Você está na página 1de 221

SIMULADO 1

COMENTÁRIOS PRELIMINARES

1
INSTRUÇÕES PARA O ENVIO DE RECURSOS:

i. Enviar impugnação via e-mail para o endereço eletrônico do professor


responsável, que está identificado acima dos enunciados;

ii. Registrar no assunto do e-mail a designação “recurso”, o nome curso, a


matéria e o número da questão (Ex.: RECURSO - PGE/SE –
ADMINISTRATIVO – QUESTÃO 1).

iii. O prazo para envio das impugnações aos comentários desta rodada é até
às 23:59h do dia 01/09/2017. Recursos intempestivos não serão
conhecidos.

iv. Qualquer erro ou situação relacionada ao recurso, tratar diretamente


com o professor responsável via e-mail ou whatsapp, cujo número está
no grupo de acompanhamento.

BONS ESTUDOS!

2
Direito Administrativo
Professor(a) responsável: Víctor Barbosa
victor.barbosa@coachingpge.com.br

01. Em relação aos princípios administrativos, assinale a opção correta.


a) Em atenção ao princípio da motivação, a administração pública deve indicar
os fundamentos de fato e de direito de suas decisões, sendo vedada a remissão
aos fundamentos adotados por órgão diverso daquele que profira a decisão.
b) Os institutos da suplência, da delegação e da substituição para o
preenchimento de funções públicas temporariamente vagas no âmbito da
administração pública decorrem da aplicação do princípio da continuidade
do serviço público.
c) O princípio da segurança jurídica sempre poderá ser invocado para impedir
que a administração pública anule atos praticados sem a observância de lei.
d) Dadas as prerrogativas que integram o regime jurídico-administrativo, a
administração pública pode, por simples ato administrativo, conceder direito
de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos administrados.
e) A possibilidade de encampação da concessão de serviço público decorre da
aplicação do denominado princípio da especialidade.

Comentários:

Item a: incorreto. A autoridade, ao decidir, pode fazer remissão a


fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, nos
termos do art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Trata-se da chamada motivação
aliunde, per relationem ou referencial.

Item b: correto. Os institutos em questão permitem que os serviços públicos


não parem, por exemplo, por impedimento ou férias do titular da competência,
sendo, portanto, hipóteses de aplicação concreta do princípio da continuidade
do serviço público.

3
Item c: incorreto. Nem sempre o princípio da segurança jurídica tem o poder
de impedir a anulação dos atos administrativos ilegais; como regra, tais atos
devem ser anulados pela administração. Ao contrário: em regra, a
Administração deve anular os atos administrativos reputados ilegais, somente
deixando de assim proceder em casos excepcionais, como na hipótese em que
tiver decorrido mais de cinco anos da prática do ato que beneficia alguém de
boa-fé, nos termos do art. 54 da Lei nº 9.784/99 ou quando se tratar de vício
sanável em situação concreta que enseje a convalidação do ato (art. 55 da Lei
nº 9.784/99).

Item d: incorreto. O princípio da legalidade impede que a Administração crie,


por ato infralegal, direitos, obrigações e vedações não previstos em lei aos
administrados.

Item e: incorreto. A encampação de serviço público (extinção de uma


concessão de serviço público por motivo de interesse público) decorre do
princípio da autotutela da Administração, que permite que esta reveja seus
atos quando ilegais (anulação) ou quando convenham mais ao interesse público
(revogação, para os atos em geral, e encampação, para as concessões).

___________________________________________________________________

02. Acerca dos temas organização administrativa e princípios


administrativos, assinale a opção correta.
a) Os órgãos públicos integram a estrutura do Estado e das demais pessoas
jurídicas como partes desses corpos vivos. Os órgãos públicos possuem
personalidade jurídica própria e mantêm relações funcionais entre si com
terceiros, das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma
legal ou regulamentar.
b) A publicidade, como princípio da administração pública, abrange toda
atuação estatal e não-estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de

4
seus atos como também de propiciação de conhecimento da conduta interna
de seus agentes, tais como pareceres e processos em andamento.
c) A obrigação de que a administração pública observe estritamente o
disposto no edital na realização de concursos públicos decorre do princípio
constitucional da vinculação editalícia.
d) A exigência de que o administrador público atue com diligência e
racionalidade, otimizando o aproveitamento dos recursos públicos para
obtenção dos resultados mais úteis á sociedade, se amolda ao princípio da
continuidade dos serviços públicos,
e) Pelo princípio da motivação, é possível a chamada motivação aliunde, ou
seja, a referência, no ato, à sua concordância com anteriores pareceres,
decisões ou propostas, como forma de suprimento da motivação do ato.

Comentários:

Item a: incorreto. Os órgãos públicos não têm personalidade jurídica,


sendo apenas uma unidade com atribuição específica dentro da organização do
Estado.

Item b: incorreto. A publicidade é princípio típico da administração


pública, previsto no caput do art. 37 da Constituição Federal. Referido
princípio não abrange a atuação não-estatal, guiada pela inviolabilidade a
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (art. 5º, X, da
CF).

Item c: incorreto. O princípio da vinculação editalícia não está


expressamente previsto na Constituição, que prevê apenas os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Item d: incorreto. O princípio narrado na narrativa é o da eficiência, e


não o da continuidade do serviço público. Ao ler a afirmativa, percebe-se que
o administrador que cumpre o narrado está sendo eficiente. O princípio da

5
continuidade do serviço público, por sua vez, é aquele que determina que os
serviços públicos não parem e fiquem sempre à disposição da população.

Item e: correto. A motivação aliunde ou referencial, como dito em


questão pretérita, encontra fundamento legal no art. 50, § 1º, da Lei nº
9.784/99.

___________________________________________________________________

03. Sobre a organização da administração pública, analise os itens a seguir


e assinale a alternativa correta.
I. São autarquias especiais as agências reguladoras, as universidades e as
Organizações Sociais.
II. A OAB é uma autarquia especial, exigindo-se concurso público para a
admissão dos contratados sob regime trabalhista, segundo o STF.
III. A autonomia das autarquias projeta-se no plano financeiro, vedada a
transferência de recursos do orçamento do ente que a instituiu.
IV. O Conselho Federal de Medicina exerce Poder de Polícia.
Estão corretas apenas:
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) IV.
e) nenhuma das assertivas está correta.

Comentários:
Item I: incorreto. As Organizações sociais não são pessoas jurídicas de
direito privado e não autarquias.
Item II: incorreto. A OAB não integra a Administração Indireta da União
e configura uma entidade independente, não possuindo vínculo a qualquer
órgão administrativo, nem se sujeita a controle ministerial. O pessoal da OAB

6
é regido pela CLT e não se exige prévia aprovação em concurso público para a
contratação de servidores.
Item III: incorreto. Os recursos das autarquias podem ser oriundos tanto
de suas próprias atividades como de recursos do ente que as criou, através do
orçamento.
Item IV: correto. O Conselho Federal de Medicina exerce poder de
polícia. São considerados autarquias, forma sob a qual atuam os conselhos de
fiscalização profissional, que são criados por lei e possuem personalidade
jurídica de direito público, exercendo uma atividade tipicamente pública, qual
seja, a fiscalização do exercício profissional.

___________________________________________________________________

04. No que concerne aos poderes da administração, assinale a opção


correta.
a) Segundo o STF, relativamente ao poder de polícia, é possível a delegação dos
ciclos de polícia a pessoa jurídica de direito privado, desde que mediante lei.
b) Forma de conferir liberdade ao administrador público, o poder
discricionário permite que a autoridade, mediante os critérios de
conveniência e oportunidade, opte pela ação que melhor propicie a
consecução do interesse público, atuação que se sobrepõe aos limites da lei.
c) O poder regulamentar permite que o ato normativo derivado inove e
aumente os direitos e obrigações previstos no ato de natureza primária que
o autoriza, desde que tenha por objetivo o cumprimento das determinações
legais.
d) Segundo o STF, é inconstitucional, por ofensa ao princípio da livre
concorrência, lei municipal que impeça a instalação de estabelecimentos
comerciais do mesmo ramo em determinada área.
e) O poder de polícia no ordenamento jurídico brasileiro é tratado,
exclusivamente, no âmbito infraconstitucional.

7
Comentários:
Item a: incorreto. O Poder de Polícia deve ser exercido exclusivamente por
autoridade pública. Todavia, a doutrina passou a sustentar que os atos
meramente materiais ou executórios (consentimento e fiscalização) podem ser
delegados a particulares, de forma que somente os atos de efetiva restrição
de direitos dos particulares (ordem de polícia e sanção) devem ficar a cargo de
pessoas jurídicas de direito público. Assim, o poder de polícia é dividido em
quatro ciclos de polícia: ordem, consentimento, fiscalização e sanção. A
delegação a pessoa jurídica de direito privado somente pode ocorrer em parte
dos ciclos, como dito anteriormente. Dessa forma, a assertiva está equivocada
por generalizar a possibilidade de delegação. Atente-se, todavia, à
jurisprudência do STF, que analisará o caso no ARE 662.186 RG / MG, AFETADO
À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL (Tema 532 da repercussão geral). Veja
a ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. APLICAÇÃO DE MULTA
DE TRÂNSITO POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PODER DE POLÍCIA.
DELEGAÇÃO DOS ATOS DE FISCALIZAÇÃO E SANÇÃO A PESSOA JURÍDICA DE
DIREITO PRIVADO.
Item b: incorreto. O administrador público não pode agir fora da lei. Mesmo
quando há um ato discricionário, esse ato não traz liberdade total, mas apenas
uma margem de liberdade com limites estabelecidos na própria lei.
Item c: incorreto. O poder regulamentar tem por finalidade minudenciar o
conteúdo da lei, e não inovar na ordem jurídica.
Item d: correto. Trata-se de assertiva em consonância com o conteúdo da
Súmula nº 646 do STF: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal
que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área”.
Item e: incorreto. O poder de polícia também é tratado na Constituição
Federal, como uma das hipóteses de incidência de taxa (art. 145, II, da CF).

___________________________________________________________________

8
05. A respeito dos atos administrativos, assinale a alternativa incorreta.
a) Ato perfeito é aquele que teve seu ciclo de formação encerrado, por ter
esgotado todas as fases necessárias à sua produção.
b) Ato consumado é o que já produziu todos os seus efeitos.
c) Ato administrativo pendente é aquele que, embora perfeito, está sujeito a
condição ou termo para que comece a produzir efeitos.
d) Ato administrativo é aquele praticado no exercício concreto da função
administrativa pelos órgãos do Poder Executivo ou pelos órgãos judiciais e
legislativos. Assim, um tribunal de justiça estadual, quando concede férias aos
seus servidores, desempenha uma função administrativa.
e) Poder hierárquico é o que a administração exerce sobre todas as
atividades e bens que afetam ou possam afetar a coletividade.

Comentários:

Item a: correto. Ato perfeito, ao contrário do que poderia se presumir, não é


o ato praticado de acordo com as normas de regência, mas o ato que completou
as etapas necessárias para sua existência.

Item b: correto. Ato consumado é aquele que já exauriu todos os seus efeitos.
No Direito Administrativo, ele já não pode mais ser impugnado na via
administrativa, nem na jurisdicional. No entanto, se causar danos a terceiros
ou for ato ilícito, gera responsabilidade.

Item c: correto. Ato pendente é aquele cuja produção de efeitos é subordinada


a condição ou termo. Não se trata de ato imperfeito, vez que já completou seu
ciclo de formação, ou seja, possui aptidão para a produção de efeitos, os quais
se encontram suspensos.

Item d: correto. O executivo pratica, tipicamente, a atividade administrativa,


ao passo que o Legislativo e o Judiciário praticam, tipicamente, as atividades
legislativa e jurisdicional, respectivamente, bem como praticam,
atipicamente, atividades administrativas, ocasiões nas quais praticam atos
administrativos.

9
Item e: incorreto. A definição trazida na assertiva está ligada ao poder de
polícia. “Poder Hierárquico é o instrumento disponibilizado à Administração
para distribuir e escalonar as funções dos seus órgãos, ordenar e rever a
atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os
servidores do seu quadro de pessoal” (Hely Lopes Meirelles).

___________________________________________________________________

06. Acerca do controle jurisdicional de legalidade dos atos administrativos,


assinale a opção correta.
a) A evolução no controle judicial dos atos administrativos permite,
atualmente, que o magistrado substitua o administrador e reavalie o mérito do
ato administrativo, com a finalidade de alterar a conveniência e oportunidade
manifestadas pela administração na realização do referido ato.
b) A doutrina majoritária entende não ser possível o controle judicial das
omissões administrativas ilícitas, em razão da discricionariedade conferida
ao administrador para decidir o momento de agir.
c) O STF decidiu pela legitimidade do controle judicial de ato parlamentar
(político), na hipótese de ofensa a direito público subjetivo previsto na
CF, razão pela qual tal controle não se caracterizaria como interferência
na esfera de outro poder.
d) A administração pública deve revogar os seus atos inválidos, podendo
anular os atos administrativos válidos por motivos de conveniência e
oportunidade.
e) É ilegítima a verificação, pelo Poder Judiciário, da regularidade do ato
discricionário no que se refere às suas causas, motivos e finalidades.

10
Comentários:

Item a: incorreto. O Judiciário não pode invadir o mérito administrativo (juízo


de conveniência e oportunidade), podendo apenas apreciar, quanto aos atos
discricionários, aspectos de legalidade, moralidade e razoabilidade do ato.
Item b: incorreto. Uma omissão administrativa, violando ou ameaçando violar
algum direito, dá ensejo à procura pelo Judiciário, pois nenhuma lesão ou
ameaça de lesão a direito pode ser subtraída da apreciação deste (art. 5º,
XXXV, da CF).
Item c: correto. Vale salientar que esse tipo de controle ocorre, por exemplo,
em relação a atos praticados nas CPI; outro exemplo: um próprio parlamentar
ingressar com mandado de segurança com a finalidade de coibir atos
parlamentares praticados no processo de aprovação de lei ou emenda
constitucional incompatíveis com disposições que disciplinam o processo
legislativo.
Item d: incorreto. A assertiva inverteu a ordem, ficando, por isso, incorreta.
De acordo com a Súmula 473 do STF, a administração deve anular seus atos
inválidos, podendo revogar atos administrativos que, embora válidos, se
afigurem inconvenientes ou inoportunos.
Item e: incorreto. O Judiciário pode verificar os aspectos de legalidade,
moralidade e razoabilidade dos atos administrativos, aspectos que poderão ter
relação com as causas, motivos e finalidades do ato administrativo.

___________________________________________________________________

07. A respeito das cláusulas exorbitantes previstas nos contratos


administrativos, analise as assertivas a seguir e assinale a alternativa
correta.
I) São lícitas no contrato administrativo, desde que decorrente da lei e dos
princípios que regem a atividade administrativa, porque visam estabelecer uma
prerrogativa em favor de uma das partes para o atendimento do interesse
público.

11
II) Permitem à Administração a inoponibilidade da exceptio non adimpleti
contractus.
III) Possibilitam a rescisão unilateral do contrato pela Administração.
IV) Impedem a aplicação da cláusula rebus sic stantibus.
Estão corretos apenas os itens:
a) II e IV.
b) I, II e III
c) II, III e IV.
d) I, II e IV.
e) todos os itens estão corretos.

Comentários:

Item I: correto. É característica dos contratos administrativos a


existência de cláusulas exorbitantes. Tais cláusulas estão compreendidas
dentro do regime jurídico dos contratos administrativos, sendo um conjunto de
prerrogativas atribuídas ao ente público em razão da supremacia do interesse
público. Assim, a existência de cláusulas exorbitantes nos contratos
administrativos possui fundamento no princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado
Item II: correto. A cláusula da exceção do contrato não cumprido
estabelece que uma parte não poderá exigir o cumprimento da obrigação da
outra parte se estiver ainda inadimplente, ou seja, se ainda não tiver cumprido
a sua parte no contrato. Apesar da existência de alguma controvérsia
doutrinária, admite-se a aplicação da referida cláusula nos contratos
administrativos, ainda que de forma diferenciada dos contratos privados, com
fundamento no art. 78, XV, da Lei nº 8.666/93. A Lei de Licitações confere
restrições ao exercício da oposição do contrato não cumprido ao particular, em
face da administração pública, contudo, quando se trata de inadimplemento
por parte do particular, a administração pública sempre pode opor
imediatamente a exceção do contrato não cumprido.

12
Item III: correto. Entre as cláusulas exorbitantes existentes, há a
possibilidade da rescisão unilateral da Administração Pública.
Item IV: incorreto. A Lei de Licitações prevê, em seu art. 65, II, “d”, a
possibilidade da aplicação da teoria da imprevisão, antigamente conhecida
como cláusula rebus sic stantibus, que consiste no reconhecimento de que
novos eventos, imprevisíveis e imprevistos pelas partes e não imputável a elas
alteram o equilíbrio econômico-financeiro, autorizando, desta forma, a revisão
para ajustá-lo à situação superveniente, assim, equilibrando novamente a
relação contratual.

___________________________________________________________________

08. Em conformidade com a Lei nº 8.666/1993, assinale a alternativa


incorreta.
a) Todas as hipóteses enquadradas pela legislação como de licitação dispensada
estão relacionadas à alienação de bens, móveis ou imóveis.
b) Para a contratação de compras governamentais e serviços que não sejam de
engenharia, com valor estimado de contrato de seiscentos e quarenta mil reais,
o estatuto das licitações indica a modalidade de tomada de preços, mas é
admitida, em qualquer caso, a concorrência.
c) Será dispensável a licitação quando a União tiver de intervir no domínio
econômico para regularizar preços ou normalizar o abastecimento.
d) É dispensável a licitação para celebrar contrato de prestação de serviços com
as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
e) Nas situações em que couber a tomada de preços, a Administração poderá
utilizar o convite e, em qualquer caso, a concorrência.

Comentários:

Item a: correto. A licitação dispensada é aquela que a própria lei prevê que a
mesma não deve ser realizada. Ou seja, é dispensada por força de lei, não

13
sendo juridicamente possível a sua realização. A Lei 8666/93 elenca, em seu
art. 17, as hipóteses de licitação dispensada, seja de bens móveis ou imóveis.
Item b: correto. Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições
exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento
das propostas, observada a necessária qualificação (art. 22, § 2º). Utiliza-se a
tomada de preços para obras e serviços de engenharia de até um milhão e
quinhentos mil reais e para compras e serviços no valor de até seiscentos e
cinquenta mil reais (art. 23, I, “b”, e II, “b”). A concorrência, por sua vez, é
modalidade para contratação de obras e serviços de grande vulto. Entretanto,
nada impede que a Administração Pública utilize a modalidade da concorrência
para contratação de valor menor, pois, quem pode o mais, pode o menos.
Item c: correto. O art. 24, VI, da Lei 8666/93 estabelece que será dispensável
a licitação “quando a União tiver que intervir no domínio econômico para
regular preços ou normalizar o abastecimento”.
Item d: correto. Nos termos do art. 24, XXIV, é dispensável a licitação para a
celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão.
Item e: incorreto. De acordo com o § 4º do art. 23 da Lei 8666/93: “Nos casos
em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e,
em qualquer caso, a concorrência”.

___________________________________________________________________

09. Assinale a alternativa correta relativamente ao instituto da licitação.


a) Em regra, o procedimento licitatório fica a cargo de comissão cujos membros
terão mandato de até um ano, admitida a recondução de todos os membros
para a mesma comissão no período subsequente.
b) No pregão, a fase de habilitação deve preceder a de classificação.

14
c) Contra o ato de anulação ou revogação do procedimento licitatório cabe, por
força de lei, recurso dotado de efeito suspensivo.
d) A alienação de bens imóveis, em se tratando de dação em pagamento,
configura situação de dispensa de licitação determinada por lei, razão pela
qual não há discricionariedade administrativa quanto ao ato de dispensa.
e) A legislação de regência admite a dispensa de licitação para a contratação
de coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos
recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
efetuados por cooperativas formadas por pessoas físicas de baixa renda ou por
empresas de pequeno porte.

Comentários:

Alternativa “a”: incorreta. A investidura dos membros de comissão


permanente é de até um ano, mas é vedada a recondução da totalidade de seus
membros para a mesma comissão no período subsequente (art. 51, § 4º, da Lei
8666/93.

Alternativa “b”: incorreta. No pregão há uma inversão de fases, de


forma que a fase de julgamento das propostas e classificação ocorre primeiro
que a fase de habilitação (art. 4º, VII e XII, da Lei 10520/02.

Alternativa “c”: incorreta. O recurso, nesses casos, não está entre as


hipóteses em que a lei impõe automaticamente o efeito suspensivo (art. 109,
§ 2º, da Lei 8666/93..

Alternativa “d”: correta. Alternativa em consonância com o art. 17, I,


“a”, da Lei 8666/93.

Alternativa “e”: incorreta. A parte final da alternativa, que faz


referência a “empresas de pequeno porte”, não se encontra prevista na lei
(art. 24, XXVII, da Lei 8666/93.

___________________________________________________________________

15
10. Analise os itens a seguir e assinale a alternativa correta. (NULA)
I) A proibição concernente à acumulação de cargos púbicos estende-se a
empregos e funções, Abrangendo, também, autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades
controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público.
II) O servidor público não possui direito adquirido a regime jurídico, tampouco
a regime de vencimentos ou de proventos, razão pela qual é possível à
Administração promover alterações na composição remuneratória e nos
critérios de cálculo, bem como extinguir, reduzir ou criar vantagens ou
gratificações, instituindo, inclusive, o subsídio, desde que não se opere redução
do valor nominal global recebido, em obediência ao princípio constitucional da
irredutibilidade de vencimentos.
III) De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a fixação de
tetos remuneratórios diferenciados para membros da magistratura federal e
estadual contraria o caráter nacional e unitário do Poder Judiciário, não se
aplicando aos juízes estaduais o limite remuneratório de 90,25% dos subsídios
dos ministros do STF, previsto no art. 37, XI, da Constituição Federal.
IV) Caracteriza usucapião a posse contínua e incontestada, por cinco anos, de
coisa móvel, desde que comprovada a boa-fé e o justo título do possuidor.
Estão corretos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e III
c) II e III.
d) apenas o item I.
e) todos os itens estão corretos.

16
Comentários:

NOTA: A inserção do item IV na presente questão foi um erro material, não


havendo pertinência temática entre o tema nela trazido (art. 160 do Código
Civil) e o conteúdo da questão. Dessa forma, anula-se a presente questão de
forma prévia! Nada obstante, os comentários pertinentes aos três primeiros
itens foram feitos a seguir:

Item I: correto. A regra no Brasil é a proibição de acumulação de cargos,


empregos e funções públicas, só sendo possível nos casos expressamente
permitidos pela Constituição Federal. Essa proibição deve ser respeitada por
todos os entes da Administração Pública direta ou indireta, conforme dispõe o
art. 37, XVI e XVII, da CF. Portanto, apenas de forma excepcional é possível a
acumulação, desde que preenchidos os requisitos, restringindo de qualquer
modo ao limite máximo de dois cargos, empregos e funções públicas.
Item II: correto. Sobre o item, já decidiu o STF que: “A jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido de que não existe direito
adquirido nem a regime jurídico, nem aos critérios que determinaram a
composição da remuneração ou dos proventos. O princípio da irredutibilidade
de vencimentos é uma garantia que envolve o valor global da remuneração de
servidor, e não de suas parcelas! (RE 643.289/AgR).
Item III: correto. Sobre o tema, o STF assim já se manifestou:
“MAGISTRATURA. Remuneração. Limite ou teto remuneratório constitucional.
Fixação diferenciada para os membros da magistratura federal e estadual.
Inadmissibilidade. Caráter nacional do Poder Judiciário. Distinção arbitrária.
Ofensa à regra constitucional da igualdade ou isonomia. Interpretação
conforme dada ao art. 37, inc. XI, e § 12, da CF. Aparência de
inconstitucionalidade do art. 2º da Resolução nº 13/2006 e do art. 1º, § único,
da Resolução nº 14/2006, ambas do Conselho Nacional de Justiça. Ação direta
de inconstitucionalidade. Liminar deferida. Voto vencido em parte. Em sede
liminar de ação direta, aparentam inconstitucionalidade normas que, editadas
pelo Conselho Nacional da Magistratura, estabelecem tetos remuneratórios

17
diferenciados para os membros da magistratura estadual e os da federal”.(ADI
3854 MC / DF).

___________________________________________________________________

11. Considerando a jurisprudência do STJ sobre improbidade


administrativa, analise os itens a seguir e assinale a alternativa correta.
a) A medida cautelar de indisponibilidade dos bens também pode ser
aplicada em qualquer hipótese, inclusive aos atos de improbidade
administrativa que impliquem violação dos princípios da administração
pública, mormente para assegurar o integral ressarcimento de eventual
prejuízo ao erário.
b) As pessoas jurídicas que participem ou se beneficiem dos atos de
improbidade não se sujeitam à Lei nº 8.429/92.
c) É imprescindível a demonstração de que os réus de ação de improbidade
administrativa estão efetivamente dilapidando seu patrimônio para que seja
decretada pelo juiz a indisponibilidade dos seus bens.
d) Para a condenação por ato de improbidade administrativa que causa prejuízo
ao erário é indispensável, em regra, a demonstração de que ocorreu efetivo
dano ao erário. Dessa forma, deve-se comprovar o efetivo prejuízo sofrido pelo
ente público em casos de fracionamento de compras e contratações com o
objetivo de se dispensar ilegalmente o procedimento licitatório.
e) Não sendo a ação de improbidade proposta pelo Ministério Público, terá ele
a opção de atuar, ou não, no processo, a critério de seu representante.

Comentários:
Alternativa “a”: correta. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
INDISPONIBILIDADE DE BENS. POSSIBILIDADE. DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL.
PERICULUM IN MORA PRESUMIDO NO ART. 7º DA LEI N. 8.429/92.
INDIVIDUALIZAÇÃO DE BENS. DESNECESSIDADE. (...) 4. Esta Corte Superior tem
entendimento pacífico no sentido de que a indisponibilidade de bens deve

18
recair sobre o patrimônio dos réus em ação de improbidade administrativa, de
modo suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao
erário, levando-se em consideração, ainda, o valor de possível multa civil como
sanção autônoma. 5. Portanto, em que pese o silêncio do art. 7º da Lei n.
8.429/92, uma interpretação sistemática que leva em consideração o poder
geral de cautela do magistrado induz a concluir que a medida cautelar de
indisponibilidade dos bens também pode ser aplicada aos atos de improbidade
administrativa que impliquem violação dos princípios da administração
pública, mormente para assegurar o integral ressarcimento de eventual
prejuízo ao erário, se houver, e ainda a multa civil prevista no art. 12, III, da
Lei n. 8.429/92. (...) [AgRg no REsp 1311013 / RO].

Alternativa “b”: incorreta. De acordo com o STJ, as pessoas jurídicas


que participem ou se beneficiem dos atos de improbidade sujeitam-se à
Lei 8.429/1992. Nesse sentido, confira-se o Resp 1.122.177/MT.

Alternativa “c”: incorreta. . "(...) no comando do art. 7º da Lei


8.429/1992, verifica-se que a indisponibilidade dos bens é cabível quando o
julgador entender presentes fortes indícios de responsabilidade na prática de
ato de improbidade que cause dano ao Erário, estando o periculum in mora
implícito no referido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37,
§ 4º, da Constituição (...)O periculum in mora, em verdade, milita em favor da
sociedade, representada pelo requerente da medida de bloqueio de bens,
porquanto esta Corte Superior já apontou pelo entendimento segundo o qual,
em casos de indisponibilidade patrimonial por imputação de conduta ímproba
lesiva ao erário, esse requisito é implícito ao comando normativo do art. 7º da
Lei n. 8.429/92. Assim, a Lei de Improbidade Administrativa, diante dos velozes
tráfegos, ocultamento ou dilapidação patrimoniais (...) [Resp 1.366.721].

Alternativa “d”: incorreta. Embora a primeira parte da assertiva esteja


verdadeira ( AgRg no AResp 18.317/MG, 1ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima, julgado em 05/06/2014), a segunda parte encontra-se incorreta, tendo
em vista que o STF consolidou o entendimento no sentido de que “(...)5. No
mais, é de se assentar que o prejuízo ao erário, na espécie (fracionamento de
19
objeto licitado, com ilegalidade da dispensa de procedimento licitatório), que
geraria a lesividade apta a ensejar a nulidade e o ressarcimento ao erário, é in
re ipsa, na medida em que o Poder Público deixa de, por condutas de
administradores, contratar a melhor proposta (no caso, em razão do
fracionamento e conseqüente não-realização da licitação, houve verdadeiro
direcionamento da contratação). (...) [Resp 1.280.321/MG].
Alternativa “e”: incorreta. De acordo com o § 4º do art. 17 da Lei de
Improbidade Administrativa: “O Ministério Público, se não intervir no processo
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de
nulidade”. Dessa forma, não se trata de faculdade do membro do MP decidir
participar ou não.

___________________________________________________________________

12. Acerca da desapropriação, assinale a alternativa correta.


a) A União poderá desapropriar bens para atendimento de necessidades
coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente,
de calamidade pública ou de irrupção de epidemias.
b) Caso recaia hipoteca sobre o imóvel a ser desapropriado, o Poder Público
ficará impedido de dar início ao processo expropriatório.
c) O Poder Legislativo pode tomar a iniciativa da desapropriação, cabendo,
nesse caso, ao Executivo praticar os atos necessários à sua efetivação.
d) Um município é competente para, presentes os requisitos legais e
independentemente de autorização do Presidente da República, desapropriar
bens de empresa pública federal.
e) O procedimento da desapropriação envolve duas fases: a executória,
realizada pelo Poder Executivo, e a judicial, realizada pelo Poder Judiciário.

Comentários:

Alternativa “a”: incorreta. Nesses casos, o instituto adequado a ser


utilizado é o da requisição administrativa, que é temporária, haja vista que
20
não é o caso de desapropriar o bem para um uso meramente temporário para
acautelar as situações mencionadas.

Alternativa “b”: incorreta. Desapropriação é forma originária de


aquisição de propriedade, adquirindo o Poder Público a propriedade originária
do bem, livre de qualquer ônus. Dessa forma, fica a hipoteca sub-rogada no
preço depositado pelo Poder Público, nos termos do art. 31 do Decreto-Lei nº
3.365/41.

Alternativa “c”: correta. Assertiva em consonância com o art. 8º do


Decreto-Lei nº 3.365/41.

Alternativa “d”: incorreta. É vedado aos municípios (e aos Estados também)


desapropriar entidades cujo funcionamento dependa da União ou que sejam
controladas por esta (art. 2º, § 3º, do Decreto-Lei nº 3.365/41).
Alternativa “e”: incorreta. São duas as fases da desapropriação: a
declaratória e a executória; nesta, ou a Administração faz um acordo com o
proprietário da coisa ou ingressa com ação de desapropriação.

___________________________________________________________________

13. Com relação à responsabilidade civil do Estado, assinale a opção


correta.
a) Em caso de assalto praticado por policial fardado que empunhe arma da
corporação militar, o Estado responde subjetivamente pelos danos causados
pelo agente, ainda que o crime seja cometido fora do horário de expediente,
dada a função pública exercida pelo policial.
b) Segundo o entendimento do STF, a qualificação do tipo de
responsabilidade imputável ao Estado – objetiva ou subjetiva – constitui
circunstância de menor relevo caso as instâncias ordinárias demonstrem,
com base no acervo probatório, que a inoperância estatal injustificada tenha
sido condição decisiva para a produção do dano.
c) Segundo a jurisprudência do STF e a doutrina majoritária, para a
caracterização da responsabilidade objetiva do Poder Público, é imprescindível
21
a comprovação, com base na teoria do risco administrativo, da ilicitude da ação
administrativa causadora do dano.
d) Na hipótese de um raio matar um presidiário em prisão estadual, o Estado
responderá objetivamente pelos danos causados ao preso, dada a aplicação, no
caso concreto, da teoria da responsabilidade objetiva por danos causados a
pessoas sob a guarda estatal.
e) A comprovação do dano e a existência de ação administrativa,
independentemente de haver nexo causal entre eles, são os requisitos
necessários e suficientes para a caracterização da responsabilidade objetiva do
Estado.

Comentários:

Alternativa “a”: incorreta. O caso não é de responsabilidade subjetiva,


mas de responsabilidade objetiva do Estado (Veja RE 418.023, STF).

Alternativa “b”: correta. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL EM


AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR DANOS
CAUSADOS POR INTEGRANTES DO MST. CARACTERIZADA OMISSÃO CULPOSA DAS
AUTORIDADES POLICIAIS, QUE NÃO CUMPRIRAM MANDADO JUDICIAL DE
REINTEGRAÇÃO DE POSSE, TAMPOUCO JUSTIFICARAM SUA INÉRCIA. REVISÃO DE
FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO 279 DA SÚMULA/STF. A
qualificação do tipo de responsabilidade imputável ao Estado, se objetiva ou
subjetiva, constitui circunstância de menor relevo quando as instâncias
ordinárias demonstram, com base no acervo probatório, que a inoperância
estatal injustificada foi condição decisiva para a produção do resultado danoso.
Precedentes: RE 237561, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ
05.04.2002; RE 283989, rel. min. Ilmar Galvão, Primeira Turma, DJ 13.09.2002.
Agravo regimental a que se nega provimento (AI 600652 AgR / PR - PARANÁ
AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 04/10/2011 Órgão Julgador: Segunda Turma).
22
Alternativa “c”: incorreta. Na responsabilidade objetiva basta
demonstrar conduta comissiva, dano e nexo de causalidade, não sendo
necessário comprovar a ilicitude da ação administrativa.

Alternativa “d”: incorreta. Nessa hipótese, tem-se caso fortuito ou força


maior, causas excludentes da responsabilidade civil do Estado, haja vista que o
Brasil não adotou, como regra, a Teoria do Risco Integral, mas sim a Teoria do
Risco Administrativo.
Alternativa “e”: incorreta. O nexo causal é elemento essencial na
caracterização da responsabilidade objetiva do Estado.

23
Direito Constitucional
Professor(a) responsável: Clarissa Abrantes
clarissa.abrantes@coachingpge.com.br

14. Assinale a opção correta acerca do controle de constitucionalidade no


sistema brasileiro.

a) A concessão, pelo STF, de medida liminar em ação declaratória de


constitucionalidade obriga à juízes e tribunais a reconhecerem a
constitucionalidade da norma apontada na ação nos casos concretos por eles
analisados até que haja o julgamento de mérito de tal ação.
b) Atos emanados de particulares tendentes à extinção de direitos de
caráter eminentemente patrimoniais são insuscetíveis de controle de
constitucionalidade através do manejo de ADPF.
c) A decisão do juízo de primeiro grau que tenha reconhecido a
inconstitucionalidade de ato normativo emitido por Governador de determinado
Estado possui efeitos ex nunc e terá eficácia limitada às partes litigantes.
d) O STF admite o controle difuso de constitucionalidade de lei ou de ato
normativo federal, estadual ou municipal, em sede de ação civil pública, caso
a análise da inconstitucionalidade seja o objeto secundário da ação,
permitindo, devido à proteção aos direitos coletivos, que a referida decisão
incidental possua eficácia erga omnes.
e) Lei promulgada no âmbito do Distrito Federal que regule o parcelamento de
solo urbano distrital pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade
perante o STF.

Comentários
a) ERRADA. Nos termos do art. 21, da Lei 9.868/99, a decisão de medida
cautelar na ADC consiste unicamente na determinação de que os juízes e
Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação de
lei ou ato normativo objeto da ação. Diante dessa suspensão, o processo deverá
ser julgado no prazo de 180, sob pena de perda da eficácia da cautelar.

24
b) CORRETA. Dispõe o art. 1°, da Lei 9.882/90, que somente pode ser objeto
de ADPF lei, ato normativo ou ato do Poder Público que cause lesão à preceitos
fundamentais. Atos particulares, portanto, não podem ser objeto da referida
ação.

c) ERRADA. No controle difuso de constitucionalidade, a decisão incidental


possui efeitos retroativos (ex tunc), alcançando, portanto, fatos passados. Além
disso, em regra, sua eficácia fica restrita entre as partes litigantes (inter
partes), conforme afirmado no item.

d) ERRADA. É entendimento pacífico no STF que, apesar de ser possível o


controle difuso de constitucionalidade em sede de ação civil pública, a eficácia
erga omnes da coisa julgada material das ações coletivas não alcança a questão
prejudicial da inconstitucionalidade. Nesse sentido: “AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. QUESTÃO PREJUDICIAL.
POSSIBILIDADE. INOCORRÊNCIA DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. - O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a
legitimidade da utilização da ação civil pública como instrumento idôneo de
fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis
ou atos do Poder Público, mesmo quando contestados em face da Constituição
da República, desde que, nesse processo coletivo, a controvérsia
constitucional, longe de identificar-se como objeto único da demanda,
qualifique-se como simples questão prejudicial, indispensável à resolução do
litígio principal. [...] A ação direta de inconstitucionalidade é instrumento do
controle concentrado da constitucionalidade; por outro lado, a ação civil
pública, como todas as ações individuais ou coletivas, mesmo sendo um
instrumento de processo objetivo para a defesa do interesse público, é
instrumento de controle difuso de constitucionalidade. Observe-se, ainda,
que, na ação civil pública, a eficácia erga omnes da coisa julgada material
não alcança a questão prejudicial da inconstitucionalidade, é de âmbito
nacional, regional ou local, conforme a extensão e a indivisibilidade do dano ou
ameaça de dano. Na ação direta, a declaração de inconstitucionalidade faz
coisa julgada material erga omnes no âmbito de vigência espacial da lei ou ato

25
normativo impugnado (nacional ou estadual) (Rcl 1733 MC, Relator(a): Min.
CELSO DE MELLO, julgado em 24/12/2000, publicado em DJ 01/12/2000 PP-
00103).

e) ERRADA. Disciplina o art. 102, I, alínea a, da CF/88, que somente podem ser
objeto de ADI perante o STF leis ou atos normativos federal ou estadual. O
Distrito Federal, como possui competência legislativa reservadas aos Estados e
aos Municípios (art. 32, §1°, da CF/88), ao elaborar lei que regule o
parcelamento do solo legisla sobre assuntos de trato municipal (art. 30, VIII,
CF/88), e, por esse motivo, a mencionada legislação não pode ser objeto de
ADI perante a Suprema Corte.

