Ja

Sem perdão

Casa amarela da Prainha

mistérios
revelados
Pág. 13

Grande reportagem

Jovens do Kelém
imploram
trabalho
SEMANÁRIO GRATUITO pág. 9 a 12

ANO I • N.º 29 • 4 Fevereiro 2011

Bai-bai
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA Oceano
coração
de leão
Pág. 20

onda
Cabo Verde inundou-se de esperança

verde
Campanhas chegam ao fim. É tempo de balanços das diferentes ações:
antes de ir a votos. Já passa em revista os esforços eleitorais dos
diferentes partidos: MpD, PAICV, UCID, PTS vistos à lupa

Depois de algumas inventonas à mistura, com muito ensaio de burla (cimento,

electrodomésticos, verguinhas, compra de bilhetes de identidade e outras coisas à
mistura), barulho talvez em excesso, boa e má música, ótimo e péssimo material de
propaganda, chega o momento de o povo fazer prova de que é soberano. Calem-se
agora as vozes: os eleitores vão dizer de sua justiça – a mudança está aí.
2 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011

editorial
com os pontos nos iii
Gabinete de fraude esteve montado no MNE

Comissário Político
preparou Vlademiro
Osvaldo Marçal
semanarioja@gmail.com

“recenseamento
seletivo” na Diáspora
Para onde se olhe descobrem-se sucessivos fios de um novelo de fraudes,
que sempre conduzem ao mesmo ponto de origem: um partido que tudo
O povo é soberano
N
ão há tentativa de compra de votos e de burla
tenta para conseguir manter um poleiro, a partir do qual se alimenta e ali-
eleitoral que derrote o direito à dignidade de um
menta a sua clientela… Povo e de uma Nação. Não há coações, não há

N
as legislativas de 2001, quando o PAICV para um recenseamento seletivo no estrangeiro, que ameaças nem chantagens, não há reles ensaios de exploração
ganhou as eleições, as proposições mais deveria terminar a 1 de Setembro de 2010”, assevera da miséria a que a maioria de um povo foi reduzido durante
apregoadas durante toda a campanha elei- a nossa fonte, acrescentando que o plano só não se
toral, pelo presidente daquele partido, JMN, tinham concretizou porque o MpD apercebeu-se da mano-
uma década por uma clique que se confundiu com o
a ver, ficou então dito, com o “resgate dos valores da bra dilatória orquestrada pelo PAICV e o seu Gover- aparelho de Estado, para dele sacar à vontade do Orçamento
Ética e da Moral na governação do País”. Nessa al- no e agiu a tempo de conseguir a prorrogação do pra- em seu benefício próprio, que consigam apagar o seu firme
tura, segundo o líder tambarina, Cabo Verde encon- zo para 7 de Dezembro. Ou seja para 60 dias antes desejo de liberdade e de desenvolvimento e a sua indomável
trava-se numa profunda crise de liderança, tendo da data da realização das eleições legislativas.
inclusive perdido a “confiança na arena interna- Segundo a fonte que vimos citando, o plano de re-
afirmação de dignidade. E é a dignidade de um povo que
cional”. censeamento seletivo visava uma fraude eleitoral na pode estar em causa quando uma clique desse tipo, como
Passados 10 anos, e em plena campanha eleitoral ru- Diáspora, sem precedentes na história das eleições associação de malfeitores, sai à rua para lhe oferecer cimento
mo às eleições de 6 de Fevereiro, com o País ao ru- em Cabo Verde. “Esta é apenas uma ponta do ice- (em vez de um programa, digno, de habitação social) ou
bro de Norte a Sul, é chegado o momento de prestar berg do ‘resgate da ética e da moral’, tão apregoado
eletrodomésticos que, infelizmente, nem pode utilizar
contas aos eleitores cabo-verdianos, sobretudo no por JMN e o seu Governo, desde 2001” afiança uma
domínio da tão propalada “Ética fonte próxima do gabinete de MNE, que prefere não (porque, em vez de eletricidade, a clique lhe fornece
de Responsabilidade”. identificar-se com medo de repre- apagões).
Na tentativa de aferir a verdadeira O plano de recenseamento sálias e da atitude persecutória pra- O povo cabo-verdiano tem mais que comprovada capacidade
dimensão da ética governativa, seletivo visava uma fraude ticada nos dias que ainda restam a
de resistência para não se deixar vergar por medos com que
este semanário saiu à procura de este governo.
informações junto de diversas eleitoral na Diáspora, sem Com a tentativa frustrada de um re- o tentem assustar. Resistiu a tudo – a secas e fomes, a
fontes. Numa emaranhada teia de precedentes na história das censeamento seletivo na Diáspora, ditaduras, a burlas eleitorais, a milícias e polícias políticas.
documentos a que tivemos acesso, eleições em Cabo Verde. o executivo de JMN decidiu dar E, frente a tudo, manteve verticalidade e tomou a dignidade
encontrámos o “despacho conjun- por finda a comissão de serviço do
“Esta é apenas uma ponta comissário político João Pires, como um sagrado direito do qual nada, nem ninguém, o
to de S.Exªs o ministro dos Negó-
cios Estrangeiros, Cooperação e do iceberg do ‘resgate da evocando para isso, conveniência pode despojar.
Comunidades e ministro-adjunto e ética e da moral’, tão de serviço, a 23 de Dezembro de Esta é a lição máxima que, este fim de semana, hasteando a
da Juventude e Desporto”, que no-
apregoado por JMN e o seu 2010, por despacho do ministro
dos Negócios Estrangeiros, publi-
verde bandeira da esperança (que consigo transporta
meia “João José Rodrigues Pires, confiança, a alegria para lutar e para vencer), os
técnico superior de primeira classe Governo, desde 2001” cado no BO II Série nº 1, de 5 de
do quadro de pessoal da Rádio Te- Janeiro de 2011. “Creio que desta cabo-verdianos estão à altura de dar a quantos – temerosos
levisão de Cabo Verde para, em comissão ordinária forma fica desmantelado o gabinete de fraude insta- do povo – procuraram, com subterfúgios, aldrabices,
de serviço, exercer o cargo de assessor do Ministério lado no próprio MNE, que era chefiado pelo sobri- inventonas, ensaios de compra de bilhetes de identidade,
dos Negócios Estrangeiros”. Este despacho está nho do Presidente da República”, considera esta manipulações, ilusionismos, falcatruas, verguinhas e todo o
publicado no BO II Série, nº49 de 9 de Dezembro de fonte para, mais à frente, recordar-nos que o nível de
2010, datado de 31 de Dezembro de 2009, com promiscuidade e corrupção no MNE é insustentável
arsenal de mentira ao seu dispor, suportado por milhões
efeito a partir de 2 de Janeiro de 2010 e isento de e que o pior é ninguém ousar denunciar, com medo enviados de Angola, encaminhados da Guiné Equatorial e/ou
visto do Tribunal de Contas. da tenebrosa figura do “caçador de bruxas”. surripiados ao Orçamento do Estado (cuja máquina foi de
Tudo normal aos olhos dos menos incautos, se o su- todo colocada ao serviço de um partido), conservar um
jeito jurídico deste “expediente administrativo” não Sondagens do PAICV financiadas
fosse sobrinho de Pedro Pires, Presidente da Repú-
poder que, ao longo de um decénio, lhes permitiu enriquecer
blica. “Este senhor foi nomeado ad hoc para assumir com recursos da Cooperação à custa de um povo esmagado pelo desemprego, pela
o comissariado político junto do Ministério dos Ne- Internacional miséria, pela falta de tudo.
gócios Estrangeiro, que se encarregava das missões As sucessivas sondagens da empresa MGF Research Este fim de semana, o que está em jogo é isso: a vontade de
político-partidárias na Diáspora. Durante todo esse – Instituto de Pesquisas e Sondagens de Guilherme
um povo impor o seu direito ao progresso e ao
tempo viajou à custa do erário público para os EUA Flor são exemplo paradigmático do ambiente de
e Europa (Espanha, Luxemburgo e Itália), com o favoritismo e cumplicidade reinante no MNE. “As desenvolvimento ou a vontade de uma minoria querer,
propósito de contatar as associações de cabo-verdia- sucessivas sondagens políticas encomendadas pelo contra tudo e contra todos, continuar a rapinar o Orçamento.
nos residentes nesses países, no quadro do recensea- PAICV àquela empresa são pagas com recursos É esta a (grande) opção dos cabo-verdianos: mudar ou
mento eleitoral na Diáspora” - garante um alto fun- provenientes da cooperação internacional. É o caso,
manter?
cionário do MNE para quem, de facto, João Pires por exemplo, do III Encontro do Governo de Cabo
não deu nenhuma assessoria àquele organismo do Verde com os chefes de missões diplomáticas e de O povo é soberano. E tem a palavra.

Estado. organismos internacionais acreditados em Cabo
De acordo com a mesma fonte, Pires nunca apareceu Verde, realizado em S.Vicente, em Janeiro de 2010,
Telefone: (00238) 2623817
nas reuniões diárias que o ministro José Brito teve no qual a MGF, recebeu 2.557.140$00, alegada-
com todos os seus assessores. “Ele nunca participou mente para organização do evento”, afirma-nos
Já SEMANÁRIO GRATUITO E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
nos briefings que o senhor ministro tem com os seus fonte credenciada, garantindo que esse expediente Administração e Redação: Director: Vlademiro Marçal
colaboradores mais próximos. Percebe-se perfeita- administrativo se destinou a financiar as sondagens Largo Eusébio da Silva Ferreira, Design e Paginação: Medi@capital, SA
Achada de Santo António, Cidade da Praia, Impressão: Grafedisport SA
mente, porque a missão dele era preparar o plano encomendadas pelo PAICV.
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669 Tiragem: 20.000 exemplares

