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Métodos de Modulação

fabio de azevedo montoro

Imaginário

Real

Fabio Montoro
UnB

1997

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 1/58
Conteúdo

1 Interferência intersimbólica 3
1.1 Transmissão sem distorção 4
1.2 Caracterização inicial do canal de 5
comunicação
1.3 Definição de símbolo 6
1.4 Transmissão de um sinal digital 6
1.5 Condição de Nyquist para não haver IIS 8
1.6 Distorção de pico 10
1.7 Distorção média quadrática 12
1.8 Equalizador transversal para eliminar IIS 13

2 Filtros de Nyquist 15
2.1 Filtro retangular ideal 15
2.2 Filtro cosseno levantado puro 17
2.3 Filtro cosseno levantado 19
2.4 Filtro de fase linear 20

3 Modulação AM-SC 23
3.1 Introdução 23
3.2 Modulação AM e AM-SC 24
3.3 AM-SC 24
3.4 AM 26

4 Modulação AM-SSB 31
4.1 AM-VSB 35

5 Modulação em fase - PM 37

6 Modulação QAM 39
6.1 Modulação QAM 39
6.2 Demodulação convencional 42
6.3 Demodulação com transformador de Hilbert 43
6.4 Modulação QAM implementada digitalmente 45
6.5 Lugar geométrico do vetor QAM 49
6.6 Constelações QAM 50

7 Modulação Delta 53

Conclusões 56

Bibliografia 57
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Capítulo 1

Interferência inter-simbólica

1.1 Transmissão sem distorção


A transmissão de dados digitais entre dois pontos pressupõe a existência de um
transmissor (fonte de sinal) , um canal, por onde o sinal vai trafegar, e um receptor.
Para que não haja distorção no sinal recebido, o canal deve satisfazer duas
condições:

1) Atenuar todas as componentes de


frequência, do sinal transmitido, na
mesma intensidade.

2) Provocar um retardo constante em todas


as componentes do sinal transmitido.

A primeira condição é mais evidente e significa que o canal deve se comportar


como um atenuador puro. A atenuação do sinal será facilmente compensada no
receptor com uma amplificação. No entanto, apesar de necessária, a primeira condição
é insuficiente para garantir que o sinal chegará sem distorção.
A segunda condição significa que todas as componentes do sinal transmitido
devem chegar após um retardo constante. Em outras palavras, para cada instante, as
componentes instantâneas do sinal, que saem juntas, devem chegar juntas. É como se
a cada instante, grupos de senóides (componentes em frequência do sinal) se
deslocassem do transmissor para o receptor.Esse efeito é chamado de retardo de
grupo. Portanto, o retardo de grupo do canal deve ser constante.

Então, supondo que o sinal transmitido é f(t), para que não haja distorção, o sinal
na recepção deve ser:

r ( t ) = kf ( t − t 0 )

A transformada de Fourier do sinal recebido será, considerando a propriedade


do deslocamento no tempo de f(t) 1 :

1 Ref[1] pág 115

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R(ω ) = kF (ω )e − jωt0

ainda, considerando que o canal pode ser representado por um filtro h(t), o sinal de
recepção é a convolução do sinal de transmissão com a resposta impulsional do canal.
A transformada de Fourier do sinal na recepção, portanto, é dada por:

R(ω ) = F (ω )H (ω ) = F (ω )ke − jωt0

Então, concluímos que:

H (ω ) = ke − jωt0 ...[1.1]

Note que o filtro H(ω) possui respostas, constante na amplitude e linear na fase.
Na verdade esse filtro não está "filtrando" nenhuma componente do sinal de
transmissão, mas a condição geral para que não haja distorção é:

 F (ω ) = k
 ...[1.2]
θ (ω ) = −ωt 0

1.2 Caracterização inicial de canal de comunicação


A principal característica do canal é sua resposta em frequência, ou seja, como
ele se comporta quando sinais senoidais (em uma certa faixa de frequências) são
aplicados em sua entrada.
Vamos considerar, agora, que o canal somente permite passar, mantendo a
mesma amplitude, sinais senoidais cujas frequências se situam dentro de dois limites:
f1 e f2 2 . Se a frequência do sinal senoidal a ser transmitido, estiver fora desses limites,
o canal simplesmente o bloqueia. Diz-se que esse canal é um filtro passa-banda ideal,
com resposta em frequência plana (e igual a 1), dentro da banda passante. Para se
obter a saída do filtro multiplica-se o sinal senoidal de entrada pela resposta em
frequência do filtro, então, podemos dizer que a resposta em frequência do canal é:

0 se f 2 < f < f1 
resposta =   ...[1.3]
1 se f1 ≤ f ≤ f 2 

Note que o canal definido é muito especial, pois sua resposta em frequência é
bem comportada e fácil de representar matematicamente. Vamos partir desse modelo,
às vezes chamado de filtro passa-banda perfeito, apesar de só ser realizável, na
prática, por uma aproximação.

2 As frequências f e f são positivas. Um filtro realizável possui resposta em frequência simétrica em relação ao
1 2
eixo das frequências, ou seja, a curva no semi-eixo para f > 0, se reflete no semi-eixo para f < 0.
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Se, por acaso, o filtro perfeito deixar passar frequências a partir de f1 = 0, diz-se
que é um filtro passa-baixo, com frequência de corte em f2. Note que a banda
passante positiva desse filtro fica entre f1 = 0 e f2.
De forma mais ampla, normalmente a "frequência de corte de um filtro" é
definida como sendo a frequência em que o canal atenua o sinal de entrada para a
metade de sua potência (ponto de 3 dB).

1.3 Definição de símbolo


Podemos dizer que um símbolo é um estado, ou uma transição entre estados,
de um determinado sinal, que carrega "N" bits de informação". A taxa de símbolo é
chamada de "baud" (símbolos por segundo).
Quando se transmite dados digitais, é fundamental saber a taxa de símbolos
("vm"), ou seja, em quantos símbolos por segundo a transmissão está sendo feita. No
caso particular em que cada símbolo carrega um bit de informação, a taxa de
transmissão é igual à taxa de símbolo: vt (bits por segundo) é igual a vm (baud).

1.4 Transmissão de um sinal digital


Na análise que se segue, estarei considerando que o sinal a ser transmitido está
na sua forma básica (digital, banda básica ou banda-base) e que o canal por onde ele
deve passar é um filtro passa-baixo.
O que acontece quando se passa um sinal, diferente de uma senóide, composto
de um espectro de frequências, por um canal de banda limitada, que nada mais é que
um filtro passa-baixo quando f1 = 0, ou seja, o filtro deixa passar senóides com
frequência entre zero 3 e f2 ?

Ao invés de considerar um sinal qualquer na entrada do canal, vamos analisar


um caso particular, mas muito importante: a transmissão de impulsos.
Imaginemos a transmissão de uma sequência de impulsos a uma taxa fixa de
vm = 1/T [impulsos por segundo], ou seja, um impulso a cada "T" segundos. O caso
mais geral é considerar que a amplitude dos impulsos pode assumir qualquer valor. No
caso de transmissão digital, no entanto, cada impulso pode ter uma amplitude
selecionada de um conjunto finito de valores, ou seja,

an ∈ {conjunto de valores possíveis}.

Cada impulso corresponde a um símbolo. Note que a


informação está sendo carregada nos valores de
amplitude dos impulsos. A figura 1.1 mostra a sequência
de impulsos que forma o sinal de transmissão. Então, a
equação do sinal transmitido é:

3 Senoide com frequência igual a zero é um sinal com nivel fixo, ou seja, um sinal que não varia com o tempo e
possui um valor fixo de voltagem.
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a (t ) = ∑ a δ (t − nT )
n = −∞
n ...[1.4]

onde: an = amplitude do enésimo impulso


δ(t - nT) = impulso que ocorre em t = nT

Essa é uma transmissão em banda-base, de


símbolos no formato de impulsos. Suponha que essa
transmissão se dê através de um canal de banda limitada,
cpomo ilustra a figura 1.2, ou seja, de um filtro passa-
baixo com resposta impulsional h(t). O sinal na recepção
será a convolução do sinal transmitido com a resposta
impulsional do canal:

+∞
x(t ) = a(t ) ∗ h(t ) = ∫ a(ξ )h(t − ξ )dξ ...[1.5]
−∞

Como a(ξ) só existe para ξ=nT. então:

+∞
 ∞ 
x(t ) = ∫  ∑ a n δ (ξ − nT ).h(t − ξ )dξ
− ∞n = −∞ 

x(t ) = ∑ a δ (t − nT )h(t − nT )
n = −∞
n


x(t ) = ∑ a h(t − nT )
n = −∞
n ...[1.6]

Na recepção o sinal deve ser amostrado a cada "T" segundos, a fim de se


recuperar o sinal original a(t). Note, pela equação 1.6,
que o sinal x(t) é contínuo e corresponde a uma
sequência de réplicas da resposta impulsional do canal
(filtro), escalonadas pelos fatores an. A amostragem na
recepção corresponde a multiplicar o sinal recebido por
um trem de impulsos, espaçados de "T" segundos e
sincronizados com a(t), que chamaremos de δT(t) 4,
conforme ilustra a figura 1.3.
O sinal recuperado na recepção será:

4 Estou supondo o sincronismo exato do receptor no momento correto da amostragem. O receptor deve amostrar no
centro de cada símbolo. O problema de sincronizar o receptor para uma correta amostragem é um assunto
importante.
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r(t) = x(t) δT(t) ...[1.7]

Substituindo o valor de x(t) dado pela equação 1.6, obtemos:

∞ ∞
 ∞ 
r (t ) = ∑ x(t )δ (t − kT ) =
k = −∞
∑  ∑ a n h(t − nT )δ (t − kT )
k = −∞  n = −∞ 

Tendo em vista que o sinal r(t) só existe nos instantes t=kT, a equação anterior
fica:

∞ ∞
r (kT ) = ∑ a n h(kT − nT ) =
n = −∞
∑ a h([k − n]T )
n = −∞
n ...[1.8]

Se usarmos uma notação mais simplificada para o sinal r(t), considerando que
ele possui um valor a cada "T" segundos, e esse valor possui um índice "k", podemos
reescrever a equação anterior da seguinte forma:

rk = ∑a h
n =−∞
n k −n ...[1.9]

rk = ak ho + ak+1 h-1 + ak+2 h-2 + ak+3 h-3 + ...... + ak-1 h1 + ak-2 h2 + ak-3 h3

