Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
potenciais diferentes. A partir dessas constatações foram definidos, por exemplo, valores máximos
admissíveis para tensões de toque e de passo, complementadas por tempos predeterminados dentro
dos quais a falta deve ser desligada. Resistências de contato e impedâncias do circuito têm um papel
importante no dimensionamento desses valores. Para avaliação do risco pode-se recorrer a
parâmetros fisiológicos comprováveis, como a resistência interna do corpo, a impedância da pele e as
influências [5-7] que as aumentam ou diminuem, por exemplo, a umidade e a área de contato.
Um exemplo de acidente típico de
outros tempos serve para
esclarecer essas correlações [8]. O
plugue de um aquecedor de
imersão portátil, originalmente
provido de contato para o condutor
de proteção, foi indevidamente
substituído por um plugue bipolar
sem o terceiro pino. Conforme o
uso, a fase ocasionalmente estava
ligada à carcaça metálica do
aquecedor. Uma senhora, em pé
sobre um piso bom isolante,
testava rapidamente
(milissegundos) a temperatura da
água com o dedo indicador intacto
e anteriormente seco. O leve
formigamento percebido lhe
parecia algo divertido (caso 1). Até
que um dia, as condições de resistência se alteraram: ao completar a água, a panela metálica e a
torneira metálica foram empunhadas com ambas as mãos, provavelmente molhadas (caso 2). Em
consequência, ela não conseguiu mais largar esses objetos. Os vários segundos ou até minutos de
duração do fluxo de corrente pelo tórax levaram à morte dessa senhora.
Após medições de resistência (condições da rede) e um cálculo estimativo pela lei de Ohm, assumindo
uma resistência interna do corpo de 1300 W e sem considerar o fator de corrente cardíaca aproximado
de 0,4, os riscos nas duas situações descritas resultam, respectivamente, nas seguintes correntes de
choque e efeitos fisiológicos:
Caso 1
www.arandanet.com.br/revista/em/materia/2017/06/23/seguranca_contra_choques.html 2/8
10/02/2020 Segurança contra choques – fundamentos eletrotécnicos e médico-biológicos | EM
Caso 2
extrapolado sobre o suposto limiar da fibrilação com corrente contínua ondulada e tempos de choque >
500 μs, levando em conta o relatório técnico-médico da Associação de Mecânica Fina e Eletrotécnica
[15].
www.arandanet.com.br/revista/em/materia/2017/06/23/seguranca_contra_choques.html 4/8
10/02/2020 Segurança contra choques – fundamentos eletrotécnicos e médico-biológicos | EM
No contexto da obtenção dos valores limite adequados na prática, deve ser mencionado o papel dos
experimentos com animais. No início dos anos 1970, a pesquisa básica e a técnica de segurança
foram estimuladas por conclusões derivadas de ensaios com animais de grande porte. Cabe citar três
exemplos significativos sob o aspecto patofisiológico:
de Jacobson, em 1973, para correntes controladas por ângulo de fase e correntes retificadas
[6,17];
de Reinhold, em 1976, para correntes do tipo trem de pulsos [15]; e
de Kupfer, em 1981, com resultados apoiados em estatísticas sobre o limiar de fibrilação para
corrente alternada de 50 Hz (figuras 7 e 8 na referência [2]).
Os resultados dessas pesquisas com suínos — cuja realização não é mais permitida — são
adequados para derivar conclusões para seres humanos, porque a massa do corpo e do coração, e as
características fisiológicas, são bastante convergentes.
as inseguranças remanescentes são analisadas a seguir sob os aspectos técnicos. Numa rodada de
discussões em 2014, vieram à tona os problemas pendentes de solução do ponto de vista médico e
patofisiológico [21]. De um lado, foi ressaltada a necessidade de diferenciar os parâmetros elétricos de
risco de acidentes e, de outro, de uniformizá-los para uma avaliação equânime:
Tradicionalmente, as grandezas de referência de um acidente elétrico são a tensão interceptada
e a intensidade de corrente. Destes parâmetros, considerando-se o percurso da corrente e a
impedância da pele, podem ser extraídas a densidade de corrente e, mais recentemente, a
intensidade do campo elétrico no órgão-alvo. Deve ser também considerada a duração do
choque (tempo de fluxo da corrente pelo corpo), espe cialmente para corrente alternada de
50/60 Hz, de uso predominante.
Fenômenos impulsivos (principalmente raios e descargas de capacitores) devem ser
caracterizados complementarmente por outros parâmetros, com vistas aos seus efeitos
patofisiológicos. Recomenda-se neste caso a energia específica, a carga e a densidade de
carga. Essas grandezas devem permanecer mutuamente equivalentes, desde que a forma da
corrente o permita.
Novas formas de corrente requerem tratamento específico, levando em conta seu tempo de
atuação. Com base nas normas vigentes e na experiência prática, é necessária, na opinião dos
autores, uma discussão científica. Ensaios e experiências de outros campos de aplicação, como
eletroimobilização de animais, pesca elétrica, cercas eletrificadas e pistolas taser podem
contribuir.
