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FICHA de LEITURA

 AUTOR (apelido, nome):


SARAMAGO, José (português)

TÍTULO DA OBRA:
Ensaio sobre a Cegueira

EDITOR, DATA E LOCAL DA IMPRESSÃO, ISBN:


Caminho, Março de 2004, (local), 972-21-1021-7

EXPECTATIVAS antes da leitura / MOTIVO da escolha da obra:


O Ensaio sobre a Cegueira é um dos romances mais famosos de José Saramago, juntamente com Todos
os nomes e O Evangelho segundo Jesus Cristo; para além disso, Saramago foi o único português que
recebeu o prémio Nobel de Literatura, em 1998, pelo conjunto da sua obra. O título da obra é sugestivo
suscitando curiosidade, interesse e expectativa.

PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Mulher do médico, médico, primeiro cego e mulher, rapariga dos óculos escuros, velho da venda preta,
rapazito estrábico.

FRASES / PENSAMENTOS MARCANTES ou RELEVANTES:


“Com o andar dos tempos, mais as actividades da convivência e as trocas genéticas, acabámos por
meter a consciência na cor do sangue e no sal das lágrimas, e, como se tanto fosse pouco, fizemos dos
olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de mostrarem eles
sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca.” (página 26)
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"... para que iriam servir-nos os nomes, nenhum cão reconhece outro cão, ou se lhe dá a
conhecer, pelos nomes que lhe foram postos, é pelo cheiro que identifica e se dá a identificar, nós aqui
somos como uma raça de cães, conhecemo-nos pelo ladrar..." (página 64)

“Uma mão encontrou a outra, no instante seguinte estavam abraçados, eram um corpo só, os beijos
procuravam os beijos, ás vezes perdiam-se no ar porque não sabiam onde estavam as faces, os olhos, a
boca.” (página 66)

“Toparam-se a meio do caminho, os dedos com os dedos, como duas formigas que deveriam
reconhecer-se pelos manejos das antenas (...)” (página 120)

“Provavelmente, só num mundo de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são, disse o
médico” (página 128)

“Não chores, que outras palavras se podem dizer, as lágrimas que sentido têm quando o mundo perdeu
todo o sentido.“ (página 238)

"Hoje é hoje, amanhã é amanhã, é hoje que tenho a responsabilidade (...) de ter olhos quando os
outros os perderam." (página 241)

“Não achou resposta, as respostas não vêm sempre que são precisas, e mesmo sucede muitas
vezes que ter de ficar simplesmente à espera delas é a única resposta possível.” (página 249)

“Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.” (página 262)

“Tanto nos custa a ideia de que temos de morrer, disse a mulher do médico, que sempre
procuramos arranjar desculpas para os mortos, é como se antecipadamente estivéssemos a pedir que
nos desculpem quando a nossa vez chegar.” (página 273)
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 RESUMO DA OBRA: Este livro conta-nos a história da praga de uma cegueira que se alastra por
todos os habitantes do país. A primeira vítima desta terrível desgraça foi um homem que se encontrava no
seu automóvel, aquando ao olhar para o semáforo, subitamente, perde por completo a sua visão. A partir
daí, outras pessoas são contaminadas como que num ciclo, começando por ele e seguindo através das
pessoas que mantiveram contacto com ele, desde a sua mulher, passando pelo seu médico até aos
pacientes. Todos os contagiados pela epidemia são levados para um manicómio sob quarentena, sujeitos a
condições desumanas, onde o estado de sobrevivência é cada vez menor, dependendo todos os cegos da
ajuda da mulher do médico que é a única personagem que nunca perde a visão até ao final do livro. Ela
acaba por ser a heroína da história, que embora não ficando doente, acaba por sofrer mais do que se
estivesse. Todos os homens são obrigados a confiar uns nos outros à medida que a epidemia emerge, já que
se encontram desprovidos dos seus sentidos físicos. A história torna-se numa verdadeira luta pela
sobrevivência, em que o brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens, à excepção da
mulher do médico. Felizmente, no final da obra, tão de repente como se propagou, a cegueira extingue-se e
todos recuperam a visão.

 LEITURA CRÍTICA / OPINIÃO: Esta obra não se encontra situada em nenhum tempo específico,
podendo ser o de ontem, o de hoje ou mesmo o de amanhã.
A tortura a que as personagens estão sujeitas remete-nos a pensar que também nós deveríamos
sofrer um pouco ao ler este romance, lembrando que devemos reconhecer que não somos auto-suficientes.
Todos necessitamos uns dos outros para sobreviver, para que dêem vida à nossa vida, pois cada um tem a
sua essência, e desprovidos de visão jamais haverá pessoas mais importantes do que outras. Todas serão
iguais. É preciso reflectir sobre o individual e o colectivo. Desta forma podemos dizer que o “Ensaio sobre
a Cegueira” denuncia as fragilidades da sociedade da época, as fraquezas face a dificuldades bem como os
defeitos humanos.
Ao longo deste romance verificamos que os nomes são desnecessários no relacionamento das
personagens, todas têm de seguir uma trajectória dolorosa na descoberta do eu e do outro, com o objectivo
de mostrar o ser humano reduzido a ninguém, a um simples anónimo, um ser à procura de identidade.
Nenhum dos protagonistas é portanto identificado como sendo Joana, Maria, José, Pedro, Ana ou qualquer
outro nome. Cada um desses homens e mulheres é chamado a partir da sua ocupação, do parentesco em
relação a outra personagem da história ou ainda a partir de alcunhas relacionadas com os actos por eles
praticados ao longo dos capítulos.
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Neste livro vemos também um mundo de hipocrisias em que num piscar de olhos as pessoas que
passam por nós na rua passam a ser criminosos, sendo deste modo abordada a maldade humana que parece
não ter meios para atingir fins. A história de amor que se desenlaça tem também extrema importância, já
que permanece imutável, pois existe um amor que tudo vence, que não se deixa diluir com nada.
Este é um livro de Saramago em que somos levados para um mundo onde as coisas simples da vida
que normalmente nem reparamos e nos passam ao lado, se tornam grandes e importantes.
Chegamos à conclusão que existe uma infinidade de coisas belas que a maior parte das vezes
olhamos, mas não vemos "com olhos de ver" pois recusamos prestar atenção ao que nos rodeia.
Quando todos fecharmos os olhos e os voltarmos a abrir, será possível ver, construir e criar um
mundo diferente, mais justo, mais livre.

 VEREDICTO FINAL: Esta é uma narrativa apaixonante que nos prende desde o primeiro ao último
parágrafo. É um livro elucidativo que recomendo a todos aqueles que se interessam por histórias que levem
a divagações, proporcionem sustos, nos coloquem próximos aos personagens e nos façam imaginar o que
faríamos se estivéssemos nos seus respectivos lugares.

 QUESTÕES A COLOCAR AO PROFESSOR/TURMA: Por que motivo a mulher do médico é a


única personagem que nunca perde a visão até ao final do livro?

 OUTRAS OBSERVAÇÕES: Foi o primeiro livro de Saramago que li. Apesar das críticas apontadas
ao seu modo de escrita, que não obedece claramente às regras de pontuação, este romance é simples,
cativante e eficaz, permitindo aos leitores que façam a sua interpretação pessoal.

 INFORMAÇÕES ACERCA DO TRABALHO:

Nome completo do leitor:


Turma: 2 Ano: 11 º
Ano lectivo: 2005/2006
Data início leitura: 08/04/2006 Data fim leitura: 15/04/2006
Data da entrega do trabalho: _______________________________________
Assinatura: ___________________________________________________________________________

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