___________________________________________________________________

15. A EC n° 45/04 estabeleceu rito legislativo especial para que tratados e


convenções internacionais sobre direitos humanos sejam incorporados ao
ordenamento interno com status equivalente às emendas constitucionais.
Esse novo processo de reforma da Constituição, diferentemente do adotado
para emendas constitucionais, se caracteriza por:
a) não contemplar restrições ou limitações materiais aos tratados submetidos à
aprovação do Congresso Nacional.
b) requerer a aprovação dos tratados em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros.
c) inadmitir a aprovação de emendas parlamentares aditivas ou
modificativas que promovam alterações ao texto submetido ao Congresso
Nacional.
d) admitir que os tratados sejam aprovados em sessão unicameral do Congresso
Nacional.
e) requerer a aprovação dos tratados em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por dois terços dos votos dos respectivos membros.

26
Comentários

a) ERRADA. Os tratados ou convenções internacionais sobre direitos humanos


para serem incorporados ao ordenamento interno com status de emendas
constitucionais devem respeitar todos os limites impostos ao Poder Constituinte
Derivado, incluindo, portanto, os limites materiais previstos no art. 60, § 4°,
da CF/88.

b) ERRADA. Perceba que o enunciado da questão pede a DIFERENÇA existente


entre o processo de reforma da Constituição através dos tratados ou convenções
internacionais sobre direitos humanos daquele previsto para as emendas
constitucionais. Diante disso, a referida assertiva encontra-se errada, pois não
há diferença entre o processo de aprovação dos tratados internacionais,
previsto no art. 5°, § 3°, da CF/88, daquele existente para a promulgação de
emendas constitucionais, nos termos dispostos no art. 60, § 2°, da CF/88.

c) CORRETA. Em regra, Congresso Nacional não pode realizar emendas nos


tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatário durante o processo de
aprovação previsto no art. 5°, § 3°, da CF/88, DIFERENTEMENTE dos projetos
de emendas constitucionais, as quais podem receber emendas parlamentares
modificativa ou aditivas durante o trâmite de sua aprovação (art. 60, §2°, da
CF/88).

d) ERRADA. EM ambos os casos - tratados internacionais e emendas


constitucionais, sua aprovação dependerá, em cada casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, do voto de 3/5 dos respectivos membros.

e) ERRADA. Conforme previsão do art. 5°, § 3°, da CF/88 e art. 60, § 2°, ambos
da CF/, nos termos explicados na justificativa do item acima.

___________________________________________________________________

27
16. Analise as assertivas abaixo e, após, marque a única alternativa correta.

I. A cláusula de reserva do plenário, dentre as inovações trazidas pela


Constituição de 1988, dispõe que somente pelo voto da maioria absoluta dos
membros do plenário ou do órgão especial os tribunais podem declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público em controle
incidental de constitucionalidade.

II. O poder constituinte originário pode se expressar por intermédio do


estabelecimento de uma constituição decorrente de declaração unilateral de
determinado agente revolucionário, sem que seja necessária a convocação de
uma Assembleia Nacional Constituinte.

III. O direito à licença-paternidade garantido no texto constitucional é matéria


inserida no âmbito da reserva legal absoluta, pois somente pode ser disciplinado
por lei.

a) Apenas os itens I e II são verdadeiros.


b) Apenas os itens I e III são verdadeiros.
c) Apenas os itens II e III são verdadeiros.
d) Todos os itens são verdadeiros.
e) Todos os itens são falsos.

Comentários.

I - ERRADA. A cláusula de reserva do plenário não é uma inovação trazida pela


Constituição Federal de 1988. Conforme era disciplinado no art. 179, da
Constituição de 1934, só por maioria absoluta de votos da totalidade dos seus
Juízes, poderão os Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato do
Poder Público.

II – CORRETA. São duas as formas básicas de expressão do poder constituinte


originário: Assembleia Nacional Constituinte (convenção) e Movimento
Revolucionário (outorga). A outorga é o estabelecimento da Constituição por

28
declaração unilateral do agente revolucionário, que autolimita seu poder.
(Exemplos: constituições de 1824, 1937 e Ato Institucional n° 1, de 9-4-1964).

Já Assembleia Nacional Constituinte, também denominada convenção, nasce da


deliberação da representação popular, devidamente convocada pelo agente
revolucionário, para estabelecer o texto organizatório e limitativo de Poder.
(Exemplo: Constituições de 1891, 1934, 1946, 1967 e 1988).

III – CORRETA. Conforme a doutrina especializada, o princípio da reserva legal


pode ser absoluto ou relativo. Haverá a reserva legal absoluta nos casos em que
a Constituição exige do legislador o esgotamento do tema, não deixando espaço
para a atuação discricionária dos agentes públicos. A reserva legal relativa
ocorre quando houver espaço para a complementação da norma por parte do
seu aplicador. Nesse caso, ainda há a necessidade de lei, mas esta estabelecerá
apenas as bases ou parâmetros, podendo a administração detalhar o alcance da
lei por meio de atos infralegais. A licença-paternidade é um típico exemplo de
reserva legal absoluta, conforme leciona a doutrina majoritária.

___________________________________________________________________

17. A respeito da repartição, entre os entes federados, de competências


legislativas, judiciais ou materiais, assinale a opção incorreta de acordo com
o disposto na CF e o entendimento do STF.
a) Em razão de foro especial por prerrogativa da função, compete ao tribunal
de justiça o julgamento dos prefeitos, não se estendendo aos ex-prefeitos.
b) A competência para legislar sobre o estatuto do MP é da União e dos estados-
membros, facultada a iniciativa da lei aos procuradores-gerais.
c) É constitucional lei estadual que estabeleça condições para cobranças de
multas pelo Poder Público provenientes de aparelhos de fiscalização de
trânsito.
d) Não é consentâneo com os termos constitucionais que ente estadual legisle
sobre crime de responsabilidade.

29
e) Lei estadual que disponha sobre a destinação de armas de fogo apreendidas,
ainda que faça remissão expressa à lei federal que trata do tema e utilize os
preceitos nela contidos, é inconstitucional.

Comentários

a) CORRETA. Conforme o art. 29, X, da CF/88, compete ao Tribunal de Justiça


o julgamento de Prefeito. O STF possui entendimento consolidado de que o foro
por prerrogativa de função só alcança as pessoas que estão no exercício da
função, não se estendendo àquelas que não mais a exercem.

b) CORRETA. Nos termos do art Art. 128, § 5º, da CF/88, leis complementares
da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores- Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto
de cada Ministério Público.

c) ERRADA. A competência para legislar sobre trânsito e transporte é privativa


da União, conforme dispõe o art. 22, XI, da CF/88 (Precedente: ADI 2.328/SP).

d) CORRETA. A competência para legislar sobre direito penal é privativa da


União, conforme disciplina o art. 22, I, da CF/88. Nesse mesmo sentido prevê
o enunciado da Súmula Vinculante 46: “A definição dos crimes de
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento são da competência legislativa privativa da União”.

e) CORRETA. Conforme se depreende na leitura do julgado: “COMPETÊNCIA


NORMATIVA – ESTADO-MEMBRO – REMISSÃO A LEI FEDERAL. A técnica da
remissão a lei federal, tomando-se de empréstimo preceitos nela contidos,
pressupõe a possibilidade de o estado legislar, de modo originário, sobre a
matéria. COMPETÊNCIA NORMATIVA – ARMAS DE FOGO – APREENSÃO E
DESTINAÇÃO. Cumpre à União disciplinar, de forma exclusiva, a destinação de
armas de fogo apreendidas. Considerações e precedentes (ADI 3193, Relator(a):
Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/05/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-151 DIVULG 05-08-2013 PUBLIC 06-08-2013).

30
___________________________________________________________________

18. À luz da legislação e da jurisprudência, assinale a opção correta no que


se refere à distribuição de competências entre os entes da Federação
brasileira.
a) É constitucional lei estadual que estabeleça, em favor dos portadores de
deficiência proprietários de automóveis, a gratuidade nos estacionamentos
situados no Estado, considerando a competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios para cuidar saúde e assistência pública, da
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência.
b) É constitucional a edição de lei municipal, no exercício da competência
suplementar dos municípios, proibindo a contratação de parentes, afins ou
consanguíneos do prefeito e do vice-prefeito, com o ente municipal, até seis
meses após o fim do exercício das suas respectivas funções, não
configurando o fato invasão da competência da União para legislar sobre
normas gerais de licitação.
c) É inconstitucional lei estadual que proíba a cobrança de tarifa de assinatura
básica nos serviços de telefonia fixa e móvel no estado, por tratar de matéria
inserida no âmbito da competência exclusiva da União.
d) Como a CF prevê a imunidade do presidente da República à persecução penal
por atos estranhos ao exercício de sua função, será legítima norma
constitucional estadual que preveja imunidade semelhante ao governador do
respectivo estado- membro.
e) A União pode intervir em estado-membro para pôr termo a grave
comprometimento da ordem pública, desde que haja provimento pelo STF de
representação do Procurador-Geral da República.

Comentários

a) ERRADA. Embora a competência comum explicitada esteja de acordo com o


art. 23, II, da CF/88, está-se a falar sobre a competência para legislar sobre a

31
matéria, que se divide em privativa e concorrente. A competência comum a
que se refere o art. 23 consiste na implementação de ações administrativas
voltadas à concretização do constante nos seus incisos. Sendo assim, é
inconstitucional lei estadual que estabeleça, em favor dos portadores de
deficiência proprietários de automóveis, a gratuidade nos estacionamentos
situados no estado, por invadir a competência privativa da União para legislar
sobre direito civil (art. 22, I, da CF/88). Nesse sentido, transcreve-se o julgado
da Suprema Corte: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL.
ESTACIONAMENTO EM LOCAIS PRIVADOS. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA
AO ART. 22, I DA CONSTITUIÇÃO. Esta Corte, em diversas ocasiões, firmou
entendimento no sentido de que invade a competência da União para legislar
sobre direito civil (art. 22, I da CF/88) a norma estadual que veda a cobrança
de qualquer quantia ao usuário pela utilização de estabelecimento em local
privado (ADI 1.918, rel. min. Maurício Corrêa; ADI 2.448, rel. Min. Sydney
Sanches; ADI 1.472, rel. min. Ilmar Galvão). Ação direta de
inconstitucionalidade julgada procedente. (ADI 1623, Relator(a): Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2011)”

b) CORRETA. É constitucional lei municipal que proíbe a contratação de


parentes, afins ou consanguíneos, do prefeito, do vice-prefeito, dos vereadores
e dos ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, bem como dos
servidores e empregados públicos municipais, até seis meses após o fim do
exercício das respectivas funções, tendo em vista que homenageia os princípios
da impessoalidade e da moralidade, conforme demonstrado no julgado abaixo
colacionado.

“A proibição de contratação com o Município dos parentes, afins ou


consanguíneos, do prefeito, do vice-prefeito, dos vereadores e dos ocupantes
de cargo em comissão ou função de confiança, bem como dos servidores e
empregados públicos municipais, até seis meses após o fim do exercício das
respectivas funções, é norma que evidentemente homenageia os princípios da
impessoalidade e da moralidade administrativa, prevenindo eventuais lesões ao
interesse público e ao patrimônio do Município, sem restringir a competição

32
entre os licitantes (RE 423.560, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 29-
5-2012, Segunda Turma, DJE de 19-6-2012)”.

c) ERRADA. De fato, é inconstitucional lei estadual que proíba a cobrança de


tarifa de assinatura básica nos serviços de telefonia fixa e móvel no estado, pois
conforme o art. 22, IV, da CF/88, compete a União legislar privativamente
sobre os serviços de energia e telecomunicação, nos termos decididos pelo
STF na ADI 3.343, Rel.Min.Luiz Fux, julg.1º-9-2011, Plenário,DJE de 22-11-2011.
No entanto, conforme o trecho em destaque, percebe-se que não se trata de
competência exclusiva, mas, sim, de competência privativa da União para
dispor sobre a matéria.

d) ERRADA. O STF possui entendimento pacífico no sentido de que as


imunidades conferidas expressamente ao Presidente da República na CF (art.
86, §§ 3º e 4º) não podem ser estendidas aos Governadores de Estado. Dessa
forma, a Constituição do Estado não pode outorgar ao Governador imunidade à
prisão em flagrante, à prisão preventiva e à prisão temporária. Conforme se
verifica no julgado: “IMUNIDADE A PRISÃO CAUTELAR - PRERROGATIVA DO
PRESIDENTE DA REPUBLICA - IMPOSSIBILIDADE DE SUA EXTENSAO, MEDIANTE
NORMA DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, AO GOVERNADOR DO ESTADO - O Estado-
membro, ainda que em norma constante de sua própria Constituição, não
dispõe de competência para outorgar ao Governador a prerrogativa
extraordinária da imunidade a prisão em flagrante, a prisão preventiva e a
prisão temporária, pois a disciplinação dessas modalidades de prisão cautelar
submete-se, com exclusividade, ao poder normativo da União Federal, por
efeito de expressa reserva constitucional de competência definida pela Carta
da Republica. - A norma constante da Constituição estadual - que impede a
prisão do Governador de Estado antes de sua condenação penal definitiva - não
se reveste de validade jurídica e, consequentemente, não pode subsistir em
face de sua evidente incompatibilidade com o texto da Constituição Federal.
PRERROGATIVAS INERENTES AO PRESIDENTE DA REPUBLICA ENQUANTO CHEFE
DE ESTADO. - Os Estados-membros não podem reproduzir em suas próprias
Constituições o conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art. 86,par. 3. e

33
4., da Carta Federal, pois as prerrogativas contempladas nesses preceitos da
Lei Fundamental - por serem unicamente compativeis com a condição
institucional de Chefe de Estado - são apenas extensiveis ao Presidente da
Republica. Precedente: ADIn 978-PB, Rel. p/ o acórdão Min. CELSO DE MELLO.
(ADI 1023, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO).

e) ERRADA. Conforme dispõe o art. 34, III, da CF/88, não é necessário o


provimento do STF para a União poder intervir em Estado-membro para pôr
termo a grave comprometimento da ordem pública.

___________________________________________________________________

19. Seria hipótese de decretação de intervenção federal, a partir do


provimento de representação do Procurador-Geral da República pelo
Supremo Tribunal Federal,
a) a necessidade de garantir o livre funcionamento do Poder Judiciário no
Distrito Federal.
b) o descumprimento de decisão prolatada por órgão regional da Justiça
eleitoral.
c) a invasão de uma unidade da Federação em outra.
d) o desrespeito, por um Estado da Federação, à autonomia de Município
situado em seu território.
e) o grave comprometimento da ordem pública.

Comentários

Nos termos previstos na CF/88, a decretação da intervenção dependerá de


provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-
Geral da República, no caso de inobservância dos princípios constitucionais
sensíveis e de recusa à execução de lei federal (art. 36, III, CF). São princípios
constitucionais sensíveis (art. 34, VII): a) forma republicana, sistema
representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c)

34
autonomia municipal e d) prestação de contas da administração pública, direta
e indireta. Assim, diante dessa explicação, vamos a análise dos itens.

a) ERRADA. Quando o Poder Judiciário estiver sendo coagido/impedido, deve


solicitar providências ao STF. Caso a Suprema Corte concorde com o pedido, irá
requisitar ao Presidente da República a intervenção (lembrar que a requisição
é vinculante). Este Decreto interventivo será submetido à apreciação do
Congresso Nacional no prazo de 24 horas.

b) ERRADA. No caso do item em análise, a decretação da intervenção dependerá


de requisição do TSE ao Presidente da República (a requisição é vinculante),
não necessitando de apreciação pelo Congresso Nacional. Insta salientar que, a
depender de qual ordem/decisão judicial esteja sendo descumprida, o STF, o
STJ ou o TSE irá requisitar do Presidente da República a intervenção federal.
Assim, p. ex., se a decisão do TSE é que foi descumprida, o Presidente desta
Corte irá descumprida, o Presidente desta Corte irá requisitar a intervenção ao
Presidente da República. E se o Estado/DF estiver descumprindo uma decisão
de juiz ou Tribunal de 2ª instância? Nesse caso, o Tribunal local deverá fazer
uma representação ao Tribunal Superior competente (STF, STJ ou TSE)
solicitando a intervenção. Se o Tribunal Superior concordar, ele irá requisitar
ao Presidente da República a intervenção. Para saber qual o Tribunal Superior
será competente deverá ser analisada a matéria discutida e para quem seria
dirigido o eventual recurso. Ex1: caberá ao STJ o exame da intervenção federal
nos casos em que a matéria é infraconstitucional (legislação federal) e o
possível recurso deva ser encaminhado ao STJ. Ex2: se a questão for
constitucional, o pedido de intervenção será julgado pelo STF.

c) ERRADA. Perceba que o referido item trata de previsão LITERAL contida no


art. 34, II, da CF/88, não podendo ser confundida a com aquela existente no
art. 34, VII, alínea c (autonomia municipal). Assim, o Presidente da República,
ao perceber que está ocorrendo a invasão de uma Unidade da Federação em
outra, deverá decretar a intervenção, mesmo que não tenha sido solicitada por
ninguém. Trata-se de uma forma espontânea de decretação da intervenção

35
(decretação de ofício). O Decreto interventivo tratará as regras de amplitude,
prazo e condições da intervenção. Este instrumento deverá ser submetido à
apreciação do Congresso Nacional, no prazo de 24 horas. A doutrina chama isso
de “controle político” da intervenção. Se o Congresso não estiver funcionando,
o Presidente do Senado deverá fazer uma convocação extraordinária. Insta
salientar que antes de decretar a intervenção, o Presidente consultará o
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, cujas manifestações
serão apenas opinativas (não vinculantes).

d) CORRETA. Conforme explicado acima, no caso da alternativa em comento, a


decretação da intervenção dependerá de provimento, pelo Supremo Tribunal
Federal, de representação do Procurador-Geral da República (art. 36, III, CF).
Trata-se da hipótese de inobservância dos princípios constitucionais sensíveis,
que são (art. 34, VII): a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal e d)
prestação de contas da administração pública, direta e indireta. Nesse caso,
não é necessário que a intervenção seja apreciada pelo Congresso Nacional.

e) ERRADA. No caso de grave comprometimento da ordem pública, adota-se o


mesmo procedimento explicado no item C. Trata-se de uma forma espontânea
de decretação da intervenção (decretação de ofício). O Decreto interventivo
tratará as regras de amplitude, prazo e condições da intervenção. Este
instrumento deverá ser submetido à apreciação do Congresso Nacional, no
prazo de 24 horas. A doutrina chama isso de “controle político” da intervenção.
Se o Congresso não estiver funcionando, o Presidente do Senado deverá fazer
uma convocação extraordinária. Insta salientar que antes de decretar a
intervenção, o Presidente consultará o Conselho da República e o Conselho de
Defesa Nacional, cujas manifestações serão apenas opinativas (não
vinculantes).

___________________________________________________________________

36
20. Após analisar as assertivas abaixo, assinale a opção correta.

I. As terras devolutas ou arrecadadas pelo Estado, por ações discriminatórias,


são indisponíveis.

II. Constituem patrimônio nacional a Floresta Amazônica brasileira, a Mata


Atlântica, a Caatinga, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.

III. A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área


superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que
por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

IV. As terras de aldeamentos extintos, desde que habitadas por indígenas em


passado remoto, não podem ser titularizadas pelos Estados-membros, posto que
constituem bens da União.
a) Está correta apenas a assertiva I.
b) Está correta apenas a assertiva III.
c) Estão corretas apenas as assertivas II e III.
d) Estão corretas apenas as assertivas I, III e IV.
e) Todas as assertivas estão erradas.

Comentários

I - ERRADA. O erro desta proposição consiste na generalização, uma vez que o


art. 225, § 5°, da CF/88 dispõe ser indisponíveis as terras devolutas ou
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção
dos ecossistemas naturais. Dessa forma, somente as terras correlatas à
necessidade exposta no dispositivo constitucional referido é que serão
consideradas indisponíveis.

II – ERRADA. A Caatinga não está compreendida entre os biomas considerados


patrimônio nacional pela CF/88, conforme se verifica na leitura do art. 225, §
4°, da CF/88: “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e

37
sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.

III – CORRETA. Prevê o art. 49, XVII, da CF/88, que é da competência exclusiva
do Congresso Nacional aprovar, previamente, a alienação ou concessão de
terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

IV – ERRADA. Conforme previsto no enunciado da Súmula 650 do STF, não são


bens da União as terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por
indígenas em passado remoto. Segundo critério construído pelo STF, somente
são consideradas “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios” aquelas que
eles habitavam na data da promulgação da CF/88 (marco temporal) e,
complementarmente, se houver a efetiva relação dos índios com a terra (marco
da tradicionalidade da ocupação). Assim, se, em 05/10/1988, a área em
questão não era ocupada por índios, isso significa que ela não terá a natureza
indígena de que trata o art. 231 da CF/88. Sendo assim, não há óbice a que tais
terras sejam bens titularizados por outros entes da federação, ou até mesmo
bens particulares.

___________________________________________________________________

21. De acordo com a jurisprudência do STF relacionada à ordem social,


assinale a opção incorreta.
a) Caso se reconheça a ilegalidade do pagamento de benefício previdenciário a
servidor público, em razão de interpretação equivocada pela Administração
Pública, as importâncias recebidas devem ser devolvidas, salvo se comprovado
que foram recebidas de boa-fé pelo beneficiado.
b) A previdência social tem como base o primado do trabalho, e como
objetivo a universalidade da cobertura e do atendimento.
c) O MP possui legitimidade para ajuizar ACP contra município com o objetivo
de compeli-lo a incluir, no orçamento seguinte, percentual que completaria o
mínimo de 25% de aplicação da receita resultante de impostos no ensino.

38
d) As crianças com até cinco anos de idade têm direito subjetivo público ao
atendimento em creches e pré-escolas, admitindo-se a intervenção do Poder
Judiciário para que seja efetivado esse direito constitucional.
e) É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita
orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica
e tecnológica.

Comentários

a) CORRETA. Conforme o entendimento do STJ, quando a Administração Pública


interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao
servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e
definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé
do servidor público (STJ. 1ª Seção. REsp 1244182/PB, julgado em 10/10/2012).
Isso também acontece quando a Administração, por erro operacional, paga
indevidamente servidor. Nesse caso, se for constado que o servidor está de boa-
fé, não é devida a devolução da verba. Nesse sentido: “Não é devida a
devolução de verba paga indevidamente a servidor em decorrência de erro
operacional da Administração Pública, quando se constata que o recebimento
pelo beneficiado se deu de boa-fé (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN,
julgado em 05/04/2016)”. Por fim, insta trazer à tona, para melhor ilustrar o
entendimento, a Súmula 249 do TCU: “É dispensada a reposição de importâncias
indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e
pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do
órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de
orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato
administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais”.

b) ERRADA. De acordo com o art. 193 da CF, a ordem social tem como base o
primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. Dessa
forma, a alternativa está incorreta porque a base do primado do trabalho não
ampara somente a previdência social, mas toda a ordem social. Demais disso,

39
a universalidade da cobertura e do atendimento está previsto como objetivo da
seguridade social (art. 195, parágrafo único, I, da CF).

c) CORRETA. Consoante posicionamento firmado pela Suprema Corte, o


Ministério Público possui competência, em ação civil pública, para exigir que o
Município inclua, no orçamento seguinte, percentual que complementaria os
25% resultante de impostos e transferências constitucionais na destinação para
manutenção e desenvolvimento do ensino (art. 212, da CF/88). Nesse sentido:
“CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. MUNICÍPIO:
APLICAÇÃO, NO ENSINO, DO PERCENTUAL DE 25% DA RECEITA PROVENIENTE DE
IMPOSTOS. INTERESSE SOCIAL RELEVANTE: LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. C.F., art. 127, art. 129, III, art. 212.C.F.127129III212I. - Ação civil
pública promovida pelo Ministério Público contra Município para o fim de
compeli-lo a incluir, no orçamento seguinte, percentual que completaria o
mínimo de 25% de aplicação no ensino. C.F., art. 212.C.F.212II. -
Legitimidade ativa do Ministério Público e adequação da ação civil pública,
dado que esta tem por objeto interesse social indisponível (C.F., art. 6º, arts.
205 e segs, art. 212), de relevância notável, pelo qual o Ministério Público pode
pugnar (C.F., art. 127, art. 129, III).C.F.6º205212C.F.127129IIIIII. - R.E.
conhecido e provido. (190938 MG, Relator: Min. CARLOS VELLOSO, Data de
Julgamento: 14/03/2006, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-094 DIVULG
21-05-2009 PUBLIC 22-05-2009 EMENT VOL-02361-04 PP-00865).

d) CORRETA. Conforme o entendimento do STF, não há ofensa ao princípio da


separação dos poderes. Isso porque a concretização dos direitos sociais não
pode ficar condicionada à boa vontade do Administrador, sendo de suma
importância que o Judiciário atue como órgão controlador da atividade
administrativa. Seria distorção pensar que o princípio da separação dos
poderes, originalmente concebido com o escopo de garantia dos direitos
fundamentais, pudesse ser utilizado como óbice à realização dos direitos
sociais, igualmente importantes. Tratando-se de direito essencial, incluso no
conceito de mínimo existencial, não existe empecilho jurídico para que o
Judiciário determine a inclusão de determinada política pública nos planos

40
orçamentários do ente político, mormente quando não houver comprovação
objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. Nesse
sentido: “APELAÇÃO CÍVEL. ECA. EDUCAÇÃO. VAGA EM ESTABELECIMENTO DE
EDUCAÇÃO INFANTIL. DIREITO FUNDAMENTAL DA CRIANÇA À EDUCAÇÃO. A
Constituição Federal, em seu art. 208, IV, garante ao infante de até cinco
anos o direito à educação, assegurando-lhe o atendimento em creche ou
pré-escola. A Lei 9394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação,
em seu art. 11, V, atribuiu aos Municípios a competência para garantir a
educação infantil. Uma vez negado ou dificultado o acesso à educação
infantil, violando, assim direito fundamental subjetivo ao ensino, cabível a
intervenção jurisdicional, a fim de garantir a efetividade dos preceitos legais
e constitucionais. Alegação de superlotação nas creches e pré-escolas e de
incapacidade orçamentária que não restaram comprovadas nos autos.
Possível o bloqueio de verbas públicas, ao fim de dar efetividade à ordem
judicial de atendimento de vagas na educação infantil. Medida que não se
mostra gravosa à sociedade e que garante aos menores o direito fundamental à
educação. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70028175032, Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho,
Julgado em 11/03/2009).

e) CORRETA. A assertiva reproduz os termos do § 5º do art. 218 da CF/88.

___________________________________________________________________

22. No que se refere aos remédios constitucionais, assinale a opção correta


à luz da legislação de regência e do entendimento do STF.
a) Em regra, é possível a desistência de mandado de segurança após a
sentença de mérito, ainda que favorável ao impetrante, sem a anuência do
impetrado.
b) Para o cabimento do habeas data, não é necessário que o impetrante
comprove prévia recusa do acesso a informações ou de sua retificação.

41
c) As decisões interlocutórias proferidas no âmbito dos juizados especiais (Lei
9.099/95) são passíveis de mandado de segurança.
d) O STF não tem competência para apreciar mandado de injunção impetrado
por servidor público municipal.
e) Contra decisão denegatória de habeas corpus proferida por tribunal superior
é admitida a impetração de novo habeas corpus.

Comentários

a) CORRETA. Existe entendimento consolidado, tanto no STJ como no STF, que


o impetrante poderá desistir do mandado de segurança a qualquer tempo, ainda
que proferida decisão de mérito a ele favorável, e sem necessidade de
aquiescência da parte contrária, conforme explanado nos Informativos 704 do
STF e 533 do STJ. Todavia, vale salientar que a 2ª Turma da Suprema Corte, de
forma excepcional, conforme julgado publicado no Informativo 781, não
admitiu a desistência de mandado de segurança, quando na espécie houve
sucessivos recursos, todos improvidos, e foi identificado que a desistência
serviria apenas para impedir a constituição da coisa julgada, que, caso fosse
deferida, possibilitaria que o impetrante propusesse uma ação ordinária em 1ª
instância, fazendo com que se perpetuasse a controvérsia, ganhando tempo
antes do desfecho definitivo.

b) ERRADA. Nos termos do consolidado entendimento do STJ, demonstrado no


enunciado da Súmula n° 02, “não cabe o habeas data (cf, art. 5., lxxii, letra
"a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade
administrativa”. No mesmo sentido, consta a previsão do art. 8°, parágrafo
único, da Lei 9.507/97 (Lei do Habeas Data): “Art. 8° A petição inicial, que
deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil,
será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira
serão reproduzidos por cópia na segunda. Parágrafo único. A petição inicial
deverá ser instruída com prova: I - da recusa ao acesso às informações ou do
decurso de mais de dez dias sem decisão; II - da recusa em fazer-se a

42
retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III - da
recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso
de mais de quinze dias sem decisão.

c) ERRADA. O STF, após reconhecer a repercussão geral da matéria, consolidou


o entendimento de que não é cabível mandado de segurança em face de decisão
interlocutória proferida em Juizado Especial, conforme se vislumbra no julgado
abaixo transcrito.

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. RECURSO


QUE NÃO ATACA O FUNDAMENTO DA DECISÃO AGRAVADA. DECISÃO
INTERLOCUTÓRIA. JUIZADOS ESPECIAIS. MANDADO DE SEGURANÇA.
DESCABIMENTO. A petição de agravo regimental não impugnou o fundamento
da decisão ora agravada. Nesse caso, é inadmissível o agravo, conforme
orientação do Supremo Tribunal Federal. Precedente. Ademais, o Supremo
Tribunal Federal, após reconhecer a repercussão geral da matéria, decidiu
pelo não cabimento de mandado de segurança das decisões interlocutórias
exaradas em processos dos juizados especiais (RE 576.847, Rel. Min. Eros
Grau). Agravo regimental a que se nega provimento." (ARE 703840 AgR,
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 25/03/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-075 DIVULG 15-04-2014 PUBLIC 22-04-2014).

d) ERRADA. Conforme dispõe as regras previstas na Constituição Federal, a


competência para a apreciação e julgamento do Mandado de Injunção depende
da autoridade que figurar no polo passivo da ação e que possui atribuição para
editar a norma omissa. Assim, o STF possui competência para julgar mandado
de injunção quando impetrado por servidor público municipal, desde que a
autoridade que figurar no polo passivo seja uma daquelas elencadas pelo art.
102, I, alínea “q”, da CF/88.

e) ERRADA. Nos termos do art.102, II, alínea “a”, da CF/88, contra a decisão
dos Tribunais Superiores que denegar habeas corpus cabe recurso ordinário,
cujo julgamento competirá a Supremo Corte.

43
___________________________________________________________________

23. A respeito do conceito, dos elementos e das classificações das


constituições, assinale a opção correta.
a) Quanto ao modo de elaboração, as constituições podem ser dogmáticas ou
históricas, sendo que estas últimas consubstanciam os fundamentos estruturais
do Estado.
b) Quanto à estabilidade, a constituição flexível não se compatibiliza com a
forma escrita, ainda que seu eventual texto admitisse livre alteração do
conteúdo por meio de processo legislativo ordinário.
c) Os direitos e garantias fundamentais previstos na CF são considerados
elementos socioideológicos.
d) Conforme a concepção de Kelsen, a constituição possui os sentidos jurídico-
positivo e o lógico-jurídico, o qual equivale à norma positiva suprema.
e) Quanto aos elementos, o ADCT configura exemplo de elemento formal de
aplicabilidade da CF.
Comentários

a) ERRADA. As constituições históricas constituem-se através de um lento e


contínuo histórico de formação ao longo do tempo, reunindo a história às
tradições de um povo. Sendo assim, verifica-se que alternativa está incorreta,
uma vez que atrela o conceito de constituições históricas ao de constituições
dogmáticas. Estas últimas, isto sim, surgem com os resultados dos dogmas
dominantes de uma determinada época da sociedade o qual irá consubstanciar
o dogma estrutural e fundamental do Estado. São ideologias, planos e sistemas
prévios que irão fazer com que um Estado tenha surgimento a partir destas
ideias. Por fim, ressalte-se que as dogmáticas serão sempre escritas.

b) ERRADA. A Constituição Flexível se compatibiliza sim com a forma escrita,


cujo processo de alterabilidade, diferente da Constituição Rígida, demostra a
ser menos dificultoso, podendo ter seu conteúdo alterado por um processo
legislativo cujo quórum revela-se menos solene, como o caso do quórum de
criação de lei ordinária.
44
c) ERRADA. Os direitos e garantias fundamentais previstos na CF são
considerados como elementos limitativos, posto que se manifestam nas normas
que compões o bloco de constitucionalidade e limitam a atuação dos poderes
estatais. Já os elementos socioideológicos são aqueles que revelam o
compromisso da Constituição entre o estado individualista e o Estado social,
intervencionista.

d) ERRADA. Segundo Kelsen, a constituição possui dois sentidos, conforme


exposto na assertiva. Ocorre que o sentido lógico-jurídico, em sua visão,
significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento
lógico transcendental da validade da constituição jurídica-positiva. Esta, por
sua vez, equivale à norma positiva suprema, lei nacional no seu mais alto grau,
a exemplo da Constituição Federal.

e) CORRETA. Os elementos formais de aplicabilidade encontram-se nas normas


que estabelecem regras de aplicação das constituições, a título de exemplos,
disposições constitucionais transitórias, art. 5°, § 1º, ADCT.

Por fim, é importante destacar que os referidos elementos, conforme proposta


de José Afonso da Silva, podem ser divididos em 5 categorias: 1- elementos
orgânicos; 2- elementos limitativos; 3- elementos socioideológicos; 4-
elementos de estabilização constitucional; 5- elementos formais de
aplicabilidade.

___________________________________________________________________

24. Considerando a evolução constitucional do Brasil, marque a alternativa


correta.

a) A Constituição de 1824 adotou a separação de poderes tripartida idealizada


por Montesquieu.

b) A Constituição de 1891 previu o sistema unicameral no Poder Legislativo.

45
c) A Constituição de 1937 dissolveu a Câmara dos Deputados, o Senado
Federal, as assembleias legislativas e as câmaras municipais.

d) A primeira Constituição brasileira, datada de 1824, foi regularmente


aprovada e democraticamente promulgada por assembleia nacional
constituinte.

e) Os direitos fundamentais foram expressamente previstos pela primeira vez


na Constituição de 1891, a qual sobreveio após a queda do Estado Novo.

Comentários

a) ERRADA. A Constituição de 1824 não adotou a separação tripartida de


Mostesquieu, isso porque, além das funções legislativa, executiva e judiciária,
estabeleceu-se a função moderadora, cuja principal finalidade era assegurar a
estabilidade do trono do imperador durante o reinado no Brasil.

b) ERRADA. Ao contrário do disposto neste item, na Constituição de 1891, o


Poder Legislativo federal era exercido pelo Congresso Nacional, cuja
composição possuía duas casas, adotando, portanto o sistema bicameral
(Câmara dos Deputados e Senado Federal).

c) CORRETA. A Constituição de 1937 foi a mais autoritária de todas. Outorgada


por Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, teve a preocupação de
fortalecer o Poder Executivo, consubstanciando-se num documento de inegável
caráter fascista, em razão especialmente do fechamento do Congresso Nacional
(art. 178), da extinção dos partidos políticos e da concentração dos Poderes
Executivo e Legislativo nas mãos do Presidente da República, que legislava por
meio de decretos-leis". (DIRLEY DA CUNHA, PÁG. 512). Nos termos de seu art.
178, foram dissolvidas a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as
Assembleias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais. Indicando que as
eleições ao Parlamento nacional seriam marcadas pelo Presidente da República,
depois de realizado o plebiscito a que se referia o art. 187.

46
d) ERRADA. A Constituição de 1824 foi outorgada. Foram outorgadas as
constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969 (como truque para memorizar,
perceba que todas as constituições outorgadas foram elaboradas em anos
ímpares, exceto a primeira – 1824). Foram promulgadas as constituições de
1891, 1934, 1946 e 1988 (aqui todas as constituições foram elaboradas em anos
pares, salvo a primeira – 1891).

e) ERRADA. A primeira Constituição no mundo a subjetivar e positivar os direitos


fundamentais, dando-lhes concreção jurídico-constitucional efetiva foi a
Constituição brasileira de 1824, e não a da Bélgica de 1831, como se costuma
apontar. Todas as Constituições brasileiras tiveram uma declaração de direitos,
com destaque para a atual, dado o extenso rol, sem precedentes na história
constitucional brasileira, e mesmo assim, inexaurível, de direitos fundamentais
(DIRLEY DA CUNHA, PÁG. 490).

___________________________________________________________________

25. Considerando as lições atinentes ao Poder Constituinte, assinale a


assertiva incorreta.
a) A ausência de vinculação do poder constituinte originário possui apenas
caráter jurídico-positivo.
b) Em nenhuma hipótese, vislumbra-se a possibilidade de controle de
constitucionalidade de normas originárias no ordenamento jurídico brasileiro.
c) Um nova Constituição pode ter eficácia retroativa média desde que tal
situação encontre-se expressamente prevista em seu texto.
d) É possível que propostas de emenda à CF sejam objeto de controle
preventivo de constitucionalidade apenas quando este é exercido pelo
Poder Judiciário.
e) O poder constituinte derivado inicial não precisa observar as regras de
competência legislativa privativa previstas na Constituição Federal para
elaborar normas que farão parte da Constituição Estadual.