Cabe advertir que não se deve
simplesmente transpor modelos de
computação e circuitos
equivalentes de baixa frequência
(por exemplo, CA 50/60 Hz) para
outras formas de tensão,
principalmente as impulsivas. Em
vez disso, recomenda-se a
utilização de modelos derivados da
fisiologia sensorial, para avançar
na avaliação e interpretação dos
efeitos da energia elétrica sobre o
organismo.
Uma temática especial refere-se
aos dados probabilísticos. Eles
devem ser contemplados nas
normas, por exemplo, na
impedância do corpo, como valor
percentual. Contudo, existem
também divergências Fig. 5 – Parâmetros de risco derivados de pesquisas com
fundamentadas. Por isso, em caso animais, para corrente contínua pura e descarga de
de acidente com raio foi capacitores, considerando experiências práticas: * Valor
recomendado, até segunda ordem, Conversão máximo para CA x CA: √2 valor eficaz de CA =
adotar o worst-case [21]. Na * Conversão para CC pura: amplitude de CC = Valor eficaz
sequência, dois exemplos nos
quais foram discutidos fatores de CA valor * Conversão de pico para = valor descarga
adicionais de segurança sob o eficaz de de CA capacitor: x √6, ou amplitude de CC x √6;
ponto de vista fisiológico e duração 3 x a constante de tempo (de cauda)
ergonômico, depois recusados
devido às incertezas existentes:
A probabilidade de que a corrente de impulso do raio atinja o ciclo cardíaco na fase vulnerável
reduziria seu efeito pelo fator 0,2–0,3. Entretanto, descargas atmosféricas consistem de
aproximadamente 45% de fenômenos múltiplos com uma primeira descarga, descargas
subsequentes e/ou componentes de longa duração. A metade dos raios negativos nuvem-terra,
que representam o tipo mais frequente, com cerca de 90% das incidências, é de descargas
múltiplas. Com isso há uma probabilidade de que o tempo total do fluxo total de corrente supere
mpo tota 400 μs.
O comprimento de um passo na média ergonômica é de cerca de 70 cm, e não de 1 m, como
consta de diversas normas, de onde resulta um fator de redução de 0,7. Para ficar do lado
seguro (para pessoas com o passo mais longo), bem como para evitar a alteração de normas
correlatas, esta medida foi mantida em 1 m.
www.arandanet.com.br/revista/em/materia/2017/06/23/seguranca_contra_choques.html 6/8
10/02/2020 Segurança contra choques – fundamentos eletrotécnicos e médico-biológicos | EM
Conclusão
Na referida rodada de discussões foi ainda enfatizada a necessidade de dedicar maior atenção à
investigação de acidentes, inclusive retroativamente. Um formulário para coleta de dados de acidentes
com raios encontrase disponível [22].
Finalmente, foi incentivado o fortalecimento de uma estreita cooperação entre as disciplinas
envolvidas, a fim de reduzir o déficit mútuo de compreensão dos fundamentos técnicos e médico-
biológicos, no contexto de ocorrências de danos à saúde humana.
Referências
1. Kupfer, J.; Rückerl, Ch.: Elektrosicherheit – wichtige Grundlagen, Teil 1: Wirkungen des elektrischen Stroms,
Elektropraktiker, Berlin 68 (2014) 4, S. 278 – 280.
2. Kupfer, J.; Rückerl, C. – Riscos de choque elétrico – Parte 1: Corrente alternada, Eletricidade Moderna, 10/2015,
p. 36-41.
3. Rückerl, C., Kupfer, J. – Riscos de choque elétrico – Parte 2: Corrente contínua, Eletricidade Moderna, 11/2015,
p. 36-41.
4. Kupfer, J.; Rock, M. – Riscos de choque elétrico – Parte 3: Corrente alternada, Eletricidade Moderna, 12/2015, p.
46-53.
5. DIN IEC/TS 60479-1 (VDE V 0140-479-1): 2007-05: Wirkungen des elektrischen Stromes auf Menschen und
Nutztiere – Teil 1: Allgemeine Aspekte.
6. DIN V VDE V 0140-479-3 (IEC 60479-3):2001-04: Wirkungen des elektrischen Stromes auf Menschen und
Nutztiere – Teil 3: Wirkungen von Strömen durch den Körper von Nutztieren.
7. EC/TR 60479-4:2011-04: Effects of current on human beings and livestock – Part 4: Effects of lightning strokes,
Technical Report, Edition 2.0.
8. Kupfer, J.; Funke, K.; Erkens, R.: Elektrischer Strom als Unfallursache – Verhütung, Wirkungen,
Sofortmaßnahmen, Behandlung, Begutachtung, Verlag Tribüne, Berlin, 1987.
9. DIN VDE 0100-410 (VDE 0100-410):2007-06 Errichten von Niederspannungsanlagen, Teil 4-41:
Schutzmaßnahmen – Schutz gegen elektrischen Schlag; Abschnitt 411.3.3: Zusätzlicher Schutz für
Endstromkreise für den Außenbereich und Steckdosen.
