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enfrentamento à

violência sexual contra


crianças e adolescentes

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SERVIÇOS DE
atenção
especializada
Ângelo Motti

NOSSA VOZ. NOSSA FORTA L E Z A.


SUMÁRIO

1. Introdução................................................................................................ 115
2. Atendimento da Saúde à criança e ao adolescente
vítima de violência................................................................................... 116
3. Serviços de Atenção à Saúde................................................................... 119
4. A Assistência e Proteção Social à criança e ao adolesecente
vítima de violência: Sistema Único da Assistência Social (Suas).......... 122
5. A educação de criança e ao adolescente vítima de violência................. 124
6. Políticas Sociais de Cultura, Esporte e Lazer para criança
e ao adolescente vítima de violência...................................................... 125

Referências................................................................................................... 127

Perfis do autor e do ilustrador................................................................... 128


No campo da saúde, segundo publica- enças e agravos, a atenção humanizada
ção do Ministério da Saúde1, “O Sistema e o trabalho em rede, na compreensão de
Único de Saúde (SUS) recebeu o manda- que “a violência se constitui em um im-
to específico do Estatuto da Criança e do portante problema para a saúde pública”.
Adolescente (ECA) para promover o direito De sua parte, a Coordenação Nacional da
Introdução à vida e à saúde de crianças e adolescen-
tes, mediante a atenção integral à saúde,
Política de Assistência Social define que
o Sistema Único de Assistência Social
A precariedade de alcance ou de qualidade que pressupõe o acesso universal e igua- (SUAS) estabelece uma organização das
e a suficiência das políticas públicas devem litário aos serviços nos três níveis da aten- ações da política de acordo com a com-
ser sempre objeto de questionamento aos ção”. (BRASÍLIA, 2010) plexidade dos serviços. Numa ponta, a
poderes públicos, constituídos e responsá- Segundo o Ministério, essa responsa- atenção social básica e, na outra, a aten-
veis legais pela sua oferta – em especial as bilidade vai além da promoção da saúde, ção social especial. Segundo documento
esferas executivas federal, estadual e mu- incluindo as ações de prevenção de do- preliminar do Ministério da Cidadania2,
nicipal, a quem cabe a responsabilidade “O SUAS considera que as famílias, inde-
da oferta regular de programas, serviços e 1. S
ecretaria de Atenção à Saúde. pendentemente dos seus arranjos e confi-
ações que atendam os direitos fundamen- Departamento de Ações Programáticas
gurações – que variam conforme o contex-
Estratégicas/Ministério da Saúde. Linha de
tais de crianças e adolescentes: vida, saú-
cuidado para a atenção integral à saúde
de, alimentação, educação, segurança, cul- 2. Ministério da Cidadania Secretaria
de crianças, adolescentes e suas famílias
tura, esporte, lazer, habitação, transporte, Especial de Desenvolvimento Social
em situação de violências: orientação
Secretaria Nacional de Assistência Social,
assistência social e defesa de direitos. para gestores e profissionais de saúde –
Parâmetros de atuação do Sistema Único
A violência difundida no tecido social Ministério da Saúde. Brasília, 2010.
de Assistência Social (SUAS) no Sistema
resulta em grandes e por vezes irreparáveis de Garantia de Direitos da Criança e do
prejuízos humanos, de profundos efeitos Adolescente Vítima ou Testemunha de
emocionais nas famílias, afetando direta- Violência, Brasília, agosto de 2019.
mente a saúde, a qualidade de vida e nos
anos potenciais de vida perdidos. Além dis-
so, tem como consequências os altos cus-
tos econômicos e sociais para a sociedade.
Na legislação brasileira, em especial
no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), as Políticas Sociais Básicas recebe-
ram incumbências diretas para que crian-
ças e adolescentes possam exercer seus di-
reitos, incluindo aí o desenvolvimento de
programas e ações especializadas quando
esses cidadãos assim necessitarem.

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to histórico e cultural – constituem espaço
de proteção, socialização e referência para
seus membros, ao mesmo tempo em que
estão sujeitas a ocorrências de violências
e violações de direitos.
O documento destaca duas diretri-
zes estruturantes das ofertas do SUAS: “a
matricialidade sociofamiliar e a territoria-
lização. Com isso, o atendimento socioa-
ssistencial voltado à proteção da criança
e da/do adolescente se estende, neces-
sariamente, à sua família, para que reú-
na ou amplie as condições e habilidades
para cuidar e protegê-la, considerando as
possibilidades de proteção social no local
onde vivem.” (MDS, 2019)
Essa evolução no campo do atendimen-
to aos direitos da criança e do adolescente
tem forte influência da Doutrina da Prote-
ção Integral, trazida pela Organização das
Nações Unidas (ONU). A Convenção Inter-
nacional é um poderoso instrumento para

