Você está na página 1de 8

1709

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

A conduta ética dos profissionais de enfermagem: uma revisão

The ethical conduct of nursing professionals: a review


La conducta ética de los profesionales de enfermería: una revisión

Aparecida das Mercês de Carvalho1, Patrícia Márcia de Carvalho1, Gilberto de Souza2, Márcio
Antônio Resende2, Sandra de Souza Pereira2, Sebastiana Auxiliadôra de Carvalho2.

RESUMO
Objetivo: Identificar a importância da conduta ética na atuação do profissional da Enfermagem.
Metodologia: Leitura e análise de artigos que abordaram temas éticos em relação aos profissionais de
Enfermagem. Realizamos também uma análise embasada nos conceitos de ética e uma revisão das
principais ideias defendidas no Código de Ética da Enfermagem. Resultados e Discussão: Os
profissionais de enfermagem devem se preocupar em ter atitudes coerentes e humanas em relação ao
paciente, respeitando e tendo conhecimento do Código de Ética. Concluímos que, o mesmo deve ter uma
visão diferenciada, respeitando os direitos do paciente durante os cuidados prestados, o que levará a uma
maior satisfação de ambas as partes, contribuindo para que a prática de enfermagem não fique restrita aos
conhecimentos técnicos, proporcionando uma prática ética, que valorize os dois saberes. O conhecimento e
a conduta ética devem caminhar juntos na vida profissional do enfermeiro, para assim alcançar os objetivos
nos mais diversos cenários da profissão. Conclusão: A prática do profissional de Enfermagem deve estar
fundamentada em princípios éticos, objetivando oferecer a melhor e mais adequada assistência. Neste
sentido, o profissional poderá ser capaz de avaliar as situações, prever resultados e tomar decisões
baseadas no Código de Ética, que dá suporte e respaldo ao exercício da sua profissão, sem ferir os
princípios éticos e seus próprios princípios.
Palavras chaves: Enfermagem, Profissional, Ética.

ABSTRACT
Aim: Identify the importance of ethical conduct in the performance of professional nursing. Methodology:
Analysis of articles that addressed ethical issues in relation to nursing professionals. We also an analysis
based on the concepts of ethics and a review of the main ideas defended in the code of ethics of nursing.
Results and discussion: Nursing professionals should worry about having consistent and humane attitudes
in relation to the patient, respecting and having knowledge of the code of ethics. We conclude that, should
have a different vision, respecting the rights of the patient during the care, which will lead to a greater
satisfaction of both parties, contributing to the practice of nursing doesn't stay restricted to knowledge
technicians, providing an ethical practice, to enhance both knowledge. Knowledge and ethical conduct must
walk together in the professional life of nurses, so as to achieve the objectives in various scenarios of the
profession. Conclusion: the professional practice of nursing must be based on ethical principles, aiming to
offer the best and most appropriate assistance. In this sense, the professional may be able to assess
situations, provide for results and make decisions based on the code of ethics, which provides support and
endorsement to the practice of your profession, without hurting the ethical principles and their own principles.

Keywords: Nursing, Professional, Ethics.

1
Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário Presidente Tancredo Neves (UNIPTAN)
2
Docente Centro Universitário Presidente Tancredo Neves (UNIPTAN).
E-mail: ssouzapereira@gmail.com.
DOI: 10.25248/REAS174_2018

Recebido em: 11/2017 Aceito em: 12/2017 Publicado em: 8/2018

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.


1710

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

RESUMEN
Objetivo: identificar la importancia de conducta ética en el desempeño de la enfermería profesional.
Metodología: Análisis de los artículos que aborda cuestiones éticas en relación con los profesionales de
enfermería. Tenemos también un análisis basado en los conceptos de ética y una revisión de las ideas
principales defendidas en el código de ética de enfermería. Resultados y discusión: Profesionales de la
enfermería deben preocuparse de tener actitudes coherentes y humanas en relación con el paciente,
respetar y tener conocimiento del código de ética. Concluimos que, debe tener una visión diferente, respeto
de los derechos del paciente durante la atención, que conducirá a una mayor satisfacción de ambas partes,
contribuir a la práctica de la enfermería no se queda limitado al conocimiento técnicos, ofreciendo una
práctica ética, mejora de ambos. Conocimiento y la conducta ética deben caminar juntos en la vida
profesional de las enfermeras, con el fin de alcanzar los objetivos en diferentes escenarios de la profesión.
Conclusión: la práctica profesional de enfermería debe basarse en principios éticos, con el objetivo de
ofrecer la asistencia más adecuada y mejor. En este sentido, el profesional puede ser capaz de evaluar
situaciones, prever resultados y tomar decisiones basadas en el código de ética, que proporciona soporte y
apoyo a la práctica de su profesión, sin perjudicar los principios éticos y sus propios principios.
Palabras claves: Enfermería, Profesional, Ética.