47
Comentários:

a) CORRETA. Conforme J. H. Meirelles Teixeira, a ausência de vinculação é


apenas de caráter jurídico-positivo, não significando que o poder constituinte
seja um poder arbitrário absoluto, que não conheça qualquer limitação, posto
que está limitado pelos grandes princípios do bem comum do direito natural,
da moral e da razão.

b) CORRETA. O poder constituinte originário é ilimitado, impossibilitando,


portanto, o controle das normas por ele editadas. Não pode, ainda, sofrer o
referido controle, pois é um poder inicial, que instaura uma nova ordem e
rompe por completo a ordem jurídica anterior.

c) CORRETA. Em regra, o STF entende que as normas constitucionais fruto do


poder constituinte originário possuem retroatividade mínima, todavia, nada
impede que essas espécies de normas, em vista de serem ilimitadas e
incondicionadas juridicamente, tenha retroatividade média ou máxima,
devendo, para tanto, haver expressa disposição no texto constitucional.

d) ERRADA. O item equivoca-se ao afirmar que somente o Poder Judiciário


poderá exercer o controle preventivo, isto porque o Poder Legislativo poderá,
através da análise feita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) realizar o
controle preventivo. Descabe falar, no entanto, de controle preventivo político
nesse caso, uma vez que o veto jurídico somente será aposto nos casos de
projeto de lei, não na hipótese de PEC.

e) CORRETA. A assertiva propõe que será elaborada uma nova Constituição


Estadual, tratando, portanto, do poder constituinte derivado decorrente inicial.
A par disso, é assente na jurisprudência do STF que os parlamentares estaduais,
no exercício do poder constituinte derivado reformador, não podem invadir a
competência privativa do Chefe do Poder Executivo, tratando de matéria
reservada a este, como, por exemplo, o regime jurídico de servidor público. No
entanto, essa restrição ao poder constituinte reformador não alcança a
Assembleia Constituinte do Estado-membro, ao instituir uma nova constituição
(poder constituinte derivado decorrente inicial).
48
___________________________________________________________________

26. De acordo com os termos da Constituição Estadual de Sergipe (CE/SE),


avalie o que segue e marque a alternativa correta.
a) São símbolos do Estado de Sergipe a bandeira, o hino e o selo estaduais.
b) Ninguém será prejudicado no exercício de direito, nem privado de serviço
assistencial à saúde, à higiene e à educação, por não dispor de recursos
financeiros, ressalva a indisponibilidade orçamentária estadual devidamente
comprovada.
c) o Estado deve garantir aos presos o acesso à informação sobre os fatos
ocorridos fora do ambiente carcerário.
d) Qualquer cidadão pode apresentar queixa contra os agentes do poder público
em todos os níveis, sendo facultativa a apuração dos fatos e das
responsabilidades decorrentes.
e) A CE/SE não prevê em seu texto, de forma expressa, a impetração de
mandado de injunção quando a falta de norma regulamentadora torne inviável
p exercício dos direitos assegurados aos cidadãos.

Comentários:

a) ERRADA. O § 2º do art. 1º da Constituição Estadual de Sergipe prevê que são


símbolos do Estado a bandeira, o hino e as armas adotadas à data da
promulgação daquela CE, além de outros que a lei estabelecer.

b) ERRADA. Esta proposição está errada porque a ressalva final não consta do
texto da Constituição, embora seja argumento comumente suscitado pelos
entes públicos na sua defesa em juízo quando se trata de controvérsia que
envolva a implementação de políticas públicas. A CE do Estado de Sergipe
prevê, em seu art. 3º, direitos e garantias individuais, além daqueles previstos
na CF/88, anunciando em seu inciso I o direito constante na assertiva em
análise.

49
c) CORRETA. O art. 3º, VII, da CE/SE prevê que “o Estado garantirá a dignidade
e a integridade física e moral dos presos, facultando-lhes assistência espiritual,
assegurando-lhes o direito de visita para ambos os sexos, assistência médica e
jurídica, aprendizado profissionalizante, trabalho produtivo e remunerado,
além de acesso à informação sobre os fatos ocorridos fora do ambiente
carcerário, bem como aos dados relativos ao andamento dos processos e à
execução das respectivas penas, impedindo a superlotação carcerária,
atendendo ao espaço vital mínimo e à lotação pré-determinada para cada
estabelecimento”

d) ERRADA. A CE/SE impõe a apuração dos fatos, por essa razão a assertiva está
incorreta (Art. 3º, XIII).

e) ERRADA. A CE/SE prevê expressamente o remédio constitucional em tela no


inciso XV do art. 3º.

50
Direito Processual Civil
Professor(a) responsável: Pablo Romão
pablo.romao@coachingpge.com.br

27. Sobre as ações possessórias e à luz da legislação pátria e da


jurisprudência do STJ, assinale a alternativa CORRETA:
a) A notificação prévia dos ocupantes é documento essencial à propositura da
ação possessória.
b) Não é possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre
particulares sobre bem público dominical.
c) Nas ações possessórias, sempre é indispensável a participação do cônjuge do
autor ou do réu.
d) No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação
afirmado na petição inicial houver ocorrido há menos de ano e dia, o juiz, antes
de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência
de mediação.
e) Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for
deduzida em face de terceira pessoa.

Comentários

a) Incorreta

Conforme recente decisão do STJ, a notificação prévia dos ocupantes não é


documento essencial à propositura da ação possessória. Nesse sentido, vejamos
o teor do precedente, divulgado no informativo n. 594:

Cingiu-se a controvérsia devolvida ao STJ, entre outras questões, a verificar a


necessidade de notificação dos ocupantes do imóvel como condição da ação de
reintegração de posse. A presente demanda teve fundamento nos arts. 920 a
931 do CPC/1973, que regulam as ações possessórias e a reintegração de posse

51
em geral. Não se trata, portanto, de ações com efeitos práticos similares, como
a busca e apreensão no caso de alienação fiduciária, em que há exigência
prevista de notificação para a propositura da demanda. Delineado o campo
normativo, faz-se necessário interpretar os arts. 924, 927 e 928 da antiga lei
adjetiva civil. O art. 927 elencava os elementos necessários para a propositura
da demanda possessória. Essa norma deve ser interpretada em conjunto com o
art. 924 do código revogado, cujo texto especificava que à posse nova, de
menos de um ano e dia, aplicava-se o rito da reintegração - especificamente, a
tutela prevista no artigo 928 do mesmo codex. Consoante o art. 924, ainda,
passado o prazo da posse nova tem-se a chamada "posse velha" e o rito para o
procedimento de reintegração de posse seria o ordinário, sem perder o caráter
possessório. Da exegese conjugada dos dois artigos, tem-se que a notificação
tem uma função muito clara: estabelecer a data da turbação ou esbulho de
modo a autorizar o juiz a conceder liminarmente a reintegração. Tem-se,
desse modo, que a notificação não é documento essencial à propositura da
ação possessória, embora seja determinante para a concessão de
reintegração em caráter liminar. (Informativo n. 594) REsp 1.263.164-DF, Rel.
Min. Marco Buzzi, por unanimidade, julgado em 22/11/2016, DJe 29/11/2016.

Embora o julgado aborde a questão à luz do CPC/73, o advento do novo CPC em


nada altera a conclusão do STJ.

b) Incorreta

A matéria objeto de questionamento também foi objeto de recente decisão do


STJ. Em virtude da importância da matéria, o blog “Dizer o Direito” destrinchou
o tema. Diante da relevância e da qualidade do trabalho, transcreve-se o seu
inteiro teor a seguir:

52
Imagine a seguinte situação hipotética:

João mora em uma chácara há 20 anos. Ele ajuizou ação de reintegração de


posse contra Pedro alegando que o requerido invadiu metade do terreno em
que vive.

O Distrito Federal pediu a sua intervenção no feito alegando que a chácara em


que João mora pertence ao Poder Público, em nome de quem está registrada.
Trata-se, portanto, de bem público e, sendo assim, não pode ser objeto de
proteção possessória por parte do particular. Isso porque o particular que ocupa
um bem público não tem a posse deste imóvel, mas sim a mera detenção.

A tese do Distrito Federal foi acolhida pelo STJ?

NÃO. O STJ entendeu que:

É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares


sobre bem público dominical.

STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
18/10/2016 (Info 594).

Posse

Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não,
de algum dos poderes inerentes à propriedade (art. 1.196). Isto é, para se ter
posse basta o exercício de um dos atributos do domínio, sendo possuidor quem,
em seu próprio nome, exterioriza alguma das faculdades da propriedade, seja
ele proprietário ou não.

Bem público ocupado por particular

A jurisprudência sempre entendeu que se o particular ocupa um bem público,


não se pode falar, neste caso, em posse, havendo mera detenção. Existem
diversos julgados do STJ neste sentido:

53
A ocupação de área pública, sem autorização expressa e legítima do titular do
domínio, é mera detenção, que não gera os direitos, entre eles o de retenção,
garantidos ao possuidor de boa-fé pelo Código Civil.

STJ. 2ª Turma. REsp 900.159/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em


01/09/2009.

Em suma, o ocupante de bem público é considerado mero detentor da coisa e,


por conseguinte, não há que se falar em proteção possessória nem em
indenização por benfeitorias ou acessões realizadas, por configurar desvio de
finalidade (interesse particular em detrimento do interesse público), além de
violação aos princípios da indisponibilidade do patrimônio público e da
supremacia do interesse público.

Em razão disso, é juridicamente impossível que um particular que esteja


ocupando irregularmente um bem público ajuíze ação de reintegração ou de
manutenção de posse contra o Poder Público, por exemplo. Sobre o tema:
Conforme precedentes do STJ, a ocupação irregular de terra pública não pode
ser reconhecida como posse, mas como mera detenção, caso em que se afigura
inadmissível o pleito da proteção possessória contra o órgão público. STJ. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1200736/DF, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em
24/05/2011.

Bem público ocupado por particular e disputa possessória entre dois


particulares

A posição acima exposta possui uma exceção: se dois particulares estão


litigando sobre a ocupação de um bem público, o STJ passou a entender que,
neste caso, é possível que, entre eles, sejam propostas ações possessórias
(reintegração, manutenção, interdito proibitório). Assim, para o entendimento
atual do STJ é cabível o ajuizamento de ações possessórias por parte de invasor
de terra pública desde que contra outros particulares.

Existem decisões das duas Turmas do STJ nesse sentido:

54
STJ. 3ª Turma. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
10/3/2016 (Info 579).

STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
18/10/2016 (Info 594).

Duas situações

Importante destacar mais uma vez que são duas situações que devem ter
tratamentos diferentes:

1) Particular invade imóvel público e 2) Particular invade imóvel público e deseja


deseja proteção possessória em face do proteção possessória em face de outro
PODER PÚBLICO: PARTICULAR:

Não terá direito à proteção possessória. Terá direito, em tese, à proteção


possessória.
Não poderá exercer interditos possessórios
porque, perante o Poder Público, ele É possível o manejo de interditos
exerce mera detenção. possessórios em litígio entre particulares
sobre bem público dominical, pois entre
ambos a disputa será relativa à posse.

A interpretação que reconhece a posse nos bens dominicais deve ser conciliada
com a regra que veda o reconhecimento da usucapião nos bens públicos (Súmula
340 do STF; arts. 183, § 3º e 192 da CF/88; art. 102 do CC), permitindo se
concluir que, apenas um dos efeitos jurídicos da posse - a usucapião - é que
será limitado, devendo ser mantido, no entanto, a possibilidade de invocação
dos interditos possessórios pelo particular. Em outras palavras, se o particular
estiver litigando contra outro particular, pode-se reconhecer a posse de um

55
deles sobre o bem público. No entanto, esta "posse" nunca dará direito à
usucapião.

Em suma, não haverá alteração na titularidade dominial do bem, que


continuará nas mãos do Estado, mantendo sua natureza pública. No entanto,
na contenda entre particulares, a relação será eminentemente possessória, e,
por conseguinte, nos bens do patrimônio disponível do Estado, despojados de
destinação pública, será plenamente possível - ainda que de forma precária -,
a proteção possessória pelos ocupantes da terra pública que venham a lhe dar
função social.

Conclui-se, portanto, que "a disputa entre particulares, relativa a bem público,
também não impede o manejo e utilização dos interditos possessórios, até
porque o reconhecimento da natureza pública do bem confere a titularidade
dominial ao poder público, mantendo incólume sua posição de titular"; desta
feita, "os particulares terão apenas a detenção em relação ao Poder Público,
mas como os vícios da posse são relativos, entre os contendores, a disputa será
relativa à posse, pois entre ambos não terá cabimento a exceção, por tratar-se
de res extra commercium. Este argumento caberá ao ente estatal e não aos
particulares" (ARAUJO, Fábio Caldas de. Posse. Rio de Janeiro: Forense, 2007,
p. 263).

Função social

À luz do texto constitucional e da inteligência do novo Código Civil, a função


social é base normativa para a solução dos conflitos atinentes à posse, dando-
se efetividade ao bem comum, com escopo nos princípios da igualdade e da
dignidade da pessoa humana.

Nos bens do patrimônio disponível do Estado (dominicais), despojados de


destinação pública, permite-se a proteção possessória pelos ocupantes da terra
pública que venham a lhe dar função social.

A ocupação por particular de um bem público abandonado/desafetado - isto é,


sem destinação ao uso público em geral ou a uma atividade administrativa -

56
, confere justamente a função social da qual o bem está carente em sua
essência.

Voltando ao exemplo dado. O argumento invocado pelo Distrito Federal não


poderá ser acolhido e o juiz decidirá qual dos dois particulares têm a posse:
João ou Pedro. No entanto, se o DF ajuizar uma ação possessória contra
João, este poderá invocar que tinha a posse e pedir indenização ou a
retenção das benfeitorias realizadas no local?

NÃO. Isso porque, conforme vimos acima, se o litígio for contra o Poder Público,
a ocupação de área pública pelo particular será considerada mera detenção,
que não gera direitos de indenização ou retenção, não havendo proteção
possessória ao particular, neste caso. Assim, o particular tem apenas detenção
em relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção possessória.

Para relembrar. Em que consiste o bem público dominical?

O art. 99 do Código Civil classifica os bens públicos de acordo com a sua


destinação (ou afetação):

a) bens de uso comum do b) bens de uso especial c) bens dominicais


povo

São aqueles destinados à São aqueles utilizados pela São aqueles que não estão
utilização geral pelos Administração para a sendo utilizados para
indivíduos, podendo ser prestação dos serviços nenhuma destinação
utilizados por todos em administrativos e dos serviços pública (estão
igualdade de condições, públicos em geral, ou seja, desafetados), abrangendo o
independentemente de utilizados pela Administração denominado domínio
consentimento para a satisfação de seus privado do Estado.
individualizado por parte objetivos.

57
do Poder Público (uso Exs: prédio onde funciona um Exs: terras devolutas,
coletivo). órgão público. terrenos de marinha,
prédios públicos
Exs: ruas, praças, rios, desativados, móveis
praias etc. inservíveis, dívida ativa etc.

c) Incorreta

A alternativa não se coaduna com o art. 73, § 2, do CPC, que dispõe: “Nas ações
possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado”.

d) Incorreta

A alternativa não se coaduna com o art. 565, do CPC, que dispõe: “ No litígio
coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na
petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar
o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de
mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias”.

e) Correta

A alternativa reproduz o texto literal do art. 557, do CPC, que dispõe: “Na
pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for
deduzida em face de terceira pessoa”.

___________________________________________________________________

58
28. No tocante ao recurso de embargos de declaração e à luz da legislação
pátria e da jurisprudência do STJ, assinale a alternativa CORRETA:
a) Os embargos de declaração não podem ter efeito suspensivo e interrompem
o prazo para a interposição de recurso.
b) Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a
multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a
interposição de qualquer recurso, inclusive pela Fazenda Pública, ficará
condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção do beneficiário
de gratuidade da justiça, que a recolherá ao final.
c) De acordo com o STJ, não é possível a fixação de honorários advocatícios
recursais no julgamento de embargos de declaração.
d) Consoante preceitua a jurisprudência do STJ, positivada no novo CPC,
compete ao respectivo órgão colegiado, e não ao relator, o julgamento de
embargos de declaração opostos em face de decisão monocrática.
e) Em conformidade com a jurisprudência do STJ, incorporada ao novo CPC,
não se admite a conversão, em agravo interno, de embargos de declaração
opostos em face de decisão monocrática, ainda que estes contenham efeitos
infringentes, tendo em vista a ausência de fungibilidade entre estas espécies
recursais.

Comentários

a) Incorreta

Nos termos do art. 1.026, do CPC, “Os embargos de declaração não possuem
efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso”.
Ressalte-se que, com o advento do novo CPC, os embargos de declaração
também passaram a interromper o prazo para interposição de recurso no âmbito
dos juizados especiais, consoante preceitua seu art. 1.065.
Contudo, o parágrafo primeiro deste dispositivo possibilita a concessão de
efeito suspensivo, se demonstrada a probabilidade de provimento do

59
recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave
ou de difícil reparação, senão vejamos:

§ 1 A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa


pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de
provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver
risco de dano grave ou de difícil reparação.

Portanto, a assertiva é incorreta.

b) Incorreta

A alternativa não se coaduna com o art. 1.026, § 3, do CPC, que dispõe: “Na
reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa
será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a
interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do
valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade
da justiça, que a recolherão ao final’.

c) Correta

De acordo com a jurisprudência do STJ, “Os honorários recursais previstos


no § 11 do art. 85 do CPC/2015 somente têm aplicação quando houver a
instauração de novo grau recursal, e não a cada recurso interposto no
mesmo grau de jurisdição (Enunciado n. 16 da ENFAM: ‘Não é possível
majorar os honorários na hipótese de interposição de recurso no mesmo grau
de jurisdição’)”. (AgInt nos EAREsp 802.877/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/04/2017, DJe 09/05/2017).

No mesmo sentido, vem decidindo o STF: “Ante o disposto no artigo 85, § 11,
do Código de Processo Civil de 2015, fica afastada, no julgamento de
embargos de declaração, a imposição de honorários, porquanto a premissa

60
é a de que não se tem prestação jurisdicional aperfeiçoada” (ARE 926358
ED-AgR-ED, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em
16/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 03-08-2017 PUBLIC 04-08-
2017).

Na mesma senda, tem-se o Enunciado nº 16 da ENFAM: “Não é possível majorar


os honorários na hipótese de interposição de recurso no mesmo grau de
jurisdição”.

Sobre o tema, lecionam, ainda, Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha 1:

“No julgamento de embargos de declaração, não há majoração de


honorários anteriormente fixados. Isso porque o § 11 do art. 85 do CPC
refere-se a tribunal, afastando a sucumbência recursal no âmbito da primeira
instância. Assim, opostos embargos de declaração contra decisão interlocutória
ou contra sentença, não há sucumbência recursal, não havendo, de igual modo
e em virtude de simetria, sucumbência recursal em embargos de declaração
opostos contra decisão isolada do relator ou contra acórdão. De igual modo,
não há majoração de honorários anteriormente fixados no julgamento do
agravo interno. Quando o relator inadmite ou nega provimento ao recurso por
decisão isolada, ele já aplica o § 11 do art. 85 do CPC e majora os honorários
de sucumbência fixados pelo juiz contra a parte. Rejeitado o agravo interno, o
colegiado apenas confirma a decisão do relator, não incidindo novamente o §
11 do art. 95 do CPC. O relator ao decidir, antecipa provável entendimento
do colegiado. Este, ao ser provocado pelo agravo interno, confirma ou não
a decisão do relator. Ao confirmar, mantém o que o relator decidiu,
inclusive na parte relativa aos honorários sucumbenciais. Não há outra
majoração. A majoração já foi determinada pelo relator em sua decisão
isolada”

1
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito
Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 158, v. 3.

61
d) Incorreta

O entendimento do STJ é no sentido de que “tem competência para decidir os


embargos de declaração o mesmo órgão que proferiu a decisão, ressalvados os
casos em que, pela natureza da impugnação, os embargos venham a ser
admitidos como agravo regimental”. (EDcl nos EDcl no Ag 834.980/SC, Rel.
Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 16/06/2015, DJe
03/08/2015).

No mesmo sentido, preceitua o novo CPC, no seu art. 1.024, § 2: “Quando os


embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão
embargada decidi-los-á monocraticamente”.

e) Incorreta

Nos termos da jurisprudência do STJ, “em face do nítido caráter infringente e


em observância aos princípios da fungibilidade, da economia processual e da
instrumentalidade das formas, recebem-se os embargos de declaração opostos
em face de decisão monocrática como agravo interno”. Nesse sentido: EDcl nos
EDcl no AREsp 767.740/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 09/08/2016, DJe 17/08/2016; EDcl no AREsp 426.336/SC,
Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/03/2014,
DJe 03/04/2014.

O novo CPC positivou esse entendimento no seu art. 1.024, § 4, do CPC: “Caso
o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a
decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos
exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da
intimação da decisão dos embargos de declaração”.

62
___________________________________________________________________

29. No que diz respeito ao regime jurídica da sentença e da coisa julgada e


à luz do CPC, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for
favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento judicial que
extinguisse o processo sem resolução de mérito.
b) A prescrição e a decadência nunca serão reconhecidas sem que antes seja
dada às partes oportunidade de manifestar-se.
c) A decisão judicial deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica
condicional.
d) Questões prejudiciais, decididas expressa e incidentemente no processo,
podem fazer coisa julgada material, desde que preenchidos os requisitos legais.
e) Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao
acolhimento quanto à rejeição do pedido.

Comentários

a) Correta

A assertiva reproduz previsão expressa do art. 488, do CPC, que dispõe: “Desde
que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à
parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art.
485”. Cuida-se de preceito que objetiva concretizar a primazia do julgamento
de mérito, bem como os princípios da eficiência e da economia processual.

b) Incorreta

No caso de improcedência liminar do pedido (art. 332, do CPC), a prescrição e


a decadência podem ser reconhecidas sem que antes seja dada às partes
oportunidade de manifestar-se. Há, aqui, uma exceção a art. 10, do CPC.

63
Referido conclusão é extraída do art. 487, parágrafo único, do CPC:
“Ressalvada a hipótese do § 1 do art. 332, a prescrição e a decadência não
serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de
manifestar-se”.

Sobre o tema, preceitua o art. 322, § 1, do CPC: “O juiz também poderá julgar
liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de
decadência ou de prescrição”.

Logo, existe a possibilidade jurídica de a prescrição e a decadência serem


reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de
manifestar-se.

c) Correta

Previsão expressa do art. 487, parágrafo único, do CPC: “A decisão deve ser
certa, ainda que resolva relação jurídica condicional”.

d) Correta

Novidade importantíssima do CPC/15, que possibilita a extensão da coisa


julgada às questões prejudiciais, decididas expressa e incidentemente no
processo, desde que preenchidos determinados requisitos.

Nesse sentido, preceitua o art. 503, § 1, do CPC:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito


tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.

64
§ 1 O disposto no caput aplica-se à resolução de questão
prejudicial, decidida expressa e incidentemente no
processo, se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo,


não se aplicando no caso de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa


para resolvê-la como questão principal.

§ 2 A hipótese do § 1 não se aplica se no processo houver


restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o
aprofundamento da análise da questão prejudicial.

Portanto, o item está correto.

e) Correta

A assertiva reproduz previsão do art. 508, do CPC: “Transitada em julgado a


decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e
as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do
pedido”.

___________________________________________________________________

30. No tocante aos “processos nos tribunais” e à luz da legislação pátria e


da jurisprudência do STJ e do STF, assinale a alternativa CORRETA:
a) De acordo com o STF, antes de considerar inadmissível o recurso, o relator
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício,
ainda que este diga respeito à complementação da fundamentação.
b) As peças que devem formar o instrumento do agravo não podem ser
apresentadas em mídia digital (DVD).

65
c) De acordo com o STJ, a aplicação da teoria da causa madura restringe-se ao
recurso de apelação.
d) Consoante entendimento do STJ, ainda que inexista súmula ou
precedente vinculante sobre a matéria, o relator poderá dar ou negar
provimento ao recurso especial quando houver, na mencionada Corte de
Justiça, entendimento jurisprudencial dominante acerca do tema.
e) Conforme o texto expresso do CPC, o voto vencido será necessariamente
declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais,
exceto pré-questionamento.

Comentários

a) Incorreta

O art. 932, parágrafo único, do CPC, fundado nos princípios da primazia do


julgamento de mérito e da cooperação processual, preceitua que, antes de
considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias
ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.

Interpretando referido dispositivo legal, o STF concluiu que o prazo de 5 dias,


previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos em
que seja necessário sanar vícios formais, como ausência de procuração ou de
assinatura, e não à complementação da fundamentação.

Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca
todos os fundamentos da decisão recorrida. Isso porque, nesta hipótese,
seria necessária a complementação das razões do recurso, o que não é
permitido. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 7/6/2016 (Info 829).

66
O Min. Roberto Barroso, em acréscimo, afirmou que a retificação somente seria
cabível nas hipóteses de recurso inadmissível, mas não nas de situações de
recurso prejudicado ou de recurso que não tenha feito a impugnação específica
dos fundamentos da decisão recorrida.

b) Incorreta

De acordo com o STJ, as peças que devem formar o instrumento do agravo


podem ser apresentadas em mídia digital (dvd).

Na ocasião, salientou o Relator:

De fato, não foram localizados precedentes do STJ contendo questão


absolutamente idêntica à debatida no caso. Não obstante, verifica-se que,
já em outras ocasiões, o STJ reconheceu a força probante de documentos
digitalizados, excepcionando apenas a hipótese em que sobrevém fundada
dúvida ou impugnação à sua validade. Cuidava-se de situações em que,
por exemplo, foi juntado documento digitalizado em meio físico (papel
contendo cópia simples), cuja autenticidade não foi questionada. Nesse
sentido: REsp 1.073.015-RS (Terceira Turma, DJe 26/11/2008) e AgRg no
Ag 1.141.372-SP (Terceira Turma, DJe 17/11/2009). Assim, se o STJ já
admitiu como válida, em ocasiões pretéritas, a simples cópia (em papel)
de documentos extraídos da internet, há excesso de formalismo em
recusar, para os fins do art. 365, VI, do CPC/1973 (reproduzido no art.
425, VI, do CPC/2015), a validade de reprodução digitalizada entregue
em dvd. REsp 1.608.298-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
1º/9/2016, DJe 6/10/2016 (Informativo n. 591).

Portanto, o item está incorreto.

67
c) Incorreta.

De acordo com o STJ, admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art.


515, § 3º, do CPC/1973) em julgamento de agravo de instrumento.

Na ocasião, salientou a Corte:

De fato, há precedentes do STJ que pugnam pela não aplicação da teoria


da causa madura em agravo de instrumento. Analisando-os, nota-se que a
decisão monocrática proferida no REsp 1.150.812-ES (DJe 16/12/2009)
tem amparo em outros dois julgados: o REsp 530.053-PR (Segunda Turma,
DJ 16/11/2004) e o REsp 445.470- DF (Segunda Turma, DJ 1º/9/2003). De
ambos, o último pode ser considerado como o paradigma a respeito da
matéria e, após leitura atenta do voto condutor, extrai-se a seguinte
fundamentação: “No que se refere à alegação de ofensa ao art. 515 do
CPC, deixo de analisá-la porquanto o dispositivo somente é aplicável no
julgamento da apelação e não de agravo de instrumento, como na hipótese
dos autos.” Propõem-se, entretanto, um debate mais aprofundado sobre
o tema. Para tanto, parte-se da decisão proferida no AgRg no Ag 867.885-
MG (Quarta Turma, DJ 22/10/2007), a qual examinou conceitualmente o
art. 515, § 3º, do CPC/1973, com profundidade. Na ocasião, consignou-se:
“A novidade representada pelo § 3º do art. 515 do Código de Processo Civil
nada mais é do que um atalho, legitimado pela aptidão a acelerar os
resultados do processo e desejável sempre que isso for feito sem prejuízo
a qualquer das partes; ela constituiu mais um lance da luta do legislador
contra os males do tempo e representa a ruptura com um velho dogma, o
do duplo grau de jurisdição, que por sua vez só se legitima quando for
capaz de trazer benefícios, não demoras desnecessárias. Por outro lado,
se agora as regras são essas e são conhecidas de todo operador do direito,
o autor que apelar contra a sentença terminativa fá-lo-á com a consciência
do risco que corre; não há infração à garantia constitucional do due
process porque as regras do jogo são claras e isso é fator de segurança das

68
partes, capaz de evitar surpresas.” Traçadas as premissas, não se pode
descurar que, em sua concepção literal, a aplicação do art. 515, § 3º, do
CPC/1973 pressuporia extinção de processo sem julgamento de mérito por
sentença e existência de questão de direito em condições de imediato
julgamento. Porém, doutrina processual relevante já superou o dogma da
incidência do dispositivo apenas nas hipóteses de sentença/apelação e
considera a disposição como relacionada à teoria geral dos recursos. Isso
com base em algumas premissas: a) a norma propõe um atalho para
acelerar julgamentos baseados na ruptura com o dogma do duplo grau de
jurisdição, assumido como princípio, mas não como garantia; b) a
disposição não pode acarretar prejuízo às partes, especialmente no que
se refere ao contraditório e à ampla defesa; c) a teoria da causa madura
não está adstrita ao recurso de apelação, porquanto inserida em
dispositivo que contém regras gerais aplicáveis a todos os recursos; e d)
admite-se o exame do mérito da causa com base em recursos tirados de
interlocutórias sobre aspectos antecipatórios ou instrutórios. Dessa
forma, parece razoável entender que: “quem pode o mais, pode o
menos.” Se a teoria da causa madura pode ser aplicada em casos de
agravos de decisões interlocutórias que nem sequer tangenciaram o
mérito, resultando no julgamento final da pretensão da parte, é
possível supor que não há impedimento à aplicação da teoria para a
solução de uma questão efetivamente interlocutória, desde que não
configure efetivo prejuízo à parte. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 1º/6/2016, DJe 19/9/2016 (Informativo n. 590).

d) Correta.

De acordo com o CPC, o relator, no tribunal, somente poderá proferir


julgamento monocrático, sem levar o processo para o órgão colegiado, nas
hipóteses do art. 932, IV e V, do CPC:

Art. 932. Incumbe ao relator:

69
[…] IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento
ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;

Pela leitura do texto legal, verifica-se que o relator, no tribunal, não pode julgar
monocraticamente recurso apenas com fundamento em jurisprudência
dominante do respectivo tribunal ou de tribunal superior, pois o CPC é taxativo
nas hipóteses em que se admite o julgamento monocrático, exigindo, para
tanto, a existência de súmula ou precedente obrigatório.

Contudo, o STJ, desprezando o texto legal, editou a Súmula n. 568, que dispõe:
“O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar
ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante
acerca do tema”. Portanto, constata-se a possibilidade de o relator,
monocraticamente, julgar recurso com base em entendimento dominante, mas
não consolidado em súmula ou precedente vinculante.

Logo, como assertiva exige o entendimento do STJ, ela se encontra correta.

e) Incorreto

70
Na vigência do CPC/73, o STJ editou a Súmula n. 320, que dispõe: “A questão
federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do
prequestionamento”.

Contudo, o aluno deve atentar para o fato de que o referido enunciado sumular
restou superado com o advento do CPC/15.

Nos termos do art. 941, § 3º, do CPC/15, “o voto vencido será necessariamente
declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais,
inclusive de pré-questionamento”.

Assim, o item é errado.

___________________________________________________________________

31. No que diz respeito às disposições finais e transitórias do CPC, assinale


a alternativa INCORRETA:
a) Sempre que a legislação remeter a procedimento previsto na lei processual
sem especificá-lo, será observado o procedimento comum previsto no CPC.
b) A tramitação prioritária para portadores de doença grave independe de
deferimento pelo órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida
diante da prova da condição de beneficiário.
c) O incidente de desconsideração da personalidade jurídica não se aplica
ao processo de competência dos juizados especiais.
d) É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto
em lei ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal.
e) As disposições do CPC/73 relativas ao procedimento sumário e aos
procedimentos especiais que foram revogadas pelo novo CPC aplicar-se-ão às
ações propostas e não sentenciadas até o início da vigência do CPC/15.

71
Comentários

a) Correta

O enunciado reproduz o texto do art. 1.049, do CPC, que dispõe: “Sempre que
a lei remeter a procedimento previsto na lei processual sem especificá-lo, será
observado o procedimento comum previsto neste Código”

b) Correta

O enunciado reproduz o texto do art. 1.048, § 4, do CPC, que dispõe: “A


tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão jurisdicional e
deverá ser imediatamente concedida diante da prova da condição de
beneficiário”.

c) Incorreta

Assertiva contrária ao disposto no art. 1062, do CPC, que reza: “O incidente de


desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de
competência dos juizados especiais”.

d) Correta

Item de acordo com o do art. 1.070, do CPC, que dispõe: “É de 15 (quinze) dias
o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em
regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão
unipessoal proferida em tribunal”.

e) Correta

72
Assertiva que reproduz texto expresso do art. 1.046, § 1, do CPC: “As
disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, relativas ao procedimento
sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às
ações propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste Código ”.

___________________________________________________________________

32. Acerca da jurisprudência do STJ sobre o mandado de segurança, analise


os itens a seguir e, em seguida, marque a alternativa CORRETA:
I. Não é possível a ocorrência de litispendência entre mandado de segurança e
ação ordinária, pois os respectivos polos passivo são constituídos por pessoas
distintas; no pedido mandamental, a autoridade administrativa, e na ação
ordinária a própria pessoa jurídica de direito público.
II. De acordo com a jurisprudência do STJ, o Secretário de Estado de Fazenda
não ostenta legitimidade para figurar no polo passivo de mandado de segurança
impetrado com o objetivo de questionar a obrigatoriedade de pagamento de
ICMS, pois não é de sua competência determinar a nulidade de eventual
lançamento tributário.
III. Conforme jurisprudência do STJ, em ação de cobrança que visa ao
pagamento de parcelas anteriores à impetração do mandado de segurança, é
vedado rediscutir direito reconhecido no writ, sob pena de violação à coisa
julgada.
IV. A jurisprudência do STJ pacificou entendimento no sentido de que o
Secretário de Saúde de Estado possui legitimidade para figurar no polo passivo
de mandado de segurança impetrado com a finalidade de obter medicamento
ou tratamento médico adequado, tendo em vista a relevância do bem jurídico
sob risco.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) Apenas os itens I, II e III estão corretos.
b) Apenas o item I está correto.

73
c) Apenas os itens I, III e IV estão corretos.
d) Apenas o item II está correto.
e) Apenas os itens II, III e IV estão corretos

Comentários

I) Assertiva incorreta.

Nos termos do art. 301, § 1º, do CPC, “Verifica-se a litispendência ou a coisa


julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada”. Outrossim, “Uma
ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de
pedir e o mesmo pedido” (art. 301, § 2º, do CPC”, sendo certo, ainda, que “Há
litispendência quando se repete ação que está em curso”.

A litispendência constitui pressuposto processual negativo, o qual obsta a


repropositura de demanda anteriormente ajuizada, ainda pendente de análise
pelo Poder Judiciário, com o objetivo de assegurar a segurança das relações
jurídicas, evitando julgamentos contraditórios sobre a mesma controvérsia.

Nesse contexto, não obstante não exista perfeita identidade entre as partes
demandadas no mandado de segurança (autoridade coatora) e na ação
ordinária (pessoa jurídica de direito público), o STJ tem entendido ser
possível a ocorrência de litispendência entre elas quando ambas possuam o
mesmo objetivo. Nesse sentido, vejamos os seguintes julgados:

“PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.


SANÇÃO DE IMPEDIMENTO DE LICITAR E CONTRATAR. LITISPENDÊNCIA.
RECONHECIMENTO.
1. Ocorre litispendência quando existem dois processos em curso com
identidade de partes, pedido e causa de pedir (CPC/1973, art. 301, III, §§ 1º
a 3º, e CPC/2015, art. 337, VI, §§ 1º a 3º) e se reconhece tal fenômeno
"ainda que o polo passivo seja constituído de pessoas distintas; em um

74
pedido mandamental, a autoridade administrativa, e, no outro, a
própria entidade de Direito Público" (AgRg no MS 18.759/DF, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/04/2016, DJe
10/05/2016).
2. Caso em que se constata a tríade de identidade a configurar a
litispendência, porquanto impetrado mandamus com o mesmo desiderato
de ação declaratória ajuizada: a suspensão dos efeitos de portaria que
impôs à impetrante a pena de impedimento de licitar e contratar com a
União pelo prazo de 3 (três) anos.
3. Verificado que a providência requerida na ação mandamental e aquela
pleiteada em anterior ação ordinária convergem, ao final, para o mesmo
resultado prático pretendido e sob a mesma causa petendi, há
pressuposto processual negativo apto a obstar o regular processamento
deste segundo feito.
4. Mandamus extinto, sem resolução do mérito. Liminar cassada. Agravo
regimental prejudicado”.
(MS 21.734/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
23/11/2016, DJe 09/12/2016)”.

“No caso, entendeu-se pela ocorrência de litispendência entre o presente


mandamus e a ação ordinária n. 0027812-80.2013.4.01.3400, com base em
jurisprudência desta Corte Superior acerca da possibilidade de
litispendência entre Mandado de Segurança e Ação Ordinária, na ocasião
em que as ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado,
ainda que o polo passivo seja constituído de pessoas distintas.” (EDcl no
MS 21.315/DF, Rel. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF
3ª REGIÃO), PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/2016, DJe 15/06/2016).

“É excepcionalmente possível a ocorrência de litispendência ou coisa


julgada entre Mandado de Segurança e Ação Ordinária, entendendo-
se que tal fenômeno se caracteriza, quando há identidade jurídica, ou
seja, quando as ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado,

75
ainda que o polo passivo seja constituído de pessoas distintas; no
pedido mandamental, a autoridade administrativa, e na ação ordinária
a própria entidade de Direito Público”. (AgRg no AREsp 702.892/SP, Rel.
Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/03/2016, DJe
29/03/2016)

Portanto, a assertiva “I” está incorreta.

II) Assertiva correta

Nos termos do art. 6º, § 2º, “Considera-se autoridade coatora aquela que tenha
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática”.

Nesse sentido, o STJ possui jurisprudência consolidada no sentido de que o


Secretário de Estado de Fazenda não ostenta legitimidade para figurar no
polo passivo do mandado de segurança, questionando a obrigatoriedade
de pagamento de tributo, pois não é de sua competência determinar a
nulidade de eventual lançamento tributário. Nesse sentido: AgRg no RMS
35.105/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão
Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe
03/05/2017; AgInt no RMS 51.519/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 16/12/2016.

Ademais, vale salientar que o simples fato de a ação fiscal estar eventualmente
pautada em norma infralegal editada pelo Secretário da Fazenda também
não o torna legitimado passivo para os mandados de segurança que discutem
a ilegalidade da autuação. Sobre o tema: RMS 49.806/RJ, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/12/2016, DJe 19/12/2016; RMS
45.902/RJ, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 21/9/2016; RMS
31.412/RJ, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 29/2/2016.