na rota dos dias
MpD: campanha alegre e verde
Uma campanha alegre, jovem e inovadora marcou um novo estilo na forma de fazer política em Cabo Verde
A política é uma festa
O
Movimento para a Demo-
cracia (MpD) só é um par-
tido no plano da forma. E,
embora tenham proliferado - desde
que Carlos Veiga reassumiu a lideran-
ça - as estruturas locais e alguma re-
flexão programática, os ventoinhas
são, acima de tudo, uma grande frente
de diversidade entre liberais e huma-
nistas: social-democratas e conserva-
dores; libertários e apologistas dessa
nova esquerda, de inspiração europeia
e americana, que ganhou força com a
queda dos regimes autoritários do
Leste europeu e com o “fenómeno”
Obama. Mas, de igual modo, são re-
sultado da grande convergência de-
mocrática que uniu, no final da déca-
da de 90, a sociedade cabo-verdiana
para pôr fim ao partido único e fundar
a democracia, reconstruída sob a
direção de Jorge Santos e galvanizada
com Veiga.
Mais do que no MpD, a autêntica on-
da verde que tomou o País - e se prevê
que continue nos próximos embates
eleitorais -, projeta-se na figura do lí-
der, homem de indiscutíveis quali-
dades, gerador de comoventes empa-
tias e manifestações de extraordinária
exaltação de liberdade e criatividade.
O fator Carlos Veiga tem sido deter-
minante nesta campanha.
O regresso de Veiga inspirou as gera-
ções da democracia - produtos dos
combates que, no início da década de
90, acabaram com a ditadura de par-
tido único e criaram condições para a
construção de um Estado de Direito
democrático. E é nos jovens (e nas
mulheres) que está o fim condutor
central de apoio à candidatura do
MpD.
A incapacidade do PAICV em enten-
der os ventos da História, a não
assunção do corte com o seu passado
no poder autocrático – enquanto par-
tido único e instigador de férrea
repressão sobre o povo -; bem como a
inexistência de um líder forte, galva-
nizador de um projeto de sociedade e,
acima de tudo, um líder sério, foram
fatores que, muito bem explorados
pelo MpD e Veiga, contribuíram deci-
sivamente para a ocorrência de uma
necessidade de mudança nunca antes
vista na sociedade cabo-verdiana.
Essa necessidade tem suscitado a
emergência de um outro fenómeno,
relevante nos planos da ciência políti-
ca e da sociologia: a convergência de
vários setores sociais num objetivo
comum. Ora, quando classes de inte-
resses diversos e, não raras vezes di-
vergentes, se unem num objetivo co-
mum, isso só quer dizer uma de duas
coisas: ou vem revolução ou vem re-
forma profunda da sociedade. E é isso,
também, que justifica a onda verde e
marcará os resultados de 6 de Feve-
reiro.
Um novo projeto de
sociedade
Ao contrário dos seus adversários,
com estratégias erráticas e sem pro-
postas que galvanizem a sociedade
num objetivo comum, o MpD, mais
do que apresentar um programa elei-
toral, revelou ao eleitorado um novo
Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 3
projeto de sociedade que tem suscita-
do apoios horizontais no tecido social.
Inteletuais, artistas, quadros, princi-
palmente jovens; mas também traba-
lhadores, desempregados, pequenos
proprietários e empresários que não
vivem à sombra do Estado e do par-
tido que o dirige há dez anos.
O projeto do MpD é inovador e escal-
peliza as áreas fundamentais de uma
governação preocupada em resgatar o
País do atraso e subdesenvolvimento
em que se encontra, nomeadamente:
- Um novo modelo económico que
aposte no crescimento da Economia,
no combate ao desemprego, num
emprego de qualidade e com direitos, O regresso de Veiga inspirou as gerações da democracia -
nos recursos humanos qualificados e
em empresas competitivas e ino-
produtos dos combates que, no início da década de 90,
vadores nos mercados interno e exter- acabaram com a ditadura de partido único e criaram
no; bem como a criação de vários par- condições para a construção de um Estado de Direito
ques científicos e tecnológicos que democrático
apoiem o crescimento e a inovação
nos vários setores de atividade. Uma ja ao serviço dos cidadãos e seja fator Mas as preocupações dos democratas
Economia que tome o Turismo como de coesão social. abarcam vários domínios relevantes,
base de desenvolvimento da Agricul- - Uma Educação ao serviço da que a exiguidade do espaço não per-
tura, das Pescas e da Cultura. sociedade, com padrões de qualidade mite explanar com rigor: a resolução
- A assunção da Cultura como setor de excelência, que imponha o ensino do grave problema energético; a defe-
vital para o desenvolvimento do País – obrigatório até aos 12 anos e a gratui- sa de uma habitação condigna, en-
e sua imagem de marca -, transfor- tidade até ao 12º de escolaridade; bem quanto direito de todos os cidadãos; a
mando-a, particularmente no que à como a criação de um fundo de garan- redução da carga fiscal sobre as
musica diz respeito, em instrumento tia do Estado para sustentar o crédito famílias e as empresas…
integrado para o desenvolvimento da bancário a jovens de famílias de fra- Como nota final, o MpD fez os maio-
Economia e para a sustentabilidade e cos recursos, e duplicação do número res comícios, mobilizou mais gente e
independência dos agentes culturais. de bolsas concedidas. “furou”, até, dois bastiões do PAICV:
- A Regionalização como meio de des- - Uma Saúde para todos, tomando por S. Nicolau e o Fogo. A festa, a alegria,
centralização administrativa, desburo- base o primado “utilizador/pagador”, a juventude e a cidadania em marcha
cratização do Estado e fator de desen- que estabeleça o princípio da gratuiti- foram tónicas da campanha dos
volvimento das ilhas. dade para os que nada têm e aposte em democratas e marcam um novo estilo
- Uma Justiça célere e justa, que este- cuidados de qualidade. de se fazer política em Cabo Verde.
4 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011
na rota dos dias
O que se torna evidente a quem contata regularmente
com a campanha amarela, é a grande inquietude, o
formigueiro acima do habitual das suas gentes – bem
patentes no fácies do tambarina Nelson Centeio no
assalto que empreendeu à equipa do MpD, na Trindade.
Os camaradas andam nervosos…
PAICV, amarelo desmaiado
O partido
do “copy/paste”
“Mesti Manti” versus “Mesti Muda”: até no slogan de campanha o PAICV andou a reboque do
seu principal adversário - foi o partido do “copy/paste”, com um “chefe” cansado e incapaz de
apresentar novas ideias ou linhas programáticas…
A Muito pouco para mostrar
s mensagens surgiram ocas,
lançadas com o propósito de
tentar recuperar terreno perdi-
do. Tentar copiar as iniciativas do
adversário tornou-se obsessão tamba-
rina, sinal de que, manifestamente,
pensara que surgir na TV na pré-cam-
panha em lançamentos sucessivos de
primeiras pedras – como aconteceu no
Sal, com a Avenida dos Hotéis à
espera no papel anos a fio - seria
estratégia suficiente.
Ainda antes do início da campanha,
tocaram as trombetas a rebate. O dis-
curso do Presidente da República,
Pedro Pires, ao anunciar a data das
eleições, foi sinal de alerta para dentro
do partido, com o Comandante a pre-
conizar a Mudança necessária para
ultrapassar as dificuldades com que
vive Cabo Verde. Atabalhoadamente,
lá começaram a surgir esboços de
ideias, sempre em “copy/paste” dos
projetos lançados pelo partido ventoi-
nha, alguns a cair mal no seio dos
próprios correligionários amarelos.
No discurso na Achadinha, na tarde de
terça-feira, 25, o “chefe” revelou a sua
“grande promessa”de institucionalizar
o salário mínimo, o aumento da pensão
social mínima até esse montante e o
13º mês para todos os funcionários
públicos - um conjunto de propostas
que, há muito tempo, foram lançadas
pelo MpD. Até a pensão mínima (que
os tambarinas espalham, insidiosa-
mente, nas zonas rurais mais pobres,
que vai ser retirada caso os democratas
vençam as eleições) esteve congelada
um ror de anos (desde os 3550 escudos
lançados pelo governo MpD, decor-
reram dez anos até atingir os magros
4500 escudos, mais que insuficientes
para os tempos de crise e para cobrir as
subidas de preços registadas nos últi-
mos 10 anos).
Com isto, o PAICV alimentou pergun-
tas embaraçosas. Por exemplo: cadê o
cumprimento da promessa da institu-
cionalização do salário mínimo, medi-
da reclamada pelo MpD e que, há uma
década, o mesmo PAICV considera
irresponsável? A Assembleia Nacional
fechou os trabalhos de mais uma legis-
latura e essa promessa ficou na gaveta
– o que não impede o “chefe” de apre-
sentar vezes sem conta essa “con-
quista”, tomando-a como sua, nos seus
comícios.
Restou-lhe apregoar “conquistas”,
como aconteceu no dia 20, no arranque
da campanha tambarina, na Várzea,
talvez um dos mais conseguidos comí-
cios do PAICV e no decorrer do qual o
“tambarina mor” apontou os ganhos
que o País obteve com a sua gover-
nação, nomeadamente: a construção
de quatro aeroportos (o da Praia foi
obra de Carlos Veiga, que o deixou
prontinho para o seu sucessor inaugu-
rar, o do Sal fora lançado antes da II
Guerra Mundial). Ou a construção de
barragens – das dezassete prometidas,
o povo só viu uma -, ou as 150 mil bol-
sas para estudantes, que o próprio
Ministério da Educação desmentiu em
documento oficial, ou o enfoque dado
aos números do desemprego, situando-
-os nos 13% - mais uma clara mentira,
pois a taxa de desempregados cifra-se
nos 20,9%, situação que se agrava
ainda mais nos jovens (41 %), chegan-
do aos 46,2 % no meio urbano. O
PAICV substituíra, cautelarmente, os
critérios estatísticos para fabricar no
papel o que não fez no terreno.
Estava-se ainda longe da estocada
mortal desferida por Carlos Veiga no
debate televisivo, quando o chefe do
governo foi confrontado com o
“Escreveu ou não escreveu?”, talvez o
momento culminante da campanha e
que teve o condão de acabar com a ten-
tativa de desresponsabilização levada
a cabo pelos paicêvistas, atribuindo as
culpas do seu fracasso à governação da
década de noventa.
A partir dessa noite, o “chefe amarelo”
apagou-se… as coisas começaram a
correr-lhe mal, até em bastiões, em
princípio, afetos ao partido no poder.
Em São Nicolau, um comício previsto
para o Tarrafal não se realizou por falta
de presenças e, na Ribeira Brava, viu-
-se a desilusão estampada no rosto dos
militantes tambarinas, contrastando
com a mobilização em crescendo e a
alegria patentes no comício que o
MpD realizou naquela ilha no mesmo
dia - situação aparentemente surpreen-
dente, dado que a estrela negra tem a
vereação das duas câmaras – Ribeira
Brava e Tarrafal. Se a ideia da deslo-
cação de Zé Maria à ilha era a recon-
quista do eleitorado, o “tiro” saiu-lhe
furado.
Desmobilização que não
se conseguiu disfarçar
A campanha tambarina bem tentou
disfarçar a crescente desmobilização
do seu eleitorado. Os tempos de ante-
na na TV raramente apresentaram
planos alargados da multidão, optando
por focar grupos restritos de pessoas, e
sempre que o faziam, varriam os
planos com a câmara. Também escas-
searam os contatos individuais e
espontâneos com a população.
O “chefe” parece ter tido problemas
em afirmar a sua imagem, em passar a
mensagem. Em nenhum comício,
JMN teve a coragem de esclarecer
algumas histórias que mancham a sua
reputação - a dívida aos impostos IUR
e ao IUP, o ter colocado o irmão à
frente dos destinos da TACV, a bolsa
concedida à “amiga colorida” que vive
nos EUA, a compra do terreno onde
construiu a sua casa na Prainha, entre
outros casos nebulosos, preferindo, ao
invés, levantar falsos testemunhos
contra Carlos Veiga, como a acusação
rasteira feita ao presidente do MpD
que lhe teria insultado a mãe. Acon-
teceu no tempo de antena do PAICV,
na TV.
Outro sinal de que as coisas não cor-
reram de feição foi o recrudescer do
ambiente de tensão lançado pelos
“camaradas” nos últimos dias de cam-
panha: desde as atitudes intimidatórias
e agressivas contra elementos que fil-
mavam um tempo de antena da TV do
partido ventoinha, passando pelas
ameaças menos ou mais veladas à
população de que poderia sofrer sérios
revezes caso não votasse no partido
amarelo até às tentativas de aliciamen-
to das pessoas mais humildes com
cimento, verguinhas e dinheiro vivo.
Acredita-se que, desta feita, ao con-
trário do que aconteceu em anteriores
eleições, a “chapelada” eleitoral seja
mais difícil e os mortos não votem. O
que se tornou evidente para quem con-
tatou regularmente a campanha
amarela, foi a grande inquietude, o
formigueiro acima do habitual das
suas gentes – bem patentes no fácies
do tambarina Nelson Centeio no
assalto à equipa do MpD, na Trindade,
quando esta filmava um “tempo de
antena”. Sinais de que os tempos
estavam e estão a mudar.