INTRODUÇÃO
Os princípios éticos são uma referência importante na assistência de Enfermagem: o princípio da
beneficência, fazer o bem; da não maleficência, primeiramente não fazer o mal; da justiça, distribuição justa,
equitativa e apropriada; e o princípio da autonomia, autodeterminação ou autogoverno, poder de decidir
sobre si mesmo (MENDES, 2009).
Uma postura ética leva o ser humano a realizar uma reflexão baseada em valores e princípios que fazem
parte de sua vida. São estes valores e princípios que formam o caráter individual e que definem o modo de
ser pois vem de dentro da pessoa envolvendo consciência, conhecimento, concepção, liberdade e
responsabilidade (FREITAS et. al., 2010).
[...]“Ética é o conjunto de princípios e valores que você usa para responder as três grandes
perguntas da vida humana: QUERO? DEVO? POSSO? Nem tudo que eu quero eu posso; nem
tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando
aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve” (CORTELLA, 2009).
Ao pensarmos sobre os fundamentos ou princípios éticos que pautam a ação do enfermeiro, não
podemos negligenciar as questões sobre as quais estamos discorrendo. Pois o exercício da enfermagem
engloba, basicamente, consciência, liberdade, valores e responsabilidades, que se encontram inseridos no
contexto culturalmente construído ou transformado de nossos tempos, como significados atribuídos
socialmente ao fazer do enfermeiro (FREITAS et. al., 2010).
A reflexão sobre a ética deve ser feita pela forma como o profissional define seu trabalho, como o
desempenha, as dificuldades enfrentadas, os valores e as capacidades que o motiva. Para isto, é
necessário focar-se não apenas na ética, mas na dimensão ética das vivências acumuladas, ou seja, nas
experiências.(SLOTE, 2007; HENNINGTON, 2008).
A profissão de enfermagem promove expectativas ao se aderir os ideais e normas éticas da mesma.
Esses ideais e normas constituem o coração da enfermagem e conduz este profissional a uma prática e
tomada de decisões éticas (MOTTA et. al., 2012). Assim, quando vivenciamos a desvalorização essas
perspectivas, em ambientes que parecem não valorizar as necessidades dos pacientes, experimentamos
um constrangimento da nossa agência moral, experienciando sofrimento moral (PETER et. al., 2013).
Bedrosian (2015) destaca a importância das chefias de enfermagem na construção de estratégias e
confronto, valorização dos trabalhadores da equipe, oferecimento de oportunidade e estímulo do
pensamento crítico e promoção de discussões éticas.

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.


1711

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

De acordo com o Código de Ética de Enfermagem (2000), para agir competentemente, é preciso
posicionar-se diante da situação com autonomia, para produzir o curso de ação mais eficaz. A competência
inclui o decidir e agir em situações imprevistas, o que significa intuir, pressentir e arriscar, com base na
experiência anterior e no conhecimento.
Pires e colaboradores (2013), destacam que o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem se
pauta tanto na necessidade como no direito à assistência da população, ademais, considera os interesses
do profissional e da organização. Deste modo, se centra na coletividade como um todo, visando uma
assistência acessível e sem riscos e danos.
Os cuidados de Enfermagem devem ser desenvolvidos com base no respeito pela vida, dignidade e
direitos humanos, garantindo a liberdade da pessoa humana e evocando a qualidade da assistência à
saúde. A dimensão ética assume grande relevância no processo de tomada de decisão; sua utilização por
parte dos enfermeiros nos seus comportamentos profissionais torna-se imprescindível (MENDES, 2009).
Caso ocorra alguma infração de qualquer um dos artigos do Código de Ética, e que consequentemente
infringirá os Direitos do Cliente, o enfermeiro poderá sofrer penalidades, as quais poderão ser classificadas
em leves, graves e gravíssimas, conforme a natureza do ato e circunstância de cada caso. Essas
penalidades variam, desde uma advertência verbal, multa, censura, suspensão do exercício profissional, até
a cassação do direito do exercício profissional (SANTOS et. al., 2002).
Este estudo tem como objetivo identificar a importância da conduta ética na atuação do profissional da
Enfermagem, através da leitura e análise de artigos que abordaram este tema, embasados nos conceitos de
ética e uma revisão das principais ideias defendidas no Código de Ética da Enfermagem.