Portanto, a assertiva “II” está correta.

76
III) Assertiva correta

De fato, a jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que “em Ação de


Cobrança que visa ao pagamento de parcelas anteriores à impetração do
Mandado de Segurança, é vedado rediscutir direito reconhecido no writ, sob
pena de violação à coisa julgada” (REsp 1669480/RJ, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/06/2017, DJe 30/06/2017)

Assim, por exemplo, uma decisão proferida em mandado de segurança


funciona, nos autos da ação ordinária, como título executivo judicial para a
cobrança daquelas parcelas anteriores à impetração, nos termos da Súmula
271, do Supremo Tribunal Federal, não sendo possível, com isso, a revisão
do mérito (do direito líquido e certo) nesta nova demanda cognitiva, pois a
matéria abordada na decisão anterior constitui coisa julgada material.

Portanto, a assertiva “III” está correta.

IV) Assertiva correta

Embora possa parecer contraditório com a assertiva “II”, o STJ pacificou


entendimento no sentido de “reconhecer a legitimidade de Secretário de
Saúde de Estado para figurar no polo passivo de mandado de segurança
impetrado com a finalidade de obter medicamento ou tratamento médico
adequado, por considerar sobretudo a relevância do bem jurídico sob
risco”. Nesse sentido: RMS 52.446/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 16/05/2017, DJe 19/05/2017; AgRg no RMS 39.774/RO, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
01/10/2015, DJe 13/10/2015.

Desse modo, a assertiva “IV” está correta.

77
___________________________________________________________________

33. No que diz respeito às intervenções de terceiro e ao litisconsórcio e à


luz do novo CPC, assinale a alternativa CORRETA:
a) Acolhido o pedido de desconsideração da personalidade jurídica, a alienação
ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será nula em relação ao
requerente.
b) Admite-se a denunciação da lide per saltum.
c) Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente
será considerado seu substituto processual.
d) O amicus curiae não pode recorrer da decisão que julgar o incidente de
resolução de demandas repetitivas.
e) No litisconsórcio, inclusive unitário, os litisconsortes são considerados, em
suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos.

Comentários

a) Incorreta

O enunciado não se coaduna com o art. 137, do CPC, que dispõe: “Acolhido o
pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em
fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente”.

b) Incorreta

A denunciação da lide per saltum, ou seja, aquela feita não ao alienante


imediato, mas a qualquer um dos alienantes anteriores, desapareceu do
sistema jurídico brasileiro, tendo em vista a opção legislativa contida no
artigo 1.072, inciso II, do CPC, que revogou expressamente o artigo 456 do
Código Civil Brasileiro, suporte normativo então vigente que dava ensejo ao
entendimento no sentido de que seria possível a referida forma de denunciação.

78
c) Correta

O enunciado reproduz o art. 121, parágrafo único, do CPC, que dispõe: “Sendo
revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será
considerado seu substituto processual”.

d) Incorreta

O enunciado não se coaduna com o art. 38, § 3, do CPC, que dispõe: “O amicus
curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas”.

e) Incorreta

O enunciado é contrário ao disposto no art. 117, do CPC: “Os litisconsortes


serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes
distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões
de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar”.

___________________________________________________________________

34. No que diz respeito à competência e à luz do novo CPC e da


jurisprudência pátria, assinale a alternativa CORRETA:
a) A autodeclaração de suspeição realizada por magistrado em virtude de
motivo superveniente importa em nulidade dos atos processuais praticados em
momento anterior ao fato ensejador da suspeição.
b) Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta
anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença
sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente
reunidas.

79
c) Prorrogar-se-á a competência absoluta se o réu não alegar a incompetência
em preliminar de contestação.
d) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa e, em regra, do
território é inderrogável por convenção das partes.
e) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
objetivando-se, com isso, evitar a prolação de decisões conflitantes entre si,
ainda que um deles já tenha sido sentenciado.

Comentários

a) Incorreta

O tema foi abordado em um recente julgado do STJ, no qual restou consignado


justamente o contrário do exposto na assertiva em comento, senão vejamos “A
autodeclaração de suspeição realizada por magistrado em virtude de motivo
superveniente não importa em nulidade dos atos processuais praticados em
momento anterior ao fato ensejador da suspeição”. (PET no REsp 1.339.313-
RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Assusete Magalhães, julgado
em 13/4/2016, DJe 9/8/2016).

Isso se dá pelo fato de a declaração de suspeição não ensejar efeitos


retroativos. Ademais, referido entendimento encontra-se em consonância com
o texto do CPC/15, que, no seu artigo 146, § 7º, dispõe: “O tribunal decretará
a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de
impedimento ou de suspeição”.

b) Correta

A continência é causa de modificação de competência, prevista no art. 56, do


CPC, e ocorre quando, entre 2 (duas) ou mais ações, houver identidade quanto
às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange
o das demais.

80
O conceito de continência, curiosamente, está contido no conceito de conexão,
previsto no caput do art. 55, do CPC, pois para que haja continência é
necessária a identidade de causa de pedir, e se isso ocorre já é caso de conexão;
a continência é exemplo de conexão.

Na continência, os pedidos das causas pendentes são diversos, um engloba o


outro. Dois exemplos: (i) se se pede a anulação de um contrato, em uma
demanda, e a anulação de uma cláusula do mesmo contrato, embora diferentes
os pedidos, o primeiro engloba o segundo; (ii) pedido de anulação do ato de
inscrição em crédito tributário na dívida ativa e pedido de anulação do ato de
lançamento (esse engloba aquele, visto que a anulação do ato de lançamento
implicará a anulação dos que lhe forem subsequentes, inclusive o de inscrição
em dívida ativa).

Há duas situações possíveis: a ação maior (continente) é anterior à ação menor


(contida); ou a ação maior é posterior à ação menor. O art. 57, do CPC,
disciplina ambos os casos: “Quando houver continência e a ação continente
tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será
proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão
necessariamente reunidas”.

Portanto, caso a ação continente tenha sido proposta a anteriormente, no


processo relativo à ação contida será proferida sentença em resolução de
mérito; logo, vê-se que nem sempre a continência ensejará a reunião dos
processos, motivo pelo qual a assertiva em comento é correta.

c) Incorreta

Competência absoluta não se prorroga, mas apenas a competência relativa,


consoante preceitua o art. 65, do CPC: “Prorrogar-se-á a competência relativa
se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação”.

81
d) Incorreta

A competência em razão do território, em regra, é relativa, e não absoluta,


motivo pelo qual pode ser derrogada pela vontade das partes. Já a competência
em razão da pessoa e da matéria é absoluta, sendo, portanto, inderrogável, nos
termos do art. 62, do CPC: “A competência determinada em razão da matéria,
da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes”.

Ressalte-se, no entanto, que existem, excepcionalmente, competências


territoriais tidas como absolutas, como, por exemplo, a prevista no art. 47, do
CPC: “Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro de situação da coisa”. A bem da verdade, cuida-se de competência
funcional, tendo em vista que o foro do local da coisa é mais apropriado para a
solução do litígio. Porém, vale o registro.

e) Incorreta

Nos termos do art. 55, § 1, do CPC, “Os processos de ações conexas serão
reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido
sentenciado”. Referido dispositivo legal positiva entendimento pacificado pelo
STJ na Súmula n. 235: “A conexão não determina a reunião dos processos, se
um deles já foi julgado”. Portanto, a assertiva é equivocada.

___________________________________________________________________

35. Sobre a gratuidade da justiça e à luz do CPC e da jurisprudência pátria,


assinale a alternativa CORRETA:
a) Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência financeira deduzida por
pessoa natural ou jurídica.
b) A gratuidade judiciária pode ser concedida em relação apenas a alguns
atos processuais.

82
c) De acordo com o STJ, não é possível o deferimento de assistência judiciária
gratuita a jurisdicionado que tenha firmado com seu advogado contrato de
honorários com cláusula ad exitum.
d) A concessão de gratuidade afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final,
as multas processuais que lhe sejam impostas.
e) Todas as assertivas estão incorretas.

Comentários

a) Incorreta

Nos termos da Súmula n 481, do STJ: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita
a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.

No mesmo sentido, manifesta a jurisprudência do STJ: “Cuidando-se de pessoa


jurídica, ainda que em regime de recuperação judicial, a concessão da
gratuidade somente é admissível em condições excepcionais, se comprovada a
impossibilidade de arcar com as custas do processo e os honorários advocatícios,
o que não foi demonstrado nos autos" (AgInt no AREsp 1069169/SP, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 08/08/2017, DJe
16/08/2017).

Ressalte-se que o CPC, ao tratar do tema, preceitua, no art. 99, § 3, que se


presume verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural, sem mencionar a pessoa jurídica. Logo, a assertiva está
incorreta.

b) Correta

O CPC possibilita, expressamente, no seu art. 99, § 5, que a gratuidade


judiciária pode se concedida em relação a algum ou a todos os atos

83
processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que
o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

c) Incorreta

Comentários do blog Dizer o Direito:

Imagine a seguinte situação hipotética:


João propôs ação contra Pedro.
Na petição inicial, o autor requereu os benefícios da justiça gratuita, ou seja,
pediu para não pagar as custas judiciais e as despesas processuais, conforme
previsto no art. 98 do CPC/2015:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

O juiz proferiu o seguinte despacho:


"Segundo o art. 98 do CPC/2015, os benefícios da justiça gratuita somente
poderão ser deferidos para o jurisdicionado que não tenha condições de pagar
as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios. Constato que o
autor está sendo assistido juridicamente por advogado particular. Logo,
presume-se que ele está pagando os honorários deste profissional ou que ele
está trabalhando pro bono.
Diante do exposto, como condição para o deferimento do benefício, intime-se
o autor para que apresente declaração do advogado de que não está cobrando
honorários advocatícios do requerente, havendo patrocínio gratuito
incondicional."

O autor respondeu ao despacho afirmando que celebrou com o advogado


contrato ad exitum, ou seja, ele não pagou nada ainda e o profissional só
receberá caso a ação seja julgada procedente, hipótese na qual o requerente
entregará um percentual de 30% sobre o que vier a receber do réu.

84
O que acontecerá neste caso? O autor terá direito ao benefício da justiça
gratuita?
SIM.

É possível o deferimento de assistência judiciária gratuita a jurisdicionado


que tenha firmado com seu advogado contrato de honorários com
cláusula ad exitum.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.504.432-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
13/9/2016 (Info 590).

O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a parte que celebrou


com seu advogado contrato de honorários com cláusula ad exitum possui direito
de receber os benefícios da justiça gratuita. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp
1.404.556/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/6/2014.

Essa solução é consentânea com o propósito da Lei, pois garante ao cidadão de


poucos recursos o direito de escolher o advogado que, aceitando o risco de não
auferir remuneração no caso de indeferimento do pedido, melhor represente
seus interesses em juízo.

Além disso, esta exigência feita pelo magistrado de que o advogado deverá
apresentar declaração de patrocínio gratuito incondicional não encontra
previsão na lei, tendo sido, portanto, criado um novo requisito em afronta ao
princípio da legalidade (art. 5º, II, da CF/88).

d) Incorreta

O enunciado não se coaduna com o art. 98, § 4, do CPC, que dispõe: “A


concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final,
as multas processuais que lhe sejam impostas”

85
e) Incorreta

A assertiva é incorreta em razão de a letra “b” ser correta.

36. Sobre os honorários advocatícios e de acordo com o CPC e a


jurisprudência do STJ, assinale a alternativa CORRETA:
a) Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem
solidariamente pelas despesas e pelos honorários advocatícios.
b) De acordo com o CPC, os honorários sucumbenciais, quando omitidos em
decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em
ação própria
c) Consoante preceitua a jurisprudência do STJ, os honorários advocatícios não
são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de
direito público.
d) O novo CPC, na esteira da jurisprudência do STJ, dispõe que os honorários
advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca.
e) Não serão devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença
contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que
não tenha sido impugnada.

Comentários

a) Incorreta

O item não se coaduna com o art. 87, do CPC, que dispõe: “Concorrendo
diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem proporcionalmente
pelas despesas e pelos honorários”.

b) Incorreta

86
De acordo com o art. 87, § 18, do CPC, caso a decisão transitada em julgado
seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação
autônoma para sua definição e cobrança. Com isso, restou superada Súmula
n. 453, do STJ, que dispõe “os honorários sucumbenciais, quando omitidos em
decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em
ação própria”

c) Incorreta

Pegadinha. De acordo com a Súmula n. 421, do STJ, “os honorários advocatícios


não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica
de direito público à qual pertença”.

Logo, a omissão da parte “à qual pertença” tornou o item incorreto, pois


deu a entender que não são devidos honorários à Defensoria Pública quanto
ela atua contra qualquer pessoa jurídica de direito público, o que, como se
sabe, não é verdade.

d) Incorreta

O novo CPC não admite mais a compensação de honorários, consoante preceitua


o art. 85, § 14: “Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do
trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial”. Em
razão disso, restou superada a Súmula n. 306, do STJ, que dispõe: “Os
honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem
excluir a legitimidade da própria parte”.

e) Correta

87
O texto encontra-se em consonância com o art. 85, § 7, do CPC, que reza: “Não
serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública
que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada”.
Logo, o item está correto.

37. Sobre a tutela provisória e à luz do texto do CPC, analise os itens a


seguir:
I - É possível a concessão de tutela de evidência quando as alegações de fato
puderem ser comprovadas documentalmente e houver jurisprudência
consolidada do STJ ou do STF no mesmo sentido da pretensão autoral.
II – O CPC prevê a estabilização da tutela provisória de urgência cautelar.
III – Não é possível a concessão de tutela de evidência inaudita altera pars.
IV - Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à
parte renovar o pedido, ainda que sob novo fundamento.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas a assertiva I é correta.
b) Apenas as assertivas II e III são corretas.
c) Apenas as assertivas I, III e IV são corretas.
d) Apenas as assertivas II e IV são corretas.
e) Todas as assertivas são incorretas.

Comentários

I) Incorreta

O art. 311, II, do CPC, admite a concessão de tutela provisória de evidência


quando as alegações de fato passíveis de comprovação apenas
documentalmente e se houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos
ou em súmula vinculante.

88
Trata-se de tutela provisória de evidência admitida mediante o preenchimento
de dois pressupostos – um de fato e outro de direito, respectivamente.

O primeiro deles é a existência de “prova das alegações de fato” da parte


requerente, que, neste caso, deve ser (i) necessariamente documental; e (ii)
recair sobre “fatos constitutivos do direito”.

O segundo é a probabilidade de acolhimento da pretensão processual, que se


configura exatamente em razão do fundamento normativo da demanda consistir
em tese jurídica já firmada em precedente obrigatório.

O texto do CPC somente autoriza a concessão de tutela de evidência com base


nessa alínea quando o direito do autor estiver fundado em precedente firmado
em julgamento repetitivo (recursos especial e extraordinários repetitivos ou
IRDR) ou em súmula vinculante.

A doutrina de Fredie Didier, Rafael Alexandria e Paula Sarno, propõe, contudo,


uma interpretação sistemática, teleológica e extensiva da regra, para que se
entenda que deve ser possível a concessão de tutela de evidência também
quando houver tese jurídica assentada em outros precedentes obrigatórios,
previstos no art. 927, do CPC, que dispõe:

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:


I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado
de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de
resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos
extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em
matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria
infraconstitucional;

89
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem
vinculados.

O fundamento adotado pelos doutrinadores é o fato de que a parte que postula


com base em outros precedentes obrigatórios – distintos dos contidos no art.
311, II, do CPC, também demonstra a probabilidade do acolhimento de sua
pretensão, bem como a improbabilidade do sucesso do adversário.

Portanto, para referida doutrina, devem ser levados em contas todos os


precedentes vinculantes contidos no art. 927, do CPC, não obstante o texto do
art. 311, II, do CPC, restrinja o cabimento da tutela de evidência à existência
de julgamento firmado em demanda repetitiva ou de súmula vinculante.

Quanto ao enunciado em questão, tem-se que nem o CPC nem a doutrina em


referência – que propõe uma interpretação extensiva – incluem o conceito
de “jurisprudência dominante” como hipótese capaz de autorizar a
concessão de tutela de evidência, uma vez que a repetição de julgados no
mesmo sentido, embora possa demonstrar a posição adotada pelo Tribunal,
não se enquadra, necessariamente, como “precedente vinculante”.

Portanto, a assertiva em julgamento encontra-se incorreta.

II) Incorreta

De acordo com o CPC, a estabilização somente é possível nos casos de tutela


de urgência satisfativa (ou antecipada) concedida em caráter antecedente,
consoante preceitua o art. 304, do CPC, que dispõe:

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303,


torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o
respectivo recurso.
§ 1 No caso previsto no caput, o processo será extinto.

90
§ 2 Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de
rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos
termos do caput.
§ 3 A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista,
reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de
que trata o § 2.
§ 4 Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos
autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial
da ação a que se refere o § 2, prevento o juízo em que a tutela
antecipada foi concedida.
§ 5 O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada,
previsto no § 2 deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados
da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1.
§ 6 A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a
estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que
a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma
das partes, nos termos do § 2 deste artigo

Logo, a assertiva encontra-se errada, pois, pelo texto legal, não é possível a
estabilização de “tutela provisória de urgência cautelar”, mas apenas de
“tutela provisória de urgência antecipada (ou satisfativa).

Vale ressaltar que a estabilização da decisão concessiva de tutela antecipada é


uma técnica de monitorização do processo civil brasileiro.

A estabilização da tutela antecipada ocorre quando ela é concedida em caráter


antecedente e não é impugnada pelo réu. Se isso ocorrer, o processo será
extinto e a decisão antecipatória continuará produzindo efeitos, enquanto não
for ajuizada ação autônoma para revisá-la, reformá-la ou invalidá-la. Assim, em
que pese o processo seja extinto, a decisão que concedeu a tutela provisória
satisfativa, já estabilizada, conserva seus efeitos.

91
Por fim, cumpre sistematizar os pressupostos para a estabilização, de acordo
com a doutrina de Fredie Didier Jr, Rafael Alexandria e Paula Sarno Braga: (i) o
autor tenha requerido a concessão de tutela provisória satisfativa (antecipada)
em caráter antecedente; (ii) ausência de manifestação, na petição inicial, de
intenção do autor em dar prosseguimento ao processo após a obtenção da
tutela; (iii) concessão da tutela provisória satisfativa em caráter antecedente;
(iv) por fim, inércia do réu diante da referida decisão.

III) Incorreta

Prevista no artigo 311, do CPC/15, a tutela de evidência pode ser requerida


independentemente da comprovação do perigo de dano ou de risco ao resultado
útil do processo, levando em consideração a evidência do direito. Nessa
modalidade de tutela, o CPC privilegia a boa-fé processual e os casos em que a
plausibilidade do direito é patente.

São quatro hipóteses: (i) abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito


protelatório da parte; (ii) alegações de fato passíveis de comprovação apenas
documentalmente e se houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos
(incluindo o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas) ou em súmula
vinculante; (iii) pedido reipersecutório fundado em prova documental
adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de
entrega do objeto custodiado, sob pena de multa; (iv) petição inicial instruída
com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a
que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

De acordo com o parágrafo único, do art. 311, do CPC, apenas as hipóteses


(ii) e (iii) podem ser requeridas e deferidas liminarmente (artigo 311,
parágrafo único, CPC/2015). Nos demais casos, a concessão da tutela fica
restrita a momento posterior à oitiva da parte contrária. Ressalte-se,
ademais, que esta previsão também se encontra no art. 9, parágrafo único,
II, do CPC, que dispõe:

92
Art. 9 Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela
seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311,
incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.

Portanto, a assertiva em julgamento encontra-se incorreta.

IV) Incorreta

A assertiva não se coaduna com o art. 309, parágrafo único, do CPC, que dispõe:
“Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte
renovar o pedido, salvo sob novo fundamento”

___________________________________________________________________

38. Sobre o instituto da revelia e à luz do CPC e da jurisprudência do STJ,


analise os itens a seguir:
I - É orientação do STJ o entendimento segundo o qual não se aplica à Fazenda
Pública o efeito material da revelia, pois não é admissível, quanto aos fatos que
lhe dizem respeito, a confissão, haja vista que seus bens e direitos são
considerados indisponíveis
II – Em uma ação de indenização, se ocorrer a revelia, deve-se presumir a
veracidade quanto aos danos narrados na petição inicial. No entanto, esta
presunção de veracidade não alcança a definição do quantum indenizatório
indicado pelo autor.
III – Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações do
autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos
processuais indispensáveis a essa produção.

93
Assinale a sequência CORRETA:
a) Certa, errada, certa.
b) Errada, certa, errada.
c) Certa, certa, certa.
d) Certa, certa, errada.
e) Errada, errada, errada.

Comentários

I) Correta

Segundo jurisprudência consolidada no STJ, é inaplicável à Fazenda Pública o


efeito material da revelia, considerando que seus bens e direitos são
considerados indisponíveis. Nesse sentido: AgInt no AgRg no REsp 1278177/MG,
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
20/06/2017, DJe 28/06/2017; REsp 1666289/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 30/06/2017.

II) Correta

De acordo com o STJ, em uma ação de indenização, se ocorrer a revelia, deve-


se presumir a veracidade quanto aos danos narrados na petição inicial. No
entanto, esta presunção de veracidade não alcança a definição do quantum
indenizatório indicado pelo autor. STJ. 4ª Turma. REsp 1.520.659-RJ, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 1º/10/2015 (Info 574).

Assim, o que deve ser considerado "verdadeiro" é a ocorrência do dano. Não se


pode, contudo, confundir a existência do dano com a sua correta quantificação
feita pelo autor na petição inicial. O quantum, ou seja, o valor do dano deve
corresponder ao prejuízo efetivamente sofrido pela parte lesada, sob pena de
ocorrer enriquecimento sem causa. Dessa forma, reconhecida a ocorrência dos

94
alegados danos materiais, foi correta a decisão do magistrado de determinar
que o valor da indenização seja apurado em liquidação.

III) Correta

O enunciado reproduz o disposto no art. 349, do CPC: “Ao réu revel será lícita
a produção de provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça
representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a
essa produção”. No mesmo sentido, preceitua a Súmula n. 231, do STF: “O
revel, em processo civil, pode produzir provas, desde que compareça em
tempo oportuno”.

___________________________________________________________________

39. Sobre a comunicação dos atos processuais e à luz do CPC e da


jurisprudência do STJ, analise os itens a seguir:
I – De acordo com o STJ, na hipótese de duplicidade de intimações, prevalece
a intimação eletrônica sobre aquela realizada por meio do diário da justiça
eletrônico.
II – A jurisprudência do STJ é no sentido de que o envio da correspondência
contendo a informação da citação por hora certa não é mera formalidade,
porquanto requisito para sua validade.
III – Nos condomínios edilícios, será válida a entrega do mandado ao porteiro
responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá
recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o
destinatário da correspondência está ausente.
IV - A intimação pessoal da Fazenda Pública far-se-á por carga, remessa ou
publicação no diário da justiça eletrônico.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) Apenas a assertiva I e II são corretas.

95
b) Apenas as assertivas I e III são corretas.
c) Apenas as assertivas I, III e IV são corretas.
d) Apenas as assertivas II e IV são corretas.
e) Todas as assertivas são incorretas.

Comentários

I) Correta

De acordo com o STJ, na hipótese de duplicidade de intimações, prevalece a


intimação eletrônica sobre aquela realizada por meio do DJe.

Na ocasião, decidiu a Corte:

O agravo interno versa sobre o conflito acerca dos efeitos da intimação


efetivada via Diário da Justiça Eletrônico e aquela realizada por meio de portal
de intimações. Inicialmente, verifica-se que a jurisprudência do STJ conta com
alguns julgados no sentido de se resolver esse conflito dando prevalência à
intimação via Diário da Justiça Eletrônico, uma vez que essa forma de intimação
"substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos
legais", conforme previsto no art. 4º, § 2º, da Lei n. 11.419/2006. Porém,
revendo esse posicionamento, deve prevalecer a intimação via portal
eletrônico, pois essa modalidade de intimação dispensa a publicação via DJe,
conforme expressamente previsto no art. 5º do mesmo diploma legal. Essa
previsão expressa de dispensa de publicação no DJe evidencia que a intimação
eletrônica é a que deve ter prevalência. Aliás, essa também foi a opção
normativa esposada pelo novo CPC/2015, conforme se verifica nos seguintes
dispositivos legais: “Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível,
por meio eletrônico, na forma da lei.” e “Art. 272. Quando não realizadas por
meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos
no órgão oficial.”(Informativo n. 601)

96
II) Incorreta

Nos termos do art. 254, do CPC, “Feita a citação com hora certa, o escrivão ou
chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10
(dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama
ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência”.

O item objetiva testar o candidato acerca da natureza jurídica desta


comunicação, (i) se elemento integrador do ato de citação, sem o qual esta não
se formaliza validamente, ou (ii) mera formalidade, incapaz, portanto, de
afetar a validade e a eficácia da citação

Após certa oscilação, o STJ firmou posicionamento no sentido de que envio


da referida correspondência, contendo a informação da citação por hora
certa, é mera formalidade, não se constituindo como requisito para sua
validade. Nesse sentido: AgRg no REsp 1537625/RJ, Rel. Ministro MOURA
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/10/2015, DJe 13/10/2015; REsp
1291808/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 28/05/2013, DJe 07/10/2013; REsp 1084030/MG, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe
28/10/2011.

III) Correta

Correto, conforme preceitua o art. 248, § 4, do CPC: “Nos condomínios


edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega
do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se
declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da
correspondência está ausente”.

IV) Incorreta

97
Nos termos do art. 183, § 1, do CPC, a intimação pessoal da Fazenda Pública
far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. Logo, a assertiva é incorreta

98
Direito Tributário
Professor(a) responsável: Natália de Rosalmeida
natalia.rosalmeida@coachingpge.com.br

40. No que se refere às taxas, assinale a opção correta:


a) Licenciamento de veículos e multas de trânsito são tributos da espécie taxa.
b) Viola a CF a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de
coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes
de imóveis.
c) É possível a adoção de um ou mais elementos da base de cálculo própria dos
impostos no cálculo do valor da taxa, com identidade integral entre uma base
e outra.
d) Segundo o STF, a taxa em razão do exercício do poder de polícia não se
justifica pela simples existência dos órgãos fiscalizatória, sendo necessário que
ocorra uma fiscalização individualizada que justifique a cobrança pela atividade
estatal.
e) A instituição de taxas deve sempre observar o princípio da legalidade
tributária.

Comentários:

a) ERRADO: O licenciamento de veículo, preenchidos os requisitos tributários,


pode ser considerado uma taxa, entretanto as multas, não, tendo em vista que
tributo (taxa) não pode ser considerado sansão por ato ilícito. CTN, Art. 3º:
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei
e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

b) ERRADO: É constitucional a taxa cobra exclusivamente em razão de coleta


de lixo domiciliar, por ser este serviço considerado específico e divisível (uti
singuli). Súmula Vinculante nº 19: “A taxa cobrada exclusivamente em razão

99
dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo
ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição
Federal.”

c) ERRADO: Atenção! Não pode haver identidade integral entre as bases de


cálculo das taxas e dos impostos. CF, art. 145 § 2º: As taxas não poderão ter
base de cálculo própria de impostos. Súmula Vinculante nº 29: É
constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos
da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja
integral identidade entre uma base e outra.

d) ERRADO: O STF entende de maneira contrária, presumindo o exercício do


poder de polícia quando existente órgão fiscalizador, mesmo que este não
comprove haver realizado fiscalizações individualizadas no estabelecimento de
cada contribuinte (RE 416.601).

e) CORRETO: Todos os princípios tributários aplicam-se às taxas, de forma que,


nos termos do art. 150, I, da CF, é vedado exigir ou aumentar tributo (taxa)
sem lei que o estabeleça.

___________________________________________________________________

41. Considerando a espécie tributária empréstimo compulsório, assinale a


opção correta.
a) Dado o princípio da anterioridade, o empréstimo compulsório instruído
em determinada data para custear um investimento público de caráter
urgente relevante interesse nacional somente poderá ser cobrado no início
do exercício fiscal subsequente.
b) É possível ao Estado, por meio de lei complementar, instituir empréstimo
compulsório para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública.

100
c) A instituição de empréstimos compulsórios pode se dar em caso de
calamidade pública, guerra, investimento público urgente e de relevante
interesse nacional e conjectura econômica que exija a absorção temporária de
poder aquisitivo.
d) O valor do empréstimo compulsório arrecada em razão de guerra externa
poderá ser devolvido em títulos da dívida pública.
e) A aplicação dos recursos provenientes de empréstimos compulsórios não
necessariamente será vinculada à despesa que fundamentar a sua instituição.

Comentários:

a) CORRETO: CF, Art. 148, CF. A União, mediante lei complementar, poderá
instituir empréstimos compulsórios: II - no caso de investimento público de
caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art.
150, III, "b" (anterioridade anual). Atenção! Não há previsão de atendimento à
anterioridade nonagesimal.

b) ERRADO: Os empréstimos compulsórios são tributos de competência


exclusiva da União.

c) ERRADO: Os empréstimos compulsórios podem ser constituídos para atender


a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência e no caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional. A conjectura econômica que exija
a absorção temporária de poder aquisitivo, embora prevista no art. 15, III, do
CTN, não foi recepcionada pela CF como fato gerador da exação.

d) ERRADO: Destaca-se que é obrigatória a devolução dos valores arrecadados


a título de empréstimo compulsório. CTN, art. 15. Parágrafo único. A lei fixará
obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate,
observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. De acordo com o STF, a
restituição deve ser feita em moeda corrente. O Supremo já declarou

101
inconstitucional a pretensão de devolver-se o valor correspondente ao tributo
em quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento (ou quaisquer outros títulos),
afirmando que a restituição deve operar-se na mesma espécie em que recolhido
o empréstimo compulsório (RE 121.336, Rel. Min. Sepúlveda Pertence; RE
175.385, Rel. Min. Marco Aurélio).

e) ERRADO: CF, art. 148. Parágrafo único. A aplicação dos recursos


provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.

___________________________________________________________________

42. Acerca do poder de tributar e suas limitações, assinale a opção correta.


a) A imunidade constitucional recíproca abrange os entes integrantes da
administração indireta de cada unidade federada.
b) As imunidades tributárias incondicionadas são autoaplicáveis e
independem de regulamentação, sendo admitida, entretanto, a suspensão
de seus efeitos, por ato declaratório da administração tributária, quando
ficar demonstrada a sua inaplicabilidade a fato jurígeno tributário.
c) A imunidade tributária assegurada às instituições de assistência social
não impede a cobrança de taxas e contribuições de melhoria.
d) A União não pode instituir tributo que não seja uniforme em todo o
território nacional, razão pela qual vedado conceder incentivos que visem à
promoção do equilíbrio socioeconômico a determinadas áreas do país.
e) É possível aos Estados estabelecer algumas diferenças tributárias, em razão
da procedência de bens, para beneficiar determinadas áreas menos
desenvolvidas de seus território

Comentários:

a) ERRADO: A imunidade constitucional recíproca NÃO abrange todos os entes


integrantes da administração indireta de cada unidade federada. De acordo

102
com a CF, art. 150, § 2º: “A vedação do inciso VI, "a", é extensiva
às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no
que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.” A imunidade já foi estendida,
por exemplo, à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – empresa
pública prestadora de serviço público, mas inquestionavelmente não se aplica
às estatais exploradoras de atividade econômica. A afirmação genérica de
que a imunidade abrange os entes da administração indireta está incorreta.

b) ERRADO: as imunidades tributárias incondicionadas são normas


constitucionais de eficácia plena, de forma que produzem efeitos
imediatamente. Não é possível que sejam limitadas por meio de lei ordinária
ou complementar, muito menos por nem por ato declaratório da administração
tributária, sob pena de flagrante inconstitucionalidade.

c) CORRETO: nos termos do art. 150, VI, c, e art. 195, § 7º, da CF/88, só há
previsão de imunidade para impostos e contribuições para a seguridade social.
Não há nenhuma previsão constitucional que imunize as entidades de
assistência social do pagamento de taxas e contribuições de melhoria.

d) ERRADO: CF, art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja
uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência
em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de
outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões
do País.

e) ERRADO: CF, art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza, em razão de sua procedência ou destino

___________________________________________________________________

103
43. Assinale a opção correta a respeito dos princípios tributários:
a) Não é admitido a aplicação do princípio da progressividade e da capacidade
contributiva em relação aos impostos reais.
b) O imposto de exportação pode ter sua alíquota alterada por órgão do
Poder Executivo da União sem ofensa ao princípio da reserva legal.
c) A norma que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária se sujeita
ao princípio da anterioridade.
d) O princípio da seletividade aplica-se obrigatoriamente para o IPI e para o
ICMS em razão da essencialidade dos produtos, das mercadorias e dos serviços
tributados
e) Em regra, o princípio da anterioridade do exercício aplica-se da mesma forma
aos impostos e às contribuições sociais da seguridade social.

Comentários:

a) ERRADO: Nos termos do art. 145, § 1º, da CF, todos os impostos,


independentemente de seu caráter real ou pessoal, devem guardar relação
com a capacidade contributiva do sujeito passivo e, tratando-se de impostos
diretos, será legítima a adoção de alíquotas progressivas." (STF, RE 720.945/SP-
AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
09/09/2014).
Atenção! Apesar do STF ter entendido expressamente pela possibilidade de
adoção de alíquotas progressivas ao ITCMD (RE 562.045/RS). A súmula nº
656 do STF dispõe que: “é inconstitucional a lei que estabelece alíquotas
progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI
com base no valor venal do imóvel”

b) CORRETO: “É compatível com a Carta Magna a norma infraconstitucional


que atribui a órgão integrante do Poder Executivo da União a faculdade de
estabelecer as alíquotas do Imposto de Exportação. Competência que não é
privativa do Presidente da República. Inocorrência de ofensa aos arts. 84,
caput, IV, e parágrafo único, e 153, § 1º, da CF ou ao princípio de reserva legal.

104
Precedentes. Faculdade discricionária atribuída à Câmara de Comércio Exterior
– CAMEX, que se circunscreve ao disposto no Decreto-Lei 1.578/1977 e às
demais normas regulamentares.” [RE 570.680, rel. min. Ricardo Lewandowski,
j. 28-10-2009, P, DJE de 4-12-2009, com repercussão geral.]

c) ERRADO: Súmula Vinculante n° 50: Norma legal que altera o prazo de


recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da
anterioridade.

d) ERRADO: O princípio da seletividade aplica-se obrigatoriamente ao IPI


e facultativamente ao ICMS. CF, art. 153, § 3º O imposto previsto no inciso IV:
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; art. 155, § 2º O
imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: III - poderá ser seletivo, em
função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;

e) ERRADO: contribuições sociais da seguridade social apenas se submetem ao


princípio da noventena e não ao princípio da anterioridade do exercício. CF,
art. 195, § 6º: As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as
houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150,
III, "b".

___________________________________________________________________

44. Com base nas normas gerais de direito tributário, assinale a alternativa
correta:
a) A expressão ”legislação tributária” compreende as leis, os decretos e as
normas complementares que tratem apenas internamente sobre tributos. Os
tratados e convenções internacionais não estão compreendidos neste conceito.
b) Em matéria tributária, uma lei ordinária pode dispor sobre normas gerais
relativas à prescrição e à decadência.

105
c) É possível a aplicação de norma tributária mais benéfica sobre penalidade
tributária em ato definitivamente julgado quando a lei deixe de tratá-lo como
infração.
d) Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a
legislação tributária utilizará, sucessivamente, na ordem indicada: a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito
e) As práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas,
também conhecidas como costumes, são consideradas normas
complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos
decretos.

Comentários:

a) ERRADO: Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis,


os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações
jurídicas a eles pertinentes
b) ERRADO: CF, art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas
gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: b) obrigação,
lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) ERRADO: CTN, Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: II - tratando-
se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como
infração;

d) ERRADO: CTN, art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade


competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na
ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III
- os princípios gerais de direito público; IV - a eqüidade.

e) CORRETO: CTN, art. 100, CTN. São normas complementares das leis, dos
tratados e das convenções internacionais e dos decretos: III - as práticas
reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

106
___________________________________________________________________

45. Assinale a alternativa correta a respeitos da distribuição de


competências tributárias entre os entes federados:
a) A competência tributária do ICMS, dentre os entes federativos, é exclusiva
dos estados.
b) A União possui competência tributária residual para a instituição de tributos,
podendo instituir, por lei, uma exação não prevista, desde que seja não-
cumulativa e tenha fato gerador e base de cálculo inéditos.
c) Embora não exista previsão de partilha direta, o produto arrecadado pela
União proveniente do imposto de renda é partilhado com os estados e
municípios de forma indireta, por meio da instituição de fundos, qualificando-
se como direito subjetivo dos entes federativos beneficiados.
d) A imunidade tributária expressa a incompetência do ente para instituição do
tributo na situação ali prevista, podendo ser fixada na Constituição Federal ou
em lei complementar.
e) Quando a União deixa de editar normas gerais sobre matéria tributária,
cabe aos estados a prerrogativa de exercer a competência legislativa plena.

Comentários:

a) ERRADO: A competência tributária do ICMS compete aos Estados e


ao Distrito Federal. LC 87/96 (Lei Kandir), art. 1º Compete aos Estados e ao
Distrito Federal instituir o imposto sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior.

b) ERRADO: A competência tributária residual da União se dá por meio de lei


complementar e não “por lei”, que remete à ideia de lei ordinária. CF, Art.
154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não

107
previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham
fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

c) ERRADO: Destaca-se que o imposto de renda é partilhado com os Estado e


Municípios de forma DIRETA e INDIRETA.

DIRETA:
Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da
arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer
natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por
eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
Art. 158. Pertencem aos Municípios: I - o produto da arrecadação do imposto
da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte,
sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem;
INDIRETA: a repartição indireta ocorre por meio dos fundos
Art. 159. A União entregará:
I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de
qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 49% (quarenta e nove por
cento), na seguinte forma:
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos
Estados e do Distrito Federal;
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos
Municípios;
c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor
produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas
instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais
de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade
dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no
primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;

108
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será
entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano;

d) ERRADO: As imunidades tributárias são limitações constitucionais ao poder


de tributar (regra de não-incidência qualificada). Devem ser previstas,
portanto, na Constituição Federal e não em lei complementar.

e) CORRETO: A alternativa está correta com base no art. 24, da CF. Art. 24.
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
*Ressalta-se que a questão não trata da competência para criar tributos, que
é exclusiva de cada ente federativo, mas sobre normas gerais em matéria
tributária.

