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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

Órgão 2ª Turma Cível

Processo N. APELAÇÃO CÍVEL 0701986-07.2018.8.07.0014


APELANTE(S) BANCO ITAUCARD S.A. e JOCELIO DOS SANTOS OLIVEIRA
APELADO(S) JOCELIO DOS SANTOS OLIVEIRA e BANCO ITAUCARD S.A.
Relator Desembargador SANDOVAL OLIVEIRA

Acórdão Nº 1280219

EMENTA

PROCESSO CIVIL. CIVIL. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. NÃO VIOLAÇÃO. CARTÃO


DE CRÉDITO. COMPRAS NÃO AUTORIZADAS PELO CONSUMIDOR. FRAUDE. FALHA
NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR.
FORTUITO INTERNO. INEXISTÊNCIA DO DÉBITO. COBRANÇA INDEVIDA. DANO
MORAL. NÃO CONFIGURADO. MERO DISSABOR. HONORÁRIOS. FIXAÇÃO
EQUITATIVA. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS.

1. Apelação interposta contra a sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos para declarar
inexistentes os débitos apontados na petição inicial, condenando as partes, ao final, em sucumbência
recíproca e proporcional, ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes
fixados em 10% (dez por cento) do valor da causa, nos termos do artigo 85, §2°, do CPC.

2. Considerando ter o apelo apresentado contrapontos à sentença recorrida, não há se falar em violação
ao Princípio da Dialeticidade. Preliminar rejeitada.

3. Ao se considerar a responsabilidade objetiva dos fornecedores por vício na prestação do serviço (art.
14, CDC), basta ao consumidor provar o dano e o nexo de causalidade, sendo prescindível a prova do
elemento subjetivo.

4. No caso em análise, o autor demonstrou a impossibilidade de ter feito as compras impugnadas, uma
vez que estas foram efetivadas nos Estados Unidos, no dia 12/03/2018, em tese, com o cartão físico,
quando já se encontrava no Brasil e na posse do cartão.

5. Cabia ao banco, dado o risco inerente à atividade que exerce, atuar com a máxima cautela antes de
autorizar compras vultosas efetivadas com os cartões de crédito que disponibiliza a seus clientes, em
especial quando a transação foge ao padrão de consumo do cliente.
6. O sistema consumerista é erigido sob a teoria do risco, a qual foi prestigiada no enunciado nº 479 da
Súmula de Jurisprudência do e. STJ: “As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias.”

7. A cobrança realizada de forma injustificada, mas que não atinge o direito de personalidade do
requerente, muito embora tenha gerado dissabores, inviabilizada a condenação a compensação a título
de dano moral.

8. A regra prevista no artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil, que estabelece balizas e parâmetros
para a fixação de honorários advocatícios, é mitigada pelo § 8º do mesmo dispositivo, no intuito de
garantir aos patronos uma remuneração condizente com o trabalho exigido, a despeito da expressão
econômica abrangida pela causa. Revelando-se excessivos os honorários advocatícios eventualmente
fixados no mínimo de 10% (dez por cento) do valor da causa, impõe-se a observância do § 8º do art. 85
do CPC, com a consequente fixação da verba honorária por equidade.

9. Considerando que o pedido principal (inexistência do débito) possui maior expressão econômica em
relação ao pedido acessório (dano moral), não há se falar em sucumbência recíproca equivalente,
impondo-se a redistribuição do ônus da sucumbência.

10. Recursos conhecidos e parcialmente providos.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e dos Territórios, SANDOVAL OLIVEIRA - Relator, HUMBERTO ULHÔA - 1º Vogal e
SANDRA REVES - 2º Vogal, sob a Presidência do Senhor Desembargador JOAO EGMONT, em
proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME., de acordo
com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 09 de Setembro de 2020

Desembargador SANDOVAL OLIVEIRA


Relator

RELATÓRIO

Trata-se de recursos de apelações interpostos em face da sentença (ID 16957208) da Vara Cível do
Guará que, nos autos da ação de conhecimento (declaratória de inexigibilidade de débito c/c danos
moral) ajuizada por JOCELIO DOS SANTOS OLIVEIRA em desfavor da BANCO ITAUCARD S.A.,
julgou parcialmente procedentes os pedidos para declarar inexistentes os débitos apontados na petição
inicial. Na oportunidade, teve como improcedente o pedido de danos morais.

Ao final, em razão da sucumbência recíproca e proporcional, impôs a cada uma das partes o pagamento
de 50% (cinquenta por cento) das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes fixados em
10% (dez por cento) do valor da causa, nos termos do artigo 85, §2°, do CPC.