Atendimento
modificação das maneiras de entender e causas externas (acidentes e violências)
agir de indivíduos e comunidades, produ- ocupam a primeira causa de morte na fai-

da Saúde
zindo mudanças no panorama legal, sus- xa etária de 1 a 19 anos (BRASIL, 2009a).
citando o reordenamento das instituições Invisíveis, porém mais disseminados,
e promovendo a melhoria das formas de são os efeitos da violência e do sofrimen-
atenção direta. Isso ocorre porque a Con- À CRIANÇA E AO to individual de crianças e adolescentes,
venção é um tratado de Direitos Humanos
que, ao ser ratificado pelos governos, impli- ADOLESCENTE VÍTIMA que podem se perpetuar durante a infân-
cia e a adolescência, com consequências
ca o compromisso formal das respectivas
nações de aceitar o que está enunciado em
DE VIOLÊNCIA até a idade adulta, constituindo-se em
desafios para os gestores e profissionais
seu conteúdo, assumindo ainda os deveres Para cumprir o Art. 227 da Constituição (Linha de cuidado para a atenção integral
e obrigações que o novo instrumento lhes Federal, sobre a promoção, a proteção e à saúde de crianças, adolescentes e suas
impõe (MOTTI e SANTOS, 2011). a defesa do direito à saúde da criança e famílias em situação de violências: orien-
do adolescente, a Política de Saúde or- tação para gestores e profissionais de saú-
ganiza um conjunto de ações e serviços. de / Ministério da Saúde. Secretaria de
Os desafios estão sempre se renovando, Atenção à Saúde. Departamento de Ações
observa-se mudança no perfil dos pro- Programáticas Estratégicas. Brasília: Mi-
blemas de saúde onde, por exemplo, as nistério da Saúde, 2010).

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Desde 2006, o Ministério da Saúde – verno, por intermédio do Conselho Nacio-
com a finalidade de conhecer a magnitu- nal dos Secretários de Saúde (Conass) e
de dos casos de acidentes e violências no do Conselho Nacional dos Secretários
País que não levam ao óbito ou à interna- Municipais de Saúde (Conasems), e no
ção – estruturou o Sistema de Vigilância âmbito estadual, municipal e do Distrito
de Violências e Acidentes (Viva), o qual se Federal nos conselhos locais.” ()
constitui por dois componentes:

1. vigilância de violência doméstica, 2.1 PROMOÇÃO DA SAÚDE E


sexual, e/ou outras violências in-
terpessoais e autoprovocadas (Vi- PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIAS
va-Contínuo), módulo incorporado A Política Nacional de Promoção da
ao Sistema Nacional de Agravos de Saúde (PNPS, 2006) prioriza a qualidade
Notificação (Sinan-Net); e de vida, com ações para a prevenção de
2. vigilância de violências e acidentes violências e estímulo à cultura de paz.
em emergências hospitalares (Viva- Tem por objetivo atuar sobre os determi-
-Sentinela), realizada por meio de nantes das doenças e agravos, investin-
pesquisa a cada dois anos (Ministé- do em políticas indutoras de modos de
rio da Saúde, 2010). vida promotores de saúde e ambientes
saudáveis (BRASIL, 2006a). A prevenção
A rede de serviços do Sistema de Saú- aqui “entendida como uma estratégia
de, sem dúvidas, concretiza-se em espaço de promoção da saúde, na medida em
privilegiado para a identificação, acolhi- que previne e controla os agravos, por
mento, atendimento, cuidados e proteção meio da criação de condições de prote-
de crianças e adolescentes em situação de ção e defesa de indivíduos e grupos que
violência, e às famílias. Mais ainda, cons- se encontram em situações de riscos e
titui-se em um espaço obrigatório para a de vulnerabilidades específicas”. Atua
notificação ao Conselho Tutelar das si- no campo da identificação de doenças
tuações de violência a que estão sujeitas e agravos, do diagnóstico, tratamento
crianças, adolescentes e suas famílias. e cuidados, sem prejuízo da assistência
Há um reconhecimento por parte do na readaptação e reabilitação. Dessa
Ministério da Saúde que “a violência pode forma, a prevenção deve ser o resultado
gerar problemas sociais, emocionais, psi- de ações coletivas, envolvendo setores
cológicos e cognitivos capazes de impac- de educação, assistência social, espor-
tar fortemente a saúde das pessoas ao te, cultura, organizações sociais, grupos
longo de sua existência”. As ações de saú- formais e informais e lideranças comu-
de devem estar articuladas com as políti- nitárias e juvenis, etc. As ações preven-
cas sociais e de direitos humanos e “são tivas na comunidade são essenciais para
pactuadas entre as instâncias colegiadas a redução dos riscos de violência e pro-
da gestão do SUS, nas três esferas de go- moção da cultura de paz no território.

enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 117


A intervenção do profissional favore- Prevenir a violência contra a criança e o
TÁ NA Lei ce a saúde física e emocional de crianças adolescente é possível desde o pré-natal,
e adolescentes em seu processo de cres- com uma atuação preventiva, trabalhan-
A violência sexual também deve ser cimento e desenvolvimento, em especial do a aceitação de gravidez não planejada
trabalhada preventivamente, junto nos momentos de mudanças importantes, ou em decorrência de violência e as expec-
aos familiares, crianças e adoles- nas principais etapas do desenvolvimento: tativas em relação ao bebê com a mãe, o
centes. É possível abordar, com pai e os familiares.
a. no pré-natal, período que vai da
linguagem apropriada às faixas Outra forma de prevenir a violência é
concepção ao nascimento;
etárias, a questão da sexualidade e identificar as situações familiares que po-
b. no parto e no puerpério, ao nascer;
dos toques corporais socialmente dem gerar maior vulnerabilidade às práticas
c. nos primeiros anos de vida, nas violentas, pelas dificuldades e desgaste que
adequados e inadequados entre
consultas de atendimento, em espe- ocasionam. Situações como perda de em-
uma criança e alguém mais velho
cial as de puericultura ou nas visitas prego, uso abusivo de álcool e outras dro-
do que ela, ou adulto.
domiciliares de profissionais da Es- gas, separação conjugal ou morte de um de
tratégia Saúde da Família (ESF); seus membros requerem atenção redobra-
d. no decorrer da infância; da à família no sentido de ajudá-la a lidar
e. no final da infância e no início da com tais adversidades e a minimizar a busca
adolescência e na adolescência. da violência como forma de enfrentá-las.

