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N’ZILA

1
ANTOLOGIA POÉTICA

N’ZILA
« Caminho do Sonho »

1ª EDIÇÃO
2
2020
N’ZILA

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Coletânea: N´ZILA
Autor: Vários
Edição: Litterae Edições
Revisão e correção: Ngunza Domingos Alberto
Paginação: Pedro Seke Martins
Design Gráfico: Pedro Seke Martins

© 2020
Litterae Edições LDA. – ANGOLA
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LUANDA, OUTUBRO DE 2020 | 1ª EDIÇÃO

3
SOBRE NÓS

A Litterae Edições surge na iniciativa de colmatar o défice


de produção e divulgação das obras literárias de novos
talentos com dificuldades financeiras, para tornar seus
sonhos uma realidade. Tem como missão editar e publicar
obras do domínio literário, científico, económico e
autoajuda com qualidades aceitável.

A sua visão é apostar na promoção literária de novos


talentos, de forma a dar visibilidade dos seus trabalhos no
mercado angolano e não só.

A Litterae Edições tem como contributo social no


engrandecimento e enriquecimento da literatura angolana,
bem como, o incentivo do gosto pela leitura e escrita na
juventude e na sociedade em geral.

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N’ZILA

Sumário

Prefácio ........................................................................... 7

Rufina Helena Matamba Lucamba................................... 9


Francisco Joaquim Neto ..................................................12
Alegria Mauro Txijica Manuel ......................................... 15
Fernando Quintino Cativa .............................................. 18
Mário Faztudo ..................................................................21
Olímpia Josefa Salucundji .............................................. 23
Paulo João Pedro Domingos........................................... 27
Pinto José Vula ............................................................... 30
Silvestre Sanjulia............................................................. 33
Valdous Miguel ............................................................... 36
António José Alçada ....................................................... 39
António Antonyel ............................................................ 42
Cláudia Dulce Chimbundo Ficale ................................... 45
Mário Luís Pereira .......................................................... 47
Mungongo Francisco ...................................................... 49
Yanick Kano .................................................................... 52
António Paulo Quimua ................................................... 55
Agostinho Manuel João .................................................. 57
Alberto José Massanda ................................................... 60
Herculano Joaquim Kalenga .......................................... 63
Hermenegildo A. Faustino .............................................. 66
Luís José Guimbi ............................................................ 68
Josué do Nascimento Sudi............................................... 71
Laurindo Lau................................................................... 74
Luzia Fortunato de Carvalho ...........................................77
Pedro Carlos Neves ......................................................... 80
David Tomás Mucanhina ................................................ 83
Domingos Mayifuila Martins .......................................... 86
Francisco Muessati Ngunga............................................ 88
Inês Cristina G. Cassumba ...............................................91
Por Uma Ideia Spoken .................................................... 94 5
Marcelina J. Miguel ........................................................ 96
Leonardo Eridson ........................................................... 99
Pedro Francisco Manuel Saveia .................................... 102
Netílcia Francisco Congo .............................................. 105
Fernando Artur Gomes ..................................................107
Fernando Miguel Bige.................................................... 110

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N’ZILA

Prefácio
N'ZILA《Caminho do Sonho》é uma antologia poética,
criada com a preocupação de difundir novos atalhos
literários, capazes de direccionar os passos dos poetas à
trilharem nos caminhos dos seus sonhos ao mundo da
Literatura.

N'ZILA, expressão que nos remete ao sinónimo de caminho


na língua Kikongo e coincidentemente em outras línguas
nacionais de Angola, marca o percurso de uma trajectória
palmilhada por passos embrionários de poetas, cuja a voz
desperta um universo de sensações mais profundas da alma,
onde cada estrofe esboça um misto de sentimento, exaltando
a beleza, o amor, a esperança, a dor e a alegria, numa
simbiose rítmica entre o realismo e o devaneio.

A estética assume um paralelismo de forma imprescindível,


onde cada poeta, num universo de 37, distingue-se pela
peculiaridade de expressão, deixando marcas tangíveis que
permitem ao leitor, seguir as pegadas dos versos sem perder
de vista o caminho inspirado por todos.

Ao induzir a alma neste percurso, convida-nos a devorar


páginas, onde as palavras assumem as rédeas de emoção, e
os versos exalam o perfume íntimo, expresso entre as
distintas realidades, num universo denotado entre a
sublimidade e a naturalidade, mas sem descurar da essência
poética.

Segue o caminho,
e desvenda o destino!

7 7
N’ZILA
« Caminho do Sonho »

“A Persistência é o caminho do êxito”.


(Charles Chaplin)

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N’ZILA

Rufina Helena Matamba Lucamba

Rufina Helena Matamba Lucamba nasceu em 1993,


no Município da Cela, Waku-Kungo, Província do
Kwanza-Sul, fez o ensino primário e secundário na
Cela, e o ensino médio em Luanda, no Instituto de
Ciências Religiosas de Angola (ICRA), curso de
Comunicação Social.

Actualmente, reside e trabalha no Município do


Amboim como missionária.

Participou na antologia:
Escritos de Quarentena (2020)

Tem uma admiração na literatura Angolana e uma


paixão imensa na poesia, contos e crónicas.

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A COGNIÇÃO ISENTA

Curto coração
Mente sem equilíbrio
Pensamento moem-se entre as massas
A cinzenta polvilha-se em tristezas
Do silêncio olhar.

Espaço sem ar
Terra sem ser
Dor sem desejo
Palavra sem angústia
Alma sem lágrimas.

Procurei-me no deserto
E escondi-me no imenso tempo
Sem escuro nem clarão.

Encontrei-me nas ramagens do Kwanza


Senti a vela acesa no intestino
E o espaço do coração sangrou o destino.

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N’ZILA

MOVIMENTO CÓSMICO

Nas mãos portentosa da reza


Medito a negligência da fé
A escura alma sente rumores catastróficos.

Entre os silêncios sonolentos,


As bases arquitetônicas dançam,
O in’visível alerta os ossos vivos.

Planeta chorou entre as dores trêmulas


O movimento gerou estudos hipotéticos
O bico apresentou o movimento,

As variadas adulações friccionam-se no pensar!


O ouvido sentou-se entre as danças
E o cósmico ruído deixou lições.

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Francisco Joaquim Neto

Poeta Filho da Rosa, pseudónimo literário de


Francisco Joaquim Neto, natural de Cazenga,
Província de Luanda. Nasceu aos 22 de Julho de
1994.

Membro coo-fundador do Movimento Literário


Vozes das Letras. É escritor poeta e declamador.

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N’ZILA

CALOU-SE A NOITE

Cada vez que penso


no arder do teu amor
estas pobres palavras
morrem na surdez
da tua fria timidez

Cada momento contempla


a razão de um coração quebrado
rios de lágrimas perco
em cada minuto

Cada sonho sonhado


em meu sonho para
encontrar sentimentos
petulantes, verso da poesia

Onde a madrugada é cega


Morre de calafrio a noite medrosa
vejo sombras dando-me pasmos

Perdeu-se a borboleta
e calou-se a noite

O encanto das estrelas parou de galhofar


ficou pegajoso com a cupidez
de poder beijar a dália cheirosa

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ASSOMBROSA-ESCURIDEZ

Negrume dos meus sonhos


acordados!

Penumbra da sombra marcada


pelas pegadas do remesso dos ventos...
rudimento do espírito

Assombrosa alma da noite


apagada pelo dia

No obscurantismo físico
das palavras babilônicas

Sóbrio das colinas dos ombros


ao grito dos altos
pela sinfonia das águas

Membranas teleféricas
no travesseiro da planície
de um sonho assombrado

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N’ZILA

Alegria Mauro Txijica Manuel

Alegria Mauro Txijica Manuel, mais conhecido por


"AM". Nasceu aos 11 de Setembro de 1997, é natural
da Lunda-Sul.

Fez sua formação média profissional em Energia e


Instalações Eléctricas no Instituto Médio Politécnico
da Lunda-Sul em 2016.

Tem frequência no 4º ano do curso de Engenharia


em Geologia pela Escola Superior Politécnica da
Lunda-sul.

Poeta, escritor e membro do núcleo Lev´arte da


Lunda-Sul.

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REFLEXOS

Escrever é pintar a sua própria sentença


Cada palavra de verdade falada
Cada grito por socorro que voa
Cada gota de lágrima que viaja por justiça
Cada suor que transpira liberdade na luta
Cada voz que se levanta entre a multidão
Cada sofrimento que se converte em canção
Faz você somar os dias na cela
E trancar cada vez mais com todas chaves da injustiça

Escrever é viajar e enxergar


Dois mundos completamente distantes
Rico e pobre repartindo o planeta
Estrela e a lua dividindo o espaço
Sol e o mar se separando
(...)
Mas no controverso do escrito
No silêncio da lágrima
E na y´alma dos humanos
Bem lá no fundo
O que todos nós recusamos ver

Somos todos feitos iguais


Vivemos durante o dia
E morremos durante a noite
Sem saber se voltaremos a ver o sol flutuar

Temos todos um lugar debaixo do pó


O maldito verme, a todos espera
Ninguém escapa
Nem o rico
Nem o pobre
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N’ZILA

Nem o exaltado
Nem o humilhado
Nem o forte
Nem o fraco
Nem o branco
Nem o preto

Todos temos ciência


Sentimos
Pensamos
Choramos...
E viajamos para o mesmo mundo
Talvez o dia

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Fernando Quintino Cativa

Fraitinc de Castro, pseudónimo de Fernando Quintino


Cativa, angolano, natural da Caála Província do
Huambo. Nasceu aos 16 de Julho de 1990, casado e pai
de uma menina.