BANCO ITAUCARD S.A., em suas razões recursais (ID 16957212), assevera que todas as compras
impugnadas são legítimas, pois foram realizadas com o uso de cartão com CHIP e senha secreta
pessoal e intransferível, a qual é de responsabilidade do titular do cartão.

Salienta que o cartão com CHIP não é passível de clonagem, inexistindo falha na prestação do serviço

Aduz culpa exclusiva do consumidor, o qual facilitou que terceiros obtivessem acesso a seu cartão e
senha.

Ressalta ser o montante fixado a título de honorários sucumbenciais, ainda que estabelecido no mínimo
legal (10%), exacerbado, não observando os parâmetros no § 2º do artigo 85 do CPC e, portanto,
devem ser arbitrados de forma equitativa.

Pugna pela reforma da sentença, julgando-se improcedentes os pedidos exordiais. Caso não seja esse o
entendimento, requer a redução dos honorários de sucumbência.

Preparo regular (ID 16957213).

Contrarrazões devidamente apresentadas, oportunidade em que requer o não conhecimento do apelo


por violação ao princípio da dialeticidade (ID 16957222).

Por sua vez, JOCELIO DOS SANTOS OLIVEIRA, em suas razões recursais (ID 16957224), sustenta
ser hipótese de dano moral in re ipsa, se fazendo desnecessária a demonstração do abalo sofrido, em
especial por ter ocorrido a inscrição indevida do nome do consumidor em cadastros restritivos de
crédito. Assim, requer a condenação da parte adversa em compensação por dano moral no valor de R$
20.000,00.

Afirma ter sucumbindo em parcela mínima ao se considerar o conteúdo econômico do pedido que foi
julgado improcedente, o qual corresponde apenas a 15,63% do montante total. Nesses termos, pugna
pela condenação integral do réu ao ônus da sucumbência ou, em assim não se entendendo, a
redistribuição na proporção de 15,63% para o autor e 84,37% ao réu.

Preparo regular (ID 16957225)

Contrarrazões (ID 16957229).

É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador SANDOVAL OLIVEIRA - Relator


Inicialmente, impende consignar que a sentença sobre os embargos de declaração opostos pela parte
autora foi publicada em 15/04/2020 e os apelos interpostos em 06/02/2020 (réu) e 27/04/2020 (autor),
sendo, portanto, tempestivos. Preparos regulares.

1. Princípio da dialeticidade

O autor sustenta, em contrarrazões, preliminar de não conhecimento do recurso da parte ré por


violação ao princípio da dialeticidade, pois apenas repete os argumentos lançados em sede de
contestação.

Com efeito, o princípio da dialeticidade recursal é requisito de admissibilidade que impõe ao


recorrente a impugnação específica dos fundamentos, de fato e de direito, da decisão resistida (artigo
1.010, III, do CPC), impedindo o conhecimento de recurso genérico, no qual a parte pede ao Tribunal
uma nova decisão sem indicar os motivos específicos para a reforma do provimento judicial
hostilizado.

Da leitura da sentença recorrida, depreende-se que o magistrado teve por inexistentes os débitos
contestados pelo autor em sua fatura de cartão de crédito porquanto o consumidor provou que nem
ele, e tampouco o cartão de crédito, estavam no local (Estados Unidos) no momento da efetivação das
compras impugnadas; e, noutro vértice, a parte ré não se desincumbiu de comprovar a versão
apresentada em sua tese de defesa, no sentido de que as compras foram realizadas pelo autor
pessoalmente com o uso do cartão físico, ou com a autorização dele, sem emprego de artifício
fraudulento.

O recurso interposto pelo requerido, por sua vez, defende a inexistência de falha na prestação do
serviço, ao argumento de que as compras reclamadas foram realizadas mediante utilização do cartão
com CHIP e senha pessoal e intransferível, a qual é de responsabilidade do titular do cartão, bem
como tece arrazoado sobre a impossibilidade de fraude em cartão que contém CHIP, ou seja, afirma
ter apresentado provas robustas a fim de comprovar ter sido o autor quem realizou as compras
contestadas.

Nesse descortino, observa-se que o apelo apresenta contrapontos à sentença recorrida, motivo pelo
qual não há se falar em violação ao princípio da dialeticidade.

Rejeito, assim, a preliminar suscitada e conheço dos recursos.

1. Breve histórico

Historiam os autos que o autor viajou de férias para Nova York, Estados Unidos, do período de
25/02/2018 a 10/03/2018, chegando ao solo brasileiro no dia 11/03/2018 (e-mail de confirmação de
compra de passagens — ID 16956949), e já retornando ao trabalho no dia 12/03/2018 (folha de ponto
— ID 16956951).

