Você está na página 1de 3

Alguns estudiosos dos assuntos africanos, como Édouard Glissant,

elegem a opacidade (l’opacitè) como uma característica fundamental da


cultura e da arte em África. Não entrando nessa discussão, há que dizer
que, do ponto de vista do direito e da política, a opacidade ajuda muito
pouco a criar sociedades mais justas em África. Este ponto é muito claro
na nomeação em curso do novo presidente da Comissão Nacional
Eleitoral de Angola (CNE). A opacidade deveria ser mantida bem longe
do processo. Nunca é demais sublinhar que esta nomeação é
fundamental no actual período político angolano. Fundamental por duas
razões. Primeiro, porque é um teste às propaladas intenções reformistas
de João Lourenço. Vai o presidente da República deixar que se nomeie
um presidente da CNE sem qualquer intervenção sua? Segundo, porque
a nomeação do novel presidente da CNE é o pontapé de saída do
processo eleitoral que aí vem, o qual começa

O presidente da República, João Lourenço, enviou-me uma nota de


agradecimento pela matéria e os alertas sobre o Bairro dos Ministérios.
De acordo com a mensagem, transmitida pelo seu director de gabinete,
Edeltrudes Costa, o presidente ficou sensibilizado com as revelações
contidas na minha investigação. João Lourenço garante de forma
inequívoca que, na Chicala II, “não haverá mais Bairro dos Ministérios”.
O presidente faz ainda saber que tomará medidas adequadas ao caso
nos próximos dias. “Haverá novos desenvolvimentos”, garante. Este
assunto demonstra quão longa é a caminhada de Angola rumo à
construção de um Estado voltado para os seus cidadãos e garante da
prosperidade e liberdade de todos. É um percurso cheio de armadilhas,
falsidades e densas florestas sombrias onde, muitas vezes, não é
possível distinguir o amigo do inimigo. Esta atitude frontal, honesta e
determinada do presidente demonstrará a seriedade do seu
comprometimento com o caminho do progresso e […]

Em vez de Bairro dos Ministérios, temos o Bairro dos Mistérios, onde o


presidente João Lourenço foi emboscado no labirinto da corrupção que
procura combater. De forma extraordinária, pelo seu próprio punho, o
presidente tem dado ordens e contra-ordens de tal modo contraditórias,
que os seus actos de boa governação são ensombrados por algumas
das suas próprias más decisões. Uma delas é o Despacho n.º 19/19, de
2 de Fevereiro passado, que autorizou a celebração de um contrato com
a Sodimo para a aquisição de um terreno de 211,7 mil metros quadrados
pelo valor de 344 milhões de dólares. Trata-se do terreno, na Chicala II,
para a construção do Centro Administrativo de Luanda, mais conhecido
por Bairro dos Ministérios. Um dos principais beneficiários desse dinheiro
é o MPLA. Ora, João Lourenço é presidente do MPLA, o partido que é
sinónimo de corrupção. As redes sociais têm fervilhado com denúncias
sobre […]
om alguns golpes toscos, a filha de um governador saqueia perto de 900
milhões dos cofres do Estado. Gasta grande parte do dinheiro na
manutenção de uma vida de luxo e ganha as obras para a construção de
um hospital municipal por mais de 600 milhões de kwanzas, com uma
empresa-fantasma, no âmbito da política de luta contra a pobreza. O que
fazer? A captura do Estado por algumas famílias dirigentes do MPLA
deve merecer um sério debate nacional, de modo a resgatar o país e
devolvê-lo aos seus legítimos soberanos, conforme a Constituição: o
povo angolano. De forma corajosa, o presidente João Lourenço tem
denunciado os níveis de corrupção desenfreada no seio do seu próprio
partido, o MPLA, e do seu governo. Poucos reflectem sobre o que deve
ser o pesadelo de estar rodeado de corruptos que a todo o custo o
querem tornar refém, enquanto continuam o festim […

A manutenção e gestão do palácio presidencial e dos edifícios que fazem


parte do seu complexo protocolar, incluindo o Conselho de Ministros,
estava a cargo de uma empresa privada de gestores públicos, sendo que
o contrato que valida este acordo foi assinado pela secretária do
departamento jurídico dessa empresa. Por parte da Presidência da
República, assina o director-geral do Gabinete de Obras Especiais
(GOE). A questão aqui é: porque é que a Presidência da República
aceitaria assinar um contrato com uma empresa representada por uma
simples secretária de departamento? No palácio presidencial encontra-se
o coração do poder em Angola. Na época de José Eduardo dos Santos,
aí estava também o epicentro da corrupção no país. A 1 de Julho de
2016, Sulema Azaida Malua, secretária do departamento jurídico da
empresa Riverstone Oaks Corporation (ROC), assinou, em nome da SG
Services – Lda., dois contratos relativos à “Gestão Operacional e
Manutenção […]

“Toda a grande caminhada começa com um simples passo”, terá dito


Buda. Independentemente de ter ou não ter sido ele o autor do aforismo,
o que importa reter é o espírito que deve acompanhar o funcionamento
da justiça, nesta hora de grande pressão para mudanças reais em
Angola. Um dos maiores legados que a magistratura de João Lourenço
poderá deixar é de facto este: a promoção e a garantia da
independência, imparcialidade e bom funcionamento da justiça angolana.
Alguns simples e pequenos passos estão a ser dados no caminho certo
relativamente aos direitos humanos. Mencionamos dois, a título de
exemplo. Tem sido reportado nestas páginas o caso do falso rapto do ex-
pastor Daniel Cem, que envolveu tortura, morte, e julgamentos
enviesados. A invenção de um rapto, a indescritível tortura de um
inocente por altos oficiais do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e a
obstinada parcialidade do juiz de causa, que […]
READ MORE

Você também pode gostar