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Serviços
DE ATENÇÃO À SAÚDE

3.1. SERVIÇOS DA ATENÇÃO


PRIMÁRIA À SAÚDE
A atenção primária à saúde é o primeiro
nível de atenção do sistema de saúde.
Constitui-se a porta de entrada preferen-
cial do Sistema Único de Saúde (SUS),
onde se incluem os cuidados essenciais de
promoção, proteção, reabilitação e manu- O acompanhamento e a evolução de 3.2. SERVIÇOS DE ATENÇÃO
tenção da saúde, prevenção de agravos, cada caso nas unidades de saúde, nos do-
diagnóstico e tratamento dos problemas micílios ou ainda mediante o encaminha- ESPECIALIZADA, URGÊNCIA
de saúde mais comuns e relevantes da po- mento para unidades de atenção especia- E EMERGÊNCIA
pulação. Os princípios que orientam o de- lizada e acompanhamento do cuidado são
senvolvimento da atenção básica/primária atribuições das equipes, além de promove- Em geral, os serviços de saúde de atenção
são os da universalidade, da acessibilida- rem ações de prevenção da violência e de especializada para atendimento à criança
de, do primeiro contato com o sistema de promoção da cultura de paz junto à família, e ao adolescente em situação de violência
saúde, do registro da clientela, da coor- na escola, na comunidade e em outros es- estão vinculados a um estabelecimento
denação do cuidado, do vínculo e da con- paços sociais. Tais equipes possuem espa- de saúde, público ou conveniado com a
tinuidade da atenção, da integralidade, ço privilegiado para a identificação dos ca- rede SUS (Hospital, Maternidade, Unida-
da responsabilização, da humanização, sos de violência pelo grande leque de ações de de Urgência e Emergência e os Centros
da equidade e da participação social. e pelo envolvimento dos profissionais com de Aconselhamento e Testagem - CTA),
As equipes da atenção primária/saúde as ações de saúde individual e coletiva de- podendo ainda ser prestado por Organi-
da família devem realizar o acolhimento, senvolvidas no território. Por estarem geo- zação da Sociedade Civil (OSC). Todos de-
assim como as ações educativas e pre- graficamente muito próximos das famílias, vem dispor de equipes multidisciplinares
ventivas sobre o uso abusivo de álcool e os profissionais da atenção primária têm e sua composição varia de acordo com a
outras drogas. Devem também garantir maior possibilidade de identificar sinais capacidade instalada e o tipo de organiza-
acesso a exames complementares; for- e sintomas de violências em crianças ção dos serviços. Em geral, essas equipes
necer medicamentos básicos; prestar o e adolescentes, realizar o acolhimento, são compostas por médicos (pediatras,
atendimento e orientar as mães/os cui- atendimento (diagnóstico, tratamento e ginecologistas, psiquiatras), enfermei-
dadores a respeito da saúde sexual e re- cuidados), notificar os casos e encaminhar ros, psicólogos e assistentes sociais, mas
produtiva de crianças e adolescentes. para rede de cuidados e de proteção social. pode haver também odontólogos, nutri-