O sinal a(t) original é formado por uma série de amostras. Então, para recuperar
o sinal a(t), ou seja, extraí-lo do sinal r(t), devemos recuperar cada uma de suas
amostras. Para obter cada amostra ak devemos, de alguma forma, eliminar os outros
termos da equação [1.9], deixando somente akho. Todos os outros termos são
indesejáveis e são chamados de IIS, ou Interferência Inter-Simbólica, pois nada mais
são do que as amplitudes dos símbolos adjacentes multiplicadas por um coeficiente da
resposta impulsional do canal. Note que o fator ho é um fator constante em todas as
amostras e se considerarmos ho = 1, obteremos a equação:

rk = ak + IIS ... [1.10]

⇒ IIS = ak+1 h-1 + ak+2 h-2 + ak+3 h-3 + ...... + ak-1 h1 + ak-2 h2 + ak-3 h3

1.5 Condição de Nyquist para não haver IIS


A condição para que a IIS seja nula, é que a resposta impulsional do canal cruze
o eixo "t" em múltiplos de "T", que é o período de amostragem. Em outras palavras,
para que IIS = 0 devemos ter rk = x(kT) = a(kT) = ak ho , ou ainda, a resposta
impulsional do canal deve satisfazer as seguintes condições:

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h(0 ) = h0

h(nT ) = 0......∀n ≠ 0
...[1.11]

Finalmente, a condição no domínio do tempo, para que o canal não introduza


IIS, pode ser expressa por:

h(t )δ T (t ) = h0δ (t ) ...[1.12]

Passando a equação [1.12] para o domínio da frequência fica:

 1   2π  ... [1.13]

 2π
 H (ω ) ∗ 
  T
δ 2π (ω ) = h0
 T
F{δ (t )}
onde:

δT(t) = trem de impulsos espaçados de T e sincronizados com t = 0


H(ω) = transformada de Fourier de h(t)
(2π/T) δ2π/T(ω) = transformada de Fourier da sequência de impulsos espaçados
de "T"

F{ δ(t) } = transformada de Fourier do impulso unitário = 1


Desenvolvendo a equação [1.13] e fazendo = 2 πvm = ω m , obtemos:
T
H (ω ) ∗ δ wm (ω ) = h0T

Finalmente obtemos a condição que Nyquist estabeleceu em 1928 5:

∑ H (ω − nω
n = −∞
m ) = h0T ; onde ωm = 2π/T ... [1.14]

Note que vm = 1/T é a taxa de símbolos (baud) e ωm = 2π/T é a frequência


angular da taxa de símbolos.
Observe que a soma de infinitas réplicas da resposta em freqüência do canal,
espaçadas de wm, deve ser uma constante.
Portanto, podemos verbalizar a condição de Nyquist dessa forma:

5 Nyquist desenvolveu esse critério, conhecido como primeiro critério de Nyquist, em um estudo sobre a
transmissão telegráfica, datado de 1928.
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As condições, no domínio da freqüência, para que não
exista IIS, são: o canal deve ser um filtro passa baixo com
freqüência de corte em ωm/2, onde ωm = taxa de símbolo, e
a soma das réplicas de sua resposta em freqüência,
espaçadas de ωm, seja uma constante.

Note que, se o canal for um filtro perfeito, que possui uma descida abrupta na
sua frequência limite superior, vai satisfazer a essa condição, desde que a frequência
de corte seja ωm/2.
v 1
No entanto, a resposta em frequência do canal pode ultrapassar m = desde
2 2T
que a descida da curva espectral seja simétrica em relação ao ponto de meia potência.
Os filtros, na prática, possuem uma descida com um certo grau de inclinação, ou
seja, não possuem descidas abruptas como o filtro perfeito que foi visto.
Vamos investigar o filtro real um pouco mais.
Seja "r" o percentual de faixa de frequência do filtro utilizada para sua descida
até o ponto de meia potência.

Vamos definir a banda passante total do filtro (do canal), como sendo toda a
extensão de frequências, positivas e negativas, que o filtro deixa passar de alguma
forma. A resposta em frequência do filtro H(ω) ocupa a faixa que denominaremos de
BW:

2(1 + r ) 1 + r
BW [ Hz ] = =
2T T

BW [ Hz ] = v m (1 + r ) ...[1.15]

O fator "r" é conhecido como fator de "roll-off" ou fator de filtragem. Quanto mais
abrupta for a descida do filtro, ou seja, quanto menor for o seu fator de "roll-off" mais
difícil será a tarefa do receptor em recuperar o sinal transmitido.

1.6 Distorção de pico


Vimos que cada amostra do sinal recuperado é, na verdade, dada por uma soma
de fatores:

rk = ak ho + ak+1 h-1 + ak+2 h-2 + ak+3 h-3 + ...... + ak-1 h1 + ak-2 h2 + ak-3 h3

Podemos reescrever a equação, separando o sinal desejado da IIS:

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rk = a k h0 + ∑a h
n =−∞
n k −n ...[1.16]
n≠ k

Vamos definir distorção de pico (de amplitude) como sendo a interferência (IIS)
indesejada normalizada com relação ao valor central da resposta impulsional do canal,
ho:

∑a h
n = −∞
n k −n

n≠k ...[1.17]
D(k ) =
h0

A maior distorção de pico ocorrerá quando todos os impulsos do sinal


transmitido tiverem seu valor máximo e o mesmo sinal da respectiva amostra da
resposta impulsional do canal. Nesse caso podemos definir a distorção de pico máxima
como:

∑a
n = −∞
max hk − n
n≠k
Dmax (k ) =
h0

Fazendo k=0 para simplificar:


a max ∑h
n = −∞
n

n≠0
Dmax = ...[1.18]
h0

Se a distorção de pico for maior que a metade da distância até o valor do


próximo símbolo, ou seja, se ultrapassar o limiar de decisão do receptor, haverá um
erro de símbolo na recepção, em outras palavras, haverá um erro de detecção quando:

amáx ∑h
n =−∞
n

n≠0 1
> ∆ min ; onde ∆ min é a menor distância até o próximo símbolo.
h0 2

Com um erro de símbolo, os bits representados por ele não corresponderão aos
transmitidos, gerando erros de bits. Um símbolo errado pode gerar mais de um bit
errado, dependendo da quantidade de bits no símbolo, da codificação utilizada e da
intensidade da distorção de pico.
A amostra recuperada no receptor também está sujeita à contaminação de ruído.
Podemos acrescentar o ruído na eq. 1.16 e obter uma representação mais real do sinal
amostrado. Os dois fatores, interferência intersimbólica e ruído, provocarão uma
distorção que pode levar a erros de decisão de símbolos.
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A equação 1.19 ilustra o sinal de recepção em função da distorção intersimbólica
e do ruído, representado por η k .

rk = a k h0 + ∑a h
n =−∞
n k −n + ηk
...[1.19]
n≠ k

1.7 Distorção média quadrática


Vimos que cada amostra do sinal recuperado é na verdade dada por uma soma
de fatores:

rk = a k h0 + ∑a h
n =−∞
n k −n

n≠ k

O erro é dado por:



ek = rk − a k h0 = ∑a h
n =−∞
n k −n

n≠ k

O erro médio quadrático é definido como:

2
 ∞  ∞ ∞ ∞ ∞
e k = (rk − a k h0 )
2 2
= ∑ a n hk − n  = ∑ a m hk − m ∑ a n hk − n = ∑ ∑ a n a m hk − n hk − m

 n =−∞  m = −∞ n = −∞ m = −∞ n = −∞
 n ≠ k  m≠k n≠k m ≠ k n≠ k

Considerando que os símbolos são estatisticamente independentes, temos que:

an am = an ⋅ am = 0 para n≠k

Então, fazendo an2 = a 2

O erro médio quadrático será:



ek2 = a 2 ∑h
n =−∞
2
n ....[1.20]
n≠ k

Podemos definir distorção média quadrática como:

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a2 ∑h
n =−∞
2
n ....[1.21]
n≠ k
ε =
2
2
h 0

1.8 Equalizador transversal para eliminar IIS


Vimos que a interferência intersimbólica (IIS) provoca uma distorção no sinal
transmitido e que essa distorção pode gerar erros na recepção. Vimos que a IIS é
provocada pelo filtro do canal, quando ele não satisfaz a condição de Nyquist, ou seja,
podemos dizer que a filtragem do sinal foi incorreta.
Se o filtro do canal satisfizer a condição de Nyquist não haverá IIS, mas isso é
querer demais.
É possível diminuir ou mesmo eliminar essa interferência na recepção? A
resposta é sim, pelo menos teoricamente. Apresentarei uma forma de se fazer isso,
que pode ser deduzida imediatamente das equações comentadas.
Na prática, poder-se-ia pensar que a IIS, em uma amostra, seria provocada
somente pelas amostras anteriores do mesmo símbolo, mas como há retardos
envolvidos na transmissão, a interferência ocorre dos dois lados.
A fim de simplificar a apresentação, vamos supor que a amostra rk sofre IIS
somente dos três símbolos anteriores, então, teremos a seguinte situação:

rk = ak ho + ak-1 h1 + ak-2 h2 + ak-3 h3 ...[1.22]

A simples observação da equação [1.22], sugere que um filtro transversal


instalado no receptor pode eliminar a IIS se seus coeficientes forem exatamente
aqueles amostrados da resposta impulsional do canal e se, de alguma forma, as
decisões forem corretas, ou seja, o circuito de decisão sempre acertaria.
Veja a figura 1.6. O sinal x(t) chega ao
receptor e é amostrado a cada intervalo de tempo
"T", resultando no sinal r(t), que está representado na
figura 1.6 pelas suas amostras rk. A partir desse
ponto todo o circuito do receptor é digital, ou seja,
manipula valores numéricos. As operações
aritméticas são executadas por um microprocessador
de sinal. De cada amostra rk é subtraído um valor
proveniente do filtro transversal e o resultado entra no
circuito de decisão. O símbolo decidido corretamente, ak, entra no circuito de retardo
do filtro a cada intervalo de símbolo (T segundos). Os três últimos símbolos decididos
corretamente são multiplicados pelos coeficientes do filtro, que são os mesmos do
canal, e que somados, obtentém-se um sinal que é exatamente a IIS. Finalmente esse
sinal é subtraído do sinal que chega no receptor. A esse tipo de circuito dá-se o nome
de "equalizador transversal com a resposta direta do canal". Naturalmente, na prática,
não se dispõe desses coeficientes para implementar o equalizador, mas há métodos
para se determinar tais coeficientes por técnicas adaptativas convergentes.