na rota dos dias
UCID, a democracia cristã
Contem com
António Monteiro
A UCID ganha maior expressão no cenário político cabo-verdiano e pode ser considerado a ter-
ceira força no terreno, não só pelo número de pessoas arrastadas aos comícios, mas ainda pela
simpatia granjeado ao longo destes dias. António Monteiro aproveitou a situação para passar
a mensagem de que é necessário um equilíbrio de forças no parlamento para dar combate à
bipolarização política
A
União Cabo-verdiana Inde-
pendente e Democrática con-
corre às eleições de 6 de
Fevereiro em 10 círculos eleitorais,
sendo oito no País (Boa Vista e Maio
ficam de fora) e os restantes dois nos
círculos da emigração (não concorre
por África), com o líder, António
Monteiro, a propor como meta eleger
entre seis a sete deputados e acabar
com as maiorias absolutas, o que per-
mitiria à UCID ser o fiel da balança no
Parlamento.
"Contamos repetir o feito de 2006,
quando concorremos somente (no cír-
culo eleitoral) em São Vicente. Desta
feita, queremos aumentar o nosso
'score', queremos ter, como nosso obje-
tivo mínimo, seis ou sete deputados",
disse esta semana à Agência Lusa.
Apesar de no último congresso do par-
tido, realizado em Julho de 2009, a
UCID ter decidido não participar em
nenhum governo de coligação,
António Monteiro faz agora um
pequeno recuo, ao afirmar que, com
seis ou sete deputado, o partido estará
disponível para fazer acordos pontuais
com o PAICV ou o MpD. “Não nos
interessa qual o partido, porque a nós o
que interessa é Cabo Verde - e dentro
daquilo que for razoável e bom para
Cabo Verde, nós estaremos sempre
disponíveis", frisou.
Se essa fasquia for ultrapassada,
Monteiro admite a convocação de um
congresso extraordinário para rever a
decisão de Julho de 2009 e poder faci-
litar a entrada da UCID para uma pos-
sível governação, a fim de viabilizar
um governo que não tenha maioria
absoluta no parlamento.
Na reta final da campanha, o líder da
UCID deslocou-se aos círculos
eleitorais com maior expressão: esteve
no passado fim-de-semana no Fogo,
na segunda-feira em Santiago Sul para
um comício na Achada de Santo
António e, no dia seguinte, rumou a
norte da ilha.
Quanto às propostas eleitorais que dis-
tinguem a UCID dos demais partidos,
António Monteiro identifica o com-
bate ao desemprego, através de incen-
tivos fiscais, o reforço da formação
profissional e a aposta no Ensino
Técnico, na Justiça e na segurança.
"Após 35 anos de independência, os
dois partidos que já governaram têm
justificado (o aumento do desem-
prego) por questões estruturais. Nós
consideramos que houve falta de
capacidade técnica e política para
encontrar as soluções possíveis", con-
siderou ele na entrevista à agência
noticiosa portuguesa, apontando algu-
mas soluções - destacando a "capaci-
tação" para o mercado de trabalho,
com a aposta no "ensino técnico de
qualidade".
Isentar jovens do IUR
Os incentivos fiscais, designadamente
a isenção do pagamento do Imposto
Único de Rendimento (IUR) aos
jovens empresários que tenham solici-
tado empréstimos bancários, durante o
período de pagamento daquele com-
promisso, é outra das bandeiras
eleitorais da UCID.
Sobre a Justiça, Monteiro exige “mais
celeridade" e "maior qualidade". "E
aqui não há que ter uma preocupação
só com o problema da droga. Temos
que ter preocupação com os crimes de
'colarinho branco', porque temos assis-
tido a que muita gente, por ter uma
posição chave na função pública, da
noite para o dia, começa a ostentar
riquezas que não se sabe de onde
vêm", explicou.
O "policiamento de proximidade",
com a atribuição de mais meios de
locomoção e de comunicação à Polícia
Nacional, é a resposta da UCID para
enfrentar o "nível de insegurança
muito grande" nos centros urbanos.
Neves tirou o sorriso dos
cabo-verdianos
Nos seus discursos de campanha não
tem poupado críticas à governação
tambarina e a José Maria Neves
porque, ao longo desses 10 anos, “não
conseguiu colocar um sorriso no rosto
dos cabo-verdianos”, defendendo por
isso que o presidente do PAICV “pre-
cisa ir para casa”.
Os seus adversários políticos na ilha
(do PAICV), com quem andou nos
últimos tempos num clima de “guerri-
lha”, foram também alvo de críticas e
recados: à cabeça de lista do PAICV,
Filomena Martins, que o acusara de ser
mentiroso, Monteiro lá foi dando o
Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 5
Pese embora o crescimento da UCID e a ambição dos seus dirigentes, ficam patentes
nesta campanha as dificuldades financeiras e de mobilização de eleitores fora de S.
Vicente, o que acaba por legitimar o discurso daqueles que defendem ser a UCID um
partido regional. Na Praia, por exemplo, o maior centro populacional e onde vive um
quarto dos cabo-verdianos, os democratas cristãos tiveram sérias dificuldades em realizar
o comício na Achada de Santo António
troco: “António Monteiro não é políti-
co do vale tudo, antes anda à procura
de soluções para os problemas das
populações e para um Cabo Verde
cada vez melhor”, disse no comício em
Monte Sossego, com farpas lançadas
ao seu arqui-rival na Câmara de S.
Vicente, João do Carmo, o “rapazinho
e menino de recados de José Maria
Neves” que, curiosamente, ficou fora
da lista de deputados para ilha.
Pese embora o crescimento da UCID e
a ambição dos seus dirigentes, ficam
patentes nesta campanha as dificul-
dades financeiras e de mobilização de
eleitores fora de S. Vicente, o que
acaba por legitimar o discurso daque-
les que defendem ser a UCID um par-
tido regional. Na Praia, por exemplo, o
maior centro populacional e onde vive
um quarto dos cabo-verdianos, os
democratas cristãos tiveram sérias difi-
culdades em realizar o comício na
Achada de Santo António.
A força da UCID em S. Vicente com a
defesa intransigente da ilha tem,
porém, dado frutos: não é à toa que
António Monteiro é apontado como o
futuro Presidente daquela Câmara
Municipal.
6 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011
na rota dos dias
A
A campanha do PTS
(Partido do Trabalho e
Solidariedade) veio dar
razão àqueles que diziam que o par-
tido fundado por Onésimo Silveira
tinha como único objetivo conseguir
eleger o seu fundador. E ficou claro
que João do Rosário, presidente do
partido, é a segunda figura do PTS. A
campanha foi feita à imagem e
semelhança de Onésimo Silveira.
Uma aposta arriscada, mas se calhar
a única capaz de fazer o partido so-
nhar com a eleição de um deputado
em 6 de Fevereiro.
Fora isso, Silveira aproveitou para
enviar recados para todos os lados e
fazer passar as suas ideias. A ban-
deira da regionalização foi a chave
mestra das propostas de Onésimo
que, a partir dessa ideia central, des-
feriu ataques contra o PAICV e o
MpD – os partidos do arco do poder.
Logo no início da campanha,
Onésimo “disparou” para todos os
lados. Como que a dizer que era pre-
ciso contar com ele e… com o PTS.
Como era de esperar, centrou a sua
mensagem na defesa de valores que,
para ele, são caros a São Vicente e no
ataque às políticas de tambarinas e
ventoinhas.
Em relação aos primeiros, disse que
“O PAICV tem uma política colonial,
mandou retirar estátuas da nossa
cidade - a de Camões, por exemplo -
e não sabemos onde foram parar.
Cabo Verde continua a ser vítima de
uma política cultural (errada). Só se
preocupam com a cultura de
Santiago. O governo da Praia destru-
iu parte da memória deste País.”
Contra a “república de
Santiago”
Silveira gritou “Abaixo a república
de Santiago!”, para mostrar a sua
indignação pelo que considera de
asfixia a São Vicente, citando exem-
plos: “é um abuso demitir a Direção
da UNICV pela internet. São Vicente
não é produto de prostituição. Há um
fundo americano, a que só o governo
da Praia tem acesso. O governo cen-
tral desviou a cooperação do
Luxemburgo de Santo Antão, para a
Ilha de Santiago, porque só Santiago
PTS, o partido de Onésimo
À procura do
deputado perdido
O líder informal e fundador dos trabalhistas, Onésimo Silveira, fez campanha assente na
regionalização e no combate ao “colonialismo” do governo da Praia
tem direito a cooperações. Para os
outros partidos, São Vicente é para
asfixiar.”
Silveira, que vinha sendo acusado de
estar a discriminar os candidatos de
outros pontos do País, que concorrem
nas listas do MpD e do PAICV,
esclareceu “não sou contra a partici-
pação de pessoas de outras ilhas que
são filhas de São Vicente, que co-
nhecem São Vicente. Nós estamos é
contra aqueles que, não vivendo em
São Vicente, ou mesmo vivendo na
ilha, não a conhecem.” E ironizou:
“se eu perguntar à cabeça de lista do
PAICV onde fica Topim, ela diz que
fica perto de Bafatá”. Para Onésimo
Silveira, o problema é que não co-
nhecem a ilha do Monte Cara - “por
isso, digo que não são filhos de São
Vicente.”
E passou a criticar o líder do MpD
que precisou de trazer um catedrático
para servir de bengala. Para Silveira,
“o professor Marcelo prestou-se ao
papel de bengala de Carlos Veiga.” E,
por discordar das afirmações do pro-
fessor de Direito que, segundo
Onésimo, põe em causa a regiona-
lização política defendida pelo PTS,
referiu: “já mandei dizer ao professor
que ele está mal informado sobre a
realidade de Cabo Verde. Então, ele taxa. Onésimo disse que “isso é uma
aceita que em Portugal existam indignidade e não o entendo (vindo
regiões autónomas como a Madeira e do) partido fundado por Amílcar
Onésimo Silveira termina Cabral.
Açores e, no caso de Cabo Verde,
não?!” a campanha com um O líder informal do PTS acusou o
governo de querer impor às outras
“Curral de trapiche”… ataque cerrado ao PAICV, ilhas o crioulo com K de Santiago:
Onésimo Silveira termina a campa- “continuam a promover esse crioulo
nha com um ataque cerrado ao chegando a afirmar que em vários domínios, em detrimento
PAICV, chegando a afirmar que este este “tem uma política de dos outros. Isso é perigoso porque
“tem uma política de curral de nunca vamos aceitar outro crioulo
trapiche”. Ou seja, “fazem das pes- curral de trapiche”. que não seja o nosso”. Disse não ter
soas a cana que passa no trapiche. nada contra o crioulo de Santiago,
Tiram a calda e jogam o bagaço Ou seja, “fazem das mas que não consegue lê-lo nem falá-
fora”. De acordo com Silveira, foi pessoas a cana que passa lo. “O meu crioulo é o que falo no
este tratamento que João do Carmo, dia-a-dia”, alertando que essa
instruído por Manuel Inocêncio, lhe no trapiche. Tiram a calda “manobra” é “uma tentativa de uma
dispensou. pseudo inteletualidade de Santiago
E para mostrar o tratamento que, no e jogam o bagaço fora” ajustar contas antigas com São
seu entender, o PAICV dá às pessoas, Vicente”.
falou do caso de um homem de 68 A dúvida que fica é se Onésimo
anos que, após estar internado no Silveira vai conseguir o objetivo de
Hospital Batista de Sousa (HBS), não pagamento. Também falou do caso eleger um deputado – ou seja, ele
tendo dinheiro para pagar a taxa, foi das parturientes que ficam como próprio. Mas que tentou, tentou. E
obrigado a varrer o quintal da reféns no HBS se não tiverem dinhei- que, à sua maneira, lutou, lá isso
unidade de saúde como forma de ro para pagar os 2 mil escudos da lutou.
 Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 7

na rota dos dias

Imagens Legislativas de 2011
deram música
A campanha eleitoral de 2011 foi também
travada nas pautas musicais. Os dois

definiram estilos
As imagens, sobretudo os outdoors, que fizeram as campanhas destas legislativas,
maiores partidos, MpD e PAICV,
tomaram as claves de sol para, com elas,
fazerem escorrer para os ouvidos dos
cabo-verdianos, em melopeia - muitas
vezes contrastante, outras tantas quase
coincidente - as respetivas mensagens.
sobrelevam em qualidade campanhas anteriores, inclusive as últimas autárquicas
Os outros três partidos – UCID, PTS e PSD – quase
emudeceram, projeção em silêncio da sua pequena
expressão em termos de votos

massas – outdoors e cartazes -, a docu-
mentação impressa (tarjetas, panfletos,
desdobráveis) optou pelo verde de ori-
gem, com nuances e apontamentos su-
blinhadores em vermelho, branco, ne-
gro e azul. Por esta forma, o discurso
democrático separou águas – de um la-
do, a propaganda dirigida às grandes
massas; do outro, o material de agita-
ção destinado a distribuição individual,
de mão em mão.
O PAICV, por seu turno, começou por
ir a reboque, azulando-se: procurou,
deste modo, o “entrismo”, camuflando-
-se com o adversário (de quem chegou
a adotar palavras de ordem – Cabo Ver-
de dja sta muda em resposta ao Mesti
Muda), e procurando insuflar a sua
“marca” na mensagem do oponente.
Foi um movimento típico dos cucos,
que põem os seus ovos nos ninhos
alheios para que outros os incubem.
Todavia, era inevitável, a sua verdadei-
ra natureza assumiu a sua pele genuína:
o amarelo acabou por irromper, em for-
ça, ao mesmo tempo que a sua tentati-
va para assimilar o Mesti Muda se
transmudou em Mesti Mante – a auto-
-proclamada “força de mudança” des-
cambava para a “inércia do repouso”,
E
houve de tudo: do rap à
coladera, do batuko ao
kuduro e ao funaná, tudo
serviu de tapete melódico por onde
passaram as mensagens. Se, para
alguns (os que têm idade para
desse tempo terem memória), este
combate travado sobre os pentagra-
mas fez lembrar o irromper da
liberdade e da democracia, nos
anos de 90, para as gerações mais
jovens as legislativas de 2011 vão
ficar como a campanha da música.
Nada de espantoso, se se tiver em
conta que a Música está na alma do
povo cabo-verdiano, que a Música
é o ouro destas ilhas.
Foi, assim, com recurso ao can-
cioneiro que se travou muito da
batalha política. Mesti Muda e
Mesti Mante mediram forças ao
som da gaita e da txabeta, do búzio
e do violão, dos tambores e dos
dj´s. E até houve despiques para se
saber quem se fazia ouvir mais
alto, com mais decibéis, quer a par-
tir dos carros de som, quer a partir
dos palcos rolantes e até mesmo
dos altifalantes colocados nas
sedes locais dos partidos em con-
fronto.
Dos raps de referência
à inspiração
norte-coreana
O Movimento para a Democracia
começou por surpreender: dois
muito medíocre solfejo de culto de
personalidade, tipicamente estali-
nista, a fazer lembrar a celebração
do chefe à maneira norte-coreana.
Para tradução monocórdica do
totalitarismo ideológico nada mais
paradigmático do que esse “dez mil
vezes… cem mil vezes”, que pare-
ceu importado diretamente, e de
contrabando, de Pyong-Yang. Fica
na antologia como exemplar
acabado da agressão ideológica
anti-democrática.
Pior ainda: um lastimoso e angus-
tiante batuko que quase traduzia,
sonoramente, o desespero dos seus
autores e divulgadores. Se se
quisesse ouvir um grito de aflição
por parte de um grupo que, com
música, quisesse patentear a
“tragédia” da derrota, seria de ficar
atento e tomar como modelo esse
canto de aflição e dor.
Contaminações e
outras coisas
Infelizmente, a osmose própria
destas coisas galgou barreiras e
acabou por salpicar o cancioneiro
democrata que igualmente, nas
duas últimas semanas, cometeu
erro estratégico: centrar tanto o
“fogo” no adversário que, por
vezes, chegou quase a servir a sua
propaganda. Exemplo disso: um
canto que, no afã de denegrir o
opositor, por demais o citava, ao