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cionistas, pedagogos, fonoaudiólogos, fi- 3.3. SERVIÇOS
sioterapeutas, advogados, dentre outras
categorias profissionais. DE SAÚDE MENTAL
Em situações em que esses serviços se O suporte no âmbito da saúde mental às
constituem como porta de entrada ou pri- crianças, adolescentes e suas famílias em
meiro contato, é de sua responsabilidade situação de violência pode ser um impor-
prestar a atenção integral conforme proto- tante fator de cuidado e proteção, tanto
colos e fluxos estabelecidos, em linha de no que diz respeito ao fortalecimento
cuidado, nas dimensões do acolhimento, dos indivíduos e dos grupos familiares
atendimento (diagnóstico, tratamento para o rompimento da cadeia da vio-
e cuidados) e notificação, e seguimento
lência, quanto para o acompanhamen-
na rede de cuidados e de proteção social
to de possíveis sequelas psíquicas e
constituídos no território.
emocionais resultantes das situações a
As Unidades de Pronto Atendimen-
que estão expostas.
to (UPAs 24h) são estruturas de comple-
Sabemos que muitos fatores psicos-
xidade intermediária entre as Unidades
sociais estão presentes e compõem os di-
Básicas de Saúde e as portas de urgên-
ferentes tipos de violência, seja pelo uso
cia hospitalares. Em conjunto com es-
abusivo de álcool e outras drogas, seja pela
tas, compõem uma rede organizada de
presença de algum tipo de transtorno men-
Atenção às Urgências. São integrantes do
tal, como a depressão (que pode ocasionar
componente pré-hospitalar fixo e devem
situações de negligência e abandono), seja
ser implantadas em locais/unidades es-
tratégicos para a configuração das redes pelos contextos de vulnerabilidade a que
de atenção à urgência, com acolhimento e os grupos familiares estão submetidos.
classificação de risco em todas as unida- Nesse aspecto, é possível que a atenção
des, em conformidade com a Política Na- à saúde mental deva se dar não somente
cional de Atenção às Urgências. às pessoas que sofreram algum tipo de
A estratégia de atendimento está dire- violência, mas também aos seus agresso-
tamente relacionada ao trabalho do Ser- res. A rede de atenção psicossocial é consti-
viço Móvel de Urgência (Samu – 192), que tuída por diversos dispositivos assistenciais
organiza o fluxo de atendimento e enca- que possibilitam a atenção psicossocial, se-
minha o paciente ao serviço de saúde ade- gundo critérios populacionais e demandas
quado à situação. Esses serviços integram locais dos municípios, entre outros.
a rede de atenção especializada no terri- Para o atendimento de crianças e ado-
tório para os casos de violência de maior lescentes e suas famílias em situação de
gravidade, a exemplo de tentativas de sui- violência, bem como os/as autores de
cídio, agressão física e violência sexual. agressão, destacam-se:
a. Centros de Atenção Psicossocial
(Caps): são serviços extra-hospi-
talares, de atenção diária, de base
comunitária e que possuem equi-
pe multiprofissional. Os Caps têm
papel estratégico no que se refere
à regulação da porta de entrada da

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rede assistencial de saúde mental lução contínua. Possibilitam ainda
e devem ser lugares de referência intervenções precoces, limitando o
e tratamento para pessoas que so- estigma associado ao tratamento.
frem com transtornos mentais e/ou d. Saúde Mental na Atenção Básica:
que apresentam problemas devido o trabalho integrado entre as ESF
ao uso abusivo de álcool e outras e Saúde Mental potencializa o cui-
drogas, promovendo a inserção so- dado e facilita uma abordagem in-
cial de seus usuários por meio de tegral, aumentando a qualidade de
ações intersetoriais e oferecendo vida dos indivíduos e comunidades.
atenção à saúde mental na rede Também propicia um uso mais efi-
básica de saúde. ciente e efetivo dos recursos e pode
b. Centro de Atenção aumentar as habilidades e a satis-
Psicossocial Infanto-Juve- fação dos profissionais. O trabalho
nil (Capsi): é um serviço de junto à atenção primária pode se
atenção diária destinado ao dar de duas maneiras: (I) apoio ma-
atendimento de crianças e tricial às Estratégias de Saúde da
adolescentes com transtornos Família (ESF), por intermédio de
mentais graves. Estão incluídos uma equipe mínima de Saúde Men-
nessa categoria os portadores de tal, ou (II) apoio pelos profissio-
autismo, psicoses, neuroses graves, nais dos Núcleos de Apoio a Saúde
usuários de álcool e outras drogas e da Família (Nasf).
todos aqueles que, por sua condição
psíquica, estão impossibilitados de
manter ou estabelecer laços sociais. 3.4. SERVIÇOS
Os Caps e Capsi acompanham
indiretamente casos de violência, ESTRATÉGICOS
quando esta situação é subjacente,
Dentre os serviços estratégicos de apoio à
e não o motivo que desencadeou o
gestão, destacam-se os:
atendimento, e devem ser articu-
lados com os serviços da atenção 1. Núcleos de Apoio à Saúde da
primária e os serviços de referência Família (Nasf): criados com o obje-
para violências. A inexistência des- tivo de ampliar a abrangência das
ses serviços requer a pactuação dos ações de atenção primária, me-
gestores com os serviços especiali- diante a assessoria e apoio à Estra-
zados de outros municípios vizinhos. tégia de Saúde da Família (ESF) na
c. Centro de Atenção Psicossocial rede de serviços e no processo de
para Usuários de Álcool e Outras territorialização e regionalização;
Drogas (Caps ad): devem oferecer 2. Núcleos de Prevenção das Violências
atendimento diário a pacientes que e Promoção da Saúde: instituídos
fazem uso prejudicial de álcool e pelo Ministério da Saúde (Portaria
outras drogas, permitindo o plane- nº 936, de 20 de maio de 2004) e im-
jamento terapêutico dentro de uma plantados nos serviços de Vigilância
perspectiva individualizada de evo- em Saúde/Vigilância Epidemiológica