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Capítulo 2

Filtros de Nyquist

Vimos no capítulo 1 que a condição para que um canal, ou um filtro 6, não provocar
interferência intersimbólica (IIS) em um sinal é que ele satisfaça a equação de Nyquist
(eq. 1.12).
Há uma infinidade de filtros que satisfazem essa condição. Três são
particularmente interessantes e importantes:

• o filtro retangular ideal (fator de filtragem igual a zero),


• o filtro cosseno levantado puro (fator de filtragem igual a 1) e
• o filtro cosseno levantado com fator de filtragem maior que zero e menor que 1.

O filtro retangular não é realizável na prática mas é fundamental que seja


estudado. Os outros dois são realizáveis e muito utilizados nos projetos de equipamentos,
principalmente o que possui fator de filtragem menor que 1.
A seguir apresentarei os três filtros.
Esse assunto é fundamental para o estudo das modulações que veremos adiante.

2.1 Filtro retangular ideal


Um filtro com resposta em frequência da forma retangular, ou filtro ideal, atende ao
critério de Nyquist para evitar IIS. Tal filtro não é realizável na prática e, mesmo para se
conseguir uma boa aproximação, é muito difícil. O filtro desejável é aquele que tenha um
maior "roll-off" realizável e não o filtro ideal que possui "roll-off" igual a zero. A fim de
embasar o próximo item vamos falar sobre o filtro retangular e calcular sua resposta
impulsional. A resposta em frequência do filtro retangular, com corte em vm/2 é dada por:

6 Uma das características de um canal de comunicação é que ele se comporta como um filtro de frequências para o
sinal de entrada. Estou me referindo a "canal" e "filtro" indistintamente, neste trabalho, principalmente quando estou
tratando da resposta em frequência.
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 vm v
h0T .... para − ≤ f ≤+ m
H (ω ) =  2 2 ...[2.1]
vm v
0 .. para f <− ;f >− m
 2 2

A resposta impulsional será:


vm vm
+ vm / 2 j 2πt − j 2πt
+∞ + vm / 2
 e jωt  −e
( ) ∫ [e ] ( )
2 2
e
h(t ) = ∫ H (ω )⋅ e
1 jωt jωt
dω = h0 T ⋅ df = h0 T   = ...[2.2]
2 ⋅π −∞ −vm / 2  jωt  −vm / 2 j 2πvm

h(t ) =
(
h0 sen πvm t ) ...[2.3]
πvm t

As figuras 2.1 e 2.2 ilustram, respectivamente, a resposta em frequência do filtra e sua


resposta impulsional.

A equação [2.3] possui zeros em h(t) = kT, ou seja, h(t) é zero no centro de todos
os outros símbolos e tem valor "ho" na origem. Note que, se um trem de impulsos passar
por esse filtro, não haverá IIS pois a cada impulso será gerada uma função h(t-nT),
conforme já vimos. Fica, portanto, provado que o filtro retangular ideal não gera IIS. É
importante notar que para não haver interferência inter-simbólica, a resposta impulsional
do filtro deve ser sempre zero em "nT" e pode ter um valor qualquer, que estamos
chamando de "ho", em t = 0.
Na prática, o instante de amostragem pode não ocorrer exatamente no centro do
símbolo, e assim ocorrerá IIS apesar do filtro satisfazer a condição de Nyquist. Então,
vemos que, apesar do filtra satisfazer o critério de Nyquist, se a amostragem ocorrer nos
instantes corretos, haverá IIS.
É desejável que nas proximidades de "nT", ou seja, em cada instante que a
resposta impulsional do filtro corta o eixo t, a função tenha um valor pequeno para que,
nos casos de erro no instante da amostragem, a IIS ser "reduzida". O filtro retangular é
fraco nesse sentido: sua resposta impulsional possui passagens pelo zero muito verticais,
ou seja, A derivada da curva de sua resposta impulsipnal, nas cercanis dos ponto de
amostragem, é alta, muito inclinada. Então, um pequeno erro na amostragem tende a
gerar uma alta IIS. Na verdade, quanto maior for o fator de "roll-off", melhor será o filtro
com relação a esse aspecto, ou seja, mais a sua resposta impulsional vai cruzar o eixo "t"
com um ângulo horizontal menor.

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2.2 Filtro cosseno levantado puro
A curva da resposta em frequência desse filtro é um cosseno levantado (daí seu
nome), de forma que os mínimos tangenciam o eixo "x" (veja a figura 2.3).
A curva do cosseno possui um "roll-off" de 100%, que é uma descida suave.
Sua resposta impulsional cruza o eixo "t" mais horizontalmente que o filtro
retangular, o que melhora o desempenho da amostragem. A resposta em frequência
desse filtro é:

 h0T   ωT   1
 1 + cos  para − vm ≤ f ≤ +vm : vm =
H (ω ) =  2   2  T ...[2.4]
0......................... para f < −vm ; f > vm

Para satisfazer a condição de Nyquist a sua resposta em frequência deve


satisfazer:

H (ω ) + H (ω − ω m ) = h0T ...[2.5]

substituindo [2.4] em [2.5] obtemos:

h0T   ωT  h0T   ωT 2πvmT 


1 + cos 2  + 2 1 + cos 2 − 2  =
2      

h0T   ωT   ωT 
= 2 + cos 2  + cos 2 − π  = h0T
2     

Assim concluimos que esse filtro satisfaz a condição de Nyquist.


Agora vamos calcular sua resposta impulsional, partindo da eq. 2.4.
Sabemos que a resposta impulsional

+∞ +∞
h(t ) = ∫ H (ω )⋅ e dω = ∫ H ( f )⋅ e df =
1 j ωt j ωt

2 ⋅π −∞ −∞

+ vm + vm
 e jπfT + e − jπfT  j ωt
∫ [1 + cos(πfT )]e
hT hT
∫ 1 +
j ωt
= 0 df = 0  e df =
−vm  
2 −vm
2  2

hT
+ vm
 j 2πft e jπf ( 2t +T ) + e jπf ( 2t −T ) 
= 0 ∫ e + df =
2 −vm 
2 

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 17/58
j 2πft jπf ( 2 t +T ) jπf ( 2 t −T ) + vm
h0 T  e 1 e 1 e 
=  + +  =
2  j 2πt 2 jπ (2t + T ) 2 jπ (2t − T ) 
− vm

hT  e j 2πvmt − e − j 2πvmt 1 e jπ ( 2 vmt +1) − e − jπ ( 2 vmt +1) 1 e jπ ( 2 vmt −1) − e − jπ ( 2 vmt −1) 
= 0  + + =
2  j 2πt 2 jπ (2t + T ) 2 jπ (2t − T ) 

 sen (2πvm t ) 1 sen (2πvm t + π ) 1 sen (2πvm t − π )


= h0  + + =
 2πvm t 2 2πvm t + π 2 2πvm t − π 

h 0  sen (2πv m t ) sen (2πv m t ) sen (2πv m t ) 


=  − −  =
2π  vmt 2v m t + 1 2v m t − 1 

=
( )
h0  4vm2 t 2 − 1 sen (2πvm t ) − vm t (2vm t − 1)sen (2πvm t ) − vm t (2vm t + 1)sen (2πvm t )
 =
2π  vm t (2vm t + 1)(2vm t − 1) 

h0  4vm t sen (x ) − sen (x ) − 2vm t sen (x ) + vm t sen (x ) − 2vm t sen (x ) − vm t sen (x )


2 2 2 2 2 2

=  =
2π  vm t (2vm t + 1)(2vm t − 1) 

h0  − sen (2πvm t ) 
=  =
2π  vm t (2vm t + 1)(2vm t − 1)

Finalmente, a resposta impulsional do filtro cosseno levantado puro é:

h0 sen (2πvm t )
h(t ) =
(
2πvm t 1 − 4vm2 t 2 ) ...[2.6]

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 18/58
2.3 Filtro cosseno levantado
O filtro cosseno levantado puro, visto anteriormente, corresponde exatamente a
um cosseno levantado, sem uma região de resposta unitária, ou seja, corresponde a um
"roll-off" de 100%.
No entanto, o caso mais geral é aquele em que existe um "roll-off" "r" que pode
variar de 0 a 100%, e cuja resposta em frequência pode ser especificada da seguinte
forma (vm = 1/T):

h0 T ;0 < f < (1 − r )vm / 2



h T / 2{1 − sen[( f − 1 / 2T )πT / r ]} ; (1 − r )vm / 2 < f < (1 + r )vm / 2
H (ω ) =  0
0 ; f > (1 − r )vm / 2
 H (− ω ) ; f <0

Da mesma forma que nos casos anteriores, porém com um pouco mais de
manipulação matemática, pode-se chegar à resposta impulsional do filtro cosseno
levantado genérico:

h(t ) =
( ) (
h0 sen πvm t cos rπvm t ) ...[2.7]
πvm t (
1 − 2rvm t )
2

Se você fizer r = 1 na equação [2.7], o que corresponde a um roll-off de 100%, vai


encontrar a equação [2.6].

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 19/58
2.4 Filtro de fase linear
Vimos que o filtro de Nyquist deve ter fase linear e esse tipo de filtro é facilmente
implementado pelo filtro digital transversal, onde os coeficientes são exatamente os
valores de sua resposta impulsional.
Qualquer filtro digital transversal, que tenha sua resposta impulsional simétrica em
relação à origem, possui fase linear. Os coeficientes do filtro devem atender à seguinte
condição 7:

h(n ) = h(− n ) ...[2.8]

A implementação de filtros de Nyquist, portanto, é praticamente mandatória que


seja em filtros digitais transversais, desde que o equipamento seja baseado em
processamento digital de sinais, naturalmente.
Além da questão anterior, é preciso considerar se o retardo causado pelo filtro é
aceitável no projeto do equipamento em questão. Por exemplo, em equipamentos de
áudio, o retardo pode ser crítico em situação de utilização em tempo real, como um show,
uma apresentação musical, ou uma conferência, por exemplo, onde há interação em
tempo real do som (sinal mecânico percebido no ambiente) e o áudio (sinal elétrico
resultante de processamento digital de sinais), ou ainda dois sinais que precisam de
sincronismo e retardo limitado.
O importância de uma IIS reduzida deve ser confrontata com o compromisso com
o retardo no processamento. Implementações de filtros na configuração FIR (resposta
impulsional finita) podem ser utilizadas para obter retardos menores desde que sejam
observados os demais requistos.
Se queremos implementar um filtro que não provoque distorção no sinal a ser
transmitido, e isso é fundamental quando modulamos sinais, devemos construir um filtro
digital transversal, ou filtro transverso.
Se o filtro deve atender ao critério de Nyquist, o cosseno levantado é a melhor
opção para a implementação. Partindo da equação [2.7] podemos obter os coeficientes
do filtro.
A fim de ilustrar esse assunto, vamos ver um exemplo de implementação de um
filtro real.
Considerando que h0 = 1, e que o sinal de entrada é uma série de amostras e só
n
existe nos instantes t = nT0 = , onde T0 e f 0 são, respectivamente, o período e a
f0
frequência de amostragem, a equação [2.7] fica:

 nπvm   nrπvm 
sen  cos 
 f0   f 0 
h( n) = ...[2.9]
nπvm  2nrvm 
2

f0 1 −  
 0 
f

Vamos supor, agora, um caso prático e real: um modulador gera um sinal a 2400
baud e possui uma frequência de amostragem de 9600 Hz. Note que a frequência de

7 Ref[4] página 238. Pode ser mostrado que essa condição é nescessária e suficiente. Somente filtros digitais
transversais simétricos possuem fase linear.
Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 20/58
amostragem é um múltiplo da taxa de modulação: vm/fo = 0,25. Supondo que o fator
de filtragem é 15%, obtemos facilmente os coeficientes do filtro de transmissão:

h(0) = 1 h(1) = 0,899 h(2) = 0,633 h(3) = 0,297


h(4) = 0 h(5) = - 0,161 h(6) = - 0,202 h(7) = - 0,121
h(8) = 0 h(9) = 0,009

Calculei do primeiro ao nono coeficiente e poderia continuar indeterminadamente.