É estudante universitário no curso de Serviço Social,


na especialidade de Assistente Social, pelo Instituto
Superior de Serviço Social de Luanda. Professor do
Ensino Primário há 13 anos. Catequista da Sé Catedral
de Viana.

Seus primeiros passos à literatura começou aos 14


anos de idade, com a escrita de algumas palavras
soltas. Seu primeiro livro de biblioteca foi ofertado
pelo tio, intitulado “Bíblia na Escola” de W. Gruen.

Preferências: Leitura e escrita.

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N’ZILA

MULHER

Mulher fonte da vida


Verdadeira guerreira
Que acorda todas as manhãs
E vai a conquista do pão
A que chora pelos seus filhos
Mulher que luta com a força do coração
E do corpo não

Mulher que canta


E às vezes chora
A flor da manhã
A canção mais entoada
A poesia mais declamada
Aquela que aprendeu a ouvir todos
E é pouco ouvida
Aquela que mesmo a sofrer não desiste
Que suspira e caminha

Mulher
Que sonha e realiza
Essa é a mulher
Que pouco se fala para o seu bem
Muitas vezes é abusada e rejeitada
Símbolo da força e de vitória
O ser de coração imaculado
Exposição da pureza
Da verdade e beleza

Mulher
Está sempre com o rosto alegre
Mesmo a sofrer alegra a gente
Conquista com o seu doce olhar
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Ri e chora quando está apaixonada
Ama e nem sempre é amada

Mulher
Ela protege e cobra proteção no silêncio

Trabalha no campo e educa


Que zunga e estuda
A governanta que obedece
A médica que socorre
A professora que instrui
A Ministra que opina e sugere
A deputada que representa dignamente
A presidente que sofisma a favor do seu povo
Que interpreta a Lei Magna no seu todo

Mulher
Mulher é acima de tudo mulher
A única que mostra a luz
Ela transmite felicidade e paz
Ela é mulher

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N’ZILA

Mário Faztudo

Mário Pedro Faztudo nasceu aos 08 de Agosto de


1997. Fez formação média de professor no Instituto
Garcia Neto, curso de Língua Portuguesa.

Participou em dois concurso literário da mesma


instituição, em homenagem ao primeiro presidente
de Angola António Agostinho Neto, com o poema
um herói angolano sendo classificado em segundo
lugar (2007). De igual modo participou no concurso
literário de poesia em homenagem ao heróis de 4 de
Fevereiro, onde o seu poema ficou entre os 100
melhores.

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POR CAUSA DE TI “COVID”

Por causa de ti “Covid”


Hoje escrevo um poema assintomático [...]
Tornaste-me matemático:
81+2... prontos! Recuperados
244+1... activos!
(+1) ... prontos! Mais um caso!

Por causa de ti “Covid”


Há estado de emergência e calamidade...
Namoro a saudade
Dos dias de abraços e beijos
Daqueles dias sem qualquer receio
Daquele ar livre [...]
Da “natureza”. sabor a “queijos”

Por causa de ti “Covid”


Meus planos são pássaros
Que voam na incerteza...
Na incerteza do amanhã
Desfoco-me dos meus focos
Desnorteio-me do Norte...
Mas... norteio-me depois...
Replanifico os planos
E... lá vou... de Norte ao Sul!

Por causa de ti “Covid”


Endeuso a natureza,
Atiro pedrinha ao mar:
Tá! Tá! Tá! Três saltos...
Imito os pássaros que cantam:
Psi! Psi! Psi! Twi! Twi!
Por causa de ti “Covid

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N’ZILA

Olímpia Josefa Salucundji

Olímpia Josefa Salucundji nasceu aos 27 de


Novembro, na Província de Luanda, Município de
Maianga agora Luanda. Licenciada em Línguas e
Literatura em Língua Portuguesa, pela Faculdade
de Letras da Universidade Agostinho Neto, em
2017, e certificada em Jornalismo profissional na
área de Imprensa, pelo Centro de Formação de
Jornalistas (CEFOJOR), em 2018, é membro da
Associação de Comunicólogos Angolanos.

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ENGRAVIDEI-ME

Engravidei-me neste sonho


O mais deslumbrante de todos
O menos esperado por muitos
O sonho dos sonhos.
Engravidei-me!

Engravidei-me nesses míseros poemas


Poemas ofuscantes
Que de tanta ofuscação
Minha gravidez parece mentira.
Engravidei-me!

Engravidei-me nessas histórias


Histórias contadas em versos
Recheadas de sentimentos
Numa mistura de choro e alegria.
Engravidei-me!

Engravidei-me neste mundo


Mundo de ficção
Onde o importante não é o pão
Mas sim a imaginação.
Engravidei-me!

Engravidei-me neste grande rio


Rio coberto de sensação
Sensação que arrebata o coração
Engravidei-me!

Engravidei-me na dor
Engravidei-me no amor
Engravidei-me no calor
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N’ZILA

Engravidei-me!

Engravidei-me de paixão
Engravidei-me de coração
Engravidei-me por opção
Engravidei-me!

Engravidei-me na certeza de que suportaria


Engravidei-me meditando naquilo que viria
Hoje, dou à luz ao meu primeiro filho
Meu grande amor
Meu eterno viver
Apesar disso, ainda continuo grávida!
Grávida de sentimentos e ideias!
Engravidei-me na poesia.

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ILUDA-ME, POR FAVOR

Iluda-me com palavras mansas e suaves


Iluda-me com comportamento atraente e atitude positiva
Iluda-me, nem que for uma vez!

Iluda-me que teu coração clama por mim


E que não vives sem mim
Iluda-me, nem que for a última vez!

Iluda-me que o meu nome da tua boca não sai


E que o teu olhar segue onde o meu vai
Iluda-me só mais uma vez!

Iluda-me que morres de amor por mim


E que o teu amor por mim não tem fim
Iluda-me que sou a tua primeira-dama
E que o meu nome está gravado na tua alma
Iluda-me, nem que for a última vez!

Iluda-me da cabeça aos pés


Do princípio ao fim
De frente-verso
Iluda-me pela última vez!!

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N’ZILA

Paulo João Pedro Domingos

Nasceu em Malanje, no Município de Cacuso; terceiro


filho mais velho de Esperança Pedro Domingos (in
memoriam) e de João Pedro (in memoriam). A
convivência familiar com seus pais embora sendo ínfima
contribuiu muito para se tornar um ser humano sensível,
humanístico, modesto diante das preocupações e das
injustiças sociais que sucedem. Desde pequeno percebeu
pelas histórias contadas que as pessoas não têm
igualdade de condições para se inserir na sociedade e,
principalmente, aqueles que são de classe operária, pois
para ter o “dever” de estudar é titubear.

Fez Ciências Humanas no ensino médio e actualmante


finalista do curso de Licenciatura em Psicologia Clínica
pelo ISPM. É Católico, a nível profissional, trabalhou
como professor das 7ª, 8ª e 9ª classes no CEDQ na
disciplina de LP, Coo-fundador do Tweza-Kya Muxima,
Secretário do Projecto Amigos N´Arte, Secretário da
Aprotema.

Presidente da Ajuciv, co-fundador do Repertório


Acadêmico, dá formação de Elaboração de Anteprojecto,
Monografia, Relatório Científico, faz Co-Orientação e
Assessoria Metodológica, orienta Pesquisa Aplicada. É
palestrante, activista, actor, poeta e conselheiro
sentimental. Já participou em Antologias e concursos
Nacionais e Internacionais.

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MEU PEDAÇO DO CÉU

Juro que você me enlouqueceu


Admito que muitas vezes você me venceu
Mulher linda com olhos negros escuros
Mulher forte
Mulher Norte
É você, meu pedaço do céu

Hoje, ando perdido nas suas paixões


Perco-me nos sabores dos seus lençóis
E deparo-me, sozinho, nas esquinas dos seus beijos
Seja somente o meu eterno desejo
(...)

Meu pedaço do céu


Minha rainha que Deus me deu
A força que me valeu
A estrela que Ele me ofereceu

Corra e não pare


Apaixone-se e não pare
Seja apenas o meu mar
Ama-me e não desista
Seja a minha eterna conquista
Fale e não se canse
Seja minha única chance

Meu pedaço do céu


Seja apenas você a minha...
Linda, maravilhosa, ‘minhas’lábios rosa
Mimada, apaixonada, amada
Vangloriada, cobiçada,
Desejada, felicitada

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N’ZILA

Seja apenas você


A fruta mais doce que Deus me deu
A mulher mais bela que me enlouqueceu
A donzela triunfante deste pequeno Romeu
A Julieta viajante no continente do seu Romeu
Seja apenas você, o meu pedaço do céu.