METODOLOGIA
Para alcançarmos o objetivo proposto, foi realizado um levantamento de publicações com abordagem
quantitativa, baseado em leituras que abordaram temas éticos em relação à prática dos profissionais de
Enfermagem. Esta atividade foi realizada no período de fevereiro à novembro de 2017 e os estudos foram
realizados com base na literatura datada no período de 2007 a 2017, considerando palavras como
enfermagem, profissionais, conduta e ética.
Fez-se necessárias também observações diretas, tendo como foco uma análise e reflexão sobre faltas
éticas cometidas pelos profissionais de Enfermagem, em sua atuação.
Para este estudo realizamos também uma análise embasada nos conceitos de ética e uma revisão das
principais ideias defendidas no Código de Ética da Enfermagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conceituando ética
A palavra ética tem sua origem do grego ethos e significa caráter, costume, hábito ou modo de ser,
compreendendo comportamentos que determinam uma cultura ou um grupo profissional, utilizando valores.
Atuando como mecanismo social orientador do comportamento humano, a ética nos fornece valores,
princípios e normas, mostrando-nos tanto o correto e o justo, como também a responsabilidade dos
indivíduos por seus atos (OGUISSO; SCHMIDT, 2013).
Ética da forma que entendemos hoje indica o lugar onde esses costumes tomam forma e como as
pessoas costumam viver em sociedade, ela está baseada em princípios, valores, sentimentos, emoção que
cada pessoa traz dentro de si; ela reflete o ato de pensar e questionar, ou seja, um modo de ser, e com isso
o homem apresenta condutas conscientes que se reflete em suas escolhas e ações (PORTAL DA
EDUCAÇÃO, 2013).

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.


1712

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

A ética é frágil e não propõe a soberania da razão. A ética permanece incerta e inacabada, nunca está
pronta, pois durante toda nossa vida temos que estar decidindo entre o certo e o errado para a tomada de
decisões. A tomada de decisão envolve aspectos que estão intrínsecos em nossa formação como seres
humanos, que pode-se entender como valores recebidos e também de nossa formação acadêmica e
profissional (MOTTA et. al., 2016).
Segundo Motta et. al (2016), a tomada de decisão como domínio variado é constatado em níveis
diversos de complexidade, das neurociências às ciências de administração. Realça também as
contribuições de Bethelem, que qualifica o processo decisório em quatro etapas, sendo a decisão de
decidir, a definição do que está sendo decidido, a elaboração de alternativas e a seleção da alternativa que
melhor se adequar.
O universo do pensamento ético pode manifestar-se como exigência moral, imperativamente, sendo um
suporte para nossa sobrevivência em nosso cotidiano. Este universo é formado pelos componentes racional
e místico, que justificam a herança religiosa de nossos ancestrais, que muito marcou o pensamento ético
através dos tempos (MORIN, 2011).
Morin (2011), em um estudo sobre ética, afirma que tal imperativo tem como origem uma fonte interior
ao indivíduo que se sente obrigado a cumprir um dever. Porém, ao mesmo tempo sofrem a influência de
uma fonte externa que são a cultura, as crenças e as normas da comunidade. Em suas relações as pessoas
vivem para si mesmas e para o outro, se respeitam e convivem, podendo ou não se completarem.
De acordo com Leite (2014), ética é a prática que se vincula às ações humanas na sociedade e devido a
isto, fica evidente em diferentes contextos na sociedade, seja no social, político, econômico ou educacional;
contribuindo assim para uma perspectiva coletiva.
A certeza de que o homem não é uma ilha e que não sobrevive sozinho, deve levar todos os seres
humanos a um constante agir, refletir e reagir diante de seus atos e na sua convivência, na busca de
promover o bem do outro e com certeza o seu próprio bem. Sendo ético o homem nunca fará ao outro
aquilo que não quer que façam com ele (LEITE, 2014).
O pastor Fonseca (2015), apresenta várias definições de ética, entre elas: ciência que investiga os
direitos e deveres do homem na sociedade em que vive; a busca do entendimento da natureza moral para
se encontrar suas reponsabilidades e as maneiras de consolidá-las; análise de qual seria a melhor conduta
do indivíduo; é a tese da essência do bem e como este bem pode ser alcançado e define também como o
ato de refletir a ação do homem para selecionar um conjunto das melhores.
A ética compartilha com outros empreendimentos humanos em busca da verdade, mas distingue-se
deles na sua preocupação com aquilo que o homem deve fazer à luz da verdade desvendada. Ela não é
simplesmente descrita (o que significa), mas também prescritiva (o que se deve fazer) (FONSECA, 2015).
Além de preparo técnico e atualização constante, é necessário que os profissionais de enfermagem
apresentem compromisso ético para impedir o máximo possível os danos ao paciente, e para alcançar este
último, é relevante conduzir as situações de risco no exercício de sua profissão. Para tal, é preciso ter
conhecimento das suas responsabilidades ética, profissional, civil e penal de suas ações, bem como de
seus direitos e deveres. (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2013).
Schaffer e Junges (2014), ressaltam que através da reflexão e de uma ação alicerçada aos princípios da
ética e bioética, é possível que o desenvolvimento da competência ética esteja inserido ao ensino e prática.

