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ARTE HOLANDESA

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No século 17, os portugueses defenderam o Brasil dos invasores ingleses,


franceses e holandeses. Porém, os holandeses resistiram e se instalaram no
nordeste do País entre os anos de 1630 a 1654.

O conde Johann Moritz of Nassau-Siegen, conhecido pelo nome Maurício de


Nassau, governou a colônia holandesa no Nordeste do Brasil, com a capital em
Recife, de 1637 a 1643.

Como humanista, ele estimulou as artes e as ciências, sendo assim um


incentivador das investigações na história natural, da botânica e da zoologia dos
trópicos. A fauna e a flora foram, exaustivamente, apreendidas como objetos de
pesquisa.

Além disso, Nassau mandou construir um observatório astronômico, um jardim


botânico e trouxe com ele uma comitiva de artistas da pintura flamenga e
cientistas.

Foi sob a orientação de Nassau que o arquiteto Pieter Post projetou a construção
da Cidade Maurícia e também os palácios e prédios administrativos.

Embora fosse comum a presença de artistas nas primeiras expedições enviadas


à América, Maurício de Nassau afirmou, em carta à Luiz XIV, em 1678, ter a sua
disposição seis pintores no Brasil, entre os quais estavam Frans J. Post e Albert
Eckhout.

Os chamados pintores de Nassau, por não serem católicos, puderam facilmente


dedicar-se a temas profanos, o que não era permitido aos portugueses. Em
consequência disso foram os primeiros artistas no Brasil e na América a abordar
a paisagem, os tipos étnicos, a fauna e a flora como temática de suas produções
artísticas, livre dos preconceitos e das superstições que era de praxe se encontrar
nas representações pictóricas que apresentavam temas americanos. Foram
verdadeiros repórteres do século XVII.

Se as pinturas holandesas fomentadas por Maurício de Nassau surgiram pelo


ímpeto científico, é inegável que a aura artística inerente a elas se entrelaça aos
significados epistemológicos. O caráter simbólico e subjetivo que pinturas e
desenhos possuem permite transcender o conteúdo descritivo; portanto,
tornando-se sensível e contundente como obra de arte.

Destacamos dois pintores mais relevantes dessa comitiva:

Frans J. Post (1612-1680) nasceu e morreu em Haarlem, Holanda, foi pintor,


desenhista e gravador. Era irmão do arquiteto Pieter Post. Tinha 24 anos quando
chegou ao Brasil, contratado por Nassau, residindo em Recife entre 1637 e 1644.
Sua principal tarefa nas novas terras era documentar paisagens, tomando
apontamentos de portos e fortificações. É considerado o primeiro paisagista a
trabalhar nas Américas.
Foi autor de cerca de 150 obras, costumava pintar pequenas figuras para
funcionar como pontos de atração nos quadros e deixá-los mais interessantes.
Vários museus do mundo mantêm em seus acervos obras de sua autoria. No
Brasil, podemos ver a sua obra no MASP, em São Paulo e MNBA no Rio de Janeiro.
Albert Eckhout (1610-1666) nasceu em Groninger, Holanda. Trabalhava em
Amsterdã como ilustrador, e aos 26 anos foi convidado para missão artística de
Nassau. Esteve no Brasil entre 1637 e 1644. No período em que esteve no
Nordeste brasileiro desenvolve intensa atividade como documentarista da fauna
e da flora e como pintor de tipos humanos e seus costumes. Nesse período,
produz cerca de 400 desenhos e esboços à óleo. Ficou fascinado pelo o que
encontrou no Brasil.
Os personagens retratados obedecem a um esquema estrutural predominante:
são vistos solitários, em meio à exuberante vegetação vertical tropical. Por outro
lado, um quadro que foge à regra é Dança dos Tapuias, que representa um grupo
de indígenas dançando com seus tacapes e alcança grande realismo e senso de
movimento.

O Conde de Nassau frequentemente ofereceu obras de Eckhout como presente à


nobreza europeia. O rei da Dinamarca recebeu vinte pinturas retratando tipos
brasileiros e naturezas-mortas. O rei da França recebeu uma coleção de pinturas
que foi usada para fazer tapeçarias, as chamadas “Tapeçarias das Índias”
tornaram-se muito conhecidas e foram tão copiadas que os cartões originais se
estragaram. Os trabalhos de Eckhout contribuíram para que os europeus se
interessassem pelo Brasil.
Maurício de Nassau planejava documentar toda sua estadia em terras
brasileiras, e ao voltar para Holanda mandou publicar, em 1947, o livro Rerum
per octennium in Brasilia, editado por Gaspar Barlaeus, uma crônica ilustrada
contando seus feitos, o que resultou numa grande obra. Os dois pintores que
destacamos acima foram encarregados também de produzir gravuras para
ilustrar os volumes, sendo 32 delas assinadas por Frans J. Post, feitas em 1645.

Franz J. Post pitava pequenas figuras para funcionar como pontos de atração nos
quadros e deixá-los mais interessantes. Aliás, na pintura holandesa da mesma
época, especialmente naturezas-mortas, eram comuns esses pequenos
elementos, como insetos em flores ou gotas de orvalho escorrendo sobre folhas.

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