P
ese embora a tendência cama-
leónica evidenciada pelo
PAICV (procurando imitar,
passo a passo, o MpD), a linha gráfica
e o design, trazidos pela propaganda
para as ruas das ilhas evidenciaram um
amadurecimento estético por parte dos
protagonistas e um seguro domínio da
“linguagem” das cores, das manchas e
dos ritmos gráficos. Entrou-se, assim,
numa etapa qualitativamente superior
da luta política em Cabo Verde.
Com habilidade, o Movimento para a
Democracia evoluiu do seu verde origi-
nal para manchas anuançadas, chegan-
do ao azul, cor da bandeira, com efeito
subliminar. Ou seja, a cor avançou da
afirmação partidária para uma mensa-
gem mais geral, destinada ao País: des-
te modo, o MpD intentou ultrapassar o
confinamento, enquanto partido, iden-
para a imutabilidade, para o conservan- raps, tendo por tema a mensagem
tificando-se com a Nação. Pelo cami-
tismo retrógrado. Tal como na ficção de Mesti Muda, lançaram a onda
nho, ficaram as denúncias feitas ao
científica, os “mutantes”, chegado o verde que cedo começou a percor-
adversário, em tons de negro (e mesmo
clímax, mostram a sua verdadeira face. rer os caminhos do país insular. O
de amarelo, a cor do adversário), como
Os restantes partidos – UCID, PTS e primeiro rap ficou marcado pela
é próprio deste tipo de discurso.
PSD – têm sido, a este nível, quase batida. Logo depois surgiu um
Enquanto esta regra se mostrou na agi-
inexistentes. novo rap, galvanizador, que rapida-
tação e propaganda para as grandes
mente ganhou os ouvidos e as ruas
– quase se fez o hino da sua campa-
nha.
Respondeu o PAICV, fazendo dis-
parar, na última semana de pré-
campanha, em catadupa, todo um
arsenal melódico de valor muito
desigual. Houve composições de
qualidade, é certo, mas houve tam-
bém muita ganga pseudo-musical,
com erros propagandísticos de
palmatória: referência para um
ponto de, colocando-o insistente-
mente em primeiro lugar, mais
parecer uma peça em serviço con-
trário.
Excelente, embora demonstrando
alguma falta de originalidade, o
recurso a certo reportório angolano
e a introdução de alguns acordos de
Van Gelis em momentos estratégi-
cos dos comícios.
Enfim: com os seus pontos fortes e
os seus pontos fracos, os opositores
procuraram levar aos eleitores a
sua mensagem. Umas vezes
melhor, outras vezes pior: as legis-
lativas de 2011 ficam como a bata-
lha da música. Como nos concur-
sos televisivos, o público (os
eleitores) serve de júri. Nas urnas.
8 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011
cá se fazem
Câmara apresenta novas soluções aos jovens
Parque Radical e
“luz na Várzea” iluminam Praia
A
Câmara Municipal da Praia andou em
intensa atividade este domingo com a
apresentação aos munícipes do
Parque Radical, no Parque 5 de Julho, local
utilizado pelo edil Ulisses Correia e Silva para
apresentar o projeto do parque Infantil a ser
construído naquele espaço.
Antes assistiu-se à assinatura de um protocolo
entre a EPIF e o AC Milan - a equipa italiana
que pretende abrir uma escola de futebol na
capital, no espaço de 3 meses -, apadrinhada
pela CMP e Federação Cabo-verdiana de
Futebol (FCF). O responsável pela formação
milanesa, Michele Ferraris, foi claro nas
intenções: o objetivo é encontrar jovens valo-
res para o futebol internacional.
Para a noite, estava agendada a grande festa no
estádio da Várzea, finalmente com iluminação
artificial. Houve ginástica massiva, atuação da
banda municipal e do inevitável Jorge Neto. O
fogo de artifício anunciou, pela primeira vez
na sua história, “luz na Várzea”. E como não
podia deixar de ser, rolou a bola no tapete sin-
tético da Várzea. Os jovens sub-16 do EPIF
jogaram com Viveiros de Estrelinhas. Para o
fim, duas equipas da 1.ª divisão de Santiago
Sul a mediram forças, com os rapazes do
Celtic a levarem a melhor sobre os campeões
nacionais, o Boavista, por 2 a zero e um mo-
numental golo de Zé. Para dar mais brilho a
um estádio, a lutar contra o tempo e que aos
poucos vai se acomodando.
Faltam agora os acentos e a requalificação
(urgente) dos balneários.
 Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 9

“Mais Cabo Verde” é isto?

Jovens do Kelém
imploram
trabalho A desigualdade social, o alcoolismo e o desemprego têm
apoquentado esta comunidade da Achada de Santo António que
anseia por mudança no bairro e no País

C a rl a Fe r n a n d e s ( t e x t o ) | J o s é R a m o s ( foto s )
10 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011
grande reportagem
elém fica entre os bairros
K nobres da capital: os altos
prédios escondem as casas
sem cor, inacabadas, e
jovens desempregados vagueiam pelas
ruas improvisando momentos de lazer.
Desemprego afeta
os mais jovens
Adilson Carvalho, 20 anos, é mais um
de tantos que cedo entrou para a estatís-
tica dos desempregados. Ao primeiro
contato da reportagem do Já, desabafa
indignado: “a minha maior dificuldade
é o desemprego, a falta do que fazer -
estar sentado o dia todo não foi a minha
opção. Já me inscrevi no Centro de
Formação Profissional mas ainda não
fui chamado”.
E enumera-nos as necessidades do
bairro: “precisamos de um espaço de
lazer e de entretenimento e, principal-
mente, de uma placa desportiva”. Em
relação à segurança, Adilson classifica
o bairro como desordeiro, porque
“atualmente é quase impossível encon-
trar um bairro seguro. É muito difícil.
O desemprego empurrou muitos para a
delinquência, nem com uma esquadra
de polícia à porta estás seguro porque
os ‘thugs’ desafiam a própria autori-
dade, que é incapaz de combater este
flagelo - e Kelém não fica atrás”.
Apesar das barreiras, o jovem sonha
com um emprego para proporcionar
aos pais melhores condições de vida. E
acrescenta: “a esperança é que vivemos
num país democrático e a mudança
está nas nossas mãos”.
Agilson Almeida, 24 anos, passa o dia
sentado à porta de casa porque, como a
maioria dos jovens do bairro do Kelém,
ainda aguarda uma oportunidade para
ingressar no mercado de trabalho.
“Diariamente enfrento muitas dificul-
dades, estou desempregado, passo a
vida sentado à porta da minha casa com
os meus amigos, porque estamos de
pés e mãos atados. Perdi o direito de
continuar os estudos e os meus pais não
têm condições financeiras para me
pagarem uma escola particular. Nunca
recorri ao Estado para pedir qualquer
tipo de apoio porque sei que não me
vão ajudar… não faço parte da
família…”
Mais adiante, numa conversa
depositária das dores sofridas de quem
não nasceu sob o manto das benesses
dos “eleitos”, Agilson, sem peias,
aponta o dedo a tema recorrente: “hoje
andam pelas ruas a pedir votos.
Estiveram tanto tempo no poder e
nunca tiveram a preocupação de vir ao
bairro para saber as nossas dificul-
dades. Vivo com o meu avô porque a
casa da minha mãe está completamente
degradada e, cá em casa, a água e luz
estão cortadas porque não con-
seguimos pagar as contas”.
Para Agilson, Kelém já foi um bairro
violento, mas atualmente não o é - é um
sítio onde as pessoas se conhecem e se
dão umas às outras: “uns anos atrás,
havia muitos confrontos entre ‘thugs’
rivais e os moradores viviam com
medo de sair de casa, mas hoje a situa-
ção mudou. Não estamos totalmente
seguros, mas comparando com uns
anos atrás - e em relação a outros bair-
ros da Praia - Kelém é um dos mais
sossegados.”
Mas diz que a alta taxa do desemprego
na camada juvenil é uma das principais
causas de vandalismo, de violência e
delinquência que, desde há alguns
anos, assombra a tranquilidade dos
cabo-verdianos, sendo que este gover-
no já deu claros sinais da inexistência
de uma política consistente para fazer
face a tal tendência. “Para mim, o
maior drama da nossa comunidade é os
jovens desempregados. Nossas vidas
não fazem sentido, todos os dias nos
sentamos à porta de casa vendo as pes-
soas passar, sem perspetiva nem
ambição para o futuro. Não acredito
que a situação vá melhorar se não hou-
ver mudança. Com este governo, as
coisas só tendem a piorar - mais
desemprego e mais desigualdade
social… Acredito que a melhor solução
para nós é a emigração”, remata, com o
olhar perdido no infinito.
Por detrás dos grandes prédios encon-
tramos casas degradadas, sem cor. Um
contraste que enfatiza a verdadeira rea-
lidade de um bairro que alberga jovens
desempregados, aparentemente sem
rumo. Mas, ainda assim, não tendo per-
dido totalmente a capacidade de so-
nhar.
Com um brilhozinho
nos olhos
Albertino Correia, 30 anos, é um caso
raro. É um dos poucos jovens daquele
bairro que está empregado. Trabalha
como segurança e afirma-se um sortu-
do: “já não era sem tempo [risos].
Demorou mas consegui este emprego e
dá para manter uma vida comum. Só
lamento que mais de 80 por cento dos
jovens do bairro estejam desemprega-
dos - esta é a maior dificuldade da
nossa gente e sou da opinião que o
governo tem que investir mais na
juventude, porque temos uma popula-
ção jovem e somos nós que vamos
decidir o futuro do país no dia 6 de
Fevereiro”.
O arquipélago é conhecido interna-
cionalmente pelos fortes traços cultu-
rais que encantam e maravilham quem
por cá passa, mas tem-se notado que a
nossa cultura carece de maior divul-
gação e de uma aposta mais séria. “É
necessário mais formações profission-
ais, não só em áreas técnicas, mas tam-
bém em áreas culturais como a música,
dança, artesanato, porque temos muitos
jovens com talento, que se explorado, a
esse nível, o País só tem a ganhar.
Muitos não sabem, mas a Cultura tam-
bém gera empregos e influencia a
economia. Este governo ainda não
percebeu isso, porque tem apostado
mais em cursos técnicos sem saída no
mercado, cuja consequência é mais
jovens com formação no desemprego.
Apostar na Cultura é investir na valori-
zação e na sobrevivência da nossa
identidade”.
Há poucos meses, a Câmara Municipal
da Praia contemplou o bairro com um
“Fitness Park” e os moradores aplaudi-
ram com satisfação a iniciativa. “Foi a
melhor coisa que foi feita cá, tirou
muitos do vandalismo, uma iniciativa
de quem trabalha a sério e de quem tem
ideias: o fitness passou a ser a única
ocupação dos jovens que antes pas-
savam o dia vagueando pelo bairro e
hoje ocupam o tempo com exercícios
físicos, preocupando-se com a saúde,
valorizando o bem-estar”, remata
Albertino, com um promissor brilho
nos olhos.
Sonhos interrompidos
“Trabalhei durante vinte e cinco anos
na EMPA, a empresa fechou as portas
e vim para casa e até hoje não con-
segui nenhum emprego. Depois de
anos lutando por uma indemnização,
Adilson Carvalho
 Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 11