A equação [2.9] nos leva a um filtro de comprimento infinito, mas para realizá-lo, na
prática, temos que escolher um comprimento finito. Note que h(4k) = 0 para k = 1,2,3....
Neste nosso exemplo vamos definir que o filtro tenha comprimento de 19
coeficientes (os coeficientes de um filtro transverso são também chamados de taps).
Então, os coeficientes serão h(-9) até h(9). Note que, como o filtro é simétrico, os
coeficientes são iguais para n = ± 1, ± 2, ± 3, etc. Como foi visto, esse tipo de filtro
transversal, cuja resposta impulsional é simétrica em torno da origem, tem uma resposta
em fase linear, ou seja, não introduz nenhuma distorção de fase.
Podemos considerar que o projeto está pronto, pois temos os 19 coeficientes.
O que fizemos foi escolher os 19 coeficientes em torno da origem e desprezar os
demais e isso correspondeu a multiplicar a resposta impulsional completa do filtro, que
tem comprimento infinito, por uma janela, que nesse caso é retangular e vale "1" no
intervalo de -9 ≤ n ≤ +9 e "0" para |n| > 9. Este é um dos métodos utilizados para se obter
um filtro transversal finito a partir de um filtro de comprimento infinito. É rápido e fácil,
mas, como tudo na vida, não é a melhor escolha.
Posso citar dois métodos para projeto de filtros FIR: o algoritmo dos polinômios
(Parks-McClellan) e o método de janelas (menor erro quadrático).
O que fizemos, conforme descrito anteriormente para limitar a quantidade de taps
do filtro, foi simplesmente escolher os primeiros coeficientes e isso corresponde ao
método da janela, utilizando uma janela retangular. O método de janelas para projeto de
filtros FIR permite a adoção de outros tipos de janelas, com formatos específicos, como
por exemplo: Hanning, Bartlet-Hanning, Kaiser-Bessel, Hamming e Blackman, entre
outros.
Esse assunto é tratado em literaturas específicas sobre processamento digital de
sinais e projetos de filtros digitais 8.

fabio de azevedo montoro


fabio de azevedo montoro

8 Ref [4] página 239. Projeto de filtros FIR utilizando janelas.

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Capítulo 3

Modulação AM-SC

3.1 Introdução
Antes de iniciar propriamente o assunto, vamos relembrar alguma relações
matemáticas, que usarei no decorrer deste capítulo.
A simbologia utilizada é a seguinte:

↔ equivalência de transformação
π pi = 3,141592...
δ (•) função impulso unitário
j −1
∗ operador de convolução
a (t ) sinal repre sen tado no tempo
A(ω ) sinal representado em frequência
A∗ complexo conjugado de A(ω )
ωc frequência da portadora ω c = 2πf c
sgn ( x ) função sinal : sgn (x ) = 1, se( x > 0) 0, se(x < 0)

Trigonometria:

cos( A ± B ) = cos( A) ⋅ cos( B )  sen( A) ⋅ sen( B ) ...[3.1]

cos( A) ⋅ cos( B ) =
1
{cos( A − B) + cos( A + B)} ...[3.2]
2

sen( A) ⋅ sen( B) =
1
{cos( A − B) − cos( A + B)} ...[3.3]
2

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sen( A) ⋅ cos( B) =
1
{sen( A − B) + sen( A + B)} ...[3.4]
2

Transformada de Fourier:

a ( t ) ↔ A( ω ) ...[3.5]

{
cos(ωc t ) ↔ π δ (ω + ω c ) + δ (ω − ω c ) } ...[3.6]

{
sen(ωc t ) ↔ jπ δ (ω + ω c ) − δ (ω − ω c ) } ...[3.7]

a(t ) ⋅ b(t ) ↔
1
{A(ω ) ∗ B(ω )} ...[3.8]

A ( ω ) = A∗ ( − ω ) ; a ( t ) ∈ℜ ...[3.9]

A equação [3.9] afirma que sinais reais possuem transformada de Fourier com
amplitude par (simétrica em torno de ω = 0) e fase ímpar (inverso do simétrico em torno
de ω=0).

3.2 Modulação AM e AM-SC


A modulação em amplitude, da sigla em inglês "Amplitude Modulation", possui
duas variações: o AM e o AM-SC. Na modulação AM a portadora é transmitida de forma
destacada. O AM ficou popularizado pelas transmissões de rádio e é facilmente
demodulado por um receptor bem simples e barato. O AM-SC, ou "Amplitude Modulation
with Suppressed Carrier", é mais simples sob o ponto de vista da modulação, pois a
portadora é suprimida (não é transmitida), mas é mais complexo para ser demodulado,
pois exige que o receptor gere uma portadora própria e a sincronize com a do
transmissor.
Alguns autores chamam a modulação AM de AM-DSB ("Dual Side Band") para
diferenciá-la da modulação AM-SSB ("Single Side Band"), que veremos mais adiante.
Particularmente acho desnecessário anexar essa sigla ao AM, por motivos que tembém
veremos adiante.
Para manter uma sequência mais didática, vou apresentar primeiro a modulação
AM-SC. A modulação AM será abordada no mesmo sub-item 3.3.

3.3 AM-SC
A sigla significa "modulação em amplitude com portadora suprimida".
Considere um sinal a(t), limitado em frequência, ou seja, seu espectro está
confinado em uma faixa de frequências. A modulação AM-SC translada o espectro desse

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 24/58
sinal, que está originalmente centralizado em torno da frequência zero, para uma
frequência ωc.
A modulação AM-SC consiste simplesmente em multiplicar o sinal modulante a(t)
por cos(ωct). O sinal "cos(ωct)" é chamado de portadora pois a aplicação básica desta
modulação é permitir o transporte do sinal original a(t) por um determinado canal cuja
faixa de frequência é diferente daquela do sinal a(t).
O sinal modulado, portanto, será:

s( t ) = a ( t ) ⋅ cos( ω c t ) ...[3.10]

Para visualizar o que acontece no domínio da frequência, vamos encontrar o sinal


S(ω), que é a transformada de Fourier de s(t), aplicando as equações [3.8] e [3.6]:

s (t ) ↔ S (ω ) =
1

{ [( ) (
A(ω ) ∗ π δ ω + ωc + δ ω − ωc )]}

S (ω ) =
1
2
{( ) (
A ω + ωc + A ω − ωc )} ...[3.11]

Essa equação nos diz que a modulação criou duas réplicas do espectro do sinal
modulante original, A(ω), em +ωc e -ωc, multiplicando por 1/2. Em outras palavras, a
modulação deslocou o espectro original de ω = 0 para ω = ωc.

Fig. 3.1a

Fig. 3.1b

Fig. 3.1c

A figura 3.1b mostra o efeito da modulação AM-SC, representado pela equação


[3.11], sem considerar a constante 1/2 que na verdade atenua o sinal, a fim de simplificar
as representações. Na verdade podemos imaginar que sempre existe um amplificador no
receptor, que compensa esses fatores constantes.
Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 25/58
Fig. 3.2

Na recepção, se o sinal S(ω) for multiplicado por cos(ωct), e filtrado por um filtro H(
ω), teremos:
( )
u (t ) = s (t ) ⋅ cos(ωc t ) = a(t ) ⋅ cos 2 ωc t = {
a(t )
2
}
1 + cos(2ωc t )

a (t ) a (t )
u( t ) = + cos( 2ω c t ) ...[3.12]
2 2

Passando a equação [3.12] para o domínio da frequência, encontramos:

A(ω ) 1
U (ω ) =
2
{(
+ A ω + 2ωc + A ω − 2ωc
4
) ( )} ...[3.13]

O sinal U(ω) está representado na figura 3.1c. Note que U(ω) é formado por três
réplicas de A(ω), a menos das constantes.
O sinal U(ω) passa pelo filtro H(ω), e obtemos o sinal R(ω). O filtro, na verdade,
realiza, no domínio da frequência, a operação de multiplicação do sinal de entrada pela
sua resposta em frequência:

A(ω )
R(ω ) = U (ω ) ⋅ H (ω ) = ...[3.14]
2

O filtro H(ω), do tipo passa-baixo, corta as réplicas de A(ω) situadas em ±2ωc e


somente deixa passar opróprio sinal A(ω), que está em sua posição original (ω = 0).
Note que o sinal original A(ω) na verdade não foi transmitido pelo canal. O sinal S(
ω), que possui réplicas de A(ω) centradas em ±ωc é que foi transmitido.
Esse é o mérito da modulação: fazer réplicas do sinal a ser transmitido, na faixa
que o canal de comunicação oferece. Por exemplo: a linha telefônica, ou canal de voz,
oferece uma faixa que vai de 300 a 3.400 Hz.

3.4 AM
Modulação em amplitude com adição da portadora. É semelhante ao caso anterior.
A literatura tradicional sobre modulação diz que nesse caso a portadora é adicionada ao
sinal modulante. Podemos ver sob um outro ângulo: na modulação AM, um sinal

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 26/58
constante é adicionado ao sinal modulante a(t) antes dele ser multiplicado pela portadora.
Esse efeito também vai aparecer se o sinal a(t) possuir uma componente DC. A figura 3.3
ilustra a modulação e a demodulação AM. Note que tivemos que adicionar um bloco
antes do filtro H(ω) a fim de eliminar a componente DC do sinal, após ter sido multiplicado
pela portadora local.