O autor conta que no dia 12/03/2018, no fim da tarde, foi surpreendido por ligação telefônica da
empresa ré a fim de confirmar se ele havia realizado algumas transações naquele dia 12 em valores
fora do padrão habitual de consumo, no total de R$ 107.947,73, em lojas localizadas em Miami, nos
Estados Unidos. Na oportunidade, o requerente informou não ter realizado as compras, contestando os
débitos, bem como relatou já ter retornado ao Brasil no dia 11/03/2018, informando estar na posse do
cartão físico (ID 16956950), o qual foi cancelado no mesmo dia 12 a fim de evitar compras futuras
por possível fraudador.

Por outro lado, a instituição financeira ré indeferiu a contestação dos débitos lançados no cartão de
crédito do autor, ao argumento que apenas este, ou pessoa autorizada por ele, poderia ter realizado as
compras reclamadas, porquanto as transações haviam se efetivado por meio de cartão físico com
CHIP e disponibilização de senha pessoal e intransferível. Afirmou, ainda, que a tecnologia dos
cartões com CHIP não possibilita a ocorrência de fraude.

É a síntese do necessário.

1. Mérito

A matéria sob análise versa sobre relação jurídica travada entre fornecedor de serviços e cliente,
amparada, portanto, pelo Código de Defesa do Consumidor, o qual dispõe em seu artigo 14 cumprir
ao fornecedor responder de forma objetiva pelos defeitos na prestação de seus serviços.

Não se olvida, todavia, existir situações em que, mesmo sendo caso de responsabilidade objetiva, o
fornecedor poderá se eximir do dever de reparar os danos, caso presente alguma das hipóteses
dispostas no parágrafo 3º do artigo 14 do CDC:

"Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparação de danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre a sua fruição e riscos.

(...)

"§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar.

I - que, tendo prestado o serviço o defeito inexistente;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro."

Nesse contexto, ao se considerar a responsabilidade objetiva dos fornecedores por vício na prestação
do serviço, basta ao consumidor provar o dano e o nexo de causalidade, sendo prescindível a prova do
elemento subjetivo. Lado outro, cabe ao banco réu o ônus de provar os fatos impeditivos,
modificativos e extintivos do direito do autor.

In casu, a parte requerida não se desincumbiu do ônus de comprovar a ocorrência de quaisquer das
situações previstas nos incisos I e II do § 3º do artigo 14 do CDC acima mencionados.

Nota-se que, no caso em análise, o autor demonstrou não ser possível a ele realizar as compras
contestadas, uma vez que estas foram efetivadas nos Estados Unidos , no dia 12/03/2018, em tese,
com o cartão físico, segundo consta na fatura do cartão de crédito e também afirmado pela própria
instituição financeira ré, quando ele/autor já se encontrava no Brasil e na posse do cartão.

Como bem pontuado pelo magistrado singular, “consoante indicado pelos documentos acostados aos
autos, o autor, no dia da realização das transações, já estava no Brasil, tanto que sua passagem de
retorno estava marcada para o dia anterior (ID 16956949 — sic) e, no dia 12/3/2018, dia da
transação fraudulenta, registrou presença em seu local de trabalho, conforme o documento de ID
16956951 (sic), cuja autenticidade não foi impugnada.”. Consigne-se ter o autor ainda apresentado a
fatura de seu cartão de débito demonstrando ter realizado compras em estabelecimentos comerciais de
Brasília no dia 12/03/2018, a fim de demonstrar já estar na capital quando da realização das compras
impugnadas, bem como, conforme se verifica da foto colacionada sob ID 16956950, que o cartão
sempre se manteve na posse do requerente.

Ora, é de trivial sabença que o risco de fraude é da essência da atividade bancária, assim, a prestação
desse tipo de serviço impõe às empresas fornecedoras que se revistam de todas as garantias
necessárias para evitar a violação de seu sistema operacional por estelionatários, assegurando aos
usuários todas as garantias e seguranças nas transações bancárias.

O consumidor, destinatário final do serviço, está em uma posição de hipossuficiência, uma vez não
deter o conhecimento das técnicas de segurança aplicadas internamente pelos bancos, não sendo
plausível dele exigir a comprovação da alegação de que foi o autor da suposta transação fraudulenta.
Configura-se razoável que a instituição assuma os riscos inerentes à atividade explorada e não queira
apenas usufruir as benesses dela advindas.