o Estado nos pagou uma parte e logo

comecei a realizar o meu sonho -
construir a minha casa, contando com
a outra parte da indemnização para a
finalizar. Mas, até hoje, nada. O meu
sonho ficou por acabar. Disseram
que, quando vendessem o património
da empresa, nos pagavam o que nos
deviam mas, segundo o sindicato, há
muito tempo que o Estado já vendeu
todo o património” – diz-nos
Wasterino Lopes, 52 anos.
Wasterino vive com a mulher e duas
filhas menores numa casa por acabar,
o chão ficou por cimentar, portas e
janelas construídas com chapas de
bidões enferrujados. Hoje, depende
do salário da mulher para escapar à
fome: “a minha mulher é que susten-
ta a casa. Ela é empregada doméstica
e ganha 10 mil escudos mensais.
Quando pagamos o jardim das cri-
anças, com o que sobra temos que
remediar até o fim do mês. Energia
elétrica e água canalizada não é para
todos, é coisa de ricos - sempre vivi à
luz de candeeiro, o petróleo é mais
barato, a minha casa fica na rua prin-
cipal, visível a todos - se me
quisessem ajudar já o teriam feito.
Perdi a conta das vezes que fui implo-
rar uma esmola, ouvia a mesma des-
culpa de sempre: esperar e esperar…
E, às vezes, nem era recebido. As úni-
cas pessoas que recebem apoio do
Estado são os ‘meninos bonitos’, mas
como nem eu nem a minha família
somos ‘meninos bonitos’… continu-
amos na miséria.”
“Meu sonho era ser médica, ajudar as
pessoas, principalmente os mais
necessitados, porque no nosso País só
os ricos é que podem ficar doentes -
pobre corre o risco de ficar preso no
hospital se não tiver dinheiro para
pagar. Esta é a nossa triste realidade”,
comenta Kuka, de 19 anos.
“O maior drama da
Influenciada pelos amigos, faltava às
aulas e não levou os estudos a sério. nossa comunidade
Estranhamente, o País ainda não tem
uma política de escola obrigatória são os jovens
para todos até 12º ano, independente-
mente de estrato social… Kuka desempregados.
perdeu o direito de prosseguir os estu-
dos. Hoje, com muita dificuldade,
está a tirar o 9º ano para candidatar-se
Nossas vidas não fazem
a qualquer curso profissional - o
sonho de criança ficou para trás, ou
sentido, todos os dias
ainda há esperança? Uma interro-
gação que se perpetua. nos sentamos à porta
Um dos males da nossa sociedade é o
consumo de álcool, que começa cada de casa vendo
vez mais cedo na camada juvenil.
“Temos problemas de saneamento,
segurança, desemprego e, principal-
as pessoas passar,
mente, de alcoolismo. As bebidas
alcoólicas têm sido o refúgio dos
sem perspetiva nem
jovens da nossa comunidade. Na
minha casa, não temos água canaliza- ambição para o futuro”
da, porque minha família não tem
condições; recorremos aos vizinhos
ou compramos no chafariz. Queremos
que o governo empregue os jovens.
Mas onde – interroga -, se não há tra-
balho!?. Agora, em vésperas de
eleições, prometem o céu e o mundo,
mas o que andaram a fazer durante
este tempo todo?” – esta a pergunta
que nenhum vendedor de ilusões
pode calar. Albertino Correia
12 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011

grande reportagem
Politica de igualdade
Oriza Tavares, 46 anos, está desempre-
gada. “Faz muito tempo que estou sem
trabalho. Quem põe comida em casa é
o meu marido e, com seis filhos, tudo
fica mais difícil. Se estivesse a traba-
lhar, aliviaria um pouco a nossa situa-
ção. Nunca fui pedir ajuda porque
tenho a certeza que será a mesma
história de sempre: esperar…” – é o
queixume pungente de Oriza.
Foram tantas promessas incumpridas,
há tantos receios no ar, tantas preocu-
pações pelo presente dos jovens, pela
falta de emprego… “A maioria dos
criminosos estão nessa vida porque não
encontraram outra solução - desocupa-
dos só pensam em fazer asneira e a
vida não está fácil para ninguém. Se os
jovens optarem pelo vandalismo,
nunca teremos paz e sossego, porque,
cada dia que passa, temos mais pessoas
desempregadas. A violência no bairro
apaziguou um pouco; de vez em quan-
do os agentes da polícia passam por
aqui e isso tem ajudado. Acho que já
chegou a hora de o governo trabalhar
para os pobres.”
“Tenho três filhos, trabalho como guar-
da-noturno numa escola e ganho dez
mil escudos. Vivo num quarto sem
água nem luz, pago cinco contos de
renda e, mesmo assim, aperto o cinto
para sobreviver nestas condições. O
teto da minha casa está prestes a cair,
por isso saí de lá. Pedi ajuda para fazer
outro betão, mas ainda nada: a nossa
associação não nos ajuda em nada,
praticamente não funciona, a única
Kuka
zona que não recebeu apoio para Albertino Correia
requalificação das casas é Kelém.
Andaram distribuindo frigoríficos nos
bairros vizinhos, mas aqui ninguém
veio”, relata António Mendes, 45 anos.
Segundo António, a zona carece de
uma escola de formação de carpintaria,
mecânica, eletricista para jovens que
cedo abandonaram os estudos, porque
a maioria dos ‘thugs’ não tem o 7º ano
de escolaridade: “esta medida tiraria
muitos jovens do crime. Se já está com-
plicado para quem tem curso superior
… o governo tem que encontrar
solução para aqueles que têm baixo
nível de escolaridade”.
Os jovens já não acreditam nos políti-
cos que só aparecem na época de
eleições pedindo o voto. Mas estão
cientes das suas responsabilidades no
dia 6 de Fevereiro. A falta de segurança
e de emprego é a preocupação maior
dos moradores daquela comunidade na
Achada de Santo António.

“Energia elétrica e água canalizada não é

para todos, é coisa de ricos. Sempre vivi à luz
de candeeiro, o petróleo é mais barato,
a minha casa fica na rua principal, visível
a todos - se me quisessem ajudar
já o teriam feito”

sem perdão
Saiba como Filú lhe vendeu o terreno
A Casa da Prainha
do ainda Primeiro Ministro
Tanto quanto se pode saber, o fabuloso programa “Casa para Todos”, caça-votos criado pelo governo PAICV, só deu um
“fruto”: a “Casa Amarela” da Prainha. Jogando com os meandros do poder tambarina, com ar de santinho, o atual
Primeiro Ministro apoderou-se em proveito próprio de um terreno do Estado. Já conta todos os pormenores
Q uando José Maria Neves
disse, no sábado, no tem-
po de antena do PAICV
que queria ser Primeiro Ministro
mas não para servir a sua família,
imagine-se o estrondo de gargalha-
das que as declarações do presiden-
te tambarina terão provocado em
famílias inteiras que assistem reli-
giosamente esse espaço nas TVs.
Para além de ter colocado o irmão
(de pai e mãe) como Presidente do
Conselho de Administração da
TACV, José Maria Neves tem vin-
do a esconder como conseguiu
adquirir o terreno onde mora atual-
mente, na Prainha. Um terreno nu-
ma das zonas mais caras na cidade
da Praia e que faz inveja a outros
pretendentes.
Ao cidadão José Maria Neves, para
além do seu apartamento na Acha-
da de Santo António, fora atribuído
um terreno para construção em Pal-
marejo - numa zona destinada a
uma praça - , ainda no tempo de Ja-
Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 13
Violência
e insultos:
último recurso
do PAICV
F antochada tambarina: uma equipa de
filmagens do tempo de antena do
MpD, que gravava na zona de Trindade,
cidade da Praia, foi intercetada por um
comando do PAICV no passado dia 31 de
Janeiro. Aos insultos e com ameaças,
procedendo como arruaceiros, um grupo
de capangas (supostamente elementos da
campanha tambarina) liderado pelos co-
nhecidos Euclides Centeio e Nuno
Duarte, saiu de duas viaturas e quis inter-
romper filmagens que, entretanto, já
estavam concluídas.
Indiferente ao desvario adverso, o grupo
de jovens ventoinha, que incluía elemen-
tos do grupo Heavy H, retirou-se do
local: para seu espanto, os elementos
tambarina decidiram persegui-los até Tira
Chapéu, acontecendo então uma cena
que foi toda filmada e na qual a imbecil
agressividade dos frustrados pertur-
badores das filmagens ficou mais que
patenteada.
Ao que parece, o que terá irritado os arrua-
ceiros foi o facto dos jovens da equipa de
filmagem terem vestidas t-shirts amarelas
– sem qualquer símbolo ou inscrição.
Pelos vistos, aqueles que se pretendem
donos de Cabo Verde pretendem impedir
que quem não pertence à pandilha se
vista de amarelo. É o totalitarismo levado
ao máximo.
Chegados a Tira Chapéu, os arruaceiros
começaram por tentar ameaçar os jovens.
Mas quando viram que um deles puxou
de um telemóvel e começou a fazer
chamadas telefónicas, “corajosamente”
bateram em retirada – terão temido que
as chamadas telefónicas trouxessem ao
cinto Santos. Só que, em 2007, apa-
nhando a boleia o facto de Felis-
berto Vieira ainda estar na Câmara
da Praia, a um
Gestão dos Recursos Humanos
(INGRH), que chegou a estar desti-
nado à construção de moradias para
os seus trabalha-
mãos, por causa do cargo que
ocupa. Por isso, quando José Maria
Neves diz que não precisa do cargo
de Chefe do Governo em benefício
local reforços em socorro dos jovens,
transformando a “valente” maioria de
ameaçadores em minoria.
Depois desta “heróica” ação, o bando
ano de perder as Em 2007, apanhando dores. Todavia, o dos familiares… não garante aos liderado por Euclides Centeio e Nuno
eleições para a boleia o facto de cargo de Primeiro cabo-verdianos que tal não acon- Duarte, com o auxílio da tv do PAICV,
Ulisses Correia e
Silva, foi atribuí-
Felisberto Vieira ainda estar Ministro, que Jo-
sé Maria ocupa-
teça em benefício próprio.
Já conseguiu apurar junto de fonte
quis transformar esta sua ação numa fan-
tochada: acusando os jovens de envolvi-
do ao camarada na Câmara da Praia, va, falou mais al- segura que José Maria Neves pagou mento numa tentativa de compra de votos
Neves um terreno foi atribuído ao camarada to e Filú acabou o referido terreno na Prainha à (em que os tambarinas são, comprovada-
de 400 m2, pela Neves um terreno de por vender o ter- CMP, dividido em 4 prestações, de mente, especialistas).
módica quantia reno ao Presi- 236.234$00 cada, liquidando a Saiu-lhes o tiro pela culatra. De imediato,
de 945 contos (ou 400 m2, pela módica dente do PAICV. dívida em Junho de 2007. E com o
o MpD desmontou a estúpida cabala: em
seja, pouco mais quantia de 945 contos Não calhou a terreno da Prainha, terá atribuído o
conferência de imprensa, José Moreira,
de 2.350 escu- (ou seja, pouco mais de Paulo, Tiago ou de Palmarejo a um familiar próxi-
secretário-geral do partido, mostrou toda
dos/m2, quando Manel - calhou a mo.
um terreno na
2.350 escudos/m2, quando José Maria Neves Quanto aos rumores que circulam
a filmagem e tratou os bois pelos nomes.
Prainha está a um terreno na Prainha porque era Pri- na cidade da Praia quanto aos
De tudo isto fica: o terrorismo arruaceiro
custar atualmente está a custar atualmente meiro Ministro de meios para José Maria Neves cons- de um bando liderado por Centeio e
mais ou menos Cabo Verde. Tão truir “a Casa Amarela” - duplex Duarte e o reles e inaceitável envolvi-
mais ou menos mento da TCV em atoardas, ignorando o
20 mil escu- simples quanto is- com piscina, gerador à porta, e que
dos/m2 - dez ve- 20 mil escudos/m2 - dez to. pode ter custado mais de 40 mil contraditório e, entretanto, continuando a
zes mais). Com vezes mais) A partir daqui, contos – tendo apenas o salário de ignorar as denúncias públicas (com
uma curiosidade: não há garantias Primeiro Ministro, o nosso jornal provas reais e não forjadas) de tentativas
nesse terreno, estava edificado um que outras benesses aos seus cama- não conseguiu apurar a veracidade de falcatrua eleitoral que o bando amare-
armazém do Instituto Nacional de radas não venham a parar em suas do que para aí consta. lo da estrela negra vem praticando.
14 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011
coisas do mundo
Egipto: revolução democrática tomou as ruas
Sinal dos tempos,
as teocracias e os
regimes autoritários
têm os dias
contados. Nas ruas
do Cairo e de
Tunis, a revolução
democrática toca
a reunir pela
liberdade
Aestá
Liberdade
a passar por aqui
C
omo sempre nos grandes
momentos da História da
Humanidade, a juventude é a
força da mudança nas ruas do Cairo,
no Egipto, ou de Tunis, na Tunísia. A
revolução democrática, cívica e civi-
lizada que, agora também, ocupou as
ruas das cidades egípcias está a trans-
mitir claríssimo sinal a todo o mundo:
chegou ao fim o tempo dos regimes
autoritários, esta é a época da demo-
cracia!
O regime de Hosni Mubarak, cujo par-
tido no poder é membro da In-
ternacional Socialista – a mesma
família política do PAICV -, aos
poucos, vai-se desfazendo nas ruas,
embora o presidente ainda se mante-
nha no poder, dizendo-se [hipocrita-
mente] apologista de reformas. A
patética comunicação ao país de
Mubarak, referindo ter dado ordens ao
recém-nomeado primeiro-ministro, no
sentido de “promover a democracia
em diálogo com a oposição” e “resta-
belecer a confiança na economia”,
pecam por tardias e indiciam o deses-
pero do presidente-faraó que, dema-
gogicamente [logo ele que nunca re-
velou sensibilidade pelos problemas
dos egípcios], veio prometer a redução
Mohamed El Baradei: o rosto da revolução democrática
do desemprego e a criação de mais
postos de trabalho.
Regime esgotou-se
Curiosamente, na bruma da confiden-
cialidade, emerge mensagem endere-
çada pelo governo israelita ao presi-
dente dos EUA para que a administra-
ção americana apoie o regime “socia-
lista” do ditador Mubarak, expondo
uma curiosa contradição que é a de ver
incomodidade partilhada, pela possibi-
lidade de queda do regime egípcio, en-
tre o Estado sionista e os mais retró-
grados regimes árabes que não vêem
com bons olhos a natureza laica da re-
volução democrática que está nas ruas.
A queda do regime parece ser uma
inevitabilidade, porque na sua génese
esgotou qualquer possibilidade de
regeneração, perdeu a base de apoio
que ainda lhe restava e suscitou ines-
perada unidade inter-classista no
objetivo comum de transformar uma
“autocracia democrática” num verda-
deiro Estado de Direito democrático.
Da oposição emergem dois setores dis-
tintos que correspondem a duas visões
diversas mas que, neste contexto par-
ticular, se uniram para desferir estuca-
da final ao regime: os “Irmãos Muçul-
manos”, com representação parlamen-
tar, cujos principais líderes foram
encarcerados a mando de Mubarak; e a
corrente liderada pelo professor
Mohamed El Baradei, o Prémio Nobel
da Paz que já foi diretor da Organiza-
ção Internacional de Energia Atómica
– um democrata e pacifista que se opôs
a Bush e a Mubarak, sendo por isso
perseguido pelos “socialistas” no po-
der, encontrando-se em prisão domi-
ciliária, impedido de comunicar com o
povo que ocupou as ruas num grito
uníssono de liberdade e democracia.
Emerge, no entanto, a possibilidade de
golpe militar. Embora, nas ruas, seja
visível a simpatia de largos setores
militares pela revolução democrática,
ouvindo-se aqui e ali “os soldados são
filhos do povo”, como que a abraçar
num grito pungente a consciência mais
profunda dos filhos fardados de um
povo já farto de viver num simulacro
de democracia e atoleiro de corrupção
e ignomínia.
O amigo americano
Mas, para além da tentação do golpe,
das conspirações dos serviços secretos
e do desnorte da polícia egípcia inca-
paz de controlar a sublevação, a
Obama que, entretanto,
exigiu a Mubarak
mudanças em nome
da liberdade, referindo-se
a elas como “legítimas”,
parece simpatizar
com o movimento
popular no Egipto
posição da administração americana –
e do presidente Obama, em particular
– é determinante para o desfecho do
impasse que tem palco nas ruas do
Cairo e que, paulatinamente, está a
tomar o país numa onda de esperança
e confiança.
Obama que, entretanto, exigiu a
Mubarak mudanças em nome da liber-
dade, referindo-se a elas como “legíti-
mas” e tem elogiado a revolução
democrática na Tunísia, parece simpa-
tizar, também, como o movimento
popular pela mudança no Egipto. O
que revela – ao contrário do que a
esquerda europeia não consegue
entender – uma nova atitude dos EUA
face ao mundo árabe, suscitando já a
simpatia de vastos setores árabes que
começaram a ver o inquilino da Casa
Branca como um “amigo”.
A velha Europa, no pânico de ver o
fundamentalismo islâmico a entrar-lhe
portas adentro, transferiu, nos últimos
anos, centenas de milhões para as
democracias formais que têm servido
de capa aos reacionários regimes
árabes, fechando os olhos às violações
dos direitos humanos que, agora, pare-
cem ser ponto essencial da agenda do
Presidente Obama.
No Egipto e na Tunísia as massas já
não saem à rua para exigir governos
teocráticos. As reivindicações popu-
lares estão centradas em duas palavras-
chave que correspondem, também, a
uma nova visão do mundo: Liberdade
e Democracia!