Exigente, seja apenas você


Elegante, seja apenas você
Gigante, seja apenas você

Não consigo encontrar-te nos beijos alheios


Não consigo encontrar-te nos espaços alheios
Seja apenas minha, o meu pedaço do céu.

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Pinto José Vula

Pinto José Vula, naceu aos 27 de Jumho de 1995,


natural da Província do Uíge, filho de José Viera
Cando e de Delfina Súpia Samuel.

Concluiu o curso de Técnico de Turismo no


Instituto Médio Técnico de Hotelaria e Turismo.
Frequenta o 2º Ano de Contabilidade e Gestão, na
escola Superior Politécnica do Uíge (ESPU) da
Universidade Kimpavita.

É palestrante e trabalhou como agente de viagem e


como mediador cultural e protocolo no Museu
Nacional de História Natural de Angola.

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N’ZILA

CARTA

Escrevo esta mensagem de cabeça aberta


Espero que os erros cometidos não lhe impeçam
De entender aflição e sentir a cada verso a natureza
Deste escrito em papéis húmidos com suor da tristeza.

Esta mensagem é pra todos


É pra o mundo inteiro
É a carta de um pobre pioneiro
Que busca a Paz de vocês mais-velhos
É a carta de um povo sem esperança
Que anseia pão, água e luz feito criança.

Que esta mensagem voe longe…


Saindo de África e chegue longe…
Longe dos inimigos do bem e da justiça
E caia numa terra verde de esperança.

Que seja a Paz, aos soldados em guerrilha


Que seja o amor no coração dos covardes
Que mostre a liberdade, a justiça e progresso
Que dê a visão aos líderes e deputados
Que derrame Paz ao continente enlutado
Que dê a África a justa dignidade…

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NO OLHAR DA GENTE

No olhar da gente!
Há um desespero que nos separa
E há outro, cheio de esperança que nos ampara
Sadio é, seguir em frente…

No olhar da gente!
Haverá sempre uma certeza incerta
Que nunca nos contenta
A gente aguenta e se torna valente…

No olhar temido da gente!


Vê-se muralha na frente
No olhar firme, a gente quebra
Depois, com olhar sereno a gente lembra!
Sorri… olha para trás e segue em frente…

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N’ZILA

Silvestre Sanjulia

Silvestre Sanjulia é professor, poeta declamador,


escritor, ativista social, motivador, contador de
histórias e estudante de Sociologia no ISPSN-HBO,
nasceu no Município do Andulo, Província do Bié,
há 29 anos. Coo-autor das antologias poéticas ‘A
Gente Que eu Conheço; O Kandongueiro’ Reduto
dos Poetas. Poeta Sanjúlia é coordenador do
Projecto ˝Bié Lê Bié Escreve˝, um Projecto que
começa com o lançamento da primeira obra
literária, a Antologia ‘Rei Ndunduma e o Conto do
Viye’ que unirá 17 escritores bienos num só livro
com uma breve data do seu lançamento.

É acadêmico na ALB (Academia de Literatura


Brasil) ocupando a cadeira nº 60, Vice-Diretor da
ABC Academia Brasileira Camaquiana ocupando a
cadeira nº 22 e instrutor diplomado do novo estilo
poético, o Camaquiano.

É também fundador da CLAE ‘Clube de Leitura


Atras da Excelência’, coo-fundador e coordenador
do MOVILA ‘Movimento de Literatura do Andulo’.
Como eterno aprendiz no universo da literatura, o
autor de diversos poemas e provérbios publicados
em muitas plataformas digitais, acha-se uma
formiga a marcar seus primeiros passos.

33
MWANA N’GOLA

Como uma leoa


Rejubila a união das suas crias
Kafeko dya N’gola
Defende sua cultura

Presa na frieza da beleza


Encanta a natureza
Visualiza o ritmo
Saudade na bondade
E paz no íntimo

É de Loanda onde nasci


De Wambu onde cresci
No ávido das suas algas
Azuis e castanhas, existe sua cor
Na alma, seu esplendor

Do Tchianda e do Kabetula,
Do fiko e do mwana pô
Preserva sua identidade
Mostrando o Olundongo

Sua imagem é real


Seu amor é leal
Como o içar da bandeira
no dia da liberdade,
Se libertam suas duas crias
Como o sol no ventre do dia
Trôpega na mansidão
No olhar e no andar
Combina na paixão.
Como alicia te amar!
34
N’ZILA

Negra de Pungu a Ondongo


Mba o teu olhar luzente, cadente
De lindos lábios cobiçados no Oluvango
Ombros arquitetados e venerados
Aprisiono-me no teu célebre charme

No azulado do seu olhar


Consola o natural
Corpo da moça Muhimba
A beldade da tímida Imbinda
Besangana de amor rural

Doce Mukuvale
Contempla a tua cor
Os teus olhos ao espelho
Vê dentro deles
E enxerga a escrita˸ Mwana N’gola.

35
Valdous Miguel

Valdous Miguel é o pseudónimo de Vivaldo


Venilson António Miguel, nascido a 13 de Abril de
1998 em Libolo, Kwanza-Sul, Angola.

Frequenta o 3º ano de Economia e Gestão na


Universidade Jean Piaget de Luanda. Autor do livro
“O terceiro lado da moeda”, lançado em formato
digital, e de vários textos de variados estilos
divulgados em redes sociais. É um jovem
apaixonado pelas diferentes formas de
representação artística, sendo que, além de escritor
é também músico e actor.

36
N’ZILA

AMAR É ...

Amar é dar tudo


Sem esperar algo em troca
É nadar até ao fundo
Sem pensar em voltar à costa

Amar é cuidar sempre


Correr para frente
Viver o presente
Sem pensar em quem foi ausente

Amar é também chorar


Sofrer a cada despedida
Implorar para voltar
É dar-se sem medida

Amar é ter saudades


Deixar de ligar para não incomodar
É pensar em maldades
E sozinho chorar

Amar é deixar ir
É permitir que o outro seja feliz
Mesmo que sem ti
É parar mesmo querendo bis

Amar é sonhar
Fazer planos
Que podem não realizar
É acreditar em uma eternidade
Do lado da pessoa amada
Viver na diversidade
Andando na mesma estrada

37
Amar é não saber
O que é o verdadeiro amor
E ainda assim se perder
Falando e sentindo com fervor
A sensação inexplicável
De ter alguém de lado a cada nascer do sol

38
N’ZILA

António José Alçada

António José Alçada, casado com uma moçambicana,


duas filhas, Engenheiro Civil e Mestre em Hidráulica,
pela Universidade de Lisboa, colaborador da EPAS da
Lunda Norte, ao abrigo de um programa de assistência
técnica promovida pelo Banco Africano de
Desenvolvimento, Dirigente da Associação de
Escuteiros de Angola (AEA), escritor desde 2009 com
quatro livros publicados em Portugal, dois livros em
Angola e Cronista Residente do jornal regional Capeia
Arraiana (Sabugal-Portugal). Esta é sua primeira
distinção em Poesia.

39
ANSIEDADE

Já António não sou,


A tristeza invade-me o coração,
A dor mantenho de quem me pisou,
A liberdade só terei quando entrar no avião.

O cheiro da savana me enriquece,


Nesta alma perdida de frustração,
Conseguir almejar o que nunca se esquece,
Numa vitória ímpar de manifestação.

40
N’ZILA

ISSANGO

De idades e caminhos diferentes,


Deus quis que me cruzasse,
A tristeza vira alegrias ardentes.
Num tempo que não nos desgastasse.

A idade nos consome os dentes,


Nunca deixando que a esperança nos matasse.

O abraço conforta as mentes


E talvez as mãos nos atasse.

Cada um saberá se os olhos querem lentes


Ou se o futuro indica que nos separasse.

Que a amizade perdure com lágrimas quentes


A saudade não parte com amigos e parentes.

41
António Antonyel

António Antonyel, pseudônimo de António Arnaldo


Simões Quixibo.

Estudante do ISCED-Luanda no curso de


Licenciatura de ensino de Sociologia. Escritor,
futebolista, dançarino, amante da escrita e leitura.

Membro efectivo do Projecto Candengues


Brilhantes-PCB (Projecto Comunitário).

Autor da obra "Seja Um Vencedor ".

42
N’ZILA

LÁGRIMAS

Lágrimas que mergulham nos meus olhos


Transformam o meu rosto
de tristezas profundas,
Acabando com a felicidade das minhas alegrias
abundantes.

Lágrimas caindo debaixo dos meus pés,


Acumulando-se em rios de lágrimas num chão,
cheio de buracos profundos.

Lágrimas que escondem os meus verdadeiros sentimentos


No fundo dos meus próprios pensamentos,
Levados pelos meus descontentamentos
Dos meus mais variados comportamentos.

Lágrimas de sangue,
transformadas em água que nem pura
Mas, nutrida por uma nascente pura,
Escorrem até aos lábios, molhando o nariz e a boca
Deixando todo rosto molhado,
sem possibilidade de distinguir o suor do calor
Numa tarde de tanta dor
Olhando o mundo sem cor.

Choro que trazem lágrimas no meu rosto


Sofrendo por amor do meu broto.

Lágrimas que assolam o meu dia-a-dia


Abalam e corrompem a minha paz
Chegam e interrompem o meu sono
Vagam e entristecem o meu rosto.