___________________________________________________________________

46. Considerando as regras estabelecidas no Código Tributário


Nacional acerca da aplicação, interpretação e integração da
legislação tributária, assinale a alternativa correta.
a) No direito tributário, prevalece a regra interpretativa in dubio pro fisco,
calcada na supremacia do interesse público sobre o privado.
b) É possível a adoção de métodos de interpretação para ampliar o alcance da
norma tributária que outorga isenção.
c) A modificação da interpretação da legislação tributária possui eficácia ex
tunc, quando realizada pela fazenda pública.
d) A Lei estadual que disponha sobre o parcelamento do IPVA deve ser
interpretada literalmente.
e) Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição,
do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas e para definição
dos respectivos efeitos tributários.

109
Comentários:

a) ERRADO: O direito tributário não pode ser interpretado a partir de critérios


apriorísticos em favor do fisco ou mesmo em favor do contribuinte. Não
prevalece a regra interpretativa in dubio pro fisco, ainda que se considere a
supremacia do interesse público sobre o privado. Por outro lado, o art. 112, do
CTN, prevê expressamente, que a lei tributária que define infrações, ou lhe
comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado
(contribuinte), em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à
natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos
seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade ou punibilidade; IV - à natureza da
penalidade aplicável, ou à sua graduação.

b) ERRADO: CTN, art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária


que disponha sobre: II - outorga de isenção.

c) ERRADO: CTN, art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em


consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos
adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente
pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato
gerador ocorrido posteriormente à sua introdução.

d) CORRETO: O item requer uma interpretação conjunta do art. 111, I e 151,


VI, do CTN. CTN, art. 111. Interpretam-se literalmente a legislação tributária
que disponha sobre: I -suspensão ou exclusão do crédito tributário; Art.
151. Suspendem o crédito tributário: VI - o parcelamento.

e) ERRADO: CTN, art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se


para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos,
conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos
tributários.

110
___________________________________________________________________

47. Tendo em vista que uma empresa deixou de funcionar em seu domicílio
fiscal, em 2017, sem comunicação aos órgãos tributários competentes, o
fisco estadual propôs o redirecionamento da execução fiscal em relação a
créditos tributários advindos de impostos sonegados no ano de 2015 para os
sócios João e Carlos. João era o sócio majoritário da empresa à época da
sonegação e Carlos era o sócio-gerente da empresa no momento da
dissolução irregular. A respeito da conduta do fisco, assinale a opção
correta:
a) O fato da empresa ter deixado de funcionar em seu domicílio fiscal sem
comunicar aos órgãos tributários competente, por si só, não tem o condão de
autorizar o redirecionamento da execução fiscal.
b) É possível o redirecionamento da execução fiscal no caso narrado,
entretanto, este redirecionamento não poderia ocorrer em face dos sócios
mencionados.
c) A conduta do fisco está correta, cabendo o redirecionamento da execução
fiscal em face dos dois sócios.
d) Cabe o redirecionamento da execução fiscal em relação aos impostos
sonegados apenas em face de João.
e) Cabe o redirecionamento da execução fiscal em relação aos impostos
sonegados apenas em face Carlos.

Comentários:

De acordo do com a Súmula 435 do STJ, “presume-se dissolvida


irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio gerente”.
Dessa forma, em direito tributário, de acordo com o entendimento
sumulado, o fato da empresa ter deixado de funcionar em seu domicílio fiscal
sem comunicar aos órgãos tributários competente é considerado, por si só, um

111
ato praticado com infração de lei, nos termos do art. 135, do CNT, legitimando
o redirecionamento da execução fiscal. Item “a” incorreto.
Resta saber, quem seria o legitimado para figurar no polo passivo desta
execução. Como visto, a própria súmula afirma que é legítimo o
redirecionamento da execução fiscal ao sócio gerente. O art. 135, III, do CTN,
por sua vez, elege como responsáveis pelos créditos correspondentes aos atos
de infração à lei os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas
de direito privado. Nesse sentido, como o enunciado apenas afirma que João
era sócio majoritário, sem lhe imputar qualquer poder de gerência ou
administração da empresa, não seria correto o redirecionamento da execução
em face do mesmo. Itens “c” e “d” incorretos.
Por fim, por votação unânime, a 2ª Turma do STJ, no REsp 1.520.257/SP
(rel. Min. Og Fernandes), entendeu que, nos casos de dissolução irregular da
sociedade, o redirecionamento da execução fiscal deve alcançar o sócio-
gerente que comandava a entidade ao tempo da dissolução irregular, sendo
de todo desimportante a data do fato gerador da obrigação tributária, bem
como as datas dos vencimentos dos débitos fiscais correspondentes. Dessa,
forma cabe o redirecionamento da execução em face de Carlos. Item “b”
incorreto e item “e” correto.

___________________________________________________________________

48. A respeito das formas de suspensão, extinção e exclusão dos créditos


tributários, assinale a alternativa incorreta:
a) A isenção pessoal não onerosa, que foi concedida por despacho de autoridade
fiscal, pode ser cancelada por ato administrativo a qualquer tempo, caso o
beneficiário deixe de observar o que está previsto em lei
b) A suspensão do crédito tributário impede a sua constituição.
c) A moratória e a concessão de medida liminar em mandado de segurança são
casos de suspensão do crédito tributário, ao passo que a consignação em
pagamento e a remissão são hipóteses de extinção do crédito tributário.

112
d) A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações
acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito tenha sido excluído.
e) A moratória, quando concedido em caráter individual, não gera direito
adquirido ao contribuinte beneficiário.

Comentários:

a) CORRETA: CTN, art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e
em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por
lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.
b) ERRADO: Embora suspenso o crédito tributário, a autoridade fiscal não fica
impedida de realizar o lançamento (inclusive, como forma de se evitar a
decadência), uma vez que a suspensão recai diretamente sobre a exigibilidade
do crédito, impedindo apenas a propositura da execução fiscal.

O STJ possui jurisprudência firme no sentido de que o deferimento de medida


liminar para suspender a exigibilidade do crédito tributário não obsta a sua
constituição, a fim de evitar a decadência."(AgInt no AREsp 930.915/MG, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe
11/05/2017)

c) CORRETA: CTN, art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


I - moratória; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: IV - remissão; VIII - a consignação
em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

d) CORRETO: CTN, art. 175, Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário


não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.

e) CORRETO: CTN, art. 155. A concessão da moratória em caráter individual


não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que

113
o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não
cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor,
cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora.

___________________________________________________________________

49. A respeito da jurisprudência dos tribunais superiores em matéria de


execução fiscal, assinale a alternativa correta:
a) O parcelamento do crédito tributário libera a penhora que foi constituída
anteriormente.
b) Apenas é possível o redirecionamento da execução fiscal em caso de dívidas
tributárias.
c) Em execução fiscal, não é possível a penhora sobre o faturamento, tendo em
vista o princípio da preservação da empresa.
d) Em caso de redirecionamento da execução fiscal ao sócio gerente por atos
de infração à lei, a pessoa jurídica continua respondendo solidariamente
pelo débito.
e) A petição inicial da execução fiscal deve estar instruída com o demonstrativo
de cálculo do débito, considerado requisito necessário à ampla defesa do
contribuinte.

Comentários:

a) ERRADO: Se o devedor aderiu ao parcelamento administrativo dos débitos


tributários APÓS a efetivação da penhora, os bens NÃO deverão ser liberados.
Caso, o parcelamento seja anterior à penhora, os bens deverão ser liberados.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.421.580-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
4/2/2014 (Info 537)

b) ERRADO: Quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é


possível o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente da pessoa
jurídica executada mesmo que se trate de dívida ativa NÃO-TRIBUTÁRIA. Vale

114
ressaltar que, para que seja autorizado esse redirecionamento, não é preciso
provar a existência de dolo por parte do sócio. Assim, a Súmula 435 do STJ pode
ser aplicada tanto para execução fiscal de dívida ativa tributária como também
na cobrança de dívida ativa NÃO-TRIBUTÁRIA. STJ. 1ª Seção. REsp 1.371.128-
RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/9/2014 (recurso
repetitivo) (Info 547).

c) ERRADO: É possível, em caráter excepcional, que a penhora recaia sobre


o faturamento da empresa, desde que o percentual fixado não torne inviável
o exercício da atividade empresarial. Não há violação ao princípio da menor
onerosidade para o devedor, previsto no art. 620 do CPC 1973 (art. 805 do CPC
2015). STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 242.970-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 13/11/2012.

d) CORRETO: A responsabilidade do sócio-gerente, por atos de infração à lei,


é solidária (não excluindo a responsabilidade da empresa). Logo, responderão
pelo débito o sócio-gerente e a pessoa jurídica, figurando ambos na execução
fiscal, em litisconsórcio passivo. STJ. 2ª Turma. REsp 1.455.490-PR, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 26/8/2014 (Info 550).

e) ERRADO: Súmula 559-STJ: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a


instrução da petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por
tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei nº 6.830/1980.

___________________________________________________________________

50. Quanto às garantias e privilégios do crédito tributário e à Administração


Tributária, assinale a alternativa correta:
a) Os créditos da Fazenda estadual preferem aos créditos das autarquias
federais, desde que coexistam penhoras sobre o mesmo bem.
b) É vedada a divulgação por parte da fazenda pública de informações
relativas a inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública.

115
c) A alienação ou oneração de bens imóveis presume-se em fraude à
execução em relação à Fazenda Pública a partir do ajuizamento da execução
fiscal.
d) A penhora de bem ou de direito que promova a satisfação integral do
crédito tributário assegurará ao sujeito passivo da relação jurídica
tributária o direito de obter certidão de regularidade fiscal.
e) Na falência, os tributos referentes a fatos imponíveis ocorridos após a
decretação de falência terão de ser pagos antes das quantias fornecidas à
massa pelos credores.

Comentários:

a) ERRADO: Súmula 497- STJ: Os créditos das autarquias federais preferem


aos créditos da Fazenda estadual desde que coexistam penhoras sobre o
mesmo bem.

b) ERRADO: CTN, art. 198, § 3 o Não é vedada a divulgação de informações


relativas a: II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública.

c) ERRADO: A presunção de fraude se dá a partir da inscrição em dívida ativa


e não do ajuizamento da execução fiscal. CTN, art. 185. Presume-se
fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por
sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito
tributário regularmente inscrito como dívida ativa.

d) CORRETO: a questão trata da Certidão Positiva de Débitos com efeitos


de Negativa – CPEN, que atesta a regularidade fiscal do contribuinte, nos
termos do art. 206, do CTN: tem os mesmos efeitos previstos no artigo
anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em
curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou
cuja exigibilidade esteja suspensa.

116
e) ERRADO: os tributos referentes a fatos imponíveis ocorridos após a
decretação de falência são considerados créditos extraconcursais. As
disposições do CTN não são suficientes para a definição da ordem de
pagamento destes créditos, devendo o aluno ter conhecimento a respeito da
Lei 11.101/05 (que consta do edital).

Lei 11.101/05, Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e


serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na
ordem a seguir, os relativos a:
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e
créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de
trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência;
II – quantias fornecidas à massa pelos credores;
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e
distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência;
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida
tenha sido vencida;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação
da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a
decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta
Lei.

___________________________________________________________________

51. Sobre o imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços


(ICMS), assinale a alternativa correta:
a) Não é possível o aproveitamento de créditos tributários relativos ao ICMS em
decorrência de nota fiscal declarada inidônea.
b) Aplica-se o princípio da tributação na origem e no destino em caso de
comercialização de mercadoria por contribuinte do ICMS localizado em

117
estado diverso do estado do consumidor final, o que enseja a repartição do
crédito tributário mediante o sistema de alíquotas interestaduais e internas.
c) Depende de prévia aprovação de convênio interestadual a mera concessão
de diferimento no pagamento de débitos do ICMS.
d) É possível questionar por meio de Ação Civil Pública a incidência de ICMS
“por dentro”, ou seja, que na base de cálculo desse imposto, ele próprio esteja
incluído, fazendo o ICMS incidir sobre ele mesmo.
e) de acordo com a Constituição Federal, no sistema da não cumulatividade do
ICMS, a isenção preserva o crédito relativo às operações anteriores.

Comentários:

a) ERRADO: Súmula 509 STJ: É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os


créditos do ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada
inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e venda.

b) CORRETO: A assertiva está correta, referindo-se ao seguinte dispositivo


constitucional: art. 155, VII - nas operações e prestações que destinem bens e
serviços a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado em
outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de
localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a
alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual.

c) ERRADO: De acordo com a jurisprudência do STF, o mero diferimento do


pagamento de débitos relativos ao ICMS, sem a concessão de qualquer redução
do valor devido, não configura benefício fiscal, de modo que pode ser
estabelecido sem convênio prévio (STF ADI 4.481/PR).

d) ERRADO: Lei da ACP, art. 1º. Parágrafo único. Não será cabível ação civil
pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros

118
fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.

e) ERRADO: De acordo com o Art. 155 § 2º, II, a e b, CF/88, no ICMS, a isenção
ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não
implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou
prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações
anteriores;

___________________________________________________________________

52. Considera os impostos estaduais ITCMD e IPVA e assinale a alternativa


correta:
a) Admite-se que sejam definidas alíquotas progressivas para o ITCMD.
b) O imposto sobre heranças e doações incidente sobre bens móveis e imóveis
é de competência da unidade da Federação onde tais bens forem localizados.
c) O IPVA tem como hipótese de incidência a propriedade de veículo automotor,
expressão na qual estão compreendidos os veículos de circulação de natureza
terrestre, aérea e hídrica.
d) É possível que um estado estabeleça a alíquota do IPVA para o veículos
importados em patamar superior àquela prevista para os veículos nacionas.
e) O ITCMD deve ter suas alíquotas máximas fixadas pela Câmara dos
Deputados.

Comentários:

a) CORRETO: De acordo com o entendimento majoritário do Supremo, surge


compatível com a Carta da República a progressividade das alíquotas do Imposto
sobre Transmissão Causa Mortis e Doação. ” (STF, RE 542.485-AgR, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 19/02/2013).

119
b) ERRADO: CF, art. 155 § 1º O imposto previsto no inciso I (ITCMD): I
- relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da
situação do bem, ou ao Distrito Federal II - relativamente a bens móveis,
títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou
arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal.

c) ERRADO: IPVA – Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (CF,


art. 155, III; CF 69, art. 23, III e § 13, cf. EC 27/85): campo de incidência que
não inclui embarcações e aeronaves. (RE 134.509/AM, Pleno, rel. min.
Sepúlveda Pertence, j. 29-5-2002).

d) ERRADO: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


TRIBUTÁRIO.IPVA. VEÍCULO IMPORTADO. ALÍQUOTA DIFERENCIADA. 1. Não se
admite a alíquota diferenciada de IPVA para veículos importados e os de
procedência nacional. 2. O tratamento desigual significaria uma nova
tributação pelo fato gerador da importação. Precedentes. Agravo regimental a
que se nega provimento. (RE 367785 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda
Turma, julgado em 09/05/2006)

e) ERRADO: CF, art. 155. § 1º O imposto previsto no inciso I (ITCMD): V - terá


suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal.

120
Direito Financeiro
Professor(a) responsável: Víctor Barbosa
victor.barbosa@coachingpge.com.br

53. Em relação às normas gerais de finanças públicas, assinale a alternativa


incorreta.
a) É de competência de lei complementar dispor sobre: finanças públicas;
dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais
entidades controladas pelo poder púbico; e concessão de garantias pelas
entidades públicas.
b) A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente
pelo Banco Central.
c) Em nenhuma hipótese poderá o Banco Central, na medida em que lhe é
defeso conceder empréstimo à União, comprar títulos de emissão do
Tesouro Nacional.
d) As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central.

e) É vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimo


ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição
financeira.

Comentários:
A questão foi toda elaborada com base nas normas gerais sobre finanças
públicas previstas na Constituição Federal, mais especificamente nos artigos
163 e 164 da Lei Maior, a seguir transcritos:
Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

121
V - fiscalização financeira da administração pública direta e
indireta; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de
2003)
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de
crédito da União, resguardadas as características e condições
operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será
exercida exclusivamente pelo banco central.
§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou
indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a
qualquer órgão ou entidade que não seja instituição
financeira.
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de
emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta
de moeda ou a taxa de juros.
§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas
no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das
empresas por ele controladas, em instituições financeiras
oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

___________________________________________________________________

54. Analise os itens a seguir e assinale a alternativa correta no que se refere


aos princípios orçamentários.
I) O princípio da proibição do estorno determina que o gestor público não pode
repriorizar as ações governamentais através da transposição, remanejamento
ou transferência de recursos sem prévia autorização legislativa.
II) O princípio da unidade do orçamento não é mais adotado pela Constituição
Federal de 1988.

122
III) Apesar de haver três orçamentos em nossa ordem jurídica, consoante o
disposto no art. 165, da Lei Fundamental, a unidade de orçamento persiste,
porquanto a unidade não é documental, mas de programas a serem
implementados dentro de uma estrutura integrada do sistema.
IV) Ao contrário de textos constitucionais anteriores, a Constituição de 1988
não contempla o chamado princípio da exclusividade em matéria orçamentária.
Estão corretos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e III
c) II e IV.
d) apenas o item IV.
e) todos os itens estão corretos.

Comentários:

Item I: correto. O princípio da proibição do estorno determina que o gestor


público não pode repriorizar as ações governamentais através da transposição,
remanejamento ou transferência de recursos sem prévia autorização
legislativa. Referido princípio tem fundamento constitucional (art. 167, VI, da
CF).

Item II: incorreto. O princípio da unidade do orçamento continua a ser


adotado pela CF. Há de se ressaltar, porém, que, apesar de o citado princípio
ainda estar presente em nosso ordenamento jurídico, não há sua previsão
expressa na Carta Magna. Ademais, atente-se ao fato de que a existência de
Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Plano Plurianual não afasta a autoridade
do princípio da unidade orçamentária, tendo em vista que a unidade não é
formal, mas sim material.

Item III: correto. O princípio da unidade consiste na ideia de elaboração de um


único orçamento. Todavia, não se preocupa o aludido princípio com a unidade
documental (formal), mas sim com a unidade de orientação política, de sorte
que todos os orçamentos se estruturem uniformemente.
123
Item IV: incorreto. O princípio da exclusividade está previsto no art. 165, §
8º, da CF, que assevera que a lei orçamentária não poderá conter qualquer
matéria estranha ao orçamento, a fim de se evitar as caudas orçamentárias ou
orçamentos rabilongos. Ressalte-se, porém, que existem duas exceções ao
referido princípio, ambas de cunho constitucional: a) autorização para
abertura de créditos suplementares; b) contratação de operações de crédito,
ainda que por antecipação de receita orçamentária.

___________________________________________________________________

55. Tendo como base a Lei de Responsabilidade Fiscal, assinale a opção


correta.
a) Tratando-se de ações de educação, saúde e assistência social, não se
podem aplicar sanções de suspensão de transferências voluntárias a
determinado ente federativo.
b) A despesa total com pessoal em cada período de apuração, nos estados, não
poderá exceder 50% da receita corrente líquida.
c) Na repartição dos limites globais de gastos com pessoal, na esfera estadual,
cabe ao Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado, o percentual
de 2,5%.
d) A lei em questão não estipula prazo para os tribunais de contas emitirem
parecer prévio conclusivo sobre as contas dos entes federativos e de seus
poderes, mas existe previsão que veda o recesso na hipótese de existirem
contas com pendência de parecer.
e) A lei orçamentária poderá consignar crédito com dotação ilimitada desde
que tenha sido especificada sua finalidade e tal crédito esteja previsto no plano
plurianual.
Comentários:

Alternativa “a”: correta. Assertiva em consonância com o § 3º do art.


25 da LRF: “Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências

124
voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas
a ações de educação, saúde e assistência social”.

Alternativa “b”: incorreta. O limite para despesa com pessoal para


Estados, Distrito Federal e Municípios é de 60% da receita corrente líquida, de
acordo com o art. 19 da LRF.

Alternativa “c”: incorreta. O teto de despesa com pessoal é de 3% da


receita corrente líquida, para o legislativo estadual, aí incluído o Tribunal de
Contas (art. 20, II, a, da LRF).

Alternativa “d”: incorreta. Há prazo de 60 dias, contados do recebimento,


para emissão de parecer prévio em relação às contas (art. 57 da LRF).
Alternativa “e”: incorreta. É vedada expressamente a concessão ou
utilização de créditos ilimitados na Constiuição e na LRF (art. 167, VII, da CF,
e art. 5º, § 4º, da LRF.

___________________________________________________________________

56. Com relação às normas atinentes à responsabilidade na gestão fiscal,


assinale a opção correta.
a) É competência privativa da União legislar sobre orçamento, podendo lei
complementar federal autorizar os estados e os municípios a legislar sobre
questões específicas relacionadas com o tema.
b) As disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal obrigam a União, os estados
e o DF, aplicando-se aos municípios apenas as normas relativas à execução
orçamentária e ao cumprimento de metas.
c) A CF proíbe terminantemente a transposição, o remanejamento ou a
transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de
um órgão para outro.
d) O investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro só pode ser
iniciado se tiver sido previamente aprovado pelo Poder Legislativo respectivo,
mediante decreto legislativo.

125
e) O anexo de metas fiscais deve conter o demonstrativo da estimativa e
compensação da renúncia de receita.

Comentários:

Alternativa “a”: incorreta. A União, os Estados e o Distrito Federal


têm competência concorrente para legislar sobre orçamento (art. 24, II, da
CF). Ademais, cada ente político tem competência exclusiva para estabelecer
seus respectivos planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos
anuais (art. 165 da CF).

Alternativa “b”: incorreta. A LRF se aplica à União, aos Estados e aos


Municípios, incluindo seus fundos, autarquias, fundações e empresas estatais
dependentes (art. 1º, caput, e § 3º, da LRF).

Alternativa “c”: incorreta. Não há vedação à transposição, ao


remanejamento ou à transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro em caso de prévia
autorização legislativa, nos termos do art. 167, VI, da CF.

Alternativa “d”: incorreta. O início de investimento cuja execução ultrapasse


um exercício financeiro exige inclusão previ no plano plurianual ou lei que
autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade (art. 167, § 1º, da
CF).
Alternativa “e”: correta. Assertiva em consonância com o inciso V do §
2º do art. 4º da LRF.

___________________________________________________________________

57. Julgue os seguintes itens e assinale a alternativa correta.


I) Os Conselhos de Fiscalização Profissional, considerados entes autárquicos sui
generis, estão também sujeitos aos limites de gastos nela fixados.

126
II) O pagamento de agentes políticos (Prefeito e vereadores, por exemplo) não
deve ser levado em conta para efeito de cálculo dos 60% a que se refere o art.
19.
III) A unidade federativa, se extrapolados os limites de despesa de pessoal, fica
impedida de contratar operações de crédito, salvo se para refinanciar a dívida
ou promover a redução de despesa de pessoal.
IV) Na hipótese de os limites de despesa de pessoal serem ultrapassados, o ente
federado corrigirá o excesso nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo
menos um terço no primeiro.
Estão corretos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e III
c) II e IV.
d) III e IV.
e) Apenas o item III.

Comentários:
Item I: incorreto. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal assentou que
os conselhos profissionais têm natureza jurídica de autarquia, salvo a Ordem
dos Advogados do Brasil (ADI 3.026), razão pela qual se submetem a LRF, bem
como ao princípio da exigência de concurso público, nos termos do art. 37 da
CF. Portanto, a alternativa está incorreta, tendo em vista que não se tratam
de entes autárquicos sui generis.

Item II: incorreto. O pagamento de agentes políticos se inclui no limite de


gastos estabelecidos na LRF, mais especificamente como despesas de pessoal,
conforme dicção do art. 18 da referida lei.

Item III: correto. De fato, caso a unidade federativa não consiga os limites de
despesa de pessoal fixadas na LRF, após as providências previstas no art. 22,
parágrafo único, I a V, fica impedida de contratar operações de crédito,
ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que

127
visem á redução das despesas com pessoal, conforme art. 23, III, da referida
lei..

Item IV: correto. Assertiva em consonância com o caput do art. 23 da LRF, que
assim dispõe: “Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no
art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das
medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos
dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro”

___________________________________________________________________

58. Por regra, aos estados é vedado criar vinculações da receita de impostos;
todavia, há casos em que a CF o admite, tais como
a) despesas com segurança pública.
b) prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita.
c) fundo de amparo ao trabalhador.
d) aposentadoria de servidores públicos.
e) aposentadoria do setor privado.

Comentários:
As exceções à vedação prevista no art. 167, IV, da CF, estão previstas no próprio
dispositivo e em seu § 4º, incluindo a garantia para operações de crédito por
antecipação de receita (ARO)

128
Direito e Processo do Trabalho
Professor(a) responsável: Jamille Costa
jamille.costa@coachingpge.com.br

59. No que se refere a institucionalização do Direito do Trabalho e a


evolução das fontes trabalhistas, assinale a alternativa incorreta:
a) O primeiro período significativo na evolução do Direito do Trabalho no Brasil
estende-se de 1888 a 1930, identificando-se sob o epíteto de fase de
manifestações incipiente ou esparsas.
b) A fase de institucionalização do Direito do Trabalho consubstancia, em seus
primeiros treze a quinze anos (ou pelo menos até 1943, com a Consolidação das
Leis do Trabalho), intensa atividade administrativa e legislativa do Estado, em
consonância com o novo padrão de gestão sociopolítica que se instaura no país
com a derrocada, em 1930, da hegemonia exclusivista do segmento
agroexportador de café.
c) Os pontos de avanço democrático no direito do trabalho são claros na
Constituição brasileira. De um lado, assegurou-se, pela primeira vez em 60
anos, liberdade associativa e sindical, com autonomia de organização e gestão
para as entidades sindicais no país, especialmente, sem interferência
administrativa do Estado. De outro lado, fixaram-se reconhecimento e
incentivos importantes para a negociação coletiva trabalhista.
d) A Carta Magna de 1988, desde seu princípio, retirou todos os institutos
corporativistas e antidemocráticos, inerentes ao sistema trabalhista
tradicional. Em harmonia a tudo isso, o Texto Magno conferiu novo status ao
Direito do Trabalho.
e) As fontes materiais justrabalhistas, sob o ponto de vista filosófico,
correspondem às ideias e correntes de pensamento que, articuladamente entre
si ou não, influíram na construção e mudança do Direito do Trabalho.

129
Comentários:

Letra “a”: CORRETA. Segundo Maurício Godinho Delgado, as manifestações


incipientes ou esparsas representam o primeiro período significativo na
Evolução do Direito do Trabalho no Brasil. Trata-se de período em que a relação
empregatícia se apresenta, de modo relevante, apenas no segmento agrícola
cafeeiro avançado de São Paulo e, principalmente, na emergente
industrialização experimentada na capital paulista e no Rio de Janeiro, a par
do setor de serviços desses dois mais importantes centros urbanos do país. É
característica desse período a presença de um movimento operário ainda sem
profunda e constante capacidade de organização e pressão, quer pelo estado
inicial de seu surgimento e dimensão no quadro econômico-social da época,
quer pela forte influência anarquista hegemônica no segmento mais mobilizado
de suas lideranças próprias. Nesse contexto, as manifestações vivenciadas no
plano industrial não têm ainda a suficiente consistência para firmarem um
conjunto diversificado e duradouro de práticas e resultados normativos,
oscilando em ciclos esparsos.

Letra “b”: CORRETA. O segundo período a se destacar na evolução do direito


trabalho é a fase da institucionalização (ou oficialização) do Direito do
Trabalho. Essa fase tem seu marco inicial em 1930, firmando a estrutura
jurídica e institucional de um novo modelo trabalhista até o final da ditadura
de Getúlio Vargas (1945). A primeira área contemplada pela ação
governamental foi a administração federal, de modo a viabilizar a coordenação
das ações institucionais a serem desenvolvidas nos anos seguintes. Criou-se,
assim, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, pelo Decreto n. 19.443
de 1930. A área sindical também foi objeto imediato de normatização federal,
através do Decreto n. 19.770 de 1931.

Letra “c”: CORRETA. A assertiva reflete a previsão contida nos arts. 7º, VI,
XIII, XIV, XXVI e 8º, I, II, III e VI da Constituição Federal de 1988.

Letra “d”: INCORRETA. Na redação original de 5 de outubro de 1988, foram


mantidos alguns institutos corporativistas, inerentes ao sistema trabalhista

130
tradicional – e que se caracterizavam por seu desajuste e difícil adaptação à
nova dinâmica democrática instituída. Por exemplo, o critério de
enquadramento sindical (art. 8º, I e II, CF), o financiamento compulsório dos
sindicatos (art. 8º, IV, in fine, CF), o amplo poder normativo judicial (art. 114,
§2º, CF) e a representação corporativa sindical no seio da Justiça do Trabalho
(art. 111 a 116, CF). Entretanto, emendas constitucionais subsequentes a 1988
atenuaram a importância negativa dessas contradições antidemocráticas.
Assim, a representação classista corporativista foi completamente extinta pela
EC n. 24, de 1999, ao passo que o poder normativo judicial foi severamente
restringido, por intermédio da EC n. 45, de 2004. Desse modo, entre todas as
contradições percebidas na redação original da CF/1988, restaram, em
consequência, apenas aquelas relativas à estrutura sindical brasileira.

Letra “e”: CORRETA. Sob o ponto de vista filosófico, as fontes materiais


trabalhistas, em um primeiro instante, tratam-se daquelas vertentes filosóficas
que contribuíram para a derrubada da antiga hegemonia do ideário liberal
capitalista. Tais ideias antiliberais, de fundo democrático, propunham a
intervenção normativa nos contratos de trabalho, seja através das regras
jurídicas produzidas pelo Estado, seja através das produzidas pela negociação
coletiva trabalhista, visando atenuar-se o desequilíbrio de poder inerente à
relação de emprego. Nesta linha, foram típicas fontes materiais, sob o prisma
filosófico, o socialismo, nos séculos XIX e XX, e correntes político-filosóficas
afins, como o trabalhismo e o socialismo-cristão.

___________________________________________________________________

60. No tocante ao contrato de trabalho, responda os itens que se segue. De


acordo com a atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho:

(I) É válida cláusula de acordo coletivo de trabalho que aumenta, de 180 para
210 dias, o prazo da estabilidade provisória das empregadas gestantes
admitidas por prazo indeterminado. O tratamento diferenciado em relação às

131
empregadas contratadas por prazo determinado não ofende o princípio da
isonomia, pois a natureza do vínculo de trabalho, nas duas situações, é distinta.

(II) É válida norma coletiva que estabelece o salário-base do empregado como


a base de cálculo das horas extraordinárias, e, em contrapartida, fixa o
respectivo adicional em percentual superior ao previsto em lei, in casu, de 70%.

(III) De acordo com a atual jurisprudência do TST, é possível estender a garantia


provisória de emprego à empregada gestante dispensada em razão do
reconhecimento da nulidade do contrato firmado com ente público, sem prévia
aprovação em concurso público. Ao caso concreto se aplica a Convenção nº 103
da OIT, que consagra o direito das empregadas gestantes à licença-maternidade
e veda a dispensa nesse período, e também a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal no que concerne ao alcance da estabilidade prevista no art.
10, II, “b”, do ADCT.

a) Todos os itens estão corretos.


b) Apenas itens I e II estão corretos.
c) Apenas itens II e III estão corretos.
d) Apenas itens I e III estão corretos.
e) Todos os itens estão incorretos.

Comentários:

ITEM “I”: CORRETO. Trata-se de entendimento extraído do informativo 160 do


TST, em que a seção especializada em dissídios coletivos entendeu que:

Ação anulatória. Gestante. Garantia de emprego. Ampliação do prazo. Cláusula


restrita às empregadas contratadas por prazo indeterminado. Validade.
Inexistência de afronta ao princípio da isonomia. É válida cláusula de acordo
coletivo de trabalho que aumenta, de 180 para 210 dias, o prazo da estabilidade
provisória das empregadas gestantes admitidas por prazo indeterminado. O
tratamento diferenciado em relação às empregadas contratadas por prazo
determinado não ofende o princípio da isonomia, pois a natureza do vínculo de
trabalho, nas duas situações, é distinta. Ademais, a norma em questão é

132
resultado da negociação entre os atores sociais e contou com a aprovação
inequívoca da categoria profissional. Sob esses fundamentos, a SDC, por
maioria, deu provimento ao recurso ordinário para julgar improcedente o
pedido de nulidade da Cláusula Vigésima Sexta – Garantia de Emprego ou
Indenização Gestantes, constante do acordo coletivo de trabalho firmado entre
a Souza Cruz S.A. e o Sindicato dos Empregados Vendedores e Viajantes do
Comércio no Estado do Pará. Vencido o Ministro Mauricio Godinho Delgado. TST-
RO-422-69.2016.5.08.0000, SDC, rel. Min. Maria de Assis Calsing, 5.6.2017

ITEM “II”: CORRETO. Trata-se de entendimento extraído do informativo 160 do


TST, em que a subseção I, especializada em dissídios individuais, entendeu que
nesse caso, prevalece as condições pactuadas no instrumento normativo, sob
pena de ofensa ao art. 7º, XXVI, da CF/88. Vejamos:

Horas extras. Norma coletiva. Base de cálculo. Salário-base. Contrapartida.


Adicional fixado em percentual superior ao legal. Validade. É válida norma
coletiva que estabelece o salário-base do empregado como a base de cálculo
das horas extraordinárias, e, em contrapartida, fixa o respectivo adicional em
percentual superior ao previsto em lei, in casu, de 70%. Prevalência das
condições pactuadas no instrumento normativo, sob pena de ofensa ao art. 7º,
XXVI, da CF. Com esse entendimento, a SBDI-I, à unanimidade, conheceu dos
embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, negou-lhes
provimento. TST-E-RR-1415-47.2014.5.09.0003, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa
da Veiga, 1º.6.2017

ITEM “III”: INCORRETO. A súmula 363 do TST dispõe: CONTRATO NULO.


EFEITOS (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A contratação
de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso
público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo
direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de
horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores
referentes aos depósitos do FGTS.

133
O TST no caso em questão continua entendendo pela não estabilidade da
gestante no contrato firmado com ente público, sem prévia aprovação em
concurso. Vejamos:

Matéria afetada ao Tribunal Pleno. Gestante. Contrato nulo. Ausência de


prévia aprovação em concurso público. Estabilidade provisória. Indevida.
Incidência da Súmula nº 363 do TST. Não é possível estender a garantia
provisória de emprego à empregada gestante dispensada em razão do
reconhecimento da nulidade do contrato firmado com ente público, sem prévia
aprovação em concurso público. Incidência dos estritos termos da Súmula nº
363 do TST que, diante da invalidade da contratação, assegura apenas o
pagamento das horas trabalhadas e das contribuições ao FGTS, por expressa
previsão de lei. Ao caso concreto não se aplica a Convenção nº 103 da OIT, que
consagra o direito das empregadas gestantes à licença-maternidade e veda a
dispensa nesse período, nem a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no
que concerne ao alcance da estabilidade prevista no art. 10, II, “b”, do ADCT,
pois ambas as situações pressupõem a validade da relação jurídica estabelecida
entre as partes, condição não verificada na hipótese. TST-E-ED-RR-175700-
88.2007.5.04.0751, Tribunal Pleno, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, red. p/
acórdão Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 17.4.2017.

___________________________________________________________________

61. A respeito do direito coletivo, marque o item correto:


a) Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados,
cabe dissídio coletivo para apreciação de cláusulas de natureza social e
econômica.
b) Um dos temas que ganha grande destaque no âmbito do Direito Coletivo
do Trabalho brasileiro, quando comparado aos ditames jurídicos
internacionais, é a adequação de nosso ordenamento à convenção nº 87 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), responsável por dispor a
respeito da liberdade sindical. Embora o Brasil tenha participado da Sessão
da Conferência Geral dos Membros da OIT de 1948 e se posicionado

134
favoravelmente à aprovação da Convenção nº 87, o Poder Executivo
brasileiro não a ratificou durante o trâmite do Projeto do Decreto Legislativo
58/84.
c) De acordo com a Convenção 87 da OIT que dispõe sobre sindicatos, os
trabalhadores e os empregadores, não terão direito de constituir, sem
autorização prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se
filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar com os
estatutos das mesmas.
d) Na análise do Direito Coletivo na Constituição da República de 1988, é
assegurado aos sindicatos apenas a defesa de direitos e interesses coletivos,
inclusive em questões judiciais e administrativas.
e) De acordo com a jurisprudência do STF, a atividade de controle do TCU sobre
a atuação das entidades sindicais representa violação à autonomia sindical.

Comentários:

Letra “a”: INCORRETA. De acordo com a nova redação da OJ 5, da SDC: Em


face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados, cabe
dissídio coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza
social. Inteligência da Convenção n.º 151 da Organização Internacional do
Trabalho, ratificada pelo Decreto Legislativo n.º 206/2010.

A redação anterior da OJ 5, afirmava que os trabalhadores do setor público não


podiam ajuizar dissídio coletivo, "à falta de previsão legal".

Com a alteração, o TST revelou a adoção pelo Brasil, ainda que com ressalvas,
da Convenção nº 151 e da Recomendação nº 159, ambas da Organização
Internacional do Trabalho, que tratam das relações de trabalho na
administração pública, levou o TST a refletir sobre o entendimento anterior da
OJ 5, na medida em que os documentos internacionais asseguram
expressamente aos servidores públicos o direito à negociação coletiva.