polichinelo Aviso à navegação:
polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-língua, pura
e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
A segunda inventona
De perseguido…
a perseguidor. O foragido da
Guiné Equatorial, onde foi
buscar dinheiro para “iluminar”
as negras falcatruas da estrela
(compra de votos e muitos
etc’s), decidiu-se a demonstrar
valentias na zona da Trindade,
cidade da Praia: quando jovens
ventoinha rodavam um sketch para a campanha de Veiga, o dito cujo quis
deitar fogo à gasolina. E não esteve com meias medidas. Gizou mais uma
encenação: fazer desse sketch a burlesca “prova” de que os do MpD andavam
a comprar votos. Para dar ênfase à coisa, trouxe logo a reboque os
camaradas da televisão do PAICV e com isso, aprendendo na escola de
Goebbels, Araújo, quis-se montar a farsa. Balão furado esvaziou num ápice: a
imbecilidade do gang amarelo nem deu para reparar num pequeno pormenor
– o carro que perseguiam era conduzido por Heavy H! Coitado do Zé
Mentira… com estes inventores não há inventona que se aguente mais de
meia hora. Mal por mal, chama o Araújo Spielberg.
Cimento indigesto
As carradas de cimento que agentes tambarinas carregam para aliciar
eleitores (é o caso do conhecido João Fernando, de Cidade Velha, de resto
envolvido em tramóias de dinheiro no tempo da Comissão Instaladora da
Câmara da Ribeira Grande de Santiago) têm um enorme inconveniente: não
servem para comer. Enquanto foi governo, o PAICV deu-lhes desemprego,
miséria e fome. Agora quer dar-lhes cimento! Polichinelo ouviu, um destes
dias, alguém que foi abordado para receber cimento em troca do voto,
responder ao comprador: “Cimento? Coma-o você! E parta nele os dentes.
O que eu quero é trabalho e pão. E isso vocês nunca me deram”.
boka bedjo
Zé di promessa
Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 15
Grandes negócios
As fantasias de Zé Mentira, evidenciadas nesta campanha, ao
menos contribuíram para incrementar o turismo e os negócios de
importação. Polichinelo sabe que, ao constar lá fora, no
estrangeiro, que Zé Mentira conseguira o milagre de construir
mais de uma dezena de barragens (é o que ele anda para aí a
dizer), houve muito e muito vendedor de lupas que se meteu no
avião para desembarcar na Praia – com tanta barragem assim
construída, de certeza que os cabo-verdianos iriam precisar de
lupas para as ver. E tanta foi a lupa que chegou a Cabo Verde para
vender a quem quisesse descobrir a fabulosa obra de ZM, que
(devido à abundância da oferta) o preço deste objeto baixou
quase ao nível da torresma. Depois deste fantástico negócio, já
outros se adivinham: estão a caminho vendedores de lenços para
que, com eles, os cabo-verdianos possam dizer adeus a Zé
Mentira. E de Braga, em Portugal, também já fazem as malas os
vendedores de canudos: ter o prazer de ver ZM por um canudo
promete ser, muito em breve, um grande negócio em Cabo Verde.
Amarelo único
O amarelo (cor da gasolina) é monopólio tambarina. Polichinelo
sabe do que fala – tem provas. O que irritou os gasolineiros na
Trindade foi terem visto jovens do MpD vestidos de amarelo! Podia lá
ser? Crime, pois claro. Amarelo só há um, o deles e mais nenhum! É
talvez essa a razão categórica que justifica que alguns membros
femininos de mesas de assembleias para voto antecipado (que já
decorriam no princípio desta semana) patenteassem a sua devoção a Zé
Mentira trajando de amarelo e com brincos da mesma cor. Um pouco
mais de criatividade e ainda as veremos de bâton e verniz a imitar os
canários e cabeleira à Abel Xavier. Já agora, pintem também a língua. E
fica tudo com crise de fígado tão grande como a que lhes vai acontecer
na noite de 6 de Fevereiro.
Não há cão que aguente...
16 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011

em jogo
Santiago-Sul Regional de S. Vicente

Académica conquista
Clássico primeira vitória
Sporting-Boavista A Académica do Mindelo
obteve a primeira vitória no
Regional de S. Vicente. A
Micá venceu a Salamansa por 3 -0.
Depois de 490 minutos sem marcar
um único golo, a Académica quebrou

encerra jornada o enguiço. O último golo da Micá no

Regional foi apontado por Jean, a 12
de Dezembro, diante do Mindelense.
E foi este jogador que abriu o ativo
aos 29’, na 6.ª jornada, realizada fim-
de-semana, no Mindelo. O segundo
golo foi marcado pelo ala Pepa, aos
34’. E, aos 92’, Sydnei fixou o resul-
tado final. Apesar desta vitória a
Académica continua a ser a lanterna
vermelha do campeonato regional da
ilha.
O líder Mindelense continua imbatív-
el, ao vencer o Derby por 2 bolas a
zero no clássico de S. Vicente.
Nhambú e Calú marcaram os golos
dos leões do Mindelo.
Nas outras partidas da jornada, o
Amarante ganhou ao Falcões do Norte
pela margem mínima, com o golo
solitário de António (64’); e o Batuque
goleou o Ponta D’Pom por 3-0, com
golos de Balakov (46’, 71’) e Maniche
(69’).
Xalino (Derby) lidera a lista dos me-
lhores marcadores com 5 golos, segui-
do de um quarteto com três golos:
Jean (Académica), Igor (Batuque),
Bernard Sekong (Salamansa) e Adir
(Mindelense).

Classificação Regional S. Vicente (6.ª jornada)

Classificação Jogos Vitória Empate DerrotaPontuação

1º - Mindelense 6 5 1 0 16
2º - Derby 6 3 1 2 10
3º – Amarante 6 3 1 2 10
4º - Falcões do Norte 6 2 1 3 7
5º - Batuque 6 2 1 3 7
6º - Salamansa 6 2 1 3 7
7º - Ponta D´Pom 6 2 0 4 6
8º - Académica 6 1 2 3 5

Na Praia, Sporting e Boavista completam este sábado (16 horas) o quadro de resul- Internacional cabo-verdiano já é considerado
tados da 8.ª jornada iniciada na sexta-feira da semana passada com a derrota do
Celtic frente ao Vitória, por 1 a 0
“Pérola” africana

A
surpresa da jornada acabou
por acontecer na tarde de
sábado com o líder Académi-
ca a deixar-se surpreender pelo Des-
portivo e com os Estudantes a ter-
minarem o jogo, mais uma vez com
10 jogadores, após expulsão do guar-
da-redes Ima. O Desportivo marcou
de grande penalidade perto do final da
partida e depois de ter desperdiçado
um castigo máximo, na primeira parte.
Resultado dos outros encontros: Va-
randa 3 - Ribeira Grande 0 e Bairro 1
– Travadores 0.
Com este resultado, a Académica é lí-
José Luís no Sp. Braga
der provisório, a dois pontos do Spor- Considerado a "Pérola" do Gil Vicente, o internacional cabo-ver-
ting e Desportivo e a três do Boavista. diano José Luís assinou segunda-feira contrato com o Sporting de
O Celtic passou a lanterna vermelha.
Braga (Portugal) para reforçar a equipa arsenalista em 2011/12

J osé Luís, de 20 anos, deu nas vis-

tas no jogo Gil Vicente-FC Porto,
inscrições do mercado de Inverno, não
foi ocasional. O Gil Vicente estava