A enfermagem e a ética profissional


A discussão sobre ética está cada vez mais presente no campo do saber acadêmico, na vida pessoal,
social e profissional, no meio científico, político e acadêmico, como também no campo das ciências sejam
elas humanas, sociais, biológicas e da saúde. Atualmente, tais discussões vêm ocupando lugar de
destaque.(KOERICH; ERDMANN, 2011),

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.


1713

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

Em relação ao aumento de erros atribuídos à prática do profissional de enfermagem, representantes do


COFEN afirmam que podem estar relacionados ao aumento e à qualidade questionável dos cursos de
formação do profissional de enfermagem (LENHARO, 2013).
Estes profissionais de enfermagem, que hoje atuam na saúde, além de terem passado por uma
formação nada confiável, não se atualizam, porque ganham mal e não existem politicas de capacitação
gratuita, sejam elas públicas ou privadas (COLLUCCI, 2012).
Os profissionais de enfermagem, além de sofrerem com o estresse e a fadiga, devido à sobrecarga de
trabalho, enfrentam a baixa remuneração que os levam a ter outro e/ou outros empregos. Estes fatores não
diminuem a responsabilidade e a obrigação de cuidar bem do paciente, tendo em vista que qualquer erro
pode levar o paciente à lesão corporal e até à morte (COLLUCI, 2012).
O conhecimento e a compreensão da ética permitem ao enfermeiro exercer com competência,
resolutividade e segurança o seu papel profissional na sociedade. O exercício da Enfermagem deve estar
baseado em valores morais da profissão, em seu código de ética e nos direitos do paciente hospitalizado,
integrando cuidado humano qualificado, guiado pelo respeito e pela promoção do paciente como um
protagonista e sujeito do cuidado. É imprescindível a incorporação de aspectos éticos e legais na vivência
profissional do enfermeiro, contribuindo para uma assistência completa e de qualidade (IZALTEMBERG et.
al., 2011).
A ética, no contexto da Enfermagem, abrange comportamentos e ações que envolvem conhecimentos,
valores, habilidades e atitudes no sentido de favorecer as potencialidades do ser humano com a finalidade
de manter ou melhorar a condição humana no processo de viver e morrer. Assim, os cuidados de
Enfermagem devem estar relacionados a ações livres de danos decorrentes de imperícia, negligência ou
imprudência (IZALTEMBERG et. al., 2011).
A ênfase na perspectiva ética do cuidar é uma responsabilidade a ser assumida por todos os envolvidos
na assistência e na formação, de forma que se desenvolva o pensamento crítico-reflexivo frente às
possíveis tomadas de decisão e suas decorrências para o enfermeiro perante seus colegas, usuários e
familiares (BORDIGNON et al., 2011).
Os problemas éticos trazem inquietações e perturbações aos enfermeiros, pois ao tentar solucioná-los
não se encontra uma solução, mas caminhos que levarão à mesma. Para isto, se requer deste profissional
a prática do exercício de deliberação ética (JUNGES et al., 2014).
A dignidade no atendimento ao usuário, seus direitos e sua vontade leva à incerteza em relação à
tomada de decisão, o que constitui um problema ético. Tendo em vista, que esta incerteza, pode gerar
dúvidas e conflitos ao profissional de enfermagem ao fazer a escolha das intervenções (DEODATO, 2014).
Ainda segundo Deodato (2014), os elementos éticos, científicos, profissionais, deontológicos, culturais
sociais e jurídicos; que são recursos da natureza multidimensional, influenciam e determinam as ações do
enfermeiro ao tomar uma decisão ética. Estes elementos conferem complexidade e incerteza na tomada de
decisão ética.
O enfermeiro, ao buscar soluções para os problemas éticos e assumir seu dever profissional, tem que se
preocupar em encontrar alternativas apropriadas para se chegar a uma decisão ética e prudente. Sendo,
que, agindo desta maneira suas decisões serão razoáveis. (ZOBOLI, 2012).
De acordo com Ramos et. al. (2015), o que se espera do profissional de enfermagem frente à
necessidade da tomada de decisões nas situações do dia a dia, em relação aos problemas éticos é que o
mesmo tenha informação e um grande compromisso com o que é correto e mais ainda, a sensibilidade
moral acentuada, o saber ético, a virtude e a experiência de vida.
O enfermeiro é o responsável por proporcionar segurança à equipe de enfermagem no desempenho de
suas atividades. Esta segurança pode minimizar o risco de infrações que se caracterizam como falta de
habilitação, falta de capacitação técnica e inabilidade em exercer a função. A ausência de precaução,