Fig. 3.3

s (t ) = {a(t ) + p}⋅ cos(ωc t ) ...[3.15]

Passando para o domínio da frequência, fica:

S (ω ) =
1
2
{( ) ( )} {( ) (
A ω + ω c + A ω − ω c + pπ δ ω + ω c + δ ω − ω c )} ...[3.16]

Comparando as equações [3.11] e [3.16], notamos que apareceram dois impulsos,


em +ωc e -ωc, somados às réplicas de A(ω). Talvez por esse motivo o AM-SC ganhou o
nome de AM com portadora suprimida. Poderíamos também chamar de "AM" e "AM com
portadora adicionada".

Fig. 3.4

Note que na modulação AM o sinal a(t) é o envelope do sinal s(t) e é facilmente


identificado pelo diagrama de tempo apresentado pela figura 3.6.
No caso da modulação AM, pode-se utilizar um demodulador bem mais simples
que o da figura 3.3, em termos de implementação. Um demodulador formado por um
retificador de meia onda, seguido de um capacitor para eliminar a componente DC e do
filtro H(ω) é o suficiente. Note que assim não há necessidade de se gerar a portadora no
local do receptor.

Fig.3.5

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 27/58
Fig. 3.6

Retificar um sinal modulado em amplitude dessa forma, equivale a multiplicar o


sinal de recepção por um trem de pulsos (uma onda quadrada) de frequência igual à da
portadora.
Lembrando que a transformada de Fourier da onda quadrada é uma sequência de
impulsos, o sinal Sr(ω) pode ser determinado pela convolução entre o trem de impulsos
(onda quadrada) e o sinal S(ω), conforme ilustra a fugura 3.7.

Fig. 3.7

Importante salientar que, para que o sinal AM possa ser demodulado dessa forma
simples (utilizando um retificador) o fator "p" deve ser maior que o maior valor do sinal
a(t), pois o demodulador extrai o envelope do sinal recebido. Então:

p > a ( t ) máx ...[3.17]

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Caso a equação [3.17] não seja satisfeita, na modulação AM, a demodulação só
pode ser feita pelo método síncrono (utilizando uma portadora local).

fabio de azevedo montoro

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fabio de azevedo montoro

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Capítulo 4

Modulação AM-SSB

Modulação em amplitude com uma única banda lateral, ou "Amplitude Modulation


with Single Side Band", é um processo de modulação que suprime uma das bandas
laterais do espectro do sinal modulado s1(t), antes que ele seja transmitido.
Lembrando que todo sinal real (só estamos tratando deles) possui um espectro em
frequência redundante, simétrico em torno de ω = 0, conforme indica a equação 3.9,
podemos imaginar que a mesma informação é transmitida duas vezes !
No caso do sinal S(ω), gerado pela modulação AM-SC (veja a equação 3.11), a
mesma informação está presente quatro vezes, pois temos duas réplicas de A(ω).
O princípio da modulação AM-SSB é eliminar a metade do espectro do sinal a
transmitir, de forma a continuar satisfazendo a equação 3.9, pois queremos gerar um sinal
real.
A vantagem da modulação AM-SSB, que se pode ver imediatamente, é que o sinal
resultante ocupa a metade da banda que o AM-SC.
Uma forma trivial de se obter o sinal AM-SSB é filtrando uma banda lateral do sinal
AM-SC, conforme ilustram as figuras 4.1 4.2.

Fig. 4.1

Fig. 4.2a

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 31/58
Fig. 4.2b

Fig. 4.2c

Fig. 4.2d

O sinal S(ω) é obtido pela filtragem do sinal S1(ω):

S (ω ) = K (ω ) ⋅ S1 (ω ) ...[4.1]

O filtro K(ω) é de difícil implementação pois exige uma região de corte com
inclinação bastante abrupta. Fácil de representar teoricamente, esse filtro é praticamente
impossível de ser realizado.
Uma outra forma de se implementar a modulação AM-SSB é utilizando um circuito
chamado "transformador de Hilbert".
A fim de visualizar melhor o que ocorre na modulação AM-SSB, vamos imaginar
um caso particular, onde a(t) é uma cossenóide de frequência ωs. Então:

( )
a(t ) = cos ω s t ...[4.2]

Passando pelo multiplicador, fica:

( ) ( ) ( )
s1 (t ) = a(t ) ⋅ cos ωc t = cos ω s t ⋅ cos ωc t ...[4.3]

Aplicando a equação [3.2], fica:

s1 (t ) =
1
2
{ [( )] [(
cos ωc + ω s t + cos ωc − ω s t ) ]} ...[4.4]

Filtrando a banda inferior, fica:

[(
s (t ) = cos ωc + ω s t)] ...[4.5]

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 32/58
Aplicando a equação 3.1, obtemos:

( ) ( ) ( ) ( )
s (t ) = cos ω s t ⋅ cos ωc t − sen ω s t ⋅ sen ωc t ...[4.6]

π
Note que cos(ωst) é o sinal a(t) e que sen(ωst) é o sinal a(t) defasado de − , pois:
2
π
sen(ωst) = cos(ωst − )
2

π
Vamos chamar o sinal a(t) de ar(t) e de ai(t), sua versão defasada de − . O fato
2
de que qualquer sinal pode ser representado por uma soma contínua de sinais senoidais,
faz com que esse raciocínio se extenda para qualquer sinal real. Então, podemos re-
escrever a equação [4.6] da seguinte forma:

( ) ( )
s (t ) = ar (t ) ⋅ cos ωc t − ai (t ) ⋅ sen ωc t ...[4.7]

A equação [4.7] sugere que o modulador AM-


SSB seja implementado conforme ilustra a figura 4.3,
onde B(ω) é o circuito defasador. Qualquer sinal
aplicado na entrada de B(ω) terá todas as suas
π
componentes defasas de − .
2
Devemos fazer mais duas observações sobre o
circuito defasador: Fig. 4.3
- Não deve atuar na amplitude do sinal de
entrada.
- Deve atuar na fase de forma ímpar com relação a ω = 0, caso contrário sua
saída seria um sinal não real.

Fig. 4.4

Podemos dizer que a função de transferência do defasador é:

B(ω ) = B(ω ) e jθ (ω ) ...[4.8]

Tendo em vista o que foi comentado, podemos escrever:

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 33/58
B(ω ) = 1 ...[4.9]

 π 
− se ω > 0 π
θ (ω ) =  2  =− ⋅ sgn (ω ) ...[4.10]
π 2
+ se ω < 0 
 2 

Então, substituindo em [4.8], fica:

π
− j sgn (ω )
B(ω ) = e 2
...[4.11]

Analisando a equação [4.11] vemos que:

 π  π  
cos 2  − j ⋅ sen 2  se ω > 0
B(ω ) =     
 ...[4.12]
cos π  + j ⋅ sen π  se ω < 0 
  2  2 

Então, finalmente, encontramos a resposta em frequência do circuito defasador,


conhecido como transformador de Hilbert:

B(ω ) = − j ⋅ sgn (ω ) ...[4.13]

Vamos, agora, determinar a transformada inversa do circuito defasador, ou seja,


queremos achar a resposta impulsional do transformador de Hilbert.

b(t ) ↔ B(ω )
b(t ) = F −1
{B(ω )} = F−1{− j ⋅ sgn (ω )}
b(t ) = − j ⋅ F−1{sgn (ω )}

Sabendo que 1 F
−1
{sgn (ω )} = − j
, encontramos finalmente:
πt

b(t ) = −
1
...[4.14]
πt

As equações [4.13] e [4.14] definem o transformador de Hilbert nos domínios do


tempo e da frequência.
O transformador de Hilbert não deve ser confundido com um circuito de retardo,
que proporciona um retardo fixo para todas as componentes de frequência, ou seja,

1Ref. bibliográfica [1] equação 1.113


Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 34/58
provoca uma variação linear na fase. A próxima tabela mostra as respostas impulsional e
em frequência, dos dois circuitos.

Resposta impulsional Resposta em frequência

− jωT0
Circuito retardador δ (t − T0 ) e

Transformador de
1
− e − j sgn (ω )
Hilbert πt

Note que, conforme mostra a figura 4.4, o demodulador AM-SSB é o mesmo


utilizado no AM-SC. Vejamos:
Na demodulação, o sinal recebido passa pelo multiplicador e resulta em:

( ) ( ) ( )
u (t ) = s (t ) ⋅ cos(ωc t ) = a (t ) ⋅ cos 2 ωc t − ai (t ) ⋅ sen ωc t ⋅ cos ωc t

a (t )
u (t ) = {
a (t )
2
( )} ( )
⋅ 1 + cos 2ωc t − i ⋅ sen 2ωc t ...[4.15]
2

O filtro H(ω) corta as componentes centradas em 2ωc, conforme já vimos no caso


do AM-SC. Então, na saida o filtro, obtemos o sinal original a(t). Confirmamos, portanto,
que o mesmo demodulador serve para AM-SC e AM-SSB.

4.1 AM-VSB
Foi mencionado que a implementação do modulador AM-SSB pelo método
tradicional, utilizando os filtros K(ω), é difícil. Como a implementação de transformador de
Hilbert também é difícil no domínio analógico, na época em que surgiu a modulação SSB
também surgiu uma alternativa para superar essa dificuldade: a modulação VSB, ou
"Vestigial Side Band".
Essa modulação é igual ao AM-SSB, porém, ao invés de filtrar completamente a
banda lateral, o filtro deixa um vestígio da banda que deveria ser suprimida, de tal forma
que a encosta do filtro seja simétrica do mesma forma que no filtro de Nyquist.
Se a transmissão for feita com adição da portadora, um simples receptor baseado
em retificador vai funcionar do mesmo modo que no AM.
Se a transmissão for feita com portadora suprimida, a recepção deverá ser feita
pelo processo síncrono e, nesse caso, o filtro de Nyquist é mais importante.

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Fig. 45

fabio de azevedo montoro

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Capítulo 5

Modulação em fase - PM

A modulação em fase também herdou do inglês a sigla PM, "Phase Modulation",


comumente utilizada.
Essa modulação consiste em alterar a fase da portadora de forma proporcional à
amplitude do sinal modulante a(t).

{ }
s (t ) = s ⋅ cos ωc t + θ (t ) ; θ (t ) = k ⋅ a(t ) ...[5.1]

onde: θ(t) = fase (variável com o tempo)


k = constante
s = amplitude máxima da portadora

Desmembrando a equação [5.1], obtemos:

( ) ( )
s (t ) = s ⋅ cos{θ (t )}cos ωc t − s ⋅ sen{θ (t )}sen ωc t ...[5.2]

ar (t ) = s ⋅ cos{θ (t )}
fazendo:  ...[5.3]
ai (t ) = s ⋅ sen{θ (t )}

Obtemos:

( ) ( )
s(t ) = ar (t ) ⋅ cos ωc t − ai (t ) ⋅ sen ωc t ...[5.4]

A equação [5.4] sugere que o modulador seja implementado conforme


apresentado na figura 5.1, onde o sinal modulante foi desmembrado em duas
componentes em quadratura (equação [5.3]).

