Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Facebook
Twitter
WhatsApp
Nos centros de meditação quando iniciantes leigos que nunca tiveram contacto com a
prática, recebem a introdução, é frequente que alguns tenham reações de repulsa a
certos detalhes da forma. Não faltam aqueles que chegam fugindo de protocolos
religiosos da tradição da família, e buscam uma prática sem esse tipo de exigência, e se
chocam com a etiqueta na sala de meditação.
Nos templos Zen, a cada dia, desde o soar do sino do alvorada, todas a atividades estão
delineadas por um processo ritual. Ao escutar o sino, cada monge se senta sobre seu
zabuton, recita a estrofe de levantar-se, guarda seus pertences, veste seu hábito, se dirige
ao banheiro e, seguindo as instruções, lava seus dentes, rosto, pescoço e ouvidos, sem
desperdício de água. Este procedimento não deve durar mais de 15 minutos, que é o
tempo entre levantar-se e iniciar a meditação matutina.
Além do ritual da alvorada, nas regras estão especificadas a maneira de entrar no sodô
(sala de meditação), de caminhar, de inclinar-se, de reverenciar, de subir e descer do
Tan (plataforma de meditação) onde também comem e dormem, uso dos sanitários e
banheiros; rituais da refeição e o deitar-se para dormir, etc. Isto é, todas as atividades de
um monge Zen em treinamento estão perfeitamente descritas e além disso, cada uma é
precedida por uma breve estrofe de oferecimento para o benefício de todos os seres. Em
cada atividade, se dá ênfase a importância de praticar sem buscar proveito pessoal
algum. Com isto, a atividade repetida de maneira exata permite ver o fato de que todos
os seres estão interconectados e somos interdependentes. O ritual, então, ajuda a
despertar para a mesma realidade que Buda despertou.
Porém, o ritual mais importante e melhor delineado nos templos Zen é o zazen, a prática
da meditação. Todos os dias, no mínimo duas vezes ele é praticado. Existem manuais
que descrevem com exatidão essa prática, desde a forma de sentar-se, respirar e a
atitude mental. Mestre Dōgen, depois de seu regresso da China em 1227, escreveu o
primeiro texto referente, Fukanzazengi: “Recomendações Universais para a Prática de
Zazen”. É um breve manual que explica em detalhe a forma correta. Neste texto Dōgen
disse que zazen: “é a porta da paz e felicidade, a prática-realização de um despertar
perfeito”
Quando estas zonas do cérebro são silenciadas o indivíduo passa da noção de separação
e existência espaço-temporal para uma consciência de inter-conectividade com o todo.
Esta é uma das causas principais pelas quais no Zen toda atividade deve ser ausente de
espírito de proveito pessoal. Enquanto sigamos buscando benefício próprio durante a
meditação, continuaremos separando-nos do entorno, pois não permitimos que nossa
zona de orientação associativa se desconecte já que seguimos mandando informação,
ao sistema límbico, de que estamos realizando um processo de aprendizagem e este
envia a informação ao neo-cortex (a capa mais externa do cérebro) para racionalizar a
experiência e em seguida armazena-la na memória.
[4] Newberg, Andrew MD Eugene D’aquili MD, PH.D. Why God Won’t Go Away.
Brain Science & the Biology of belief. Ballantine Books. New York, 2001. p. 62
[7] Austin, James H., MD. Zen and the Brain, toward an understanding of meditation
and consciousness. The MIT Press. Cambvridge, 1998. P. 566
https://zendobrasil.com/2019/12/30/o-ritual-zen-e-o-cerebro/