Cabo Verde joga quarta-feira para a Taça da Liga, realizado no sába-

do passado e, segundo a imprensa, o
jogador estava na órbita de variadíssi-
mos clubes portugueses e europeus,
prestes a ceder às várias propostas que
chegaram para o atacante mas, numa
rápida investida, António Salvador
antecipou-se a toda a concorrência e

com Burkina Faso incluindo os três grandes (Benfica,

A Seleção de Cabo Verde
defronta a sua congénere do
Burkina-Faso na próxima quarta-
feira, 9 de Fevereiro, em Óbidos
(Portugal) num amistoso de
preparação para o jogo da terceira
jornada de qualificação para a
CAN 2012, agendada para 26 de
Março.
Cabo Verde recebe a seleção da
Libéria, no grupo A e Burkina-Faso
joga com a Namíbia para a disputa
da liderança na poule F.
A Seleção Nacional de Futebol
ocupa o primeiro lugar no grupo A,
fruto de uma vitória de uma bola a
zero sobre o Mali e de um empate
fora de portas com o Zimbabué.
Sporting e Porto). José Luís assinou
contrato de longa duração com os
bracarenses - válido, de acordo com
fontes do jornal “A Bola”, por quatro
épocas - mas irá manter-se em
Barcelos, rumando a Braga no final da
temporada.
O facto do negócio ter sido fechado no
início da semana, último dia de
amarrou José Luís.
O jovem ponta-de-lança chegou na
época passada a Barcelos e, no ano de
estreia na I Divisão de juniores, mar-
cou 27 golos. Na fase final da Liga de
Honra foi chamado à equipa principal,
onde voltou a brilhar - quatro golos em
cinco desafios. Salvador viu-o em ação
frente ao FC Porto e não hesitou em
lançar a rede à pérola africana.
 Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 17

olhem para elas

A enxaqueca
e a boca
Acorda com dores de cabeça, dorme com dores de cabeça, o Parace-
tamol alivia mas não cura, muitas vezes os médicos não conseguem
explicar qual a causa de tanta dor de cabeça… PROCURE UM DEN-
TISTA! – 80% dos casos de enxaqueca estão relacionados a problemas
odontológicos
gia), má oclusão e mordida cruzada são os
principais problemas bucais relacionados a
estas dores. Hmmm… nem queiram imagi-
nar como andam os nossos candidatos.
A explicação fisiológica também é simples:
a fadiga muscular causada pelos problemas
bucais já citados provocam acúmulo de
ácido lático, responsável pela dor de
cansaço muscular (queimação). A grande
maioria fica concentrada entre o fim das
sobrancelhas e o ouvido – região temporal.
A abordagem odontológica para esses pro-
Zarina Santos blemas é razoavelmente recente e, talvez
Graduada em Odontologia por isso, não seja tão conhecida. Em conta-
to com profissionais familiarizados com
Cabelo “kruku”
Os cabeleireiros já mostraram que alisantes e desfrisantes há muito tempo que
foram postos de lado - “liberte a sua juba” e aproveite o que a natureza tem de
melhor. Black Power continua em alta, mas existem toques “nada de outro
mundo” que podem realçar a beleza dos cabelos crespos, arrepiados e secos
Confira: coloridas, estão na moda, e também são aconse-
lhados para fios encaracolados. NOVIDADE: tin-
turas e tonalizantes não ressecam os cabelos cres-
Conhecê-los: pos - acrescentam brilho.
O cabelo crespo é naturalmente mais ressequido e
opaco do que o liso, porque o movimento anelado
do fio impede que a oleosidade natural do couro
Domá-los:
cabeludo chegue até às pontas. Essa é uma das Depois de lavar e enxaguar os fios, desembarace-
principais causas do excesso de volume, dos fios os sempre com pentes de dentes largos. O creme
arrepiados e da falta de definição dos cachos. Para sem enxagúe protege-os do ressecamento provo-
driblar o problema, começa-se com um bom corte, cado pelas agressões do meio ambiente (vento,
uso constante de xampô, condicionador e creme sol, etc.) e ajuda a reduzir o volume e a modelar -
sem enxagúe (leave-in), todos com propriedades Após aplicar o creme, basta jogar a cabeça para
hidratantes. Semanalmente, é aconselhável o uso frente e para trás, assim os cachos ficam separados
de máscaras hidratantes, em casa ou no salão. desde a raiz.
Os movimentos devem ser suaves, sempre envol-

E
nxaqueca, dor de cabeça ao acor-
dar, dor no pescoço, dor nos om-
bros, são problemas “bola de neve”
cada dia piores. Quem disso sofre pode aba-
nar a cabeça, mas acreditem que, muitas
vezes, dependendo unicamente do correto
diagnóstico, esses problemas podem ser
resolvidos de maneira bem simples.
Ranger os dentes (bruxismo), apertar os
dentes (briquismo), roer as unhas (unicofa-
esses problemas, é possível reconquistar
prazeres fundamentais ao bem-estar, muitas
vezes “há bué” de tempo perdidos!
Alguns dentistas, dependendo do caso,
optam pelo uso de aparelhos de relaxamen-
to muscular, mas não se pode esquecer que,
muitas vezes, tanto o bruxismo como o
briquismo são causados por problemas
emocionais – o maldito e famoso STRESS.
Tente relaxar!
Corte:
Corte reto – NUNCA. Todos os cabeleireiros con-
cordam, que com o mesmo comprimento, o vol-
ume acumula-se nas pontas. O resultado é um
corte triangular, com pouco volume na raiz e
muito nas extremidades – efeito Vassoura.
Fios desfiados, com franjas longas e mechas des-
vendo os cachos com os dedos, do comprimento
em direção às pontas. Atenção: os dedos não
podem ser passados entre os fios, de dentro para
fora, porque esse movimento aumenta o volume,
em vez de soltar os cachos.
Pelo mesmo motivo, os pentes devem ser exluídos
quando o cabelo está seco.
Só falta uma coisa! – CONFIANÇA.

Só ka si! Mitos
A perda dos dentes é consequência
natural do envelhecimento
Nup! A perda dentária é consequência
de doenças gengivais mal tratadas,
traumas e composição genética. Com
tratamento de prevenção é possível
chegar à 3ª idade com todos os dentes
na boca.
O uso de implantes ou próteses totais
(dentaduras) não necessita de
controlo periódico no dentista
Nup! Os implantes precisam da mesma
manutenção gengival e
descontaminação semestral dos dentes.
Pacientes com próteses também devem
fazer visitas regulares para avaliação
dos tecidos moles (gengiva,
bochecha...) e adaptação da mesma.
Não vou ao dentista porque não
sinto nada, dor alguma
A ausência de dor, infelizmente, não
significa ausência de problemas bucais.
A doença periodontal, por exemplo,
que é a inflamação gengival não
costuma doer, a não ser em casos já
avançados.
Bebés que ainda não possuem dentes
não precisam fazer higiene oral
Mesmo sem dentes é importante que
os pais lhes façam limpeza da gengiva
e da região com uma gase humedecida.
Tenho menos propensão a cáries
porque uso anticéptico oral
diariamente
Uma boa higiene depende apenas de
escova e fio dental. Os anticépticos são
apenas coadjuvantes, mantendo o
hálito puro e refrescante por mais
tempo. Dê sempre preferência a um
produto que não contenha álcool.
Próteses removíveis desgastam e
estragam os dentes, com o tempo
Isso não acontece, desde que estejam
bem adaptadas, feitas dentro da técnica
adequada e com correta escovação
diária.
A mulher perde cálcio dos dentes
durante a gestação, o que pode
enfraquecê-los ou até provocar o
aparecimento de novas cáries
Mentira. Os dentes não participam da
captação de cálcio que o organismo faz
dos demais ossos do corpo e também
dos alimentos ingeridos pela gestante.
Durante a gravidez, o exame
radiográfico pode prejudicar o feto.
Com os aventais de proteção
adequados, as radiografias devem ser
evitadas apenas no 1º trimestre de
gravidez.
18 • Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011
cachupada
Horóscopo
Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: 10 de Copas, que significa
Felicidade.
Amor: Sentirá que tudo corre na perfeição.
Que a alegria de viver esteja sempre
na sua vida!
Saúde: Cuidado com os esforços físicos.
Dinheiro: Não se descuide, pois está a ir por
um óptimo caminho a nível profissional.
Número da Sorte: 46
Números da Semana: 17, 23, 45, 2, 19, 40
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: A felicidade alegra o meu
coração!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: 9 de Copas, que significa
Vitória.
Amor: Poderá reencontrar um antigo amor.
Esteja receptiva pois o Cupido pode bater-lhe à
porta!
Saúde: Evite situações de stress.
Dinheiro: Faça contas à vida e veja bem com
o que pode contar.
Número da Sorte: 45
Números da Semana: 49, 15, 39, 22, 1, 30
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: Tenho a capacidade para
vencer todos os desafios que a vida me
apresenta.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: 5 de Ouros, que significa
Perda/Falha.
Amor: Lute pelo verdadeiro amor, não se
deixe influenciar por terceiros. Você merece
ser feliz!
Saúde: Não invente doenças quando
realmente não as tem.
Dinheiro: Este é um bom momento para
investir, aproveite.
Número da Sorte: 69
Números da Semana: 21, 30, 25, 11, 5, 32
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Acredito que posso
recuperar o que perdi, estou sempre a tempo
de vencer.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: Rainha de Espadas, que
significa Melancolia, Separação.
Amor: Poderá ter que enfrentar uma
separação. Procure ter pensamentos optimistas
e ver as situações pelo lado positivo.
Saúde: Possíveis dores de rins.
Dinheiro: Avalie os seus gastos.
Número da Sorte: 63
Números da Semana: 12, 41, 20, 36, 4, 17
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Enfrento com optimismo
mesmo as situações mais difíceis.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: 3 de Paus, que significa
Iniciativa.
Amor: Não viva ansioso com a ideia de
perder a pessoa que tem ao seu lado, aproveite
antes todos os momentos que tem para estar
com o seu companheiro. Viva a sua vida para
que o seu exemplo possa servir de modelo aos
outros!
Saúde: Não se desleixe e cuide de si.
Dinheiro: As suas economias estão a descer,
tenha algum cuidado.
Número da Sorte: 25
Números da Semana: 12, 4, 32, 47, 19, 7
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Graças ao meu espírito
de iniciativa alcanço aquilo que desejo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: os Enamorados, que
significa Escolha.
Amor: Exprima os seus sentimentos sem ter
medo de ser rejeitado. Com os nossos
pensamentos e palavras criamos o mundo em
que vivemos!
Saúde: Cuidado com o calor.
Dinheiro: Poderá ter que optar por um ou
outro emprego que lhe surja.
Número da Sorte: 6
Números da Semana: 33, 20, 4, 36, 19, 1
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Aprendo a escolher aquilo
que é melhor para mim.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: 8 de Ouros, que significa
Esforço Pessoal.
Amor: O seu coração está um pouco dividido,
pense bem qual o caminho que deve seguir.
Tenha a convicção de que é uma pessoa com um
potencial intelectual enorme. Aprenda a soltar
toda essa Força e Luz interior que desconhece.
Saúde: Faça uma limpeza geral aos seus
dentes para poder ter um sorriso radiante.
Dinheiro: A vitalidade e esforço que tem
demonstrado no trabalho estão a ser muito
favoráveis para si.
Número da Sorte: 72
Números da Semana: 20, 47, 6, 22, 45, 9
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: Graças ao meu esforço e
confiança em mim próprio consigo vencer
todos os obstáculos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: Rei de Espadas, que
significa Poder, Autoridade.
Amor: A concórdia e o amor reinarão na sua
relação afectiva. A felicidade na sua casa
depende da educação que der aos seus filhos,
por isso, preste atenção à formação que lhes dá.
Saúde: Tente controlar as suas emoções para
que o seu sistema nervoso não se ressinta.
Dinheiro: Não haverá nenhuma alteração
significativa.
Número da Sorte: 64
Números da Semana: 24, 17, 46, 30, 9, 11
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Sei usar a minha
autoridade com justiça e rectidão.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
Descubra as diferenças
Entre estes dois desenhos existem 8 diferenças. Consegue encontrá-las?
31 de Janeiro a 6 de Fevereiro
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: 6 de Paus, que significa
Ganho.
Amor: O seu companheiro poderá estar mais
afastado mas não será nada de preocupante.
A força do impulso está em si e só você pode
criar as circunstâncias propícias à realização
dos seus projectos. Tome a iniciativa, é você
que cria as oportunidades!
Saúde: Muito favorável, aproveite e pratique
exercício físico.
Dinheiro: Notará que o seu esforço a nível
de trabalho será recompensado.
Número da Sorte: 28
Números da Semana: 41, 23, 47, 36, 21, 27
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: Ganho o respeito dos
outros porque me respeito a mim mesmo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 20-12
Carta Dominante: Valete de Paus, que
significa Amigo, Notícias Inesperadas.
Amor: Irá manifestar-se em si uma grande
energia sensual. Enfrente os seus medos e as
suas dúvidas e será feliz!
Saúde: Não seja céptico quanto à medicina
natural.
Dinheiro: Resolverá os seus problemas facil-
mente.
Número da Sorte: 33
Números da Semana: 22, 17, 36, 40, 9, 25
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: Estou disponível para
as alegrias que a amizade me traz!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
SUDOKU
As regras do sudoku são simples:
Aquário introduzir um dígito numérico de
1 a 9 em cada célula de uma
20-1 a 18-2
matriz 9x9 feita por regiões de
Carta Dominante: Valete de Copas, que
significa Lealdade, Reflexão.
3x3, começando com vários
Amor: Permita que a sua relação seja mais dígitos dados nalgumas células.
liberal, não é a prender a outra pessoa que Cada linha, coluna e região só
conseguimos que ela nos ame. Seja paciente e pode conter apenas uma vez cada
compreensivo com as pessoas que vivem a seu número.
lado!
Solução:
Saúde: Tente não andar muito tenso.
Dinheiro: Sem preocupações.
Número da Sorte: 47
Números da Semana: 14, 19, 23, 46, 2, 42
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: Sou leal e sincero para
com os outros e comigo mesmo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Peixes
19-2 a 20-3
Farmáciasde serviço
Carta Dominante: Rei de Paus, que significa
Força, Coragem e Justiça.
Amor: Seja mais audaz no amor. “Ama o pró-
Praia S. Vicente
ximo como a ti mesmo” – Esta foi a 04/02 – Farmácia Santa Isabel 04/01 – Farmácia Jovem
mensagem que Cristo nos deixou; se a seguir
será feliz! 05/02 – Farmácia Universal 05/01 – Farmácia Mindelo
Saúde: O excesso de ansiedade não é 06/02 – Farmácia 2000 06/01 – Farmácia Avenida
favorável para a sua saúde.
Dinheiro: Seja mais equilibrado nos seus gastos. 07/02 – Farmácia Moderna 07/01 – Farmácia Leão
Número da Sorte: 36
Números da Semana: 20, 13, 4, 26, 7, 10 08/02 – Farmácia Central 08/02 – Farmácia Nena
Dia mais favorável: sexta-feira 09/02 – Farmácia St.º António 09/02 – Farmácia Higiene
Lema da Semana: Tenho a força e a coragem
necessárias para exercer a justiça na minha 10/02 – Farmácia Africana 10/02 – Farmácia Jovem
vida!
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22 113/02 – Farmácia Avenida
 Já • Sexta-feira 4 Fevereiro 2011 • 19

cachupada
Telenovelas PALAVRAS CRUZADAS
RECORD • Ribeirão do Tempo
Horizontais: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1 – Infracção de um dever; Tufos.
2 – Ópera em quatro actos, de Verdi; Terraço. 1
3 – Inventa; Massa gelatinosa obtida a partir das
chamadas soluções coloidais.
2
4 – Asa; Habitante dos Açores.
3
5 – Gracejar; Outra coisa; Aragem.
6 – Ir à rua; Deuses da mitologia escandinava que 4
representam as forças da Natureza.
7 – A parte mais larga dos membros dianteiros das reses; 5
“Privação”; “Save our souls”.
8 – Comida; Nesse lugar. 6
9 – Santo; Lisonjeadora.
10 – Danificação; Cidade e sede de concelho português 7
Tito declara-se a Filó (Aveiro).
8
11 – Honesto; Perfume.