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das Secretarias de Saúde Estaduais, da proteção social básica devem
Municipais e do Distrito Federal; e em ser desenvolvidas necessariamen-
universidades federais e estaduais; te nos Cras, como o Programa de
3. Abordagem multiprofissional: a Atenção Integral as Famílias (Paif),
participação de profissionais com
formações diversas na aborda-
A Assistência e entre outras ações.
2. Centro de Referência Especializa-
gem dos casos de violência con-
tra crianças e adolescentes, como
Proteção Social do de Assistência Social (Creas):
Constitui-se numa unidade pública
médicos, dentistas, enfermeiros,
assistentes sociais, fisioterapeu-
À CRIANÇA E AO e estatal onde se ofertam serviços
especializados e continuados a fa-
tas, psicólogos, fonoaudiólogos, ADOLESCENTE VÍTIMA mílias e indivíduos nas diversas
pedagogos e psiquiatras; situações de violação de direitos.
4. Notificação: a notificação deve ser
DE VIOLÊNCIA: Como unidade de referência, deve
promover a integração de esforços,
realizada como um instrumento
importante de proteção e não de
SISTEMA ÚNICO recursos e meios para enfrentar a
denúncia e punição. É um direito DA ASSISTÊNCIA dispersão dos serviços e potenciali-
zar ações para os/as usuários/as. O
da criança, do(a) adolescente e da
família viver em um ambiente que SOCIAL (SUAS) Creas deve articular os serviços de
média complexidade e operar a re-
promova o bem-estar físico, social
O Suas integra uma política pactuada na- ferência e a contrarreferência com a
e emocional livre de qualquer forma
cionalmente que prevê uma organização rede de serviços socioassistenciais
de violência, opressão ou negligên-
participativa e descentralizada da assistên- da proteção social básica e especial,
cia. O Conselho Tutelar e os serviços
cia social, com ações e serviços voltados com as demais políticas públicas se-
que compõem a rede de cuidados e
para o fortalecimento da família. Entre eles, toriais e com os demais órgãos do
de proteção social acionada podem
dois são fundamentais para o cuidado e a Sistema de Garantia de Direitos.
ajudar a família e proteger a criança.
A notificação é uma das dimensões proteção social de crianças, adolescentes e
suas famílias em situação de violências:
da linha de cuidado, cabendo ao 4.1 ESCUTA
serviço de saúde, por meio da equi- 1. Centros de Referência de Assis-
pe, avaliar qual o melhor momento tência Social (Cras): É uma unidade
ESPECIALIZADA NO SUAS
de registro na ficha de notificação, pública da política de assistência A escuta especializada à que se refere a Lei
da responsabilização pelo preen- social, de base municipal, integrante nº 13.431 de 2017, é historicamente deno-
chimento, bem como o seu encami- do Suas, localizado em áreas com minada no SUAS como Escuta Qualifica-
nhamento ao Conselho Tutelar. maiores índices de vulnerabilidade da. Sua aplicação nas ofertas do SUAS deve
e risco social. Destina-se à presta- ser compreendida como uma provisão e
ção de serviços e programas socio- um processo transversal, presente em to-
assistenciais de proteção básica às dos os serviços e atribuição de todas/os as/
famílias e aos indivíduos e à articu- os profissionais que compõem as equipes
lação desses serviços no seu territó- de referência. A escuta é qualificada porque
rio de abrangência à ação interseto- as/os técnicas/os de referência da assistên-
rial na perspectiva de potencializar cia social devem exercitar, ao longo de sua
a proteção social. Algumas ações atuação, a habilidade de ouvir com aten-

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ção e respeito e de compreender de manei- tidimensionalidade das situações de tintivo para atuação do SUAS no enfren-
ra ampliada as demandas, as necessidades vulnerabilidade, risco, violência e de- tamento e prevenção das situações de
e as potencialidades das/dos usuárias/os e mais formas de violações de direitos, vulnerabilidade e risco sociais.
famílias atendidas/os, demonstrando para compreendendo como fatores pessoais, Nessa perspectiva, a escuta especializa-
com eles compromisso e responsabilidade sociais, estruturais, comunitários, econô- da no SUAS é parte do trabalho social reali-
diante da situação vivenciada. micos, culturais e territoriais compõem zado nos serviços, programas e projetos do
É preciso considerar que as pessoas estas situações. Isso é fundamental para SUAS e deve ser orientada pelos objetivos
podem estar em situação de extrema desnaturalizar as situações de violência, da Assistência Social previstos na Lei Orgâ-
fragilidade de vínculos e desestabilidade para que não haja a culpabilização da(o) nica de Assistência Social, quais sejam:
emocional e que isso afeta sua forma de usuário(a) pela situação em que está in-
se expressar. Assim, a escuta qualificada serido(a) e para que seja possível pensar 1. proteção social, que visa à garantia
se fundamenta na capacidade de inter- em estratégias de enfrentamento coleti- da vida, à redução de danos e à pre-
pretar para além do que foi dito, analisar vo dessas situações. venção da incidência de riscos;
e compreender as entrelinhas das falas e A escuta qualificada é uma dimensão 2. vigilância socioassistencial, que
discursos, atentar para comportamentos essencial no desenvolvimento do traba- visa analisar territorialmente a capa-
e sinais que possam evidenciar a vivência lho socioassistencial, pois ela possibilita cidade protetiva das famílias e nela
de situações de violência. conhecer o conjunto das informações a ocorrência de vulnerabilidades, de
O processo de escuta qualificada no sobre a família e o seu contexto, cons- ameaças, de vitimizações e danos; e
SUAS implica o reconhecimento da mul- tituindo-se, assim, como elemento dis- 3. defesa de direitos, que visa garantir
o pleno acesso aos direitos no conjun-
to das provisões socioassistenciais.