43
De tanto clamor,
Por ser um sofredor.
Pelos fracassos dos meus sonhos desaparecidos,
Tornando-se um sobrevivente sonhador.

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N’ZILA

Cláudia Dulce Chimbundo Ficale

Cláudia Dulce Chimbundo Ficale, nasceu aos 17 de


Fevereiro de 1997, em Saurimo, Província da Lunda-
Sul, filha de Dinto Ficale e Palmira Chimbundo.

Conclui em 2016 o ensino médio em Ciências


Econômicas e Jurídicas na Escola do llº ciclo de São
Kizito.

Frequenta 3º ano de Direito na Universidade Dom


Alexandre Cardeal do Nascimento em Malange.

Carrega nas veias o bichinho da poesia. Coordena a


área de actividades infantis no Núcleo Lev' Arte
Malange.

Activista do núcleo Porta Para a Vida, que visa


sensibilizar e informar sobre a prevenção e
transmissão de HIV-SIDA.

Pertence ao grupo Infância e Adolescência


Missionária da Sé Catedral, e ao grupo de Leitores da
Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Maxinde.

45
NGOLA

Assim era chamado pelo seu povo


Ngola que foi colonizado
Era maltratado
Sem se importar com a sua dor
Era exportado e vendido
Com tanto sofrimento tornou-se pensador
Onde serei levado?

Eu que trabalho sem recompensa


Agora deixo os meus filhos e a minha esperança
O que será deles?
Sem a minha presença
Pensava e repensava o pobre homem
O meu povo está sofrendo
E muitos estão morrendo
Yami nguri tximbinda lunga*
Comunicou-se com a rainha Njinga.

Lutamos, lutamos
Com força de liberdade
Em busca da identidade.

Agora somos livres


Livres de pensar
E de se expressar
Livres de plantar
E de colher
Livres até aos dias de hoje.

*
Eu que sou um homem inculto.
46
N’ZILA

Mário Luís Pereira

Mário Luís Pereira, nasceu em Luanda, Angola, aos


15 de Abril de 1955.

Estudou Economia na Universidade António


Agostinho Neto, foi colaborador do Jornal Cultura
de Fevereiro de 2014 até Fevereiro de 2020. É
gestor de profissão.

47
TEÇO LAMENTOS À MÃO

(I)

Teço lamentos à mão


Pra testar veracidade
Do vigor do seu clamor
Odiado, humilhado
Buscando felicidade
Acoitada na cidade!
Debaixo de vil telhado
Que em mais puro desamor
Desprezando a caridade
Sublima em clamor razão!

(II)

Teço lamentos sem dor


Onde a voz do esplendor
S'abeira de mim a sós
Lembrando que meus avós
Urdiram sem vil primor
Pensamento inquiridor!

(III)

Teço lamentos à mão


Pra extinguir o seu vigor
Que amolenta o coração
Deste peito em estertor
Que afectando uma razão
Procura ser desertor
Odiando uma Nação
Que avassala o meu povão!
48
N’ZILA

Mungongo Francisco

Mungongo Francisco, pseudónimo de Mungongo


Cipriano Francisco. É natural da Província de Kwanza-
Sul, Município de Waco-Kungo (actual Cela).

Frequentas o curso de Licenciatura em Ensino da


Sociologia no ISCED-Luanda.

Aspirante a escritor, o que faz com que cultive a


literatura nos mais diversos ramos de géneros da
arvores literária, ora escreve poesia, ora contos e
crónicas. Amante da bibliófilo.

É membro do movimento literário " Jovens Escritores


do Zoológicos". E membro do PCB-Projecto
Candengues Brilhantes (Projecto Comunitário).

49
UM MUNDO MELHOR

Vivemos em um mundo
coberto por penumbras
Onde pessoas cada vez
ficam sem sombras

Um mundo cada vez mais tóxico


por conta das acções dos homens

Que nem as belas canções


dos homens escondem as acções
mais hediondas!

Um mundo que a globalização


torna as latitudes equidistantes
das distâncias que separam os
continentes, mas distanciam-nos do próximo,
das nossas raízes culturais.

Que Amor é esse?


Que dissemos ter ao próximo!
Que agora é material?
Que perdeu o sentido abstracto, imaterial!
Aparentemente optamos
mais em coisas fúteis
que menos nos ajudam, inúteis!

Será que nós não sentimos


essa dor que o mundo sente?
Também como sentir, se somos apáticos?!

Os poucos empáticos,
deuses levam cedo para eternidade!
50
N’ZILA

Será que nos custa


valorizar o que nos identifica?
Penso e repenso nas diversas carências
que temos e em como preenchê-las
com o pouco que temos!

Devemos o manter
o sentido de pertença

Quantos neste mundo


já lutaram e lutam para deixar um mundo
um pouco melhor

Será que tu, eu, nós


a geração premiada
com o esforço dos antepassados
estamos a dar continuidade?

Será que estamos a honrar,


as pessoas que diuturnamente
deram sua juventude, para prepararem
os espaços geográficos que coabitamos neles?

Nossa consciência é parte do mundo!


Afinal onde pusemos o amor fraternal?
Onde esquecemos a solidariedade?
Afinal onde queremos chegar
com essa falta titânica de humanidade?

Em vários tópicos proferidos


para moldar um mundo belo
infelizmente somos utópicos

51
Yanick Kano

Yanick Kano (pseudónimo: Yanick Choosed Holy


Apologista PENSÓLOGO), nasceu a 30 de Julho de
1988, no Município de Damba, Província do Uíge.

Fez os seus estudos primário e secundário no


Colégio Yino, em Viana, Luanda. Fez o ensino
médio no Complexo Escolar 28 de Agosto, em
Luanda, Samba, no curso de Bioquímica. Tem a
frequência universitária no curso de Língua
Portuguesa, no Instituto Superior de Ciências da
Educação (ISCED-Luanda). Desempenhou a
função de professor do Ensino Primário, função que
exerce actualmente, no Iº ciclo, leccionando a
disciplina de Língua Portuguesa.

52
N’ZILA

TU ÉS A MINHA CIDADE

Escuta mulher,
Linda, espelhada!
Os teus olhos brilham nos meus,
Meus vícios, amores
É uma paixão fraca

O meu corpo habita entre os teus seios


Lamento o silêncio,
gritos das aves.

Tu és a minha cidade
Onde me sinto grande
E revisto o meu espírito

Escuta, ó mulher!
Refrão dessa melodia
Refrão duma canção
Que em cada dia
Repele a minha solidão.

Fico sereno, sem grito


Os teus olhos deixam -me desvairado
Quando o vento da paixão
Daquela emoção me abate
Escolho como esconderijo
O teu coração

Que se derrubem as cidades


Que se arremessem ao chão as fortalezas
Que se espezinhem as felicidades
Sei, sei mesmo com fraquezas

53
Tu és a minha cidade
Onde com lutas vencerei

Escuta, mulher!
Sinto-me aliciado
Corrompido pelo teu amor
Tomei-te como mulher
Aquela que me encanta,
Arrebata os meus sentidos

O teu corpo sedutor,


Corpo de líricas
com melodias suaves
igual àquelas rimas emparelhas
que fazem o refrão nos meus toques

Tu és a minha cidade forte


Onde habita a fonte do meu amor.

54
N’ZILA

António Paulo Quimua

Rei Kimuwa, é o pseudónimo literário de António


Paulo Quimua, natural da Província de Malanje
(Angola), filho de Neves Quimua e Ana Joaquim
Paulo. Professor e Supervisor no Ministério da
Educação, leccionando Psicologia no Liceu 4 de
Abril/ Massango em Malanje. Licenciado em
Pedagogia (Gestão e Inspecção Pedagógica), no
Instituto Superior Politécnico Internacional de
Angola –Luanda.

Sem influência de outras pessoas nas letras,


descobriu-se leitor, leitura que o levou à produção
de textos. É estudante e pesquisador da arte
literária (Prosa e Poesia).

Acompanha diversos movimentos literários desde a


capital do país à Malanje, bem como doutras
províncias através das redes sociais. Frequentou
cursos de Arte Criativa e de Teoria da Literatura e
Crítica Literária.

Actualmente exerce o cargo de Chefe de Secção da


Educação e Ensino na Direcção Municipal da
Educação em Massango – Malanje.

55
CAMINHOS ALHEIOS

Sobre os caminhos alheios


prezam muitos, com seus pés
pesam muitos, muita carga
prestam muitos, muito serviço
muitas forças perdem-se
muitas vidas prendem-se
e pensam muitos construírem-se

Mentecaptos
endeusam continuamente
no puxar escravagista duma carroça
sem fim colectivo
dum caminho rumando à glória
pertencente a quem se monta aliviado

E numa recta perfeita


perfeita a nunca se encontrarem
encontram o lago que a todos afoga

No fogo consumante
da via fria congelante
degustam confortos doloridos
mamando anseios boloridos
sobre a glória gloriabunda
e seguem cada vez menos felizes

Nesses caminhos alheios


vida nenhuma construiu-se.
Impera-se – sem rodeios:
- À finitude.
Cada caminho constrói seu caminhante

56
N’ZILA

Agostinho Manuel João

Agostinho Poeta que Treme é o pseudónimo


literário de Agostinho Manuel João, filho de
Estevão Manuel Felicidade e de Teresa Francisco
João, nasceu a 30 de Agosto de 1989, na Província
de Luanda. Frequentou os estudos primários nas
Escolas nº 214 do Bairro Prenda, Escola nº 208 do
Bairro Catambor e Escola nº 503 do Rangel. Os
estudos secundários, fê-los na Escola Católica de
São Miguel em Viana. Frequentou o ensino Médio
no Instituto Médio Industrial de Luanda
(Makarenco) no curso de Electricidade.

