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É um facto que em Angola a economia informal tem um grande peso sobre o volume de
transações comerciais, empregando um grande número de nativos e estrangeiros e sendo fonte
de diversas tipologias de activos necessários para a alimentação de várias famílias e manutenção
de vários negócios. Desta feita, uma abordagem sobre o sector informal da economia merece a
minha e a especial atenção do estimado leitor, não só por ser um oásis para várias famílias e
empresas, mas por ser também uma potencial fonte de arrecadação de receitas tributárias e
uma saudável incubadora de empreendimentos. Foi neste sentido que se decidiu compilar a
informação aqui apresentada de modo a contribuir para o debate sobre a temática.
A economia informal pode ser conceptualizada de diversas maneiras, dependendo das variáveis
e do contexto a que se refere o autor. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 1996)
o sector da economia informal é um vasto leque de comportamentos económicos, socialmente
admissíveis, realizados fundamentalmente com finalidades de sobrevivência e que escapam
quase totalmente ou, pelo menos, parcialmente ao controlo dos órgãos do poder público
local/regional/ nacional em matéria fiscal, laboral, comercial, sanitária ou de registo estatístico.
Um estudo feito pela OIT (2000) cita que quarenta por cento do emprego urbano na América
Latina e Caraíbas era emprego informal, já em África essa relação era de 61% e situou-se entre
40% e 60% no continente asiático.
Um estudo apresentado pelo Bureau Internacional do Trabalho (2014), indicou que em países
da África Subsariana a economia informal é comum, estimando-se que o emprego não-agrícola
na economia informal representou 66% do emprego total na África subsariana. Já no Sul da Ásia
o emprego não-agrícola na economia informal representou 82% do emprego total, 65% no Leste
e Sudeste da Ásia (excluindo a China), 51% na América Latina e 10% na Europa Oriental e Ásia
Central. Importa referir que a informalidade não ocorre apenas nos países subdesenvolvidos.
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Autor: Edmar Jean Xavier de Sousa
Data de publicação: 07-10-2020
Localização: Luanda, Angola
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Câmara de Comércio e Industria Angola – Holanda
Urbanização Nova Vida
Rua 61, Casa nº1483
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Estima-se que 18,4% do PIB da União Europeia (UE) em 2013 veio do sector informal. Na
Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia e Estados Unidos da América (EUA) essa percentagem
alcançou uma média de 8,6%.
Segundo Silveira (2012) o mercado informal em Angola surgiu no fim da década de 80 como
resultado das reformas económicas e políticas que o país iniciou para a transição de uma
economia centralizada à economia de mercado. A liberalização da economia impulsionou a
criação de micro e pequenos negócios informais o que absorveu homens e mulheres que
buscavam o sustento pessoal e/ou familiar. Mas, o que era apenas uma fonte de subsistência
para as famílias, deu origem a um grande sector terciário da economia, nomeadamente
comércio de bens alimentares, bens industriais, vestuário, prestação de serviços mercantis,
profissionais liberais, etc.
Pode-se portanto notar que a informalidade não é um fenómeno exclusivo dos países de
desenvolvimento baixo ou médio, como é o caso de Angola, mas também de países com nível
de desenvolvimento humano elevado, como o caso dos integrantes da União Europeia. No nosso
país o trabalho informal foi crescendo principalmente pela incapacidade da economia gerar
novos postos de trabalho, o que se agravou ao ponto de hoje esta matéria ser um tópico de
especial atenção de todos os actores económicos. A questão da economia informal não passa
apenas pela integração dos seus praticantes à economia formal, por meio da legalização das
suas actividades, mas também pela criação de condições de ergonomia para estas populações,
uma vez que sua erradicação é improvável e o seu desenvolvimento e inovação nas diversas
formas de actuação são uma mais-valia como um todo pois suscitam a competitividade e a
consequente diversificação na oferta de bens e serviços e equilíbrio nos preços de mercado.
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