PUXANDO Prosa
O principal objetivo da
escuta qualificada é garantir
o acesso aos cuidados, à
proteção e aos direitos, não
devendo enveredar para
questionamento em torno de
detalhes ou da veracidade da
violência narrada pelas crianças
e adolescentes. Assim, a escuta
deve visar à compreensão
das vulnerabilidades e riscos
sociais a serem enfrentados e
das potencialidades a serem
desenvolvidas, a fim de ofertar
a proteção social aos sujeitos.

sexual contra crianças e adolescentes 123


enfrentamento à violência sexua
No âmbito do SUAS, a escuta é um
Importante procedimento técnico-profissional, utilizado
em diversas ações e atividades dos serviços
É importante destacar que o sigilo socioassistenciais, a partir de pressupostos
e a privacidade da criança ou éticos, com corresponsabilidade e resolu-
adolescente vítima ou testemunha
de violência devem ser preservados
tividade, respaldada pelo sigilo profissio-
nal. Tem a finalidade de promover a aco-
A educação
ao longo de todo esse processo. Por
isso, os procedimentos para registro
lhida, a escuta qualificada e a proteção da
criança, do adolescente e de suas famílias,
de criança
e os fluxos para compartilhamento não tendo por função a investigação cri- E AO ADOLESCENTE
das informações devem ser definidos minal e averiguação do caso. Deve primar
e articulados com todos os órgãos pela não revitimização da criança e do(a) VÍTIMA DE VIOLÊNCIA
do Sistema de Garantia de Direitos adolescente, e, por isso, não deve ser
de crianças e adolescentes vítimas orientada por perguntas desnecessárias “A escola é um espaço privilegiado para a
ou testemunhas de violência, a fim e invasivas que não contribuirão no atendi- construção da cidadania, onde um conví-
de que cada órgão se implique no mento e acompanhamento a ser realizado. vio harmonioso deve ser capaz de garantir
processo de corresponsabilidade para Nos casos em que a revelação espontâ- o respeito aos Direitos Humanos e educar
a proteção integral dessas crianças nea ocorra em órgão de outra política da a todos no sentido de evitar as manifes-
e adolescentes e respeite rede de proteção, este deve encaminhar as tações da violência. Dentre os problemas
a horizontalidade na relação informações já registradas a partir da escu- mais pungentes que temos enfrentado no
entre os órgãos. ta especializada que realizou. Nesse cená- Brasil, estão as diversas formas de vio-
rio, o acompanhamento no SUAS se dará a lência cometidas contra crianças e ado-
partir dessas informações e das obtidas no lescentes. A análise desse quadro social
atendimento socioassistencial da família. revela que as marcas físicas visíveis no
A proteção em face da revitimização corpo deixam um rastro de marcas psico-
não significa que a criança ou o(a) adoles- lógicas invisíveis e profundas. Combater a
cente não receberá o devido atendimento teia de violência que muitas vezes começa
socioassistencial das equipes de referên- dentro de casa e em locais que deveriam
cia, mas que ela não será requisitada a abrigar, proteger e socializar as pessoas é
falar novamente sobre a situação de uma tarefa que somente poderá ser cum-
violência vivida ou testemunhada. prida pela mobilização de uma rede de
No entanto, caso a criança/adoles- proteção integral, em que a escola se des-
cente expresse desejo em falar sobre a taca como possuidora de responsabilida-
situação, a escuta deve ser realizada, de social ampliada.” (Secretaria Nacional
considerado os princípios e diretrizes es- de Inclusão/Ministério da Educação. Esco-
tabelecidos. É importante compreender la que Protege. Unesco, Brasília, 2006.)
que a fala e a escuta podem ter um cará-
ter terapêutico para algumas pessoas e
tal desejo deve ser respeitado.

124 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


5.1 FORTALECER AS
CAPACIDADES DA ESCOLA,
DA COMUNIDADE E DA
REDE DE PROTEÇÃO Políticas sociais
PARA A PREVENÇÃO E
RESPOSTA ÀS VIOLÊNCIAS
de Cultura,
CONTRA CRIANÇAS E Esporte e Lazer
ADOLESCENTES (UNICEF) PARA CRIANÇA E AO
Nos territórios especialmente vulnerá- culam, bem como a ocupação criativa dos ADOLESCENTE VÍTIMA
veis, marcados em seu cotidiano pelas
violências, como os conflitos entre grupos
espaços de convivência e dos territórios.
Internamente, pode desenvolver de-
DE VIOLÊNCIA
rivais e por incursões policiais, a escola bates e orientações para seus profissio-
sofre de modo direto com a troca de tiros, nais numa série de temas, como violência 6.1. ESPORTE E LAZER
eventuais invasões ou com a suspensão sexual, urbana, racismo, sexismo, entre
das aulas. Sofre de modo indireto tam- outros, preparando-os para atuar em Enquanto direito social, a prática despor-
bém em razão dos efeitos de curto, médio parceria com as famílias. Pode também tiva não formal é direito de cada um e
e longo prazos produzidos pelas circuns- se aproveitar de programas já existentes, dever do Estado no concernente ao seu
tâncias traumáticas a que são expostos como o Programa Saúde na Escola, bem fomento. No entanto, a dinâmica do siste-
não só os estudantes, como familiares, como realizar outros. ma desportivo apresenta enorme comple-
vizinhas/os, amigas/os, docentes e outros Para atuar nessa perspectiva, é preciso xidade, visto que o esporte está cada vez
trabalhadoras/es da educação. fortalecer as capacidades das escolas, ga- mais envolvido na dinâmica social, econô-
São muitas as tarefas e os desafios que rantindo condições institucionais, como a mica e política. E, por carecer de uma ideia
a escola pode assumir e dar uma contri- formação dos profissionais da educação, e sentido claros, está imerso em um jogo
buição à comunidade e ao seu próprio fun- maior disponibilidade e efetividade na apli- político entre poder público e privado.
cionamento saudável. Contudo, ela não cação de recursos e troca de experiência O esporte deve ser entendido e trata-
resolve essas questões sozinha. Aberta à com outras escolas. Tais condições devem do como um fenômeno social e político,
participação da comunidade, dos(as) es- ser oferecidas para todos os serviços – assis- capaz de influenciar o conjunto de trans-
tudantes e atuando sobretudo em rede, a tência social, saúde, segurança pública, cul- formações culturais de uma sociedade.
escola pode colaborar para discutir um mo- tura – a fim de que também tenham condi- Rico nas suas relações ativas e dinâmicas
delo de segurança das ruas e de outros am- ções institucionais para se estruturar e atuar do grupo social ele é a representação viva
bientes onde crianças e adolescentes cir- em rede e na perspectiva da proteção. das manifestações de ludicidade e criativi-
dade do movimento de um povo. Produz
e reproduz a identidade cultural, contri-

enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 125


buindo de forma decisiva nos processos
de mudança social, formação educacional
no, tornando possível a transformação do
meio natural, bem como demonstrando a Considerações
e de consolidação desta identidade.
Em relação ao Esporte Educacional, o Mi-
vantagem de ser mais facilmente transmis-
sível às gerações seguintes. No mais, é pos- finais
nistério do Esporte (hoje, Secretaria Especial sível destacar duas dimensões da cultura: a O conceito de Proteção Integral nos força
do Esporte) tem logrado o crescimento con- antropológica e a sociológica. a pensar a criança e o(a) adolescente en-
tínuo do número de crianças, adolescentes A compreensão em torno delas é funda- quanto sujeito na sua totalidade, ainda que
e jovens atendidos por atividades desporti- mental porque, do ponto de vista da política não se possa, por momento, atender suas
vas oferecidas no contraturno escolar. pública, requerem distintas estratégias de necessidades. É nessa perspectiva que o
política cultural. Assim, em razão de suas ca- conjunto das políticas de atendimento, pro-
racterísticas estruturais, em sua totalidade, teção e defesa devem intervir em situações
6.2. CULTURA devem ser tomadas a partir da responsabili- específicas de vulnerabilidades e de risco,
A cultura avulta como direito sobre o qual dade compartilhada dentro do Estado. criando as condições para o desenvolvi-
gravita a obrigação estatal de mantê-la e A dimensão antropológica da cultura mento de ações e estratégias de promoção,
de promovê-la para fins de inclusão so- se traduz na interação social dos seres prevenção, recuperação e reabilitação.
cial com vistas ao respeito à dignidade da humanos, os quais trabalham seus mo- A atenção integral extrapola ainda a es-
pessoa humana, mormente previstos nas dos de pensar e de sentir, elaborando seus trutura organizacional hierarquizada das
constituições democráticas. valores, suas identidades e diferenças e políticas públicas, exigindo um trabalho
O Estado, em todas as suas esferas, estabelecendo suas rotinas. “Desta for- articulado no território. Isso tem início no
tem tarefa imprescindível na gestão cul- ma, cada indivíduo ergue à sua volta, e em processo de acolhimento às crianças, ado-
tural e, de modo particular, o poder local, função de determinações de tipo diverso, lescentes e suas famílias que vivenciam
mais próximo da realidade e dos interes- pequenos mundos de sentido que lhe per- situações de violência.
ses e necessidades locais, tem papel rele- mitem uma relativa estabilidade [...]” (BO- A primeira acolhida é determinante no
vante na valorização e na preservação da TELHO, 2001, p. 74). processo de restabelecimento da digni-
cultura, bem como do patrimônio cultural. No que se refere à dimensão socioló- dade. É importante cada rede estabelecer
Em vista disso, aborda-se que: gica, a cultura é produto elaborado com a uma linha de cuidado com estratégias que
finalidade de construção de certos sentidos favoreçam e promovam articulações entre
[...] como o Estado, na sua interface
e para alcançar algum público, com meios equipes dos diversos serviços e estabele-
com o setor privado, se redime da atua-
próprios de expressão. Para que isso ocorra, çam fluxos de atendimento de crianças,
ção como contraponto, como alternati-
é imprescindível que à pessoa humana se- adolescentes e suas famílias, segundo
va, que é o que se espera de um regime
jam facultadas as condições de desenvolvi- suas demandas e necessidades, em
democrático... ou seja, a ampliação das
mento dos seus talentos, ao mesmo tempo uma rede de cuidados progressivos e
séries de possibilidades de atuação em
em que existam canais os quais permitam a ininterruptos, na qual em cada pon-
qualquer área. De modo que, por falta
expressão de suas potencialidades. to articulado assegure-se o aco-
de uma política governamental bem
Esse conjunto de expressões e compreen- lhimento, a responsabilização, a
definida e delineada, a cultura vem se
sões que definem e demonstram no que se resolutividade de problemas e a
tornando cada vez mais dependente do
constitui a Cultura, dão-nos a noção de suas continuidade da atenção.
mercado e de sua mão invisível. E perde
infinitas contribuições para a melhoria da Seguindo as orientações
sua garantia de efetivar-se como direito
qualidade de vida de crianças e adolescentes do Ministério da Saúde, “é ne-
fundamental (BARBALHO, 2005, p. 42).
e o quanto pode contribuir para minimizar os cessária a adequação da área
Para Cuche (1999, p. 10), a cultura é pro- efeitos, sequelas e sofrimentos ocasionados física, a compatibilização en-
cesso de adaptação imaginada e contro- por situações e processo de violência sofri- tre a oferta e a demanda dos
lada pela pessoa humana, o que revela a dos. Poderia, sem dúvidas, estabelecer sobre serviços, a capacitação dos
substituição dos seus instintos de forma a imperiosa necessidade da oferta de opor- profissionais e a governabi-
mais flexível, facilitada e célere do que a tunidades de práticas, vivências culturais a lidade das equipes locais, as-
adaptação genética, o que favorece adap- toda e qualquer criança ou adolescente víti- sociadas ao modelo de gestão
tar-se ao meio e adaptá-lo ao ser huma- ma de violência sexual ou não. de redes para a definição de