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.


1714

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

inércia, passividade, indiferença em relação ao ato realizado e inobservância do dever, caracterizam uma
ação irrefletida ou precipitada seja ela por desatenção ou negligência. (GALEGO 2015).
O profissional de enfermagem ao se deparar com os problemas éticos, não deve simplesmente seguir
normas preestabelecidas e sim ser criativo. Ele deve buscar excelência ética na prática de atenção à saúde,
pois suas respostas na busca da resolução de tais problemas têm que ser de longo alcance. (JUNGES et.
al., 2012).
A ética para os profissionais de saúde é a busca de um equilíbrio entre o ser sujeito e o dever ser. Ao se
reconhecer como parte do trabalho em saúde o profissional utiliza os códigos e outras regras para a
promoção da sua prática. É condição fundamental de uma profissão dispor de obrigações e
responsabilidades com consciência de grupo (CAMARGO, 2011).
Para que haja uma formação de profissionais conscientes e responsáveis, as questões éticas que estão
presentes em nossas experiências pessoais e profissionais merecem destaque, devendo ser contempladas
as dúvidas e os conflitos que existem no processo de formação. (RAMOS et al., 2013).
De acordo com Galego (2015), “Não se adquire consciência ética da mesma forma que se adquire saber
teórico. A conduta ética dos profissionais de Enfermagem converge, primordialmente, para o respeito à
dignidade humana e para o atendimento aos direitos dos cidadãos.”
Ressalta ainda que todos os profissionais necessitam de capacitação teórica e prática para o exercício
de suas atividades, porque, em face à ausência de conhecimento técnico ou prático, tais profissionais
podem no desempenho de suas atividades, ocasionar danos aos pacientes, indicativo de imprudência,
sinalizado pela prática de um ato perigoso, por ausência de cautela e inconsequência. (GALEGO, 2015)