135
Letra “b”: CORRETA. De fato, embora o Brasil tenha participado da Sessão da
Conferência Geral dos Membros da OIT de 1948 e se posicionado favoravelmente
à aprovação da Convenção nº 87, o Poder Executivo brasileiro não a ratificou
durante o trâmite do Projeto do Decreto Legislativo 58/84. Em sua obra
intitulada “A Convenção 87 da OIT sobre liberdade sindical de 1948:
Recomendações para a adequação do Direito Interno brasileiro aos princípios e
regras internacionais do trabalho”, os professores Maristela Basso e Fabrício
Polido elencam alguns motivos que podem justificar esta negativa em dar
andamento à ratificação: -Incompatibilidade entre a proposta de liberdade
sindical feita pela Convenção nº 87 da OIT e os regimes constitucionais previstos
nas Cartas de 1946 e 1967; - Incompatibilidade entre a Convenção nº 87 e a
cobrança da Contribuição Sindical Compulsória confirmada pela Carta de 1967;
- A possibilidade de que a ratificação gerasse mudanças radicais e inoportunas
ao nosso ordenamento legal naquele momento histórico.
Dica: O edital dispõe expressamente como conteúdo a Convenção 87 da OIT,
por isso é importante ter conhecimento dos seus aspectos básicos (sobre o que
se trata, aspectos históricos e etc).

Letra “c”: INCORRETA. Tal previsão está logo no art. 2º do instrumento em


apreço (Convenção 87 da OIT): Art. 2 — Os trabalhadores e os empregadores,
sem distinção de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização
prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas
organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos das
mesmas.
Contudo, tal como definido no art. 9.1, a sindicalização e organização das
forças armadas e entidades policiais deve ser respaldada na disciplina da lei
interna de cada um dos Países-membros.
Letra “d”: INCORRETA. De acordo com o art. 8º, III, “ ao sindicato cabe a
defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas”. O erro da questão é afirmar que é
assegurado apenas a defesa de direitos e interesses coletivos, já que conforme

136
a CF/88, eles também podem atuar na defesa de direitos e interesses
individuais.

Letra “e”: INCORRETA. Segundo decidiu o STF, as contribuições sindicais são


compulsórias e possuem natureza tributária. Logo, podem ser classificadas
como “receita pública”. Desse modo, sendo receitas públicas, estão sujeitas à
fiscalização do Tribunal de Contas da União, nos termos do art. 70, parágrafo
único e art. 71, I, da CF/88.

Os destinatários de contribuições parafiscais estão sujeitos à fiscalização do


TCU. Com efeito, deverá prestar contas qualquer pessoa pública ou privada,
sem distinção quanto a compor ou não a Administração Pública, que gerencie
dinheiro público. O produto da arrecadação tributária, embora repassado a
entidade privada, é dinheiro público, sujeito à competência fiscalizatória das
instituições públicas dirigidas a essa modalidade específica de controle.
Em suma, os sindicatos estão obrigados a prestar contas ao TCU sobre os valores
da contribuição sindical e isso não viola a autonomia sindical.
Dica: Com o advento da Lei 13.467/2017, denominada de reforma trabalhista,
houve uma sensível mudança, transformando a contribuição sindical de valor
obrigatório em facultativo. Por isso, talvez o STF altere seu próprio
entendimento. Mas a reforma ainda não entrou em vigor, não cairá na prova e
permanece tal entendimento.
___________________________________________________________________

62. No tocante ao direito do trabalho aplicado à fazenda pública, julgue os


itens que se segue:
(i) Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo
por ausência de concurso público, quando celebrado originalmente com ente
da Administração Pública Indireta, continua a existir após a sua privatização.
(ii) Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de
empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro enseja

137
responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas
pelo empreiteiro.
(iii) A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta,
não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não
afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados
terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas
àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade
de funções.
(iv) Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços
de vigilância, conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados
ligados à atividade-meio do tomador, ainda que exista pessoalidade admitida
em Convenção Coletiva.
a) Apenas os itens I e II estão corretos.
b) Apenas os itens III e IV estão corretos.
c) Apenas os itens I, III e III estão corretos.
d) Apenas os itens I e III estão corretos.
e) Apenas os itens II e IV estão corretos.

Comentários:

ITEM “I”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 420 do


TST.

ITEM “II”: INCORRETO. De acordo com a OJ 191. CONTRATO DE EMPREITADA.


DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE. (nova redação) -
Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada
de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja
responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas
pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou
incorporadora.
138
ITEM “III”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na Orientação
Jurisprudencial 383 do TST (SDI-1).

ITEM “IV”: INCORRETO. Não há exceção prevista no ordenamento jurídico que


admita excepcionar os comandos da súmula 331, inciso III, do TST. Vejamos sua
redação: “Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de
serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza,
bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador,
desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta”. Portanto,
havendo pessoalidade, forma-se o vínculo de emprego com o tomador.

___________________________________________________________________

63. Acerca da interrupção e da suspensão do contrato de trabalho, assinale


o item correto:

a) O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois


a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de
qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração
equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou
acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado.
b) No caso do contrato de trabalho suspenso, para participação do
empregado em curso ou programa de qualificação profissional, se ocorrer a
dispensa do empregado no transcurso do período de suspensão contratual ou
nos três meses subsequentes ao seu retorno ao trabalho, o empregador pagará
ao empregado, além das parcelas indenizatórias previstas na legislação em
vigor, multa a ser estabelecida em convenção ou acordo coletivo, sendo de, no
mínimo, cinquenta por cento sobre o valor da última remuneração mensal
anterior à suspensão do contrato.
c) Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual
se afastou em virtude de exigências do serviço militar ou de encargo público, é
indispensável que notifique o empregador dessa intenção, por telegrama ou

139
carta registrada, dentro do prazo máximo de 10 (trinta) dias, contados da data
em que se verificar a respectiva baixa ou a terminação do encargo a que estava
obrigado.
d) A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos não
importa na rescisão injusta do contrato de trabalho.
e) Se o trabalhador tem o contrato de trabalho suspenso em virtude de
aposentadoria por invalidez, não tem direito à manutenção do plano de saúde,
visto que no caso de suspensão do contrato de trabalho, o empregado não
trabalha e não recebe pelo empregador.

Comentários:

Item “a”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida no art. 476-A da


CLT.

Item “b”: INCORRETO. O art. 476-A, § 5º dispõe que: “Se ocorrer a dispensa
do empregado no transcurso do período de suspensão contratual ou nos três
meses subsequentes ao seu retorno ao trabalho, o empregador pagará ao
empregado, além das parcelas indenizatórias previstas na legislação em vigor,
multa a ser estabelecida em convenção ou acordo coletivo, sendo de, no
mínimo, cem por cento sobre o valor da última remuneração mensal anterior à
suspensão do contrato”.

Item “c”: INCORRETO. De acordo com o art. 472, § 1º “Para que o empregado
tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se afastou em virtude de
exigências do serviço militar ou de encargo público, é indispensável que
notifique o empregador dessa intenção, por telegrama ou carta registrada,
dentro do prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da data em que se
verificar a respectiva baixa ou a terminação do encargo a que estava obrigado”.

Item “d”: INCORRETO. De acordo com o Art. 474 da CLT, a suspensão do


empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos importa na rescisão injusta
do contrato de trabalho.

140
Item “e”: INCORRETO. A súmula 440 do TST é expressa em assegurar o plano
de saúde nesse caso. Vejamos: Assegura-se o direito à manutenção de plano
de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado,
não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença
acidentário ou de aposentadoria por invalidez.

Muitas empresas defendiam a teoria de que o empregado não é mais


remunerado pelos “seus cofres”, logo, não haveria necessidade da empresa
manter o plano de saúde deles. Porém, importante lembrar que na
aposentadoria por invalidez, primeiramente, não se trata do FIM do contrato
de trabalho, mas de sua suspensão, podendo o empregado ser dado como
recuperado por perícia médica do INSS, o que resultaria no seu retorno. Nas
palavras da Min. Maria de Assis Calsing no processo TST-RR 156100-
81.2005.5.05.0021: “aposentadoria por invalidez não põe fim ao contrato de
trabalho, mas apenas o suspende, ficando o trabalhador sem prestar serviço e
sem receber salário. As demais cláusulas contratuais remanescem.”
Além disso, o auxílio-doença é pago em função de uma incapacidade temporária
do empregado, após o 15º dia de licença médica. De fato é o INSS que o
remunera, mas segundo a mesma Min. Calsing no AIRR 1626-
28.2010.5.03.0056: “Ademais, a jurisprudência desta Corte Superior vem
consolidando entendimento no sentido de que a suspensão do contrato de
trabalho, seja por aposentadoria por invalidez ou concessão de auxílio-
doença, apenas importa em suspensão das obrigações principais do
contrato de trabalho – como a prestação dos serviços e o pagamento de
salário . Nessa linha, o direito ao acesso ao plano de saúde – por decorrer
diretamente do contrato de emprego e não depender da prestação de
serviços para a sua manutenção– deve ser resguardado enquanto durar a
concessão do benefício previdenciário.”

___________________________________________________________________

141
64. A respeito do contrato de emprego, assinale a alternativa incorreta:
a) Em um bairro os vizinhos decidem pagar um policial militar, mensalmente,
para fazer a ronda diária, fora da sua função de policial, uma vez que muitos
assaltos estavam acontecendo. Essa relação se estabelece de maneira informal,
uma vez que um estabelece regras e o outro as cumprem. Nasce aí um contrato
de trabalho tácito, válido no ordenamento jurídico brasileiro.
b) Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa
causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização,
e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato.
c) É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os
requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não pretenda
fazer uso do benefício.
d) Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual sindical, inclusive os
processos em que a Fazenda Pública for parte, os honorários advocatícios são devidos entre o
mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
e) À sociedade de economia mista não se aplica a vedação à equiparação
prevista na Constituição Federal, pois, ao admitir empregados sob o regime da
CLT, equipara-se a empregador privado.

Comentários:

Item “a”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 386 do


TST. Além disso, vale ressaltar a classificação do contrato de trabalho (no que
se refere a forma de celebração):

i. Tácito: mera aceitação das partes.

ii. Expresso: Verbal ou Escrito.

Item “b”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida no art. 479 da CLT.

Item “c”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 460 do


TST.

142
Item “d”: INCORRETO: Nos casos em que a fazenda pública for parte, não
se aplica a orientação em comento. Em 2016, os incisos V e VI da súmula
219 do TST passaram a vigorar com a seguinte redação:

V – Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual


sindical, excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os
honorários advocatícios são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de
vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa (CPC de 2015, art. 85, § 2º).
VI - Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os
percentuais específicos de honorários advocatícios contemplados no
Código de Processo Civil.
Item “e”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 455 do
TST.

___________________________________________________________________

65. A respeito da competência trabalhista, julgue os itens que se seguem:

(I) José, funcionário de uma grande empresa de sapatos, conseguiu entrar no


seu local de trabalho no dia de uma greve geral dos trabalhadores. Os seus
colegas, insatisfeitos com tal atitude, prenderam José em uma das salas da
empresa, impossibilitando sua liberdade. Nesse caso, a competência para
processar e julgar o Habeas Corpus impetrado por José será da Justiça do
Trabalho.

(II) É vedado a utilização da arbitragem no direito do trabalho.

(III) Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do


interesse público, o Ministério Público Federal poderá ajuizar dissídio coletivo,
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

(IV) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de


indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de

143
trabalho propostas por empregado contra empregador, desde que possuíssem
sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda
Constitucional nº 45/04.

(V) É irrelevante, para fins de fixação de competência, o fato de a ação de


indenização decorrente de acidente de trabalho ter sido ajuizada por
sucessores do trabalhador falecido, ou seja, a competência continua sendo da
Justiça do Trabalho.

(VI) A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das


contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução
das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em
pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem
o salário de contribuição.

a) Apenas os itens I, II, V e VI estão corretos.


b) Apenas os itens II e III estão incorretos.
c) Apenas os itens I, V, VI estão corretos.
d) Todos os itens estão corretos.
e) Apenas os itens I, III, V e VI estão corretos.

Comentários:

ITEM “I”: CORRETO. De acordo com art. 114, IV, é competência da Justiça do
Trabalho o julgamento dos mandados de segurança, habeas corpus e habeas
data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.

ITEM “II”: INCORRETO. De acordo com o art. 114, § 1º da CF/88 “Frustrada a


negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros”. O § 2º do mesmo artigo
ainda complementa, “Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva
ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente”.

144
ITEM “III”: INCORRETO. Tal atribuição será da do Ministério Público do
Trabalho. Conforme o art. 114, § 3º da CF/88: Em caso de greve em atividade
essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público
do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho
decidir o conflito.

ITEM “IV”: INCORRETO. Trata-se da redação da súmula vinculante nº 22:


A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de
indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que
ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da
promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

ITEM “V”: CORRETO. Ação de indenização decorrente de acidente do


trabalho ajuizada por sucessor do trabalhador falecido e competência da
Justiça do Trabalho Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinário com
agravo. Acidente de trabalho. Ação de indenização ajuizada por sucessores do
trabalhador falecido. Reconhecimento da competência da Justiça Federal do
Trabalho. 1. O Plenário desta Corte, no julgamento do RE nº 600.091/MG-RG,
DJe de 15/8/12, de minha relatoria, assentou que é irrelevante, para fins de
fixação da competência, o fato de a ação de indenização decorrente de
acidente de trabalho ter sido ajuizada por sucessores do trabalhador falecido.
3. Agravo regimental não provido." (ARE 697120 AgR, Relator Ministro Dias
Toffoli, Primeira Turma, julgamento em 20.11.2012, DJe de 19.12.2012)

ITEM “VI”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 368, I,


do TST.

___________________________________________________________________

66. Acerca do instituto do reexame necessário e do mandato na justiça do


trabalho, assinale a opção incorreta:

145
a) Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na
vigência da Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública,
salvo quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a: a) 1.000
(mil) salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de
direito público; b) 500 (quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito
Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os
Municípios que constituam capitais dos Estados; c) 100 (cem) salários mínimos
para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito
público.

b) Não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em súmula ou


orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho.

c) Não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em acórdão


proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do Trabalho
em julgamento de recursos repetitivos e em entendimento firmado em
incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência;

d) Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do


Trabalho está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando
desfavorável ao ente público, ainda que o entendimento seja coincidente
com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidada em parecer.

e) Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém


cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da
demanda.

Comentários:

ITEM “a”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 303, I,


do TST.

ITEM “b”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 303, II,
do TST.

146
ITEM “c”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 303, II,
do TST.

ITEM “d”: INCORRETO. Conforme súmula 303 do TST, III - Em ação rescisória,
a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está sujeita ao duplo
grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas
hipóteses dos incisos anteriores. (ex-OJ nº 71 da SBDI-1 - inserida em
03.06.1996). O inciso II, excepciona o entendimento coincidente com
orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

ITEM “e”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 395 do


TST.

___________________________________________________________________

67. De acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores, julgue os itens


que se segue:
(I) O depósito prévio de 5% sobre o valor da causa, previsto no CPC de 1973,
não se aplica à ação rescisória proposta na Justiça do Trabalho. Nos termos do
art. 836 da CLT, norma específica do processo do trabalho, a ação rescisória
sujeita-se ao depósito prévio no percentual de 20%. Ressalte-se que esse
entendimento permanece inalterado mesmo após o advento da Lei nº
13.105/2015, visto que a incidência das normas do CPC permanece restrita às
hipóteses em que houver omissão e compatibilidade com o processo do
trabalho.
(II) Na ação rescisória, o que se ataca é a decisão, ato oficial do Estado,
acobertado pelo manto da coisa julgada. Assim, e considerando que a coisa
julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz confissão na
ação rescisória.

147
(III) A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições social e fiscal,
resultante de condenação judicial referente a verbas remuneratórias, é do
empregador e incide sobre o total da condenação. Contudo, a culpa do
empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias não exime a
responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda devido
e da contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte.
(IV) Indeferido o requerimento de justiça gratuita formulado na fase recursal,
cumpre ao relator fixar prazo para que o recorrente efetue o preparo.
(V) O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou
grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o requerimento formulado
no prazo alusivo ao recurso.
a) Todos os itens são verdadeiros.
b) Apenas os itens II, III, IV e V são verdadeiros.
c) Todos os itens são falsos.
d) Apenas os itens II e IV estão falsos.
e) Apenas os itens III, IV e V são verdadeiros.

Comentários:

ITEM “I”: CORRETO. De acordo com o informativo 160 do TST, Ação rescisória.
Depósito prévio de 5% sobre o valor da causa previsto no CPC de 1973. Não
incidência na Justiça do Trabalho. Prevalência do disposto no art. 836 da CLT.
O depósito prévio de 5% sobre o valor da causa, previsto no CPC de 1973, não
se aplica à ação rescisória proposta na Justiça do Trabalho. Nos termos do art.
836 da CLT, norma específica do processo do trabalho, a ação rescisória sujeita-
se ao depósito prévio no percentual de 20%. Ressalte-se que esse entendimento
permanece inalterado mesmo após o advento da Lei nº 13.105/2015, visto que
a incidência das normas do CPC permanece restrita às hipóteses em que houver
omissão e compatibilidade com o processo do trabalho (art. 769 da CLT e art.
15 do CPC de 2015). Da mesma forma, a aplicação das normas procedimentais
previstas nos arts. 966 a 975 do CPC de 2015, autorizada pela IN nº 39/2016 do
TST, não acarreta o afastamento das regras específicas do processo do trabalho.

148
Não obstante esses fundamentos, no caso concreto, a SBDI-II, por unanimidade,
dispensou o autor do recolhimento do depósito prévio de 20% sobre o valor da
causa por ser beneficiário da justiça gratuita. TST-AR-22152-
61.2016.5.00.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 6.6.2017.

ITEM “II”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na súmula 398 do


TST.

ITEM “III”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na Orientação


Jurisprudencial 363 da SDI-1.

ITEM “IV”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na orientação


jurisprudencial 269 da SDI-1.

ITEM “V”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida na orientação


jurisprudencial 269 da SDI-1.

___________________________________________________________________

68. A respeito do rito sumaríssimo, assinale a opção correta:


a) Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário
mínimo vigente na data da sentença ficam submetidos ao procedimento
sumaríssimo.
b) Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo a apreciação da
reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de dez dias do seu ajuizamento,
podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento
judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
c) O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a
serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo
limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de
experiência comum ou técnica. Todas as provas serão produzidas na
audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas
previamente.

149
d) Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de
recurso de revista está limitada à demonstração de violação direta a dispositivo
da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal Superior do
Trabalho e do Supremo Tribunal Federal, não se admitindo o recurso por
contrariedade a Orientação Jurisprudencial do TST.
e) José ingressa uma ação trabalhista na justiça do trabalho contra o Banco do
Brasil no rito sumaríssimo. Nesse caso, José incorreu em erro, visto que estão
excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a
Administração Pública.

Comentários:

ITEM “A”: INCORRETO. Conforme art. 852-A da CLT, “Os dissídios individuais
cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do
ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo”.

ITEM “B”: INCORRETO. Conforme art. 852-B da CLT, III, a apreciação da


reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento,
podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento
judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.

ITEM “C”: CORRETO. A assertiva reflete a previsão contida no art. 852-D da


CLT.

ITEM “D”: INCORRETO. Conforme a Súmula 442 do TST, “Nas causas sujeitas
ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de recurso de revista está
limitada à demonstração de violação direta a dispositivo da Constituição
Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho, não se
admitindo o recurso por contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste
Tribunal (Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência de previsão
no art. 896, § 6º, da CLT”.

150
ITEM “E”: INCORRETO. A vedação é para a Administração Pública direta,
autarquia e fundacional. O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista,
portanto, não se submete a esta restrição.

Art. 852-A, parágrafo único: Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as


demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e
fundacional.

___________________________________________________________________

69. Acerca dos recursos no processo trabalhista, assinale a alternativa


correta:

a) As decisões interlocutórias no Processo do trabalho não são recorríveis.


b) Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá
das sentenças proferidas nos dissídios de alçada, cujo valor não exceda
dois salários mínimos.
c) No direito processual do trabalho o depósito recursal era exigido apenas do
empregador. Essa unilateralidade da exigência decorria da influência, na
órbita processual, do princípio da hipossuficiência do trabalhador, que
informa o direito material. No entanto, tal orientação foi alterada com o
advento do Novo Código de Processo Civil.
d) No caso dos recursos interpostos das sentenças proferidas nas denominadas
ações de alçada exclusivas dos órgãos de primeiro grau criadas pela Lei
5.584/70, o depósito recursal é dispensado.
e) Não ocorre deserção de recurso da massa falida e de empresa em liquidação
extrajudicial por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da
condenação.

Comentários:

ITEM “ a’’: INCORRETO. As decisões interlocutórias no processo do trabalho


não são recorríveis de imediato.

151
Súmula nº 214 do TST: Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da
CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas
hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula
ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível
de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção
de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional
distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto
no art. 799, § 2º, da CLT.
ITEM “b’’: CORRETO. O chamado dissídio de alçada ou rito sumário está
previsto na Lei n. 5.584/70, art. 2º e dispõe no seu § 4º § 4º - Salvo se versarem
sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas
nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para
esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação.

ITEM “c’’: INCORRETO. No Direito Processual do trabalho permanece a


orientação de que somente o empregador realizará o depósito recursal. O
empregado, ainda que condenado em eventual reconvenção, ou sendo este
reclamado em demanda trabalhista proposta pelo empregador, não realizará o
depósito, uma vez que a exigência do depósito recursal é uma das
exteriorizações do protecionismo processual em favor do empregado na Justiça
do Trabalho.

ITEM “ d’’: INCORRETO. É necessário o depósito recursal nesses casos. Mauro


Schiavi ainda salienta que a admissibilidade do recurso, nessas ações, está
subordinada ao pressuposto de a sentença envolver matéria constitucional.

ITEM “e’’: INCORRETO. A massa falida não está sujeita ao depósito recursal,
no entanto, a empresa em liquidação judicial não tem esse privilégio. A súmula
86 do TST dispõe:
Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de
custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se
aplica à empresa em liquidação extrajudicial.

152
No tocante a organização da justiça do trabalho, julgue os itens que se
segue:

(I) Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes,


recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente
da República dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta
e cinco anos.

(II) A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não
abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para
o respectivo Tribunal de Justiça.

(III) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originalmente,


a reclamação para a preservação da competência do Tribunal Superior do
Trabalho e para garantir a autoridade da decisão deste.

a) Todos os itens estão corretos.


b) Todos os itens estão errados.
c) Apenas o item I é verdadeiro.
d) Apenas o item II é verdadeiro.
e) Apenas o item III é verdadeiro.

Comentários:

ITEM “I”: INCORRETO. De acordo com o art. 115 da CF/88 Os Tribunais


Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da
República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco
anos.

ITEM “II”: INCORRETO. De acordo com o art. 112, CF: A lei criará varas da
Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional
do Trabalho.

153
ITEM “III”: INCORRETO. Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e
julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência
e garantia da autoridade de suas decisões.

Direito e Processo Penal


Professor(a) responsável: Clarissa Abrantes
clarissa.abrantes@coachingpge.com.br

71. Tício e Mévio invadiram um presídio de segurança máxima de Aracaju e,


mediante ameaça com armas de fogo, dominaram o carcereiro para a fuga
de seu comparsa vulgarmente conhecido como “Pedrinha”, que estava
cumprindo pena privativa de liberdade, para que o mesmo voltasse a auxiliá-
los na prática de novos delitos. Nesse caso, Tício e Mévio responderão por
crime de:
a) favorecimento pessoal.
b) evasão mediante violência contra pessoa.
c) fuga de pessoa presa.
d) motim de presos.
e) favorecimento real.
Comentários

a) ERRADA. Art. 348, caput, do CP. Auxiliar a subtrair-se à ação da autoridade


pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão.

b) ERRADA. Art. 352 do CP. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo


submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a
pessoa.

c) CERTA. Art. 351 do CP. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente


presa ou submetida a medida de segurança detentiva.

154
d) ERRADA. Art. 354 do CP. Amotinarem-se, presos, perturbando a ordem ou
disciplina da prisão.

e) ERRADA. Art. 349 do CP. Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou
de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime.

___________________________________________________________________

72. Acerca da legislação penal especial e dos crimes contra a administração


pública e contra a fé pública, julgue os itens subsequentes.
a) Caso um agente público estadual patrocine interesse privado perante a
administração pública, dando causa à instauração de licitação cuja invalidação
venha a ser decretada pelo Poder Judiciário, tal patrocínio caracterizará a
prática do delito de advocacia administrativa.
b) O agente público que deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos
prazos legais, a execução de medida para a redução do montante da despesa
total com pessoal que houver excedido a repartição, por Poder, do limite
máximo pratica crime contra as leis de finanças públicas, devendo ser
processado e julgado pelo tribunal de contas.
c) Constitui crime contra as finanças públicas deixar de ordenar, de
autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar
inscritos em valor superior ao permitido em lei.
d) Considere que Augusto tenha fornecido abrigo para que o seu irmão Carlos,
autor de crime de latrocínio, se escondesse e evitasse a ação da autoridade
policial. Nessa situação, a conduta de Augusto fará com que ele tenha que
cumprir pena pelo crime de favorecimento pessoal.
e) O agente que suprimir tributo mediante a falsificação ou alteração de nota
fiscal praticará crime contra as finanças públicas.
Comentários

a) ERRADA. O presente caso trata da situação configuradora do crime previsto


no art. 91, da Lei 8.666/93: Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à

155
celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder
Judiciário.
b) ERRADA. Conforme o art. 5°, IV e 2°, da Lei 10.028, o agente público comete
infração administrativa contra a Lei de Finanças Públicas, não crime, como
sugere a assertiva, quando deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos
prazos da lei, a execução de medida para a redução do montante da despesa
total com pessoal que houver excedido a repartição por Poder do limite
máximo, sendo julgado perante o Tribunal de Contas a que competir a
fiscalização contábil, financeira e orçamentária da pessoa jurídica de direito
público envolvida.
c) CORRETA. Art. 359-F, do CP: Deixar de ordenar, de autorizar ou de
promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor
superior ao permitido em lei. Percebe que o artigo não tipifica o fato do agente
“deixar de expedir ato que determine limitação de empenho e movimentação
financeira”.
d) ERRADA. Conforme o art. 348, §2°, do CP, Augusto, ao auxiliar a subtrair-se
à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão, está praticando o crime de favorecimento pessoal. Contundo, não
terá que cumprir a pena, tendo em vista ter praticado o crime com a intenção
de auxiliar seu irmão (causa de isenção de pena).
e) ERRADA. O tipo penal previsto no enunciado trata de crime contra a ordem
tributária, previsto no art. 1°, III, da Lei 8.137/90: Constitui crime contra a
ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas: III - falsificar ou alterar nota fiscal,
fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à
operação tributável;

___________________________________________________________________

73. Policiais Militares Ambientais comparecem a um assentamento e


constatam a extração ilegal de madeira, caracterizada como crime
ambiental. Os assentados pedem aos policiais que não adotem quaisquer

156
providências. Em vista desse pedido, os agentes se retiram, sem que
qualquer providência fosse implementada. Diante disso, com relação aos
crimes contra a Administração Pública, os Policiais Militares cometeram o
crime de:
a) exercício funcional ilegal.
b) prevaricação para satisfazer interesse pessoal.
c) condescendência criminosa.
d) corrupção passiva.
e) corrupção passiva privilegiada.

Comentários

GABARITO: Letra E. A situação posta no enunciado configura o crime de


corrupção passiva privilegiada, que ocorre quando o funcionário público
pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, a pedido ou influência de outrem (art. 317, §2°, do CP). Não se deve
confundir com o crime de prevaricação (art. 319, do CP), pois nesse tipo penal
não existe este pedido ou influência. O agente toma a iniciativa de agir ou se
omitir para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Assim, se um fiscal
flagra um desconhecido cometendo irregularidade e deixa de autuá-lo em razão
de insistentes pedidos deste, há corrupção passiva privilegiada, mas, se o fiscal
deixa de autuar porque percebe que a pessoa é um antigo amigo, configura-se
a prevaricação.

___________________________________________________________________

74. No tocante aos crimes contra a Administração Pública, é correto afirmar


que:
a) no crime de peculato culposo, a reparação do dano, se precede ao
oferecimento da denúncia, extingue a punibilidade; se for pos-terior ao
recebimento denúncia e anterior à sentença recorrível, reduz de metade a pena
imposta.

157
b) inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos,
alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública caracteriza o crime de inserção de
dados falsos em sistemas de informações independentemente da finalidade do
agente.
c) solicitar ou exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida caracteriza o crime de concussão.
d) continuar a exercer função pública, sem autorização, depois de saber
oficialmente que foi removido caracte-riza o crime de desobediência
e) pratica o crime de violação de sigilo funcional aquele que revelar fato de
que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação, independentemente da finalidade do agente.

Comentários

a) ERRADA. Conforme o art. 312, § 3°, do CP, no crime de peculato culposo, a


reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se se lhe é posterior à sentença recorrível, reduz de metade a pena imposta.

b) ERRADA. Nos ternos do art. 313-A, do CP, comete o crime de inserção de


dados falsos no sistema de informação o funcionário autorizado que iserir ou
facilitar a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para
causar dano.

c) ERRADA. Consoante se depreende na leitura do art. 316, do CP, no crime de


concussão não se SOLICITA, mas se EXIGE para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida.

158
d) ERRADA. O caso posto nesta alternativa não trata do crime de desobediência
e sim do exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado, conforme
prevê o art. 324, segunda parte, do CP.

e) CORRETA. Nos termos dispostos no art. 325, do CP.

___________________________________________________________________

75. Acerca do Inquérito Policial (IP), assinale opção correta.


a) Mesmo em caso de sigilo decretado no IP, a autoridade policial terá de
encaminhar ao instituto de identificação os dados relativos à pessoa do
indiciado.
b) O advogado tem direito de vista aos autos do IP, exceto nos casos de
decretação de sigilo.
c) É direito do cidadão, no exercício de sua cidadania, ao ter conhecimento de
qualquer crime, comunicá-lo à autoridade policial, que, então, deverá reduzir
as informações a termo e, caso verifique a procedência destas, instaurar
inquérito.
d) A pedido do indiciado, a autoridade policial deverá instaurar o contraditório
e a ampla defesa no curso do IP.
e) Nos atestados de antecedentes é vedado à autoridade policial mencionar
quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito, salvo no caso de
existir condenação anterior.
Comentários

a) CORRETA. Consoante o teor do art. 23 do CPP, “ao fazer a remessa dos autos
do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que
tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do
indiciado”.

b) ERRADA. Conforme o teor da súmula vinculante n. 14 do STF, “é direito do


defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de

159
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa”.

c) ERRADA. Dispõe o art. 5°, §3°, do CPP, “nos crimes de ação pública o
inquérito policial será iniciado: § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito”.

d) ERRADA. Tendo em vista a natureza inquisitiva do inquérito policial, o


delegado não pode instaurar contraditório nem ampla defesa. Assim, por mais
que indiciado ou qualquer autoridade peça, o contraditório e ampla defesa não
serão possíveis no inquérito policial.

e) ERRADA. Prevê o art. 20, parágrafo único, do CPP, “a autoridade assegurará


no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse
da sociedade. Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem
solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações
referentes a instauração de inquérito contra os requerentes”. Percebam que no
dispositivo transcrito não existe a ressalva prevista na alternativa em comento.
Portanto, o gabarito está errado.

___________________________________________________________________

76. Com relação ao benefício da liberdade provisória e seus fundamentos,


assinale a opção correta.
a) Não será concedida liberdade provisória mediante fiança ao suspeito da
prática de crime punido com pena privativa de liberdade, se ele já tiver sido
condenado, em sentença transitada em julgado, por outro crime doloso ou
culposo.
b) De acordo com a jurisprudência do STJ, em regra, a existência de indícios de
autoria e prova da materialidade do delito, bem como o juízo valorativo sobre
a gravidade genérica do crime de roubo, além da periculosidade em abstrato
160
do autor do fato, constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão
preventiva, o que impossibilita a concessão da liberdade provisória.
c) A afiançabilidade de infração penal, depois de prolatada a sentença
condenatória, verifica-se em função da pena aplicada in concreto.
d) A fiança será cassada caso o representante do MP, no oferecimento da
denúncia, tipifique como crime inafiançável conduta provisoriamente
considerada afiançável, na fase de inquérito policial inaugurado por força
de auto de prisão em flagrante.
e) Conforme a situação econômica do réu, o juiz, ao fixar o valor da fiança,
poderá reduzi-lo até o máximo de dois terços e aumentá-lo até a metade do
valor fixado em lei.

Comentários

a) ERRADA. É admitida a liberdade provisória neste caso, pois a condenação


anterior por outro crime culposo não autoriza a decretação da preventiva, por
si só, nos termos do art. 313, II do CP, o que não impede a concessão de fiança,
nos termos dos arts. 323 e 324 do CPP;

b) ERRADA. A gravidade genérica do delito não é motivação idônea para


autorizar prisão, ou impossibilidade liberdade provisão com ou sem fiança. No
Brasil, em regra, a gravidade abstrata do delito não justifica medidas
restritivas. Temos como exceção, por exemplo, a lei de prisão temporária que
foi editada sob a influência da escola de criminológica chicago, adotando um
modelo de direito penal máximo, mas como dito é uma exceção e não a regra.

c) ERRADA. A afiançabilidade da infração penal não depende do quantum da


pena, em razão da reforma operada pela Lei 12.403/11, de forma que a
afiançabilidade, mesmo depois da sentença condenatória, seguirá a regra dos
arts. 323 e 324 do CPP;

d) CORRETA. Nos termos do que dispõe o art. 339 do CPP, “será também cassada
a fiança quando reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de
inovação na classificação do delito”.
161
e) ERRADA. De acordo com a situação econômica do réu, a fiança pode ser
dispensada, reduzida em até 2/3 ou aumentada em até 1.000 vezes, nos termos
do art. 325, §1º do CPP.

___________________________________________________________________

77. Acerca da ação penal, assinale a opção correta.


a) Segundo orientação jurisprudencial, o MP poderá aditar queixa- crime em
ação penal privativa do ofendido, desde que não altere a descrição fática da
peça processual nem proceda à inclusão de coautor ou partícipe.
b) Os três princípios apontados pela doutrina que servem especificamente para
a ação penal privada são oportunidade, indivisibilidade e indisponibilidade.
c) Tratando-se de ação penal condenatória, a inexistência de previsão abstrata
do pedido no ordenamento jurídico é fundamento plausível para caracterizar
carência de ação, por falta de uma de suas condições.
d) Oferecida denúncia em ação penal pública condicionada à representação, a
retratação só poderá ocorrer antes do recebimento da denúncia.
e) Conforme o CPP, é admissível a renúncia do direito de representação.
Comentários

a) CORRETA. Conforme o entendimento do STJ, “PROCESSUAL PENAL. HABEAS


CORPUS. ESTUPRO. ALEGADA INÉPCIA DA QUEIXA. PROLAÇÃO DE SENTENÇA.
PRECLUSÃO. PROCURAÇÃO. AUSÊNCIA DE PODERES ESPECÍFICOS. QUEIXA
ASSINADA PELA VÍTIMA. DESNECESSIDADE. AÇÃO PENAL PRIVADA. ADITAMENTO.
MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. III - Nos termos do artigo 45 do CPP, a
queixa poderá ser aditada pelo Ministério Público, ainda que se trate de ação
penal privativa do ofendido, desde que não proceda à inclusão de co-autor ou
partícipe, tampouco inove quanto aos fatos descritos, hipóteses, por sua vez,
inocorrentes na espécie. Ordem denegada. (HC 85.039/SP, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 05/03/2009, DJe 30/03/2009)”. Insta
salientar, conforme as lições de Nestor Távora, já na ação privada subsidiária

162
da pública, o MP dispõe de ampla liberdade no aditamento, podendo, inclusive,
incluir corréus.
b) ERRADA. A indisponibilidade é um princípio que rege a ação penal pública e
não se aplica para a ação penal privada.
c) ERRADA. No processo penal (e por isso, totalmente diferente do processo
civil) o pedido é quase que irrelevante, já que nessa seara ele sempre será
condenatório (não havendo o que falar em pedido declaratório, nem tão pouco
constitutivo). Ademais o réu se defende dos fatos que a ele são imputados e
não da tipificação penal que lhe é atribuída.
d) ERRADA. Conforme o art.25 do CPP, a retratação somente pode ocorrer até
o oferecimento da denúncia.
e) ERRADA. Com relação a representação, vigora o princípio da oportunidade
ou da conveniência, já que o ofendido ou não podem optar pelo oferecimento
ou não da representação. Apesar disso, doutrina e jurisprudência entendem
que, pelo menos em regra, não é possível a ocorrência da renúncia à
representação, já que o artigo 104 do Código Penal refere-se apenas à renúncia
do direito de queixa. Logo, não é cabível a renúncia do direito de
representação, sob pena de se acrescentar uma hipótese de extinção da
punibilidade sem previsão legal.