No caso em análise, o conjunto probatório demonstra que o autor não concorreu para o evento danoso.
Não há qualquer notícia nos autos de que ele tenha deixado de realizar os procedimentos cabíveis a
fim de evitar a utilização indevida de dados de seu cartão por terceiros.

Assim, impõe reconhecer não haver comprovação nos autos de que o consumidor tenha deixado de
observar as recomendações para a utilização dos serviços fornecidos pela instituição bancária ou que
tenha se descuidado de seus dados, tais como documentos, senha e cartão, como sugere o réu.

Em verdade, contrapondo os fatos narrados pelo autor com as provas dos autos, evidencia-se presente
a verossimilhança da alegação da existência da compra feita mediante fraude dos dados de seu cartão
crédito. E, embora a instituição financeira defenda a impossibilidade de tal fato diante da tecnologia
utilizada em cartões com CHIP ser insuscetível de fraude, a parte ré não requereu a realização de
prova pericial no cartão do autor a fim de comprovar a alegação, ônus que lhe cabia, não bastando
para tanto estudos realizados de forma unilateral pela parte e a anos pretéritos.

No caso, não há se falar em excludente de responsabilidade por culpa exclusiva da vítima para a
ocorrência do evento danoso, tampouco em caso fortuito caracterizado por ação invencível de
terceiros. Cabia ao banco, dado o risco inerente à atividade que exerce, atuar com a máxima cautela
antes de autorizar compras vultosas efetivadas com os cartões de crédito que disponibiliza a seus
clientes, em especial quando a transação foge ao padrão de consumo do cliente.

Decerto, se não busca resguardar a perpetração de fraude, sendo conhecedora dos riscos inerentes à
prestação desse tipo de serviço, deve arcar com os danos injustamente impostos ao consumidor.

Essa realidade permite a conclusão de que houve falha na prestação dos serviços ofertados pelo réu.
Portanto, responde objetivamente pelos danos causados ao consumidor, como preceitua o artigp 14 do
Código de Defesa do Consumidor, sendo irrelevante a discussão sobre a existência, ou não, de
conduta culposa ou dolosa ou, ainda, ato de terceiro.

Destaque-se que o sistema consumerista é erigido sob a teoria do risco, a qual foi prestigiada no
enunciado nº 479 da Súmula de Jurisprudência do e. STJ: “As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias.”

Nesse sentido já se pronunciou esta Corte:


DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA
COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO.
ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO. TITULAR DA MARCA E BANDEIRA.
PRETENSÕES ORIGINÁRIAS DE FRAUDE. LEGITIMIDADE PASSIVA (CDC, ART. 7º
PARÁGRAFO ÚNICO, 20 E 25, § 1º). SOLIDARIEDADE ENTRE AS FORNECEDORAS.
MANEJO DA AÇÃO EM FACE DE UMA OU DE AMBAS AS OBRIGADAS. FACULDADE
RESSALVADA À CONSUMIDORA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO.
INEXISTÊNCIA (CC, ART. 264). PRELIMINAR REJEITADA. COMPRAS REALIZADAS
MEDIANTE FRAUDE. UTILIZAÇÃO FORA DO PERFIL DO CLIENTE. OPERAÇÃO
REALIZADA EM PAÍS ESTRANGEIRO. FALHA NO SERVIÇO. SEGURANÇA, INFORMAÇÃO
E BOA-FÉ. VULNERAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO BANCO GESTOR E DA
ADMINISTRADORA DO CARTÃO. SOLIDARIEDADE. RESPONSABILIZAÇÃO PELA
ELISÃO DOS LANÇAMENTOS. PRETENSÃO ENDEREÇADA À ADMINISTRADORA DO
CARTÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INERENTE AO RISCO DA ATIVIDADE.
APELAÇÃO DESPROVIDA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
MAJORAÇÃO DA VERBA ORIGINALMENTE FIXADA. SENTENÇA E APELO FORMULADO
SOB A ÉGIDE DA NOVA CODIFICAÇÃO PROCESSUAL CIVIL (NCPC, ART. 85, §§ 2º E 11).

(...)

5. À empresa detentora da bandeira do cartão, na condição de fornecedora de serviços crédito,


compete velar pela higidez da segurança dos serviços que coloca à disposição do cliente, inserindo-se
nos riscos inerentes as suas atividades sua responsabilização pelos danos advindos da realização de
operações financeiras fraudulentas, tanto mais porque sua responsabilidade é de natureza objetiva,
independendo da perquirição da culpa para sua responsabilização, satisfazendo-se tão somente com a
verificação da ocorrência da falha nos serviços que fornece, os danos experimentados pelo
consumidor e o nexo de causalidade enlaçando-os (CDC, arts. 7º, parágrafo único, e 14; STJ, súmula
479).