Legislação que permeia a conduta ética do profissional de enfermagem


O código de ética do profissional de Enfermagem gere que toda a assistência prestada seja conduzida
com clareza e de forma adequada, tanto ao paciente como aos familiares, incluindo possibilidades de
benefícios, riscos e consequências, deixando à própria pessoa o direito de decidir sobre seu tratamento
(PIRES et. al., 2013).
Os mesmos autores ressaltam os artigos 82 e 83 do Código de Ética, sobre sigilo profissional,
esclarecendo como uma responsabilidade e também um dever do profissional manter silêncio sobre os
fatos relacionados aos pacientes e, além disso, cabe ao enfermeiro a responsabilidade de orientar sua
equipe sobre o assunto (PIRES et. al., 2013).
Siqueira-Batista e colaboradores (2015), salientam ainda que trabalhar o sigilo profissional é tarefa para
o cotidiano dos profissionais de enfermagem, e cabe à equipe definir quais informações devem ser
compartilhadas em âmbito multidisciplinar.
O código de ética de Enfermagem no artigo 8, preceitua como dever do profissional de Enfermagem a
proibição de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão de seu exercício
profissional a pessoas ou entidades que não estejam obrigadas ao sigilo (PIRES et al., 2013).
O código de ética de Enfermagem elucida que, sendo a enfermagem uma profissão comprometida com a
saúde e qualidade de vida das pessoas, família e coletividade, ela deve pautar a sua assistência atuando na
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com os
preceitos éticos e legais (BRASIL. COFEN, 1986).
No imperativo da assistência do enfermeiro à urgência e emergência, encontramos algumas
especificações que asseguram a prática deste profissional. Dentre elas, evidenciamos os artigos 26 e 33
que asseveram, respectivamente, que não cabe ao enfermeiro negar assistência de enfermagem em
qualquer caso que se caracterize como urgência ou emergência e que é vedado a este mesmo profissional
prestar serviços que por sua natureza competem a outro profissional, exceto em caso de emergência
(BRASIL, 1986).

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.


1715

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

Em contrapartida às obrigações de conduta que cabem ao enfermeiro, que constam no Código de Ética
de Enfermagem, proíbem algumas práticas no campo de ação do enfermeiro, por serem de
responsabilidade técnica do profissional médico, desde que não sejam situações de urgência e emergência.
Assim, no artigo 26 é vedado ao enfermeiro negar assistência de enfermagem em qualquer situação que se
caracterize como urgência ou emergência. Partindo deste pressuposto os artigos 31 e 33 afirmam
respectivamente que ao enfermeiro é proibido prestar serviços tais como: prescrever medicamentos e
praticar ato cirúrgico, que, por sua natureza, competem a outro profissional, excetuando-se apenas os
casos previstos na legislação vigente e em situação de emergência (BRASIL, 1986).
Ao exercer a profissão, os profissionais de enfermagem devem se lembrar sempre dos princípios éticos
que estão relacionados com a veracidade, beneficência, competência, justiça e a fidelidade para uma
prática segura de acordo aos direitos dos pacientes. O profissional de enfermagem como responsável pela
administração de medicamentos deve ser seguro ao realizar atendimentos, para que os mesmos sejam de
qualidade, podendo diminuir o sofrimento de todos os envolvidos. (CARVALHO; CASSIANI, 2002).
As penalidades aplicadas nos casos de infrações éticas são: advertência verbal, multa, censura,
suspensão e cassação do exercício profissional. Nos estudos analisados verificou-se que a penalidade mais
frequente foi a advertência verbal, sendo que esta, consiste na “admoestação ao infrator, de forma
reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, na presença de duas testemunhas” (BRASIL,
2007).
O direito do paciente à privacidade se justifica, portanto, com base em três argumentos: 1) A privacidade
se constitui um direito pessoal e de propriedade, que é violado quando ocorre o acesso desautorizado a
essa pessoa ou a informações referentes a ela; 2) A privacidade tem valor instrumental, uma vez que serve
para a criação e a manutenção de relações sociais íntimas e para a expressão da liberdade pessoal, sendo
necessária para o estabelecimento da confiança entre o médico e o paciente; 3) A privacidade se justifica
pelo respeito à autonomia do paciente e consiste em um exercício de autodeterminação (LOCH, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que há uma necessidade do profissional de Enfermagem desenvolver uma visão ampliada
em relação à assistência ética prestada, respeitar valores e ser sensível de forma a promover uma relação
eficaz com o cliente, visando assim, alcançar um resultado satisfatório. Tais atitudes podem contribuir para
auxiliar o cliente a preservar suas características culturais, durante a prestação do cuidado.
Ressalta-se que a prática do profissional de Enfermagem deve estar fundamentada em princípios éticos,
objetivando oferecer a melhor e mais adequada assistência. Neste sentido, o profissional poderá ser capaz
de avaliar as situações, prever resultados e tomar decisões baseadas no Código de Ética, que dá suporte e
respaldo ao exercício da sua profissão, sem ferir os princípios éticos e seus próprios princípios.
Torna-se de fundamental importância adicionar ao acolhimento adequado maior responsabilidade e
colaboração dos profissionais da equipe e promover, assim, uma educação permanente entre os
profissionais, delineando uma prática cotidiana atrelada aos princípios éticos.
Deste modo, embasadas na pesquisa realizada, espera-se que independentemente do nível de
formação o atuar da enfermagem na área da saúde seja permeado pela responsabilidade coletiva e pela
ética, visando, assim, uma responsabilidade ética que consolidada nos pensamentos e nas práticas dos
profissionais.

