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Normal ______
Extremo _____
ÍNDICE
CAPITULO 1: INTRODUÇÃO.................................................................................................3
1.1. Introdução............................................................................................................................3
1.2. Objectivos............................................................................................................................3
1.3. Metodologias........................................................................................................................3
Conclusões................................................................................................................................12
Referências Bibliográficas........................................................................................................13
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CAPITULO 1: INTRODUÇÃO
1.1. Introdução
Neste presente trabalho da cadeira de Técnica de Expressão trata sobre “Impacto da escrita e
da oralidade da Língua Portuguesa no processo de ensino e aprendizagem na sociedade
moçambicana”, onde faz-se referência do estudo do impacto da oralidade e da escrita na
transmissão da tradição oral, de geração em geração, em Moçambique e na sua comunidade. É
nesta perspectiva em que o a língua portuguesa é, para a maioria da população moçambicana,
uma língua segunda, observando-se dois cenários: o do meio rural e o do meio urbano.
Na verdade, no meio rural, o Português é praticamente uma língua “estrangeira”, isto é, ele é
aprendido e usado apenas no contexto de sala de aula. Em casa, com a família e nas
brincadeiras com os amigos, a criança comunica-se na sua língua materna (uma língua bantu).
Por outro lado, no meio urbano, para além da escola, há frequentemente situações em que o
Português é usado pela família e pelos membros da comunidade em que a criança está
inserida.
1.2. Objectivos
1.3. Metodologias
De acordo com Uaeca e Timbane (2019, p. 104), a artificialidade da escrita se verifica pelo
fato de ter uma padronização e acordo ortográfico para além da tendência a seguir a norma-
padrão. Cada letra do alfabeto é um desenho. É um desenho planejado, organizado e
convencionado entre os usuários de uma língua. É um desenho que carrega significados. O
<c> nem sempre é /k/ (caneta). Às vezes se transforma em /s/ (ex.: Cecília). O <x> nem
sempre é //. Às vezes se transforma em /z/ (ex. exame), às vezes se torna /s/ (ex. auxílio), às
vezes /ks/ (ex. fluxo). Então, as letras correspondem a sons diferentes dependendo da posição
e dos contextos em que estão envolvidos. Como demonstrar isso ao aluno? Como revelar as
nuances da escrita?
Assim, é importante demonstrar que a língua escrita “apresenta figuras não conversíveis em
som (letras mudas, pontuação, diacríticos, etc.); espaços em branco sem correspondência no
texto oral, visto que a emissão oral é contínua...” (SIMÕES, 2006, p. 16). Contrariamente à
escrita, apresenta-se o som associado aos recursos particulares como os gestos, expressão
facial, o tom e o timbre de voz e outros que não podem ser transcritos para a língua escrita.
Cagliari aponta que “o alfabeto mais ortografia assim casados passaram a definir o nosso
sistema de escrita.
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O objectivo do sistema deixou de ser a representação fonética da fala, passando a ser uma
forma gráfica que permite a leitura” (CAGLIARI, 2008, p. 99, grifos do autor). Ainda mesmo
autor mostra que, para que a ortografia aconteça, é necessário que haja um alfabeto, e por
alfabeto entendemos o conjunto ordenado de sinais gráficos que são usados na produção
escrita. No português, usamos o alfabeto latino ou romano que surgiu em 600 a.C. Veja-se
que a regra da escrita no alfabeto latino é da esquerda para direita, de cima para baixo,
diferentemente do árabe, que se escreve da direita para a esquerda (Ibidem).
Assim, daí que todos os professores, independentemente do nível ou grau de ensino, exigem
textos que respeitem as normas da ortografia vigente. A escrita é o processo de registo de
caracteres visuais num meio físico, com a intenção de produzir textos que possam ser lidos e
compreendidos. Dessa maneira, os textos precisam ser claros e concisos, respeitando a norma-
padrão e o Acordo Ortográfico. Pois, escrever é uma arte da criação, ou seja, registar os fatos,
as descobertas, as conquistas, as invenções, os acordos colectivos, as transacções comerciais,
os sentimentos, as crenças, as histórias através da representação gráfica.