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Fig. 5.1

É importante notar que:

{ }
ar2 (t ) + ai2 (t ) = s 2 ⋅ cos 2 {θ (t )} + s 2 ⋅ sen 2 {θ (t )} = s 2 cos 2 {θ (t )} + sen 2 {θ (t )} ...[5.5]

Então: ar2 (t ) + ai2 (t ) = s 2 ...[5.6]


A equação [5.6] indica que o sinal a(t) pode ser visto como um vetor a(t ) cujas
coordenadas nos eixos "R"e "I" (real e imaginário) são, respectivamente, ar (t ) e ai (t ) . Ou

seja, é preciso desmembrar o sinal vetorial a(t ) em suas coordenadas axiais para
alimentar o modulador em fase.

Pela equação [5.6] notamos que o lugar geométrico do vetor a(t ) , considerando
sua origem coincidente com o sistema de coordenadas, é um círculo de raio "s", ou seja,
a amplitude desse vetor é constante.

Fig. 5.2

fabio de azevedo montoro

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Capítulo 6

Modulação em Quadratura - QAM

6.1 Modulação QAM


A modulação em quadratura, QAM, "Quadrature Amplitude Modulation", consiste
em, simultaneamente, modular a amplitude e a fase de uma portadora senoidal.
Esse tipo de mudulação, apesar de poder transmitir sinais analógicos, teve seu
nome associado à transmissão digital, ou seja, o sinal a ser transmitido assume valores
discretos, pertencentes a um conjunto finito conhecido.
Quando se fala em QAM, imediatamente se pensa em transmissão digital.

Veremos que os métodos de modulação AM-SC, SSB e PM,


anteriormente apresentados, são casos particulares do QAM

Vimos, na modulação em fase, que os dois sinais de entrada do modulador, a r (t )


e a i (t ) , possuem uma relação fixa entre eles, dada pela equação [5.6]. Esses sinais
representam um vetor de intensidade constante.
A modulação QAM é a generalização do modulador PM. No caso do QAM o vetor
de entrada é qualquer, ou seja, suas componentes em quadratura podem assumir
qualquer valor.

Podemos representar o vetor de entrada a (t ) por sua amplitude e fase ou por suas
coodenadas.

seja: θ(t) = fase do vetor de entrada


A(t) = amplitude do vetor de entrada
s = amplitude máxima da portadora
 a (t ) = A(t ) ⋅ cos{θ (t )}
coordenadas do vetor a (t ) =  r ...[6.1]
ai (t ) = A(t ) ⋅ sen{θ (t )}

Métodos de Modulação - Fabio Montoro - UnB - Departamento de. Engenharia Elétrica 39/58
Sendo assim, o sinal QAM pode ser representado como:

{ }
s (t ) = A(t ) ⋅ cos ω c t + θ (t ) ; ...[6.2]

Desmembrando a equação [6.2], obtemos:

( ) ( )
s (t ) = A(t ) ⋅ cos{θ (t )}cos ω c t − A(t ) ⋅ sen{θ (t )}sen ω c t ...[6.3]

Substituindo os valores da eq. [6.1] em [6.3] obtemos:

( ) ( )
s (t ) = a r (t ) ⋅ cos ω c t − ai (t ) ⋅ sen ω c t ...[6.4]

A equação [6.4] é a mesma da modulação PM (eq. [5.4]) e sugere a mesma


implementação de modulador, repetido na figura 6.1, por conveniência.
As componentes do sinal a(t) são chamados de:

a r (t ) = sinal em fase
a i (t ) = sinal em quadratura

Fig. 6.1

O vetor a(t ) cujas coordenadas nos eixos "R"e "I" são, respectivamente, a r (t ) e
a i (t ) , agora não tem a restrição da modulação em fase, mas do mesmo modo é preciso

desmembrar o sinal vetorial a(t ) em suas coordenadas para alimentar o modulador e

isso é bastante oportuno para a transmissão digital. O lugar geométrico do vetor a(t )
agora é livre no plano, mas pode ser limitado a pontos específicos no caso da
transmissão digital.
O conjunto de pontos que define o lugar geométrico do vetor QAM, em uma
transmissão digital, é chamado de constelação.

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Fig. 6.2

Vamos agora analisar o sinal transmitido no domínio da frequência. Para isso


vamos calcular a transformada de Fourier da eq. [6.4].

S (ω ) = F {a (t ) ⋅ cos(ω t )}− F {a (t ) ⋅ sen(ω t )}


r c i c ...[6.5]

Lembrando que F {f (t ).e }= F (ω − ω )


jω c t
c ...[6.6]

Obtemos:

 e jωc t + e − jωc t 
F {a r (t ) ⋅ cos(ω c t )}= F a r (t ) ⋅ 
 2 

F {a (t ) ⋅ cos(ω t )} = 12 {A (ω + ω ) + A (ω − ω )}
r c r c r c ...[6.7]

 e jωc t − e − jωc t 
F {a r (t ) ⋅ sen (ω c t )} = F a r (t ) ⋅ 
 2j 

F {a i (t ) ⋅ sen (ω c t )} = j
2
{ (
Ai ω + ω c − Ai ω − ω c) ( )} ...[6.8]

Substituido as equações [6.7] 2 [6.8] em [6.5], obtemos:

S (ω ) =
1
2
{ ( ) j
( )} {
Ar ω + ω c + Ar ω − ω c + − Ai ω + ω c + Ai ω − ω c
2
( ) ( )} ...[6.9]

Podemos ver sob outra ótica, particularmente interessante na modulação QAM


digital, considerando o sinal modulante como um número complexo:

a(t ) = a r (t ) + ja i (t ) ...[6.10]

Fazendo:

{ }{ ( )
a(t ) ⋅ e jωc t = a r (t ) + jai (t ) ⋅ cos ω c t + j sen ω c t ( )}
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( ) ( ) { ( )
a(t ) ⋅ e jωc t = a r (t ) cos ω c t − ai (t )sen ω c t + j a r (t )sen ω c t + ai (t ) cos ω c t ( )} ...[6.11]

Então, podemos dizer que:

{ } ( )
s (t ) = ℜe a(t ) ⋅ e jωc t = a r (t ) cos ω c t − ai (t )sen ω c t( ) ...[6.12]

Então, o modulador QAM pode ser visto simplesmente como a multiplicação de


dois números complexos e o sinal de saida é a parte real do resultado.

Fig. 6.3

6.2 Demodulação convencional


A demodulação consiste em recuperar os dois sinais em quadratura, a r (t ) e a i (t ) ,
ou seja, recuperar o número complexo transmitido.
O sinal recebido no receptor, a menos de constantes, e sem considerar qualquer
distorção do canal, é:

( ) ( ) (
S ' (ω ) = Ar ω + ω c + Ar ω − ω c − jAi ω + ω c + jAi ω − ω c ) ( ) ...[6.13]

A figura 6.1 mostra o demodulador.

U r (ω ) =
1
2
{ ( ) ( ) ( ) (
Ar (ω ) + Ar ω + 2ωc + Ar ω − 2ωc + Ar (ω ) − jAi (ω ) − jAi ω + 2ωc + jAi ω − 2ωc + jAi (ω ) ) }

U r (ω ) = Ar (ω ) +
(
Ar ω + 2ω c )
A ω − 2ω c
+ r
(
jA ω + 2ω c
− i
) (
jA ω − 2ω c
+ i
) ( ) ...[6.14]
2 2 2 2

O sinal U i (ω ) pode ser obtido de forma similar.


Após o filtro H(ω), recupera-se o sinal Ar (ω ) . Como os sinais modulantes Ar (ω ) e
Ai (ω ) são limitados em frequência, os filtros H(ω) podem ser exatamente iguais e devem
possuir frequência de corte em ωo de tal forma que:

ωb  ω 
< ω 0 <  2ω c − b  ...[6.15]
2  2 

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Fig.6.4

6.3 Demodulação com transformador de Hilbert


Essa técnica não utiliza nenhum filtro no demodulador, no sentido de seleção de
faixa de frequências, mas sim outro princípio, baseado no transformador de Hilbert 10.
O transformador de Hilbert é muito difícil de ser implementado na forma analógica,
com amplificadores operacionanais e componentes passivos, mas é muito fácil de ser
projetado e implementado com processamento digital de sinal.
A figura 6.5 apresenta o esquema do demodulador.
Usaremos a seguinte notação para as transformadas de Hilbert nos domínios do
tempo e frequência:

sˆ(t ) = Transf .Hilbert{s (t )}

Sˆ (ω ) = Transf .Hilbert{S (ω )}

10 Referências bibliográficas [1] e [4]


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Fig. 6.5

O sinal recebido é:

S (ω ) =
1
2
{ ( ) ( )
Ar ω + ω c + Ar ω − ω c − jAi ω + ω c + jAi ω − ω c( ) ( )} ...[6.15]

Como o transformador de Hilbert multiplica por -j as componentes com ω>0 e por


+j as com ω<0, então, podemos escrever que:

Sˆ (ω ) =
1
2
{ ( ) ( )
jAr ω + ω c − jAr ω − ω c + Ai ω + ω c + Ai ω − ω c ( ) ( )} ...[6.16]

Observando a figura 6.5, podemos escrever:

U1 (ω ) =
1
4
{ ( ) ( ) ( ) ( )
Ar (ω ) + Ar ω + 2ωc + Ar ω − 2ωc + Ar (ω ) − jAi (ω ) − jAi ω + 2ωc + jAi ω − 2ωc + jAi (ω ) }

U 2 (ω ) =
1
4
{ ( ) ( ) ( ) ( )
Ar (ω ) − Ar ω + 2ωc − Ar ω − 2ωc + Ar (ω ) − jAi (ω ) + jAi ω + 2ωc − jAi ω − 2ωc + jAi (ω ) }

Somando as duas equações anteriores, confirmaremos que o sinal original


transmitido, Ar (ω ) = U 1 (ω ) + U 2 (ω ) , será extraido corretamente.
Ainda, por observação da figura 6.5, escrevemos:

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U 3 (ω ) =
1
4
{ ( ) ( ) ( ) ( ) }
− jAr (ω ) + jAr ω + 2ωc − jAr ω − 2ωc + jAr (ω ) − Ai (ω ) + Ai ω + 2ωc + Ai ω − 2ωc − Ai (ω )

−1
U 4 (ω ) =
4
{ ( ) ( ) ( ) ( )
jAr (ω ) + jAr ω + 2ωc − jAr ω − 2ωc − jAr (ω ) + Ai (ω ) + Ai ω + 2ωc + Ai ω − 2ωc + Ai (ω )}

Somando as duas equações anteriores, confirmaremos que o sinal original


transmitido, Ai (ω ) = U 3 (ω ) + U 4 (ω ) , será extraido corretamente.
A análise anterior demonstra que o demodulador QAM baseado no transformador
de Hilbert, conforme apresentado na figura 6.5, opera corretamente.