REFERÊNCIAS
1. BEDROSIAN J. Nursing is hard. Unnadressed ethical issues make it even harder. Johns Hopkins Magazine, 2015; 11(1): 76-79.
2. BORDIGNON SS, LUNARDI VL, DALMOLIN, G. L et al. Questões éticas do cotidiano profissional e a formação do enfermeiro.
Revista Enfermagem UERJ, 2011; 19(1): 94-99.
3. BRASIL, Conselho Federal de Enfermagem – COFEN, Resolução COFEN nº 240–Código de Ética de Enfermagem, 2000.
Disponível em http://www.portalcofen.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2017.

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.


1716

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

4. CAMARGO M. Fundamentos de ética geral e profissional. 10th ed. Petrópolis: Vozes, 2011; 108 p.
5. CARVALHO V T, CASSIANI SHB. Erros na medicação e consequências para profissionais de enfermagem e clientes: um estudo
exploratório. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2002; 10(4); 523-29.
6. BRASIL. COFEN. Lei nº 7498/86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências.
Disponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junhode-1986_4161.html Acesso em: 25 jun. 2017.
7. COLLUCCI C. Os erros de enfermagem. Folha de São Paulo, 2012. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/1188482-os-errosde-enfermagem.shtml Acesso em: 08 mai. 2017.
8. CORTELLA MS. Qual é tua obra?: inquietações propositiva sobre gestão, liderança e ética. 6th ed. Petrópolis: Vozes, 2009; 141 p.
9. DEODATO S. Decisão ética em enfermagem: do problema aos fundamentos para o agir. Coimbra: Almedina, 2014; 300 p.
10. FONSECA JS. Ética Cristã. Disponível em: http://docslide.com.br/documents/apostila-de-etica-crista-e-lideranca-18-pag-estudo-
biblicos.html. Acesso em: 15 ago.2017.
11. FREITAS GF, OGUISSO T, FERNANDES MFP. Fundamentos éticos e morais na prática de enfermagem. Enfermagem em Foco,
2010; 1(3): 104-108.
12. GALEGO ML. A ética no exercício profissional da enfermagem. Disponível em: http://saudeexperts.com.br/etica-no-exercicio-
profissional-da-enfermagem Acesso em: 06 jul. 2017.
13. HENNINGTON EA. Gestão dos Processos de Trabalho e Humanização em Saúde: reflexões a partir da ergologia. Revista Saúde
Pública. 2008; 42(3): 555-561.
14. CÓDIGO DE ÉTICA DE ENFERMAGEM. Disponível em: https://www.cursosaprendiz.com.br/codigo-etica-enfermagem-cepe/2007/
Acesso em: 20 jul. 2017.
15. FUNDAMENTO DA ÉTICA E DA MORAL. 2013. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/
fundamento-da-etica-e-da-moral/38495. Acesso em: 15 mai. 2017.
16. IZALTEMBERG K, VASCONCELOS R, SOARES MJGO et al. Aspectos éticos no exercício da enfermagem: Revisão integrativa da
literatura. Cogitare Enferagem, 2011; 16(4): 727-33.
17. JUNGES JR, SCHAEFER R, DELLANORA CR et al. Hermenêutica dos problemas éticos percebidos por profissionais da atenção
básica. Revista Bioética, 2012; 20(1): 97-105.
18. JUNGES JR, ZOBOLI ELCP, SCHAEFER R et al. Validation of the comprehensiveness of an instrument on ethical problems in
primary care. Revista Gaúcha Enfermagem, 2014; 35(2): 148-156.
19. KOERICH MS, ERDMANN AL. O estado da arte sobre ética em saúde no Brasil: pesquisa em banco de teses. Texto Contexto
Enfermagem, 2011; 20(3): 576-584.
20. LEITE JP. A Ética aristotélica na sociedade brasileira atual: Perspectiva da Filosofia para o Ensino Médio. Disponível em:
https://docplayer.com.br/16515762-A-etica-aristotelica-na-sociedade-brasileira-atual-perspectiva-da-filosofia-para-o-ensino-