6. Sob a teoria do risco do negócio encampada pelo legislador de consumo, o fornecedor de serviços
creditícios responde objetivamente pelas falhas advindas dos serviços que fomenta como inerentes à
atividade lucrativa que desenvolve no mercado de consumo, não encerrando fato apto a ilidir sua
responsabilidade a constatação de que os danos sofridos pelo cliente derivaram da atuação delituosa
de terceiros por encerrar a ocorrência fortuito interno às atividades desenvolvidas e aos riscos que lhe
são inerentes (CDC, art. 14 e § 3º).

7. A empresa detentora da bandeira do cartão, conquanto não mantenha relação direta com o
consumidor, se qualifica como prestadora de serviços de crédito, sendo responsável pelas operações
fraudulentas realizadas através do cartão de crédito oferecido ao correntista mediante utilização dos
seus dados pessoais, notadamente quando destoavam do perfil de consumo ordinariamente
apresentado pelo consumidor e, ainda assim, não foram obstadas, pois, a par de sua responsabilidade
perante os serviços que fomenta e ao consumidor ser de natureza objetiva, compete-lhe ilidir a falha
imputada, determinando que, não se desincumbindo desse ônus, sobejando, ao invés, evidentes a
fraude e a falha, seja responsabilizada pelo havido como expressão da natureza de sua
responsabilidade, norteada pela teoria do risco do empreendimento, culminando com a declaração da
inexistência dos débitos derivados das operações fraudadas (CDC, art. 14, §3º, II; CPC, art. 373, II).

8. Emergindo incontrastável a subsistência de compra fraudulenta realizada eletronicamente mediante


utilização ilícita de cartão de crédito, o banco gestor do contrato e a administradora titular da
"bandeira" e marca do instrumento creditício são responsáveis pelo havido, e, resistindo em assimilar
a fraude, culminando com o endereçamento de cobranças desprovidas de causa subjacente ao
consumidor, deve ser afirmada a insubsistência das operações realizadas fraudulentamente, pois o
havido, se se qualifica como fortuito interno, não infirmando a responsabilidade das fornecedoras,
determina a alforria do consumidor vitimado pelas falha havida.

(...)
(Acórdão 1196880, 07062219620188070020, Relator: TEÓFILO CAETANO, 1ª Turma Cível, data
de julgamento: 28/8/2019, publicado no DJE: 5/9/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. CONSUMIDOR. AÇÃO ORDINÁRIA. DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. PRELIMINARES REJEITADAS. REPRESENTAÇÃO
PROCESSUAL. VÍCIO. AUSENTE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. AUSENTE. MÉRITO.
CARTÃO DE CRÉDITO. COMPRA NÃO AUTORIZADA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS. DANOS MORAIS.
INSCRIÇÃO. SERASA. RISCO DO EMPREENDIMENTO. SENTENÇA MANTIDA.

I. As instituições financeiras respondem pelos danos gerados por fortuito interno, falha na prestação
dos serviços, assim, deve ser responsabilizadas ao debitar em cartão de crédito transação
anteriormente não autorizada por esta.

II. A vigilância e segurança das operações financeiras é dever da instituição que, ao exercer a
atividade, assume os riscos a ela inerentes.

III. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar que, tendo prestado o
serviço, o defeito inexiste ou demonstre a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

(...)

(Acórdão 1112769, 00413439120168070018, Relator: LEILA ARLANCH, 7ª Turma Cível, data de


julgamento: 25/7/2018, publicado no DJE: 7/8/2018. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

O nexo causal está devidamente demonstrado, porquanto o fato que originou os débitos indevidos na
fatura de cartão de crédito do autor decorreu da falha do serviço prestado pela instituição financeira ré,
cujo sistema de segurança na checagem antes de autorizar as compras que fugiam ao padrão de
consumo do cliente falhou e permitiu a utilização dos dados do cartão por fraudadores.

Exsurgindo dos autos a prova do fato e o nexo causal entre o defeito no serviço e os danos
ocasionados, impõe-se reconhecer a inexigibilidade dos débitos lançados no cartão de crédito do autor
referente a compras realizadas em lojas localizadas nos Estados Unidos, no dia 12/03/2018, quando o
autor já se encontrava em solo brasileiro.

1. Dano moral

O juízo de origem entendeu não haver indicativo de que a conduta do requerido tivesse ocasionado
transtornos capazes de ofender os direitos da personalidade do autor. E, de fato, depois de analisar
detidamente os autos, chego a idêntica conclusão.