6.4 Modulação QAM implementada digitalmente


As análises realizadas sobre a modulação QAM, até agora, consideraram todos os
sinais como contínuos, que também chamaremos de "analógicos". Tanto os sinais
modulantes a r (t ) e a i (t ) , como as portadoras cos(ω c t ) e sen (ω c t ) , são sinais analógicos.
Nesta parte do trabalho vou considerar que, tanto os sinais modulantes quanto as
portadoras são sinais discretos, que chamaremos de "digitais". Estou chamando de sinal
digital um sinal discreto no tempo e na amplitude, ou seja o sinal é uma sequência de
amostras codificadas em binário.
Como já foi mencionado anteriormente, a modulação QAM é bastante apropriada
para transmissão de dados e por isso é utilizada em praticamente todos os equipamentos
de transmissão de dados conhecidos, como os modems analógicos, os modems para
transmissão satélite, os rádios digitais de micro-ondas, os modems de alta velocidade,
para distância limitada com tecnologia CAP, e até equipamentos transmissores para rede
local, na tecnologia ATM, operando a 155 Mbps em par trançado blindado ou 51.84 Mbps
operando em par trançado sem blindagem (UTP).

A passagem do cenário "analógico", anteriormente descrito, para o "digital", como


o existente em um ambiente de processamento digital de sinais, nos leva a representar
os sinais como sequências. Utilizaremos a seguinte simbologia:

T0 = período de amostragem
T = intervalo intersimbólico
n = número sequencial da amostragem
sen(ωcnT0) e cos(ωcnT0) = sinais senoidais
A(nT0) = amplitude do sinal modulante
θ(nT0) = fase do sinal modulante

Então, podemos representar o sinal QAM assim:

( ) ( ) {
s nT0 = A nT0 ⋅ cos ω c nT0 + θ nT0 ( )} ...[6.17]

Pensando em QAM digital, onde as combinações das duas ordenadas são


limitadas (há um conjunto de símbolos possíveis bem definido), identificamos a existência
do par {A(k) ; θ(k)} para cada símbolo possível.

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O conjunto de símbolos possíveis é finito e conhecido como constelação.
A constelação, portanto, é formada por todos os pontos no plano RI que poderão
ser transmitidos.
Inicialmente os sinais a r (t ) e a i (t ) devem ser digitalizados, e isso está
representado na figura 6.6 pela multiplicação do respectivo sinal por uma sequência de

∑ δ (nT ).

impulsos 0
n = −∞
A cada símbolo serão transmitidas várias amostras do sinal s(nT) para um mesmo
valor de {A(k) ; θ(k)} e isso pode ser representado pela equação:

( ) ∑ A(kT ) ⋅ g (nT ) { }

s nT0 = T 0 − kT ⋅ cos ω c nT0 + θ (kT ) ...[6.18]
k = −∞

Onde: gT(nT0 ) = janela no tempo, de largura igual a T, iniciando em t = 0.

Na verdade, a equação [6.18] traduz a sobreposição de vários segmentos da


portadora.

Desenvolvendo a equação [6.18]:

( ) ∑ A(kT ) ⋅ g (nT ){ ( ) ( )}

s nT0 = T 0 − kT ⋅ cos[θ (k )] ⋅ cos ω c nT0 − sen[θ (k )] ⋅ sen ω c nT0
k = −∞

( ) ∑ A(kT ) ⋅ cos[θ (kT )]⋅ g (nT ) ( ) ∑ A(kT ) ⋅ sen[θ (kT )]⋅ g (nT ) ( )
∞ ∞
s nT0 = T 0 − kT ⋅ cos ωc nT0 − T 0 − kT ⋅ sen ωc nT0
k = −∞ k = −∞

fazendo:

A(kT ) ⋅ cos[θ (kT )] = a r (kT )


...[6.19]
A(kT ) ⋅ sen[θ (kT )] = a i (kT )

Obtemos:

 ∞   ∞ 
( ) ( ) ( )
s nT0 =  ∑ a r (kT ) ⋅ g T nT0 − kT  ⋅ cos ω c nT0 −  ∑ a i (kT ) ⋅ g T nT0 − kT  ⋅ sen ω c nT0 ( ) ( )
k = −∞  k = −∞ 

Cada um dos somatórios pode ser visto como a convolução dos sinais a r (nT0 )e
( )
a i nT0 que possuem uma única amostra na primeira posição da janela g T nT0 , sendo ( )
as demais igauis a zero. Possuem um único valor por símbolo.
( ) ( )
Note que os sinais a r nT0 e a i nT0 são diferentes de a r (nT ) e a i (nT ) , que são
constantes por símbolo. Então:

( ) { (
s nT0 = a r nT0 ∗ g T nT0 ) ( )}⋅ cos(ω c ) { (
nT0 − a i nT0 ∗ g T nT0 ) ( )}⋅ sen(ω c nT0 ) ...[6.20]

( ) ( ) (
s nT0 = p r nT0 ⋅ cos ω c nT0 − q r nT0 ⋅ sen ω c nT0 ) ( ) ( ) ...[6.21]

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Note a semelhança entre as equações [6.21] e [6.4].
( ) ( )
Note que os sinais p r nT0 e q r nT0 possuem amostras de valor constante
dentro de cada intervalo de símbolo, que dura T segundos, pois a resposta impulsional do
filtro g T (nT0 ) é uma janela retangular.

Fig. 6.6

A equação [6.20] diz que os sinais a r (nT0 )e (


a i nT0 ) foram filtrados por filtros
cujas respostas impulsionais são g T (nT0 ) , resultando nos r 0 sinais p (nT ) e q (nT ).
r 0

Então, podemos alterar a figura 6.6, por uma representação equivalente, substituindo os
sinais mencionados e o amostrador. A figura 6.6 representa a situação onde os sinais se
originam de uma forma analógica. A figura 6.7 ilustra a situação onde os sinais a r nT0 e ( )
( )
a i nT0 foram gerados digitalmente, uma amostra por símbolo, e entram em um filtro
digital transversal com resposta impulsional retangular, conforme mostra a equação
[6.20].

Fig. 6.7

Vimos anteriormente, quando foi abordado o filtro de Nyquist, que é desejável


filtrar o sinal a ser transmitido com um filtro que não provoque interferência intersimbólica
e que tenha a melhor condição para recuperação do sinal na recepção. Em outras
palavras, esse filtro deve atender ao critério de Nyquist e ter o maior "roll-off" possível.
Um desses filtros é o cosseno levantado, que já analisamos anteriormente.

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O que foi visto até aqui corresponde a uma modulação digital sem filtragem de
limitação de banda. Isso vai provocar um espectro de saida infinito, o que é indesejável.
Se adequarmos a resposta impulsional do filtro H(ω) da figura 6.7, poderemos
atender aos critérios de Nyquist.
Vamos determinar a resposta em frequência do filtro H(ω), supondo que existem
"L" amostras em cada símbolo, sendo "L" ímpar, então:
L −1 L −1
2 2
GT (W ) = ∑ g (n )e
L −1
T
− j ωn
= ∑ L −1
e − j ωn [6.22]
− −
2 2

L 1  L 1 L L
jω  −  jω  L − −  jω   − jω  
 L −1  − j ωL
jω   1− e e  2 2
−e  2 2
e 2
−e 2

GT (W ) = e  2 
= =
1 − e − jω 1 − e − jω j
ω
−j
ω
e 2
−e 2

 ωL 
sen 
GT (W ) =  2 
...[6.23]
ω 
sen 
2

Para não haver IIS o filtro deve ser um passa-baixo com frequência de corte igual a
vm 1
= , onde vm é a taxa de modulação em baud.
2 2T

Este artigou se limitou a investigar os tipos comuns de modulações de portadora,


dando ênfase à comunicação digital e se restringindo à modulação propriamente dita,
sem abordagem das codificações que possam ser executadas antes do modulador, com
objetivos de melhoria na taxa de erro do sistema, como a codificação não linar, a
codificação convolutional, inventada por Peter Elias em 1955, e a codificação
convolucional TCM (Trellis Coded Modulation), inventada por Ungerboeck em 1976 e
utilizada nos modems.
Convém salientar que, apesar do nome TCM induzir ao entendimento de que isto
seria uma "modulação codificada" e do fato de que alguns autores preferirem dizer que é
"modulação", prefiro separar as duas coisas: modulação é a ação direta de modificar a
portadora e qualquer outra ação anterior a esta será entendida como uma codificação.
É fundamental que a terminologia seja bem entendida e, quando isto ocorrer, ela
deixa de ser importante.
Importante é o entendimento do conceito.
A terminologia, uma vez que faz parte da liguagem técnica, é fundamental, sim,
para a comunicação entre as pessoas.

fabio de azevedo montoro

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6.5 Lugar geométrico do vetor QAM
Comparando os moduladores discutidos nos capítulos anteriores, AM-SC, AM-SSB
e PM podemos ver claramente que a diferença entre essas modulações é a regra que
correlaciona as duas componentes em quadratura.
Fica demonstrado que o QAM é o caso geral e essas modulações são casos
particulares.
Resumindo, as regras de correlação são:

AM-SC Só há uma dimensão. O vetor transmitido assume


qualquer valor, mas sempre no eixo horizontal (eixo
"R"). A componente do eixo "I" é sempre nula. O
lugar geométrico é o eixo horizontal. ai (t ) = 0
e ar (t ) = ∀

AM-SSB A componente do eixo vertical (eixo "I") é sempre a


transformada de Hilbert da componente do eixo
horizontal. O lugar geométrico será formado pelos
pontos ai (t ) , 
∗ ar (t )
1
 π ⋅t 

PM O vetor transmitido pode assumir qualquer ângulo,


porém sempre com a mesma amplitude
(intensidade). Em outras palavras o lugar
geométrico do vetor é um círculo centrado na
origem e comprimento igual à intensidade do sinal,
ou seja: a 2 i (t ) + a 2 r (t ) = A onde "A" é uma
constante.

