2.

5 Seleção para geotaxia em Drosophila

Em 1962, J. Hirsch estudou a geotaxia – resposta à gravidade – em moscas Drosophila

melanogaster analisando os movimentos de 200 moscas atraídas por uma lâmpada fluorescente,
posicionada ao final de um labirinto vertical em T. Nesta estrutura física, as moscas decidiam se
voavam para um tubo superior ou inferior, sendo impossível “voltar atrás” em suas escolhas graças
a funis presentes em cada bifurcação. Com esse processo, três padrões foram observados em cerca
de 200 moscas: as moscas podiam voar sempre para cima, sempre para baixo ou subir e descer
alternadamente. As moscas que alternavam suas escolhas acabavam em um dos tubos coletores
intermediários, enquanto aquelas que mantinham um padrão consistente terminavam seu trajeto no
tubo coletor superior ou inferior, respectivamente.

Para este estudo, foram utilizadas três populações de moscas:

 Uma selecionada para geotaxia positiva, obtida a partir do cruzamento de fêmeas e machos
que migravam para os tubos inferiores;
 Outra selecionada para geotaxia negativa, obtida a partir do cruzamento de fêmeas e machos
que migravam para os tubos superiores;
 Por fim, uma população controle.

Cada uma das três populações foi cruzada com um estoque especial que continha vários
genes marcadores e inversões cromossômicas, de modo a, respectivamente possibilitar a
identificação de cada cromossomo em gerações posteriores e manter a integridade dos
cromossomos, dada a supressão do crossing over nos trechos invertidos.

A Drosophila melanogaster apresenta quatro pares de cromossomos. Destes, os três maiores

(X, II e III) foram observados quanto à interferência na geotaxia. Cada um contribuiu de maneira
diferente para os valores de geotaxia nas classes genotípicas, o que nos leva à conclusão de que o
comportamento estudado é poligênico – sem que possamos estabelecer todos os genes envolvidos e
suas interações entre si.