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O Manifesto Comunista
“O permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições
sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época burguesa de todas as
outras... Tudo o que é sólido se desmancha no ar.”
K. Marx
Passados cento e cinqüenta anos, muitas delas tornaram-se parte da legislação social
convencional na maioria dos países, enquanto que outras foram superadas pelo tempo.
Sua intenção era fornecer alguns pontos que serviriam de plataforma política para os
partidos socialistas que começavam então a serem formados. Procurou dar-lhes algum
sentido prático enquanto não se faziam presentes as “condições objetivas” para a
revolução. Finaliza a terceira parte com uma conclamação que se tornou célebre:
“Proletários de todo o mundo, uni-vos”!
Fazendo uma síntese das suas ambições, podemos dizer que, no plano político
institucional, a Revolução de 1848 propunha-se a abolir com as monarquias
absolutistas, substituindo-as por monarquias constitucionais (como na Prússia e na
Áustria), ou simplesmente proclamar a república (como no caso da França e de várias
cidades e províncias da Itália).
No social, lutou para que adotassem melhorias nas condições de trabalho da classe
operária, como a redução da jornada de trabalho para 10 horas/dia para mulheres e
menores, acatada na Inglaterra. Esperava-se que doravante fossem derrubados os
obstáculos que dificultavam a formação de sindicatos e partidos operários, luta que foi
acompanhada pelo movimento a favor do sufrágio universal (adotado na França em
1848, mas rejeitado pelo Parlamento inglês no mesmo ano). No que tange a livre
expressão das idéias, garantiu-se a liberdade de imprensa e de livre associação. As
minorias étnicas afirmaram o seu desejo de livrarem-se do domínio estrangeiro e
formarem países independentes. Na Itália teve início o Risorgimento, que culminou
anos depois com a conquista da unidade nacional, em 1871. Com o desencadear da
contra-revolução, os reis anularam muitas dessas conquistas, mas grande parte delas
voltou a ser regulamentada e aceita nos anos que se seguiram, como exceção da
autonomia das nacionalidades e das etnias. Então qual foi o resultado da Revolução de
1848? Como escreveu Engels: “a conquista mais importante da revolução é a revolução
mesma”.
Em Paris, no mês de julho, uma intensa mobilização militar chefiada pelo Gen.
Cavaignac, utilizando-se de artilharia e tropas, varreu os agrupamentos populares,
rompendo a aliança entre a burguesia e o povo. Algum tempo depois, os russos
sufocavam os húngaros em Budapeste, e os croatas, a serviço dos austríacos, reprimiam
a população de Praga. Na Rússia, Nicolau I, “o czar de ferro”, ordenou a prisão do
Círculo Petrachevski, um grupo de intelectuais integrado pelo novelista F. Dostoievski,
condenando-os ao degredo na Sibéria. Em novembro, na cidade de Berlim, o rei da
Prússia Frederico Guilherme IV ordenara a contra-ofensiva, repudiando qualquer acordo
com a Assembléia Nacional, dizendo que “contra os democratas só adiantam os
soldados”. Marx começou a sofrer processos e julgamentos. Por duas vezes foi ao
tribunal responder a acusações de subversão. A Nova Gazeta Renana, que chegou a
vender 6 mil exemplares (número expressivo para a época), sofreu intervenção e uma
censura cada vez mais rigorosa. As autoridades prussianas, que governavam a
Alemanha renana, resolveram enfim, em maio de 1849, expulsar Marx da Colônia. Ele e
Engels interpretaram o sucesso da contra-revolução como resultado do medo da
burguesia européia dos excessos dos operários, fazendo com que se voltassem para o
partido da ordem, isto é, o dos monarcas. Mas também foi ajudada, no seu trabalho
repressor, por uma fatalidade comum às revoluções, como Engels registrou: “é destino
de todas as revoluções que esta união de diferentes classes, que em algum grau é sempre
condição necessária de qualquer revolução, não pode subsistir durante muito tempo.
Logo que se obtém a vitória contra o inimigo comum, os vencedores ficam divididos em
campos diferentes e viram suas armas uns contra os outros”.
Bibliografia
Claudin, Fernando. Marx, Engels y la revolución de 1848. Ed. Siglo XXI, Madri, 1975
Hammen, Oscar J. The Red’48 ers: K. Marx e F. Engels. Charles Scriber’s Sons, N.
York, 1969
Ivanov, N (org.). Federico Engels, vida y actividad. Ed. progresso, Moscou, 1987
Laski, Harold. O Manifesto Comunista de 1848. Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1967.
McLellan, David. Karl Marx, su vida y sus ideas. Ed. Crítica, Barcelona, 1977.