QAM O vetor transmitido pode ser qualquer. Suas


componentes não possuem qualquer relação
obrigatória e podem ser definidas à vontade pelo
padrão que se quer estabelecer. Se a trasmissão
for anaçógica, o vetor pode, teoricamente assumir
qualquer posição no plano, observado naturalmente
uma distância máxima do centro que definirá o valor
de pico máximo do sinal transmitivo. Se a
trasmissão for digital o vetor assumirá pontos
específicos, definidos pelo padrão estabelecido,
que formarão a constelação, ou seja:
ar (t ) = ∀ e ai (t ) = ∀

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6.6 Constelações QAM
Este nome é dado quando a modulação é digital e o vetor somente pode assumir
pontos específicos no plano RI. Em outras palavras, o lugar geométrico do vetor é
discreto e o conjunto de pontos é definido por um padrão específico.

6.6.1 Constelações dos modems V.26, V.27 e V.29

Como exemplo, a figura ilustra as constelações dos modems citados.


O modem V.26 transmite a uma taxa de 2400 bits por segundo e modula a 1200
baud, possuindo, portanto, 2 bits por símbolo.
O modem V.27 transmite a uma taxa de 4800 bits por segundo e modula a 1600
baud, possuindo, portanto, 3 bits por símbolo.

Im
Im
Im 1010
010 1011 1001
01 00 011 000
0011 0001

111 001 1100 0100 0000 1000

Re Re
0101 0111
11 10 110 101
100 1101 0110 1111
Modem
Modem 1110
V.26
V.27
Modem
V.29

Fig. 6.8: Constelações dos modems V.26, V.27 e V.29

O modem V.29, finalmente, transmite a uma taxa de 9600 bits por segundo e
modula a 2400 baud, possuindo, portanto, 4 bits por símbolo.
Nenhum desses modems possui qualquer tipo de codificação especial para ampliar
a eficiência no uso do espectro, pois tais tecnologias surgiram após a ITU-T publicar as
respectivas recomendações, que padronizaram tais equipamentos.
As dificuldades tecnológias foram sendo superadas ao longo do tempo e
viabilizando esse aumento na taxa de transmissão de dados pela linha telefônica, a partir
do modem V.26 que surgiu por volta de 1962.
A invençao do equalizador adaptativo viabilizou o desenvolvimento do modem V.27
sete anos depois e, logo em seguida, em 1971 foi possível produzir o modem v.29.
As invenções da codificação não linear, do TCM e do cancelamento de eco
adaptativo permitiram o surgimento de modems operando para operar full-duplex a
28.800 bps em 1994.
O modem para linha telefônica convencional chegou ao limite de Shanon com o
crescimento exponencial das dificuldades para subir a velocidade, chegando a 33.600
bits por segundo, com o padrão V.34

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6.6.2 Constelação do modem V.34

A constelação do modem V.34 possui 1664 pontos. A figura 6.9 mostra um quarto
da constelação (416 pontos). Para se obter a constalação total soma-se os pontos
obtidos pela rotação em 90, 180 e 270 graus da que está representada na figura.

Fig. 6.9: Constelação parcial do modem V.34

A taxa máxima que se conseguiu transmitir pela linha telefônica convencional foi
33.600 bits por segundo.
O lançamento das recomendações V.90 e V.92 da ITU-T já especificavam
modems para transmitir de forma digital (PCM).
No ano de 2000 a ITU-T lançou a recomendação V.92, que especifica um modem
que transmite de forma digital (PCM) a 48.000 bps no sentido up-stream e recebe a
56.000 bps no sentido downstream, podendo também operar com modulação QAM até
33.600 bps.

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fabio de azevedo montoro

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Capítulo 7

Modulação Delta

Acabamos de falar em terminologia e surge mais uma, que põe a questão


novamente em evidência.
A modulação Delta é a codificação de um sinal analógico em uma sequência de
bits que podem ser transmitidos de forma serial.
Então é codificação?
Ou será modulação?
Como já disse, prefiro chamar de "codificação".
Como a literatura em geral chama de "modulação", deixei o título assim, mas com
pulga atrás da orelha.
Cada bit da codificação Delta indica se amplitude do sinal está crescendo ou
diminuindo com relação à amostragem anterior. Portanto, a codificação Delta utiliza um
quantizador de somente dois níveis onde um único bit vai representar o sinal.
Como a codificação Delta é um caso particular da codificação PCM diferencial, vou
apresentar esta pois a explanação fica mais genérica.
O teorema da amostragem, um dos conceitos mais importantes em toda a teoria
de comunicações, determina que a menor frequência em que se pode amostrar um sinal
s(t), de banda limitada, preservando todas as informações que esse sinal carrega, é o
dobro da maior componente de frequência do espectro de s(t).
A amostragem não precisa ser periódica, mas, no limite, ou seja, se quisermos
amostrar com a menor frequência possível, sim. Vamos supor que a amostragem possui
uma período constante, "T" (é o que se faz na prática). Uma vez amostrado, o sinal s(t)
se transforma em um sinal discreto no tempo, sa(t). O sinal sa(t) só existe em instantes
espaçados de "T" segundos, onde tem o valor exato do sinal s(t), ou seja, sa(t) possui
amostras do sinal s(t), tomadas a cada "T" segundos:

s(nT) = sa(nT)

Podemos dizer, ainda, que:

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s (t ) para t = nT

s a (t ) = 
 0 para t ≠ nT

Fig. 7.1: Digitalização do sinal de voz

Para transmitir o sinal amostrado através de equipamentos digitais, é preciso


transformar cada amostra sa(nT), que é o valor da voltagem no instante "nT", em um
número binário, ou seja, é preciso transformar a amostra de "analógico" para "digital".
Essa técnica é chamada de PCM ("Pulse Code Modulation"). No processo de conversão
para digital, escolhe-se uma quantidade "N" de bits a ser utilizada para codificar a
amostra. O valor analógico será aproximado para o valor digital mais próximo, sendo que
existe 2N = M possibilidades. A diferença entre o valor do sinal sa(nT) e o sinal
representado em binário, é o erro de quantização. Naturalmente, deseja-se que o erro
seja tão pequeno ao ponto de não prejudicar a qualidade do sinal quando ele for
reproduzido e, ao mesmo tempo, deseja-se que a quantidade de bits utilizada em cada
amostra seja a menor possível a fim de diminuir a quantidade de bits a ser transmitida.
Por exemplo, o sinal de voz limitado de 300 a 3400 Hz, deve ser amostrado,
teoricamente, em pelo menos a 6800 Hz para manter suas características. Na prática
utiliza-se a frequência de 8000 Hz, para garantir as variações de filtros e outros circuitos
envolvidos. Veja a figura 7.1. O sinal de voz entra em um filtro passa baixo, para cortar as
componentes de frequência acima do permitido. O sinal filtrado é amostrado a
conevertido para digital. Se, portanto, desejamos transmitir o sinal de voz sob a forma
digital, devemos utilizar um canal de dados com a velocidade vt = N.8000.

O quantizador logaritmico também é chamado de


compansor pois a codificação corresponde a uma
compressão do sinal de entrada, que será expandida na
recepção. Vimos até agora dois tipos de quantizadores, o
linear e o logaritmico. Podemos representar esse
quantizador por um único bloco, veja figura 7.2, que
corresponde aos blocos amostrador e conversor A/D da
figura 7.1. O sinal de voz s(t), na entrada, é convertido
para um sinal digital q(n), com "N" bits por amostra.

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DPCM

O sinal de voz possui uma componente periódica,


envolta em um envelope que varia lentamente com
o tempo, cuja forma é determinada pelo tubo do
trato vocal humano, e essa propriedade permite
estimar a próxima amostra com boa precisão,
devido à correlação existente entre uma amostra e
a próxima. A codificação DPCM, ou PCM
diferencial, explora essa propriedade. Veja, pela
figura 10.5, que o codificador DPCM é formado por
um quantizador linear e um preditor que estima o valor da próxima amostra. O preditor é
um filtro digital. A saida do preditor é subtraida da entrada a fim de se obter somente a
diferença, que será codificada e transmitida. Note que o quantizador codifica somente a
diferença, que, somada à estimativa anterior, entra no preditor. A decodificação DPCM é
a operação inversa.
A modulação Delta é um caso particular do DPCM, onde o incremento é sempre
constante e igual a um bit.

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Conclusões
O último capítulo pode parecer fora de contexto, já que estamos falando de
modulação, mas foi incluído pelas seguintes razões:

1) Mostrar a evolução no tratamento dos sinais contínuos sob a


forma de sinais discretos, especialmente na telefonia, com
o advento do PCM, tendo em vista que esse fato pode ser
considerado uma mudança de paradigma tecnológico;

2) Ressaltar que toda terninologia deve ser perfeitamente


compreendida;

3) Mostrar que a transmissão de voz, originalmente sob a


forma "analógica", como um sinal contínuo, pode ser feita
sob a forma digital e tratado como uma transmissão de
dados;

4) Que a modulação QAM passa a ter uma importância global


na questão da transmissão da informação e pode ser
utilizada para transmissão de voz em canais limitados de
diversas naturezas, reforçada ainda pelas codificações de
otimização de espectro e redução da taxa de erro, as quais
não fizeram parte do escopo deste trabalho.

A visão de todos os tipos de modulação como sendo casos particulares do QAM,


demonstra a importância dessa metodologia e facilita o entendimento global da questão
da modulação.
Esse fato permite a construção de equipamentos gerais, de ampla aplicação e
configurados por software, para atuarem como vários tipos de transmissores e
receptores, principalmente após o advento do processamento digital de sinais, que
oferece uma plataforma conveniente a esse trabalho, já que os algoritmos, filtros e
equalizadores podem ter diversos parâmetros definidos pelo usuário, ou ajustados
adaptativamente, e manipulados pelo software.
Técnicas de reconhecimento da intenção do transmissor, coma as que são
utilizadas pelos modems mais modernos, chamadas de "sequências de treinamento",
podem ser desenvolvidas para identificar o que será transmitido pelo equipamento
remoto, além das funções de análise do desempenho do canal, como ocorre atualmente.
Um protocolo de troca de parâmetros, capacidades e recursos pode viabilizar a
construção de equipamentos mais versáteis que, observando a aquestão do custo,
naturalmente, podem servir a mais de uma aplicação, como trasmissão de voz e dados,
dados de automação e áudio, vídeo com parametrização configurável, e assim por diante.

fabio de azevedo montoro

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Bibliografia

[1] Lathi, B.P., Communication Systems, John Wiley & Sons, NY, 1968
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Synchronous Data Receivers, IEEE Transactions on Communications
vol.COM-24 nº 5 pág 516, maio de 1976

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