina, numa
trajetória que trouxe marcas para
formulação de sua teoria. Ao longo de
sua carreira foi cada vez mais explícita a
aproximação com a educação.
Buscando compreender o psiquismo
humano, Wallon volta sua atenção para
criança, pois através dela é possível ter
acesso à gênese dos processos psíquicos;
ele faz uma investigação abrangente e
global da criança, enfocando os domínios
afetivo, cognitivo e motor, verificando os
vínculos com o todo da personalidade.
Considerava que o sujeito constrói-se na
sua interação com o meio, por isto buscava
compreender as relações estabelecidas
entre a criança e o seu ambiente.
Wallon entende que a partir do componente
orgânico e do aspecto emocional surge a
primeira forma de consciência, de onde virá
a consciência reflexiva que promove o
conhecimento da realidade.
Inicialmente incapaz de agir sobre o mundo
físico, a criança atua sobre o ambiente
humano para satisfazer suas necessidades.
Assim, o desenvolvimento será
determinado tanto por aquilo que a criança
captar do mundo quanto pelo seu
amadurecimento orgânico, sugerindo uma
perspectiva psicogenética essencialmente
sócio cultural.
Para Wallon o desenvolvimento se dá por
etapas, porém ele não elabora uma análise
etária, mas sim um levantamento das
capacidades do sujeito, incluindo aspectos
motores, perceptivos, cognitivos e lúdicos.
Portanto, para compreender a evolução do
pensamento infantil são necessários os
saberes da patologia, neurologia,
antropologia, psicologia animal.
A evolução da pessoa ocorre a partir dos
processos:

ANABÓLICO CATABÓLICO

SUJEITO SUJEITO
As etapas do desenvolvimento, para Wallon, se
subdividem assim:
• As primeiras semanas de vida são inteiramente
dominadas por funções de ordem fisiológica –
vegetativas.
• A partir dos três meses a criança começa a
estabelecer ligações entre seus desejos e as
circunstâncias exteriores, o reflexo condicionado
se torna possível; aparece o sorriso – indício do
despertar da criança a seu meio humano.
• A idade de seis meses, a gama de que a criança
dispõe para traduzir suas emoções é bastante rica
para dar-lhe uma vasta superfície de troca com o
meio humano, período emocional, intuitismo
fecundo.
• Depois dos nove meses, aparece uma nova
capacidade, etapa sensório motora (e não mais
emocional) que cobrirá o segundo ano de vida. É
a época da aquisição da marcha e da linguagem,
ambas abrem à criança um mundo novo, mas de
outra natureza: o mundo dos símbolos.

• A crise de personalidade, por volta dos três anos,


marcada por um novo movimento de alternância,
por um ensimesmamento da criança, para um
novo esforço de libertação. Esforço voluntarista,
idade negativista do NÃO, do EU, do MEU.
• Idade da graça, por volta dos quatro anos a
criança torna-se atenta a suas atitudes, ao seu
comportamento. Desenvolve o gesto
compassadamente para si mesmo, conferindo-lhe
uma espécie de valor estético, então surge a
timidez. Pela mesma época aparece a necessidade
de imitação, que tem o caráter de rivalidade com
o adulto que a criança gostaria de excluir. Ela
observa mais e, do ponto de vista intelectual,
torna-se capaz de classificar e seriar. Em família,
ainda é parte da constelação.
• A idade escolar – depois dos seis anos – o
interesse das crianças vai voltar-se, sobretudo
para as coisas. As mudanças e instabilidade da
vida escolar vão possibilitar a diferenciação da
personalidade da criança, até então engastada na
constelação familiar, ela vai, daí em diante,
continuamente passar de uma situação para
outra. No plano intelectual, sete a doze anos, é
aquele em que o sincretismo recua ante a análise
e a síntese (pensamento categorial). A criança se
aproxima da objetividade da percepção e do
pensamento dos adultos. Do ponto de vista
social, se liberta das constelações puramente
afetivas, passa a grupar-se diferentemente
dependendo da atividade.
• A época da puberdade parece por em xeque essa
objetividade conquistada, no plano afetivo o EU
volta a adquirir uma importância considerável e
no plano intelectual o jovem supera o mundo das
coisas, para atingir o mundo das leis.
• sincretismo é a principal característica do
pensamento infantil. No sincretismo tudo
pode-se ligar a tudo, as representações
do real (idéias, imagens) se combinam
das formas mais variadas e inusitadas,
numa dinâmica que mais se aproxima das
associações livres da poesia que da lógica
formal; pode-se, até mesmo, reconhecer
uma dimensão poética na linguagem
infantil, daí o gosta da criança por
parlendas, versinhos, etc.
•Com a superação do pensamento sincrético surge
o estágio categorial do pensamento, trata-se da
capacidade de formar categorias, ou seja, de
organizar o real em séries, classes, apoiadas sobre
um fundo simbólico estável; é uma função de
diferenciação que favorece a objetivação do real.
A formação de categorias supõe a separação entre
qualidade e coisa; para a formação de categorias
gerais abstratas é preciso que os atributos e as
circunstâncias sejam percebidos como
independentes dos objetos. Realizando a
separação entre a qualidade e a coisa, a função
categorial permite a análise e a síntese, a
generalização, a comparação.
CONSIDERAÇÕES WALLONIANAS
• A afetividade precede o aparecimento
das condutas cognitivas;
• Sinais e indícios(reações externas a partir
do que é percebido), simulacro (imitação
do ato), símbolo(fatos conhecidos) e
signo (convencionais, arbitrado) são os
“degraus” da função simbólica.
• O aparecimento da função simbólica é
um salto qualitativo no desenvolvimento.
• O ser humano é “geneticamente social”.
Representação
do mundo
Representação
do EU

Construção
sensório motora
do real

Construção
corporal do
‘eu’
Os estágios, que
para Wallon são
aquisições de
novas condutas e
não se prendem
a limites fixados
pela idade
cronológica,
assim são
denominados:
Obrigada pela atenção!
Esperamos que com este trabalho
tenhamos ajudado a incrementar seus
conhecimentos a cerca dos teóricos da
aprendizagem interacionistas.

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