É Bacharel em Filosofia, pelo Seminário Maior de


Luanda e Bacharel em Direito pela Universidade
Católica de Angola. Começou a carreira profissional
em Luanda. Foi professor do ensino primário e do
IIº Ciclo. Colaborou como Secretário da Escola
Beata Ana Maria Javouhey (Kikuxi-Viana), tendo
sido frequentemente chamado a leccionar como
professor de Matemática, EVP e de Educação
Laboral, disciplina que actualmente lecciona na
mesma Instituição. Sendo amante de artes plásticas
e admirador da escrita, entrega-se a escrita de
reflexões e poemas em 2005 e daí não mais parou.
É conhecido como bom escritor e declamador. Sua
fonte de inspiração é o tudo e o nada. É a cultura
angolana não esquecidas, mas rejeitada. É a mulher
zungueira e o pobre petiz. É um poeta que sonha
com um mundo inclusivo e bom para se viver.

57
DOCE MULHER

Doce mulher,
Doce donzela,
Paisagem,
Estrutura invejável,
Perseguida e admirável,
Beleza estridente,
Mas sempre, sempre doce.

Doce,
Doce mulher,
Doce donzela,
Recanto,
Estrada,
Caminhada difícil de percorrer,
Mas um dia desejada,
alcançada e abraçada.

Forma mágica e perfeita,


Welwitshia mirábilis perfumada,
Quedas de Kalandulas cobiçada e procurada,
Mas um dia beijada,
Com beijo doce,
Doce mulher.

Doce Serra da Leba,


Ondulada e corpo em formato de viola,
Palanca Negra rara e com garra,
Njinga Mbandi poderosa e formosa,
Mas sempre, sempre doce.
Doce,
Doce mulher.

58
N’ZILA

CRIANÇAS DE ANGOLA

Criança de Angola
Amor ela tem como Rei Ngola
Rio com princípio sem fim
Rosto inocente e inédito
Olhar e brilho em seu coração
Sonho de um país, alegria de raiz
Sorriso sem furo
Estrela cintilante de uma família, criança
Livro recheado de rosas

Criança de Angola
Criança de África
Criança meiga e frágil

Amor, coragem e paciência ela tem


Mas um rosto sorridente e feliz ela não rejeita
Orgulho de um continente que nasce
Roda nova e pronto para a caminhada

Criança de Angola

59
Alberto José Massanda

Chimbeira pseudónimo de Alberto José Massanda,


nasceu aos 12 de Julho de 1994 na Província do Uíge
e cresceu em Luanda. Filho de José Massanda e de
Luísa José Tona. Tem habilidade em canto e
repercussão de instrumentos musicais de corda,
como a guitarra, e começou a escrever desde a tenra
idade.

Concluiu o ensino médio em 2016, no curso de


Ciências Económicas e Jurídicas. Actualmente, é
estudante do 2º ano de Engenharia Informática no
ISPEKA (Instituto Superior Politécnico Kalandula
de Angola) e do curso de Liderança Pastoral na
Igreja Videira.

É autor das seguintes obras registadas no


Ministério da Cultura:
- Voo Sem Direção (2016);
- Mil erros, um perdão. O filho que ouve a sua mãe
(2017).†


Em homenagem a minha mãe.
60
N’ZILA

ZUNGUEIRA

Toca a deambular
Pelos musseques
Toca a cantar
Feito muleques

Lá ela vai
Sem mãe
Nem pai
Desconhecido é
De onde ela sai

Lá vai
A mãezinha
sozinha
Tão bela
De poeira
Que donzela
Sincera!

Canta semba
Kuduro e sungura
Canta pemba
Nas suas loucuras
Vergonhas fugiu-a
Tão extrovertida
Tão vivida
Que nem a vida

61
POR UM AMOR COMO O SEU

Por um amor como o seu


Os coxos andam
Os cegos veem
Os mudos falam
Os surdos ouvem

Por um amor como o seu


Os leprosos saram
Os ventos acalmam
Os pecadores salvam
Os anjos cantam

Por um amor como o seu


Os mortos ressuscitam
As estéreis engravidam
Os Barrabás se libertam
Os filhos pródigos voltam

Por um amor como o seu


As prostitutas se convertem
Os gatunos se arrependem
Os santos morrem
As portas se abrem

Por um amor como o seu


O amor da cruz
Que ainda me ama
Pois ela me conduz
Me escolhe e chama
Num Ide de Jesus!

62
N’ZILA

Herculano Joaquim Kalenga

Herculano Joaquim Kalenga,nasceu aos 12 de


Agosto de 1996. Reside na Província de Benguela.
Escritor Poeta e estudante do 1º Ano no curso de
História na Universidade Katiavala Bwila.

63
VIAGEM DAS PAIXÕES

Viaja comigo
Viaja comigo aos céus de ideias magníficas
Viaja nos meus sonhos e sinta a felicidade em capricórnio

Reserva a minha alma nas estrelas


E hoje contempla
Pela felicidade dos dias que estás comigo
És minha mulher o que mais vou querer ?!

Hoje, somente hoje a felicidade


não seria a única coisa que nos uni
Mulher as estrelas irão de paralisar em todo mundo

Porque estarão sujeitas a brilhar para seu mundo


Minha mulher com esta felicidade e dificuldades
escolheste-me como seu escudo
Permita-me a chorar com você

Deixa-me ser o que és


Aniversário não seria o dia ideal pra te desejar
Mas os meus dias contigo para te amar

64
N’ZILA

ENCANTOS DA PALAVRA AMOR

Amor, ouça esta canção na solidão


Desperta o amor em seu coração
Ouça o seu cérebro
E descubra a paixão

Ama -me com seu olhar


Acalma-me com o seu chegar
Descubra -me quando perdido eu andar

Faça-me chegar até à alma para clarear


Beija-me com seus doces lábios

Esconde-me com seus toques sábios


Olha para mim e diga a ti mesma
Ama-me nem que for sem atitudes

Ama-me nem que for sem bituques


Não empobrecia o meu coração
Enriqueça-me de paixão

Célebre ao mundo
Diga ao mudo
Para que o surdo ouçam o que sentes

Entrega-se a festa da vida


Amarra-te e que sem saída estarás
Venha me amar nem que sem lar

Despeja o sabor da vida e me deia a luz


Juntos iremos brilhar... Amor cego, cego amor

65
Hermenegildo A. Faustino

Hermenegildo Anatoli Faustino, filho de João


Faustino e de Celina Calinga, Natural de Cazenga,
Província de Luanda, Angola.

Escreve poesia desde a pré-adolescência, inicialmente


na igreja onde faziam jogral.

Fez parte do movimento poético “poesia nas ruas de


Luanda”, participou, no concurso de poesia da Rádio
Eclésia “Kais FM”, juntos contra a Covid-19, teve a
oitava classificação. É Membro do Movimento Lev’Art.

66
N’ZILA

SIMPLICIDADE

Não precisas te exaltar


Dizendo quem tu és.

Os teus actos falam bem mais alto


do que a tua voz .

Mesmo de perto ou de longe


conseguimos ouvir em alta dimensão
que até o surdo ouve.

Ouça!
Não seja charlatão,
que faz tudo por ilusão,
faça as coisas no silêncio
com amor e dedicação,
e os teus feitos dirão por ti.

Simplicidade

67
Luís José Guimbi

Luís José Guimbi, filho de José Goma e de Ana Pemba


nascido aos 8 de Outubro de 1967, em Matembo,
Município de Belize, Província de Cabinda.

Fez os seus estudos primários, nas Missões Católica de


Matembo e Imaculada Conceição em Cabinda.

No ano de 1985, incorporou-se na Polícia Nacional, na


Escola Regional de Cabinda. Em 2006, frequentou o
1º Curso de Investigação de Crimes de Acidentes, da
cooperação da BT GNR/Portugal e Polícia Nacional de
Angola; de igual modo fez o curso de grupos de riscos
para a condução veicular, álcool e drogas e humanizar
para melhor cuidar.

Actualmente, frequenta o 2º Ano de Direito na


Universidade Técnica de Angola (Utanga), e exerce a
sua actividade laboral como responsável de Acidentes
da DPTSER/CPL, ostentando a patente de Inspector.

68
N’ZILA

POVOS

Na santa virgem África,


nasceram Congos Belga, Francês e Português
Consomem floresta densa do Mayombe,

Espécies cantam caminhos da vida


Dividem atlântico mar,
culturas semeia alianças

Povos vindos do norte,


Crucificados na terra de Nzinga Nkuvu
e de Kimpavita,
sem salvar a dor da ambição do seu reino.