10. Kramme, R. (Hrsg.): Medizintechnik, Verfahren – Systeme – Informationsverarbeitung. 4. Auflage. Springer,
Berlin, Heidelberg, 2011.
11. Wenk, W.: Elektrotherapie, 2. Auflage, Springer, Berlin, Heidelberg, 2011.
12. Dalziel, C.F.: Effects of Electric Shock on Man, IRE Transactions on Medical Electronics, Vol. PGME-5, July 1956,
pp. 44 – 62.
13. Frucht, A.-H.; Dalziel, C.F.: Elektrischer Strom als Unfallursache, Handbuch der gesamten Arbeitsmedizin, IV.
Band, 1. Teil, München, Wien, Verlag Urban & Schwarzenberg, Berlin, 1963.
14. Petrie, L.O.: Empfindungsund Festhalteschwelle für Gleich-, Wechselund pulsierende Ströme. Elektrie, Nr. 9,
Berlin, 1984, S. 459 – 460.
15. Reinhold, K.; Buntenkötter, S.; Schaefer, S.; Kieback, D.: Die Gefährdung durch schwingungspaketartig
gesteuerte elektrische Ströme: Gefährdungsgrenzen am Tier: Schlussfolgerungen für die Unfallverhütung.
Medizinisch-Technischer Bericht 1976. Hrsg.: Inst. zur Erforschung elektrischer Unfälle bei der
Berufsgenossenschaft der Feinmechanik und Elektrotechnik. Köln, 1976.
16. Reinhard, H.-J.; Mickwitz, G.: Untersuchungen an Mensch und Tier zur Verminderung der Unfallgefahr durch
Verwendung von nichtsinusförmigem Wechselstrom. Teil I und II. Elektro-Med., med. Elektronik, Berlin, 14 (1969)
2, S. 71– 80 und 14 (1969) 3, S. 109 – 111.
17. Jacobsen, J.: Die Gefährdung durch phasenangeschnittene und gleichgerichtete elektrische Ströme. Hannover,
Technische Universität, Diss. A, 1973.
18. Kupfer, J.: Experimentelle Untersuchungen zur Wirkung kurzer (20 ms bis 1500 ms) 50-Hz-Wechselströme auf
Großtiere (Schweine) mit dem Ziel der Ableitung von Grenzwerten für Körperströme für Mensch und Nutztier,
Habilitationsschrift, Technische Universität Dresden, 1981.
19. Kupfer, J.; Bastek, R.; Eggert, S.: Grenzwerte zur Vermeidung von Unfällen durch elektrischen Strom mit
tödlichem Ausgang, Zeitschrift für die gesamte Hygiene und ihre Grenzgebiete, 27. Jahrgang, Heft 1, Berlin, 1981,
S. 9 – 12.
20. Rock, M.; Zischank, W.; Kupfer, J.: Grenzwerte für Schrittund Berührungsspannungen an Blitzschutz-
Ableitungseinrichtungen und -Erdungsanlagen, 11. VDE/ABB-Blitzschutztagung, Neu-Ulm, 22. – 23. Oktober
2015.
21. Kupfer, J.; Rock, M.; Raphael, Th.: VDE, Ausschuss für Blitzschutz und Blitzforschung (ABB): Blitzeinwirkungen
auf Menschen und Tiere, Ergebnisse des Arbeitskreises Blitzunfälle sowie der Diskussionsveranstaltung „
Blitzentladung auf Mensch und Tier“ am 27.11.2014; frei verfügbare Informationen:
www.vde.com/de/ausschuesse/blitzschutz/blitzunfaelle/seiten/default.aspx.
22. Kupfer, J.; Rock, M.; Heuhsen, W.: Datenerhebung nach Blitzereignissen mit Personenbeteiligung, 11.
VDE/ABBBlitzschutztagung, Neu-Ulm, 22–23 Oktober 2015; Fragebogen Blitzunfall:
www.vde.com/de/ausschuesse/ blitzschutz/blitzunfaelle/seiten/fragebogen.aspx.
23. Kupfer, J.; Müller, R.; Bödeker, K.: Arbeitsschutzgerechtes Verhalten an elektrotechnischen Anlagen in der DDR.
In: 7. Internationales Kolloquium über die Verhütung von Arbeitsunfällen und Berufskrankheiten durch Elektrizität.
Köln, 4–6 Oktober 1983. Schlussbericht. Köln, 1983, S. 283 – 300.
24. Verband der Elektrotechnik Elektronik Informationstechnik e.V. (VDE), Ausschuss für Blitzschutz und
Blitzforschung (ABB): ABBMerkblätter: http://www.blitzschutz-blitzforschung.de.
www.arandanet.com.br/revista/em/materia/2017/06/23/seguranca_contra_choques.html 7/8
10/02/2020 Segurança contra choques – fundamentos eletrotécnicos e médico-biológicos | EM
Publicidade
www.arandanet.com.br/revista/em/materia/2017/06/23/seguranca_contra_choques.html 8/8