O dever de indenizar, via de regra, depende da existência de conduta antijurídica ensejadora do dano,
bem como do nexo de causalidade entre o comportamento e o malefício.

Segundo os artigos 186 e 927 do Código Civil, a responsabilidade civil pressupõe a presença de
alguns elementos: ato ilícito (ação ou omissão contrária ao direito), nexo de causalidade e dano.

Nos ensinamentos de Humberto Theodoro Júnior: “Somente o procedimento antijurídico, contrário a


um prévio dever de conduta, leva à configuração do ‘ato ilícito’ e à geração da consequente
responsabilidade pelo ressarcimento do injusto prejuízo causado a outrem.” (Responsabilidade Civil
por Dano Moral, in Responsabilidade Civil, Doutrina e Jurisprudência, Aide, 4ª ed., p. 25).

No caso, o autor insurge-se contra a parte da sentença que julgou improcedente seu pedido de
indenização por danos morais. Entretanto, a situação vivenciada por ele não ultrapassou o mero
aborrecimento advindo da má-prestação do serviço. A cobrança que foi realizada, de fato, como acima
exposto, foi injustificada, todavia, não chegou ao ponto de atingir a honra objetiva do requerente,
muito embora tenha gerado dissabores.

Ademais, não restou demonstrado nos autos ter sido o nome do consumidor inscrito em órgão de
proteção ao crédito (ID 16957186), tendo ocorrido apenas a comunicação de tal possibilidade (ID
16957193). Some-se a isso não haver qualquer fato, comprovado, revelando que a cobrança indevida e
a falha na prestação do serviço atingiram seus direitos da personalidade.

Sobre o tema, trago à colação os seguintes precedentes deste egrégio Tribunal de Justiça:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS. APELAÇÃO CÍVEL. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
INCIDÊNCIA. LIMITES DA APELAÇÃO. SERVIÇO DE NATUREZA BANCÁRIA.
RESPONSABILIDADE CIVILOBJETIVA DO FORNECEDOR. ENTREGA DE SENHA DO
CARTÃO A TERCEIRO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. NEGLIGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO
BANCÁRIA. DANO MORAL. INCABÍVEL.

Não há quefalarem cerceamento de defesa, tampouco em nulidade da sentença, quando demonstrado


nos autos que a autora foi efetivamente intimada para a especificação de provas, mas se manteve
inerte.

Não há violação ao artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, na decisão que soluciona a lide com
base na legislação vigente e no entendimento jurisprudencial, em cotejo com as informações e provas
postas nos autos.

A teor do que dispõe a Súmula de nº 297 do Superior Tribunal de Justiça, aplica-se o Código de
Defesa do Consumidor às instituições financeiras.

As instituições financeiras, como prestadoras de serviços de natureza bancária e financeira, respondem


objetivamente pelos danos causados ao consumidor em virtude da má prestação do serviço, com base
na teoria do risco da atividade, nos termos do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor.

A confirmação de uso de senha pessoal para a realização de compras a crédito depende de prova, a
qual compete ao fornecedor do serviço, em razão da responsabilidade pelo fato do serviço (artigo 14,
do CDC), tendo em vista que o consumidor não detém possibilidade de demonstrar que não realizou a
compra impugnada ou que não informou sua senha pessoal a terceiro, mas o fornecedor do serviço
detém condições e meios para demonstrar que as compras a crédito foram realizadas ou não com a
utilização de senha.

Constatando-se a existência de seguro proteção de cartão de crédito, as transações realizadas por


terceiros, sem a autenticação da senha pessoal do consumidor, devem ser cobertas.

Segundo precedente do Superior Tribunal de Justiça, cabe às administradoras, em parceria com o


restante da cadeia de fornecedores do serviço (proprietárias das bandeiras, adquirentes e
estabelecimentos comerciais), a verificação da idoneidade das compras realizadas com cartões
magnéticos, utilizando-se de meios que dificultem ou impossibilitem fraudes e transações realizadas
por estranhos em nome de seus clientes, independentemente de qualquer ato do consumidor, tenha ou
não ocorrido roubo ou furto (REsp 1.058.221/PR, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma).
Sob a perspectiva dos direitos da personalidade, a cobrança indevida, por si só, não se enquadra
no conceito de dano moral reparável, porque reflete apenas a existência de aborrecimento,
dissabor ou desconforto.

(Acórdão 1103208, 07380542920178070001, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível, data de


julgamento: 13/6/2018, publicado no DJE: 25/6/2018. Pág.: Sem Página Cadastrada.) — g.n.

APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL. CARTÃO DE


CRÉDITO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. NÃO OCORRÊNCIA. PAGAMENTO INTEGRAL
ANTES DO VENCIMENTO DA FATURA SEGUINTE. QUITAÇÃO. PARCELAMENTO
AUTOMÁTICO DO SALDO DEVEDOR. IMPOSSIBILIDADE. RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS.
FORMA SIMPLES. DANO MORAL INEXISTENTE.

1- A administradora de cartões de crédito possui legitimidade para figurar no polo passivo da ação
em que se discute a cobrança de valores indevidos.

2- Deve ser declarada a quitação da fatura se o valor total foi pago, ainda que com atraso, antes do
vencimento da fatura seguinte.

3- Devem ser restituídos, na forma simples, ante a ausência de prova de má-fé, os valores
indevidamente cobrados da consumidora em razão do parcelamento de suposto saldo devedor,
permanecendo a cobrança dos encargos moratórios e dos juros correspondentes ao uso crédito rotativo
até a data do efetivo pagamento da fatura.

4- Os transtornos narrados nos autos fazem parte da vida negocial e em sociedade, não
configurando dano moral, sobretudo na ausência de inscrição indevida em cadastros de
proteção ao crédito.

5- Rejeitou-se a preliminar de ilegitimidade passiva. Deu-se parcial provimento ao apelo da


autora. Deu-se parcial provimento ao apelo do réu.

(Acórdão 1238638, 07032877420188070018, Relator: SÉRGIO ROCHA, 4ª Turma Cível, data de


julgamento: 18/3/2020, publicado no DJE: 4/5/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) — g.n.

Portanto, a sentença também não merece reparo neste ponto.

1. Honorário de sucumbência

O juízo sentenciante entendeu ter havido sucumbência recíproca e proporcional, impondo a cada uma
das partes o pagamento de 50% (cinquenta por cento) das custas processuais e dos honorários
advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) do valor da causa, nos termos do artigo 85, § 2°,
do CPC.

Sustenta o requerido que o montante fixado a título de honorários sucumbenciais, ainda que
estabelecido no mínimo legal (10%), se mostra exacerbado e não observa os parâmetros estabelecidos
no § 2º do artigo 85 do CPC e, portanto, devem ser revistos a fim que sejam arbitrados de forma
equitativa.
Lado outro, o autor assevera ter sucumbindo em parcela mínima ao se considerar o conteúdo
econômico do pedido que foi julgado improcedente, o qual corresponde apenas a 15,63% do montante
total. Nesses termos, pugna pela condenação integral do réu ao ônus da sucumbência ou, em assim
não se entendendo, a redistribuição na proporção de 15,63% para o autor e 84,37% ao réu.

Nesse particular, a sentença merece reparo, assistindo razão a ambas as partes.

Conforme disposto no artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil, os honorários advocatícios devem
sempre ter como parâmetro para a sua fixação o grau de zelo profissional, o lugar da prestação do
serviço, a natureza e a importância da causa e o trabalho realizado pelo advogado, bem como o tempo
exigido para o seu serviço.

No caso em tela, em 2018, deu-se à causa o valor de R$ 127.947,73 (cento e vinte e sete mil,
novecentos e quarenta e sete reais e setenta e três centavos). Por conseguinte, caso arbitrados no
patamar mínimo (10%), os honorários advocatícios alcançariam a cifra de, aproximadamente, R$
12.800,00 (doze mil e oitocentos reais), o que, a toda evidência, não corresponde aos critérios
elencados naquele dispositivo normativo, sobretudo se considerado que, embora o excelente trabalho
prestado pelo causídico, o feito não envolve complexa discussão jurídica.

Assim, à vista do exposto, o caso dos autos, de fato, reclama a fixação dos honorários com base em
apreciação equitativa, nos exatos termos do art. 85, § 8º, do CPC, cujo teor é reproduzido a seguir: “
Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da
causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o
disposto nos incisos do § 2º.”

Da atenta leitura desse dispositivo, extrai-se que o termo inestimável está inserido em contraposição a
irrisório, evidenciando que o legislador pretendeu abarcar as hipóteses de proveito econômico
extremamente alto ou baixo.

Seria um contrassenso o legislador excetuar tão somente as hipóteses em que o proveito econômico
fosse irrisório, fazendo com que tanto o valor da condenação ou da causa não pudessem ser tomados
como parâmetro para o estabelecimento dos honorários, uma vez que não remunerariam com
dignidade o profissional. Isto porque, há hipóteses em que o proveito econômico buscado é de grande
monta, mas o trabalho desenvolvido pelo advogado, de tão simples, não justifica a fixação dos
honorários de sucumbência no mínimo de 10% do valor da causa, caracterizando enriquecimento sem
causa, em ofensa direta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

Ainda, o termo inestimável é descrito pelos vernáculos da língua portuguesa como "que tem enorme
valor" (Dicionário Michaelis), "de valor excessivo" (Dicio - Dicionário Online da Língua Portuguesa);
"que tem valor altíssimo, ou cujo valor é altíssimo" (Dicionário Aurélio Buarque de Hollanda), o que
autoriza, no caso dos autos, fixação da verba com base no § 8º.