69
O CAÇADOR

Cintilam os pirilampos,
na noite silenciosa

A noite da caçada do caçador


Uivam os bichos na noite silenciosa
Cintilam os pirilampos,
iluminando a noite

A noite da caçada do caçador


Os bichos na noite brilham
O caçador caça na noite silenciosa

Cintilam os pirilampos,
iluminando na noite silenciosa.

70
N’ZILA

Josué do Nascimento Sudi

Josué do Nascimento Ananias Sudi é engenheiro


metalúrgico, poeta e fazedor de opinião.

Nasceu algures em Luanda, 31 de Agosto de 1992,


naturalizado pela Vila piscatória do N´zeto. É
formado em Engenharia Metalúrgica e de Material,
pela ESPtN – Escola Superior Politécnica do
Namibe.

É técnico do Departamento e Laboratório de


Biologia Marinha da ESPtN (Escola Superior
Politécnica do Namibe).

É Docente da cadeira de Pulverometalurgia, 4º Ano,


do curso de Engenharia Metalúrgica e de Material
na ESPtN. Autor da obra poética “No Silêncio das
Palavras”

Já publicou com o pseudónimo literário, Josué


Black Choco. Figura em diversas antologias
nacionais e internacionais.

71
MAR, AMAR

Céus negros olhos


vi-os, azuis:
do céu
e
do mar

Mar amar
mar a mar
há mar

na negritude
dos céus olhos azuis.

72
N’ZILA

VIAJANDANDO MOÇÂMEDES

Uma negra,
mulher, vestida tchitati3
vende frutas:

duas laranjas
um lowengo
dois dendês
e, a si também

Todavia
em toda via
havia
uma mulher, mukubal
com tchinkuani4 entre as ancas...

mais à frente:

uma bela, moçâmedes


sê-lhe adivinho virgem

uma perfeita claridade


nasce-lhe por entre as pernas.

3
Tchitati- peça de vestuário utilizada pelos povos do sul de Angola e que permite
proteger o sexo.
4
Tchinkuani - peça tradicional utilizada pelos povos do sul de Angola e que permite
proteger as nádegas.
73
Laurindo Lau

Laurindo Lau Capita da Cruz, nasceu no dia 01 de


Agosto de 2003, Município de Negage, na Província
do Uíge.

Em 2018 foi presidente da Associação dos


Estudantes na escola do Iº ciclo Amós Comenius,
em Luanda.

Actualmente, frequenta a escola de Magistério


Primário Mutu-ya Kevela na especialidade de Geo-
história.

74
N’ZILA

SER AFRICANO

Ser africano, não é só ter a pele escura


Ser africano é conhecer a cultura deste humilde povo
E saber que podemos viver simplesmente da agricultura
É ter em mente que antes da colonização
já éramos um povo

Ser africano é ter orgulho


de Kilimanjaro e das riquezas de Angola

Ser africano é saber que aqui nasceu a humanidade


E saber que aqui nasceram grandes cracks da bola

Ser africano é semear positividade


para colher prosperidade

75
PARTILHAR

Partilhar é dar, dar, de coração


É ajudar por amor, e não por ilusão

Partilhar é plantar a sabedoria,


E colher prosperidade
É criar o que está dentro de nós,
É criar a maturidade

Partilhar é esquecer a cor ou a raça,


é ajudar os que necessitam
Dando-lhes aquilo que precisam
Sem esperar ou cobrar nada
Porque sem o amor, o homem é nada

76
N’ZILA

Luzia Fortunato de Carvalho

Luzia Fortunato de Carvalho. Filha de Emanuel de


Carvalho e de Gonga Manuel Fortunato, nascida aos
3 de Agosto de 1999 na Província de Luanda.

Fez a formação de professores do Ensino Primário


no Magistério Primário da Huíla, congregação das
irmãs de São José de Cluny. Actualmente exerce a
docência como profissão. Tem a frequência do
curso de Licenciatura de Ensino da Sociologia no
ISCED-Luanda.
Entrou no mundo da literatura em 2015,
escrevendo com muita hostilidade, mas por
conseguinte, ainda insegura de si nunca mais parou
de escrever, viajando no mundo da imaginação e
criatividade encarando como boa acção e
motivação, um modo de sucumbir suas dores e
sentimentos através da escrita.
Pretende mostrar ao mundo uma radical
mentalidade tendo em vista os valores e crises de
pensamentos em decadência. Ser escritora de um
livro “só poesias” é o sonho que anseia realizar.

77
VOU BRAVATEAR

Em longas estradas
Em constantes bravuras!
Bravatear vou!

Vou bravatear pelas estradas


A consolação nos corações dilacerados,
Nos homens desolados
No vale das lágrimas da opressão
Ansiando expectantes pela libertação

Vou bravatear a alegria


No coração dos discentes do meu povo
Nos corações abalados pelas tristezas
dos homens abandonados
Numa melancolia da vida dilacerada
Que espera por momento de ser libertada

Vou bravatear
Num manto macio
Da mansidão do amor
À humildade para ter a harmonia
Entre os famintos de amor
Com boas mãos brilharetes

Vou bravatear a fé
A felicidade pela vida religiosa
Com bravura contribuindo na obra de Deus
Neste Mundo de vida dolorosa
Fazendo brilhar a ação bondosa

Vou bravatear!
Vou bravatear pela estrada
Ainda que minha mal vida
Dilacere o meu ser
78
N’ZILA

Minha força de vencer


Tornará esta longa estrada
Numa bela e próspera vitória
Vou bravatear
Indubitável sorriso sorriu

Ó minha mãe!
Indubitável sorriso sorriu!
Nas grutas de Chivinguiro
Onde o mundo se manifesta calado
Naquele chão escalado
Indubitável sorriso sorriu

De ver tão magna paisagem


Pena que só foi passagem
Naquela miragem
Entra lá! Lá
Indubitável sorriso sorriu
Nas grutas de Chivinguiro

De pasmada estar saiu


Encontrar o ar que a atmosfera expeliu
Minha mãe!
De ver tão magno seu povo sofrer
E a morrer de tanta sofridão
Padecendo mas continuando sendo!

De tanta canseira dos trabalhos


Amargos que o mundo lhe dá
Nas correrias deste mau mundo triste

Minha Mãe mesmo em sofrimento um sorriso


expeliu!
Saindo em escura gruta
Lá! Lá Indubitável sorriso sorriu! (...)
79
Pedro Carlos Neves

Pedro Carlos Neves, filho de Sebastião Neves e de


Madalena Carlos Verónica, nascido a 01/01/1980,
em Mbanza Congo, Província do Zaire.
Formou-se na Escola Superior Pedagógica do
Bengo, no curso de licenciatura do Ensino de
Língua Portuguesa e Literatura, a partir do ano
2009 a 2012.

Fez o Ensino Primário na antiga escola 419, na


altura, primeiro nível, no Município do
Sambizanga, tendo dado a sequência para o
segundo e terceiro níveis no Município de Cacuaco,
na Escola da Ana Paula e Escola 847 do segundo
nível, para depois frequentar o PUNIV, no curso de
Ciências Exactas.

Actualmente, Pedro Carlos Neves é professor na


função pública do segundo ciclo na província do
Zaire, leccionando as cadeiras de Língua
Portuguesa e Literatura nas 11ª e 12ª classes.

80
N’ZILA

ESPERANÇA NA PENÚRIA

Filhos nasceram,
As terras pegaram fogo
A chama aqueceu, aqueceu
Pais ficaram desamparados,
Novos horizontes foram procurados, mas não achados
Novos horizontes fizeram sumir os pais.

Filhos cresceram na penúria,


As mães alimentaram a esperança nos filhos,
a esperança nas mães apagou o fogo nas terras
Memórias ensombradas do desespero
Porque novos horizontes levaram os maridos.

Filhos esperançadas
Mães envelhecidas
Pais na tenacidade das lembranças,
Filhos vivendo frutos da esperança
E saboreiam o que a penúria não ofereceu.

81
ÁFRICA

Somos nós os teus ganhos!


Ganhos de longos anos de submissão
Uma África velha, envelhecida
Mas por nós filhos, África regenerada.

Somos nós os teus lucros!


Do sangue derramado pelos nossos ancestrais,
Da batalha mortal travada pelos nossos pais,
Da esperança dos nossos filhos.

Somos nós os teus frutos!


Das árvores plantadas e regadas na dor
Como mulher nas angústias da dor do parto.

Somos nós a tua força!


Na esperança de dias melhores
Somos nós os teus ganhos.

82
N’ZILA

David Tomás Mucanhina

Florente é pseudônimo de David Tomás


Mucanhina, natural de Cambulo, Província da
Lunda-Norte, nascido aos 10 de Maio de 1998.

Técnico médio no curso de Construção Civil, na


especialidade de Desenhos de Projectos no Instituto
Politécnico 28 de Agosto do Dundo.

Actualmente, é estudante do curso de Engenharia


de Construção Civil da Escola Superior Politécnica
da Lunda-Sul, Saurimo.

Membro do movimento literário “ARCÁDIA". Um


enamorado, pela arte “POÉTICA" e que almeja
florescer manhãs pois manhãs.

83
TERRA

Verdejante, de lírios e olíreas


Adornada em sua plenitude,
De fragrâncias espalhadas,
À quatro ventos pela idade.