126 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


Referências
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cultura e políticas públicas. São reconhecimento da fundamentalidade
protocolos e de fluxos de atenção inte- Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. à necessidade de simplificação. In:
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discutindo pressupostos. In: da Cultura, 2006.
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sistência social e direitos humanos, arti- NUSSBAUMER, Gisele Marchiori UNICEF Fundo das Nações Unidas para a
culadas com os sistemas de justiça e de (Org.). Teorias e políticas da Infância - Educação que protege contra
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tema extremamente complexo, o conte- Salvador: EDUFBA, 2007. org/brazil/media/4091/file/Educacao_
údo desta publicação não pretende es- CUCHE, Denys. A noção de cultura que_protege_contra_a_violencia.pdf
gotar a abordagem do tema da violência nas ciências sociais. Bauru: MINISTÉRIO DA CIDADANIA, Secretaria
na infância e adolescência, apesar de sua EDUSC, 1999. Especial de Desenvolvimento Social
construção ter envolvido profissionais de CALABRE, Lia. Políticas culturais Secretaria Nacional de Assistência Social.
várias áreas de atuação, de diferentes lo- no Brasil: balanço e perspectivas. Parâmetros para Atuação do Sistema
cais do país e com as mais diversas expe- In: RUBIM, Antonio Albino Canelas; Único de Assistência Social (SUAS) no
riências em relação ao tema”. BARBALHO, Alexandre (Orgs.). Sistema de Garantia de Direitos de
Políticas culturais no Brasil. Crianças e Adolescentes Vítimas de
Salvador: EDUFBA, 2007. ou Testemunhas de Violência, Brasília,
agosto de 2019
CUNHA FILHO, Francisco
Humberto. Direitos culturais MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria
como direitos fundamentais Nacional de Inclusão/Ministério da
no ordenamento jurídico Educação. Escola que Protege. Unesco,
brasileiro. Brasília: Brasília, 2006
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saúde de crianças, adolescentes e suas
famílias em situação de violências:
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de saúde / Ministério da Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2010.
MOTTI, A.J.A. e SANTOS, J.V. Redes
de proteção social à criança e ao
adolescente: limites e possibilidades.
Fundação Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul e Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República
Secretaria Nacional de Promoção dos
Direitos da Criança e do Adolescente.

enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 127


ÂNGELO MOTTI (autor)
Graduado em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco, com especialização em
Psicologia Social. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
(UFMS). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Papéis e Estruturas Sociais.
Coordena o Programa Escola de Conselhos na UFMS. Atuou como gerente do Programa de
Combate ao Abusos e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescente da Secretaria de Estado
de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social, responsável pela
criação e implantação dos Centros de Referência Sentinela (Creas).

RAFAEL LIMAVERDE (ilustrador)


É ilustrador, chargista e cartunista (premiado internacionalmente) e xilogravurista.
Formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia
do Ceará (IFCE). Escreve e possui livros ilustrados nas principais editoras do Ceará e
em editoras paulistas.

Este fascículo é parte integrante do Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação
Demócrito Rocha e a Câmara Municipal de Fortaleza, sob o nº 001/2019.

Todos os direitos desta edição reservados à: EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo
Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos Emanuela Fernandes e
Fundação Demócrito Rocha Aurelino Freitas Analistas de Projetos UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerente
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora Pedagógica Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos Joel Bruno Designer Instrucional CURSO ENFRENTAMENTO
Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Valéria Xavier Concepção e Coordenadora Geral Leila Paiva
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax (85) 3255.6271 Coordenadora de Conteúdo Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Miqueias Mesquita
fdr.org.br Designer/Diagramador Rafael Limaverde Ilustrador Mayara Magalhães Revisora Beth Lopes Produtora
fundacao@fdr.org.br ISBN: 978-85-7529-936-4 (Coleção)
ISBN: 978-85-7529-944-9 (Fascículo 8)

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