Acerca do tema, transcrevo recente doutrina de Alexandre Freire e Leonardo Albuquerque Marques:

Hipóteses de fixação de honorários mediante apreciação equitativa. O §8º trata das hipóteses em que
os honorários serão fixados conforme apreciação equitativa. Como vimos anteriormente, tal critério de
arbitramento não se aplica mais no caso de sucumbência da Fazenda Pública. Assim, a fixação dos
honorários de sucumbência conforme apreciação equitativa do magistrado é cabível nas seguintes
situações (todas elas deixando significativa margem de conformação no caso concreto): 1) proveito
econômico inestimável (em que a adoção da regra geral pode levar a fixação de valores
excessivos); 2) proveito econômico irrisório (no qual os honorários acabariam sendo fixados em
patamares aviltantes se adotada a regra geral); ou 3) o valor da causa for muito baixo (em que também
teríamos a possibilidade de tais honorários em patamares aviltantes). (Comentários ao Código de
Processo Civil/ Alexandre Freire e Leonardo Albuquerque Marques/ organizadores Lenio Luiz Streck,
Dierle Nunes, Leonardo Carneiro da Cunha, Alexandre Freire. - São Paulo: Saraiva, 2016. p. 152/153)
g.n.

Não é outro o entendimento desta Corte:

(...)

1. Em casos peculiares, como é o dos autos, em que o arbitramento dos honorários advocatícios no
percentual entre 10% (dez por cento) a 20% (vinte por cento) do valor atribuído à causa (art. 85, §2º
do CPC), gera uma condenação excessivamente onerosa à parte devedora e desproporcional ao
trabalho realizado pelo advogado, deve ser aplicado o §8º do art. 85 do CPC.

2. Embora o §8º do art. 85 do CPC não mencione que aquelas causas em que o valor seja
elevado também possam ter seus honorários fixados a partir da equidade, essa conclusão é
percebida quando da utilização da interpretação teleológica da própria norma, que possui o
intuito de evitar os abusos formais que decorram de evidentes disparidades e ensejam ônus ou
remuneração de forma ínfima ou excessiva.

(...)

(Acórdão n.1155288, 07118985020178070018, Relator: ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO 5ª


Turma Cível, Data de Julgamento: 27/02/2019, Publicado no DJE: 15/03/2019. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

Nessa toada, com fulcro no artigo 85, §§ 2º e 8º do Código de Processo Civil, tenho que o
arbitramento de honorários advocatícios no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), é mais consentâneo
à complexidade da demanda e ao tempo despendido, sem descuidar do valor atribuído à causa e dos
trabalhos elaborados pelos causídicos.

Com relação a distribuição do ônus sucumbencial, importante observar que o pedido principal contido
à exordial, cujo autor logrou provimento, consiste no reconhecimento da inexistência do débito
indevidamente cobrado, sendo o pedido de compensação por dano moral apenas acessório, tanto o é
que a análise deste pedido dependia do provimento daquele.

Assim, não é possível reconhecer ter as partes sucumbido em igual proporção, pois o pedido principal
(inexistência do débito) possui maior expressão econômica em relação ao pedido acessório (dano
moral).

Nesse viés, redistribuo o ônus da sucumbência para condenar as partes ao pagamento de custas e
honorários advocatícios, estes fixados em R$ 6.000,00 (seis mil reais), na proporção de 15% (quinze
por cento) para parte autora e 85% (oitenta e cinco por cento) para parte requerida.

1. Dispositivo

Por todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO aos recursos para rever o ônus da
sucumbência e condenar as partes ao pagamento de custas e honorários advocatícios, estes fixados em
R$ 6.000,00 (seis mil reais), na proporção de 15% (quinze por cento) pela parte autora e 85% (oitenta
e cinco por cento) pela requerida, com fulcro no artigo 85, §§ 2º, 8° e 11ª, do CPC.

É como voto.

O Senhor Desembargador HUMBERTO ULHÔA - 1º Vogal


Com o relator
A Senhora Desembargadora SANDRA REVES - 2º Vogal
Com o relator

DECISÃO

CONHECIDO. PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME.

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