Assobiada por todos sabiás


Banhada pelos sêmens q'o céu traz,
E enche os mares, rios e lagoas,
Fazendo gerar às vegetais, vidas.

Louvada e dançada em júbilos


Ao som dos mares e ribeiros
Bailada pelo seu corpo invejado
Lubrificante, puro e desejado.

Vales cantam a sua beleza


Vemos o sabor da sua vida
Provida de si, terra macieza
Da sua vida temos, doce e Salgada.

84
N’ZILA

PERDOE-ME! ENTEADO

Fiz-lhe banhar lágrimas, outrora, secas


Fiz-lhe voltar à sua mãe, em pensamentos,
Impuros, maléficos que a ti tanto odeias
E geraram o silêncio que mata, todos tempos;

Num diabo da felicidade, deus de lamúrias,


Em que as minhas acções tornaram-lhe
Desfiguraram o seu Eu, seu exterior à marcas,
Minhas, pesadas que selei, e agora domam-lhe;

Garganta sua, deixei-a seca, nem a molhei


Co'um pingo sequer, fui pra si uma maldição,
A diaba que usurpou o trono da sua Mãe
Cego é o seu Pai co' os gemidos da minha sedução;

Odeia-me o seu ventre, suas mãos, ao dizer "não"


Pelo seu labor que não soube recompensar
Fui separatista, partidarista, foi a minha rejeição,
De tudo, de nada, bem não soube lhe cuidar;

Negam-me os céus, nega-me o inferno


Em algures de mágoas, dum leão irado,
Lance-me onde queira, meu Pai eterno
E a ti, perdoe-me! Perdoe-me! Enteado.

85
Domingos Mayifuila Martins

Domingos Mayifuila Martins, nasceu no dia 24 de


Setembro de 2003, na Província do Zaire,
Município de Mbanza Congo, filho de Nzenze
Martins e de Suzana Nkiambote.

Estudante do curso de Frio e Climatização no


Instituto Médio Politécnico do Sambizanga.
Despertou o gosto pela leitura desde tenra idade, ao
passar do tempo foi gostando cada vez mais o que
influenciou muito no seu gosto pela literatura
especificamente no ramo da Poesia.

É membro do PCB-Projecto Candengues Brilhantes


(Organização Comunitária) e do clube de leitura de
amigos, criado na instituição escolar em que
frequenta. Nos seus tempos livres gosta de assistir
filme, jogar futebol e como actividade principal
fazer leitura de livros didáticos e de poesias. Tem
como fonte de inspiração: Luís Vaz de Camões,
Agostinho Neto e William Shakespeare.

86
N’ZILA

NASCER DO SOL

O sol nasce,
o galo canta
e lá vai ela mais uma vez

buscando o seu pão de cada dia


de forma honrada.

Com o céu nublado,


caía chuva
ou faça sol,
ela está sempre lá
com sua forma humilde de ser
e boa disposição

sempre pronta à estender a mão e ajudar


mesmo precisando de ajuda.

Mas nunca triste,


sempre com um sorriso
resplendoroso como o brilho do sol

Com bravura,
e sem se importar com o que dizem ao seu respeito.

E lá vai ela!
com cabeça erguida
e determinada a alcançar os seus objectivos.

Ao pôr do sol, regressa à casa cansada,


mas ainda tem tempo para seus filhos,
vezo este que adquiriu com o passar do tempo.

87
Francisco Muessati Ngunga

Mwele YʼOsapi é o criptónimo literário de


Francisco Muessati Ngunga, nascido aos 12
de Janeiro de 1989, natural da Província do
Huambo-Angola, residente no Município da
Kahala.

88
N’ZILA

ATONIA

A inércia faz íngreme e vã


à vantagem lógica e precisa
de uma energia transitória

Sonhos e utopias se agregam símiles


na mesma taça de lâminas reiteradas

O ócio braçal ofusca o vigor paterno


não ab-roga, às vezes, renovada escolta
ao kama que traz um corolário agridoce

Promissões confessam ser uma rata


e descurada a ascensão vernácula

89
DULCINEIA

Os raios dourados do sol incidem


e afogam-se nos teus olhos rubis
tão marcantes, incisivos e luzentes
tal qual estrelas na aurora oriental

A lua cheia embeleza e desagua


nos teus lábios morenos cor de mel
decorando-os como manhã de natal
forjando aquela sua macia textura

Ó minha dulciolente Dulcineia


o teu umbigo é tão formoso
quanto o aposento de Afrodite

As tuas douradas torres gémeas


são mais do que as colinas do céu
um esplêndido paraíso de ternura

O teu ser é tão espirituoso que o adoro


mais do que um sacerdote egípcio
adorava o rio Nilo e o grande Ramsés II

És o cântico silente dos meus lábios


o ideal solene de uma mistura perfeita
de arquitectura moderna e greco-romana
me fazes transbordar de espiritualidade

90
N’ZILA

Inês Cristina G. Cassumba

Inês Cristina Gonçalves Cassumba, de nacionalidade


angolana, nasceu em Luanda aos 16 de Setembro
2000.

Estudante do segundo ano do curso de Química da


Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho
Neto.

Começou a escrever com 9 anos, fazendo rabiscos em


um caderno cor azul, desde então não parou mais,
continuou escrevendo seus textos em segredo até que
em 2018, apresentou um texto a um grupo de
colegas. Participou no festival brasileiro de música e
poesia “Festival Segue o Som”.

É líder de um projecto de literatura denominada


African Writers AO.

91
OPRESSÃO

Desde que me conheço


Já existem regras, independentemente de como me sinto
Não importa se estou insatisfeita devo obedecê-las

Sou coagida por religiões


Que me dizem sempre que mulher não deve ter voz
Obrigada desde criança, a ver a dores das opressões
Violações e agressões

Homens definem como as mulheres devem ser


Como devem viver, que postura devem adotar
Até mesmo o que devem gostar
Sem ao menos se questionar se é a vontade dela
Se isso a deixa feliz

Desenham a mulher de um jeito


E a obrigam-na a seguir
Acima de qualquer desejo,
não importando qual for a idade

Mulher nenhuma tem autoridade para gritar


mais que um homem
Mesmo que ele estiver a lhe sufocar

Já está na hora disso acabar


Parem de nos mutilar,
Parem de nos obrigar a calar
Também queremos nos pronunciar

Parem de nos regredir,


queremos evoluir
Temos necessidades,
92
N’ZILA

também merecem ser supridas


Queremos oportunidade
merecemos ser ouvidas
Se submissão for escravidão,
então não quero saber da Bíblia
Mulher tem direito expressão,
precisamos de liberdade para o coração.

93
Por Uma Ideia Spoken

Por Uma Ideia Spoken pseudônimo de João


Tchicambi Tchipundukua. Nascido aos 22 de
Dezembro de 1994 na cidade do Tômbwa. Concluiu
o ensino médio em Ciências Física Biológicas no
Liceu Dr. António Agostinho Neto "Tômbwa".

Membro do Núcleo Lev'Arte Namibe e Secretário do


Sector Lev'Arte Tômbwa. Os seus primeiros passos
poéticos foram dado em 2015 entre o mar e o
deserto, ou seja, na mesma cidade onde nasceu.
Porém o poeta em questão já vem a mergulhar no
mar da poesia desde adolescência a fase onde
começou a rabiscar os primeiros versos por mera
curiosidade. Mas por hoje busca fazer poesia ao pé
da letra e consagrar-se neste vasto mar. Há quem o
chama de poeta da vida pela sua forma de exprimir
sentimentos e abordar a vida nas linhas da
literatura. Não obstante, expressar o seu oceano de
inspirações " Por Uma Ideia Spoken " encontrou na
literatura o caminho para percorrer a sua jornada e
perfazer o seu propósito terreno.

94
N’ZILA

UMA FLOR…

Há uma flor no jardim da minha alma


uma flor para anônima mulher
que meu Eu ama.

Uma flor sem posse nem pudor


para fornecer na minha alma gêmea
algures companheira nesta odisseia.

Uma flor gira e orna


que nem o gira sol
para quem dona
do meu anel for.

Uma flor florescendo


no pulsar do meu coração
com as folhas da simplicidade
pétalas da paixão
uma flor fragrante da eternidade

95
Marcelina J. Miguel

Nasceu em Angola, na província de Luanda,


Município de Sambizanga, no dia 30 de Agosto no
ano de 2000. Marcelina J. Miguel, é filho de Araújo
Miguel e de Patrícia Joaquim.

É estudante do curso de Ciências Económicas e


Jurídicas, membro da Associação dos Jovens
Amigos da Literatura, onde tem desenvolvido a sua
arte de escrita poética e da declamação.

96
N’ZILA

SINTO DOR

Sinto dor não nas rochas dos meus pés


de tanto caminhar
Mas sinto-as na extremidade da alma de tanto chorar
Ensopada fiquei de tanto esperar
Viver num mundo a imaginar

Sinto a dor
Não pelo pão
Sinto a dor na alma
porque não vejo a esperança no amanhecer

Quem pode ser


O fazedor da felicidade?
Quem pode ser
O mestre da alegria
O consolador que vem.... Com alegria?

Sinto dor
Devorando o meu ser
Roubaram de mim o meu querer

Choro
Espero
Ser o mestre da solidão
Porque não supero minha situação
Sinto dor.