No contexto pedagógico, a escrita insere uma dinâmica, tanto para o professor como para o
aluno, dado que é um código secundário que assenta numa segunda convenção a que liga os
elementos sonoros a grafismos, dando características próprias a si mesma (REIS;
ADRAGÃO, 1992) citado por (UAECA e TIMBANE, 2019, p. 106).
Nesta perspectiva, estudos definem e defendem que o ensino seja mais qualitativo, sobretudo
nos anos iniciais, e que os alunos sejam mais motivados para que ganhem o gosto pela cultura
escrita. Escrever é uma actividade psicomotora, à qual deve corresponder uma actividade
mental de compreensão do que se escreve e da relação com as situações a que se referem as
imagens: escrever o que sabe ler e o que compreende (GOMES et al., 1991).
O importante a notar é que a escrita e a leitura nos parecem faces da mesma moeda.
Quer dizer, no momento em que lemos, há um processamento dos códigos da escrita
mentalmente para que possam produzir um significado. Ao escrevermos, lemos cada
uma das letras e cada uma das palavras. Para lermos, não precisamos abrir a boca.
Uma leitura silenciosa é uma leitura, e consequentemente, uma decifração de códigos.
Podemos ler mentalmente e podemos escrever mentalmente. Quando o sujeito
imagina como se escreve uma determinada palavra, ocorre um processo de escrita
mental. Essa escrita se materializa com lápis ou caneta e papel, mas já foi escrita
mentalmente. A tinta da caneta por cima de um papel é a materialização daquilo que
escrevemos anteriormente na mente.
Portanto, ficou claro que a escrita é artificial, inventada e regida por critério de julgamento de
aprovação e reprovação na alfabetização (CAGLIARI, 2009; 2009). Essa artificialidade vem
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Neste sentido, o professor de Português tem de estar consciente do seu papel, qual seja, o de
desenvolvimento de competências básicas, diversificadas e especializadas de escrita. Ao
falarmos da escrita, há-de ter em conta que se constrói um texto e consequentemente um
sentido inserido numa prática social de comunicação e num determinado tempo. Desse modo,
o professor de português deve introduzir momentos de reflexão sobre a prática diversificada
da escrita e levar os alunos a tomar consciência dos processos da escrita, que facilitarão a
aquisição das competências (CONTENTE, 1995).
A sociedade moçambicana ainda confia no professor como sujeito modelo para os bons
modos de ser e de estar na sociedade. O professor ainda é confiado como elemento
transmissor da cultura e dos ensinamentos comportamentais aceites na sociedade. Portanto, a
escola é uma instituição educacional que transmite conhecimentos científicos, assim como
valores socioculturais presentes numa determinada sociedade. Sendo assim, deve ser pensada
e desenhada de uma forma que possa responder aos anseios da sociedade. Se desejamos
valorizar a escrita, então é necessário considerar esse ambiente como um elemento fulcral
para a transmissão de ideias, de pensamentos e da cultura.
No que se refere às funções da escrita, os dados revelam que a escrita serve para a
comunicação e conservação da informação. Portanto, a escrita é uma arte útil e poderosa, cujo
treino e exercitação dá domínio de diversas técnicas e capacidades, bastando, para tal, evitar
as inibições. O único momento que parece especificar com clareza a produção escrita é o
momento da realização de provas escritas, cópias e apontamentos, cuja finalidade é avaliar o
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aluno e ter os registos nos cadernos, sem, contudo, se saber como escreve e que capacidades
desenvolver durante o tempo lectivo na componente escrita recreativa.
Portanto, cabe à escola mostrar a importância da oralidade, na sua posição como prática
social, bem como preparar o aluno para exercer o seu papel de cidadão ativo na sociedade.
Mostrar o quanto é importante expressar-se com confiança e fluência nas diferentes situações
comunicativas e entender que a “oralidade como prática social é inerente ao ser humano e não
será substituída por nenhuma outra tecnologia. Ela será sempre a porta de iniciação à
racionalidade e fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos.” (MARCUSCHI,
2002, p. 36).