___________________________________________________________________

78. Assinale a opção correta acerca dos institutos aplicáveis ao direito


processual penal.
a) Nas ações intentadas mediante queixa, em regra, nenhum ato ou
diligência pode realizar-se sem o pagamento das custas processuais.
b) Em delito de ação pública incondicionada, o fato de, eventualmente,
existirem outros agentes que, não denunciados, teriam participado do crime
induz à anulação do processo já instaurado, tendo em vista os princípios da
indivisibilidade e da obrigatoriedade da ação penal, visto que obstam o
ajuizamento, em separado, de outra ação pelo MP.
163
c) O direito de representação, em caso de morte ou ausência do ofendido,
passa, nessa ordem, ao ascendente, descendente, cônjuge ou irmão.
d) Toda a ação penal possui natureza pública e sua iniciativa, em alguns casos,
é atribuída por lei ao particular por intermédio de queixa ou representação.
e) A denúncia, de acordo com o Código de Processo Penal, deverá conter a
exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação
do acusado ou os esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, sendo
prescindível a classificação do crime, tendo em vista que o réu se defende dos
fatos narrados na peça inaugural e não na tipificação impingida no pedido final.
Comentários

a) CERTA. Conforme prevê o art. 806, do CPP, “salvo o caso do art. 32, nas
ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem
que seja depositada em cartório a importância das custas”.
b) ERRADA. Consoante a jurisprudência consolidada do STJ e do STF, em delito
de ação pública incondicionada, o fato de, eventualmente, existirem outros
agentes que, não denunciados, teriam participado do crime NÃO induz à
anulação do processo já instaurado, pois os princípios da indivisibilidade e da
obrigatoriedade da ação penal não obstam o ajuizamento de outra ação penal
em separado, nem mesmo o aditamento aditamento da denúncia em momento
oportuno. Nesse sentido: “ECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
RECORRENTE DENUNCIADO POR APROPRIAÇÃO INDÉBITA E ESTELIONATO (ARTS.
168 E 171 DO CPB). EXCLUSÃO DE CORRÉUS DA DENÚNCIA. NÃO OCORRÊNCIA DE
VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA INDIVISIBILIDADE E OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO
PENAL. PRECEDENTES DO STJ. PARECER DO MPF PELO DESPROVIMENTO DO
RECURSO. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. Por se tratar de ação pública
incondicionada, o fato de, eventualmente, existirem outros agentes não
denunciados, que teriam participado dos crimes em questão, não induz à
anulação do processo já instaurado, porquanto os princípios da
indivisibilidade e da obrigatoriedade da ação penal não obstam o
ajuizamento, em separado, de outra ação pelo Ministério Público, nem
mesmo o aditamento da denúncia, em momento oportuno, depois de

164
coligidos elementos suficientes para embasar a acusação. A nulidade
pretendida só teria lugar se fosse o caso de ação penal privada, nos termos do
art. 48 do Código de Processo Penal . Precedentes do STJ e do STF (HC
59.302/PE, Rel (a). Min (a). LAURITA VAZ, DJU 07.02.08). 2. Parecer do MPF
pelo desprovimento do recurso. 3. Recurso Ordinário desprovido. (STJ -
RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS RHC 21502 SC 2007/0141370-7. Data
de publicação: 07/06/2010)
c) ERRADA. Nos termos do art. 31, do CPP, no caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
d) ERRADA. De fato, toda ação penal possui natureza pública. A assertiva peca
ao afirmar que as ações penais submetidas à representação (ações penais
publicas condicionadas) são de iniciativa dos particulares, pois, conforme o art.
24, do CPP, quem possui titularidade para ajuizá-las é o Ministério Público.
e) ERRADA. Dispõe o art. 41, do CPP, que “a denúncia ou queixa conterá a
exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação
do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação
do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”.

165
Direito Ambiental
Professor(a) responsável: Jamille Costa
jamille.costa@coachingpge.com.br

79. Acerca das unidades de conservação, assinale a alternativa correta:


a) A unidade de conservação é uma modalidade de Espaço Territorial
Especialmente Protegido, com características naturais relevantes, legalmente
constituída e suprimida por ato do Poder Público, com o objetivo de
conservação.
b) É indispensável consulta pública que permita identificar a localização, a
dimensão e os limites mais adequados para a criação de Estações Ecológicas e
Reservas Biológicas.
c) As unidades de conservação, exceto a Área de Proteção Ambiental (APA)
e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), devem possuir uma zona
de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos.
d) O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras
atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da
lei, decretar limitações administrativas definitivas ao exercício de atividades e
empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação
ambiental, para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade de
Conservação, quando, a critério do órgão ambiental competente, houver risco
de dano grave aos recursos naturais ali existentes.
e) O sistema nacional de unidades de conservação da natureza é constituído
somente pelo conjunto das unidades de conservação federais e estaduais.
Comentários:

ITEM “a”: INCORRETO. De fato a unidade de conservação é uma modalidade


de Espaço Territorial Especialmente Protegido, com características naturais
relevantes. No entanto, poderão ser criadas por ato do poder público (Poder
Legislativo = através de lei ou poder executivo = através de decreto, mas só
poderão ser suprimidas ou reduzidas por LEI. Vide art. 225, §1º, inciso III e MS
26.064, rel. min. Eros Grau, j. 17-6-2010, P, DJE de 6-8-2010.

166
ITEM “b”: INCORRETO. Conforme a Lei 9.985, Art. 22, § 2º: A criação de uma
unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta
pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.

§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a


consulta de que trata o § 2o deste artigo.

ITEM “c”: CORRETO. Trata-se de previsão expressa no art. 25, da lei 9.985.

ITEM “d”: INCORRETO. De acordo com o art. 22-A da lei 9.985, “O Poder
Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras atividades
econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei,
decretar limitações administrativas provisórias ao exercício de atividades e
empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação
ambiental, para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade de
Conservação, quando, a critério do órgão ambiental competente, houver risco
de dano grave aos recursos naturais ali existentes”.

ITEM “e”: INCORRETO. De acordo com o art. 3º da Lei 9.985/2000, “O Sistema


Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo
conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, de
acordo com o disposto nesta Lei”.

___________________________________________________________________

80. No tocante aos princípios ambientais, assinale a alternativa correta:


a) O princípio da precaução é um critério de gestão de risco a ser aplicado
sempre que existirem incertezas científicas sobre a possibilidade de um
produto, evento ou serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde
dos cidadãos, o que exige que o Estado analise os riscos, avalie os custos das
medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais
serão decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas,
coerentes e proporcionais. Não há vedação para o controle jurisdicional das

167
políticas públicas sobre a aplicação do princípio da precaução, desde que a
decisão judicial não se afaste da análise formal dos limites desses
parâmetros e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias
feitas pelo legislador e pela Administração Pública.
b) O Princípio do usuário-pagador, totalmente interligado com o do
Desenvolvimento Sustentável, dispõe que: “As presentes gerações não podem
deixar para as futuras gerações uma herança de déficits ambientais ou do
estoque de recursos e benefícios inferiores aos que receberam das gerações
passadas” .
c) O princípio da informação na seara ambiental, apesar de não ter previsão
constitucional, encontra-se em várias leis e em documentos internacionais.
d) O princípio do uso compatível com a natureza do bem dispõe que o
monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que
se situa. Por isso, o deslocamento de todo o monumento ou de parte dele não
pode ser tolerado, exceto quando a salvaguarda do monumento o exigir ou
quando o justificarem razões de grande interesse nacional ou internacional.
e) O Princípio da preservação no próprio sítio e a proteção ao entorno, aplicável
preferencialmente aos bens tangíveis, pode ser desdobrado em duas vertentes.
Em primeiro lugar, a de que a todo bem cultural há de ser dado um uso (nada
melhor do que o não uso para provocar a deterioração de um bem cultural). Em
segundo, a de que esse uso se harmonize com as características essenciais do
bem.

Comentários:

ITEM “a”: CORRETO. Trata-se de orientação do Supremo Tribunal federal no


RE 627.189, com repercussão geral, de 2016. O STF que ainda complementa:
Por ora, não existem fundamentos fáticos ou jurídicos a obrigar as
concessionárias de energia elétrica a reduzir o campo eletromagnético das
linhas de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar legal fixado. Por
força da repercussão geral, é fixada a seguinte tese: no atual estágio do
conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos

168
da exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos,
magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não
existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos
pela Organização Mundial de Saúde, conforme estabelece a Lei 11.934/2009.
[RE 627.189, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-6-2016, P, DJE de 3-4-2017, com
repercussão geral.]

ITEM “b”: INCORRETO. Tal conceito trata-se do princípio da equidade


intergeracional. O Princípio da Equidade Intergeracional, totalmente
interligado com o do Desenvolvimento Sustentável, dispõe que: “As presentes
gerações não podem deixar para as futuras gerações uma herança de déficits
ambientais ou do estoque de recursos e benefícios inferiores aos que receberam
das gerações passadas.” (SAMPAIO et al, 2003, p.53). Ou seja, “[…] cada
geração tem a responsabilidade de preservar os recursos naturais e a herança
humana pelo menos no patamar que recebeu de seus antepassados.” (SAMPAIO
et al, 2003, p.55).

É de total sintonia o Princípio da Equidade Intergeracional com o aquecimento


global, haja vista ser este proveniente de nossas poluições presentes, deixando
a herança das mudanças climáticas para as futuras gerações, com seus diversos
efeitos maléficos no ambiente e no homem.

ITEM “c”: INCORRETO. O princípio da informação foi contemplado por diversos


documentos internacionais, tais como:

“Declaração do Rio-92; Convenção sobre o Acesso à Informação, a Participação


do Público Decisório e o Acesso à Justiça em Matéria de Meio Ambiente; 1º
Conferência sobre Meio Ambiente e Saúde, realizada em Frankfurt, em 1989;
Declaração de Lomoges; Convenção para Proteção da Flora, da Fauna e das
Belezas Panorâmicas Naturais dos Países da América, de 1940; Tratado da
Antártica, de 1959; Tratado de Cooperação Amazônica, de 1978; Convenção da
Basiléia; entre outras”.

169
No âmbito nacional, o princípio da informação pode ser encontrado em vários
textos legais, tais como: arts. 220, 221 225, § 1º, VI da Constituição Federal;
arts. 6º e 10 da Lei 9.795/99 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente); e até
da Lei 7.802/89 (Lei de Agrotóxicos).

ITEM “d”: INCORRETO. Tal conceito se refere ao princípio da preservação no


próprio sítio e a proteção ao entorno, tal conceito se encontra no art. 7º da
Carta de Veneza.

Dica: o edital dispõe expressamente como conteúdo programático os Princípios


da tutela do patrimônio cultural, portanto, vale a pena o estudo.

Fonte de estudo:
http://www.amprs.org.br/arquivos/revista_artigo/arquivo_1383851594.pdf

ITEM “e”: INCORRETO. Trata-se do conceito do princípio do uso compatível


com a natureza do bem. Trata-se também de um princípio da tutela do
patrimônio cultural.

___________________________________________________________________

81. Acerca das disposições constitucionais e o meio ambiente, assinale a


alternativa incorreta:
a) Há perfeita compatibilidade entre meio ambiente e terras indígenas, ainda
que estas envolvam áreas de "conservação" e "preservação" ambiental. Essa
compatibilidade é que autoriza a dupla afetação, sob a administração do
competente órgão de defesa ambiental.
b) Condicionar a aprovação de licenciamento ambiental à prévia autorização da
Assembleia Legislativa implica indevida interferência do Poder Legislativo na
atuação do Poder Executivo, não autorizada pelo art. 2º da Constituição.
c) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
d) O direito à integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração
– constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do

170
processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão significativa de um
poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num
sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social.
e) É importante salientar que a consulta pública, não obstante se constitua
em instrumento essencialmente democrático, que retira o povo da plateia e
o coloca no palco dos assuntos públicos, não tem, aqui, a natureza de um
plebiscito. No entanto, todas as manifestações contrárias à criação da
estação ecológica têm a força de inviabilizar o empreendimento.

Comentários:

ITEM “a”: CORRETO. Trata-se de julgado do STF ([Pet 3.388, rel. min. Ayres
Britto, j. 19-3-2009, P, DJE de 1º-7-2010.), que se harmoniza com o art. 225,
caput.

ITEM “b”: CORRETO. Trata-se da [ADI 3.252 MC, rel. min. Gilmar Mendes, j.
6-4-2005, P, DJE de 24-10-2008.], em que o STF julgou inconstitucional a Lei
1.315/2004, do Estado de Rondônia, que exigia autorização prévia da
Assembleia Legislativa para o licenciamento de atividades utilizadoras de
recursos ambientais consideradas efetivas e potencialmente poluidoras, bem
como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

ITEM “c”: CORRETO. Trata-se de previsão expressa do art. 225, § 6º, da CF/88.

ITEM “d”: CORRETO. Trata-se do MS 22.164, rel. min. Celso de Mello, j. 30-
10-1995, P, DJ de17-11-1995. Vejamos: “Enquanto os direitos de primeira
geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas,
negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda
geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identificam com as
liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os
direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva
atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio
da solidariedade e constituem um momento importante no processo de
desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos,
171
caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma
essencial inexauribilidade”.

ITEM “e”: INCORRETO. O STF no MS 25.347, voto do rel. min. Ayres Britto, j.
17-2-2010, P, DJE de 19-3-2010 afirmou o contrário. Vejamos: Algumas
manifestações contrárias à criação da estação ecológica não têm a força de
inviabilizar o empreendimento, até porque a finalidade da consulta pública é
apenas "subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos limites mais
adequados para a unidade" (art. 5º do Decreto 4.340/2002). Isso quer dizer que
a decisão final para a criação de uma unidade de conservação é do chefe do
Poder Executivo. O que este se obriga a fazer, segundo a lei, é apenas ouvir e
ponderar as manifestações do povo, o que, segundo a nota técnica de fls.
512/513, parece haver ocorrido. (...).Também se me afigura equivocada a
alegação de que o procedimento administrativo, inicialmente instaurado para
a criação de um parque nacional, acabou por conduzir à criação de uma estação
ecológica para fugir à obrigatoriedade de realização da consulta pública.
Primeiro, porque as reuniões públicas foram realizadas. Segundo, porque do
mesmo procedimento administrativo resultou também a criação do Parque
Nacional Terra do Meio. E aqui devo frisar que não há qualquer ilegalidade na
criação de mais de um tipo de unidade de conservação da natureza a partir de
um único procedimento administrativo. É que, não raro, os estudos técnicos e
as próprias consultas às populações interessadas indicam essa necessidade,
consideradas as características de cada um dos tipos de unidade de
conservação. (...) Já as acusações da impetrante de que o verdadeiro motivo
da criação da Estação Ecológica da Terra do Meio seria a subserviência brasileira
a interesses internacionais, trata-se de alegação que não pode ser aferida em
sede de mandado de segurança, por constituir matéria eminentemente fática e
por isso mesmo dependente de instrução probatória. Como referiu o
Procurador-Geral da República, "ainda que fosse possível a prova de que a
administração pública federal estaria em conluio com entidades internacionais
ou, ao menos, operando em erro ou com alguma espécie de temor reverencial,
tal comprovação certamente não poderia se efetivar na estreita via do mandado

172
de segurança". Isso sem contar que os indícios apontados pela autora se
resumem a estudos internacionais que integrariam o conjunto de subsídios
técnicos da proposta, o que me parece insuficiente para se chegar à conclusão
da impetrante.

___________________________________________________________________

82. Sobre as licenças ambientais, julgue os itens que se seguem:


(I) A licença prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
(II) A licença ambiental é procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando
as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
(III) Estudos Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de
uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise
da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar
de risco.
(IV) O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo,
o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou
atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.
a) Todos os itens estão corretos.
b) Apenas os itens I e II estão corretos.
c) Apenas os itens I e III estão corretos.
d) Apenas os itens I, III e IV estão corretos.

173
e) Apenas os itens II e III estão corretos.

Comentários:

ITEM “I”: CORRETO. É o que dispõe a RESOLUÇÃO Nº 237, DE 19 DE dezembro


DE 1997.

ITEM “II”: INCORRETO. Tal procedimento é o licenciamento ambiental. A


licença ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou
jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental. Conforme RESOLUÇÃO Nº 237, DE 19 DE dezembro DE
1997.

ITEM “III”: CORRETO. É o que dispõe a RESOLUÇÃO Nº 237, DE 19 DE dezembro


DE 1997.

ITEM “IV”: INCORRETO. Conforme a RESOLUÇÃO Nº 237, DE 19 DE dezembro


DE 1997, art. 18, II: O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá
ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

___________________________________________________________________

83. Os recursos hídricos vêm ganhando cada vez mais importância no


cenário internacional, devido à importância do manejo sustentável da água
para o bem-estar das populações e para o desenvolvimento dos países. O
Brasil detém 12% das reservas de água doce do planeta, perfazendo 53% dos
recursos hídricos da América do Sul. Grande parte das fronteiras do País é
definida por corpos d'água – são 83 rios fronteiriços e transfronteiriços, além
de bacias hidrográficas e de aquíferos. As bacias de rios transfronteiriços
ocupam 60% do território brasileiro. Acerca desses recursos, assinale a
alternativa correta:

174
a) Não serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga.
b) Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes
Executivos do Distrito Federal e dos Estados promoverão a integração das
políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo
e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.
c) Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos o
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a Agência Nacional de Águas, os
Conselhos de recursos Hídricos dos Estados e do DF, os Comitês de Bacia
Hidrográfica, os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito
Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de
recursos hídricos e as Agências de Água.
d) A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será
exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, responsável pela gestão dos recursos hídricos.
e) O Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos poderão delegar a organizações sem fins lucrativos, por prazo
indeterminado, o exercício de funções de competência das Agências de Água,
enquanto esses organismos não estiverem constituídos.

Comentários:

ITEM “a”: INCORRETO. O art. 20, da lei 9.433 é expresso em mencionar que:
Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos do
art. 12 desta Lei.

ITEM “b”: INCORRETO. De acordo com art. 31, da lei 9.433, “na
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes
Executivos do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das
políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo
e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos”.

ITEM “c”: CORRETO. Trata-se de previsão expressa do art. 33, da Lei 9.433.

175
ITEM “d”: INCORRETO. A competência é do Ministério do Meio ambiente
conforme aduz o art. 45 da lei 9.433. Vejamos: Art. 45. A Secretaria Executiva
do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão integrante
da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos.

ITEM “e”: INCORRETO. O prazo é determinado conforme aduz o art. 51 da lei


9.433: O Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos poderão delegar a organizações sem fins lucrativos
relacionadas no art. 47 desta Lei, por prazo determinado, o exercício de
funções de competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não
estiverem constituídos.

___________________________________________________________________

84. A respeito da gestão de Florestas Públicas, julgue os itens a seguir:


I- Entende-se por manejo florestal sustentável a administração da floresta para
a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os
mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-
se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies
madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como
a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal.
II- Entende-se por unidade de manejo o perímetro definido a partir de critérios
técnicos, socioculturais, econômicos e ambientais, localizado em florestas
públicas, objeto de um Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS, podendo
conter áreas degradadas para fins de recuperação por meio de plantios
florestais.
III- O Poder Público poderá exercer diretamente a gestão de florestas nacionais,
estaduais e municipais, sendo-lhe facultado, para execução de atividades
subsidiárias, firmar convênios, termos de parceria, contratos ou instrumentos
similares com terceiros, observados os procedimentos licitatórios e demais
exigências legais pertinentes. A duração dos contratos e instrumentos similares
fica limitada a 60 (sessenta) meses.

176
IV- A concessão florestal será autorizada em ato do poder concedente e
formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos das normas
pertinentes e do edital de licitação. Os relatórios ambientais preliminares,
licenças ambientais, relatórios de impacto ambiental, contratos, relatórios de
fiscalização e de auditorias e outros documentos relevantes do processo de
concessão florestal serão disponibilizados por meio da Rede Mundial de
Computadores.
a) Todos os itens estão corretos.
b) Apenas os itens I e II estão corretos.
c) Apenas os itens I e III estão corretos.
d)Apenas os itens I, II e IV estão corretos.
e) Apenas os itens II e III estão corretos.

Comentários:

ITEM “I”: CORRETO. Trata-se de previsão expressa do art. 2º, VI, lei
11284/2006.

ITEM “II”: CORRETO. Trata-se de previsão expressa do art. 2º, VII, lei
11284/2006.

ITEM “III”: INCORRETO. Errado. Conforme art. 5º da lei 11284/2006: Art. 5o O


Poder Público poderá exercer diretamente a gestão de florestas nacionais,
estaduais e municipais criadas nos termos do art. 17 da Lei no 9.985, de 18 de
julho de 2000, sendo-lhe facultado, para execução de atividades subsidiárias,
firmar convênios, termos de parceria, contratos ou instrumentos similares com
terceiros, observados os procedimentos licitatórios e demais exigências legais
pertinentes. § 1o A duração dos contratos e instrumentos similares a que se
refere o caput deste artigo fica limitada a 120 (cento e vinte) meses.

ITEM “IV”: CORRETO. De acordo com o art. 7º da lei 11.284: “A concessão


florestal será autorizada em ato do poder concedente e formalizada mediante
contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e

177
do edital de licitação. Parágrafo único. Os relatórios ambientais preliminares,
licenças ambientais, relatórios de impacto ambiental, contratos, relatórios de
fiscalização e de auditorias e outros documentos relevantes do processo de
concessão florestal serão disponibilizados por meio da Rede Mundial de
Computadores, sem prejuízo do disposto no art. 25 desta Lei”.

___________________________________________________________________

85. Considerando o conceito e natureza econômica do direito ambiental e


da Política Nacional do Meio Ambiente, assinale a opção incorreta:
a) O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir,
no mínimo, memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo
menos um ponto de amarração georreferenciado, objeto da servidão ambiental,
direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor e o prazo durante o
qual a área permanecerá como servidão ambiental.
b) A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à
Reserva Legal mínima exigida.
c) Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental deve
ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos.
d) A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou
perpétua.
e) O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 5 (cinco) anos.

Comentários:

ITEM “a”: CORRETO. Conforme aduz a lei 6938, Art. 9o-A: “O proprietário ou
possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público
ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do
Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para
preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes,
instituindo servidão ambiental. § 1o O instrumento ou termo de instituição da
servidão ambiental deve incluir, no mínimo, os seguintes itens: I - memorial
descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos um ponto de

178
amarração georreferenciado; II - objeto da servidão ambiental; III - direitos e
deveres do proprietário ou possuidor instituidor; IV - prazo durante o qual a
área permanecerá como servidão ambiental”.

ITEM “b”: CORRETO. Disposição expressa do art. 9º- A, §2 da lei 6938.

ITEM “c”: CORRETO. Disposição expressa do art. 9º- A, §5 da lei 6938.

ITEM “d”: CORRETO. Disposição expressa do art. 9ºB da lei 6938.

ITEM “e”: INCORRETO. Conforme art. 9ºB, §1º, da lei 6.938: “O prazo mínimo
da servidão ambiental temporária é de 15 (quinze) anos”.

___________________________________________________________________

86. O Estatuto da Metrópole prevê as diretrizes para a realização das


funções públicas de interesse comum em regiões metropolitanas e em
aglomerações urbanas; as normas gerais para a elaboração dos instrumentos
de governança interfederativa; as normas gerais para a elaboração do plano
de desenvolvimento urbano integrado e os critérios para o apoio da União a
ações que envolvam governança interfederativa no campo do
desenvolvimento urbano. Acerca desse instrumento, analise os itens que se
segue:

(I) Não se pode confundir o Estatuto da Metrópole (Lei n. 13.089/2015) com o


Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001). Ambas estabelecem diretrizes gerais
para o desenvolvimento urbano (art. 182 da CF/88), havendo, no entanto,
diferença entre o âmbito principal de incidência de cada uma delas, ou seja o
Estatuto da Cidade estabelece normas gerais para regular as funções públicas
de interesse comum que são realizadas nas regiões metropolitanas e em
aglomerações urbanas instituídas pelos Estados-membros já o Estatuto da
Metrópole estabelece normas para regular o uso da propriedade urbana em prol
do bem coletivo, da segurança, do bem-estar dos cidadãos e do equilíbrio
ambiental.

179
(II) Aglomeração urbana é o agrupamento de dois ou mais Municípios limítrofes
(“fazem fronteira”), que possuem entre si uma relação de complementaridade
funcional, estando integrados (ligados) por vínculos geográficos, ambientais,
políticos e socioeconômicos. Já a região metropolitana é uma aglomeração
urbana que configure uma metrópole.

(III) O Estado e os Municípios inclusos na região metropolitana ou na


aglomeração urbana deverão promover as funções públicas de interesse comum
por meio de uma
forma de administração chamada de “governança interfederativa”.
a) Apenas o item I correto.
b) Todos os itens estão corretos.
c) Apenas item I e III corretos.
d) Apenas itens II e III corretos.
e) Apenas item I e II corretos.

Comentários:

ITEM “I”: INCORRETO. Os conceitos estão trocados. O Estatuto da Cidade


estabelece normas para regular o uso da propriedade urbana em prol do bem
coletivo, da segurança, do bem-estar dos cidadãos e do equilíbrio ambiental.
Já o Estatuto da Metrópole estabelece normas gerais para regular as funções
públicas de interesse comum que são realizadas nas regiões metropolitanas e
em aglomerações urbanas instituídas pelos Estados-membros.

ITEM “II”: CORRETO. Previsão expressa do art. 2º da lei 13089/2015.

ITEM “III”: CORRETO. A governança interfederativa consiste no


compartilhamento (divisão) das responsabilidades e ações entre os entes da
Federação integrantes do agrupamento a fim de que todos participem da
organização, planejamento e execução das funções públicas de interesse
comum. Vide art. 3º, parágrafo único, da lei 13.089/2015.

180
Direito Civil
Professor(a) responsável: Pablo Romão
pablo.romao@coachingpge.com.br

87. Sobre a fiança e à luz da legislação e da jurisprudência do STJ, assinale


a alternativa CORRETA:
a) É inválida a cláusula que estabelece a prorrogação automática da fiança com
a renovação do contrato principal.
b) Em regra, a interrupção do prazo prescricional operada contra o fiador
prejudica o devedor afiançado.
c) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia
total da garantia.
d) A fiança dar-se-á por escrito ou verbalmente, admitindo interpretação
extensiva.
e) É inválida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de
locação.

Comentários:

a) Incorreta

Nos termos da jurisprudência do STJ, é válida a cláusula contratual que


determina a prorrogação automática da fiança em conjunto com o contrato
principal. Nesse sentido: AgInt nos EDcl no REsp 1373997/RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 15/08/2017, DJe
21/08/2017.

b) Incorreta

De acordo com o STJ, a interrupção do prazo prescricional operada contra o


fiador não prejudica o devedor afiançado, salvo nas hipóteses em que a relação
seja reconhecida como de devedores solidários. Nesse sentido:

181
A prescrição é a perda da pretensão inerente ao direito subjetivo, em razão da
passagem do tempo. Sobre o tema, a legislação civil dispõe sobre diversas
causas interruptivas desta (art. 202 do CC/02) e que acarretam o início da
recontagem por inteiro do prazo prescricional. A norma estabelece, ainda, o
caráter pessoal do ato interruptivo, pois somente aproveitará a quem a
promover ou prejudicará aquele contra quem for dirigida, nos termos do art.
204, caput, do CC/02. Outrossim, de acordo com o disposto no § 3º do citado
normativo legal, excepcionalmente, “a interrupção produzida contra o
principal devedor prejudica o fiador”. Nessa ordem de ideias, há que se definir
se a conclusão inversa também pode ser tida como verdadeira, isto é, se o ato
interruptivo da prescrição, resultante da citação do fiador no âmbito da
execução de título extrajudicial, se estende ao devedor principal. Com efeito,
verifica-se que, em regra, a interrupção operada contra o fiador não
prejudica o devedor afiançado, haja vista que o principal não acompanha o
destino do acessório e, por conseguinte, a prescrição continua correndo em
favor deste. Não se pode olvidar, ademais, que, como disposição excepcional,
a referida norma deve ser interpretada restritivamente, e, como o legislador
previu, de forma específica, apenas a interrupção em uma direção – a
interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador – não seria
de boa hermenêutica estender a exceção em seu caminho inverso. De outro
turno, e apesar de a regra geral apontar para uma responsabilidade de natureza
subsidiária do fiador – que apenas será responsabilizado caso o devedor
principal não tenha patrimônio suficiente para garantir a execução –
excepcionalmente, a interrupção em face do fiador poderá, sim, acabar
prejudicando o devedor principal, nas hipóteses em que a referida relação for
reconhecida como de devedores solidários. Sendo assim, caso renuncie ao
benefício ou se obrigue como principal pagador ou devedor solidário, a sua
obrigação, que era subsidiária, passará a ser solidária, e, a partir de então,
deverá ser norteada pela sistemática estabelecida nos arts. 275 a 285 da lei
civil. Por fim, apesar de afastada a exceção do § 3° do art. 204, verifica-se que
haverá a subsunção do fato com a previsão do § 1°, segundo a qual "a

182
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus
herdeiros". (Informativo n. 602) REsp 1.276.778-MS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, por unanimidade, julgado em 28/3/2017, DJe 28/4/2017.

c) Correta

Assertiva em consonância com a Súmula n. 332, do STJ, que dispõe: “A fiança


prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da
garantia”.

d) Incorreta

Assertiva em desconformidade com o art. 819, do Código Civil, que dispõe: “A


fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva”.

e) Incorreta

Enunciado em contradição ao disposto na Súmula n. 549, do STJ: “É válida a


penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação”.

___________________________________________________________________

88. No tocante ao bem de família e de acordo com a legislação e a


jurisprudência do STJ, assinale a alternativa INCORRETA:
a) A impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor é
afastada pelo fato de o imóvel pertencer à sociedade empresária.
b) É impenhorável o único imóvel comercial do devedor quando o aluguel
daquele está destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por
sua entidade familiar.
c) O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o
imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

183
d) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não
constitui bem de família para efeito de penhora.
e) A impenhorabilidade do bem de família, na hipótese em que este é oferecido
como garantia real hipotecária, somente fica afastada quando o ato de
disponibilidade reverter em proveito da entidade familiar.

Comentários:

a) Incorreta

Nos termos da jurisprudência do STJ, a impenhorabilidade do bem de família


no qual reside o sócio devedor não é afastada pelo fato de o imóvel pertencer
à sociedade empresária. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. EDcl no AREsp 511.486-
SC, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/3/2016 (Info 579).

b) Correta

De acordo com o STJ, é impenhorável o único imóvel comercial do devedor


quando o aluguel daquele está destinado unicamente ao pagamento de
locação residencial por sua entidade familiar. Nesse sentido:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE IMPENHORABILIDADE DE


IMÓVEL COMERCIAL. É impenhorável o único imóvel comercial do devedor
quando o aluguel daquele está destinado unicamente ao pagamento de
locação residencial por sua entidade familiar. Inicialmente, registre-se que o
STJ pacificou a orientação de que não descaracteriza automaticamente o
instituto do bem de família, previsto na Lei n. 8.009/1990, a constatação de
que o grupo familiar não reside no único imóvel de sua propriedade (AgRg no
REsp 404.742-RS, Segunda Turma, DJe 19/12/2008; e AgRg no REsp 1.018.814-
SP, Segunda Turma, DJe 28/11/2008). A Segunda Turma também possui
entendimento de que o aluguel do único imóvel do casal não o desconfigura

184
como bem de família (REsp 855.543-DF, Segunda Turma, DJ 3/10/2006). Ainda
sobre o tema, há entendimento acerca da impossibilidade de penhora de
dinheiro aplicado em poupança, por se verificar sua vinculação ao
financiamento para aquisição de imóvel residencial (REsp 707.623-RS, Segunda
Turma, DJe 24/9/2009). REsp 1.616.475-PE, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 15/9/2016, DJe 11/10/2016.

c) Correta

Enunciado em conformidade com a Súmula n. 364, STJ: “O conceito de


impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente
a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.

d) Correta

Enunciado em conformidade com a Súmula n. 449, STJ: “A vaga de garagem que


possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família
para efeito de penhora”.

e) Correta

A jurisprudência do STJ, interpretando o artigo 3º, V, da Lei n. 8.009/1990, tem


se posicionado no sentido de que a impenhorabilidade do bem de família, na
hipótese em que este é oferecido como garantia real hipotecária, somente
fica afastada quando o ato de disponibilidade reverter em proveito da
entidade familiar. Nesse sentido: AgInt no REsp 1332087/SC, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe
25/04/2017.

___________________________________________________________________

185
89. Acerca do adimplemento e da extinção das obrigações, marque a
assertiva INCORRETA à luz do Código Civil:
a) A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e
garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os
fiadores.
b) Na dação em pagamento, se o credor for evicto da coisa recebida em
pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a
quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
c) Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o
devedor principal.
d) A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, vencidos
ou vincendos, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece
pagamento, se todos forem líquidos.
e) A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a
obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida,
subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

Comentários:

a) Correta

Assertiva em conformidade com o art. 349, do Código Civil: “A sub-rogação


transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores”.

b) Correta

Reprodução do texto expresso do art. 359, do Código Civil: “Se o credor for
evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros”

186
c) Correta

Item de acordo com o art. 366, do Código Civil, que preceitua: “Importa
exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor
principal”.

d) Incorreta

Na imputação ao pagamento, a pessoa obrigada por dois ou mais débitos da


mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece
pagamento, se todos forem líquidos e vencidos, consoante preceitua o art.
352, do Código Civil. Logo, não há que se falar em imputação de débitos
vincendos.

e) Correta

Item que reproduz o texto do art. 383, do Código Civil: “A confusão operada na
pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a
concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto
ao mais a solidariedade”.

___________________________________________________________________

90. Sobre os vícios de consentimento, assinale a alternativa CORRETA:


a) O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
b) No apreciar a coação, o juiz levará em conta apenas a idade, a condição e a
saúde da suposta vítima.
c) É nulo o negócio jurídico simulado, bem como o que se dissimulou, ainda que
este seja válido na substância e na forma.

187
d) Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, conhecidas, em qualquer caso, pela outra parte, obriga-se a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
e) São nulos os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal,
em face das circunstâncias do negócio.

Comentários:

a) Correta

Assertiva em consonância com o art. 146, do Código Civil: “O dolo acidental só


obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito,
o negócio seria realizado, embora por outro modo”.

b) Incorreta

A assertiva não se coaduna com o art. 152, do Código Civil, que dispõe: “No
apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o
temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam
influir na gravidade dela”.

c) Incorreta

Item que ofende o texto do art. 167, do Código Civil: “É nulo o negócio jurídico
simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e
na forma”.

d) Incorreta.

188
A lesão não pressupõe o “dolo de aproveitamento”, ou seja, a inexperiência
ou a “premente necessidade” não precisam ser conhecidas pela outra parte,
consoante preceitua o art. 157, do Código Civil: “Ocorre a lesão quando uma
pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. Em
contrapartida, tal fato é necessário para a configuração do “estado de perigo”.
No mesmo sentido, preceitua o enunciado n. 150, dar Jornadas de Direito Civil,
do CJF: “A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige dolo de
aproveitamento”.

e) Incorreta

O erro, vício de consentimento, não torna nulo o negócio jurídico, mas, sim,
anulável, consoante preceitua o art. 138, do Código Civil: “São anuláveis os
negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face
das circunstâncias do negócio”.

___________________________________________________________________

91. Quanto aos direitos de personalidade e à luz da doutrina e da


jurisprudência dos Tribunais Superiores, marque a alternativa INCORRETA:
a) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária,
desde que não seja permanente nem geral.
b) De acordo com o STJ, pessoa jurídica de direito público não pode sofrer dano
moral.
c) As informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser utilizadas
para fins diversos daqueles que motivaram seu armazenamento, registro ou uso,
salvo com autorização do titular.
d) A jurisprudência do STJ compreende o início da personalidade civil à luz
da teoria natalista.

189
e) É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras
biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a
autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso
de pessoas falecidas ou ausentes.

Comentários:

a) Correta

A assertiva reproduz o Enunciado n. 4, das Jornadas de Direito Civil do CJF, que


dispõe: “O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação
voluntária, desde que não seja permanente nem geral”.

b) Correta

Comentários do Dizer o Direito:

No final de 2013, o STJ enfrentou o seguinte questionamento:

É possível que um ente público seja indenizado por dano moral sob a
alegação de que sua honra ou imagem foram violadas?

A 4ª Turma do STJ entendeu que NÃO (REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013. Não divulgado em Informativo).

No caso concreto, o município de João Pessoa pretendia receber indenização


da Rádio e Televisão Paraibana Ltda., sob a alegação de que a empresa teria
atingido, ilicitamente, sua honra e imagem.

Segundo alegou o município, os apresentadores da referida rede de Rádio e


Televisão teriam feito diversos comentários que denegriram a imagem da

190
cidade. Entre os comentários mencionados na petição inicial estava o de que a
Secretaria de Educação e o seu secretário praticavam maus-tratos contra alunos
da rede pública.

Ao analisar o recurso do Município, o Min. Luis Felipe Salomão ressaltou que


o STJ admite apenas que pessoas jurídicas de direito PRIVADO possam sofrer
dano moral, especialmente nos casos em que houver um descrédito da
empresa no mercado pela divulgação de informações desabonadoras de sua
imagem.

Para o STJ, contudo, não se pode admitir o reconhecimento de que o Município


pleiteie indenização por dano moral contra o particular, considerando que isso
seria uma completa subversão da essência dos direitos fundamentais. Seria o
Poder Público se valendo de uma garantia do cidadão contra o próprio
cidadão.

c) Correta

A assertiva reproduz o Enunciado n. 405, das Jornadas de Direito Civil do CJF,


que preceitua: “As informações genéticas são parte da vida privada e não
podem ser utilizadas para fins diversos daqueles que motivaram seu
armazenamento, registro ou uso, salvo com autorização do titular”.

d) Incorreta

A jurisprudência do STJ acolhe a teoria concepcionista. Vejamos os


comentários do blog Dizer o Direito sobre o caso em que o STJ assim se
pronunciou:

É cabível indenização do DPVAT por morte do feto em acidente de trânsito: mais


um passo rumo à teoria concepcionista.

191
Em que consiste o DPVAT?

O DPVAT é um seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos


automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou
não.

Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um
veículo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber
a indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os
pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros.

Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um


pedestre que passava no local. No carro 1, havia apenas o motorista. No carro
2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas morreram. O
passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos
motoristas receberão indenização de DPVAT no valor correspondente à morte.
O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão indenização de DPVAT por
invalidez.
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro
2 tenha sido o culpado, os herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre
sobreviventes receberão a indenização normalmente.

O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos


patrimoniais, somente danos pessoais.

Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei?


• no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima)
• no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima)
• no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00
como reembolso à cada vítima.

192
Desse modo, a Lei nº 6.194/74 (Lei do DVAT) afirma que somente deverão ser
pagas indenizações nas situações de morte, invalidez permanente e despesas
de assistência médica e suplementares.

Em se tratando de morte, quem receberá a indenização serão os herdeiros do


falecido, na forma do art. 792 do Código Civil:

Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer


motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade
ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado,
obedecida a ordem da vocação hereditária.

Morte de nascituro

A Lei do DPVAT prevê que a indenização será paga aos herdeiros em caso de
morte, não falando expressamente em situações de morte de nascituro (feto).
Isso sempre gerou intensas polêmicas: quando a lei fala em morte, inclui o
aborto, ou seja, o fim da existência do feto?