97
OS BEIJOS SONHADOS

Na minha ilusão
Amor te amei

Com um sonho te beijei


Incansavelmente
Imaginei nossos beijos beijados

No interlaço nossos lábios tocaram-se como vento suave


batendo e tocando levemente por cima de uma árvore

Meu coração de papel


Baloiçava enquanto com um sonho te beijava
Loucamente imaginava um momento de romance.

98
N’ZILA

Leonardo Eridson

Leonardo Eridson, nasceu no dia 14 de Março na


Província do Uíge. Formado em Direito, especialidade
Jurídico Civil pela Universidade Kimpa Vita.

Seu gosto pela Literatura, surge no Ensino Médio


quando ensaiava as letras por meio de um papel e uma
lapiseira, por intermédio de seu amigo.

É membro do Círculo Literário Letras Vivas do Uíge,


grupo vencedor do Prémio Rostos do Uíge 2019, na
Categoria Literatura – Melhor Grupo do Ano.

Nos seus tempos livres, gosta de ler, escrever, ver


desposto e filmes, acima de tudo meditar sobre os
encantos da Vida.

99
CANTOS DE ESPERANÇA

Nasce da terra
Trombeta do amanhã
Melodia dos dias melhores
Estrofe da paz

Batuque na noite fria


Assobios dos pássaros
Letras de amor
Vocábulos entoados no coração

Violino da saudade
Da citadina à luz sanzala
Brilhante arco - íris das crianças
Dos calções rotos empoeirados
Humilde irmandade

Dança do povo
Luz do túnel girassol
Aberta de mãos dadas
Eternas lembranças.

100
N’ZILA

SEM TETO

Pomar da esperança
Mãos estendidas nas artérias
Amigos do meu rosto
No vai e vem das cores do semáforo

Mundo de angústias
Inocência da criança
Milagroso pão
No deserto da garganta

Noite longínqua
Silêncio do quarto da hora
No entoar do galo
Frieza no amanhecer

Derrube do sorriso
Parceria das gotículas nos olhos
Um afecto utópico
Desiderato à nação postergada.

101
Pedro Francisco Manuel Saveia

Por inocência, foi nomeado Pedro Francisco


Manuel Saveia, nascido aos 20 de Maio de 1993, no
Cazengo/ Kwanza Norte. É bacharel em Filosofia
pelo ISDB/UCAN. Sentindo-se cativado pela vida
missionária, é membro da Congregação dos
Missionários do Verbo Divino.

Actualmente, estudante de Estudos Interculturais


na Faculdade do Verbo Divino em Iowa/USA. Tem
uma devoção e admiração pelo ramo da literatura.
Faz da poesia, conto, crónica e ficção a sua terapia
intelectual.

102
N’ZILA

O PORTAL DO KWANZA-NORTE

Rosa é porcelana
É uma Rosalina
Tua estrutura é fecunda
Rosa com pétala linda

Tua história é uma lenda


Que marca coração de fenda
Tua beleza inunda
Teu ser é uma vivenda
Da natureza é oriunda

Teu perfume defenda


Tua alegria infunda
Tua tristeza esconda
Teu espírito transcenda
Teu amor autodefenda
Em busca de uma propaganda.

103
KWANZA REFRESCANTE

Rio Kwanza tu és deslumbrante


Tua força é temente
Tua simplicidade rasga
os terrenos como uma serpente

Tua vaidade alimenta o vivente


Tua frescura tem sabor a chocolate

Tua beleza é ardente


Teu leito é amante
Teu caudal dedicaste
Tua inocência é potente
Teu ser é a casa comovente
Tua genuinidade é cativante

104
N’ZILA

Netílcia Francisco Congo

Nascida aos 25 de Outubro na Província de Luanda.


Netílcia Francisco Congo é uma jovem amante de
literatura, formada no curso Médio Técnico de
Química Industrial pelo Instituto Médio Técnico
São Benedito. Actualmente estudante universitária,
da Faculdade de Ciências no 3º Ano do curso de
Química da Universidade Agostinho Neto.

Escritora em ascensão, trilha esse caminho desde os


seus 16 anos de idade, numa jornada que teve início
por intermédio da escrita de textos que retratavam
a sua visão em relação ao mundo.

É movida por grandes aspirações e carrega a escrita


como ferramenta de emancipação a fim de mudar
mentalidades e incentivar o AMOR como a base de
todos os preciosos tesouros já existentes. Tendo a
automotivação como sua categoria favorita mostra
isso em suas redes sociais, com conteúdo de sua
própria autoria.

Autora de "O menino que não sabia correr" e o "O


Universo das lágrimas" não publicados até ao
momento. Neste último, retrata um conjunto de
reflexões, pensamentos profundos e conselhos.
"Nesta obra a autora confirma a gratidão e a decisão
de viver em Cristo.

105
ALICE

Tanto corpo
Pouca altura
Poucos passos
Muitas curvas

Tanto amor
Tantas curvas para lamber
Língua doce que tira a dor
Dedos firmes que aquecem

Tantas palavras com lealdade


Vindo dela, uma essência
Sem demência
Ela encanta

Tanta cor
Muitos pesos inundáveis
Tantas ideias hilariantes
Linda gente
Sorridente
Com memórias experientes

Qualidades só a somam
Porque a bondade lhe envaidece
Pele lisa com empatia
No corpo dela
Não há guerra
Só vaidade e liberdade.

106
N’ZILA

Fernando Artur Gomes

Fernando Artur Gomes, que assina sob o pseudônimo


de Fernando Kya Samba, nascido a 29 de Abril de
1996, em Luanda, Cazenga. É Membro coo-fundador
do Movimento Literário Vozes das Letras. Escritor,
prosador, poeta e declamador por distração. Tem as
seguintes participações em Antologias:

«Mundo das Poesias II – Edições Versejar» Brasil


(2018);
«Em Contos, Versos e Crônicas – UNY Editora» Brasil
(2018);
«Poesias em Homenagem aos Heróis de 4 de Fevereiro
– DOIS 03» Angola (2018);
«Eu Jardineiro Poesias – Publicação independente»
Brasil (2019);
«A Gente Que Eu Conheço – Ginga Editora» Angola
(2019);
«O Kandongueiro – Massona Editora» Angola (2019)
«Revista Lusófona – Sui Generis» Portugal (2019)
«Escritos de Quarentena – Edições Handyman»
Angola (2020).

Fernando Kya Samba está sempre disposto a morrer


para viver novamente!

107
HIPÓTESES E TEORIAS

E se os versos recitados pelo sopro do vento


não harmonizarem em seu imo os mistérios do cosmo?

Se meu olfato não sentir o bafo da antítese


e da repetição da estrofe que rima
com o som do coração,
o tom acentuado a tensão da paixão
e os pianos da vida se negarem a orquestrar
os sons harmoniosos do nosso quotidiano?

Direi eu no meu dito que sou feliz?


ou ouvirei gritos na ensurdecedora voz do silêncio,
gente jurando de pés juntos que sou feliz,
um poeta que para a vida diz sim?

De olhos abertos
rostos erguidos e sonhos sonha(dores)
creio que Eu e Você, na verdade, todos Nós
por muitos e longos anos ainda estaremos aqui
na jaula a céu-aberto do Sim e do Não!

E se meus lábios
nunca e jamais beijarem os lábios da brisa?
Se eu não palpar o rosto da noite,
sonhar o seu sonho consigo lá fora
e apreciar o recital de poemas ambíguos
proporcionado pelos pássaros na aurora?

Poderei eu dizer que sou um ótimo poeta


Que conheço as desaforadas metáforas
ou eufeminisarei minhas palavras?

108
N’ZILA

Para hiperbolizar minhas dores


por não ter honrado minha pátria
no concurso de poesia e não ter escrito
o meu nome no livro dos poetas?

Ou será minha teoria, minha figura de estilo a ironia


para dizer que sou o contrário de tudo que julgo ser?

E se o poema, o meu grande poema,


o poema que já sinto me cirandar nas veias
nunca e jamais for redigido?

E se minha rima não rimar?


como, como será a poesia?

109
Fernando Miguel Bige

Poeta da Fé, pseudônimo literário de Fernando


Miguel Bige, natural da Ingombota, Província de
Luanda. Membro do Movimento Literário Vozes das
Letras. É escritor, poeta e declamador.

Participou em várias actividades Cultural do


Movimento Literário Lev’Arte (Sector de Viana).

110
N’ZILA

METADE DE MIM

Metade de mim é poesia


Verbo e saudades, força
e coragem para chegar até ao fim,
A outra metade é cansaço e contenda

Metade de mim é decorações


Espírito e combate
perda de batalhões,
mas a outra metade
é valente...

Metade de mim é pobreza


Dissonância no deserto
vento de mar-morto
que fala por mim o silêncio
a outra metade não sei, confesso!...

Metade de mim é hino e casamento


milénio de um segundo é passado,
o passado de um passado
no passo de um século
que está escrito,
mas a outra metade é o medo...

Metade de mim é amor!!


é amor na carne e nos ossos
no sangue cujo os rios
as águas não secam os risos
é natureza viva e um simples intercessor,
a outra metade é você e coração
Cristo e ressurreição.

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