medio.html Acesso em: 14 ago. 2017.
21. LENHARO, M. Denúncias contra profissionais de enfermagem crescem 220% em 2 anos. 2013. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018000100003. Acesso em:07 set. 2017.
22. LOCH JA. Confidencialidade: natureza, características e limitações no contexto da relação clínica. Bioética, 2003; 11(1): 51-64.
23. MENDES G. A dimensão ética do agir e as questões da qualidade colocadas face aos cuidados de enfermagem. Texto & Contexto
Enfermagem, 2009; 18(1): 165-169.
24. MORIN E. O método 6: ética. 6th ed. Porto Alegre: Sulina, 2011; 222 p.
25. MOTTA LCS, OLIVEIRA LN, SILVA E et al. Tomada de decisão em (bio)ética clínica: abordagens contemporâneas. Revista
Bioética, 2016; 26(2): 304-314.
26. MOTTA LCS, VITAL SV, SIQUEIRA-BATISTA R. Bioética: afinal o que é isto? Revista Brasileira de Clinica Médica, 2012; 10(5):
431-439.
27. OGUISSO T, SCHMIDT MJ. O Exercício da Enfermagem: uma abordagem ético-legal. 3rd ed. Revisada e Ampliada. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2013; 292 p.
28. PETER E, LIASCHENKO J. Moral distress reexamined: A feminist interpretation of nurses’ identities, relationships, and
responsibilities. J Bioeth Ing, 2013; 10(3): 337-334.
29. PIRES DEP et al. Consolidação da legislação e ética Profissional. 2nd ed. Florianópolis: Conselho Regional de Enfermagem – SC,
2013.
30. RAMOS FRS, BREHMER LCF, VARGAS MAO et al. A ética que se constrói no processo de formação de enfermeiros:
concepções, espaços e estratégias. Reista Latino-Americana Enfermagem, 2013; 21(1): 113-121.
31. RAMOS FR, BREHMER LC, VARGAS MA et al. Ethical conflicts and the process of reflection in undergraduate nursing students in
Brazil. Nurs Ethics, 2015; 22(4): 428-39.
32. BRASIL. Resolução n. 311 de 08 de fevereiro de 2007. Fica aprovado o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem para
aplicação na jurisdição de todos os Conselhos de Enfermagem. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-
3112007_4345.html. Acesso em: 07 set. 2017.
33. RODRIGUES D, OLIVEIRA E, BRASILEIRO ME et al. Legislação e ética do enfermeiro em assistência de urgência e emergência.
2013. Disponível em:
http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/8mostra/Artigos/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/Legisla%C3%A7%C3%A3o%20e%20%C3%A9ti
ca%20do%20enfermeiro%20em%20assist%C3%AAncia%20de%20urg%C3%AAncia%20e%20emerg%C3%AAncia.pdf. Acesso
em 07 set. 2017.
34. SANTOS DP, RODRIGUES JAC, PASSERI L et al. Ação Ética no Exercício da Enfermagem, 2002. Disponível em:
http://www.academia.edu/1598195/A%C3%87%C3%83O_%C3%89TICA_NO_EXERC%C3%8DCIO_DA_ENFERMAGEM. Acesso
em: 10 jun. 2017.
35. SCHAFFER, R.; JUNGES, JR. A construção da competência ética na percepção de enfermeiros da Atenção Primária. Rev. Esc.
Enferm USP, 2014; 48(2): 329-34.
36. SEGRE M, COHEN C. Bioética. São Paulo: Edusp; 2002.
37. SIQUEIRA-BATISTA R, GOMES AP, MOTTA LCS et al. (Bio)ética e Estratégia Saúde da Família: mapeando problemas. Saúde
Soc. São Paulo, 2015; 24(1): 113-128.
38. SLOTE M. The ethics of care and empathy. New York: Routledge; 2007; 74(2): 131-147.
39. ZOBOLI, E. Bioética clínica na diversidade: a contribuição da proposta deliberativa de Diego Gracia. Bioethikos, 2012; 6(1): 49-57.

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2018. Vol. Sup.11, S1709-S1716.

Você também pode gostar