Imagine que Maria estava dirigindo seu carro quando se envolveu em um


acidente que ocasionou o aborto do feto de 4 meses que estava esperando.
Maria terá direito de receber a indenização do DPVAT pela morte do
nascituro?
SIM. O STJ decidiu que a beneficiária legal de seguro DPVAT que teve a sua
gestação interrompida em razão de acidente de trânsito tem direito ao
recebimento da indenização prevista no art. 3º, I, da Lei 6.194/1974, devida no
caso de morte.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.415.727-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
4/9/2014 (Info 547).

Obs: já havia outro precedente do STJ no mesmo sentido:

193
(...) 1 - Atropelamento de mulher grávida, quando trafegava de bicicleta por
via pública, acarretando a morte do feto quatro dias depois com trinta e cinco
semanas de gestação.
2 - Reconhecimento do direito dos pais de receberem a indenização por danos
pessoais, prevista na legislação regulamentadora do seguro DPVAT, em face da
morte do feto.
3 - Proteção conferida pelo sistema jurídico à vida intra-uterina, desde a
concepção, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana.
4 - Interpretação sistemático-teleológica do conceito de danos pessoais previsto
na Lei nº 6.194/74 (arts. 3º e 4º). (...)
(STJ. 3ª Turma. REsp 1120676/SC, Rel. p/ Acórdão Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 07/12/2010)

A resposta a essa indagação passa pela discussão sobre a natureza jurídica do


nascituro.

O art. 2º do CC/2002 estabelece o seguinte:

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a


lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Podemos destacar três teorias principais que tentam explicar esse dispositivo:

PERSONALIDADE
NATALISTA CONCEPCIONISTA
CONDICIONAL

A personalidade jurídica só A personalidade civil A personalidade jurídica se


se inicia com o nascimento. começa com o inicia com a concepção, muito
O nascituro não pode ser nascimento com vida, embora alguns direitos só
considerado pessoa. Só será mas o nascituro titulariza possam ser plenamente
pessoa quando nascer com direitos submetidos à exercitáveis com o
vida. nascimento.

194
condição suspensiva (ou O nascituro é pessoa desde o
direitos eventuais). momento em que ele é
concebido (o nascituro é um
sujeito de direitos).

O nascituro tem apenas O nascituro possui O nascituro possui direitos.


expectativa de direitos. direitos sob condição
suspensiva.

Sílvio Rodrigues, Caio Washington de Barros Silmara Chinellato e a grande


Mário, Sílvio Venosa. Monteiro, Arnaldo maioria da doutrina.
Rizzardo.

No REsp 1.415.727-SC, o Min. Relator Luis Felipe Salomão (sempre genial)


afirmou expressamente que, em sua opinião, “o ordenamento jurídico como
um todo – e não apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria
concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro,
conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina
contemporânea”.

Para o Ministro, mesmo que se diga que a personalidade jurídica se inicia com
o nascimento, ainda assim é forço concluir que o nascituro já deve ser
considerado como pessoa. Caso contrário, não se vislumbraria nenhum sentido
lógico na fórmula “a personalidade civil da pessoa começa” (art. 2º), se ambas
– pessoa e personalidade civil – tivessem como começo o mesmo acontecimento.

Portanto, o aborto causado pelo acidente de trânsito subsume-se ao comando


normativo do art. 3º, I, da Lei 6.194/74, haja vista que outra coisa não ocorreu,
senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina.

e) Correta

A assertiva se encontra de acordo com o entendimento do STF sobre o tema:

195
Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia
do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus
familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo
compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88.
Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda
que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito à
reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização
pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de
ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.
STF. Plenário. ADI 4815, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/06/2015.

196
Direito Empresarial
Professor(a) responsável: Pablo Romão
pablo.romao@coachingpge.com.br

92. Acerca do contrato de franquia e à luz da Lei n. 8955/1994 e da


jurisprudência do STJ, assinale a alternativa CORRETA:
a) A franqueadora não pode ser solidariamente responsabilizada por eventuais
danos causados a consumidor por franqueada.
b) A jurisprudência do STJ entende ser correta a incidência do CDC para a
disciplina da relação contratual entre franqueador e franqueado.
c) O contrato de franquia pode ser escrito ou verbal e terá validade
independentemente de ser levado a registro perante cartório ou órgão público.
d) Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de
franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se
franqueado, por escrito e em linguagem clara e acessível, uma circular de
oferta de franquia.
e) Todas as alternativas são incorretas.

Comentários:

a) Incorreta

Vejamos os comentários do blog Dizer o Direito:

Imagine a seguinte situação hipotética:


"YES" é uma escola de inglês, organizada em forma de franquia, que possui
unidades em diversas cidades do Brasil.
Em Vitória (ES), existia uma escola "YES", que pertencia a uma empresa local
(ABC Ltda). Desse modo, a ABC Ltda. possuía um contrato de franquia com a
"YES".

197
O franqueador (franchisor) era a "YES" (constituída sob a forma de sociedade
limitada "Yes do Brasil Ltda.") e o franqueado (franchisee) era a empresa "ABC
Ltda".
João, morador de Vitória (ES), matriculou-se na escola "YES", pagando
antecipadamente as mensalidades de todo o semestre.
Ocorre que, depois de um mês do início das aulas, a empresa ABC Ltda, atolada
em dívidas, simplesmente fechou as portas da escola onde funcionava a "YES",
interrompendo as aulas.
Inconformado, João ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais
e indicou como réus na demanda tanto a empresa "ABC Ltda" (franqueada) como
a "Yes do Brasil Ltda." (franqueadora).
A empresa "Yes do Brasil Ltda." contestou a ação afirmando que, de acordo com
a cláusula 2.7.8 do contrato de franquia assinado com a empresa "ABC Ltda",
ela não teria nenhuma responsabilidade por danos causados aos consumidores,
sendo esse ônus inteiramente assumido pela franqueada.

João agiu corretamente ao incluir as duas empresas no polo passivo? A


franqueadora pode responder pelos danos causados pela franqueada?
SIM. A franqueadora pode ser solidariamente responsabilizada pelos danos
causados pela franqueada aos consumidores.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.426.578-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
23/6/2015 (Info 569).

A franquia é um contrato por meio do qual uma empresa (franqueador)


transfere a outra (franqueado) o direito de usar a sua marca ou patente e de
comercializar seus produtos ou serviços, podendo, ainda, haver a transferência
de conhecimentos do franqueador para o franqueado.

O contrato de franquia está regido pela Lei nº 8.955/94, que conceitua esse
pacto nos seguintes termos:
Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao
franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de

198
distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo
franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto,
fique caracterizado vínculo empregatício.

A franquia é um contrato empresarial e as obrigações nele previstas vinculam


apenas as partes assinantes (obrigação contratual inter partes). Logo, essa
cláusula de isenção de responsabilidade invocada pela franqueadora não produz
nenhum efeito sobre o consumidor.

A franquia, aos olhos do consumidor, consiste em uma mera intermediação ou


revenda de bens ou serviços do franqueador, que é fornecedor no mercado de
consumo, ainda que de bens imateriais.

Os arts. 14 e 18 do CDC, ao falarem em fornecedores, preveem a


responsabilização solidária de todos aqueles que participarem da introdução do
produto ou serviço no mercado, inclusive daqueles que apenas organizem a
cadeia de fornecimento pelos eventuais defeitos ou vícios apresentados.

Cabe às franqueadoras a organização da cadeia de franqueados do serviço,


atraindo para si a responsabilidade solidária pelos danos decorrentes da
inadequação dos serviços prestados em razão da franquia.

Assim, o franqueador também é considerado como um fornecedor de serviços,


respondendo, portanto, de forma solidária com o franqueado pelos danos
causados aos consumidores.

b) Incorreta

Nos termos da jurisprudência do STJ, o contrato de franquia, por sua natureza,


não está sujeito às regras protetivas previstas no CDC, pois não há relação

199
de consumo, mas de fomento econômico. Nesse sentido: REsp 1602076/SP,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/09/2016, DJe
30/09/2016.

c) Incorreta

Nos termos do art. 6, da Lei n. 8.955/1994, o contrato de franquia deve ser


sempre escrito e assinado na presença de 2 (duas) testemunhas e terá
validade independentemente de ser levado a registro perante cartório ou órgão
público.

d) Correta

Item correto, pois reproduz o art. 3, da Lei n. 8.955/1994, que dispõe: “Sempre
que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia
empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma
circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível,
contendo obrigatoriamente as seguintes informações”.

e) Incorreta

Incorreta, pois a letra “d” é correta.

___________________________________________________________________

93. No tocante à recuperação judicial de empresas e à luz da jurisprudência


do STJ, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial é o competente para
decidir sobre o destino dos bens e valores objeto de execuções singulares
movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente de
relação de consumo.

200
b) Não se submetem aos efeitos da recuperação judicial do devedor os direitos
de crédito cedidos fiduciariamente por ele em garantia de obrigação
representada por Cédula de Crédito Bancário existentes na data do pedido de
recuperação, independentemente de a cessão ter ou não sido registrada no
Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor.
c) A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento
das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória.
d) O juiz está autorizado a realizar o controle de legalidade do plano de
recuperação judicial, bem como a adentrar no aspecto da sua viabilidade
econômica.
e) Deferido pedido de recuperação judicial, suspendem-se as execuções em
curso contra a empresa recuperanda, podendo este prazo, eventualmente,
ultrapassar o limite de 180 (cento e oitenta) dias, previsto na Lei 11.101/2005,
tendo em vista as dificuldades inerentes ao próprio procedimento de
recuperação.

Comentários:

a) Correta
Assertiva em conformidade com a jurisprudência do STJ, que dispõe: “O juízo
onde tramita o processo de recuperação judicial é o competente para decidir
sobre o destino dos bens e valores objeto de execuções singulares movidas
contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente de relação
de consumo”. Nesse sentido, vejamos decisão publicada no informativo n. 598:

Cinge-se a controvérsia em definir se o juízo onde se processa a recuperação


judicial é o competente para processamento e julgamento de ação
indenizatória derivada de relação de consumo em fase de cumprimento de
sentença. O foco do aplicador do Direito deve estar voltado ao atendimento
precípuo das finalidades a que se destina a Lei 11.101/2005, sendo certo que

201
os princípios que orientaram a elaboração e que devem direcionar a
interpretação e a aplicação dessa lei objetivam garantir, antes de tudo, o
atendimento dos escopos maiores do instituto da recuperação de empresas, tais
como a manutenção do ente no sistema de produção e circulação de bens e
serviços, o resguardo do direito dos credores e a preservação das relações de
trabalho envolvidas, direta ou indiretamente, na atividade. É o que se dessume
do texto expresso da norma constante no art. 47 da LFRE. Sobre o tema, o STJ
firmou entendimento no sentido de que o destino do patrimônio da sociedade
em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões
prolatadas por juízo diverso daquele onde tramita o processo de reerguimento,
sob pena de violação ao princípio maior da preservação da atividade
empresarial. Com efeito, é pacífica a jurisprudência da Segunda Seção no
sentido de que a competência para adoção de medidas de constrição e venda
de bens integrantes do patrimônio de sociedade em recuperação judicial é
do juízo onde tramita o processo respectivo. Consigne-se que até mesmo em
processos de execução fiscal – hipóteses nas quais a lei expressamente prevê a
continuidade de tramitação, a despeito do deferimento judicial do pedido de
soerguimento – o STJ tem posicionamento assentado no sentido de que, embora
as ações não se suspendam, compete ao juízo universal dar seguimento a atos
que envolvam a expropriação de bens do acervo patrimonial do devedor (AgInt
no CC 140.021/MT, Segunda Seção, DJe 22/08/2016). Vale dizer, uma vez
deferido o pedido de recuperação judicial, fica obstada a prática de atos
expropriatórios por juízo distinto daquele onde tem curso o processo
recuperacional, independentemente da natureza da relação jurídica havida
entre as partes. De fato, as especificidades da questão discutida, uma vez que
os créditos decorrem de relação de consumo, não autorizam conclusão diversa:
após a apuração do montante devido à parte autora, é imprescindível que se
processe no Juízo da recuperação a correspondente habilitação, em razão da
regra expressa do art. 49 da LFRE e sob pena de malferimento aos princípios e
regras que regem o plano de reorganização da empresa recuperanda. REsp
1.630.702-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
2/02/2017, DJe 10/02/2017.

202
b) Correta

Item elaborado de acordo com a jurisprudência do STJ, que preceitua: “Não se


submetem aos efeitos da recuperação judicial do devedor os direitos de crédito
cedidos fiduciariamente por ele em garantia de obrigação representada por
Cédula de Crédito Bancário existentes na data do pedido de recuperação,
independentemente de a cessão ter ou não sido registrada no Registro de Títulos
e Documentos do domicílio do devedor”.

Nesse sentido, vejamos decisão publicada no informativo n. 578:

DIREITO EMPRESARIAL. NÃO SUJEIÇÃO A RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE


DIREITOS DE CRÉDITO CEDIDOS FIDUCIARIAMENTE. Não se submetem aos
efeitos da recuperação judicial do devedor os direitos de crédito cedidos
fiduciariamente por ele em garantia de obrigação representada por Cédula
de Crédito Bancário existentes na data do pedido de recuperação,
independentemente de a cessão ter ou não sido registrada no Registro de
Títulos e Documentos do domicílio do devedor. É a partir da contratação da
cessão fiduciária, e não do registro, que há a imediata transferência, sob
condição resolutiva, da titularidade dos direitos creditícios dados em garantia
ao credor fiduciário. Efetivamente, o CC limitou-se a disciplinar a
propriedade fiduciária sobre bens móveis infungíveis, esclarecendo que “as
demais espécies de propriedade fiduciária ou de titularidade fiduciária
submetem-se à disciplina específica das respectivas leis especiais, somente
se aplicando as disposições deste Código naquilo que não for incompatível
com a legislação especial” (art. 1.368-A). Reconhece-se, portanto, a
absoluta inaplicabilidade à cessão fiduciária de títulos de crédito (bem
móvel, incorpóreo e fungível, por natureza) da disposição contida no § 1º do
art. 1.361 do CC (“Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do
contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de
título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em

203
se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento,
fazendo-se a anotação no certificado de registro”). Já no tratamento
ofertado pela Lei n. 4.728/1995 no § 3º do art. 66-B, não se faz presente a
exigência de registro, para a constituição da propriedade fiduciária, à cessão
fiduciária de direitos sobre coisas móveis ou de títulos de crédito. Além
disso, o § 4º dispõe que se aplica à cessão fiduciária de direitos sobre coisas
móveis ou sobre títulos de crédito o disposto nos arts. 18 a 20 da Lei n.
9.514/1997. Segundo o art. 18 da referida lei, o contrato de cessão
fiduciária em garantia, em si, opera a transferência ao credor da titularidade
dos créditos cedidos até a liquidação da dívida garantida. Por sua vez, o art.
19 confere ao credor fiduciário direitos e prerrogativas decorrentes da
cessão fiduciária que são exercitáveis imediatamente à contratação da
garantia, independentemente de seu registro. Por outro lado, o posterior
registro da garantia ao mútuo bancário destina-se a conferir publicidade a
esse ajuste acessório, a radiar seus efeitos perante terceiros, função
expressamente mencionada pela Lei n. 10.931/2004 ao dispor sobre Cédula
de Crédito Bancário. Note-se que o credor titular da posição de proprietário
fiduciário sobre direitos creditícios não opõe essa garantia real aos credores
do recuperando, mas sim aos devedores do recuperando (contra quem,
efetivamente, far-se-á valer o direito ao crédito, objeto da garantia), o que
robustece a compreensão de que a garantia sob comento não diz respeito à
recuperação judicial. O direito de crédito cedido não compõe o patrimônio
da devedora fiduciante (que sequer detém sobre ele qualquer ingerência),
sendo, pois, inacessível aos seus demais credores e, por conseguinte, sem
qualquer repercussão na esfera jurídica destes. Não se antevê, desse modo,
qualquer frustração dos demais credores do recuperando que, sobre o bem
dado em garantia (fora dos efeitos da recuperação judicial), não guardam
legítima expectativa. Aliás, sob o aspecto da boa-fé objetiva que deve
permear as relações negociais, tem-se que compreensão diversa permitiria
que o empresário devedor, naturalmente ciente da sua situação de
dificuldade financeira, ao eleger o momento de requerer sua recuperação
judicial, escolha, também, ao seu alvedrio, quais dívidas contraídas seriam

204
ou não submetidas à recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar
constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado por Cédula
de Crédito Bancário emitida em favor de instituição financeira) e, ao mesmo
tempo, considerar pendente de formalização a indissociável garantia àquela,
condicionando a existência desta última ao posterior registro. Assim, e nos
termos do art. 49, § 3º, da Lei n. 11.101/2005, uma vez caracterizada a
condição de credor titular da posição de proprietário do bem dado em garantia,
o correlato crédito não se sujeita aos efeitos da recuperação judicial,
remanescendo incólumes os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições
contratuais, conforme dispõe a lei especial regente. REsp 1.412.529-SP, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 17/12/2015, DJe 2/3/2016 (Informativo n. 578).

c) Correta

Assertiva de acordo com a Súmula n. 581, do STJ, que dispõe: “A


recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das
ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória”. Para mais
informações, clique aqui.

d) Incorreta

A jurisprudência do STJ sedimentou o entendimento de que o juiz está


autorizado a realizar o controle de legalidade do plano de recuperação
judicial, sem adentrar no aspecto da sua viabilidade econômica, a qual
constitui mérito da soberana vontade da assembleia geral de credores. Nesse
sentido: REsp 1660195/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 04/04/2017, DJe 10/04/2017.

e) Correta

205
A assertiva encontra-se em conformidade com a jurisprudência do STJ, que
preceitua: “Deferido pedido de recuperação judicial, suspendem-se as
execuções em curso contra a empresa recuperanda, podendo este prazo,
eventualmente, ultrapassar o limite de 180 (cento e oitenta) dias previsto no
art. 6°, § 4°, da Lei 11.101/2005, tendo em vista as dificuldades inerentes ao
próprio procedimento de recuperação”. (AgInt nos EDcl no REsp 1323788/DF,
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 22/11/2016, DJe
12/12/2016)

___________________________________________________________________

94. Quanto ao regime jurídico dos títulos de crédito e em conformidade com


a legislação e a jurisprudência do STJ, assinale a alternativa CORRETA:
a) O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota
promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à
emissão do título.
b) Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente,
é necessária a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
c) A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
d) Uma só duplicata pode corresponder à soma de diversas notas fiscais
parciais.
e) Não é legítimo o protesto de cheque efetuado contra o emitente depois do
prazo de apresentação, ainda que não escoado o prazo prescricional relativo à
ação cambial de execução.

Comentários:

a) Incorreta
O enunciado não se encontra em consonância com a Súmula n. 504, do STJ, que
dispõe: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de

206
nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte
ao vencimento do título”.

b) Incorreta

A assertiva ofende o texto da Súmula n. 531, do STJ, que dispõe: “Em ação
monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula”.

c) Incorreta

Enunciado em desconformidade com a Súmula n. 258, do STJ, que preceitua:


“A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou”.

d) Correta

Vejamos precedente do STJ publicado no informativo n. 581:

Uma só duplicata pode corresponder à soma de diversas notas fiscais


parciais. A nota fiscal é o documento comprobatório da realização de um
negócio jurídico sujeito à fiscalização tributária relativo a bens móveis ou
semoventes. Assim, faz prova da entrada e saída de mercadorias de
estabelecimentos empresariais, acompanhando a sua entrega aos destinatários.
A fatura, por outro lado, consiste em nota representativa de contratos de
compra e venda mercantis ou de prestação de serviços, devendo haver, entre
outras identificações, a discriminação das mercadorias vendidas e dos preços
negociados e a menção à natureza dos serviços prestados. Pode, ainda, conter
somente a indicação dos números e valores das notas parciais expedidas por
ocasião das vendas, despachos ou entregas das mercadorias (arts. 1º, caput e §
1º, e 20 da Lei n. 5.474/1968). Nas vendas a prazo, ou seja, naquelas cujo
pagamento é feito após 30 (trinta) dias, a extração da fatura é obrigatória,

207
sendo o termo inicial do prazo a data da entrega ou do despacho das
mercadorias. Já a duplicata é de extração facultativa, podendo ser
materializada no ato da emissão da fatura, constituindo o título de crédito
genuíno para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao
comprador (art. 2º da Lei n. 5.474/1968). Ademais, nos termos do art. 2º, § 2º,
da Lei n. 5.474/1968, uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma
fatura. Nesse sentido, o seguinte precedente que reconheceu a inidoneidade
de duplicata vinculada a mais de uma fatura (REsp 577.785-SC, Terceira Turma,
DJ 17/12/2004). Todavia, apesar de a duplicata só poder espelhar uma fatura,
esta pode corresponder à soma de diversas notas parciais. A nota parcial é o
documento representativo de uma venda parcial ou de venda realizada dentro
do lapso de um mês, que poderá ser agrupada a outras vendas efetivadas nesse
período pelo mesmo comprador. REsp 1.356.541-MG, Rel. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 5/4/2016, DJe 13/4/2016 (Informativo n. 581).

e) Incorreta

Conforme a jurisprudência do STJ, o protesto tem por finalidade precípua


comprovar o inadimplemento de obrigação originada em título ou em outro
documento de dívida. Assim, é legítimo o protesto de cheque efetuado depois
do prazo de apresentação previsto no art. 48, caput, da Lei n. 7.357/85,
desde que não escoado o prazo prescricional relativo à ação cambial de
execução. Isso porque a exigência de realização do protesto antes de expirado
o prazo de apresentação do cheque é dirigida apenas ao protesto obrigatório à
propositura da execução do título, nos termos dos arts. 47 e 48 da Lei n.
7.357/85. Nesse sentido: REsp 1297797/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe 27/02/2015.

___________________________________________________________________

208
95. Sobre o contrato de factoring e em conformidade com a legislação e a
jurisprudência do STJ, analise os itens a seguir:
I - No contrato de factoring, a transferência dos créditos não se opera por
simples endosso, mas por cessão de crédito, que autoriza ao devedor a
oponibilidade das exceções pessoais em face da faturizadora.
II - O risco assumido pelo faturizador é inerente à operação de factoring, não
podendo o faturizado ser demandado para responder regressivamente, salvo se
tiver dado causa ao inadimplemento dos contratos cedidos.
III - A utilização do serviço de fomento mercantil como incremento da atividade
produtiva não constitui relação de consumo.

Assinale a sequência CORRETA:


a) Certa, errada, certa.
b) Errada, certa, errada.
c) Certa, certa, certa.
d) Certa, certa, errada.
e) Errada, errada, errada.

I) Correta

A assertiva reflete o entendimento do STJ, senão vejamos:

“As regras do direito cambial não se aplicam à hipótese dos autos, devendo
ser adotadas as regras do direito civil, pois, em se tratando de empresa
de factoring, na condição de endossatária, a transferência do título faz-
se por cessão civil de crédito, possibilitando ao devedor originário a
arguição de exceções pessoais”. Nesse sentido: AgInt no AREsp 1012068/SP,
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em
27/06/2017, DJe 02/08/2017.

“No contrato de factoring, a transferência dos créditos não se opera por


simples endosso, mas por cessão de crédito, subordinando-se, por

209
consequência, à disciplina do art. 294 do Código Civil, contexto que autoriza
ao devedor a oponibilidade das exceções pessoais em face da faturizadora”.
Nesse sentido: AgInt no REsp 1015617/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 13/12/2016, DJe 01/02/2017.
II) Correta

A assertiva reflete o entendimento do STJ:

“A faturizadora não tem direito de regresso contra a faturizada sob alegação


de inadimplemento dos títulos transferidos, porque esse risco é da essência
do contrato de factoring”. Nesse sentido: AgInt no AREsp 638.055/SP, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe
02/06/2016.

“O risco assumido pelo faturizador é inerente à operação de factoring, não


podendo o faturizado ser demandado para responder regressivamente, salvo
se tiver dado causa ao inadimplemento dos contratos cedidos (precedentes),
hipótese que, segundo a recorrente, estaria prevista em cláusula contratual”
Nesse sentido: REsp 1163201/PE, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 02/12/2014, DJe 24/03/2015.

III) Correta

A assertiva reflete o entendimento do STJ:

“Esta Corte já decidiu que a utilização do serviço de fomento mercantil como


incremento da atividade produtiva não constitui mesmo relação de consumo".
Nesse sentido: AgRg no REsp 1564872/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/03/2016, DJe 29/03/2016; AgInt
no AREsp 898.557/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 01/09/2016, DJe 12/09/2016.

210
___________________________________________________________________

96. Sobre a dissolução parcial de sociedade e em conformidade com a


legislação e a jurisprudência do STJ, analise os itens a seguir:
I - Compete ao juízo cível - e não ao juízo de sucessões no qual tramita o
inventário - julgar, com consequente apuração de haveres do de cujus,
dissolução parcial de sociedade limitada que demande extensa dilação
probatória.
II – Na ação de dissolução de sociedade, esta não será citada se todos os seus
sócios o forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada.
III - Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como critério de
apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determinação,
tomando-se por referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos
do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a
ser apurado de igual forma.

Assinale a sequência CORRETA:


a) Certa, errada, certa.
b) Errada, certa, errada.
c) Certa, certa, certa.
d) Certa, certa, errada.
e) Errada, errada, errada.
I) Correta

A assertiva reflete o entendimento do STJ:

Compete ao juízo cível - e não ao juízo de sucessões no qual tramita o inventário


- julgar, com consequente apuração de haveres do de cujus, dissolução parcial
de sociedade limitada que demande extensa dilação probatória.
De fato, conforme entendimento do STJ, cabe ao juízo do inventário decidir,
nos termos do art. 984 do CPC, 'todas as questões de direito e também as
questões de fato, quando este se achar provado por documento, só remetendo

211
para os meios ordinários as que demandarem alta indagação ou dependerem de
outras provas', entendidas como de 'alta indagação' aquelas questões que não
puderem ser provadas nos autos do inventário" (REsp 450.951-DF, Quarta Turma,
DJe 12/4/2010). Nesse diapasão, questões de alta indagação, que, por
exigirem extensa dilação probatória, extrapolam a cognição do juízo do
inventário, devem ser remetidas aos meios ordinários. Logo, é no juízo cível
que haverá lugar para a dissolução parcial das sociedades limitadas e
consequente apuração de haveres do de cujus, visto que, nessa via
ordinária, deve ser esmiuçado, caso a caso, o alcance dos direitos e
obrigações das partes interessadas - os quotistas e as próprias sociedades
limitadas -, indiferentes ao desate do processo de inventário. Deixa-se, pois,
ao juízo do inventário a atribuição jurisdicional de descrever o saldo advindo
com a liquidação das sociedades comerciais, para que possa dar à herança a
devida partilha, não comportando seu limitado procedimento questões mais
complexas que não aquelas voltadas para o levantamento, descrição e
liquidação do espólio. REsp 1.459.192-CE, Rel. originário Ricardo Villas Bôas
Cueva, Rel. para acórdão João Otávio de Noronha, julgado em 23/6/2015,
DJe 12/8/2015.

II) Correta

Enunciado em conformidade com o art. 601, parágrafo único, do CPC, que


dispõe: “A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará
sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada”

III) Correta

Enunciado de acordo com o art. 606, do CPC, que dispõe: “Em caso de omissão
do contrato social, o juiz definirá, como critério de apuração de haveres, o
valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando-se por
referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis

212
e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual
forma”

Direito Previdenciário
Professor(a) responsável: Natália de Rosalmeida
natalia.rosalmeida@coachingpge.com.br

97. Felipe trabalha como frentista em um posto de combustível em jornada


integral, recebendo R$ 2.800,000 (dois mil e oitocentos reais) mensais.
Deste valor, R$ 2.000,00 (dois mil reais) correspondem ao salário, R$ 600,00
(seiscentos reais) ao adicional de periculosidade e, em média, R$ 200,00
(duzentos reais) às gorjetas. A respeito do salário de contribuição de Felipe,
assinale a alternativa correta:

a) O salário de contribuição de Felipe compõe-se pelo valor total percebido


- R$ 2.800,000 (dois mil e oitocentos reais).
b) O salário de contribuição de Felipe compõe-se apenas pelo valor do salário,
não incidindo contribuição previdenciária sobre os valores percebidos a título
de adicional de periculosidade e às gorjetas.
c) O salário de contribuição de Felipe compõe-se pelo valor do salário mais as
gorjetas, excluindo-se o adicional de periculosidade,
d) O salário de contribuição de Felipe compõe-se pelo valor do salário mais o
adicional de periculosidade, excluindo-se o valor das gorjetas
e) O salário de contribuição de Felipe compõe-se pelo valor das gorjetas mais
do adicional de periculosidade, excluindo-se o salário.

Comentários:

Primeiramente, cumpre esclarecer que o salário-de-contribuição é a


base de cálculo da contribuição dos segurados. É o valor a partir do qual,

213
mediante a aplicação da alíquota fixada em lei, obtém-se o valor da
contribuição de cada um deles.
Na forma do art. 28, inciso I, da lei nº 8.212/91, entende-se por salário
de contribuição para o empregado:

“I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida


em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos
rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título,
durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que
seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a
forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste
salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos
termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo
coletivo de trabalho ou sentença normativa;”

De acordo com o conceito legal, tanto o salário quanto a gorjeta recebida


habitualmente integram o salário de contribuição. Portanto, os R$ 2.000,00
(dois mil reais) de salário e os R$ 200,00 (duzentos reais) de gorjetas integram
o salário de contribuição de Felipe por mandamento legal expresso.
Quando ao adicional de periculosidade, no julgamento do Recurso
Especial Repetitivo nº 1.358.281/SP, o Superior Tribunal de Justiça firmou
orientação no sentido de que este também integra o salário de contribuição,
assim como o adicional noturno, horas extras e os adicionais de
insalubridade, tendo em vista que são considerados verbas de natureza
remuneratória.
Para o Tribunal Superior, se a verba possuir natureza remuneratória,
destinando-se a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, ela deve
integrar a base de cálculo da contribuição. Por outro lado, o STJ entende que
não devem sofrer a incidência de contribuição previdenciária "as importâncias
pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços prestados nem
a tempo à disposição do empregador” (REsp 1.230.957/RS).

214
Nos termos apresentados, está correto o item “a”.

___________________________________________________________________

98. Quanto aos contribuintes da previdência social, assinale a alternativa


correta:
a) o aposentado, tendo em vista sua condição de inativo, é isento de
contribuições previdenciária no regime geral de previdência social (RGPS) e no
regime próprio de previdência social (RPPS).
b) o servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão será segurado
obrigatório do regime próprio de previdência do ente federativo que mantém o
vínculo.
c) o exercente de mandato eletivo, tendo em vista a natureza política de seu
cargo, não está obrigado a se vincular ao regime geral de previdência social.
d) Caso receba remuneração, é considerado segurado obrigatório do RGPS
na qualidade de contribuinte individual o associado eleito para cargo de
direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza.
e) Caso exerça mais de uma atividade remunerada, o vínculo do segurado é
obrigatório em relação a uma delas e facultativo em relação à outra.

Comentários:

a) ERRADO: No RPPS, os aposentados que recebam proventos que superem o


limite máximo estabelecido no RGPS, devem pagar contribuição previdenciária,
conforme comando constitucional. É a famosa “taxação dos inativos”. CF, art.
40 § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e
pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social
de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores
titulares de cargos efetivos.

215
b) ERRADO: CF, art. 40, § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o
regime geral de previdência social.

c) ERRADO: Lei nº 8.213, art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência


Social as seguintes pessoas físicas: I - como empregado: j) o exercente de
mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a
regime próprio de previdência social.

d) CORRETO: Lei nº 8.213, art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência


Social as seguintes pessoas físicas: V - como contribuinte individual: f) o titular
de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de
conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de
indústria , o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração
decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito
para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer
natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para
exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração;
e) ERRADO: Dec. 3.048/99. Art. 9º. § 13. Aquele que exerce,
concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime
Geral de Previdência Social - RGPS é obrigatoriamente filiado em relação a
cada uma dessas atividades.

Ressalta-se que, mesmo exercendo mais de uma atividade, a tributação deve


observar o limite máximo do salário-de-contribuição, conforme estabelecido
em lei.
Art. 34. O salário-de-benefício do segurado que contribui em razão de
atividades concomitantes será calculado com base na soma dos salários-de-
contribuição das atividades exercidas até a data do requerimento ou do óbito
ou no período básico de cálculo, observado o disposto no art. 32 e nas normas
seguintes:

216
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica ao segurado que, em obediência ao
limite máximo do salário-de-contribuição, contribuiu apenas por uma das
atividades concomitantes.

___________________________________________________________________

99. Em relação aos princípios que regem a seguridade social, assinale a


alternativa correta:
a) A universalidade da cobertura e o caráter contributivo incluem-se entre os
princípios que regem as ações dos poderes públicos e da sociedade destinadas
a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social.
b) A gestão do sistema previdenciário é tripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores e dos aposentados, em decorrência do caráter
democrático e descentralizado da administração, garantindo a segurança e a
moralidade na administração desse sistema.
c) O princípio da igualdade e da equidade na participação no custeio garante a
participação idêntica de todos, com alíquotas iguais, como forma de promoção
da solidariedade.
d) A inclusão previdenciária para atender aos trabalhadores de baixa renda
e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho
doméstico atende ao princípio da universalidade da cobertura e do
atendimento
e) O princípio da universalidade permite que todos os brasileiros possam
receber atendimento da seguridade social, o que não alcança os estrangeiros.

Comentários:

a) ERRADO: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações


de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. O princípio
da universalidade da cobertura configura um dos objetivos da seguridade

217
social, nos termos do art, 194, I, da CF. Entretanto, o caráter contributivo diz
respeito apenas à previdência social, consoante, art. 201, CF.

b) ERRADO: A gestão do sistema previdenciário é quadripartite, com


participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e
do governo nos órgãos colegiados.

Lei nº 8.213, art. 2.º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e
objetivos: VIII - Caráter democrático e descentralizado da gestão
administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial
de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados

c) ERRADO: A assertiva está incorreta, o princípio da equidade garante a


participação proporcional no custeio da previdência social, de forma que quem
ganha mais é tributado com alíquotas maiores e quem ganha menos, com
alíquotas menores.

d) CORRETO: De acordo com o princípio da universalidade de cobertura, a


seguridade social se propõe a dar cobertura ao maior número possível de
contingências (riscos sociais); portanto, no caso da questão, o princípio refere-
se a falta ou escassez de renda. Já o princípio da universalidade de
atendimento garante que a seguridade social visa proteger todos os sujeitos
que dela necessita; assim, no caso da questão, refere-se aos trabalhadores mais
necessitados.

e) ERRADO: O princípio da universalidade alcança, de certa forma, os


estrangeiros, que não estão completamente excluídos da seguridade social. Por
exemplo, a Turma Nacional de Uniformização já reconheceu o direito do
estrangeiro residente no Brasil ao benefício de assistência social ao idoso e ao
deficiente:

218
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A ESTRANGEIRO RESIDENTE NO BRASIL.
A condição de estrangeiro não impede a concessão de benefício assistencial ao
idoso ou deficiente, pois a Constituição Federal, art. 5º, assegura ao estrangeiro
RESIDENTE no país o gozo dos direitos e garantias individuais em igualdade de
condição com o nacional. A concessão do amparo, porém, deverá ficar adstrita
ao estrangeiro legalmente RESIDENTE no país, devendo ser afastada se restar
demonstrado que o estrangeiro transferiu residência para o Brasil apenas com
intuito de auferir o benefício em exame. (IUJEF 2007.70.95.014089-0)

___________________________________________________________________

100. A respeito da fonte de custeio e incidência de contribuição


previdenciária, assinale a alternativa correta.
a) A cobertura do risco de acidente de trabalho, disciplinado por lei
complementar, será custeado pelo RPGS e pelo setor privado.
b) De acordo com o STJ, não incide contribuição previdenciária sobre o terço
constitucional de férias, sejam elas gozadas ou indenizadas.
c) A contribuição dos segurados especiais para a previdência social é feita com
base no salário de contribuição.
d) As insuficiências financeiras decorrentes do pagamento de benefícios de
prestação continuada do RGPS, a previdência social poderá elevar alíquotas das
contribuições sociais para preservação do equilíbrio financeiro-atuarial.
e) A alíquota de contribuição, para custeio da seguridade social, dos segurados
facultativos e dos segurados empregados é a mesma.

Comentários:

a) ERRADO: a assertiva está correta no que diz respeito ao custeio da cobertura


do risco de acidente de trabalho, que se dará pelo RPGS e pelo setor privado.
Ocorre que a disciplina não será por lei complementar, mas por lei ordinária.
CF, art. 201 § 10. LEI disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho,

219
a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e
pelo setor privado.

b) CORRETO: De acordo com o STJ, a contribuição previdenciária deve incidir


apenas sobre as férias efetivamente usufruídas por um trabalhador, com
exclusão do abono constitucional de 1/3.

Primeira Seção do STJ, aplicando a sistemática prevista no art. 543-C do CPC,


pacificou orientação no sentido de que, "em relação ao adicional de férias
concernente às férias gozadas, tal importância possui natureza
indenizatória/compensatória, e não constitui ganho habitual do empregado,
razão pela qual sobre ela não é possível a incidência de contribuição
previdenciária (a cargo da empresa)". (REsp 1.230.957/RS (Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, DJe de 18.3.2014)

c) ERRADO: A contribuição dos segurados especiais é feita com base na receita


bruta da comercialização da sua produção.

Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à


contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial,
referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12
desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de:
I - 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita bruta proveniente da
comercialização da sua produção;
II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para
financiamento das prestações por acidente do trabalho.

d) ERRADO: Primeiramente, cumpre esclarecer que as alíquotas das


contribuições sociais não poderão ser elevadas pela “previdência social”. Este
tipo de majoração só pode correr através de lei. Ademais, consoante art. 16,
da Lei nº 8.212, a União é responsável por eventual insuficiência de
fundos decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada: “A

220
União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da
Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de
prestação continuada da Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária
Anual. ”

e) ERRADO: Segurados empregados: 8, 9 ou 11%, dependendo das faixas do


salário-de-contribuição. Segurados facultativos: 20% sobre o salário mínimo
(regra geral), 11% sobre ele (exclui aposentadoria por tempo de contribuição)
ou 5% (de baixa renda que somente trabalha no âmbito de sua residência).

221

Você também pode gostar