Q uerêncio conversa com Marisa sobre o seu dia na prefeitura e eles

arrumam-se para a festa da tomada de posse. Célia e Bruno confer-
em se está tudo pronto para a festa quando chega um caminhão que traz um
Verticais:
1 – Pintar com cal diluída em água; Prédios.
9
10
barril gigante de cachaça. Teixeira chama Bruno e Célia para conversar 2 – Versejais; Limpe.
reservadamente. Teixeira dá notícia aos dois e diz que falou com o seu 3 – Partida; Tirar à força. 11
amigo na Europa. Eles esperam que Bruno seja nomeado no lugar de 4 – Feiticeira; Andavam; Troça.
Arminda com a ajuda desse amigo, Thomas. 5 – Erguer; Nome pessoal masculino.
6 – Vinho que se aplica em medicamentos, como
Elza diz a Diana que Arminda não parece estar bem. A menina vai conver-
excipiente; Anã. 11 – SERIO; AROMA.
sar com Arminda, que lhe que talvez elas tenham de ir para a Europa.
7 – Reduzir a fio; Dólmen.
Diana fica aflita e pergunta sobre Joca. Arminda tenta acalmá-la. As duas 8 – “Agente”; Caminhavas; Cheiro.
9 – SAN; LOADORA. 10 – AVARIA; OVAR.
se abraçam tristes com a situação. A festa continua. André e Sónia dançam. 9 – Oficinas com os aparelhos necessários para
6 – SAIR; ASES. 7 – C; PA; AN; SOS. 8 – ALIMENTO; AI.
Sereno toma cachaça. Mateus, Newton e Iara esperam Tito para ir à festa. espremer uvas, maçãs, etc.; Origem.
3 – IMAGINA; GEL.4 – AA;AÇORIANA.5 – RIR; AL;AR; R.
Tito vai conversar com Filomena para ver se a anima. Mateus demonstra 10 – Paraíso terreal, de que fala a Bíblia; Ecoarem. Horizontais: 1 – CRIME; FOLES. 2 – AIDA; EIRADO.
interesse sobre o que está a aconter com o casal e Newton o corta. 11 – Moradia de família nobre ou importante; Fechara Soluções:
Filomena confessa a Tito que ficou magoada com a atitude de Karina e os parcialmente as asas (uma ave), para descer mais
dois têm uma longa conversa sobre o acordo. Tito declara-se a Filó. Karina depressa.
confirma com Zuleide o plano de enviar as fotos a Filomena. Tito e Filó se
beijam apaixonadamente. Rosa chama Sergio para dançar. Iara bate na
porta de Filomena e Tito. Eles dizem através da porta que Iara pode ir
porque eles vão ficar em casa. Tito deita Filomena na cama e a beija. Receitasda Ermengarda
SIC • Passione

Bifes de Peru Recheados Bolo Mousse de

com Ameixa Chocolate
Ingredientes: Ingredientes:
• bifes finos de peru • 6 ovos
• sal • 200gr chocolate em tablete
• pimenta de moinho • um pouco de chocolate em pó para polvilhar
• 4 fatias de fiambre • raspas de chocolate branco, amêndoa picada, chocolate
Fred é eleito presidente da Metalurgica • 4 fatias de queijo mozzarella granulado ou coco para polvilhar
• 8 ameixas secas descaroçadas

M auro fica indignado com a mensagem de Fred. Fred convence

Melina a vender as suas ações. Totó paga a um advogado para aju-
dar Valentina. Diogo afirma a Olga que o seu plano contra Clara dará certo.
Agostina acompanha Berilo até à casa de Jéssica e Olavo estranha o com-
portamento da filha diante do ex-marido. Gerson liga o computador logo
que a sua mãe o deixa sozinho.
Mauro dá conta a Bete sobre a sua demissão. Melina fica indignada por
Fred ter vendido as suas ações para a sócia maioritária da metalúrgica. Totó
não acredita na história de Agnello. Mauro e Diana namoram. Stela garante
a Arthurzinho que deixará Agnello por causa dos seus filhos. Laura leva
Lorena a um evento de moda.
Fred convence os acionistas minoritários a indicarem o seu nome para a
presidência da metalúrgica. Lorena fica animada ao fazer uma entrevista
com uma estilista. Felícia procura Gerson e ele decide contar o seu segre-
do para o psiquiatra. Fred é eleito o novo presidente da metalúrgica.
• 4 pepinos de conserva
• 80 g de margarina
• 1 cálice de vinho do Porto
Coloque os bifes de peru sobre uma tábua de cozinha, cubra
com película aderente e espalme-os de forma a ficarem bem
finos. Depois tempere-os com sal e pimenta moída na altura
e, sobre cada um, coloque uma fatia de fiambre e outra de
queijo mozzarella.
Recheie as ameixas descaroçadas com os pepinos de
conserva cortados ao meio. Coloque 2 ameixas recheadas
sobre cada bife, dobre ao meio e prenda com um palito.
Derreta metade da margarina numa frigideira larga e aloure
os bifes recheados de ambos os lados.
Junte a restante margarina e o vinho do Porto, tape e deixe
cozinhar cerca de 10 minutos até a carne estar tenra.
Misturar as gemas com o chocolate derretido em banho
maria (ou no microondas).
Adicionar as claras batidas em castelo.
Dividir a massa em duas partes: uma que vai ao frigorífico
(para solidificar tipo mousse) e outra que vai ao forno em
forma (untada e polvilhada de chocolate em pó) durante 20
minutos a 175ºC .
Depois de cozida, desenformar, deixar arrefecer e espalhar
por cima a mousse que entretanto esteve no frigorífico.
Recolocar o bolo no frigorífico e no momento de servir,
espalhar por cima raspas de chocolate branco (ou amêndoa
picada, ou chocolate granulado, ou coco...).

bai-bai
Oceano
coração de leão
Enquanto futebolista, Oceano atuou
a médio e defesa-central e passou
por diversas equipas: Almada (1978-
1980); Nacional (1980-1982); Sporting
(1982-1990 e 1994-1998); Real Sociedad
(1990-1994) e Toulouse (1998-1999).
Foi internacional sub-21 e pela seleção
principal portuguesa (54 jogos, 8 golos).
Depois da carreira como jogador,
estreou-se como técnico na Seleção
portuguesa de sub-21, onde não
conseguiu qualificar a equipa lusa para a
fase final do Campeonato da Europa.
Diz-se que pagou, por arrastamento,
os problemas surgidos com o antigo
selecionador Carlos Queirós.
Já SEMANÁRIO GRATUITO
Sexta-feira 4 Fevereiro 2011
Escreva-nos:
semanarioja@gmail.com
Poderia chamar-se Oceano Coração de Leão ao cidadão Oceano Andrade da
Cruz, tal o carinho com que fala sempre do clube das camisolas verdes onde
despontou e o levou a integrar aquela plêiade de grandes desportistas que
deram um ritmo cabo-verdiano ao futebol português
N
asceu a 29 de Julho de 1962 na terra natal ção de ouro”: Cristiano Ronaldo, depois de Figo, Rui
de Cesária Évora, a ilha de São Vicente, Costa, Paulo Futre, Nuno Gomes. Estará em perigo
mas chegou menino a Portugal. Talvez essa “cantera” de novos valores?
pelas suas origens crioulas, por ter nasci- Diz Oceano, baseando-se na sua experiência como
do no berço da cultura cabo-verdiana, treinador dos sub-21 portugueses,
o futebolista herdasse nos seus genes cargo que abandonou recentemente:
esse bichinho da música, cantarolan- Sente-se que o clube “Temos nas seleções grandes talen-
do, em roda de colegas, como aconte- leonino, o da cor verde, tos, grandes jogadores em potência e
ceu em muitos estágios das seleções é necessário conseguir inseri-los den-
portuguesas. Quem sabe se a aridez faz parte do seu coração. tro de uma dinâmica de equipa,
da ilha e o vigor que as gentes E que bem precisam de porque, no fundo, ninguém no futebol
vicentinas dão mostras não moldaram
alento os leões de Lisboa: consegue ganhar individualmente,
as caraterísticas que evidenciaram o sem atender ao sucesso da equipa.
futebolista como emérito centro um clube a precisar Temos de partir do princípio que a
campista: impetuoso a afrontar os
adversários – à imagem dos
de uma injeção de vigor, equipa está sempre em primeiro lugar
e, quando se conseguem bons resulta-
pescadores do Mindelo na sua faina, de uma verde onda dos coletivamente, logicamente, e de
indo ao encontro dos oceanos, des-
bravando-os com denodo - ágil, com
avassaladora igual à que uma forma natural, as individuali-
dades acabam por se evidenciar.
“pulmão” que lhe permitia aguentar se faz sentir no chão natal Reforço que esse talento tem de sur-
os noventa minutos do jogo sempre
em ritmo acelerado – não é essa gesta
do futebolista gir assim mesmo, de forma natural,
pois o grande palco da Seleção
que carateriza a diáspora cabo-ver- Nacional não pode ser utilizado para
diana, o pulmão acelerado da partida e do regresso, das vaidades ou afirmação apenas individual, pois quem
memórias que não se esgotam, dos ideais, os símbolos pensar dessa forma não pode ter lugar numa seleção
que permanecem?... nacional».
Oceano Cruz demitiu-se do cargo de treinador da
O espírito de seleção Selecção Nacional de sub-21 depois de falhar o apura-
Convém ouvir o que Oceano pensa – fala a voz da mento para o Europeu da categoria, entrando em rota
experiência - sobre como devem os futebolistas, de de colisão com o presidente da FPF, Gilberto Madaíl, a
Cabo Verde a Portugal, encarar o espírito de seleção quem acusa de não o ter apoiado e de o ter desiludido:
que ele serviu, desde jogador a treinador das camadas ”Nunca senti o apoio de Madaíl. Desde que fui sele-
mais jovens: cionador, ele nunca foi a um estágio desejar-me sorte,
“Os símbolos da Seleção Nacional são as pessoas que ao contrário do que fez com outros selecionadores da
sentem o orgulho de ouvir o hino, quem se sente orgu- categoria”.
lhoso da sua nacionalidade, quem tiver o prazer de re- Oceano diz que o Sporting será sempre “a minha
presentar a sua Pátria. Eu tive o prazer, o orgulho e a primeira casa”: sente-se que o clube leonino, o da cor
responsabilidade de representar muitas vezes (58 verde, faz parte do seu coração. Um clube a precisar de
ocasiões, 54 das quais na Seleção “A” e quatro na uma injeção de vigor, de uma verde onda avassaladora
Olímpica), a nossa Seleção como jogador, o que me dá igual à que se faz sentir no chão natal do futebolista.
um prazer e uma alegria especial”. Talvez do regresso Oceano, agora como treinador:
Depois do fenómeno Cristiano Ronaldo, há quem fale “Sinto que o meu futuro, mais tarde ou mais cedo, pas-
em crise de valores no futebol luso, particularmente sará pelo Sporting”.
nos setores mais jovens, onde surgiu a chamada “gera- Oceano Cruz, sempre verde…