Há necessidade de buscarmos e aplicarmos formas mais eficientes para ensinar o oral, para
mostrar aos alunos que a escrita não é uma reprodução exata da fala, que a linguagem oral é
uma das formas mais comuns e constantes de comunicação humana, pois é por meio dela que
aprendemos, interagimos no convívio em sociedade e transmitimos valores ao longo do tempo
em todas as sociedades. Assim, a sociedade em geral devia abandonar o preconceito
linguística que se verifica, principalmente na educação. A língua é propriedade coletiva e
espelha a realidade da sociedade. Sendo assim, ela vai de acordo com as ansiedades dos
falantes, dos contextos socioculturais fato que faz com que seja não seja estático evoluindo ao
longo do tempo.
Falar Português liga os falantes a redes globais ou transnacionais com o que a língua está
associada, ao mesmo tempo que transforma a língua em várias formas de expressar os seus
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Neste sentido, o domínio da língua seria indispensável para que ele transmitisse aos alunos a
consciência da estrutura funcional. Por extensão, esse conhecimento reflectir-se-ia na
formação linguística da sociedade. A necessidade da elaboração da norma do Português de
Moçambique tem suscitado vários estudos e discussões na sociedade moçambicana. Estudos
realizados por Firmino, Gonçalves, et al., Gonçalves e Stroud e Dias, referem que o Português
falado em Moçambique é uma variedade distinta da europeia.
Portanto, entende-se que o conflito político linguístico, no sistema educativo, existe pelos
seguintes motivos:
Enquanto persistir o conflito político-linguístico que resulta na exclusão social, será uma
utopia falar-se de convivência pacífica na diversidade linguística moçambicana. E neste
sentido, será, igualmente, utópico exigir-se que os falantes cumpram Normas inexistentes,
porque isto gera violência (a chamada violência simbólica) que, no nosso entender, é de
natureza linguística e cultural.
Perante esta situação, o grande desafio da LP no sistema educativo é o de auto superação, isto
é, o Português de Moçambique já tomou o rumo para o qual os falantes o direccionaram,
como uma opção de vida. Como advoga Dias (op.cit: 24), o Português de Moçambique
“corresponde à organização lógica do pensamento do moçambicano que está enquadrado
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Conclusões
Concluímos que, a produção escrita é mais minuciosa e próxima à norma-padrão. Desta
forma, é necessário que haja mais trabalho e explicação sobre a produção textual. Escrever
não é apenas criar frases, pois deve haver um encadeamento de ideias, coesão e coerência
entre as frases de forma lógica. Portanto, a língua portuguesa ensinada obrigatoriamente nas
escolas apresenta traços e características linguísticas diferentes das línguas bantu
moçambicanas. E a escrita se torna um desafio maior numa cultura que não tem tradição
escrita.
A pressão sobre a escrita ocorre até nas universidades: alguns professores exigem uma
qualidade de produção textual que ainda não ensinaram. Na universidade, muitos professores
exigem resenhas e resumos, mas sem sequer explicar o que é uma resenha e quais os tipos de
resenhas e tipos de resumo. Não explicam como se constrói o parágrafo e quais os elementos
essenciais e acessórios que devem aparecer num parágrafo, num texto, numa sequência
textual. Quer dizer, o aluno pode terminar todos os sistemas de ensino. A dificuldade que os
alunos do ensino superior enfrentam resulta do trabalho mal feito nos níveis inferiores. Mas é
necessário que todos assumamos compromissos de apoiar esses alunos para que possam
superar tais dificuldades.
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Referências Bibliográficas
1. UAECA, Florinda Zacarias Muhate e TIMBANE, Alexandre António. A problemática
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2019. Disponível em:
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3. CALVET, Louis-Jean. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola, 2007.
4. CONTENTE, Madalena. A leitura e a escrita: estratégias de ensino para todas as
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8. MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO,
Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros
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9. DIAS, Hildizina Norberto. As Desigualdades Sociolinguísticas e o Fracasso Escolar:
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10. GONÇALVES, Perpetua. Português Escrito por Estudantes Universitários:
Descrição Linguística e estratégias didácticas: Texto Editores, Lda, Moçambique,
2010.
11. JOAQUIM. Sélio Cussumo Jacinto e GOMES, Tomás António. O desvio linguístico
e o seu impacto no Processo de Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa: Uma
abordagem crítico - reflexiva entre o português padrão e a variante moçambicana.
[s.a]